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Thanatos: A Origem


Willen

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Saudações, caro leitor ou leitora. O mundo de Midgard é recheado de lendas. Bestas místicas, guerreiros imbatíveis, batalhas monumentais. Porém, até a mais épica das histórias possui um início. A lenda de Thanatos fala de um guerreiro que lutou com um gigante de nome Morroc por dez dias e dez noites. Mas de onde veio tanta força? Como Thanatos se tornou imbatível a ponto de vencer, sozinho, um dos filhos de Ymir? Essa, senhoras e senhores, é a minha interpretação de uma das maiores lendas de Midgard.

 

Thanatos: A Origem 

Prólogo: 

Midgard é um mundo filho da guerra. Os filhos de Ymir atacaram os descendentes de Buri e de Bor, dando princípio ao primeiro confronto registrado na história. Os motivos são conhecidos apenas por Odin, Vili e Vé, os três primeiros aesires, os três que lutaram contra a prole do gigante de gelo num confronto que fez o Ginungagap, o abismo onde tudo se criou, estremecer. Odin era jovem ainda. Sua vitalidade e força eram impressionantes, o mais forte de sua família. Talvez esse seja o motivo que tenha feito Morroc, o favorito de Ymir, escolhê-lo para que fosse seu oponente. 

A guerra cessou. Os que lutavam viraram platéia. Odin fora arremessado ao chão graças a um soco das mãos desproporcionais de seu inimigo. Levantou-se e enterrou o punho no ventre rígido do gigante que iria cair sobre ele. Manchou seu rosto de sangue e, aproveitando o momento, arremessou Morroc, fazendo sua cabeça atingir o chão como um martelo. Apenas os dois guerreiros lutavam. Ymir estava aterrorizado ao ver seu querido filho ser agredido daquela forma. Os punhos do aesir desciam com ferocidade no rosto do gigante, que mal conseguia apresentar uma reação. 

O pai de todos foi o próximo a cair. Enquanto contemplava o corpo caído de Morroc, Ymir foi atingido pela arma de Odin em seu rosto. A guerra seguiu. Os três aesires fizeram o gigante cair. De seu sangue, fez-se o oceano. E o oceano afogou quase todos os gigantes. Apenas três sobreviveram. Dois conseguiram fugir do castigo e a sentença destinada uma família inteira, então, caiu sobre apenas um. 

- Morroc, filho de Ymir, nós, filhos de Bor, condenamos você a vagar eternamente pelas brumas impenetráveis de Muspelheim. 

- Vai pagar por isso, Odin! Guarde minhas palavras: Um dia eu voltarei e, nesse dia, tudo o que vocês construíram irá ruir! 

E então Midgard pôde ser construída com os restos do cadáver de Ymir. Pedras e cascalho originaram-se dos dentes e ossos esmigalhados do gigante morto. A abóbada celeste foi formada de seu crânio esfacelado. Dos parasitas eles criaram os anões, e quatro deles, chamados Nordri, Sudri, Ausdri e Wesdri, sustentam os céus. Do cabelo de Ymir formou-se a flora, e de seu cérebro originaram-se as nuvens. Brasas de Muspelheim foram colocadas no céu, e assim surgiram as estrelas. A Terra era um grande círculo rodeado pelo oceano, e os deuses haviam construído uma grande muralha a partir das pestanas de Ymir, que circundavam esse local. 

Enquanto a criação tomava forma, um gigante insatisfeito com o seu infeliz destino passou a vagar indefinidamente pela neblina densa. Tomado por ódio e rancor corria em linha reta seguindo a direção que sua sede de vingança indicou. E, séculos depois, encontrou um mundo de chamas, de brasas, e alguém que o recebeu gentilmente em seu seio.

 

 

Só então a vingança começou a tomar forma.

 

 

Capítulo 1: Infância Perdida 

A população olhava atônita para o que havia acontecido. Um cavaleiro jazia no chão, sua espada ensangüentada nas mãos de uma criança de cabelos azul-escuro desgrenhados, agora tingidos de vermelho. O olhar era de fascinação, o sorriso, de alegria. Não conseguia mudar a atenção, encarando seu oponente vencido. Era a primeira vez que matava alguém, a primeira vez que tinha essa sensação gostosa de privar uma pessoa de sua vida. E tinha apenas doze anos. 

- M-monstro! É um demônio! Um demônio! 

Ao primeiro que fez menção de jogar uma coisa foi dirigido um olhar que muitos diriam ser de uma verdadeira fera. Estava tão embriagado pelo espírito de batalha que começou a caminhar em direção à multidão que abriu caminho, temendo o “demônio”. E por onde passava, um rastro de pegadas rubras se formava. 

Caminhou lentamente, saboreando aquele sentimento. Aquilo teria de satisfazê-lo, uma vez que o pão que levaria para casa foi perdido no embate que houvera há pouco. Estava ainda surpreso com sua força. Derrotou um guerreiro experiente com a arma dele e com uma agilidade que poucos de Glast Heim haviam presenciado. Impressionou a todos. Menos a seu pai. 

Um bofetão. 

- Onde está o pão que eu mandei você comprar, pirralho!?

 

Dois bofetões

 

- Você perdeu naquela sua briguinha ridícula, é? Eu vou te mostrar o que é uma briga!

 

Três bofetões

 

- Querido! Por favor, pare! Ele só estava se defendendo!

 

- Cale a boca, mulher! Ele não estava se defendendo coisa nenhuma! Ele provocou o outro com certeza!

 

Quatro, cinco, seis, sete. Foi perdida a conta de quantos bofetões a criança levou aquele dia. Recolheu-se em seu quarto, deitando na cama e se encolhendo numa postura que o defenderia de um novo arroubo daquele homem. Ao fundo, ouviu novos golpes e gritos de sua mãe. Era a vez dela ser castigada por tentar interrompê-lo enquanto ele disciplinava aquele moleque idiota e irritante. Ninguém o impediria de educá-lo da maneira correta. Nem sua esposa. 

Eram pobres. Seu pai perdera o emprego há dois anos, vítima da traição daqueles que um dia ele chamou de amigos. Sua mãe era vendedora de flores, porém os negócios iam mal. Nem mesmo os elfos, amantes da beleza, queriam comprar as plantas mortas ou murchas de sua barraca. E ao pequeno era destinado o dever de trabalhar em bicos para qualquer um que o aceitasse. Atualmente trabalhava carregando tarugos de ferro para um ferreiro e ajudando-o em tarefas menores. 

Seu pai era violento, raivoso. Cresceu sob a extrema severidade de seu pai e agora aplicava a mesma educação ao seu filho. Ante a menor suspeita, um castigo. Quando havia certeza, por mais errada que estivesse, uma surra. E a mãe omissa, raramente se movendo para protegê-lo dos braços grossos e das mãos grosseiras de seu marido. Quando intervinha, era a próxima a ser espancada ou o homem deixava a casa por dias a fio até retornar embriagado e choroso, implorando por um lar. À criança, era dado o direito do silêncio. Não podia falar, não podia balbuciar. De fato, não sabia falar, mas compreendia o que os outros diziam. Compreendia bem o suficiente para saber que seu pai nunca o quis. 

E assim, nesse ambiente, a criança cresceu. Passou a trabalhar regularmente para o ferreiro, tornando-se seu ajudante. Aprendeu a fazer espadas com ele, treinando por conta às vezes. Era seu ambiente favorito. Longe de seu pai e de sua mãe, sob a guarda de alguém que o queria junto de si. Era, para a criança, o mais próximo que ele tinha de um pai. Passava o dia inteiro na forjaria treinando a fazer uma espada. Aos quinze anos, fez sua primeira obra-prima, que foi batizada de “Byeldorg” pelo mestre. A partir desse dia, passou a treinar quando não tinha mais nenhuma obrigação com o mestre. Era desajeitado, nunca teve quem o ensinasse. 

Mesmo assim brigava na rua. Mesmo à menor provocação já brandia sua espada em direção ao ofensor, começando sempre uma briga. Ainda buscava aquela sensação de novo, aquilo o fazia vivo e feliz. Sentia sua existência naquilo. Sua força lhe conferia vantagem contra os oponentes de sua idade, então sempre procurava inimigos mais velhos, mais experientes. Jamais havia perdido um duelo desde então, chamando a atenção até mesmo de integrantes da guarda imperial, os Raydric. 

Apesar disso, não conseguiu proteger seu mestre durante uma entrega. Foram atacados por um bando de kobolds, uma mistura de humanos com cachorros que habitava ao Sul de Glast Heim. Estavam em grande número e ambos, o mais velho pela idade, o mais novo pela inexperiência, tombaram e seus bens quase todos saqueados. Mesmo caída, a criança não soltou sua espada. Nem quando os kobolds quebraram-na para tentar conseguir aquela obra-prima. 

Um uivo e todos fugiram. O jovem, tomado pelo cansaço, apenas conseguiu ver um par de grevas, as botas metálicas usadas para proteção da armada de Glast Heim, se aproximando deles, nada mais. Então se viu em casa, o local banhado em ferrugem de cheiro familiar. Estava tudo na penumbra e ouvia seus pais discutindo ao fundo, ambos alterados. 

- Por sua culpa nosso filho morreu! Se você não fosse tão violento, talvez ele tivesse aqui, jantando conosco! 

- Aquele molequinho imbecil morreu por ser fraco! Não é minha culpa que você só conseguiu dar a luz a um franguinho! 

- Não ouse falar assim de mim, meu marido! Você que quis que nós fugíssemos de meu pai para nos casarmos! Foi você que me engravidou antes mesmo de nosso namoro ficar sério! 

- Cale-se! Cale-se ou eu te mato! Estou farto dessa sua desobediência! 

- Eu não me calo! 

Ambos levantaram-se, furiosos e portando, cada um, uma faca com restos da comida que ainda tinham em mesa. Pela fresta da porta, o rapaz observava seu pai esquivando da estocada de sua mãe e cravando-lhe a arma nas costas. Por algum motivo além da compreensão dele, ela não sangrou, mas caiu de bruços no chão, imóvel. O homem sentou sobre o quadril da mulher, puxou-lhe os cabelos, encostou a lâmina no pescoço dela e o jovem gritou. 

Despertou suado em uma cama, sentando-se com tanta força que as bandagens que cobriam seu torso tingiram-se de vermelho. Deixou-se cair de tanta dor, sem gritar. Virou o rosto pro lado, procurando qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. Uma poção, qualquer coisa. E então viu novamente o par de grevas. E, junto com eles, um homem alto, vestindo a roupa dos Cavaleiros Raydrics. 

- ...? 

- Acordado finalmente?

 

- ...?

 

- Você dormiu por uns cinco dias. Já tinha até preparado a sua sepultura. Achei que não ia escapar.

 

- ...!

 

O rapaz olhou para o outro lado, e, pela janela, viu um buraco onde caberia um homem deitado, um monte de terra de um lado, uma pá do outro e Byeldorg fincada em uma das extremidades. Tornou a olhar aquele homem novamente. Suas feições eram severas, o rosto quadrado encimado por cabelos curtos e bem penteados e de queixo anguloso. A barba era mal feita e aparada, e os olhos fixavam-se como que na alma do jovem. Mesmo a fera dentro da criança se recolheu ante a figura imponente que ali estava sentada. 

- Eu acompanhei a luta. Vocês foram uma piada completa. 

- Grrrr... 

- Vai rosnar pra mim agora, é? Por que será que aqueles animaizinhos correram de mim enquanto que, com você, não houve a menor clemência? 

Lembrou-se do combate. Agitava ferozmente a espada, visando acertar qualquer um que fosse, de olhos fechados como se quisesse protegê-los de algo. Não viu quando um dos monstros alcançou suas costas e cravou suas presas nos ombros enrijecidos do rapaz. Logo veio o segundo, abocanhando seu braço, tentando fazê-lo largar a espada. O terceiro golpe foi de adaga, vindo de um kobold que já começara o saque. Abriu um rasgo nas costas dele que vertia uma chuva de sangue. Tomado pelo cansaço e pela anemia, caiu no chão, levando-o até aquele lugar. 

- Eu já o vi nas ruas. Vi quando você matou aquele idiota há três anos. Você gosta dessa sensação, de lutar e tomar a vida de outro. E, por isso, você vive arrumando brigas por aí, por isso se jogou tão sedento contra os kobolds, não é mesmo? 

Falava alto, com voz forte. O aposento reverberava a cada pausa, tremendo de medo daquele homem. Mesmo com medo, a criança meneou positivamente a cabeça, intimidado com o jeito duro de falar daquele rapaz. 

- Dizem –continuou- que quando o aprendiz está pronto, o mestre irá aparecer. Você deseja ser forte, não? 

Agitou a cabeça positivamente com vigor, balançando a cabeleira mal-cuidada. 

- E qual o seu nome, garoto? 

Silêncio. Nem uma mudança na expressão. Nome era algo que ele não compreendia muito bem. Seu pai apenas o chamava de “pirralho”, “moleque” e sua mãe de “meu filho”. Ouviu seu nome poucas vezes na vida e, por isso, mal se lembrava dele. Permaneceu olhando o gigante aproximando-se dele, o ar ficando pesado em sua volta.

 

-         Você sabe falar, por acaso? Tem um nome? 

Abaixou a cabeça. Não conseguia falar de medo. A lembrança de seu pai batendo nele ao menor ruído vindo de sua boca o incomodava, o inibia. Qualquer esforço para falar trazia à sua mente a sensação do tapa de seu pai. E começou a sentir uma fagulha de medo. Aquele homem era mais forte, mais preparado que seu pai e, com certeza, o murro doeria muito mais. 

O Raydric ergueu a mão e o rapaz encolheu-se, buscando proteção. Esquivando-se agilmente da defesa do garoto, pousou a mão sobre os cabelos sujos dele e sorriu. Notou que a infância do garoto não havia sido fácil. Nem ao menos sabia o próprio nome. Olhou-o paternalmente, embora ainda mantivesse a face cérea e séria. 

- Então eu irei ensinar-lhe tudo que precisa. A falar, a lutar e, principalmente, a matar. Porém será preciso dedicação absoluta de sua parte, além de total obediência. Para você, existirá apenas o que eu disser que existe. Seus pais, Glast Heim, sua arma apenas existirão quando eu quiser que existam. E, a partir de hoje, seu nome será Thanatos. 

- Tha...na...tos... 

Foram treinos diários e constantes. Era uma fera difícil de domar, de movimentos brutos e descoordenados. A cada erro, uma punição, uma chicotada. A cada conquista, um dos raros sorrisos dele. Não era apenas combate: ensinou-o a ler, a escrever, a falar com a desenvoltura dos oradores. Em quatro anos, no aniversário de vinte anos do rapaz, o levou para conhecer a capital, a utopia de Glast Heim. 

Havia anos que Thanatos não pisava naquela cidade. Estava tudo tão diferente, tão menos sombrio, opressor. As casas reluziam em glória sob a luz do sol, guerreiros caminhavam orgulhosos enquanto traziam o brasão da cidade no peito, crianças corriam felizes entre as pernas do homem que, depois de tantos anos, viu a transformação que ocorrera.  

- Mestre, está tudo tão diferente do que eu me lembro... 

- Rune Midgard sempre foi assim, garoto. Glast Heim sempre ostentou a glória que você está vendo. Quem mudou foi você. 

Olhou-o surpreso. As palavras daquele senhor tocaram-no com tanta força que não conseguiu desviar a tempo de uma senhora que vendia flores. O corpo massivo mal se moveu, enquanto o frágil caiu, deixando sua cesta de flores mortas cair no chão. Ao ver aquilo, começou a recolher a cesta e as flores enquanto o mestre ia ajudá-la. Quando entregou a cesta, notou familiaridade naquele rosto açoitado pela idade. Os anos foram cruéis com a aparência dela. Porém não com sua memória. 

- Filho?! É você? 

- Não, senhora. Este rapaz não é seu filho. Creio que possa ser um engano. 

- Mas... Responderam em coro. 

- Vamos Thanatos, você ainda precisa ver mais da capital antes do seu presente de aniversário. 

Puxou o jovem pelo braço, afastando-a da vendedora de flores. Conforme avançavam em meio à multidão, a vendedora desaparecia em meio aos transeuntes. Era a mãe dele com certeza, mesmo com o rosto envelhecido a reconheceria. E ela ainda estava pobre, ainda vendia as flores que morriam à espera de um vaso. 

- Aquela era minha mãe, senhor! Gritava enquanto tentava olhar para trás. 

- Sua mãe não existe, rapaz – falou enquanto olhava, repreendendo o jovem 

- Existe sim! Ela estava... 

A mudança na fisionomia do homem foi o suficiente para que Thanatos relembrasse o que lhe foi dito no começo. Apertaram o passo. As ruas abarrotadas de pessoas, de mercadores, de ofertas. A cidade de pedra e metal estendia-se ao longe, até um imenso castelo. O orgulho de toda a nação de Rune Midgard, detentora da sede dos Raydric e da maior capela já vista na história, capaz de conter todas as sete famílias reais, descendentes dos sete fundadores que venceram a serpente Jormungandr. 

Os imensos portões abriram-se, dando a visão de um imenso jardim de moitas moldadas, coretos marmóreos e fontes que vertiam água cristalina. Logo à entrada, a capela era visível em toda sua vastidão. Caminhando mais, viam as tropas vestindo a armadura marrom e o capacete que cobria o nariz tradicional da guarda imperial. Parecia que todas saiam de um local ao lado do palácio, para onde se dirigiam. Era a cavalaria. 

Imensas estátuas faziam a recepção dos dois visitantes. Por onde passavam, soldados batiam continência, vinham conversar com o mestre. Pelo visto ele era famoso no local, uma autoridade. Thanatos olhava curioso para aquele mundo de guerreiros, seu coração disparado com a oportunidade de ter mais combates, porém não sorria. Aquela mulher era sua mãe, e isso trouxe um pensamento de nostalgia de sua mãe. Lembrou-se de todos os momentos bons, de todas as vezes que ela salvou-o de seu pai. Agitou a cabeça, tentando focar-se no local. 

Adentraram um salão, onde um grupo de oficiais aguardava-os. Levantaram-se e bateram continência, da mesma forma que o senhor que acompanhava o jovem rapaz. Caminharam até uma das cadeiras, sentando-se lado a lado. Um homem numa das pontas da grande mesa, notavelmente mais vivido que os outros, levantou-se, observando a todos. 

- Meus caros capitães da guarda imperial, é um prazer vê-los novamente na reunião rotineira. Pelo visto temos novidades por parte dos carrascos. Gostaria de comentar, meu caro? 

- Sim, general – respondeu o mestre, fazendo sinal para que ambos levantassem – Trago um novo membro dos Carrascos-Andarilhos, os que levam a pena de morte àqueles que ousam fugir da justiça infalível de Rune Midgard. Seu nome é Thanatos. 

Súbito, outro capitão, mais jovem, levantou-se. 

- Ele não é muito novo para os carrascos? Vocês só aceitam membros com pelo menos cinco anos de atividade. E eu nunca vi esse rapaz conosco. 

- Não viu, meu nobre colega, pois este é o meu aprendiz. Eu mesmo o ensinei. E, a partir de hoje, ele irá nos agraciar com sua competência. 

Eis o presente. Thanatos sorriu, feliz como nunca antes na vida. Finalmente iria fazer o que sempre sonhou: Lutar. Treinou diariamente por anos por isso. Essa era sua chance de provar a seu pai que não era imprestável. Todos olhavam assombrados para ele. Um rapazinho como aquele sendo um dos carrascos? Impensável até aquela ocasião. Ainda mais treinados por aquele homem, que ceifou incontáveis vidas, famoso pela sua infalibilidade. Thanatos tinha uma grande expectativa sobre ele: um grande mestre, idade muito nova, desconfiança de outros capitães.

 Atendeu a cada uma delas.

 

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Ótima fic. Gostei bastante. =]

Vejo que será uma com índice de mortalidade bem alta... O_o

Estarei acompanhando. ^_^

 

Isso vindo de quem quase fez nas calças com as creepypastas da Metra...

Tô contigo e não abro, Rakesh!!!

 

Er... hahaha... *cough* *cough* 

Já vi que minha moral tá baixinha... T__T

Hum... ler a fic antes do pôr-do-sol e dormir de luz acesa? O_o''

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Gostei por 2 motivos.

 

O Akahai manda muito,congratz.Quando eu digo que manda mt é porque está tudo perfeito,ortografia,história,relação tempo/espaço,nem tem o que comentar da arte dele, /e11.

 

Segundo motivo:

 

Thanatos é o segundo MVP que eu mais gosto,em história,estilo e gráfico mesmo XD,mas o que mais me fascina é a história,já tinha procurado fics em outros sites (nunca em outros fórums,tudo By google mesmo) e nunca encontrei nada "decente" (na verdade encontrei,mas tava MUITO imcompleta,acho que o autor desistiu de escrever,espero que não me dê essa decepção akahai!),hoje fiquei muito feliz com o que eu li aqui weeeeeeeeeeee

haUEUAHEAUHea [/heh]

 

PS: o primeiro MVP é segredo,mas a história dele é tão trágica... i.i

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Bom, a fanfic está planejada para lançamento mensal de capítulos. Se tudo correr bem, o capítulo dois será postado dia 25/09.

 Pessoal, obrigado pelos elogios. Não sou um grande escritor de fanfic e, por isso, fico lisonjeado com tanta gente gostando. Tentarei manter o nível para que continuem gostando.

 Se cuidem

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 Capítulo 2: Justiça Cega

Duas gotas. Uma gota de orvalho correndo candidamente pelas folhas naquela nebulosa manhã de inverno e outra pingando sadicamente da espada ensangüentada de um homem. Corria sobre seu corcel negro, um dos animais inigualáveis de Glast Heim. Suas quatro patas lhe conferiam uma grande velocidade, fazendo com que alcançasse seu alvo com mais rapidez. E um novo corte formou-se nas costas do fugitivo. Só então parou e desceu de sua montaria.

O outro sangrava pouco. Sua armadura o protegera de ferimentos mais profundos, permitindo à espada do jovem apenas riscar sua pele. Sacou de sua espada enquanto olhava com certo temor para o seu carrasco. Conforme foi se aproximando, a neblina permitia ver os traços mais obscuros de seu rosto. Os traços eram semelhantes aos do tal de Thanatos que todos falavam. E esse era...um moleque?

- Quem é você!?

- Thanatos, prazer em conhecê-lo.

- Thanatos? Esse é um carrasco famoso, não tem como um moleque fedendo a leite como você ser ele.

- Bom, se não acredita, acho que terei de lutar com você para que aceite a realidade.

Avançou, sua espada baixa, indo de encontro ao carrasco num corte diagonal. Cortou a neblina antes de ser atingido pesadamente no rosto pela mão de martelo do rapaz. Recuou com sangue vertendo de seu nariz quebrado e tentou uma estocada, gritando em fúria. Quando sua espada parou, Byeldorg alimentou-se novamente do rapaz, dessa vez no braço. Mal teve tempo de tentar um terceiro golpe, bloqueando a arma que vinha em sua direção.

Atravessou uma porta, caindo em uma choupana. Sua choupana. Levantou-se apressado, porém um frio absurdo tomou conta do aposento.

- Que o beijo de Hel torne o meu inimigo tão frio quanto uma geleira. Rajada Congelante !!

Um rasto de espinhos de gelo formou-se até o homem dentro da cabana. Apenas quando suas pernas estavam completamente congeladas conseguiu esboçar alguma reação. Logo, seus braços também ficaram duros e não respondiam mais, ficando presos dentro de um bloco glacial. Só então percebeu o erro que cometera, tarde demais para qualquer arrependimento.

Thanatos embainhou Byeldorg em suas costas, entrando lentamente no aposento, olhando o homem com a expressão típica de um predador que encurralou sua presa. Logo, puxou uma espada cuja ponta não era afiada. A lâmina negra era perfeitamente retangular, com uma espora no lado do corte, no extremo oposto ao cabo. Olhou bem a sua vítima e começou a proferir a sentença.

- Você foi acusado de ter cometido assassinatos recorrentes e sistemáticos dentro dos limites da capital de Rune Midgard, a gloriosa cidade de Glast Heim. Mesmo tendo sua sentença decretada, você fugiu, agravando ainda mais o seu crime. Por essas razões, a ordem dos Carrascos-Andarilhos o condena à morte pela espada Executora.

- Não, por favor, não, eu me arrependo, eu juro!

Executora rasgou o ar com um sibilo de morte e o som de algo caindo preencheu o aposento. A execução correu sem problemas, porém o jovem não parecia muito satisfeito. Aquele discurso que sempre tinha de proferir antes de executar alguém o incomodava. Tempo perdido, apenas dava ao condenado o tempo que ele precisava para tramar alguma coisa e fugir. Além do mais, exigia muita frieza, afinal, os agentes da lei e da ordem devem estar alheios às emoções mundanas, nas palavras de seu mestre.

Sempre foi assim. Desde que Thanatos entrou para os Raydric, passou a matar com o consentimento da coroa. Começou com condenados menores, inexperientes, incapazes de oferecer muita resistência em sua pena. Conforme os meses se passaram, os condenados foram ficando mais poderosos e, com isso, o carrasco se aprimorou. Em dois anos já caçava os mais perigosos condenados, dessa vez um grande assassino que conseguiu fugir do calabouço da fortaleza de Glast Heim.

Caminhava apressado pelo saguão da cavalaria, portando uma sacola de couro. Todos observavam Thanatos com algum receio, assim como qualquer carrasco-andarilho que passava. Dirigiu-se diretamente até a sala do capitão, entrando ruidosamente. Aproximou-se e colocou a sacola na mesa, sob o olhar despreocupado do oficial.

- Execução concluída, mestre.

- Deixe-me ver então – disse enquanto pegava o condenado pelos cabelos – Infalível como sempre. Parabéns.

- Obrigado – disse com um sorriso infantil – O senhor me ensinou tudo o que sei, então acho que os parabéns não são cabíveis a mim.

- He he he, pois bem. Infelizmente você tem mais uma missão. Mas dessa vez será diferente.

Thanatos olhou curioso para o homem. Diferente? O que poderia ser diferente na vida de um carrasco-andarilho? Sua função era ir até o condenado e executá-lo, apenas isso. Não havia como ser diferente. A menos que sua alçada fosse ampliada ainda mais. Continuou atento às palavras do capitão, ansioso pela novidade que teria.

- Estamos com um caso muito difícil e nem a unidade de captura está conseguindo resultados. Então, em conselho, decidimos agir também para auxiliá-los. Então eu vou mandar você para que sirva de juiz, além de carrasco.

- Juiz? Mas por que juiz, senhor?

- Você até hoje está apenas repetindo as sentenças que eu lhe encaminho. Assim você nunca irá progredir e me substituir. Você deve saber por que está executando, não apenas executar.

Thanatos meneou positivamente a cabeça e continuou olhando. Ia ser juiz, pela primeira vez ia ter o direito de dizer que alguém era inocente ou culpado. Tanto poder em suas mãos o assustava, mas a vontade de experimentar essa nova sensação era maior que o medo que sentia. Seus punhos tremiam de excitação, animado por expandir seus horizontes.

- E o que devo fazer?

- Caçar um assassino serial. A Leste daqui tem um vilarejo onde pessoas estão sendo assassinadas e seus corpos usados em rituais que não são compreendidos. Até agora foram encontradas treze vítimas, e todas com um número entalhado no corpo: 01121, 02121 e assim até o 13121. Ainda não houve evidência alguma de quem seja o culpado e ninguém está conseguindo as pistas necessárias. Quero que você descubra e tome as devidas providências. As leis estão na biblioteca, sugiro levar uma cópia consigo.

- Sim senhor. Irei imediatamente após retirar as leis. Qual o nome do vilarejo?

- Prontera, uma vila relativamente pequena.

Fez uma mesura e deu as costas ao capitão. Caminhou ansioso até a biblioteca, localizada na parte nobre do castelo. Assim que chegou, o bibliotecário já o aguardava, com um grosso tomo sobre as leis de Rune Midgard, cada uma delas. Ao fundo, escribas registravam novas cópias de outros tomos cujo conhecimento poderia ser compartilhado. Thanatos sorriu e manteve o tomo embaixo de seu braço, dirigindo-se a sua montaria.

- Vamos lá, Hypnos. Hoje teremos uma longa cavalgada.

Duas noites de movimento incessante, apenas interrompido pelo sono. Estava ansioso demais para sentir fome ou sede, atiçando seu cavalo até os limites de sua força. Era a manhã do terceiro dia quando avistou as pequenas casas formando uma vila quadrangular. Um pequeno e sádico sorriso formou-se na metade dos lábios do jovem. Sua missão estava para começar a qualquer momento.

Briga! Confusão! Na praça central dois homens estavam cercados por uma pequena multidão que gritava furiosa. Um era grande e cambaleava, enquanto o outro tinha um físico atlético, estatura média e parecia muito concentrado no que fazia. Avançou sobre o bêbado e seu soco atingiu o ombro dele, fazendo-o girar e acertar as costas do pequeno com força suficiente para arremessá-lo ao chão como um saco de batatas. Ria à toa enquanto cambaleava, ainda carregando um jarro que fedia a cerveja. Não houve tempo para o pequeno levantar-se, pois, assim que sua cabeça subiu, a mão pesada e grande do rapaz desceu pesadamente. Não se levantou mais, deixando um misto de saliva e sangue escorrer-lhe pela boca.

- Há há há! I izo é bra votziê num dendar mais fugir de...

Já era de noite. Um impulso forte interrompeu o vitorioso, fazendo-o cair de joelhos e manchar o chão com seu vômito. Sobre o cavalo, a figura do Raydric observava tudo já há algum tempo. Viu o beberrão retornar à taverna e a idéia de perguntar por informações lá brilhou no mesmo instante. Assim que entrou, a visão de desconfiança caiu sobre os ombros dele. Avançou até o taverneiro e, tão logo fez a menção de falar, foi interrompido por ele.

- Antes de qualquer coisa, rapazinho, não gostamos de gente enxerida. Peça e vá embora.

- Eu estou aqui em nome da capital, senhor. Então é melhor colaborar.

- E se eu não quiser, pivete? Disse enquanto punha o copo no balcão e o olhava com raiva.

Mudou a expressão para pânico tão logo o garoto pegou seu avental e o puxou por cima do balcão com um braço musculoso apenas. Aproximou o rosto do dele com os olhos brilhando e um sorriso no rosto.

- Obstrução de justiça é crime, meu senhor. E eu sou um juiz de Glast Heim.

- T-tudo bem! Não me machuque, por favor!

- Hei, moleque – gritou um rapaz do outro lado da taverna – você ta ameaçando o Budor. Isso é o mesmo que desafiar a gente aqui.

Thanatos olhou para o lado, ainda sorrindo, e soltou o taverneiro, deixando-o tombar sobre o balcão. Virou-se em direção ao rapaz e deu uma leve risada, enquanto apontava e contava quantos estavam preparados para a briga. Furioso, o outro quebrou a garrafa na mesa e bradou.

- Ta caçoando de mim, pirralho?!

- Não, eu estava contando quantas covas deverão ser abertas...

- Covas?! Eu vou te mostrar quem é Aileron, o melhor guerreiro dessas bandas! Peguem ele!

Toda a taverna levantou-se e correram tropeçando uns sobre os outros na direção. Logo, o brutamonte da briga de ainda há pouco se levantou e correu em direção ao carrasco, ficando costa-a-costa com ele, também rindo de mais uma briga que iria ter. Que noite magnífica ia ser aquela, bebendo e brigando!

- Zeu vô ajudar votziê, pivete!

- É Thanatos. Cuidado pra não se machucar, hein! Riu o jovem.

- I zeu sou Adrior Misos.

No dia seguinte, Adrior despertou lentamente, sequer sabendo onde estava ou quem era. Sua cabeça latejava e o mundo girava. Sentou-se com muito esforço, vendo que seu torso marcado por inúmeras cicatrizes de brigas anteriores estava enfaixado. Agitou a cabeça tentando expulsar aquela sensação nauseante e viu um rapaz musculoso, de cabeleira rebelde e azul, porém menor que ele. Murmurou algo para si mesmo enquanto passava a mão na própria cabeça.

- Acordou finalmente – sorriu Thanatos.

- Eu exagerei na bebida ontem, não é?

- Pode apostar. Mas me ajudou contra aqueles bêbados da taverna então eu creio que cuidar de você seria o mínimo que eu poderia fazer.

- Ah sim, agora me lembro. He he, foi uma briga e tanto ontem à noite, não?

- Pode apostar que sim. Pena que eram tão fracos. Não valia a pena matar ninguém, então só ensinei um pouco de humildade àquele Aileron.

- Ah sim, o folgado. Fez bem.

- Mudando de assunto, eu estou em missão aqui para investigar uns assassinatos. Você sabe de alguma coisa sobre pessoas com números entalhados no corpo?

- Pode apostar que eu sei. Eu que vi o primeiro. Era meu irmão de criação e eu jurei que vou pegar o maldito de qualquer jeito.

- Então você irá agir comigo sob as ordens dos Raydric...

- Pelos Raydric, pelos elfos de Geffenia, pela mãe do taverneiro ou por quem quer que seja. Só quero pegar o canalha que matou meu irmãozinho.

Arrumaram-se e desceram. Era inverno e uma neblina densa tornava borrada a visão das casas e das pessoas. Vultos marchando em diversas direções, ocupados com seus afazeres obscurecidos. Começaram a andar lentamente até o lugar onde o último corpo fora encontrado. Estava em sua casa, sentando em sua cadeira de balanço, com alguns homens com longas vestes negras com detalhes dourados, marca dos servos de Odin, observando o local com calma e paciência. Um deles, já com alguma idade, cabelos brancos e barba bem feita, aproximou-se de Thanatos correndo.

- Ah, o juiz chegou. Que bom que veio, meu jovem.

- Sacerdote, o que fazem?

- Estamos reavaliando o corpo e as condições da morte. Por isso ele está conservado. Queira, por favor, vê-lo. E meu nome, meu rapaz, é Saraiva.

Começou a caminhar. O odor férreo que ocupava o aposento ainda estava forte. Foi seguido pelos dois até o assassinado. Em sua testa, sangue ungia o número 13121, entalhado a cortes rápidos e únicos faiscaram na mente do jovem carrasco que observava a posição. Parecia preso, os olhos virados para cima e a face de dor ainda transparecendo pelo rosto. Adrior ainda sentia a cabeça latejando da noite anterior, mas também começou a reparar em pequenas marcas estranhas nas paredes, praticamente apagadas.

- Ai minha cabeça. Sacerdote, e estas marcas?

- Ah sim, estudamos essas marcas com cuidado e estamos achando que é para invocar um demônio que não está registrado nos tomos de Glast Heim. Acreditamos primeiro que fosse aquele Bafomé, mas os rituais que são necessários não envolvem tantos sacrifícios e toda essa numeração.

- Entendo – continuou Thanatos – então a teoria que temos é de que essas vítimas estão sendo sacrificadas para trazer alguém do mundo das trevas? E, pelo visto, o ritual é muito complicado. Será que estão tentando trazer o senhor do mundo das trevas pessoalmente?

- Não duvidaria. Só de ver isso tudo já to com nó na cabeça...

- Sacerdote, repare numa coisa. Não há sinais de luta aqui.

- Meu caro juiz, não subestime a visão deste velho. 

Continuaram observando o local. Adrior saiu do local para beber água e Thanatos começou a anotar coisas num livro para prestar relatório. Ao redigir os números, uma fagulha em sua cabeça. Seu número um era feito com apenas um risco, assim com a barra que separava alguns registros. Aproximou-se da vítima, observando atentamente. O segundo um estava ligeiramente inclinado para a direita.

- Sacerdote, as outras vítimas foram enterradas?

- Não. Estão na capelinha da cidade. Por que, juiz?

Saiu correndo sem dar explicações. Derrubou uma ou duas pessoas no caminho, com a mente em apenas uma coisa: os números. Quase derrubou a porta, bradando para todos os sacerdotes e noviços presentes.

- Eu sou Thanatos, juiz e carrasco de Glast Heim, e preciso urgentemente ver os corpos das outras vítimas.

- Calma, rapaz, venha comigo.

Thanatos tremeu ao ver o homem que estava na choupana recebê-lo. Como ele fizera aquilo? Não era hora para aquele questionamento tolo. Precisava focar-se no que queria. Caminharam apressados por um local de pedras brancas e placas negras com letras prateadas. Viraram uma esquina e logo chegaram a um salão onde havia 12 corpos em uma mesa cada. Descobriram o primeiro. Seu corpo enegrecido pelas chamas que o consumiram ainda ostentava o número entalhado em seu peito: 09121. Apesar da coloração do cadáver, o número era estranhamente evidente, como se saltasse à mente de quem olhava.

- O primeiro 1 está torto, santidade...

- Talhar números num corpo deve ser bem difícil, não?

- Não se você é um guerreiro. E se fosse uma contagem? Não o número 09121, mas sim a contagem 09/21, nove de vinte e um? E se ele tivesse uma cota a matar?

- Nunca ouvi falar nessa contagem num ritual, por mais macabro que fosse...

Um calafrio correu a espinha de todos os presentes enquanto uma jovem adentrava aos berros na capelinha. Seus cabelos ruivos estavam manchados de rubro, bem como suas vestes rotas. Seu cabelo ainda estava bagunçado, caindo-lhe sobre o rosto e seus pés deixavam pegadas de um misto de terra e sangue. Dois noviços, de vestes bege e longas, apararam-na, estendendo suas mãos sobre ela enquanto uma luz verde a envolvia, fechando os ferimentos que sangravam mais.

- Socorro! Por favor! Ele me encontrou! Ele me encontrou!!!

O juiz e o sacerdote correram apressados ao ouvirem essas palavras. Thanatos puxou Byeldorg enquanto Saraiva já tinha aberto sua bíblia, invocando a benção de Odin sobre o colega. Logo que a viram sozinha, reduziram o ritmo e guardaram suas armas. Aproximaram-se rapidamente dos noviços, que se ergueram de pronto.

- Sua santidade, meritíssimo, vocês precisam ver isso com certa urgência. Reparem nas costas dela.

Thanatos andou em volta da garota enquanto os outros a acolhiam e distraiam do ocorrido. Algo saltava através dos cabelos dela e logo foi possível identificar. Um número de cinco dígitos. 14121 ou 14/21. Os noviços levaram-na para outra sala. Logo, somente os dois, Thanatos e Saraiva ocupavam aquele lugar.

- Ela escapou santidade – começou Thanatos –. Não sei como, mas escapou. Suas preces foram finalmente atendidas. E, ainda bem, é a vítima de número quatorze.

- Odin e Tyr sejam louvados. Agora sim temos uma luz. Tão logo ela se acalme iremos conversar com ela.

Dois dias passaram. Um dia inteiro para controlar os pesadelos com as bênçãos dos próprios sacerdotes e noviços juntos, outro dia para afastá-la do trauma psicológico usando as maiores magias que conheciam. Na metade do terceiro dia, Saraiva foi visitar Thanatos e Adrior.

- Senhores, ela já está pronta.

- Ufa, finalmente. O que esse cara fez com ela? Magia negra?

Thanatos deu um tabefe na nuca de Adrior, fazendo-o entender que deveria respeitar o sacerdote que lá estava. Levantaram-se e foram com alguma pressa ao local onde a jovem estava. As brumas mais densas do que o normal encobriam os movimentos de todos naquele lugar, bem como boa parte do caminho. Ao adentrar no local, viram a moça sentada, um sorriso largo e os olhos bem abertos, com vestes novas, cabelo preso numa longa trança e a cabeça pendendo abruptamente para a esquerda repetidas vezes.

- B-bom diiia! Eu queria fa-falar com vocês hojeee. É muito impoooortante.

O tom de voz da jovem estava variando do estridente ao grave e de volta ao estridente em um ritmo de réquiem. Saraiva adiantou-se, segurando as mãos da garota e entoando um cântico em um idioma estranho aos dois ali presentes. Palavras como “insaecula”, “sicut” entre outras povoavam o repertório daquele sacerdote. Adrior e Thanatos olharam-se sem entender.

- Vai demorar muito, Saraiva? Impacientou-se Adrior

- Adrior, ele sabe o que faz, embora não devesse demorar – continuou o outro.

- ...et nunc, et semper, et insaecula, amém! Pronto – concluiu Saraiva enquanto se levantava – agora ela falará com mais calma e com menos insanidade.

O rosto da jovem ainda mantinha a fisionomia de quando chegaram e o juiz começou a desconfiar. Aproximou-se da jovem e sentou-se no banco em que Saraiva estava, olhando-a. Adrior parou atrás da jovem, a ansiedade fazendo-lhe tremer o punho. Quando Thanatos abriu a boca, o outro falou, aliviando sua inquietude.

- Quem foi o desgraçado que fez isso com você?

- Era um rapaz de tez branca – falava tranquilamente para o espanto de todos –, cabelos negros como a noite, de média estatura, nariz reto e olhos cor-de-mel. Ele parecia ser um dos funcionários da estrebaria.

Adrior e Saraiva se entreolharam. Conheciam os funcionários da estrebaria, e a descrição batia com dois funcionários. Para piorar, eram gêmeos idênticos, poupados pelo conselho por uma visão justamente de Saraiva.

- Como você escapou? – Thanatos perguntou.

- Ele estava preparando um ritual estranho e falando com um senhor que não consegui identificar. Eu comecei a me debater e fingir que estava sendo possuída por um demônio e, quando ele me soltou para tentar expulsar o monstro de mim, eu o atingi bem onde dói e corri.

Adrior segurou uma gargalhada com todas as forças.

- E você viu mais alguma coisa que possa identificá-lo, criança? Essa sua descrição é a dos gêmeos Ivan.

- Eu vi as costas dele e ele tinha uma tatuagem de um círculo com muitas runas escritas.

- Hei padre – Adrior puxou Saraiva para perto – eu não sabia que os gêmeos tinham uma tatuagem pra diferenciar um ao outro.

- Nem eu, jovem Adrior, nem eu.

- Então temos algo em cima do que procurar – interrompeu o juiz – vamos antes que eles resolvam fugir. Obrigado, moça. Qual seu nome, para constar no relatório?

- Eileen Softhands.

Adrior puxou Thanatos com força, disparando em direção à estrebaria. Saraiva ficou para terminar o tratamento da jovem, deixando os dois lidarem com aquilo. Já os viu lutando, sabia que, mesmo ante qualquer perigo, se virariam tempo suficiente. Pelo menos era o que esperava que ocorresse.

Na estrebaria, um jovem de tez branca, cabelos negros como a noite, de média estatura, nariz reto e olhos cor-de-mel saia mancando do local, o rosto manchado de vermelho, conseqüência dos golpes que levara, a roupa levemente rasgada no peito e segurando um braço ferido. Assim que viu o gigante e o juiz aproximarem-se, correu o máximo que podia na direção deles.

- Por favor, chamem as autoridades! Eu achei o assassino!

- E onde ele está? – Falou Thanatos com pressa.

- Dentro da estrebaria. Ele estava tentando me usar como próxima vítima. Meu próprio irmão! Vejam! – Mostrou os números 15/21 entalhados a faca em seu braço.

- Walter, valeu aí pela ajuda, cara! – animou-se Adrior.

Adrior disparou na frente de todos enquanto Thanatos orientava o rapaz a procurar a capela em busca de ajuda. Assim que entraram no curral, viram o gêmeo de Walter deitado no chão, uma poça de sangue vertendo de sua boca e o dorso desnudo, com um círculo bem desenhado e com as mais variadas runas difíceis de traduzir. Era algo completamente novo. Nem em seu estudo intenso sobre magia Thanatos conseguia traduzir aquilo.

- Thanatos, tem algo errado aqui. Eu conheço o Sull, ele não seria capaz disso. Ele morre de medo de sangue.

- Adrior, em minha vida de carrasco eu executei pessoas que não pareciam ser capazes de atrocidades. Pode ser que ele estivesse enganando você o tempo todo.

- É, pode ser que você esteja certo. Mas ainda assim eu to estanhando algo aqui.

Ergueram o rapaz e o levaram até a capela, onde Saraiva cuidava de Walter. Olhou os rapazes com um sorriso de satisfação no rosto. Interrompeu suas preces no ato, dirigindo-se a eles e quase tropeçando na batina, de tanta pressa. Havia meses que esse pesadelo havia começado e, agora, era hora do fim dele.

- Senhores, conseguiram, não é? Walter me contou a história toda. Esse rapaz é um herói! Lutar contra o próprio irmão dessa forma..

- Oh padreco – interrompeu Adrior – eu ainda to achando algo estranho...

- Adrior! Mais respeito com o Saraiva! – Thanatos interrompeu.

- Bom, creio que agora só poderemos assistir ao julgamento do Sull, meu jovem Adrior.

- Tá bom, tá bom...

- O julgamento será realizado amanhã. Embora, senhores, flagra seja motivo para punição direta.

Naquele dia, a cidade festejou. Nunca, em toda sua curta existência, Prontera passara por uma crise daquele calibre. Os sacerdotes diziam ser uma provação divina e que, graças à superação dela, Prontera irá viver. Diziam outros que era a premonição de que a cidade um dia será grande, embora esses sejam apenas considerados loucos ou presunçosos. Ainda assim, havia muita cantoria, dança, bebida e tudo o que faria Adrior sorrir por duas noites inteiras.

Thanatos, no entanto, não estava festejando. Em seu quarto iluminado pobremente a velas, estudava as leis que lhe foram cedidas pela biblioteca. Artigos, parágrafos, súmulas, tudo naquele julgamento deveria ser perfeito. O artigo 121 das penalidades era a grande base, junto com tantos outros números que faziam a cabeça de Thanatos girar.

No dia seguinte, o prisioneiro Sull Ivan estava preso pelos punhos e pela cabeça numa placa de madeira moldada para os que esperam seu castigo no pequeno vilarejo de Prontera. A imagem imponente do juiz, escoltado por Adrior e Saraiva, surgia pela neblina que se desfazia enquanto o sol ficava a pino. Prepararam a capa para que Thanatos usasse e deram-lhe a executora como uma execução formal efetuada na capital.

A multidão bradava ofensas e arremessava frutas no prisioneiro até o juiz erguer Byeldorg acima de sua cabeça. No instante, a multidão silenciou e ficaram apenas assistindo ao espetáculo sanguinolento que estava por vir. Só após o total silêncio que a audiência começou.

- Sull Ivan. Você é acusado de homicídio qualificado por tortura e acusado de praticar demonologia sem consentimento da capital Glast Heim, com o agravante de ter fins lesivos à população. Qual a sua defesa?

- Não fui eu meritíssimo, por favor, acredite, o meu irmão. Por Odin, tem que acreditar, nunca fiz nada contra as leis, sempre fui um cidadão modelo, por favor acredite!! Eu sou inocente! Foi meu irmão gêmeo!!

- As provas contra você são as marcas do número 15121 no braço de seu irmão gêmeo e a descrição de sua fisionomia e tatuagem nas costas coincidirem com a da senhorita Eileen Softhands...

- Anda logo com isso, Thanatos! – Bradou Adrior furioso por ter de esperar a vingança de seu amigo – Essa lengalenga tá irritando!

- Criança, as formalidades são necessárias para o aprendizado do nosso jovem juiz. – Respondeu Saraiva em tom repreendedor.

- Você foi pego em flagrante e, de acordo com as leis de Rune Midgard, a punição para tais crimes é somente, e tão somente, execução por decapitação. Alguma última palavra?

- Eu não fiz nada – disse choroso – acredite em mim, por favor!

Removeu a capa, demonstrando a todos a executora. A espada de lâmina negra brilhava ante o Sol que emergia das nuvens que sombreavam Prontera. Puxou-a e posicionou-se lateralmente ao condenado. Nem mesmo as lágrimas foram capazes de poupar sua vida. Executora bradou faminta um sibilo de morte logo antes de refestelar-se do sangue que passou a verter de onde estava a cabeça de Sull.

- Que Odin tenha piedade de sua alma. Agora, Saraiva, eu vou precisar dessa tatuagem dele. Consegue prepará-la para mim até amanhã?

- Sim, meritíssimo.

Adrior bradou em conjunto com a população. Finalmente a punição pro desgraçado que matou a pessoa que ele tanto gostava. Thanatos sorriu satisfeito. Sua sede por vida mais uma vez saciada, a sensação de poder sobre a vida e morte tão gostosa que o fez procurar tantos combates no passado. Mesmo depois de anos de treino, essa besta sanguinária ainda jazia no magistrado. E satisfazê-la, mesmo inconscientemente, era muito agradável.

Foram três dias de festa. Walter deixou a vila no dia seguinte, alegando não conseguir mais ficar naquele lugar. Adrior não ficou sóbrio um momento sequer, arrumando, pelo menos, três brigas por dia, cabendo a Thanatos separá-las. Apesar de tantas encrencas, acabaram tornando-se amigos. Adrior decidiu que também ia ser dos Raydric se Thanatos o indicasse. Um emprego seria bom para pagar a bebida de vez em quando. Saraiva cuidava das vítimas de Adrior e de outros que se feriam, além de coordenar as festividades. Somente ao início do quarto dia, Thanatos começou sua jornada de volta com o amigo.

A impaciência da vinda era, agora, orgulho. Havia resolvido rapidamente um caso que seu mestre julgara difícil. Deu a Hypnos seus merecidos descansos enquanto conversava frivolidades como combates, lembranças e histórias pessoais com Adrior. Foram cinco dias de viagem e logo entrou em Glast Heim com o orgulho da realeza, trajando o traje dos Raydric com orgulho. Cavalgaram lentamente até o palácio, dirigindo-se à cavalaria apressadamente. Assim que adentraram o escritório do mestre de Thanatos, foram recebidos por duas pessoas.

- Thanatos – começou o mestre, sério – venha aqui.

Thanatos e Adrior entraram com certo receio. O olhar do oficial não era satisfatório, tornando o ambiente mais escuro. Fez um sinal para o outro sair enquanto olhava os dois severamente. Agora eram Thanatos, Adrior e o Raydric.

- Estou muito desapontado com você...

- Por quê? – Adrior assumiu a dianteira – Ele resolveu o caso em um tempo muito curto, mais rápido que os outros de vocês!

- E o seu nome é?

- Adrior Misos

- Pois bem, Adrior, deixe-me ver essas sacolas que vocês trouxeram.

Thanatos observava completamente confuso para o mestre. Falhou? Mas como? Ele havia trazido o verdadeiro culpado a julgamento, o executou e tudo de acordo com os rituais e leis de Glast Heim. Puxou a cabeça de Sull para fora do saco, mostrando-a ao seu mestre, numa tentativa de se explicar.

- Thanatos, me dê a pele das costas dele.

- C-como você sabe, senhor? – Disse enquanto depositava o outro saco na mesa.

- Simples: dessa forma.

Puxou um baú e colocou sobre a mesa, ao abri-lo, mostrou a cabeça e a pele das costas de Walter, ambas recém tiradas. Adrior recuou assustado. Mataram o gêmeo errado? Não poderia ser, ele tinha o número talhado no braço! O oficial colocou a pele de Sull sobre a mesa e derramou o sangue de Walter sobre a tatuagem. Os olhos dos dois jovens se arregalaram quando a tatuagem começou a borrar.

- Eu terei de levar o fato a conselho, jovenzinho.

Levantou-se olhando duramente aos dois enquanto deixava o aposento. Fez um sinal para que o esperassem naquela sala. Meia hora, uma hora, uma hora e meia e nenhuma notícia. O ar ia ficando cada vez mais irrespirável, pesado. Adrior estalava os punhos e não se atrevia a dizer uma só palavra, vendo o estado de compenetração de Thanatos.

A porta abriu.

Ambos viraram rapidamente, assustados com o ruído forte da tranca. Era um Ryadric de baixa patente, notável pelo ornamento menor em seu capacete. Observou os dois e sentiu-se intimidado. Eram maiores do que ele, tanto o brutamontes quanto o carrasco. Hesitou um pouco e só então começou.

- O conselho já está preparado. Acompanhem-me.

Levantaram-se e Thanatos observou Adrior. Era claro que estava assustado, alguma coisa estava incomodando-o demais. Adrior também sentia-se assim, mas escondeu com um tapa forte nas costas de Thanatos e um sorriso amarelado no rosto. Caminharam por alguns corredores até outra sala, essa com uma mesa redonda ao centro, os capitães de um lado, o general ao centro deles e, à direita dele, seu mestre.

- Sentem-se, meus jovens – começou o alto oficial.

Puxaram as cadeiras e se recostaram nelas. Os olhares dos oficiais mutilavam Thanatos. Escárnio, ódio, inveja, todos pareciam olhá-lo assim. Por um instante as lembranças de sua infância começaram a permear-lhe os pensamentos até que um dos capitães começou.

- Thanatos, você tem alguma noção do que você fez? Executou um inocente sem ao menos averiguar a veracidade da culpa dele!

- Mas o irmão dele tinha o número...

- Cale-se! – Interrompeu o capitão – Você chegou a pensar em olhar as costas dele também? Sequer passou pela sua cabeça que poderia ser uma farsa?

- Nunca devíamos ter deixado um pirralho como você praticar um ato tão complexo quanto um julgamento. Você envergonha a guarda imperial, moleque.

- Além disso – começou outro capitão –, você violou alguns preceitos do ritual de julgamento. Está claro no artigo 127 das leis de Rune Midgard que assassinatos hediondos ou sacrifícios rituais para invocações de demônios deveriam ser julgados com um júri popular presente e na presença de um oficial graduado como tenente ou mais.

- Ele deve ter tido medo de que a farsa dele fosse revelada. Ele também deve ser um servo desse tal demônio que o tal do Walter Ivan queria invocar! Por que não nos mostra essa tatuagem nas costas, hein?

- ... – O mestre permanecia em silêncio, apenas olhando.

Thanatos engolia seco, seu orgulho caindo aos pedaços e a raiva nublando qualquer pensamento de ação naquele momento.

- Ora seu... – levantou-se Adrior, dando um murro na mesa – Vem cá que eu te mostro o que é uma verdadeira tatuagem roxa nesses dois olhos!

- Basta vocês dois. – Interrompeu o general – Você não tem provas e nem motivos para suspeitar de nosso inexperiente pretenso juiz. Thanatos, as leis são bem claras. O conselho votou a 4 votos contra 1 que você deverá ser expulso da ordem e preso por quatro anos nos calabouços do castelo. E o outro irá com você como cúmplice. Alguma coisa a dizer?

- ... – Thanatos retornou ao estado infantil, tamanho era seu medo, sua raiva, sua angústia, tudo misturado.

O general tocou uma sineta e logo seis soldados, quatro guerreiros e dois arqueiros, adentraram o recinto. Tocaram os ombros dos dois e Adrior socou um deles com tanta força que o fez desmaiar com o capacete bem afundado. De imediato, todos se levantaram e sacaram suas armas. Thanatos permanecia sentado, sem conseguir pensar em absolutamente em nada. Adrior foi rapidamente dominado por algumas flechadas em suas costelas e golpes dos oficiais. Foram levados até as celas, onde Adrior recebeu um jarro de um líquido branco e as instruções para tratar os próprios ferimentos. Thanatos permanecia passivo, sentando-se no chão tão logo entrou na cela.

Os dias passaram e o ódio de Adrior e Thanatos apenas crescia. Se ao menos tivessem uma chance de escapar, provariam àqueles idiotas que não eram jovens impetuosos e tolos. O tempo na cadeia apenas fortaleceu o laço de amizade entre os dois. Conversaram frivolidades e planejavam fugas que jamais conseguiriam fazer. Tudo perfeito no papel, mas inviável na prática.

Meia noite. Clique. O ranger do portão despertou os dois que assumiram postura defensiva imediatamente. Era o mestre de Thanatos, um dos cinco oficiais que estavam na condenação. Adrior, sedento por uma boa briga, avançou como um touro enlouquecido, o punho erguido em direção ao capitão.

- Sua carne endurecerá, sua pele se enrijecerá e seu sangue tornar-se-há areia! Petrificar !!

Adrior foi imediatamente transformado em uma estátua ao mero toque das mãos dele. Thanatos o olhava, sentindo-se traído.

- O que quer aqui, mestre? – Disse rangendo os dentes.

- Quatro contra um na sua condenação, Thanatos. Eu votei pela sua inocência. Não foi justo eles julgarem você como um juiz quando, na verdade, o responsável por esse erro sou eu. Eu vim te dar uma chance. Você e esse cérebro de cascalho irão fugir de Glast Heim e eu acobertarei sua fuga.

Jogou dois cadáveres na cela.

- Agora corram até a estrebaria e peguem seus cavalos antes que o cheiro de carne queimada e meus gritos atraiam mais gente.

Thanatos socou a estátua de Adrior, rompendo o invólucro de pedra. Nada disse, pois sabia que, mesmo petrificado, ele ouvia tudo. Começaram a correr enquanto um imenso calor tomou o corredor, carbonizando completamente os dois cadáveres. 

Logo antes do cheiro começar, Thanatos já havia chegado e retirado Hypnos. Junto dele, havia uma grande sacola pesada, cujo chacoalhar parecia metal. O alvoroço causado pelo incidente permitiu que os dois amigos conseguissem fugir daquele lugar. Cavalgaram rapidamente e logo saíram pelos portões principais da cidade, rumo à liberdade.

Sem mestres, sem oficiais, sem ninguém para ditar o que fazer.

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Parabéns Akahai!! Sua história está incrível! Apresentando Thanatos não como um grande héroi legendário (como se eu não amasse isso... ¬¬) mas sim como um rebelde assassino traumatizado. Gostei mesmo deste novo ponto de vista!E agora estou doido para saber o que ele vai fazer agora que está livre... Prevejo muuuuuitas mortes.... [/mal] Aliás, a Fic saiu antes do previsto! Que sorte!

@Zero Dozer: Não foram a 600 atrás anos não? -.-'

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Não creio que escrever algo diferente ou elogio a algumas partes ajude muito.

Simplesmente o seguinte: Ótimo capítulo. Parabéns! =D

 

@Zero Dozer: Não foram a 600 atrás anos não? -.-'

 

PS: Tá armando pra acabar a fic no momento do renascimento do Satã Morroc?

Acho que ele quis dizer acabar a fic antes do patch de Satan Morroc chegar no bRO.

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