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RagnaTale: Leo


Ju Lee

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RagnaTale: Leo

ragnatale_leo_capa7.jpgTexto: Rafael de Agostini Ferreira

Arte: Daniel "NIORI"  Uires

Artista especialmente convidado: Leonardo Luccas "Leonheart" (capa deste capítulo)

 

~ Final ~

- Dedicado ao Fox (melhoras no pós-operatório, amigo!), à Mari (Bonnie original), à Nova Ordem do Dragão, Pdrk e todos os amigos leitores, que fazem cada linha valer a pena de ser escrita

 

http://br.youtube.com/watch?v=HyJzhBrSUMk

 

***

 

A Suma Sacerdotisa corria desesperada. Tinha perdido os amigos de vista. Encontrou a carta tarde demais. "Se eu tivesse lido isso dez minutos antes!" era o que Hellenia pensava. Estava ofegante. Ela se embrenhava pela tumba abandonada, em Louyang. Tinha medo do que ia encontrar. E congelou com a cena.

 

Em meio a dezenas de Yao Juns destruídos, viu quatro corpos humanos caídos. Sua respiração parou por alguns instantes. Reconheceu os corpos de Myria e Hael. "Deus, eu falhei", foi o que pensou. Notou o casal caído de mãos dadas. Antes de deixar a tristeza consumir suas forças, foi então até a outra dupla. Não reconhecia o templário de cabelo liso e azul. Viu os ferimentos mortais nele. Virou-se então para o louro, cujo Elmo de Orc Herói estava intacto em sua cabeça. Apertou os olhos e tirou o cabelo moreno da frente dos olhos quando notou que o Sacerdote era o único que ainda respirava. Aproximou-se devagar e passou a mão no rosto dele.

 

- Leafar? - disse, confusa.

 

- Eles deram a vida por ele. Esse era seu destino.

 

A voz fez a morena se virar. Notou então a valquíria, gloriosa, atrás dela, com uma armadura negra. Segurava uma lança descomunal. Sussurrou o nome dela, "Hildr", enquanto olhava, pasma.

 

- Myria e Hael eram meus amigos, valquíria. -  a Suma Sacedotisa finalmente deixou as lágrimas escorrerem - O que posso fazer por eles?

 

- Dê as más novas a Aióros. A partir de hoje, ele não tem mais pais.

 

Hildr passou por Hellenia e se ajoelhou ao lado de Leafar, pegando seu corpo com as duas mãos, enquanto os outros cadáveres flutuavam ao redor dela.

 

- Vai levar ele também? Pensei que só recolhesse os mortos.

 

- De certo modo, esta vida também acabou.

 

Ao dizer isso, Hildr alçou vôo, sumindo na escuridão da caverna, deixando para trás uma Hellenia sozinha, perplexa.

 

***

 

Os olhos de Leafar começaram a se abrir. Reconheceu seu pai olhando-o, com um sorriso de lábios fechados. Aos poucos, aquela luz branca foi desenhando o mundo ao seu redor: uma cama imensa, com lençóis límpidos; poltronas e almofadas ao redor; pinturas belíssimas e uma garota linda, com trajes leves, tocando uma harpa.

 

- Não, você não morreu. - Leonard se adiantou, prevendo a pergunta do filho - Mas infelizmente seu amigo Kao, o templário, pereceu protegendo-o. E sim, esse lugar parece divino porque é; estamos no Valhalla, o palácio de Odin em Asgard.

 

Leafar se levantou. Estava nu. Uma segunda garota então entrou na sala, de rosto baixo, e vestiu-o com uma toga, amarrando um cinto dourado em sua cintura. Com carinho, fez com que sentasse na cama enquanto calçava sandálias nele. A que tocava a harpa momentaneamente parou para ajudar a amiga, prendendo braçadeiras de couro no louro.

 

- Está sendo vestido assim porque temos um encontro com Odin. Não fale mais do que o necessário. Odin é benfeitor, mas não é um coleguinha seu de infância. Não o irrite, não minta para ele e não tente parecer superior. Agora vá com as moças. Elas vão lavar seu rosto e pentear seu cabelo. Não tenha filhos com elas. E fique tranquilo. Nós nos falaremos de novo depois.

 

Ruborizado e confuso, Leafar andou, com as servas conduzindo-o pelo palácio. O Arquimago foi então até a imensa janela, que recebeu Hildr, vinda de um vôo suave, que culminou com ela aterrissando graciosamente no chão de mármore.

 

- Não falou para ele sobre Myria e Hael, falou?

 

- Não, Hildr. Leafar nunca viu os dois lá. Agora você termina de me contar a história que começou.

 

Hildr sorriu. Sentou-se na beirada da cama, com as asas recolhidas. Tirou o elmo, revelando os belos cabelos cacheados.

 

- Como lhe disse, Kao era a reencarnação de Julian Belmont, seu ancestral e último sobrevivente da Ordem do Dragão original. E a missão dele, nessa tarde, em Midgard, foi salvar a vida de seu filho, Leonard.

 

- Por quê?

 

- Porque Leafar é um Belmont. E entre os fardos que sua família deve carregar, está o de lutar pela paz.

 

- Mas por que essas pessoas se sacrificaram pelo meu filho?

 

- Vou devolver sua pergunta com outra. Não me julgue idiota por isso.

 

- De modo algum. Eu gosto de parábolas, se for essa a intenção.

 

- De que maneira você sabe que existe luz em um lugar?

 

- Por que existem sombras. - a resposta do Arquimago foi rápida.

 

- Exatamente. Sob essa ótica, podemos considerar que a luz precisa das sombras para existir.

 

- Pode ser mais clara, Hildr?

 

- Posso sim, Leo. Literalmente.

 

***

 

Leafar estava ajoelhado, tenso. Ao seu redor, nomes que faziam parte das lendas que popularam sua infância e sua vida, o observavam, de Balder a Loki, de Freya a Tyr. Mas, na sua frente, a maior de todas elas - o todo-poderoso Odin, sentado em seu magnífico trono.

 

- Apesar de minha onisciência em meu palácio, filho do homem, - disse o deus - eu não costumo tirar de meus convidados sua privacidade. Divirto-me com seus pensamentos relevados por si próprios. Levante-se e diga o que pensa agora.

 

Com vergonha, o louro ficou de pé. Olhou com medo para Odin. Ensaiou dizer algo bonito, mas o sorriso no canto de sua boca entregou-o.

 

- A única coisa que penso é que jamais contarei para ninguém sobre esse dia. Ser humano algum jamais vai acreditar nisso.

 

Os deuses sorriram com a simplicidade de Leafar. Ele abaixou a cabeça, sob o olhar divertido do todo-poderoso.

 

- Bem, então você terá muita coisa para contar, caso decida. Em todo caso, sente-se.

 

Como mágica, Leafar notou que surgiu atrás dele um banco de couro vermelho. Sentou-se, enquanto Freya deu um passo adiante. Com um sinal de mão dela, uma porta se abriu, e um homem moreno de olhos dourados foi até o lado de Leafar, que apenas sussurrou um admirado "Oparg", enquanto ele também se sentava. A loura então ajeitou a volumosa veste verde que trajava e começou a falar.

 

- O todo-poderoso Odin, senhor de todos os deuses do Valhalla, convocou esta reunião extraordinária para resolver uma pendência com o ilustríssimo Oparg, deus e senhor dos dragões, e você, Leafar Belmont, filho de Leonard e Margareth Belmont.

 

- Eu agradeço imensamente. - Oparg abaixou a cabeça, respeitosamente. Leafar viu e fez o mesmo, ainda tenso. Freya continuou seu discurso.

 

- Odin, absoluto em sua condição de deus e comandante, também mostra sua piedade e clemência. E para selar sua condição de paz com o panteão dracônico, ele irá libertá-lo definitivamente de seu grilhão.

 

Leafar olhou assustado para Oparg. O deus dragão, em sua forma humana, fez um sinal de mão para que o louro se acalmasse. Ele tomou a palavra então.

 

- A partir do dia de hoje, está definitivamente encerrado o incidente de Lineth, Julian Belmont, Leafar e a Ordem do Dragão. Doravante, a guilda dos homens voltará a ter as bênçãos de Odin e seus deuses, assim como a proteção e guia dos dragões.

 

- Assim é, e assim será. - Odin completou, olhando a dupla.

 

- E para demonstrar a clemência de Odin com o filho do homem, o todo-poderoso lhe concederá, nessa ocasião única, a devolução dos poderes que lhe seriam de direito.

 

O silêncio pairou na sala. Leafar começou a se sentir mal. Uma vertigem tomou-lhe de sopetão, fazendo com que caísse de joelhos. Tentava pedir ajuda, mas a voz não saía. Era como se sua mente e seu corpo estivessem sendo manipulados sem sua permissão. Via as lembranças de seu treino de Sacerdote ficarem cada vez mais distantes, como algo que nunca tinha acontecido. Seus músculos ficaram tensos com as cenas de batalha de espadas que invadiam sua mente, tal qual uma gigantesca onda repentina que se quebra no mar. Tudo doía. Seu nariz começou a expelir sangue. E, tão forte quanto começou, a dor parou. Levantou-se. Sentia-se diferente. Algo não era mais igual. Ao seu redor, uma aura azul clara resplandecia, absoluta.

 

Ouviu então passos pesados. Era Tyr correndo em sua direção, com uma belíssima espada de duas mãos. Oparg ofereceu uma parecida a Leafar. Sem pensar, o louro segurou com firmeza a arma oferecida pelo deus dos dragões. Tyr atacou, e Leafar defendeu o golpe, na altura de seu pescoço. Sem recuar, aparou outros dois ataques e, com rapidez, contra-atacou, obrigando o sorridente deus da justiça a dar um passo para trás, esquivando-se.

 

- Eu afirmo, meu deus, - disse Tyr - que este homem com o qual troquei golpes é um legítimo Cavaleiro. Louvado seja, Odin, por teu poder e sabedoria. - voltou-se então para Leafar, que estava confuso por ter usado a espada de maneira tão eficiente - E regozijai, pois trocaste golpes com Tyr e pode viver para contar sobre isso.

 

- Só reafirmo que ninguém nunca vai acreditar em nada do que está acontecendo aqui hoje. - Leafar respondeu baixinho, enquanto devolvia a espada para Oparg.

 

- É porque não viu ainda o que fará contra o Satã Morroc, Nugael!

 

- Contra QUEM?

 

- Basta. - Freya novamente tomou a palavra, enquanto Tyr voltou para seu lugar - Já é suficiente que este homem saiba que representa a paz entre Odin e Oparg. E que doravante viverá sua vida com o livre arbítrio que lhe foi concedido.

 

"Livre arbítrio?", Leafar pensou. Nem lhe perguntaram se ele queria deixar de ser Sacerdote. Tentou usar seu Magnificat, mas nada aconteceu. Estava privado de seus poderes - por ora; no futuro, descobriria que ainda podia usar sua Cura e algumas Bênçãos em si próprio.

 

- Há algo que queira dizer, além de demonstrar sua gratidão, Nugael? - Freya olhou para Leafar. Ele coçou a cabeça, sem muita idéia de como reagir ou exatamente o que falar.

 

- Eu... agradeço, claro. Não entendo por que me chamam de "Nugael" se meu nome é "Leafar". Acho que estou feliz com essa minha nova condição. Quer dizer, eu queria ter me tornado um poderoso exorcista. Mas acho que posso fazer valer a paz pela força física. Só acho estranho essa luz me rodeando. Não queria chamar tanto a atenção.

 

- Agradeço a sinceridade. - Odin ajeitou-se em seu trono - E por isso lhe darei uma recordação de nossa conversa.

 

Sob o olhar de todos, Odin estendeu a mão. A aura azul de Leafar se desprendeu de seu corpo, tornando-se uma esfera de energia. O deus olhou então para um homem musculoso, com o peito nu e longas tranças, tanto no cabelo quanto na barba.

 

- Adiante-se, fiel armeiro.

 

- Tua vontade é o que me comanda, meu senhor.

 

- Vai transformar esta energia em algo útil para nosso convidado. E tão logo termine seu serviço, ele será enviado de volta ao plano dos homens. Assim eu ordeno a ti, Hefestus.

 

- Minhas mãos e minha arte jamais forjariam arma ou armadura para um mortal. Meu dom é exclusivo dos deuses, merecedores de empunhar meus artefatos. Mas não desonrarei o seu pedido. Este indigno terá, ao final do dia de hoje, algo do qual jamais se esquecerá. Assim, poderá partir logo e voltar para o lugar que merece.

 

Leafar não sabia se se sentia feliz ou ofendido. Em todo caso, ficou em silêncio. Não sabia o que dizer ou como reagir.

 

***

 

- Eu sou Cavaleiro! Caramba!

 

O rapaz comemorava. O cabelo vermelho, arrepiado, contrastava com o sorriso em seu rosto. Segurando um elmo metálico, com uma espada bastarda embainhada, fazia festa com seus amigos, na frente da Cavalaria de Prontera. Usava uma roupa marrom de Cavaleiro, com o brasão de Rune-Midgard estampado no peito.

 

- Parabéns, Aióros! - disse uma garota, abraçando o amigo. - Valeu a pena todo o treino, hein?

 

- Sim! Estou muito feliz! Finalmente meus pais vão se orgulhar de mim!

 

- E o que você vai fazer agora? - perguntou outro, segurando um garrafão de vinho.

 

- Nossa, vou entrar na A.M.P. e me dedicar!

 

- O que é isso?

 

- Academia Militar de Prontera! Quero seguir a carreira e quem sabe um dia integrar as forças do rei! Já pensou que legal?

 

Parou a comemoração por um segundo ao notar a Suma Sacerdotisa se aproximando. Levantou a mão e correu até ela.

 

- Hellenia! Olha que legal! Eu sou um Cavaleiro! Passei nos testes!

 

A morena não conseguiu sorrir. Não devolveu o abraço que ele lhe deu sem pedir. E causou estranheza ao jovem.

 

- O que aconteceu? Não ficou feliz?

 

- Eu fiquei sim, claro.

 

- Meus pais vão adorar!

 

- Eu vim lhe trazer uma notícia.

 

O sorriso sumiu do rosto dele na hora. Seu corpo se arrepiou de tensão, como prelúdio do que iria ouvir. O corpo dele amoleceu.

 

- D-diga...

 

- Por favor, seja forte.

 

- Diga! - ele falou com mais firmeza.

 

- Seus pais faleceram esta tarde, na Tumba do Imperador, em Louyang. Os corpos estão sendo enviados para Geffen, para que seja providenciado o funeral e o enterro.

 

Aióros ficou calado alguns momentos. Não havia mais festa ou comemoração. Ele apenas abaixou a cabeça. O chão em sua frente começou a ficar molhado. Caiu então de joelhos, sendo amparado pelos amigos.

 

- Por que você não salvou eles, Hellenia? - disse, olhando a Suma Sacerdotisa enquanto as lágrimas lhe escapavam aos montes.

 

- Eu não tive tempo. Nem fui com eles. Eu teriado lutado com eles até o fim.

 

O garoto começou a chorar sem controle. Foi perdendo as forças e, desesperado, desmaiou. Hellenia notou o olhar de reprovação dos amigos dele e, angustiada, saiu correndo.

 

***

 

Leonard estava sentado, imóvel. Suas mãos estavam com os dedos cruzados, apoiando sua cabeça. Ele olhava pela imensa janela do quarto. Ignorou completamente Leafar, no jardim, com alguns dos deuses, que se divertiam assustando-o com seus poderes e conhecimentos.

 

- Eu não vou negar, Hildr. Eu estou surpreso.

 

A valquíria sorriu. Aproximou-se do Arquimago, colocando a mão em seu ombro.

 

- Você sabe coisas demais para um ser humano, Leo. Não sinta-se mal por não saber de absolutamente tudo.

 

- Mas estou me aproximando de saber. E agora eu sei disso...

 

Ele se virou e pegou uma Máscara de Fantasma. Colocou a na altura do rosto, olhando a luz pela abertura dos olhos.

 

- Desde os tempos antigos, a Ordem do Dragão é uma guilda que luta pela paz. Ela reúne gente forte o suficiente para manter suas crenças e ideais, que acreditam na mesma causa e que são capazes de seguir a uma liderança.

 

Levantou-se e foi até a janela. Ficou olhando Leafar apanhando de Balder, sob o riso de alguns outros notáveis, no que parecia uma lição de como usar a habilidade "Dedicação".

 

- Mas esse altruísmo exagerado é sua maior fraqueza. É fácil demais enganar eles. E essa mania de "salvar o mundo" os faz serem muito chatinhos. Eles não fazem nada que um "herói" não faria.

 

- Sombras, Leo.

 

- Sim, sombras. Que existem para que a luz continue plena. Para que todas as pessoas saibam que ela está ali, brilhando por elas.

 

Hildr deu a volta e foi até uma mesinha, onde outras máscaras estavam repousando. Leonard se virou na direção da mulher alada.

 

- Julian Belmont foi um dos primeiros. - disse ela - A dor da morte de Christian Vallmore, o primeiro Dragão Dourado, o fez sentir a pior dor de todas. Afinal, falhar em proteger a Ordem do Dragão é a pior vergonha que pode existir para uma Sombra.

 

- E os dois que morreram hoje? Três, aliás. O templário também era um deles?

 

- Sim. "Kao" era uma reencarnação de Julian. Como punição, pedido dele mesmo, ele tem um ciclo constante de renascimento, onde seu propósito é dar a vida pelos membros da Ordem do Dragão, até o dia do Ragnarök. E Hael e Myria eram Sombras.

 

O Arquimago se levantou e falou alguns palavrões em élfico, com os braços cruzados, indignado. Os dois tinham sido seus companheiros de estudos em Geffen. Perderam o contato quando Leonard optou pelo caminho acadêmico e os dois foram se aventurar. Tinha encontrado uma vez aquelas Máscaras de Fantasma em suas coisas, me assumiu que eram parte do equipamento convencional de Bruxos - muito populares no passado. Conseguiram enganá-lo, e isso o deixava furioso.

 

- E agora que eles morreram, Hildr?

 

- Não há mais Sombras.

 

Leo foi até a janela. Viu Leafar finalmente acertar alguns golpes em Balder, que não sentia a menor dor e se limitava a rir, satisfeito com o treinamento que dava. Voltou-se então para a valquíria.

 

- Qual a ajuda que você me dará?

 

- Total.

 

- Odin sabe disso?

 

- Sabe.

 

- Quantas pessoas eu posso chamar?

 

- Tantas quanto julgar necessário.

 

- Quais as regras mesmo?

 

- Uma Sombra não pode se revelar jamais. Seu rosto jamais deve ser exposto. Ela jamais falará sobre isso com outra pessoa. Fará o que for necessário para manter a Ordem do Dragão viva, inclusive mentir, roubar e matar. E dará sua vida sem pensar pelo Dragão Dourado.

 

Ele pegou a Máscara de Fantasma e colocou-a sob o rosto.

 

- Mande-me para Rune-Midgard, Hildr. As Sombras do Dragão precisam de mais gente.

 

**

 

O corpo de Leafar doía. Ainda usava a mesma roupa de quando saíra do quarto. Estava novamente no salão onde falara com Odin. O todo-poderoso o aguardava, dessa vez com menos gente. Hefestus estava do seu lado, segurando algo grande, coberto.

 

- Sua estada no Valhalla termina agora, Nugael. Espero que tenha aproveitado cada segundo na companhia dos deuses.

 

- Isso de fato mudou minha vida, todo-poderoso.

 

- Que bom. Então receba agora esta lembrança do dia de hoje. Para nós, um dia comum; para você, o primeiro do resto de seus dias.

 

Novamente Leafar ficou sem entender se foi elogiado ou ofendido. Viu então Hefestus se aproximar.

 

- Como eu disse, mortal, minhas mãos não trabalham para os que não são deuses. Jamais negarei, entretanto, uma ordem de meu soberano.

 

Hefestus puxou o pano, revelando uma belíssima armadura metálica. Possuía braçadeiras e ombreiras brilhantes, com luvas, placa peitoral, botas, caneleiras e joelheiras. Detalhes em vermelho completavam, ornamentando aquele belíssimo trabalho.

 

- Esta é uma armadura com os mesmos traços de uma armadura típica de Lorde. Você não merece uma armadura com desenho ou cor única. Ninguém merece. Mas saiba que esta é uma "Armadura de Odin". Ela não é indestrutível e nem vai lhe conferir nenhum dom. Não dá nenhuma proteção extra ou sequer faz algo de especial. Seu único poder é o de ser utilizada por quem for digno.

 

Duas garotas surgiram e despiram Leafar. Vestiram-no com a roupa básica de Cavaleiro e, por cima dela, Hefestus começou a equipá-lo com a armadura. O louro olhava para Odin, que o observava como alguém que acabava de ter um experimento bem sucedido.

 

- Volte para Rune-Midgard, Leafar. Vá e viva sua vida da maneira que achar melhor. Quando precisar de ajuda, ore por nós, assim como ora pelos deuses dragões. Nós olharemos de vocês.

 

O louro, trajado como um Lorde, agradeceu. Foi conduzido por Heimdall para a bonte Bifrost, que o levaria de volta para Midgard. Virou-se para se despedir, mas recebeu um forte golpe, que arremessou-o pela trilha multicor, em uma velocidade que o fez perder a consciência.

 

***

 

A porta da catedral de Prontera estava escancarada. Logo na primeira fila, Hellenia estava ajoelhada. Chorava muito, apoiada no encosto de madeira. Tentava levantar o olhar para o altar, mas não conseguia. Estava consumida pela dor da perda dos amigos. Não só isso, mas por não ter lido a carta deles a tempo. Se tivesse visto um pouco antes, alguns minutos que fossem, talvez tivesse chegado a tempo. Mas mais que isso, as palavras de Aióros faziam seu coração pesar. "Por que você não salvou eles?".

 

- Por que? Por que eu não fui capaz? Por que não consigo salvar as pessoas que são importantes para mim? Me ajuda, meu deus! Me ajuda!

 

Virou-se então e viu um Arquimago louro do seu lado, usando uma Máscara de Fantasma. Ele estava com a mão estendida.

 

- Ajudo.

 

***

 

A ruiva andava ansiosa. Recebia assobios e cantadas baratas ocasionais de iniciantes enquanto seguia pelas ruas de Geffen, enrubescendo e cobrindo os ombros com um delicado xale. Esse era um dos males de ser Odalisca em uma terra com mais homens do que mulheres. Mas amava o que fazia e, no final das contas, aqueles cortejos eram um elogio por fazer tudo que fazia e manter-se linda.

 

Tirou o papel do bolso e conferiu o endereço. Respirou fundo. Era ali, a casa dos Belmont, ao norte da Torre de Geffen. Era ali que morava aquele Sacerdote louro que lhe chamava tanto a atenção. Ele estava sumido há algum tempo, e Nymue estava curiosa. Nunca tinha visto o seu rosto, tendo apenas notado de relance que ele tinha olhos verdes, por baixo da máscara que ele usava. E saber que o tal “Irmão Valmont” era, na verdade, o real Leafar Belmont, a deixava mais curiosa ainda.

 

Bateu na porta. Ficou sussurrando sozinha: "Oi! Então, eu estava passando por aqui e pensei que podíamos ir beber algo!". Não ia errar. Mesmo que ele não bebesse, o importante era iniciar contato. Sem drama, sem enrolação. Mas ficou sem palavras quando a porta da casa foi aberta. Notou um homem louro, com o cabelo médio liso, cujos fios dançavam ocasionalmente por seu rosto, movidos pela brisa quente da cidade. Os olhos verdes se apertaram enquanto sua memória buscava o nome da Odalisca. Vestia a bela armadura metálica, que reluzia a luz do sol, adornada por uma capa rubra, que deixava aparecer a guarda de uma espada de duas mãos, presa em suas costas.

 

- Nymue? - disse ele - A da Abadia de Santa Capitolina?

 

- ... ... ... ... eu... eu tava bebendo e... digo... a bebida estava passando por ali... quer dizer... eu pensei que podíamos beber por ali e... e... você não era Sacerdote?

 

- Era. Larguei da profissão.

 

- Nossa... você está lin...

 

Leafar levou a mão até a boca de Nymue e apertou os olhos. Olhou para o centro da cidade e, sacando a espada, correu. Tudo que a atônita Nymue viu foi ele brilhar em dourado uma vez. A lâmina de sua espada ficou translúcida e, rápido, ele se posicionou na frente da torre. Segurou firme a arma. Um bando de Pesadelos Sombrios surgiu da entrada da construção. Teriam se espalhado se o Lorde não tivesse derrubado eles com dois Impacto de Tyr. Enquanto a guarda da cidade entrava na torre para tentar entender o que tinha acontecido, Leafar apoiou a espada no ombro, voltando para perto da amiga.

 

- Então, quer ir beber algo? - disse ele.

 

A Odalisca não reagia. Leafar estalou os dedos na frente dos olhos dela.

 

- Ei, Nymue! Acorda! Vamos?

 

Sem reação, ainda absorvendo aquela informação, ela pegou o braço de Leafar e andou com ele para a taverna. O louro parou, porém, ao ver um objeto no chão que chamou sua atenção. Abaixou-se e pegou uma proteção de cabeça - um Chifre Pontudo.

 

- Que foi, Lea? - a ruiva se aproximou, curiosa.

 

- Estranho. Isso deve ter caído dos Pesadelos Sombrios. Mas a única criatura da Torre de Geffen que possui um destes é o Doppelganger. E eu não vi ele por aqui.

 

- Você precisa relaxar um pouco. Venha, vamos embora. Não pense nisso agora.

 

Escondidos atrás de uma das casas, um trio olhava para o casal indo para a taverna. Eram um Arquimago, um Mestre-Ferreiro e uma Suma Sacerdotisa - todos usando Máscaras de Fantasma. Ao notar o item na mão de Leafar, o Arquimago olhou para o Mestre-Ferreiro, cujas orelhas de elfo podiam ser vistas entre o cabelo verde.

 

- Eu não vi cair, desculpe.

 

O louro de máscara olhou então para a Suma Sacerdotisa, que segurava o corpo inerte do Doppelganger pelos tornozelos.

 

- Eu só dei apoio e tirei o corpo. Não tive como ver também. - disse ela, séria.

 

- Isso não pode mais acontecer. Vocês dois tomem cuidado com isso daqui para a frente.

 

Os dois assentiram com a cabeça. O Arquimago, entretanto, sorriu.

 

- Hoje vocês completaram sua primeira missão. Continuem suas vidas normalmente. Mas lembrem-se que quando eu os convocar, devem vir imediatamente. Avante, Sombras.

 

O Mestre-Ferreiro e a Suma Sacerdotisa responderam com um breve "avante" e sumiram. O Arquimago então tirou sua máscara. Andou até a rua, sorridente com o incidente que acabara de causar, libertando o Doppelganger, apenas para testar seu filho e seus amigos. Passou por fora da taverna e, pela janela, viu Leafar  rindo e se divertindo com a amiga. Sorriu olhando para o céu, lembrando-se da visita ao Valhalla. Chegou em casa, recepcionado por Margareth, que o aguardava com uma caneca de chá gelado e um beijo demorado.

 

- Pensei que depois daquele tempo todo em Rachel, nunca mais teria um marido mascarado que faz coisas escondidas. - a loura piscou, com os braços entrelaçados em seu pescoço.

 

- Eu parei com isso, você sabe, querida.

 

- Você nunca pára, Leo. - Margareth respondeu com a voz suave - Mudam as máscaras e os lugares, os inimigos e as missões... mas apesar de não admitir, você continua lutando pela vida alheia.

 

- Melhor que isso. Eu luto pela vida do meu filho.

 

- Você é incorrigível, meu bem.

 

 - Errado. Eu sou um Belmont.

 

Os dois se beijaram. Ambos estavam certos. E as palavras de Margareth provariam-se verdadeiras dali a algum tempo, na guerra que mudaria a história de Rune-Midgard para sempre - que será contada a seguir.

 

Mas este capítulo, que conta um pouco da vida de um dos homens mais enigmáticos e poderosos de Rune-Midgard, chega a seu fim.

 

***

 

Sombras do Dragão

 

Zero

Hildr

Valquíria de Odin

Paradeiro atual: Palácio Valhalla, em Asgard

 

Número Um

Leonard Belmont

Arquimago, humano

Idade desconhecida

Paradeiro atual: cidade de Geffen, cidade da magia

 

Número Dois

Christian Vallmore

Mestre-Ferreiro, elfo

Idade estimada em mais de 500 anos

Paradeiro atual: cabana em Geffenia, ocasionalmente indo para a superfície

 

Número Três

Hellenia

Suma Sacerdotisa, humana

Idade não revelada

Paradeiro atual: membro da Ordem do Dragão*** - Quantas pessoas eu posso chamar?

 

- Tantas quanto julgar necessário.

[*]Uma Sombra não pode se revelar jamais. [*]Seu rosto jamais deve ser

exposto. [*]Jamais falará sobre isso com outra pessoa. [*]Fará o que for

necessário para manter a Ordem do Dragão viva, inclusive mentir, roubar

e matar. [*]Dará sua vida sem pensar pelo Dragão Dourado.

 

 

 

***

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Muito obrigado pelos comentários!Dando tudo certo, hoje (quarta) sai o capítulo 3 de Leo - dependo de ter tempo hábil para revisar o capítulo e terminar uma cena. :)Enquanto isso, segue o banner! Ganha um doce quem adivinhar de que jogo é a referência! ^^leo_banner_3.jpgA capa completa está no nosso blog. Abraços,

- Rafa

 

 

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ragnatale_leo_capa3.jpg RagnaTale: Leo

Texto: Rafael de Agostini Ferreira

Arte: Daniel "NIORI"  Uires

Nove anos depois

Cidade de Lighthalzen

Laboratórios da Corporação Rekenber

Sala 3-A

 

O

silêncio da enorme sala estava pesando. Sentado em uma banqueta de

madeira, segurando o queixo com uma das mãos, Leonard observava um

grande tubo transparente com algo flutuando dentro. Na mesa próxima, um

copo enorme de café esfriava. Seu jaleco branco estava todo respingado.

Os olhos estavam fixos no conteúdo do tubo.

 

Súbito, um homem entrou na sala, segurando uma prancheta.

 

- Senhor Belmont, acho q...

 

Leonard

ergueu o dedo indicador pedindo silêncio, sem tirar os olhos do tubo. O

homem se calou, tenso. Foram alguns momentos assim, até que o tubo

espirrou fumaça pela base. O Arquimago foi até um painel e mexeu em

alguns botões. O líquido começou a descer e foi possível identificar

uma criatura desacordada - um Rocker.

 

- Senhor - insistiu o homem - eu peço para que...

 

- Não mandei você falar - Leonard não olhou para o homem enquanto se aproximou do tubo. Olhou a criatura de cima a baixo.

 

-

Eu sou um gênio. - disse, finalmente olhando para o homem, que estava

quieto. Apertou o cenho ao ver que não teve resposta - Vamos, diga!

 

- Sim, o senhor é um gênio. Tem uma das nove salas, e de categoria "A".

 

- Eu sei. Agora diga o que quer.

 

- A Diretoria não está satisfeita com os seus relatórios.

 

O

louro voltou a olhar o Rocker. Sentou-se em uma mesa com uma tela e um

aparelho com várias teclas com letras e números e começou a apertá-las,

olhando para a tela, ignorando o homem. Ele, por sua vez, foi até o

lado do Arquimago.

 

- Senhor Belmont, suas

pesquisas estão demandando a mesma verba do que outras três salas A

juntas. O senhor aparentemente tem acesso a informações que nossos

superiores não possuem. Seus relatórios são superficiais e é política

da Corporação Rekenber que todos os resultados de pesquisas sej...

 

De sopetão, Leonard se levantou. Pegou o homem pela nuca e arrastou ele até o tubo, colando o rosto dele no vidro.

 

- O que você está vendo aqui, seu idiota?

 

- Um R-r-rocker, senhor?

 

Leonard soltou o homem. Sentou-se de volta e voltou a apertar as teclas, olhando para a tela.

 

-

Eu falei que a única condição pela qual eu trabalharia aqui era não ser

perturbado em minhas pesquisas. Quando eu terminar, deixo com vocês as

informações que precisam. "Um rocker"? É tudo isso que vê? Você está

demitido. Registre que vou eu mesmo conseguir um assistente de

confiança ao invés de um boçal que não sabe seguir ordens simples.

 

Vermelho

de vergonha, o homem abaixou a cabeça. Limitou-se a dizer um "sim,

senhor" enquanto saía da sala. Leonard olhou para o Rocker, que já

saltitava dentro do tubo. O Arquimago encarou a criatura alguns

momentos, e uma Barreira de Fogo surgiu em cima dela, consumindo-a.

 

Ele se levantou. Tirou o jaleco e vestiu o manto de Arquimago. Pegou algumas coisas e saiu apressado da sala.

 

***

 

Pouca

gente estava nas ruas de Geffen àquela hora. Mas Leonard não era

desatento. Andava invisível, graças ao efeito de uma carta rara,

encostado na parede. Esperou vários minutos, olhando para a fonte da

cidade, até que o momento propício surgiu; saiu de seu esconderijo e

correu para a fonte, atravessando a parede de água. No centro da fonte,

encaixou um amuleto antigo, que abriu um portal sob seus pés.

 

Em segundos, Leonard estava em uma cidade subterrânea. O cheiro de morte estava espalhado no local.

 

Segurando

uma caixa média e uma trouxa de roupas, o louro andou, olhando

fixamente para uma casa na encosta de um morro. Saía fumaça dela.

Enquanto ele andava, alguns monstros tentavam se aproximar - Violis,

Anjos Fajutos e até mesmo Cavaleiros do Abismo. Sem olhar para eles,

Leonard os queimava, eletrocutava, petrificava ou fazia com que

virassem estátuas de gelo.

 

Por fim, chegou

até o casebre. Abriu a porta de madeira. Uma rápida olhada ao redor

revelou um colchão no chão, com roupas sujas espalhadas. Ouvia o

incessante som de marteladas no metal. Viu o elfo trabalhando na forja,

ora esquentando o metal, ora resfriando-o e martelando.

 

-

Sua comida e roupas limpas. - disse Leonard, deixando as coisas perto

do colchão. Ele andou então até perto da forja. Notou diversos escudos

caídos, com o que pareciam restos de elmos.

 

-

Eu não consigo acertar. Realmente perdi a mão. - Essny se virou. Estava

sem camisa, com um avental grosso de couro e luvões sujos. Levantou a

máscara de ferro - Preciso de mais Ori e Elu, Leo.

 

- E eu preciso de um assistente novo e de confiança. Eles estão começando a fazer as perguntas certas.

 

- Sobre o quê?

 

- Sobre o "Diário".

 

Essny

sentou-se, limpando o suor da testa. O Diário de Julian Belmont, que

vira o templário enterrar séculos atrás, era um engôdo. O jovem

Cavaleiro do Dragão foi levado a acreditar que suas palavras trariam

luz e serviriam de guia para a futura geração da Ordem do Dragão, mas

isso era mentira. As páginas escondiam secretamente os registros do

Doutor Zenit Zerter Lighthal, o pioneiro da clonagem humana. Oparg

tinha revelado isso a Leonard, na Caverna de Magma, há anos atrás. Não

só isso, os dois tinham feito um plano ousado. Odin ainda rodeava os

Belmont, mas não tentaria dominar o filho quando ele ainda não poderia

se defender de um assassinato, como o deus do Valhalla acreditava que

Leonard tinha feito com Elessar. Oparg tinha instruído Leonard a

estudar a técnica da clonagem, do doutor Lighthal, para que entregassem

um clone para Odin. Enquanto isso, o verdadeiro Leafar seria mantido

escondido, até o dia em que pudesse voltar. E era nisso que o Arquimago

vivia focado em resolver.

 

- Essny, - disse

o louro, parando na frente do elfo - preciso de alguém de confiança lá

dentro comigo. Ainda faltam alguns anos. Eu adquiri perfeição na

clonagem absoluta de monstros. Mas ainda faltam ajustes para o processo

humano com o mínimo de falhas possíveis.

 

- Não consegue eliminar as falhas, Leo?

 

- Não. Não é possível. As falhas são todas suprimidas por algo que eu não tenho poder de clonar: a alma humana.

 

- Faz sentido. Mas como vou fazer para ir te ajudar? - falou, jogando longe os luvões.

 

- Deixe o cabelo crescer um pouco, esconda essas orelhas. Mude de nome, para não dar na vista com esse nome élfico.

 

O Mestre-Ferreiro olhou para o martelo e para as chamas do braseiro. Seus olhos se apertaram, perdidos em pensamentos.

 

- Eu gostaria de homenagear um amigo. - disse, com os punhos cerrados, lembrando-se do fim da Ordem do Dragão.

 

- Quem você quiser.

 

- Meu nome humano será Christian. Christian Vallmore.

 

- Nem eu teria escolhido um nome tão propício, meu amigo.

 

Essny se virou, com o olhar determinado. Começou a juntar as roupas e suas coisas, observado pelo Arquimago.

 

-

Pretende eliminar as falhas do clone apenas com ciência, Leo? - falou o

elfo, cheirando a caixa com comida enquanto cutucava ela com uma colher.

 

- Não. Estou dando a meu filho a melhor educação possível. O clone herdará todas as suas memórias e copiará seu caráter.

 

- E que tipo de caráter está formando no pequeno Leafar? Aliás, quanto anos ele tem mesmo?

 

- Nove. E o ensino dele está sendo baseado no senso mais nobre que a mãe dele acredita: Justiça.

 

***

 

Escola Especial de Ensino Fundamental de Geffen

Sala de espera número 2

9h53

 

- Nossa, estou muito nervoso!

 

- Calma, Leafar!

 

Wyla

passou a mão na cabeça do garoto. A elfa, vestida com uma elegante

roupa preta, sorria. Estavam a alguns momentos de iniciar o julgamento.

Como parte do ensino básico, a escola especial formava os alunos da

terceira série com bases de direitos e deveres, simulando a antiga

função de advogados e promotores - cargos banidos desde a época do Rei

Tristan II, quando concluiu-se que eles atrasavam demais o processo de

julgamento; além disso, as pessoas confiavam tanto em seus defensores

que elas próprias deixaram de estudar as leis, sendo muitas vezes

enganadas. Por isso, "Direitos e Deveres" era a matéria que testava a

criança para que ela fosse aprovada para a quarta série.

 

- Mas o meu julgamento vai ser de algo REAL! Não é justo!

 

- Tinha que acontecer com alguém, ora! Sempre um dos alunos é sorteado para participar de um julgamento de verdade.

 

Leafar

suspirou enquanto a elfa arrumava o colete vermelho nele. Notando sua

tensão, ela desabotoou os punhos de sua camisa e dobrou as mangas para

trás. Ajeitou também sua gravatinha, sorrindo.

 

- E é bonito - disse ela - você defender seu coleguinha, mesmo ele te causando tanta confusão antes.

 

- É que, ah, não é justo. Não tinha ninguém para defender ele. Ninguém queria. E não é assim que funciona a justiça, não é?

 

A elfa abaixou-se e colocou as mãos nos ombros de Leafar. Olhou atentamente para ele.

 

-

Sim, mas não é só por isso que você tem que defendê-lo. Lembre-se que

se você o defende, é porque acredita nele. E se acredita na inocência

dele, é com isso em mente que deve agir, sempre. Bem, aqui vamos nós.

Tome seu broche.

 

O garoto pegou o objeto -

um botão dourado com entalhes. Tinha uma balança gravada nele. A parte

de trás tinha os dizeres "Leafar Belmont - Advogado de Defesa - Turma

de 88". colocou-o no peito e, de mão dada com Wyla, entrou para encarar

sua prova.

 

***

 

Sala de Julgamento número quatro

10h00

 

-

Muito bem - disse o homem careca e de espessa barba branca sentado

atrás da mesa mais alta da sala - estamos aqui hoje para as provas

finais de Leafar Belmont, no papel de Advogado de Defesa, e de Tales

Jameswood, como Promotor. Os dois julgarão e decidirão nesta sessão

única se o réu, o jovem "Carlos Aprendiz", matou o bicho de estimação

de sua ex-namorada, Web Nacam.

 

Tales

Jameswood, muito elegante, estava trajando um terno da linha "Doce

Cabana", com paletó e calça de cor roxa, e uma gravata cinza, em

contraste com a camisa branca. Usava o cabelo com mechas caídas sobre a

testa, que tiravam suspiros das garotas que estavam ali para assistir

ao julgamento. Tinha olhos escuros e uma voz suave.

 

- A promotoria está pronta, meretíssimo. - disse ele, fazendo uma reverência, com um sorriso de lábios apertados.

 

O juíz olhou então para Leafar. Ficaram todos quietos. Wyla então deu um cutucão no garoto.

 

- Ah, sim! - disse ele, assustado - A defesa está pronta, meretíssimo.

 

- Você parece nervoso, senhor Belmont. respondeu o juíz, olhando o menino ajeitando nervosamente a gravatinha.

 

- Só um pouco, meretíssimo.

 

-

Espero que saiba que estão julgando um caso real, e que as

consequências de suas ações aqui vão refletir na minha decisão sobre

ele.

 

- Sim senhor. - Leafar soltou um sorriso amarelo e coçou a nuca.

 

- Senhor Jameswood?

 

- Meretíssimo?

 

- Apresente o caso.

 

Atrás de sua bancada, o menino pegou uma folha. Apenas ergueu uma sobrancelha, lendo o papel.

 

-

O réu, Carlos, que se chama de "Aprendiz", namorava a garota chamada

Web Nacam. Ela terminou com ele há algum tempo, e como vingança, ele

matou o Bicho de Estimação dela, um pobre e indefeso Yoyo.

 

As

meninas presentes soltaram um "aaaah" em uníssono, fazendo com que o

juíz olhasse feio para elas. Jameswood entregou uma cópia da folha para

cada um dos presentes.

 

- Este é o registro da morte do Yoyo, meretíssimo.

 

- Hmmm. A corte aceita esta evidência para os Registros.

 

Leafar

pegou a folha e olhou. "Morte causada por impacto de objeto maciço e

pontudo. Hora estimada da morte: entre 16 e 17h". Olhou a seguir para

Wyla.

 

- Toda evidência é adicionada ao seu Registro da Corte, Leafar. - disse a elfa - Lembre-se de sempre conferir ele.

 

- Pode mostrar o objeto utilizado para o crime, senhor Jameswood? - continuou o juíz.

 

- Claro.

 

O garoto mostrou uma estátua de um homem sentado, pensando com a mão no queixo, dentro de um saco plástico transparente.

 

-

Esta coisa bizarra é um relógio, meretíssimo. Ao pressioná-lo, ele fala

a hora. Como pode notar, há sangue em uma das pontas de sua base. Já

foi confirmado ser o sangue da vítima, o senhor Manteiguinha.

 

- Manteiguinha? - o juíz arregalou os olhos.

 

- Sim. Este é o nome do falecido macaquinho.

 

- A corte também aceita o relógio como evidência para os Registros.

 

Leafar olhou desesperado para Wyla. Ela apenas passou a mão na cabeça dele e voltou a olhar para o Promotor-mirim.

 

-

Tenho também uma testemunha decisiva, meretíssimo. A menina Penny S.

Less viu o réu fugir da cena do crime. Foi ela quem encontrou o corpo e

acionou a guarda de Geffen.

 

- Muito bem, vamos ouvir o testemunho dela então.

 

Leafar

olhou para a platéia, engolindo seco. Seus olhos passaram por seus

amigos, Kapeta e Míriël, que fizeram sinais de positivo para ele.

Kapeta, quando conseguiu a atenção de Leafar, fez um positivo com o

polegar e depois apontou ele para a própria virilha, rindo. Leafar

desviou o olhar e viu uma garota muito feia se levantar. Ela atravessou

as cadeiras e foi até um púlpito no meio da sala, de frente para o

juíz. Tales Jameswood estava do seu lado esquerdo, e Leafar do seu lado

direito, acompanhado de Wyla.

 

- Declare seu nome e função, senhorita. - disse o menino promotor, tirando o cabelo da frente dos olhos.

 

- Penny S. Less. Sou estudante.

 

- Por favor, narre o que viu no dia do crime.

 

- Leafar! - Wyla sussurrou - Preste atenção no testemunho dela!

 

- Tá.

 

-

Bem, - começou a menina, usando um vestido vermelho forte, com luvas da

mesma cor. Sua maquiagem estava exagerada e seu cabelo era louro e

ruim, todo seco e duro - eu tinha ido até a casa da Web porque íamos

estudar juntas. Quando eu cheguei lá, vi que não tinha ninguém, a não

ser o senhor Manteiguinha. Ele estava caído, com a cabeça sangrando. Eu

nem encostei em nada. Lembro a hora exata que saí correndo e chamei os

guardas: era uma hora da tarde.

 

- Hmmmm. - o juíz coçou a barba - Parece um testemunho firme.

 

Leafar começou a guardar as coisas. Pegou suas folhas e colocou embaixo do braço. Wyla olhou curiosa para ele.

 

- Aonde vai?

 

- Embora, ué. Acabou o julgamento.

 

- Leafar! - a elfa ficou boquiaberta.

 

- Ué! A menina viu o que aconteceu, ora. Como vou defender o Carlos assim?

 

-

Lembre-se do que te falei! Se você acredita no Carlos, é porque ele é

inocente. Logo, se ele é inocente mas esse testemunho o faz parecer

culpado, só há duas opções prováveis: ou a testemunha se enganou, ou

ela está mentindo. E agora o seu papel é descobrir as falhas no

testemunho dela.

 

- Ah. E como eu faço isso mesmo?

 

- Agora você fará o "Ataque às Provas".

 

- Oi?

 

-

Ela vai falar de novo o que acabou de declarar. Se você achar que ela

enrolou em algo ou não foi precisa, você pode PRESSIONAR, para ver se

consegue alguma informação nova. Se você notar que ela mentiu, então

você pode PROTESTAR, e apresentar alguma evidência que mostre a

contradição no testemunho dela.

 

- Ah.

 

- Senhor Belmont, - disse o juíz - agora pode realizar o Ataque às Provas.

 

Todos

ficaram em silêncio olhando para o lourinho. Ele olhou para o menino

Carlos, sentado no banco dos réus, brincando com um cubo colorido. Viu

que Tales Jameswood mal olhava para ele, paquerando as garotinhas da

platéia. A garota feia olhava carrancuda para Leafar. Ele apontou o

dedo para ela, categoricamente.

 

- PROTESTO! - berrou, com o olhar furioso, cuspindo.

 

- Sim? - disse o juíz, curioso.

 

-

O senhor não acha, meretíssimo, que esta evidência, hã... ela... hun...

- disse, pegando a primeira coisa que encontrou - ... ela contradiz o

que a testemunha acabou de declarar?

 

-

Senhor Belmont, - o juíz balançou a cabeça negativamente - se o senhor

não tiver nada inteligente para dizer, é melhor que fique calado. Por

isso vou lhe aplicar uma Penalidade.

 

-

Isso não me fez ganhar pontos com o juíz... - Leafar deu de ombros e

pediu para Penny repetir seu testemunho. Enquanto ela falava, ele

começou a olhar as duas evidências.

 

"Lembro a hora exata que saí correndo e chamei os guardas: era uma da tarde.", disse ela. Leafar piscou forte.

 

- ESPERE! - gritou ele - Você está certa sobre a hora? Tem certeza absoluta?

 

-

Sim. - ela falou, brava - Eu nunca erro. Jamais. E tenho certeza plena

e absoluta de que era uma hora da tarde quando encontrei o macaquinho

assassinado.

 

- PROTESTO! - novamente Leafar gritou, apontando o dedo para a garota, que deu um pulo para trás, tropeçou e caiu.

 

- Senhor Belmont! - o juíz olhou feio para o garoto - Não precisa berrar! Todos ouvimos que o senhor tem uma objeção!

 

- O rapaz é novo, meretíssimo. - Jameswood sorriu - Dê uma chance a ele.

 

- Novo? - Leafar olhou indignado para Wyla - Mas ele também tem só nove anos!

 

- Qual sua linha de raciocínio, Leafarsa? - Jameswood apoiou o cotovelo na mesa, olhando curioso.

 

-

Sua testemunha disse categoricamente que encontrou o macaco morto à uma

hora da tarde. Mas no Registro da Corte há uma prova que contradiz isso.

 

- O quê? - o juíz ficou perplexo.

 

-

AQUI ESTÁ! - Leafar novamente berrou, segurando heroicamente o Registro

da Morte. Engoliu seco quando o juíz apertou os olhos, irritado por ele

ter gritado novamente.

 

- O que isso significa? - Penny colocou as duas mãos na cintura.

 

-

O macaco morreu entre as quatro e cinco da tarde. - Leafar bateu as

duas mãos na sua mesa, encarando a testemunha - Como seria possível

você ter encontrado ele à uma hora?

 

A platéia ficou perplexa. O juíz bateu o martelo, pedindo ordem. Jameswood, por sua vez, não perdeu a calma.

 

- Bravo, Leafarsa. Bravo. Minha testemunha errou a hora. Mas isso não prova absolutamente nad...

 

- PROTESTO!

 

O

berro veio de uma voz adulta, vinda da porta da sala. Leonard Belmont,

acompanhado de um Mestre-Ferreiro - o de agora orelhas disfarçadas,

Essny - apontava o dedo para a cara do pequeno promotor. O juíz

suspirou.

 

- Senhor Belmont! - disse, dessa vez olhando para o Arquimago - Mas que mania odiosa que o senhor e seu filho têm de gritar!

 

-

Eu preciso falar com o meu filho urgente, e este julgamento tolo

precisa terminar o quanto antes. Vocês já sabem que ele está apto para

a quarta série e este teatro é apenas uma tentativa de promover esse

garoto doentio que acha que os promotores serão aceitos novamente na

corte real um dia.

 

- Mas que disparate é

esse? - o juíz quase quebrou o martelo, batendo-o na mesa. O platéia

ficou agitada, falando e cochichando. O Arquimago não perdeu tempo e

empurrou a garota do púlpito.

 

- Quem matou

o macaco da garota Web Nacam foi a própria Penny S. Less, por ciúmes da

menina ser mais popular que ela. Ela mesma armou para o Carlos ir até

lá, quando lhe deu o cubo colorido que ele está brincando agora. Ela

sabe o horário porque esta estátua fala o horário quando é pressionada,

e ela falou "uma hora" quando bateu no símio. E o horário está errado

porque Web acabou de voltar de viagem, vinda de Rachel, cuja diferença

de horário para Geffen é de três horas.

 

O juíz ia falar, quando Leonard apontou o dedo para ele.

 

-

O menino-promotor-gênio Tales Jameswood forjou duas evidências para

este caso, as quais ele ia usar durante o testemunho do Carlos. Mas meu

filho, auxiliado pela elfa Wyla, ia descobrir a rede de mentiras deles

e desmascarar todo este caso. Mas eu realmente não tenho tempo a perder

e o senhor deve dar o seu veredito agora, meretíssimo. Ou terei que

aproveitar e testemunhar publicamente sobre qual membro desta sala está

mantendo relações sexuais com menores de idade?

 

O silêncio imperou pesadamente na sala. O juíz engoliu seco. Essny segurou o riso, enquanto Leonard continuava seu show.

 

-

Por falar nisso, você - apontou o dedo para Penny - será condenada não

apenas por este crime, como pela troca de shampoo das suas colegas no

incidente do banheiro do meio do ano, quando fez com que todas tivessem

o cabelo igual ao seu por dois meses. Assim como o Promotor, que na

verdade teve toda a acusação preparada pelo pai dele, membro de um

grupo que luta pela volta dos Advogados de Defesa e Promotores à

Rune-Midgard. Assim, esse julgamento todo é uma farsa que ia servir de

argumento para eles tentarem reativar e atrasar o sistema de

julgamentos.

 

As meninas que assistiam ficaram indignadas. Penny desmaiou, enquanto Leonard agora apontava o dedo para Wyla.

 

-

E você dirija-se para o Castelo de Prontera, onde há uma audiência para

as 11 horas da manhã. Foi indicada para se tornar uma das Guardiãs de

Rune-Midgard.

 

A sala inteira ficou quieta. O Arquimago olhou sério para o juíz.

 

- Qual o veredito mesmo?

 

O juíz estava suando em bicas. Ele alargou a gola da roupa preta que usava e segurou o martelo.

 

-

Bem... diante desses novos fatos indubitáveis apresentados pelo senhor

Leonard Belmont, eu declaro que o réu, Carlos Aprendiz, é

considerado... inocente!

 

- Wee. - disse Carlos, ainda entretido com o cubo colorido, sentado no mesmo lugar.

 

- Alunos aprovados. Caso encerrado! - o juíz bateu o martelo e saiu apressadamente da sala.

 

Wyla e Leafar foram até Leonard, enquanto Essny se aproximava.

 

- Papai! - Leafar abraçou o homem, que desarrumou seu cabelo enquanto olhava para Wyla.

 

-

Senhor Belmont. - disse a elfa, sem jeito - Assim o senhor nunca vai

deixar o Leafar aprender o que é certo e errado, nem como lidar com

isso.

 

- Você já ensinou a meu filho tudo

que ele precisava sobre justiça e sobre proteger as pessoas, Wyla. E é

por isso que você foi convocada para se tornar uma GM.

 

- O senhor falava sério sobre a convocação?

 

- Sim. Boa sorte.

 

Wyla se abaixou e ficou na altura de Leafar.

 

- E aí, mocinho? Quase foi um ótimo advogado, hein? Tenho certeza que seria um Ás!

 

- Hehe! "Leafar Belmont, Advogado Ás". Que ridículo! - o menino sorriu.

 

- Bem, eu preciso ir. Vai ficar bem? Já sabe o que vai ser quando crescer?

 

- Ah, gostei da idéia de proteger o próximo. É legal poder fazer algo por alguém que precisa.

 

Os

quatro olharam para Carlos, que de algum modo inexplicável tinha

conseguido se ferir na testa com o cubo, e agora estava caído no chão,

chorando.

 

- É, - disse Leafar, voltando a olhar para Wyla - talvez eu me torne um Sacerdote. Ou um Bruxo tão forte quanto o papai.

 

-

Lembre-se da lição mais importante de todas, Leafar: se você lutar por

algo, lute até o fim. Acredite na causa da sua batalha, e não perca seu

tempo tentando entender o impossível. Aceite o que aconteceu e descubra

um modo de vencer.

 

A elfa abraçou o garoto. Ele abraçou ela de volta, de olhos fechados. Tirou então o broche e deu para ela.

 

- Pra você não se esquecer de mim!

 

- Que bonitinho! Obrigada! - Wyla então olhou para Essny e apertou a sobrancelha.

 

- Você também não é um elf...

 

- Não. - disse ele rapidamente, piscando - Eu sou um ser humano típico e convencional, chamado Christian Vallmore.

 

- Espero que tenha um bom motivo para esconder suas origens, irmão de sangue.

 

-

Digamos que o pessoal do meu emprego novo é um pouco preconceituoso. E

talvez eles quisessem me conhecer melhor por dentro. Literalmente.

 

- Entendo. Bem, cuidem-se então! Até algum dia desses!

 

A elfa se afastou. Leonard olhou para o Mestre-Ferreiro enquanto recolhia as coisas de Leafar na mesa.

 

- Pegue o meu filho e leve ele de cavalinho, Christian.

 

- Ei! VOCÊ é o pai!

 

- Pegue logo o garoto.

 

O

elfo se abaixou para que Leafar sentasse em seus ombros. Essny se

levantou então, com Leafar se divertindo no alto, batendo em sua

cabeça. Leonard deu então para o amigo as coisas de Leafar. Puxou um

caderninho e começou a ler anotações, enquanto falava com o filho, ao

mesmo tempo em que se afastavam da escola.

 

- Parabéns por passar de ano, filho. O que quer de presente?

 

- Quero um Chapéu de Deviruchi!

 

- Não, sem presentes ridículos e inúteis.

 

- Mas pai! Todos os meus amigos têm!

 

- Esqueça. Que tal uma Presilha do Teleporte?

 

- Eba!

 

- Estava falando sério sobre se tornar Sacerdote?

 

- Sim! Parece legal!

 

- E que tal se tornar um senhor dos elementos? Controlar o fogo, o ar, a água...

 

- Dá para proteger as pessoas assim, papai?

 

- Oh! Um dia desses você vai me ver em ação e entender o estrago que uma Nevasca Amplificada faz.

 

- Eeeeeee! - Leafar levantou os dois braços, feliz.

 

- Mas antes disso nós vamos começar suas próximas aulas.

 

- Aulas? Do que?

 

- Religião. É hora de você começar a estudar sobre Asgard e o ilustríssimo Odin.

 

Enquanto

andavam, ouviram o farfalhar de asas. Leafar olhou para o céu, e notou

uma pena grande caindo. Essny pegou-a e entregou para ele. O menino

ficou olhando para ela, imaginando que tipo de passarinho teria uma

pena tão grande quanto aquela. Essny e Leo, entretanto, se olharam de

soslaio. Seu plano já tinha começado, e sabiam que não poderiam cometer

nenhum deslize; afinal, preparavam-se para enganar um deus.***Ir para o capítulo IV 

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- Quantas pessoas eu posso chamar?

 

- Tantas quanto julgar necessário.

[*]Uma Sombra não pode se revelar jamais. [*]Seu rosto jamais deve ser

exposto. [*]Jamais falará sobre isso com outra pessoa. [*]Fará o que for

necessário para manter a Ordem do Dragão viva, inclusive mentir, roubar

e matar. [*]Dará sua vida sem pensar pelo Dragão Dourado.

 

 

 

***

 Perceberam o implícito?No mais, outra obra pra ser encadernada e guardada. E preencheu inúmeras lacunas das histórias anteriores.Enfim, sem mais o que dizer pra não ser redundante. Parabéns. *********mas

tpw

6 daum pot

?

snao num vo woe

lol

eu n tenhu maskra do fantasma

6 duam

?

damu

admu

aff

daum

?

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Bem agora postando direito, pois estava lendo antes. Mais uma vez me surpreendeu. Ótimo final, e fez muitas ligações, e explicou muitas coisas. Explendida a maneira que você escreve Rafa. Agora pela enésima vez, pelo amor de Deus, PRESTA ATENÇÃO EM MIM, onde eu compro o seu livro? Quero ler.

 E Rafa mandei uma PM para você sobre a Ruína, use ela da melhor maneira, e como eu falei, não é invenção, é minha história. E por favor onde compro o liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiivro?

 

Ps.: Samuel você tem a vantagem de não ter caido a sua energia. Só isso! 

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@Dante_MalignoOlá, eu sou o Marcelo "Gorah D'Moriam" Amorim. Um ilustre desconhecido nesse fórum, mas alguém que acompanha o trabalho do Leafar tem bastante tempo. Vou tentar te ajudar e ajudar os outros amigos do tópico a entender uma coisa.Primeiro, concordo com você, existem outras FICs maravilhosas no fórum (e autores excelentes também, eu acompanho duas em particular que gosto muito e sinto falta de algumas que pararam de ser escritas).Imagina que você é torcedor de um time de futebol, o Alfinetadas F.C. Daí, você vai no estádio de futebol do clube Dragões Dourados F.C. e reclama para eles que eles só torcem para o Dragões Dourados e que existem outros times tão bom quanto. Isso é verdade, mas o que você vai encontrar no estádio de futebol do Dragões Dourados? Torcedores do DD! Eles sabem e concordam que existem outros mas semprevão privilegiar o time deles.O mesmo acontece aqui. O pessoal que vem aqui, inclusive é escritor de outras FICs e tenho certeza que eles não se sentem menosprezados por conta do pessoal comentar mais o Leafar. Eles na verdade veem isso como um exemplo de sucesso que vale ser observado e aprendem com ele.Veja o .PrdK., o cara escreve uma FIC muito boa, eu descobri ela lendo uma FIC da Hylaina, que conheci quando vi uma resposta dela numa FIC do Leafar.O Leafar tem tanto mérito por que ele funciona como profissional. Não somente escreve com qualidade, como faz com um tremendo profissionalismo. Ele respeita seu leitor, ele comenta as respostas, ele reconhece quando alguém exagera na parabenização e não se deixa levar com estrelismo. Existem outros aqui que tem a mesma qualidade e criatividade que ele, até mais, mas que não escrevem em troca de comentários elogiosos. Escrevem pelo prazer de escrever. Gostam de receber comentários mas não escrevem em função deles.Eu sou suspeito eu comento pouco (mas isso é porque eu realmente nem participo do fórum. Sou um desconhecido aqui. Mas não culpe os fans dos textos do Leafar. Eles apenas estão agindo como torcedores que escolhem um time e torcem por ele. Em momento algum deixam de reconhecer os outros times, apenas "torcem" e "puxam" para o lado do seu time.Se você for novato, Bem-Vindo! Se for velho de fórum, prazer em conhecer.Amplexos Demorianos!@AllUm colega no fórum achou que "cheirava" flame. Um conselho de um outro colega mais velho. Quando cheirar um flame, manda uma PM para a pessoa e não se exponha. Uma coisa que eu aprendi do Leafar quando convivi com a OD (sim, meu Gorah já foi um Dragão) é que ele tem a postura do: Se você fizer igual, você está errando junto. Então, quando acharem que um colega está fazendo flame, dêm um toque para ele no privado. Pode ser que ele nem tenha percebido.E desculpem se eu tomei a frente e dei uma de tiozão metendo o nariz onde não sou chamado! Estamos todos aqui para nos divertir e no caso deste tópico, privilegiar o Leafar pelo seu material. Seria feio ficar elogiando outra FIC ou outro autor no tópico da fic dele, concordam? (.PrdK. - go go, ops!)

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FILHO DA MÃE!!! Ficou animal, parceiro!!! Caramba, a espera valeu a pena, afinal. Leafar trocou idéias com os deuses no chá da tarde, apanhou hard deles, panhou uma guria nova, conhecemos as Sombras do Dragão e o Leo ainda pagou de overpower, como sempre.Agora, é gogogo fazer a Ruína.P.S.:

Agora vá com as moças. Elas vão lavar seu rosto e pentear seu cabelo. Não tenha filhos com elas.
Fragmentos da realidade...
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Hefestus:

 

"- Minhas mãos e minha arte jamais forjariam arma ou armadura para um

mortal. Meu dom é exclusivo dos deuses, merecedores de empunhar meus

artefatos."

Nossa adorei sua estória, não quero por defeito nela está perfeita, mas Hefestus não é o deus da forja para os gregos? que era casado com afrodite deusa da beleza? Porém na mitologia nórdica não encontro deus que seja correspondente a Hefestus, apenas lembro daquele que Forjou a espada para Sigurd ou Siegfried a espada "Gram" que inicialmente foi forjada por Wayland e depois reforjada por Regin, mas não posso dizer com certeza que esses dois eram deuses. Se não me engano é isso.

Muito bom ler sua fic. Está de parabéns.

 

Estou editando a resposta para complementar.....Encontrei isso na internet Brokk e Eitri (ou Sindri) são dois irmãos da raça

dos anões. Forjaram Mjolnir o martelo do Thor, mas esses anões pelo que entendi não eram deuses, Os filhos de Ivaldi são um grupo de quatro anões que construiram a lança invencível de Odin (Gungnir). Mas aparentemente também não eram deuses.Só queria ajuda com essas informações espero que sejam úteis.

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OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG

meo deos! que cap incrível! deu até pra sentir a desespero do lea quando ele começou a "se afogar" no líquido,me deu até medo... mais uma coisa:

OMG! O LEONARD CHOROU! PWNED!!1!

é, acho que é isso, prbns pelo grande cap rafa, se eu não tivesse que ir dormir, teria lido em primeira mão..., mas quem vive de passado é museu, gogogogogo mais capítulos! a fic está ownante! mas a capa me deu um pouco de medo tembém... mas dexa, otra vez parabens pela fic ótimo, e agora, gogogo leo, gdt, e overpower, ! 

flow!

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Hmmm que cabelo no suvaco que nada, eu quero é saber detalhes daquela tatoo de deviruchi que o sr. Leonard tem. Leonard, Leonard, quem te viu, quem te vê... gostei de ver o "seu" Leonard apanhando. Ah, que divertido, vou dar uma

cajadada num poring em homenagem a ele... ou lançar um portal divino,

daqueles que só eu sei fazer!E não fala mal do laguinho, viu? Eo amu eli.Parabéns pela história,

 

 

 

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Diz pro Niori que sem ele, milhares de brasileiros ficarão sem Garra das Trevas e Leo, e então todos eles ficarão tristes, muito tristes, e então eles vão querer vingança por terem engordado 19 quilos enquanto esperaravam as histórias. ._.

Ok, brincadeira, sei que o negócio é sério. ._.Eu não sei muito bem sobre essas coisas de problemas pessoais ou sobre o que dizer nessas horas, então preferi fazer uma brincadeirinha para levantar o astral. Mas pode dizer pro Niori que nós, que lemos as Fics em que ele desenha, sabemos que ele vai superar. A gente confia nele. Não importa o quanto as Fics atrasem. ._.._. 

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Final IMPRESSIONANTE!!!! Amei, cara!!!!!!!!!

Ow, tava pensando. Esse negócio de Sombra do Dragão. Essas sombras darão a vida por você, pelo que sei. Por acaso antes de ler o fim dessa fic, pensei numa cena da batalha com morroc onde Leonard se sacrifica pra enfraquecer o demônio........ E encaixou com a parada da Sombra que acabei de ler agora. Tá usável ou falei besteira?

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Nossa... Ri MUITO da "Filhos da Pupa!", meu irmão teve até que me parar aqui, já que eu tava começando a ficar roxo. É uma piada velha, mas que ficou muito legal naquela hora. Me fez lembrar de algumas coisas que aconteceram comigo que envolviam essa piada. [/heh]Mas como sempre, outro capítulo ótimo, e eu gostei especialmente deste. Não sei porque, mas esse capítulo foi especial. Como todos já disseram, mesmo sabendo que o Essny ia salvar o clone, deu pra sentir na pele a dúvida corroendo o elfo na hora. E a tensão na casa do Leonard, a briga dele com a Margareth, também são trechos que passam a sensação de estar lá. Dá pra sentir ódio e tristeza pela morte de Elessar, e querer fazer algo para não deixar Leonard matar sua esposa, querer ajudar a pobrezinha.Parabéns de novo Leafar. E parabéns ao Skyjack também.***E diz pro Niori que estamos ansiosos pelo retorno triunfal dele, e de suas belas obras. [/ok] 

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Hmmm, agora que a coisa realmente vai ficar interessante... /fome

Pensando bem, não se trata de Full Metal não, tá mais para Resident Evil mesmo, pela quantidade de cadáveres! Como seres humanos não são nenhuma Dolly, faz todo o sentido este tanto de erros. Já pensaram se eles voltassem como mortos-vivos? Aí é que ficaria Resident Evil mesmo.E acho que a melhor parte foi o Leonard enfim mostrar que é humano. Afinal, se mesmo diante daquela cena ele não esboçasse nenhuma reação, aí eu iria protestar! Mas agora virei fã dele, hehehehe! E também é legal ver que mesmo em preto e branco o Niori manda sempre bem. Muito boa a capa!

Agora, fica o mistério: o que aconteceu com o original? E o clone, o que irá fazer agora? O que mais está envolvido no plano "Anjo da Guarda". Não percam o próximo capítulo (até parece que alguém iria perder, lol)!

Cogito, ergo sum.

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