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Thanatos: A Origem


Willen

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Oi!@Maizena e Dark => MAIZENAAAAA!!! DAAAAAAAARK!!! CADE OS NOVOS CAPS. DAS FIC DE VOCÊÊÊÊÊÊÊÊÊS? (principalmente VOCÊ, Maizena, com os novos caps. de Mwet e Biscoito).

@Fic => Muito boa, gostei muito da história e dos personagens.[/ok]

Tem ou quer criar um Insurgente? Dê uma olhadinha aqui: [Guia] Aço, pólvora e caos

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 Agradeço a todos de coração pela imensa paciência que tiveram comigo e por não terem desistido do tópico. Apesar de muitos problemas pessoais, eis que ressurjo para trazer a vocês mais um capítulo dessa fanfic. Grato a todos.

Capítulo 6: Reunião

Glast Heim, a utopia criada pelos humanos após muitos séculos de trabalhos intensos. Uma nação militarista de força incomparável. A guarda andava de peito estufado por sob as pesadas armaduras, ostentando as flâmulas em suas lanças, uma mostra de poderio militar que orgulhava cada cidadão. Os oficiais, inalcançáveis em suas fortalezas de pedra e aço, regozijavam-se com a força da nação, não se preocupando muito enquanto apenas inspecionavam e treinavam.

A beleza era comparável ao poder. Jardins cujas flores tornavam cada distrito perfumado, cada local com seu próprio odor. O próprio cheiro identificava cada local, trazendo harmonia ao olfato de todos os habitantes. A arquitetura, apesar de anos de expansão, expunha uma harmonia inigualável, uma transição das áreas antigas e novas gradual, com diferenças que eram notáveis apenas quando se andavam muito.

O povo dispunha de uma eterna alegria, mesmo os menos favorecidos. As manobras econômicas dos monarcas traziam consigo meses de intenso planejamento para agradar a todos, plebe e aristocratas. Locais de lazer bem determinados, com uma pluralidade tão intensa que era impossível não agradar alguém. Crianças saltitavam nos parques, locais de lazer lúdico e infantil, trazendo paz aos seus cuidadores.

Morroc distorceu tudo numa paródia macabra que ridicularizava toda a glória do império.

Soldados feridos eram carregados pelos colegas que ainda dispunham de forças. As armaduras pesavam muito, forçando todos se curvarem ante a desonra que se abatera. Armas despedaçadas, armaduras fraturadas, flâmulas rasgadas. Nada permanecera após aquele combate impiedoso no deserto. As fortalezas fervilhavam, oficiais tomados pela ansiedade e pela angústia de não disporem de todo aquele poder agora traçavam estratégias num ritmo enlouquecido, uma tempestade de palavras que conflitavam e feriam-se numa cacofonia nauseabunda.

Os jardins estavam ocupados por camas de campanha e sacerdotes que tentavam reparar todo o estrago. O belo verde fora substituído por carmim oleoso e opaco, um misto de poções e sangue, ungüentos e ataduras. Os odores foram substituídos totalmente. Cheiros de ferrugem, sangue, fezes, suor, uma mistura que agredia aqueles que ousavam se aproximar dos locais onde soldados repousavam e se tratavam de seu desgaste. Não havia mais a bela arquitetura. Nada mais era visto além da escória que a armada de Glast Heim se tornara.

Miséria. A necessidade fizera com que todos os impostos aumentassem para que os soldados pudessem se recuperar, mercenários fossem contratados para reporem as perdas, obter matéria-prima para suprir as armas. Os pobres tornaram-se reles sombra enquanto que mesmo os mais abastados começavam a encontrar alguma dificuldade em obter seus alimentos favoritos, tendo de se contentar com o sabor desagradável da comida do povo. Não havia mais lazer. Tudo fora fechado pela falência causada pelos impostos. Crianças saltavam feridos em vez de brincar, tentando chegarem vivas em casa devido à criminalidade mil vezes maior.

Em meio a esse ambiente, alguns seres desafiavam a decadência. Suas vestes, sua postura de superioridade cercando uma figura de puro esplendor. Um homem de orelhas alongadas e pontiagudas, tez alva e cândida, cabelos como fios de ouro e vestes feitas por tecelões de raríssima capacidade, usando uma discreta coroa cavalgava rumo ao palácio. Tão logo se aproximaram, o contraste tornou-se esdruxulamente visível. Soldados desmotivados, cujo próprio ambiente massacrava se encontraram com uma força de esplendor intenso.

Eram os elfos, seres tão antigos que mesmo enquanto os homens andavam de tanga, suas construções e cidades eram o extremo da sofisticação. Há incontáveis anos vinham ajudando os humanos numa relação paternalista. Os elfos que permitiram que o esplendor de Glast Heim atingisse aquele auge, eles que ensinaram as artes arcanas. Os motivos foram perdidos nas areias dos tempos, mas a maioria dos ancestrais elfos ainda se recordava dos motivos.

- Por favor, majestade élfica. Nossa escolta o levará até o rei. Sua guarda de honra deve esperar.

Um sinal e logo todos os elfos se afastaram e montaram guarda no lugar dos soldados humanos. Caminharam por corredores de uma sinistra beleza baseada no metal, pedra e tapeçaria. Tudo fazia alusão à gênese guerreira de Rune Midgard, muitos citando guerras ancestrais contra seres extintos e as mais próximas do quarto do soberano faziam alusão à batalha contra Jormungard, a terrível serpente. As portas rangeram como um réquiem nefasto enquanto a visão do salão incomodou o elfo.

O rei sentado no trono, sua beleza exuberante contrastando com a nobreza sutil do elfo e, ao seu lado, o general Fritz, distante de sua plenitude. A manga de sua veste estava dobrada e costurada, deixando claro que não dispunha mais de seu braço direito e ataduras cobriam metade de sua face, passando por cima de um dos olhos. Sua perna esquerda, no entanto, estava completamente enfaixada. Era uma figura aberrante aos olhos do rei elfo, porém sabia que era vítima de Morroc.

- Amigo soberano de Geffenia! Como está?

- Estou bem, nobre imperador. Estes são Lyhacor, meu general de combate e Kael, meu general arcano.

- Fico feliz que tenham vindo. Venham, sentemos à mesa. Será bom conversarmos.

- Sim, sentemos.

Na mesa estavam apenas seis pessoas. Os soberanos, o general Fritz, um chefe de finanças de Rune-Midgard, um general elfo e o mestre arcano dos elfos, todos em uma mesa retangular, onde os reis sentavam-se de frente e os outros nas laterais.

- Vejo que está passando por um momento deveras caótico, meu caro rei.

- Exatamente, e ficamos muito felizes com a notícia de sua ajuda. Rune-Midgard, Payon e Epitus estiveram no epicentro da primeira batalha contra o maldito.

-Não pudemos deixar de vir dar nossa colaboração, o momento exige que todos façamos nossa parte para evitar uma tragédia ainda maior.

- De fato. Meus outros generais estão traçando planos de ação. Fritz foi o único que realmente lutou na linha de frente e tem informações valiosas para nós dois e Servantes, meu chefe de finanças, tem uma análise dos estragos causados pela batalha por Epitus. Gostaria de ouvi-lo primeiro ou tem mais algo a dizer?

- Nós também investigamos por nossa conta, meus generais também explicarão a vocês as nossas descobertas. Por hora vamos ouvir o que os seus tem a dizer

Fritz meneou positivamente e respirou fundo:

- Majestade, os monstros de Morroc parecem agir por intimidação e luxúria por sangue. Não atacam de forma organizada e mais de uma vez eu vi monstros maiores pisotearem os mais fracos por estarem com pressa de obter sua nova presa. Várias vezes foi fácil debelá-los com o uso de estratégias comuns, porém quando Morroc pessoalmente entrou em combate o pesadelo foi formado. Ele possui uma força descomunal e não parece interessado em nenhuma forma de conquista, já que ele usou estruturas de Epitus como armas

- Senhores, meu nome é Servantes e eu sou responsável pelas finanças. Em termos de impostos, Rune-Midgard teve de dobrar os impostos e cortar diversos gastos com lazer. Em termos sociais, isso quer dizer que a insatisfação da população se tornará muito alta em pouquíssimo tempo e isso trará um grande desgaste a todos nós. Conversando com Payon, notamos que eles dividem nossa situação e que muitos dos plebeus já estão se lançando ao mar com medo. Aqui também está tendo uma fuga maciça de mão de obra pelo Norte e pelo mar em nossas colônias a leste daqui. Do jeito que as coisas estão, está muito difícil de lidar com o povo.

O general elfo fez menção e enfim pode se manifestar:

- Desculpe me intrometer, mas com esse debandar como ficará o contingente de seu exército?

- O contingente está reduzido e estamos tendo dificuldade de reposição. Ainda com avanços esporádicos de alguns monstros a serviço de Morroc com o nítido objetivo de criar pânico e desordem está mais difícil obter soldados.

 O general elfo respirou profundamente e olhou para Fritz.

- Sobre esses ataques, se for da vontade de sua alteza podemos enviar alguns reforços nossos para proteger as cidades dos ataques. Você está de acordo General Arcano Kael?

- Podemos levantar barreiras místicas nas cidades que podem barrar ataques dos monstros inferiores, basta nos dar a ordem e permissão.

O arcano manteve-se impassível, frio, distante. Seu desprezo pelos humanos era notado no olhar e isso servia como agressão tanto a Servantes, que se retirou alegando ter muito serviço quanto a Fritz, que dirigiu um olhar de ira ao rapaz.

-Creio que o reforço místico seja suficiente nas defesas. Onde mais precisamos é na ofensiva que pretendemos lançar e aproveitar que as tropas ainda não estão com força total pois, quando estiverem, serão muito difíceis de vencer.

-Para o ofensivo o que podemos oferecer é suporte de inteligência e informações para o campo de batalha. Nosso plano é mantermos a nossa defesa e inteligência na retaguarda, enquanto as forças de seu exército avançam sobre o inimigo.

Fritz rangeu os dentes, sua mente elaborando um raciocínio que empedrava seu coração e destruía sua boa vontade com os elfos. Havia algo por detrás disso e ele sabia. O rei pousou as mãos na mesa e seu cenho mudou para dúvida.

- Perdoe minha interrupção, general Lyhacor, mas por que nós que iremos na frente sozinhos?

- A estratégia lógica é avançar sobre o inimigo estrategicamente, conquistando seus campos um por um enquanto o nosso suporte na retaguarda manteria as tropas abastecidas e em ótimas condições de batalha, ao mesmo tempo em que defendendo estrategicamente os campos mais importantes já conquistados. Essa estratégia é baseada no fato de sua raça ser mais resistente fisicamente e enquanto nós somos melhores nas nossas artes arcanas. Os senhores dispõem de alguma objeção?

Claro que dispunham. Era consenso tanto para o rei quanto para o general que havia algo por trás disso. O ar tornou-se pesado pelos segundos que se tornaram eternidade. A conversa fluía normalmente, mas estava óbvio que o coração de ambos começava a pesar severamente. As mudanças de feições nos humanos colocaram os elfos numa postura de bloqueio, seus braços cruzando-se sobre o tórax.

- Sim – interrompeu Fritz – dispomos de uma objeção. Apenas membros de nossa raça tombarão e retornaremos muito fracos para nosso lar, nos limitando demais e fazendo com que vocês tenham de ficar no "comando" por muito mais tempo.

- Do que estão falando? Essa é uma batalha que pode decidir a continuação do mundo como conhecemos, precisamos da melhor estratégia se quisermos sair vitoriosos disto.

- Sim, é verdade – concordou Kael.

- Eu sei disso, meu bom colega, mas ao que me parece, vocês escondem algo a mais nessa estratégia de vocês. Nós venceremos, mas e depois? Qual a garantia de segurança que teremos? Vocês estarão intactos ou pouco feridos e nós estaremos estraçalhados. Daí, um mero movimento e Glast Heim inteira cai diante de vocês.

Lyhacor finalmente comprimiu as sobrancelhas, um desprezo maior por aqueles imundos. Como ousavam acusá-los de tal barbárie? Sentia a sua mão ser mordida pelo vira-latas que eles mesmos cuidaram e todos os elfos do local sentiram o coração disparar em cólera, porém seu treino e sua cultura os fez apenas mudar a fisionomia para algo mais sério e formal.

- O que você esta insinuando? Que quebraríamos nosso pacto de ajuda mútua? Isso é um absurdo! Quem vocês pensam que lhes ajudou a chegar ao nível que tem hoje? Se não fosse por nossa cooperação vocês ainda estariam vivendo em cavernas.

O rei dos humanos ergueu a voz, visivelmente incomodado com o rumo daquela discussão. Os elfos ainda eram necessários e arrumar encrenca por enquanto estava fora de planos. Apenas por enquanto.

- Seria conveniente que vocês dois parassem essa briga agora. Nobre colega, - disse enquanto se virava para o rei dos elfos - não podemos tentar algo diferente para evitar essa possibilidade?

- Hmm. O que você me diz, meu General Arcano? O que podemos fazer para aliviar os corações de nossos amigos.

Disse em tom levemente irônico, como se zombasse do outro rei. Tolos humanos que mal conseguiam pensar além de si mesmos.

- Não podemos dispor de muitas pessoas na linha de frente, senão nossas defesas ficariam fracas, então posso sugerir que seja formada uma unidade principal de elite com os melhores de ambas nossas raças. Assim podemos cooperar na ofensiva, mas isso é tudo que podemos fazer sem comprometer gravemente nossas defesas.

- Como isso soa aos seus ouvidos, senhor rei dos homens?

- Meu nobre rei dos elfos, creio que esteja de acordo, porém faço votos para que meu general não esteja correto. Seria uma lástima perder um aliado tão importante.

Por fim o rei dos elfos deixou o aposento e o próprio local respirou aliviado. As relações entre as raças, daquele dia em diante, jamais seriam as mesmas. Tantas ofensas tácitas, palavras sutis que, na corte, matam mais que uma tempestade de meteoros eram o suficiente para erguer alianças ancestrais ou destroçar a mais verdadeira das amizades.

 

O castelo-fortaleza daquela cidade fervilhava com as tropas se movendo toda hora para obterem informes e novos equipamentos. Mesmo a sala de reunião dispunha de pelo menos todo o contingente de oficiais para que pudessem enfim discutir o que fazer. No entanto uma figura notadamente incomodava cada oficial. O que deveria ser um fantasma era uma pessoa de carne e osso, uma exposição de fracasso que ousava se chamar de capitão.

Thanatos.

Assim que o general adentrou em suas vestes de luto, todos se levantaram e ele franziu o cenho em estranheza ao notar o jovem que fora teoricamente executado anos antes. Todos os capitães se curvaram e sentaram-se em seguida, muitos olhando com certo ódio para o rapazinho. O general, então começou.

 - Vejo que os Carrascos-Andarilhos dispõem de um novo oficial. Thanatos, se não estou enganado. Impressiona-me estar vivo. Meus relatos dizem que seu mestre o carbonizou.

- Senhor – replicou Thanatos – essa é uma história muito complicada. Creio que seria desperdício de tempo contá-la agora. Apenas peço sua confiança assim como meu mestre confiou em mim e, em breve, contar-lhe-ei tudo o que quiser saber.

Os murmúrios tomavam conta até que um dos Raydric esmurrou a mesa e levantou, enfurecido com tamanha petulância e apontando um dedo acusatório ao jovem.

- Escute aqui, moleque insolente, eu lembro bem de suas capacidades como Carrasco! Você é meramente um incompetente que deveria ser substituído imediatamente! Dê-nos essa sua braçadeira e parta imediatamente! Você não pode assumir esse cargo sem decreto real!

Thanatos levantou-se simultaneamente, olhando com sede de sangue ao rapaz. Assim que ele terminou de falar, o jovem colocou Byeldorg na mesa e ergueu um pouco a voz:

- Eu sou o capitão dos Carrascos-Andarilhos. Meu mestre me confiou o cargo diretamente em seu leito de morte por achar que eu sou capaz. E se alguém se opõe a esse decreto, desembainhe sua espada para fazer valer sua vontade.

Silêncio sepulcral. Ninguém, nem mesmo o general ousou falar algo quanto a isso logo após os dizeres de Thanatos. Uma frase de tamanho impacto que atordoou cada ser naquela sala. Apenas um silêncio sólido como rocha tomou o local. Tão puro que os oficiais podiam ouvir seu próprio coração acelerado de medo de enfrentar o jovem Thanatos.

As discussões foram se intensificando e reduzindo conforme o assunto. Inúmeras estratégias foram discutidas, porém ninguém dispunha de contingente para aquilo. Até mesmo os Carrascos estavam em um número muito inferior. Mesmo a reserva estava com sérios problemas de número. Após dois dias com empecilhos em todos os caminhos, após extensa reflexão, o general, ao terceiro dia, começou uma reunião que fora muito breve, resumida a uma frase apenas.

- Senhores, reúnam quem puderem de onde puderem, pois essa escassez de soldados já está se tornando um pesadelo.

Todos deixaram a sala e logo se dirigiram cada um ao que seu pensamento julgou conveniente. A maioria moveu-se para cobrar favores da nobreza das mais variadas formas. Dívidas financeiras ou de honra, chantagem, promessas de fama e recompensa. Longas e demoradas discussões para obter uma gota de ajuda que fosse. Não importavam os meios, não importavam os motivos, desde que a nobreza cedesse, cada oficial estava bem satisfeito.

Na contramão de seus colegas, Thanatos fugiu da nobreza. Porcos que faziam os outros lutarem por eles e que temiam mais por suas vidas que pela sua nação. Mesmo que chamassem mil mercenários, a lealdade desta escória era tão volátil quanto éter.  Thanatos preferia algo que realmente valesse, pessoas que dariam a vida pelos outros ou que não tivessem nada a perder, de preferência em um número muito grande. E o único lugar que ele acharia esse tipo de pessoa era mais do que óbvio para todos.

O povo.

Na praça central, onde o trânsito era maior no que sobrou da utopia, Thanatos caminhou sob o olhar impressionado da população. Seu porte, suas vestes e seu orgulho transmitiam abertamente que era um oficial, um ser raramente visto nos últimos dias. Quando ele se posicionou sobre um dos bancos da praça para poder falar, mais pessoas se aproximaram, ansiosas pelo que seria dito.

- Povo de Rune-Midgard! Estamos vivendo uma das piores crises que a humanidade já enfrentou! Esse gigante de nome Morroc mostrou-se uma força difícil de superar, porém eu lhes digo algo. Se os deuses não intervieram, é porque nós mesmos podemos conseguir superar essa adversidade. Porém é preciso que cada um preste sua ajuda. Precisamos proteger o que é importante para nós! Vida, filhos, família, casa. Cada um tem o que proteger e ninguém quer perder esse tipo de coisa. É preciso que todos peguem em armas para defender o que é nosso! Não deixemos que esse Morroc destrua o que tanto amamos e tanto protegemos. Quem puder usar uma arma, venha comigo e juntos ensinaremos a esse gigante que nós, humanos, podemos superar até mesmo os gigantes! Por Midgard!!

Todos os presentes berraram em aprovação, alguns até erguendo o que tinham à mão como se mostrassem ao jovem o que usariam por ele. Em diversos locais Thanatos conseguiu bons números.

Em outras cidades, o mesmo se repetia. O discurso do jovem, a aprovação do povo. Mais e mais pessoas se uniam a Thanatos, Adrior, Dereck e Sartini. Os quatro amigos se espalharam para obter uma cobertura maior, mais pessoas para lutar com eles. Porém, em uma cidade, dois outros oficiais presenciaram o discurso inflamado do novo capitão e esperaram para falar com ele.

- Capitão Thanatos, podemos falar algo com você?

- Pois não?

- Por que chama as pessoas comuns? A maioria sabe pouco de combate e são apenas peões. Fugiriam na primeira oportunidade.

- Não fugiriam, capitão. Essas pessoas nada têm a perder e lutam por algo maior que dinheiro, fama ou favores. Elas lutam porque querem lutar, pois amam esse país e amam aqueles que querem proteger. Serão soldados que lutarão até o fim, pois estão cientes de que algo maior os espera e que, se falharem, tudo o que defenderiam sofrerá. Além do mais, quem fugiria já está fazendo isso pelas caravanas do Norte e pela saída marítima. Só os corajosos e dignos estão ficando.

- Mas alguns deles irão fugir mesmo assim...

- Se quiserem fugir, que fujam. Ninguém sentirá a falta de covardes no campo de batalha.

Disse com desprezo enquanto ajeitava as manoplas. Ambos os capitães viram, nos olhos de Thanatos, uma determinação muito intensa e uma crença forte em suas próprias palavras e sentiram-se inspirados. Mais dois recrutadores uniram-se ao grupo. Seus nomes não importavam para Thanatos, apenas que trouxessem mais pessoas do povo.

- Hey, garoto!

Uma voz forte e com certa idade dirigiu-se a Thanatos. Era um homem de compleição física larga, trazendo consigo um imenso machado e um avental sujo de fuligem e carvão. Sua barba trazia chamuscados e seu rosto algumas pequenas marcas de estilhaços incandescentes.

- Eu sou Yur Bontase, ferreiro desse distrito. Eu vim aqui me unir ao seu grupo.

- Thanatos, capitão da armada. E o que o senhor tem a oferecer a nós, senhor Bontase?

- Minhas habilidades de ferreiro para reparar armas, algumas coisas que já forjei, meu braço que maneja martelos mais pesados que você e essa belezinha que trago no ombro. É só isso que posso oferecer.

- E é só isso que eu preciso de você, Yur. Seja bem vindo.

E a contra-ofensiva crescia mais e mais.

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 Perfeita Aka, a maneira que você usa para descrever as situações da guerra que levam essa fic a perfeição.

Vou,como de custume, quotar as partes que eu mais gostei.

E se alguém se opõe a esse decreto, desembainhe sua espada para fazer valer sua vontade.

Isso me lembra das WoE xD

- Povo de Rune-Midgard! Estamos vivendo uma das piores crises que a humanidade já enfrentou! Esse gigante de nome Morroc mostrou-se uma força difícil de superar, porém eu lhes digo algo. Se os deuses não intervieram, é porque nós mesmos podemos conseguir superar essa adversidade. Porém é preciso que cada um preste sua ajuda. Precisamos proteger o que é importante para nós! Vida, filhos, família, casa. Cada um tem o que proteger e ninguém quer perder esse tipo de coisa. É preciso que todos peguem em armas para defender o que é nosso! Não deixemos que esse Morroc destrua o que tanto amamos e tanto protegemos. Quem puder usar uma arma, venha comigo e juntos ensinaremos a esse gigante que nós, humanos, podemos superar até mesmo os gigantes! Por Midgard!!

Texto que lembra filme ganhador de Óscar xD

 

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Quantos anos se passaram desde que parei? Quanto tempo todos vocês me pediram, ameaçaram, convenceram? Pelo amor de Deus, eu nem acredito que escrevi esse capítulo, mas ele agora está aqui, pronto. E vocês conseguiram. Me dobraram. Só vocês, meus amigos, para me fazer voltar e terminar esta Fic. Dedico este capítulo a muitos, mas principalmente ao que me aporrinhou dia sim dia também: Ryu Bateson. E ele começou isso logo no segundo capítulo...Bem, eis mais um capítulo desta saga. Um abraço!

 

Capítulo 7: Armada

O céu esbravejava por testemunhar tamanho ultraje. Nuvens negras de fuligem pestilenta encobriam o azul que tentava aparecer e castigavam o solo com trovões. Era ainda noite, mesmo com o Sol a pino, sem lua, sem estrelas. O máximo que se conseguia ver era penumbra e mesmo assim, a curta distância. As únicas fontes de luz no Planalto de El Mes eram as criaturas de fogo e brasa que brilhavam doentiamente em diversas cores, variando do amarelo ao púrpura, e as tochas fracas dos acampamentos que se formavam longe dali.Barracas de campanha, casebres improvisados, fogueiras. O quartel que se formava era fraco, o suficiente para apenas albergar os nobres trêmulos, os soldados compenetrados e a massa popular que se unira para fazer valer a existência dos homens. Tudo se desfaria em poucos dias, quando e se alguém voltasse. Sacerdotes improvisaram altares para orar aos seus deuses, buscando apoio naqueles que não se moveram até agora.Uma barraca maior trazia uma imensa peça de tapeçaria redonda onde vários oficiais em suas armaduras reluzentes se reuniram. O jovem Thanatos estava entre eles. O maior deles fez um sinal, dando início ao debate.- Senhores, esta com certeza é a última reunião em que todos estaremos. Peço que, em consideração aos que irão partir, respeitemo-nos uns aos outros. Dito isso, inicio o motivo desta reunião. Hoje revisaremos nosso plano de ataque de amanhã. Todos de acordo?- Sim – o coro foi feito por todos.Desenrolaram um grande pergaminho com uma esquematização do terreno e logo começaram a colocar peças azuis para delimitar a posição inicial das tropas. Cada uma representava uma unidade e logo o pergaminho estava devidamente povoado. Então as vermelhas foram colocadas. Apenas uma linha delas.- General – iniciou Thanatos – os batedores tiveram tão pouco sucesso?- Pior, meu caro. Pior...Logo começaram a mover, rediscutindo cada movimento, cada um com um papel e uma pena para fazer as últimas anotações daquele dia e, quem sabe, de suas vidas. Teriam de rever tudo quatro vezes ao acordar pois não podiam dar um passo em falso. Tudo calculado com frieza com a ajuda até mesmo da tropa élfica enviada para suporte. Uma pequena unidade que se dizia de elite, composta por apenas quinze elfos. Nenhuma objeção se formara até lá.- General, eu estou vendo uma possibilidade bem aqui... – Thanatos apontara um ponto do mapa e alguns dos mais tradicionalistas exalaram ódio pelas narinas.- E o moleque ousa... – Andrey, um nobre de família tradicionalista da cavalaria, se manifestou.- Cala-te, Andrey, e deixe-o falar. E você, Thanat, espero que saiba as consequências de uma mudança pouco antes e tenha pesado-as antes de interromper nossos planos...- Eu pesei, general. Aposte nisso...No dia seguinte, o sorriso de Thanatos beirava o êxtase. As hordas inimigas ao longe já fediam a morte e sadismo. A espada do jovem ergueu-se e um urro que parecia uma paródia do berro dos demônios surgiu da garganta de Thanatos. Espadas, machados, garfos, foices, tudo que poderia ser usado como arma estava em meio à tropa de soldados e civis que Thanatos liderava. E, ao seu lado, Adrior, Dereck e Sartini bradavam com ele, notando a alegria do amigo em finalmente voltar a fazer o que ele mais amava.- Dereck – Adrior puxou o amigo para si – se eu não voltar dessa, beba bastante por mim e se divirta. E avisa a Madalena que eu a amo mais que tudo e que já já a encontro.- Madalena?- É, a esposa que eu enterrei em Prontera. Diga ao meu pequeno Josué que eu também o amo. Ele está na mesma cova.- Você nunca me contou disso, Adrior...- E isso ia mudar alguma coisa? Eu preferia continuar com isso só pra mim.Sartini murmurava incessantemente, esbanjando suas bênçãos sobre todos os que podia ver. Os músculos inchavam de magia, o medo se esvaia e a mente se concentrava. Thanatos sentiu novamente confiança e bradou de novo, como se desafiasse os monstros para duelo. Logo cavalos avançaram a toda velocidade em direção a eles, e uma chuva de feras aladas se formou.- Vamos! Por Midgard!O coro de oficiais impressionou a todos. Tudo extremamente organizado e preciso. As manobras começariam e agora Midgard ia testemunhar sua primeira maior batalha para decidir seu destino. A sorte estava lançada. E, do alto da Torre, Morroc gargalhava da insistência dos humanos.A Torre. Uma construção magnífica, imensa, maior que qualquer castelo já criado pela humanidade ou pelos elfos. Uns diziam que foram anões que fizeram, mestres da forja, outros falavam em elfos negros, sua pele tingida pela fuligem da forja. A unanimidade era que, em ambas as histórias, havia captura e escravidão. A construção parecia viva, pulsando com uma energia tão maligna que os nobres menos honrados deram suas costas em plena carga e voltaram correndo apenas para encontrar um oficial na retaguarda com flechas apontando para os covardes. Era morrer como um herói ou morrer como um covarde. Não havia opção.O solo estremecia com as marchas. Pessoas e monstros lutando pelo direito de sobreviver, ambos sedentos por sangue. O choque em definitivo nunca houve. A tropa de humanos se abriu, deixando uma parte da horda passar e dividindo o inimigo. O clima ensandecera com tantas magias. Chuvas de fogo e gelo, tempestades de raios, destruição em sua forma pura e selvagem caindo sobre os inimigos. E, ainda assim, havia um número assustadoramente grande.A batalha transcorria conforme a previsão humana, a estratégia fazendo-se valer mais que o poder bruto. Uma rota conseguia ser aberta com muito esforço, suor e sangue. Humanos incapacitavam-se para que a unidade de Thanatos pudesse abrir uma rota diretamente até a torre. Um grupo de sabotagem tentaria anular os principais generais de Morroc. Para tal, contavam com membros da tão famosa guilda dos Mercenários, mestres em assassinato e infiltração, soldados de elite do exército, mestres em combate, cinco elfos da elite dos arcanos, mestres em magias que muitos estudiosos humanos sequer ouviram falar. Porém ainda faltava alguém e isso incomodava a todos.De súbito, um novo mercenário aparecera em meio ao grupo, sua voz elevando-se para que Thanatos pudesse ouvir.- Acabamos de receber uma mensagem da guilda! Eles querem que paremos o que estamos fazendo e retornemos agora! É-é melhor nos apressarmos!- Mas que droga! O que eles querem? Que morramos todos lá dentro? – Adrior esbravejou enquanto seus punhos esmagavam o crânio de uma fera.- Eu creio que a guilda não irá abandonar, porém nós vamos com vocês até a porta. De lá, retornamos.A luta seguiu furiosa. Os elfos no meio, protegidos por um escudo de carne e aço, guerreiros dispostos a dar seu sangue por aquelas criaturas de orelhas pontudas. Dereck, Adrior e Sartini faziam a guarda pessoal de Thanatos. Nunca se imaginariam fazendo aquilo, atuando com o exército formal, e estavam orgulhosos por poderem ajudar um amigo tão próximo. Lutariam até o fim. A batalha pela vida de todos  transcorria e o caminho era feito ao custo de inúmeras vidas.Enfim chegaram. A Torre em sua estrutura gigantesca, pulsando energia maligna. Sua arquitetura era impressionante. Àquela distância parecia interminável na vertical e era maior que o maior dos salões de Glast Heim por baixo. Na proximidade, a voz de Dereck apareceu para Thanatos, impressionado. E ainda havia muitos monstros para vencer até chegar na porta.- Achamos! Então essa deve ser a torre onde Morroc está reunindo seus lacaio... Deus, há...há milhares! Ainda há esperança pra gente? Pra humanidade? - Sim, Dereck, ainda há. Nós podemos vencer. E em nome de todos nós, humanos e elfos, nós iremos!Thanatos falava com vontade, sua voz atingindo até mesmo os elfos quando ele os citou. Serem citados fez com que um deles pelo menos sorrisse e reconhecesse o valor do jovem. Sua voz não fora ouvida, mas ele dirigiu uma oração pelo bem estar daquele humano que não dividia a petulância de seus colegas oficiais.O avanço fora preciso. Desgraça e destruição desabou sobre os monstros e as centenas de Thanatos sobrepujaram os milhares que guardavam a Torre. Ainda assim, faltava alguém. Não apenas o jovem oficial, mas seus colegas sentiam a falta de alguém. Tantas aventuras, tantos desafios fizeram com que Mylenna fosse parte daquele grupo e ela não estar ainda era amargo.Assim que chegaram, sentiram um movimento em suas costas e todos pegaram em armas de imediato. As cordas dos arqueiros ficaram tensas e uma espada elevou-se quando os mercenários se manifestaram rapidamente. Pelo menos três deles se interpuseram e, quando puderam ver, eram humanos vestidos de forma distinta. Traziam as mesmas armas, mas tinham um ar mais imponente. E pareciam esperar eles. Uma jovem com um pano cobrindo-lhe o rosto, deixando apenas os olhos expostos. Sua voz parecia abafada, mas era plenamente audível.- Eu sou Lucil. Desculpe o atraso, porém eu estava muito longe em uma missão...- E sou Thanat...A mente do jovem desviou-se por um instante. Se interrogou o motivo daquela jovem fazê-lo sentir-se tão estranho. Sentia como se tudo que ele quisesse e queria ser estivessem nela. Tinha a impressão de ter achado sua cara metade.Tudo era tão estranhamente...familiar.- A guilda esteve debatendo pesadamente sobre a estratégia a ser usada. Optamos por atacar a força de Morroc em seus oficiais, pois mesmo os monstros seguiam um padrão de intimidação. Então nós decidimos mandar alguns algozes para derrotar Morroc. Honestamente, acho que as chances estão em 1%. Quando soubemos que vocês iriam atacar,  decidimos esperar.- Ainda assim é melhor do que nada. Estamos falando do Morroc, afinal! – Thanatos respirou aliviado.- Esperem um minutinho! – Adrior manifestou-se – Trocar centenas de mercenários por apenas algumas dezenas de algozes? Você são meio loucos, não?- É mais do que suficiente, rapazinho. Agora cale-se pois discórdia e balbúrdia é o que menos precisamos aqui!- Ora sua...- Deixe estar, Adrior. – Interrompeu Thanatos – Ela está coberta de razão. Depois a gente se acerta. Temos apenas a opção de confiar nos Algozes. Sartini parecia tremer. Um terror sobrenatural tomava seu pequeno e rechonchudo corpo. Dereck mal compreendia os sinais dele. Conforme começara a entender, observou mais atentamente a Torre.- Gente, o Sartini está desesperado por algo que ele não consegue dizer. É bom tomarmos cuidados. Deve haver milhares de monstros subindo as escadarias.Entreolharam-se, mas era tarde demais. Era hora de avançar até o fim. O medo era apenas uma forma de ataque do inimigo a ser driblada e só vencendo-o que triunfariam sobre todas as adversidades. Houve união da perícia dos Algozes com a magia dos Elfos para forçar a imensa porta. Ela cedeu.O que se seguiu foi uma demonstração da real situação daquela guerra. Milhares de demônios amontoando-se no hall principal, uma miríade de deformidades, monstros de tantos tipos que uma pessoa enlouqueceria antes mesmo de conseguir catalogar metade dos tipos. Ao virem a chegada dos humanos, avançaram como famintos frente a um banquete. Guinchos, urros e berros faziam um coro disfônico que ensurdeceria os mais sensíveis.Os elfos de imediato despejaram gelo e trovão em sequência, fulminando diversas criaturas com ataques de área. Não podiam deixar aquilo passar, então tentaram fazer da porta um estreitamento, mantendo o número de monstros controlado. Ainda assim não foi o melhor. A retaguarda começara a dar sinais da chegada de mais monstros e logo precisaram entrar e lacrarem-se com as feras. Os algozes eram um turbilhão de lâminas sem tamanho, saltando e desaparecendo e reaparecendo enquanto que os soldados em geral cercavam os elfos e os arqueiros para que o centro continuasse a ser uma força de ataque a distância.Um monstro alado capturou um elfo com suas garras, atravessando o tórax esguio dele e o elevou apenas para ser fulminado por flechas vindas de um dos atiradores. Tanto ele quanto o elfo desapareceram em meio a monstros famintos. Alguns algozes foram notados por demônios que se aparentavam com os insetos e foram feitos de alimento. Soldados sofreram as maiores baixas e, logo, o grupo estava muito reduzido. Porém tudo isso custou muito caro.Para cada um do grupo de Thanatos que tombava, dezenas de monstros morriam. Os punhos de Adrior estraçalhavam os demônios menores enquanto que a lança de Dereck parecia ser feita para lutar contra os maiores. Thanatos gargalhava de alegria por ser obrigado a usar tanto a magia quanto a espada ao mesmo tempo, congelando inimigos para matá-los depois ou deixá-los para que os elfos dessem conta. Lucil era uma sombra, atacando os que pareciam mais poderosos surgindo de onde eles não viam e indo para onde não a achavam. Não tardou até que o medo fizesse com que muitos dos monstros que se amontoavam embaixo subirem as escadas em pavor.Thanatos arfava, um sorriso no rosto.- Eu não creio que conseguimos sobreviver, mas isso nos dá uma vantagem. Eu consegui estabelecer um padrão de ataque deles.- Esse rapazinho está...sorrindo? – um elfo parecia não entender.- Ele é assim, orelha – sorriu Adrior – acostume-se com isso.- Mais respeito comigo. Eu já aprendia magias proibidas quando você ainda estava no ventre de sua mãe.- Chega vocês dois. – Interrompeu Lucil.Sartini e Dereck recuperavam qualquer um que ainda estivesse vivo, com a ajuda de um dos elfos. Só dois daquela raça sobraram no grupo. De centenas, agora eram dezenas. Era o suficiente para Thanatos.- Nunca vi um guerreiro usar magia e espada ao mesmo tempo – interrogou um dos algozes.- Meu mestre que me ensinou. Ele dizia que era um cavaleiro arcano então eu devo ser um como ele. Mas ainda assim não deu para fazer o estrago que eu queria. Eu ainda tenho algumas mortes a vingar...Ascenderam. O segundo piso estava estranhamente vazio. Apenas alguns monstros mais ousados saltavam na frente deles para ser prontamente fulminado. Lucil e os poucos algozes que sobraram permaneceram com o grupo para manter uma força coesa e para proteger os poucos atiradores que sobraram.  Thanatos, Adrior e Dereck se uniram aos soldados para fazer o isolamento de Sartini, dos elfos e dos arqueiros. Era a vez dos líderes porem as mãos na sujeira.Um ataque repentino, vindo do teto. Logo a formação se dispersara e Thanatos, Adrior e Lucil exterminaram o monstro que ousou tentar um ataque enquanto que o Elfo conjurava uma imensa magia de fogo para fulminar os que ousavam se aproximar do grupo desorganizado. Era daquele jeito agora. Tocaias, armadilhas, ataques surpresa. Adrior bufou junto com Dereck na altura do sexto andar.- Achei que teríamos batalhas, não essas porcarias de ataques surpresa. Isso me dá nos nervos...- A mim também, Adrior – concordou Dereck – ainda me pergunto se sairemos vivos.Lucil virou-se para Dereck - Escute, moleque, você tinha a escolha de fugir. Se não o fez, não reclama. É horrível ter de tomar conta de criança chorona.- Diminuam essas brigas, caramba! – Thanatos perdera finalmente a paciência.- Acalma-te, oficial, não é hora para nervosismo. – A voz do elfo era mansa.No oitavo andar, um confronto mais intenso. Diversos monstros saltaram ao mesmo tempo de todos os lados, cercando o grupo e avançando como uma chuva interminável. Não tardou até mais um ou dois soldados morrerem. Porém o pior acontecera com Lucil. O pano amarrado em seu rosto fora removido. Assim que encerrou, todos podiam ver o rosto de Lucil. O coração de Thanatos congelou.- M-Mylenna?Idêntica a Mylenna em todos os aspectos. Sartini correu, aproveitando a calmaria da qual dispunham, e saltou em direção a ela, a abraçando. Adrior e Dereck permaneciam olhando, coçando os olhos, sem entender. Não tinha como errar. Era Mylenna mesmo. A jovem respirou fundo.- Como eu torci para isso não ocorrer. Bem, acho que devo explicações a vocês...Adrior deu um passo à frente, seu cenho enrugado, Dereck segurando-o.- Ah se deve, mocinha! Como você some desse jeito!? Deixou todos nós apavorados! Demos você como morta! E ainda tem o T... – Dereck silenciou o amigo com a mão na boca.- Deixe ela falar, homem! Não é hora. Se berrar desse jeito, podemos ser alvo de novos ataques...- Eu menti para vocês quase o tempo todo. Eu estava em missão para a Guilda dos Mercenários quase o tempo todo em que estive com vocês, agindo como Mylenna apenas para que vocês não soubessem. Eu já era Algoz quando conheci vocês. Meu nome é Lucil e eu lidero uma unidade inteira de infiltração. E eu digo que foi quase o tempo inteiro por causa do Thanat.- Mylenna...- Quero que me chame pelo meu nome, Thanat. Mylenna nunca existiu. Só o que ela sentiu por você. Eu...- Você...- Doeu demais eu ter de te abandonar, Thanat. E eu sabia que, no dia que a guilda exigiu minha presença, você iria me pedir. Eu estava assustada e a guilda não tolera desfeitas. Eu não consegui. Eu preferi fugir. Mas agora, que você está aqui...- E quando você pretendia me contar?- Só se nós dois sobrevivêssemos. Seria melhor para nós.O coração de Thanatos encheu-se de um misto de alívio, amor, alegria, mágoa, ódio. Seu peito padecia de um arroubo de tantas emoções que por um instante ele levou a mão à boca, seu corpo querendo colocar tudo para fora, rejeitando tudo aquilo. Era impossível. Era Mylenna, sem sombra de dúvidas. Mas agora descobrira que ela fugira dele por medo. E ainda assim teria de perdoá-la pelo bem da missão.- Depois conversaremos sobre isso, Lucil. Mas agora acho melhor seguirmos. – A voz dele soara pesada. Seu cenho continha mágoa e ela sabia que isso seria consequência de seus atos.Sartini saltou à frente de todos, gesticulando freneticamente. Dereck moveu-se para ver.- Adrior, Lucil, Thanat, o Sartini tem uma coisa pra gente. Ele disse ter conseguido terminar agora. O elfo não entendeu a princípio até notar que aqueles cinco já se conheciam há tempos. Nenhuma pessoa ousou interferir. Estavam ocupados revendo seu armamento, seus ferimentos, enfim, tudo que podiam neste raro momento de pausa. Enquanto isso, Sartini tirava algo de dentro da bolsa dele.Quatro máscaras de madeira. Uma águia, um leão, um urso panda, um lobo.Dereck foi o primeiro a receber e Sartini gesticulou.- Ele disse que as máscaras, em seu povo, dão confiança e força. Ele fez essas para nós usarmos de acordo com o que nos rege. Ele me associa com o leão pelo coração puro e coragem.Sartini entregou uma a uma e gesticulando enquanto Dereck traduzia.- Para Lucil, ele associa a águia, pois é ágil e precisa como uma. Para Adrior, o urso panda, pois é grande, poderoso, mas dócil quando precisa. E para Thanat, o lobo representa um animal de matilha, um líder. Ele diz que essas máscaras serão o elo que nos liga e sempre que nos sentirmos sozinhos, devemos tocá-la para lembrar-nos de que temos amigos. E quanto à dele, disse que gosta da que usa, mas que desenhou quatro pessoas no lado esquerdo dela para que fiquem junto do coração. E essas pessoas somos nós quatro.Todos colocaram as máscaras. Dereck não conseguiu ocultar o riso por detrás da máscara dele. Adrior tirou a máscara e deixou umas palavras saírem, abafadas pela gargalhada do colega. Dizia que ele parecia um bebê grande e musculoso. A máscara de Thanatos tinha buracos pequenos, perfeitos para que ele pudesse olhar demoradamente para Lucil, seus sentimentos em conflito. Agitou negativamente a cabeça por uns momentos, murmurando algo abafado pela face de lobo. Logo virou-se para o amigo, uma voz mista de tristeza e alegria.- Muito obrigado, Sartini. Não vou esquecer. Porém algo me incomoda. Vocês também estão se sentindo observados? Desde que pusemos os pés aqui dentro sinto como se alguém estivesse nos vendo...Adrior meneou positivamente e o elfo tomou partido.- Desculpe-me a intromissão, mas eu não deixei de ouvir esse fragmento de conversa. E também sinto. Será Morroc usando magia?- Pode ser – responderam em coro.- Então é melhor nos apressarmos para encontrar um dos generais dele. Aparentemente o outro já está lá embaixo lutando contra as tropas. Demos sorte.Reuniram-se novamente e subiram. Era pouco, mas ainda era preciso ir até o topo. No décimo andar, viram que aquela torre parecia viva e gargalhar. Uma sensação de escárnio, como se alguém gargalhasse deles jogou três dos poucos soldados que restavam em frenesi, lutando como e estivessem cercados. Monstros, muitos monstros, todos avançando e babando sangue. Seus golpes eram imprecisos, escandalosos e não tardou até que, um a um, foram caindo, pavor exposto em seu rosto. O elfo murmurou um prece e logo em seguida falou:- A Torre...essa torre não é normal...- Não é mesmo, meu caro elfo. Me diverti vendo vocês subirem, mas acho que meu senhor não deseja ser importunado. Já garanti a morte daquele insano que nos perturbava. Agora garantirei a de vocês...Uma voz potente veio da escadaria, acompanhada de um som de garras que batiam em pedra. A figura sinistra surgia na escuridão conforme a luz que o elfo conjurou se fazia forte. Tinha um corpo atlético, asas coriáceas e trazia uma espada de chamas roxas. Seu corpo era completamente negro, como se fosse feito para lutar no escuro. Suas pernas terminavam em garras. E logo a luz de apagou, restando apenas os olhos verdes brilhantes.- Impacto Explosivo !!As chamas que Dereck criara com seu golpe fizeram com que o monstro fosse visto de imediato, permitindo a Thanatos se defender a tempo. O elfo riu enquanto que uma chama diminuta mostrava exatamente todos, apesar da iluminação estar ruim.- Chama Reveladora !!Um sorriso com dentes afiados se formou no rosto do demônio. Thanatos avançou, Byeldorg em mãos e faminta. Adrior Misos esmurrou o chão, tentando fazer com que a besta fosse arremessada.- Coluna de Pedra !!Tão logo ele fora arremessado suas asas abriram e ele ficou estático no ar.- Parece que sua mente não é tão capaz assim. Afinal, eu consigo voar.Thanatos riu e saltou, trocando golpes de espada com aquele monstro. Logo o impulso já não o manteria mais no alto e a espada dele ergueu-se.- O chão o espera, humano...A espada caiu diante dos olhos do demônio, mas não para encontrar-se contra a espada de Thanatos. Não conseguiu controlar o urro que emergiu de sua boca enquanto as lâminas de Lucil e de outros algozes afundavam em sua carne, deixando vazar um sangue tão pestilento que, mesmo com a queda do demônio, Thanatos e Lucil também caíram, tamanho odor. O elfo observou o monstro caído e logo a câmara tornou-se insuportavelmente fria, gelo formando-se em volta dele.- C-como? Eu sou um general!- E mesmo assim cometeu um erro tão básico que foi enfrentar uma unidade inteira sozinho...- Não! Eu não vou morrer!A fera elevou-se, suas asas ainda íntegras, suas pernas ainda em condições de uso. Não imaginava o tamanho poder da unidade enviada até lá, mas agora se arrependera. Era hora de buscar ajuda. A melhor que ele poderia ter. Subiu as escadas o mais rápido que podia, sendo acobertado pelos monstros que aguardavam ainda em tocaia. Foram milhares de monstros mortos naquela torre. E mesmo assim, lá dentro ainda havia dezenas e lá fora ainda existia uma massa vasta.A sede por tentar interromper o general foi tanta que não notaram quando a escadaria terminou. O topo de 13 andares enfim. O local mais importante da torre. Era possível ver muito longe dali. Os picos das montanhas mais altas ainda assim eram impressionantes, mas as menores eram como formigueiros num campo. Porém algo bloqueava a maior parte da visão. Um monstro tão grande, de asas tão gigantescas, tão desproporcional, que ninguém conseguiu atacar de imediato.Morroc.Quando virou-se, viu o general estático à altura de sua cabeça pequena perto de seus ombros massivos, cheio de olhos. Sua respiração exalava energia e seus olhos brilhavam. Sua mão imensa envolveu o general e logo mais daquele sangue purulento escorreu por entre os dedos do gigante.- Inútil. Tudo o que lhe peço é que não deixe essas malditas formigas subirem e você não consegue cumprir nem essa simples ordem. Eu mesmo sujarei minhas mãos. E quanto a essas criaturas...As portas cerraram-se. Era impossível voltar. Enfim Thanatos sentiu que sua sede por lutas, sua vontade de matar foram minadas. A fera era visivelmente poderosa. A única opção viável naquele momento era vencer. Uma última luta, a maior de sua vida. Enfim tinha algo que sempre desejara: Uma chance ínfima de vitória. Todos pareciam tremer até a voz de Thanatos ser ouvida.- Essa batalha vai decidir o destino da humanidade! Nós devemos vencer Morroc! Quem está comigo?!As magias dos elfos não conseguiram ser terminadas a tempo. O murro da fera estremeceu todo o piso, fazendo todos caírem e se desconcentrarem. Os algozes, mais determinados, sacaram suas armas, providas de poder sagrado suficiente para fazer uma catedral parecer apenas um mero altar. De nada adiantaram. Em pleno ar o punho do gigante atingiu três deles enquanto suas asas varriam o resto.- Não acham que previ que viriam, algozes? Vocês são os que mais me atormentam!Adrior tentara esmurrar o chão com a ajuda da magia de Sartini. Seus músculos incharam até ficarem disformes como da besta que enfrentavam. Os pés dele não saíram do lugar. Dereck tentou avançar porém um murro da fera quase o acertara e a onda de choque o arremessou contra os amigos. Lucil tentou uma sequência de saltos e esquivas até que as asas demoníacas fizeram-na retornar ao solo.- Você eu quero aqui. Suas tripas serão um excelente petisco para minha vitória quando eu terminar aqui em cima. Minha paciência já acabou com esses jogos.Thanatos agarrou Lucil em pleno ar. O impacto das asas não foram o suficiente para feri-la. Era como se Morroc brincasse com eles, os torturasse como mero aquecimento para o que faria com o mundo. A situação se tornava mais e mais desesperadora. Thanatos e os soldados tentaram uma carga desesperada em conjunto com a magia dos elfos.Nada. Apontando para os elfos, diversas feras aladas desceram por meio das nuvens pestilentas e levaram-nos para onde a vista não atingia. Apenas sangue imundo por fuligem choveu depois. O punho de Morroc esmagou quase todos os soldados e, aos que restaram, um golpe de sua outra mão espalmada. Thanatos fora atingido de leve, mas mesmo assim fora arremessado e só não caiu pois seu corpo atingiu uma das colunas. Sua tosse sanguinolenta marcara ferimentos graves.- O demônio é muito forte! Nós não p-podemos...- Humanos imbecis, vocês deviam saber melhor sobre isso...Thanatos desejava com todas as forças poder parar aquilo. Não podia falhar de novo. Não podia perder tudo pelo que sempre lutou. Sua mente parecia um turbilhão. Medo de perder, ódio por Morroc, desespero por não saber o que fazer, dor tanto física quanto moral. Não conseguia arrancar-se daquele estado. Suas mãos foram à sua cabeça e seus amigos notaram o desespero do colega. Eram os últimos. E Morroc os torturaria de maneiras indizíveis. Queria muito uma maneira de poder virar essa mesa. Era só pedir o preço.Tudo escureceu. Thanatos estava no mais completo escuro e só conseguia ver nitidamente seu próprio corpo. Luz. Um facho de luz iluminou e nada havia além de Thanatos. Uma voz.- Você me chamou, pequeno Thanatos?- Quem está aí? – Um misto de raiva e medo emergia na voz.- Eu não estou aqui. Você que está. Eu, meu querido, sou tudo o que você está vendo. E também sou onde você estava...Falava com uma mansidão impressionante, como um pai paciente com seu filho. Era uma voz macia, mas imponente e andrógina. Thanatos podia sentir que não estava em meio a uma ilusão. Será que morrera?- Não, meu pequeno, você está mais vivo do que nunca. Estamos tendo essa conversa dentro de você.- Como você sabe o que pensei? – Thanatos pareceu impressionado e assustado.- Eu sou algo muito maior do que você imagina. Minto, você imagina. Você acabou de me escalar, oras...- Que loucura é essa?- Eu sou estou e sou a Torre. Você não sentiu minha energia chamando por você?- Eu senti um mal indescritível, mas não que você me chamava.- Ah, interessante. Então quer dizer que aquele moleque assassino de anos atrás ainda existe dentro de você. Ainda mais que sua sede por batalhas é mais intensa agora. Digno de um verdadeiro assassino desenfreado.- Eu não sou um assassino!- Claro que é, meu caro. Milhares tombaram aos seus pés por sua belíssima Byeldorg ou por uma ordem sua. E eram seres inteligentes. Todos, mesmo os que pareciam mais irracionais.- Mentira! O que quer de mim? E por que estamos perdendo tanto tempo!? Meus amigos...- O tempo aqui corre mais rápido. Temos todo o tempo do mundo. E eu acho interessante essa sua pergunta. Não sou eu que quero algo de você a princípio. Você quer algo de mim.- Eu não quero nada de você, Torre...- O poder de vencer Morroc. Você não queria isso?- Sim, eu desejo vencer Morroc em nome da humanidade! Mas você o ajuda. O que quer de mim?- Ah, agora sim, começamos a andar. Morroc não me é mais útil. Eu achei que, talvez, eu conseguisse usar o poder dele para fins pessoais, pelo bem de Midgard. Porém eu fui enganada, então decidi esperar por você aqui, pacientemente.- Você deveria aprender a mentir melhor...- Ora, mas eu não menti. Eu quero o bem de Midgard. Porém, do meu jeito. Tudo uma questão de ponto de vista.- Se você se quer livre de Morroc, porque não para de ajudá-lo?- Um pacto me prende, meu pequeno. Eu preciso ter um senhor mais digno, porém ninguém conseguiu superar o filho de Ymir até agora. Mas eu acho que você conseguirá.- Então me dê esse poder, oras!- Não sem antes uma prova, meu amigo. Eu preciso que você me pague um pequeno preço. Preciso que faça um pequeno sacrifício...- E se eu me negar?- Além de morrer aqui, vai viver para sempre à sombra de seu pai, perderá a chance de ter a batalha mais impressionante e satisfatória de sua vida e conviverá com a humilhação de ter sido enganado por aqueles que lhe eram importantes.  Ou você acha que eles não sabiam? É meio difícil sumir assim, sem ninguém ver.- Lucil é uma mercenária, uma algoz, sumir é rotina para ela.- Convenhamos, meu pequeno. Nenhum deles sugeriu que você a procurasse quando você precisou. Ou devo te lembrar que fim levou o anel que você comprou para Lucil?Eram argumentos difíceis. A fúria que sentiu quando seu pai, aquele bastardo que o maltratava e o fizera ficar mudo por tantos anos. A dor que sentiu quando Mylenna, isto é, Lucil o abandonou ainda estava fresca como uma ferida sangrante em seu peito. Era como se a torre soubesse onde e quando atacá-lo.- Torre...- Sim?

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Capítulo 8: EmbateMorroc gargalhava. Divertia-se como uma criança que matava formigas pelo puro júbilo do sofrimento alheio. Sua voz gutural ecoava pelo campo de batalha e alguns soldados estremeceram ao longe. Hael, a general, se fazia presente no campo de combate e sentiu sua espinha congelar. Teriam de enfrentá-lo? Morroc estaria perto da vitória?No topo, os campeões ainda lutavam para tentar sobreviver. Era uma batalha perdida praticamente. Morroc mantinha-se em pé, seu corpanzil curvado e apoiado sobre braços muito maiores que as pernas. Seus chifres coroavam-no como um rei enquanto seus vários olhos vislumbravam seus oponentes estremecerem, impotentes contra ele. Abriu um sorriso de centenas de dentes afiados, em fileiras como soldados.- Humanos. Vocês me divertiram. Sua esperança fútil foi impressionante e acabar com ela foi uma alegria sem fim. Nada seria mais justo que deixar que vocês partam. O piso os espera e eu faço votos que seu juízo seja o suficiente para saltarem para a morte ao invés de testarem minha piedade...Permaneceu olhando com impaciência, ansioso pelo espetáculo. Eles podiam ir e a única via era a queda livre. A porta estava cerrada e ele dera a clara palavra de que não abriria. Todos se entreolhavam e notavam que Thanatos ainda estava vivo. Ele se erguera e, a passos lentos e tropeçantes, tentou caminhar até eles. Morroc mantinha o olhar, seu sorriso se tornando uma gargalhada que fizera Midgard inteira tremer.- Thanat! Você está bem? – Dereck foi o primeiro a escorar o amigo.Thanatos parou, vomitando sangue escuro e pisado. Estava sangrando muito e Sartini, por puro reflexo, se aproximou, saltando e murmurando algo em seu idioma nativo. Thanatos sentiu o corpo se preencher de energia, as náuseas cessando e a vontade se renovando. Sorriu por baixo da máscara de lobo que o amigo lhe dera.- Thanat – iniciou Adrior – esse monstro é invencível, cara. E você ouviu? Ele quer que pulemos!O sorriso de Thanatos se alargou ainda mais.- Eu ouvi, Adrior. E sei muito bem o que fazer quanto a isso.Sartini sentiu dor. Byeldorg atravessou-lhe o ventre, fazendo com que o pequeno homem não conseguisse sequer pensar em falar. Retirou a espada e sangue verteu como uma cachoeira rubra cintilante. Logo em seguida, a máscara tornou-se pesada e ele estava sobre as mãos e os joelhos, logo antes de Thanatos privá-lo de seus últimos pensamentos.- Thanat – gritou Adrior – seu louco! O que deu em você?!Adrior sentiu ódio. Enquanto Dereck se afastava e olhava horrorizado, e Lucil tentava ainda se livrar do choque de ver Thanat sorrir enquanto matava um a um seus melhores amigos, os punhos de Adrior erravam. Thanatos recuou um pouco mais, espada em mãos. Seu sorriso ficava na fronteira da bestialidade com a loucura. Adrior tentou um novo soco apenas para se ver livre do peso de seu braço. O segundo golpe abriu-lhe um rasgo nas costas, fazendo-o tombar para frente. A máscara de Adrior ainda estava em seu rosto quando a espada de seu antigo amigo atravessou-lhe o coração. Mais sangue vertia e logo ele não se levantava mais.Dereck sentiu desespero ao ver aquilo e tentou se afastar, deixando o corpo sem vida de Sartini para trás. Tentava alcançar sua lança quando sentiu algo se estilhaçar em seu corpo e, em seguida, uma substância oleosa ungi-lo. Parecia o óleo que usaram nas tochas enquanto se aventuravam por tantas vezes. Olhou para Thanatos apenas para entender o que aconteceria com ele em seguida. Seu rosto enrugara-se numa pura manifestação de pavor.- Fogo jorrará de minhas mãos e, em nome de Thor, você será incinerado. Bola de Fogo !!A explosão de fogo incendiou o corpo de Dereck. Seus gritos de agonia eram música para os ouvidos do gigante que se deleitava com a loucura que surgia. Em seu íntimo sentiu uma pequena vontade de tornar aquele humano um de seus servos, mas afastou essa possibilidade rapidamente. Quem trai uma vez tem grande chance de repetir aquilo e nem mesmo o gigante o aceitaria em meio às tropas.Lucil sentiu a maldade verter dos olhos de Thanatos. Ela sabia que não teria chance. Estava muito exausta e Sartini não tivera tempo de prestar socorro a ela. Um braço deslocado e o outro o protegendo. Estava indefesa, se afastando e sentindo medo. Nunca sentira tanto aquela sensação de morte iminente como agora, enquanto tentava se afastar inutilmente do monstro que se aproximava dela. Mesmo pela máscara, Thanatos podia ver o pavor de Lucil.Nem mesmo a visão de sua amada o acalmou. A sede de vingança, a sede pelo embate dele era ainda maior. Aproximou-se dela até ser bem capaz de sentir na própria pele o horror da jovem algoz. Riu alto enquanto atravessou a espada no ventre da moça. Sangue verteu da boca de Lucil, visível pelos cantos da máscara.- Tha...nat...Segurou a máscara dele inutilmente enquanto seu corpo tombava. Thanatos olhava aquilo e seu rosto foi sendo descoberto aos poucos enquanto Lucil ia de encontro ao chão, mortalmente ferida, a máscara do rapaz presa em seus dedos sem vida. Morroc riu-se, olhando para Thanatos, seu rosto disforme expressando satisfação e ansiedade pelo que ele iria realizar com o pequeno.- Você acha que escapará assim, jovem tolo. Você matou seus amigos para que? Para tentar se unir a mim? Imbecil, não há espaço para humanos no mundo de Morroc!Thanatos virou-se para o gigante, elevando a cabeça e encarando desafiadoramente os vários olhos dele. Um mau pressentimento surgiu em Morroc, algo que ele só sentiu quando enfrentou Odin pessoalmente. Odiara sentir aquilo e a voz de Thanatos apenas o tirou de seu ligeiro devaneio.- Eu não fiz isso para me unir a você, gigante. E você vai se arrepender de falar assim comigo...Thanatos olhou para baixo e encheu os pulmões de ar.- Torre! Eu cumpri a primeira parte de nosso acordo! Eu, Thanatos, demando que você cumpra a sua parte imediatamente, sob a pena de permanecer sob jugo deste monstro que você tanto despreza!Morroc gargalharia em seguida, não fosse o que ele testemunharia logo em seguida. Uma aura violácea emergiu do chão, envolvendo o jovem diante dele. Gritaria em ódio, mas sua voz fora presa por uma aura enegrecida. Sentiu sua mente esvaziar enquanto sua força descomunal diminuía. Tentou mover-se, porém sentiu-se impotente. Uma voz ecoou na mente dos dois.- Meu novo senhor é você, meu pequeno guerreiro. Os meus poderes são seus para que possa usá-los. Quanto ao meu antigo mestre, deixo o destino dele em suas mãos. Ele não é mais parte de mim.Morroc enfureceu-se ao sentir a última gota do poder da torre sair de seu corpanzil, porém aquilo ainda não tinha acabado. A energia que antes lhe pertencia envolveu o rapaz bem diante de seus olhos, adentrando pelo nariz, pela boca, pelas frestas da armadura. E tudo começou a mudar no corpo de Thanat.Seus músculos ganharam mais massa, inchando um pouco com a energia que lhe invadia. O poder pulsava e corria como sangue e seu coração batia mais forte. Uma capa vermelha como sangue surgiu de seu pescoço, dando um ar imponente ao rapaz. Byeldorg teve sua lâmina imensamente aumentada, tingida de negro e tendo três jóias que pareciam olhos que ficavam na mesma linha do cabo. A ponta da lâmina partiu-se, deixando-a com o centro vazio até a metade. Seu sorriso tornou-se feral.- Agora vamos à segunda parte do acordo...Morroc tentou inutilmente atingi-lo com um bofetão com as costas da mão. Mal viu quando um murro atingiu-lhe a cabeçorra, lançando-o para fora da torre. Abriu as asas e viu Thanatos em pé, olhando-o com escárnio. Sua voz finalmente saíra.- Gggrrrrah! C-como ousam!? Humanos, como ousam!?Não poderia enfrentá-lo naquela situação. A torre era fonte de imenso poder e ele sabia melhor do que qualquer um. Suas asas impediram que ele descesse e logo se moveu. Teria de buscar reforços na fenda que ele mesmo criara e as feras que estavam no céu seguiram-no, enquanto que as que estavam na terra foram transportadas pela magia do gigante. Precisaria ser rápido, pois o tempo, agora, estava contra ele.Enquanto isso, lá embaixo, gritos de vitória foram dados. O plano havia dado certo e agora Morroc fugia com seus monstros. Agora restava aguardar aqueles que subiram descerem. Todos seriam tornados verdadeiros heróis, mesmo aqueles que não mais poderiam estar entre eles.Nada.A espera pesou mais e mais nos ombros feridos de cada soldado. Era tão grande que mesmo descer deveria ser demorado, ainda mais com tantos feridos ou até mesmo com o cadáver dos caídos. Devia ser isso. Só podia ser isso.Nada.Todos começavam a se perguntar se Morroc realmente fugira e se não estavam enlouquecendo. Não havia mais combate, nem mesmo um monstro. Midgard ainda parecia ser Midgard, mas da torre ninguém saia. Nem mesmo um sinal de vida. Até que a porta rangeu.Era Thanatos, vivo e sem um ferimento no corpo. Todos olharam impressionados, o silêncio fazendo daquela multidão o seu império. Não bastasse estar inteiro, estava sozinho, fazendo todos suspeitarem de alguma coisa. Até mesmo a general Hael, presente naquilo tudo, duvidou de seus próprios olhos, aproximando-se rapidamente. Antes mesmo de ela pensar em falar algo, a voz de Thanatos saiu, mais potente e mais severa. - Fiquem fora dessa luta, todos vocês. O Morroc é meu e só meu. - Você está louco, rapaz? Agora que ele fugiu é a hora de atacar!- Vou falar pela última vez. Fiquem fora se valorizam suas vidas.Uma aura sinistra emanou, fazendo todos naquele local sentirem medo, até mesmo a general. Alguns caíram, outros se afastaram, sentindo uma necessidade urgente de abandonar aquele local. Hael empalidecera e se afastou também no instante em que o olhar assassino de Thanatos cruzou com o olhar dela. Olhou para o longe e logo sua voz surgiu do nada.- Hypnos, venha já aqui!O cavalo de Thanatos surgira na frente de todos e, tão logo ele montou, o cavalo exalou fumaça pelas narinas e suas patas flamejavam com energia púrpura. Saíram em disparada, deixando os outros diante de uma torre que fechava as portas sozinha e tendo a única opção de retornar o mais rápido que podiam para o reino. Nenhum cadáver fora sepultado, tamanha a urgência, sendo queimados com honras em uma pira coletiva. Nenhum elfo sobrevivera. As baixas superavam a metade das tropas, quase nenhum inválido. Quem se feria logo era morto por uma das feras aladas e então retornar foi uma tarefa menos desgastante. Hael montou em seu cavalo e foi seguida por um cortejo. Precisava ser rápida para avisar Rune Midgard que Morroc recuara e que deveriam se preparar, pois ele tentaria de novo com certeza.Por dois dias, o mundo permaneceu em uma espera infernal. Nenhum sinal de atividade real das feras de Morroc por parte de batedores, tampouco de Thanatos. Era como se tivessem sumido, evaporado. Payon permaneceu em seu sofrimento silencioso enquanto Rune Midgard e os elfos estavam alvoroçados, debatendo furiosamente novas táticas, meios de vencer o gigante com base nos relatos dos que chegavam. Todos estranhavam demais aquela calmaria. Todos, menos o deserto.As ruínas ainda estavam quentes, sangue e criaturas visível por toda a parte. A ferida sobre o mar do sul ainda estava escancarada, vertendo fuligem e pestilência, vez ou outra alguma criatura tentando passar por ali. Ao longe, uma figura já familiar se formava. Uma fera imensa, desproporcional e seu enxame voltavam derrotados de uma vitória quase certa. Morroc espumava de tanta ira, praguejando em silêncio, o murro que recebera ainda fresco em sua face. Era imperativo agora buscar mais demônios para seu exército.As mãos gigantes de Morroc afastaram a bordas do rasgo que ele mesmo abrira no mundo. Demônios jorraram e cobriram o deserto em pouco tempo. O gigante se esforçava para manter a passagem aberta e até mesmo ampliá-la, permitindo a passagem de criaturas que jamais deveriam pisar em Midgard. Em um dia, ele estava preparado para o que estava por vir.Foi o tempo exato.Quando Morroc achou que estava preparado, criaturas aladas vieram, falando aos montes até Morroc se enfurecer e esmagar uma delas. Esmagaria todas as que infernizavam-no, mas precisava economizar.- Mestre! É-é aquele garoto! E ele vem vindo rápido!- Que venha, então!O cavalo de Thanatos resfolegava, sua boca mal conseguindo ficar fechada. Tinha cavalgado três dias sem sequer parar para comer algo. Seus cacos trincavam mais e mais até começarem a sangrar vultosamente. As chamas desapareciam mais e mais conforme Thanatos descia. Continuara correndo, deixando sua montaria para trás, morrendo pela exaustão. Sua espada em mãos, seguia seu rumo diretamente em encontro com uma massa demoníaca que conseguiu cercá-lo em poucos segundos.Foi inútil.Thanatos arrombava o exército com golpes, dezenas sendo arremessadas a cada movimento. Não tardou até estar no campo visual de Morroc, subindo em uma pedra gigantesca que existia para poder ver melhor seu inimigo. Morroc, ao vê-lo, vociferou.- Mortal insolente! Eu sou Morroc, senhor de Muspel! E você...você é um nada!- Meu nome é Thanatos. E estou longe de ser um nada.Thanatos riu, coçando o nariz levemente.- Como eu irei lhe mostrar!O punho de Morroc desceu pesado contra o apoio do jovem, condenando o apoio a mero cascalho. Thanatos saltou tentando cravar a lâmina no punho de Morroc enquanto caia. Tentou tirar a mão logo, sem perceber que atingira parte das feras que tentavam cercar Thanatos por todos os lados. A voz de Thanatos ecoou.- Que gelo despenque sobre meus opositores! Nevasca !!Nevou no deserto. A tempestade de gelo que se formou era impressionante, não apenas congelando. Era maior que o mais rigoroso dos invernos de Midgard. Demônios eram congelados ou atingidos por uma tempestade de granizo, caindo aos montes. Thanatos emergiu da tempestade, espada em punho. A mão de Morroc atingiu-o com um bofetão, tirando-o de rota e fazendo-o voar algumas centenas de metros antes de atingir o chão. Não demorou para que o rapaz novamente estivesse rasgando a armada de Morroc, indo diretamente até ele.- Você ficou forte, rapazinho, mas não o suficiente. Acabem com ele!O céu desceu. Inúmeras feras aladas, o suficiente para encobrir a visão do jovem, ergueram-no do chão a uma velocidade impressionante. Não tardou até que tentassem rasgar a carne para saciarem sua fome. A espada do jovem rodopiou, fazendo-o ficar livre. Não caiu, segurando-se em uma das criaturas e trazendo o combate para o céu. Morroc ergueu-se do solo, avançando. Estava em vantagem. Ele voava, o mortal não.Foi atingido em cheio. Uma das feras foi usada como projétil pelo jovem, lançando o gigante de volta ao solo. Um urro de dor e logo mais e mais feras choviam sobre o deserto. Thanatos descera, tentando ir em direção ao gigante, o mundo ouvindo a troca de golpes enfurecida que eles tinham.Enquanto isso, em Rune Midgard, a general Hael ouvia os impactos preocupada. Aquela ansiedade não a deixava sequer pensar em dormir. Mesmo de noite trocavam golpes ensandecidamente. Precisava ver com seus olhos, para que ela mesma ficasse segura. Não queria saber de Thanatos ou Morroc. Apenas queria que seu filho tivesse um lar ao fim daquele confronto louco.O sol hesitou em raiar.  A batalha era incessante e sanguinolenta. Morroc já tinha diversos cortes em seu couro grosso e tinha acertado Thanatos vezes o suficiente para ter derrubado cinco castelos. E ainda assim ele não diminuía o ritmo, ainda assim as hordas demoníacas caiam. Mesmo as mais gigantescas feras paravam-no por algumas dezenas de minutos no máximo.- Que minhas feridas cicatrizem, assim comando! Cura !!Precisava ganhar tempo para se recuperar. Uma verdadeira parede de carne formou-se e Thanatos golpeava sem parar. Mantinha um sorriso de satisfação no rosto e logo nuvens se fecharam, ao passo que a voz do guerreiro arcano era ouvida por detrás das defesas, sobrepondo os urros e guinchos.- Thor, deus do trovão, saciai tua ira neste lugar, nesta hora fatídica. Faça valer sua vontade ferrenha e destrua meus inimigos. Ira de Thor !!Era como se o próprio Mjolnir, o martelo divino, tivesse sido arremessado. O raio abriu um buraco imenso na murada de Morroc. O tempo, porém, havia sido suficiente. E Morroc murmurou enquanto via o rapaz vir.- Estrelas que jazem no céu, desçam imediatamente sobre meu oponente. Chuva de Meteoros !!As nuvens de fuligem abriram para dar passagem a rochas do tamanho de casas, incapazes de distinguir entre amigo e inimigo. Thanatos partia algumas em duas, outras ele explodia usando as mais variadas magias. O espetáculo arcano que se seguia faria o mais antigo elfo da cidade de Geffenia sentir vergonha de si mesmo. Para cada magia, tinha uma que anulava. A cada vez, os únicos que sofriam com os estragos eram os monstros de Morroc. E mesmo morrendo às centenas, ainda eram capazes de preencher o deserto.- Que o frio de Ymir acabe com sua carne! Rajada de Gelo !!Thanatos foi congelado e levado até o gigante. Recuou o punho, preparando um soco com o máximo de sua força e golpeou. Apenas o ar fora atingido. A coroa de chifres do demônio foi atingida por inúmeras feras aladas, todas sendo arremessadas até que a mão do gigante tirasse seu oponente do ar, esmagando-o contra o chão. E mesmo assim, ele levantou prontamente, avançando contra as pernas do gigante.As preces eram diárias. Todos imploravam aos deuses para que aquele espetáculo de horrores cessasse. Muitos não conseguiam dormir de tanto medo dos golpes trovejantes por parte de ambos os combatentes. Terremotos se tornaram rotina, sacudindo até mesmo as paredes da grandiosa Glast Heim. A general Hael já preparava a tropa para averiguar a situação do combate ela mesma. No terceiro dia, Morroc decidira ir com tudo. Não pouparia mais esforços. Aquela luta já se prolongava tempo demais e ele já havia perdido muitos servos. Assim que Thanatos saltou para tentar atingir-lhe, aproveitando uma brecha que o próprio gigante deixara propositadamente, o punho de Morroc o atingiu de frente, prensando-o contra uma montanha. Socou ininterruptamente até que parou apenas para vomitar labaredas em cima de onde estava o pequeno humano. Conseguiu sair a tempo de não ser transformado em carvão puro como ocorreu com algumas feras que achavam seguro se aproximar. Tentou aproximar-se pelo flanco.Foi em vão.Os muitos olhos de Morroc lhe conferiam uma visão muito privilegiada e logo Thanatos fora atingido de cima para baixo, esmagando-o contra o chão. Vitrificou onde seria a tumba de seu oponente com seu hálito de fogo e usou de sua magia para recuperar-se, deixando alguns demônios de guarda.Durou apenas uma hora.A tumba se estilhaçou, mas Morroc estava como se não tivesse combatido, bem repousado e sem um ferimento em seu corpo, cortesia dos demônios que o curavam insistentemente. Thanatos foi detido pela mesma parede que seu inimgo tentara anteriormente, usando seus lacaios. Enquanto entoava a Ira de Thor, um punho imenso o acertou em cheio, novamente soterrando-o em uma imensa duna.E ainda assim ele levantava, como se nada tivesse ocorrido. A areia tornou-se uma tempestade, borrando a visão de todos os monstros que dependiam de seus olhos, permitindo apenas a aproximação dos cegos. Logo Thanatos viu-se cercado por monstros que sentiam sua presença por inúmeros meios e reiniciou o combate. Monstros tombavam aos montes enquanto a tempestade de areia baixava e Morroc conseguiu se aproximar novamente.Hael caminhava entre os poucos soldados que ousaram segui-la. A maioria ainda tinha pesadelos com a batalha em todos aqueles dias. Já se iam três dias e aqueles ruídos de choque ribombavam como uma tempestade de raios. Não havia momento sem trégua. A general aproximou-se de um soldado trêmulo, dando-lhe um bofetão no rosto.- Covardes não farão falta, pivete. Volte para a sua casa. Eu prefiro ir sozinha se for para ficar cercada por pessoas que ainda fazem xixi nas calças.Ela mesma tremia em seu íntimo. Temia pelos seus filhos que deixaria em casa para crescerem sozinhos num mundo de monstro caso tudo falhasse. Ainda assim tinha de ver com os próprios olhos. E ter uma unidade com ela só a deixaria mais calma.O sol erguera-se vermelho por detrás de toda aquela fumaça. Morroc urrava em ódio a cada golpe. Estava esmurrando aquele mortal havia um dia sem parar e ele não tombava. Na verdade, levantava ainda mais rápido. Os músculos do gigante já imploravam por um repouso de tanta exaustão. Thanatos sorriu.- É tudo o que você pode fazer, filho de Ymir? Talvez por isso os deuses tenham feito você de capacho e jogado-o bem longe.- Cale-se, mortal! Você não chega aos pés dos Deuses e eu os enfrentei sem o poder da torre. Ainda assim Odin teve de sentir muita dor antes de me vencer!- Não é o que parece.Os olhos de Morroc tingiram-se de sangue. Tudo o que queria era o sangue daquele mortal para ele beber usando o crânio dele, por menor que fosse. Avançou em uma velocidade que fez Thanatos abrir os olhos e se impressionar. Então o gigante ainda tinha muita energia. Era perfeito para ele.- Que o solo se torne meu aliado! Coluna de Pedra !!Morroc fora atingido em cheio no queixo, dez dentes espalhando-se pelo ar, enquanto um verdadeiro pilar de pedra, mais grosso que seu braço disforme, o arremessava para o alto. Monstros emergiram de todos os lados, enterrados na areia, e avançaram sobre Thanatos. Foram usados de projéteis para castigar ainda mais o corpo do gigante. Pela primeira vez Morroc cuspira sangue naquele quarto dia de combate.Ainda era de manhã.Thanatos avançou onde seu inimigo possivelmente estava. A voz gutural elevou-se em tom de ódio para recepcioná-lo.- Pela fúria dos muspilli e dos jotanar eu convoco o maior de todos os trovões! Trovão de Júpiter !!Thanatos cravara a espada na areia e saltou, deixando sua arma servir de párarraios enquanto ele ia desarmado contra o próprio filho de Ymir. Seu punho, do tamanho da cabeça de um pequeno alfinete para o gigante, o atingia como o ferrão de uma vespa. Cada golpe doía não apenas no corpo, mas no ego do gigante. Tentava afastar o pequeno dele a todo preço, até mesmo ferindo a própria pele blindada. Logo Thanatos fora puxado por inúmeros tentáculos, línguas e qualquer outra coisa que pudesse puxá-lo. Obtiveram sucesso em afastar Thanatos de seu mestre.O custo, entretanto, fora elevado. Thanatos começou a rodopiar e segurou os apêndices de todos os monstros, improvisando um verdadeiro mangual com o qual espancou o gigante até a “corrente” começar a arrebentar. Todos morreram no primeiro impacto, mas ainda assim seus corpos sem vida serviram muito bem para o jovem.- Esses seus monstros são uns inúteis, Morroc! Prefiro usar a minha espada mesmo!Assobiou e logo a arma zuniu, rasgando qualquer monstro tolo o suficiente para se por em seu caminho, acomodando-se com perfeição à mão de seu usuário. Morroc arfava, seu corpo castigado e urrou em um idioma que nenhum ser entendera, exceto as criaturas que pousaram sobre ele e começavam a despejar secreções que faziam-no cada vez menos ferido, recuperando seu corpanzil.Fritz tentou mover-se até Hael, seu corpo debilitado pelo primeiro assalto da fera ainda castigado. Sua voz não tinha o timbre firme e viril que ele costumava. Parecia mais um pai olhando para sua filha, preocupado com a insanidade que ela iria realizar.- Hael, não vá! Não é hora pra isso.- General Fritz, o senhor sabe que eu não consigo ficar aqui enquanto o destino de nosso reino está nas mãos de outro. Eu vou e levarei uma guarda pessoal.- E se der errado? Você vai morrer lá!- Se der errado, eu vou morrer lá ou aqui. Só estou querendo testemunhar e ser a primeira a relaxar ou me desesperar. A noite alternava a guarda com o dia, ambos em fúria com aquele embate que se desenvolvia já no quinto dia de embate. Morroc tinha de gastar menos energia, agora que tinha pouca. Tinha de se recuperar e manter aquele embate direto contra o pirralho com o poder da torre era tolice naquele momento. Teria de apelar à sua armada ao máximo.- Pirralho, você não passa de um mortal insolente com muita energia. Eu mesmo vou acabar com você. Já chega de brincar!- Você só estava brincando? Ufa, que alívio. Pensei que era tudo o que você tinha. Então eu estou indo!Morroc rangeu os dentes. Continuava a provocá-lo mesmo após cinco dias sem dormir. Até mesmo alguns monstros da armada tiveram de repousar, revezando turnos de combate com o pirralho. Alguns eram reconduzidos ao descanso, dessa vez eterno, outros conseguiam se afastar. Ninguém conseguia fugir.Thanatos correu em linha reta em direção a ele. Um sorriso se formou em seus lábios até a hora que inúmeras criaturas surgiram, segurando suas pernas e seus braços, tentando tragá-lo para baixo da terra enquanto outras surgiram e uma aura negra as envolvia. Cruzes negras se formaram, todas tendo o jovem como alvo. A única saída era saltar e Thanatos assim o fez.Foi enviado de volta ao solo pelo punho do gigante, que gargalhava satisfeito. Sua armadilha dera certo e agora o jovem seria fulminado pelas cruzes negras, uma habilidade demoníaca que satirizava os templários com sua Crux Magnum, a cruz sagrada.Nada, nem mesmo um arranhão. Thanatos era pura sombra, olhos vermelhos deixando claro onde ele se localizava. Quando as cruzes cederam, o corpo de Thanatos se refez e ele golpeou o chão, arremessando todas as criaturas para os lados, atordoadas pelo estrondo. A bocarra de Morroc abriu, despejando fogo em cima do rapaz, que prontamente correu para o lado.Mais monstros vindos do chão, porém dessa vez as criaturas aladas desceram, criando um tornado com seu vôo em círculos em altíssima velocidade. Thanatos estava com dificuldade em se mover e até mesmo em respirar enquanto uma duna se formava sobre ele. Chamas e mais chamas tentavam providenciar uma nova tumba de vidro para ele, até o ambiente congelar novamente.Calor e frio tão intensos criaram um furacão que fez as feras se chocarem e Thanatos rir. Divertia-se com aquilo. Era enfim o embate que tanto sonhara. Quando pôde, saiu e reverenciou seu oponente.- Nunca me diverti tanto em um combate, meu caro Morroc, filho de Ymir. Espero que esteja sentindo o mesmo, pois eu não pretendo parar ainda.- Insolente! Como ousa caçoar de mim!?- Você não está em posição de demandar respeito. Muito menos eu. E, só para constar, você realmente é duro na queda!Morroc tentou socá-lo, mas teve seu braço partido em dois, sangue jorrando pelo rasgo que ia da mão ao ombro de Morroc. Seu poder de regenerar e as secreções que choviam sobre seu corpo fizeram-no se recuperar em instantes, mas não o suficiente para não sentir dor. Thanatos aproximou o rosto de um dos olhos do gigante, sorrindo.- Não falei?Tentou esmagá-lo como uma mosca, usando suas mãos descomunais, porém o que conseguiu foi apenas um estrondo digno dos trovões feitos pelo próprio Thor. Thanatos havia se afastado, observando para o alto. Aquela chuva começara a incomodá-lo, mantendo seu oponente vivo. Teria de dar cabo nela uma hora. Mas não naquele momento, tão próximo de seu arquiinimigo, tão próximo de sua luta. Apenas sua.Hael finalmente começara sua marcha rumo ao deserto. Muitos ainda sentiam calafrios a cada trovão, a cada tremor. Era como se o próprio Ymir, cujo corpo fora usado como matéria prima para fazer o mundo, tentasse retornar dos mortos, revoltado com o que acontecia com seu filho. Ainda assim moviam-se o mais rápido que podiam para não perder o desfecho daquela luta histórica.As mãos do gigante colidiram com o chão, fazendo o sexto dia nascer à força. Um tremor de grande intensidade sacudiu não apenas o deserto, mas toda Midgard. Estava enfurecido, tentando atingir seu oponente. Cada soco fazia a terra tremer mais e mais até se partir.Para Thanatos era puro júbilo, pura carnificina. Feras tentavam amontoar-se sobre ele para que seu mestre o atingisse, porém eram fulminadas. Uma aura dourada começou a se formar em volta dele, energia transbordando de seus músculos inchados à custa de poder.- Rapidez com Duas Mãos !! Parecia um furacão, sua espada distribuindo golpes a uma velocidade que apenas o próprio gigante podia acompanhar. Urrou o mais alto que podia, tentando ensurdecer e desestabilizar seu oponente. Por um instante tivera sucesso, o jovem tampando os ouvidos. Finalmente poderia começar a revidar. - Que sua carne se torne pedra e seu sangue areia! Petrificar !!A carne de Thanatos enrigeceu, seu corpo não mais o obedecendo. Tentava se mover inutilmente até notar que o piso tornara-se mole, pastoso. Morroc estava decidido a tentar tudo de uma vez. Seus olhos faiscaram em cinco cores diferentes e um demônio emergiu atrás de Thanatos, pergaminhos em mãos e proferindo.¬- Pelo poder a mim investido, eu o condeno, em nome do inferno, a...Não conseguiu terminar de falar. Logo o alvo de tantas maldições se viu livre de sua prisão de pedra, uma casca em sua forma caindo. O gigante eriçou as escamas, enfurecido, sua aparência tornando-se tão hedionda que um pequeno grupo de demônios faleceu apenas de olhar, suas almas debandando em pânico. Thanatos olhou por um instante, entendendo o motivo da morte. Estava realmente uma imagem monstruosa e intimidadora. Nada poderia ser melhor para ele.Avançou e Morroc o deixou se aproximar, acumulando energia, porém não a dele. Monstros morriam aos montes para sanar a exaustão do gigante. Precisava se renovar urgentemente. Thanatos chegou e logo suas pálpebras pesaram. Morroc olhou, falando com uma voz estranhamente macia e suave.- Com sono? Ora, apenas durma. Durma para sempre e nunca mais acorde, pivete insolente!Hael sentiu a onda de choque do golpe muito cedo. Havia finalmente chegado ao deserto, onde podia ver uma horda suficiente para engolir as armadas combinadas de Rune Midgard e Geffenia em números absolutos. Era a visão do próprio inferno, porém algo a deixou desconfiada. Não havia dunas. O terreno estava perfeitamente plano. Tão plano que podia ver a fera gigantesca trocar golpes com alguém que ela podia identificar apenas como um ponto.Thanatos.Era de noite, mas as chamas, as fagulhas que mais pareciam raios iluminavam e nenhum dos dois, que tanto lutavam, notava o passar dos dias. A fúria tomava-os neste sétimo dia, engalfinhados em combate corpo a corpo. Sangue e suor voavam para todos os lados. Os punhos de Morroc já não estremeciam tanto o solo. Thanatos mantinha o vigor, mas menos velocidade. Longas pausas eram feitas, cada um se estudando, consumindo o pouco ar respirável que ainda tinha entre eles.Os monstros não conseguiam manter aquele ritmo. Ao longo do sétimo dia de combate, alguns morriam pela exaustão, seus corpos não conseguindo mais sequer se mover para respirar. Morroc avançou e todo o repouso se desfez. Logo estavam trocando golpes enfurecidamente de novo, como se as pausas tivessem sido descanso. Golpes e mais golpes distribuídos a esmo, voltando a chacoalhar o mundo.Hael mal acreditava no que via. Desde que chegara tentou despregar os olhos, mas só conseguiu o fazer quando o cansaço de seu corpo demandou sono forçado. Mesmo assim, em seus sonhos, os dois lutavam indefinidamente, sem vantagens. Equiparados. Era como se, mesmo dormindo, ambos quisessem que ela os visse lutando. E, quando se notou desperta, ainda estavam lá.No oitavo dia, Morroc já se agitava, não conseguindo aceitar aquilo. Um único humano bancando um deus, enfrentando-o de igual para igual como Odin fizera no início do mundo. Inconcebível. A Torre não deveria ser tão poderosa. Amaldiçoou-se por tê-la subestimado e por ter brincado com os humanos daquela forma. Devia tê-los exterminados assim que podia.Era dia. Thanatos já estava totalmente sem paciência com a chuva de saliva e outras secreções que curavam seu oponente. Teria de dar um basta para vencer. Oito dias foram o suficiente para ele e estava na hora de atacar seu oponente nos pontos fracos. Teria de ser rápido para tal.Nova troca de golpes. Thanatos escalava o corpo do gigante a cada golpe. Cravava a espada, se segurava em dedos, corria sobre os membros até saltar o mais alto que podia. Morroc sorriu.- Que tal conhecer as alturas, pivete?- Quero ver você tentar!Um golpe preciso de Morroc arremessou seu inimigo para muito alto, até onde suas feras aladas aguardavam para trucidá-lo. Ainda assim, algo deixou com uma sensação de erro no ar. Ele estava tramando algo pela facilidade com a qual o atingiu.O Sol brilhou.Um verdadeiro rombo se formou na malha de criaturas que despejavam o que mantinha o gigante inteiro. A cada segundo, centenas morriam por causas diversas. Raios, gelo, fogo, golpes, tudo. Thanatos despejava tanta destruição que as nuvens abriram e até o senhor dos gigantes estremeceu e alçou vôo. Teria de interromper aquilo imediatamente, precisava chamar a atenção para ele. Seu urro foi o suficiente para fazer o guerreiro olhá-lo.Desejou nunca ter conseguido aquilo.Saltou em direção a ele, indo de encontro a uma asa. Não tardou até ganhar o dorso do gigante que tentava se debater para arrancá-lo de lá. O jovem gargalhou histericamente. Parecia uma criança com um mosquito que o irritara o dia todo. Inclusive quando congelou as bases das asas do gigante para arrancá-las com as próprias mãos.Morroc caiu de frente no chão, e assim ficando alguns segundos. Sua arrogância lhe custara suas asas, seu orgulho. Levantou-se e teve seu rosto enfiado na areia por um golpe de espada de Thanatos. Uma explosão arremessou tudo e todos para longe. Não toleraria mais aquilo. Não tinha mais tanta força, mas agora teria de usar tudo sem restrição. A conquista seria mero lucro. Se matasse aquele pivete, estaria satisfeito, não importando o que acontecesse a Midgard.Hael orava freneticamente aos deuses que sempre tratou com descaso. Sempre acreditou que seu sucesso era dela e só dela, mas entendia finalmente o que era algo divino. Estava tudo além de sua compreensão. Odin, Tyr, Thor, orava a quem pudesse ouvir e intervir em favor de Midgard. A luta daqueles dois devastaria tudo em pouco tempo.O nono dia se fez presente. Thanatos começara a usar o que podia para ferir Morroc. Toda a fúria que conseguia acumular era direcionada ao gigante. E ele ainda assim aguentava. Era uma criatura que vivera antes mesmo do primeiro ser humano existir, estava viva desde antes de Midgard. Matá-lo talvez estivesse realmente além dos poderes que a torre lhe dava. Teria de agir rápido antes que ele mesmo começasse a sentir a fadiga plena. Talvez o gigante não se cansasse mais rápido.A idéia que lhe surgiu foi o suficiente. Confrontou o gigante diretamente, tentando soterrá-lo em alguns pontos com golpes usando de toda sua força. Mesmo assim era grande demais. Segurou a cauda do gigante e rodopiou-o com tanta velocidade que um furacão se formou. Quando o soltou, fez com que ele sentisse na carne o que era colidir com um grande rochedo. A voz do rapaz se fez presente, balbuciando algo que nem mesmo a audição privilegiada do filho de Ymir era capaz de entender.Lutavam, mas os lábios de Thanatos se moviam insistentemente. Hael apenas via à distância, incapaz de pensar no que viria. Eram quase dez dias ininterruptos de confronto e nenhum dos dois dava sinal de que iriam parar.O décimo dia chegou e Morroc tentou avançar novamente. Não haviam sequer mudado o estilo de combate, Thanatos estranhamente recuando, talvez marcado pelo cansaço. Era a hora. Morroc aumentou ainda mais a intensidade da investida, seus golpes sendo apenas aparados, não evitados. Ele venceria. Era certo que venceria. A noite seria o velório daquele pivete e a marca de sua grandiosa vitória sobre a humanidade. E os balbucios do pivete com certeza eram sua última oração aos deuses.Um círculo se fez no chão. Correntes mais grossas que as colunas de Glast Heim prenderam os punhos e as pernas do gigante que tentava se debater desesperadamente. Não conseguia conceber o que acontecia. A vantagem era dele, estava golpeando mais há poucos instantes. Notou enfim. Os pontos onde mais combateram eram vértices de um encantamento. Thanatos o tapeara.- Morroc, nossa luta devastaria Midgard. Eu não quero voltar para ruínas. Eu sinto muito, mas nosso embate termina aqui. Você será selado para nunca mais voltar.- Maldito! De novo não! De novo não! Eu vou voltar, seu pirralho insolente! E virei atrás dos filhos de seus filhos para que sua linhagem seja exterminada, eu voltarei!- Que Midgard engula meu oponente enfim. O ritual está pronto e deve ser começado. Que todos os elementos venham para os quatro anões que sustentam o crânio de Ymir. Que esse deserto seja, para sempre, as barras da prisão à qual condeno meu inimigo. Selo Eterno !!Thanatos correu, sua espada completamente envolta em energia. Escalou o indefeso filho de Ymir rapidamente, rapidamente ganhando o ombro gigantesco dele. Pegou um pouco de espaço enquanto o gigante tentava inutilmente se debater e berrar. O jovem saltou e pousou pesadamente sobre o gigante, enterrando sua espada na face imensa dele. Era impressionante como ele ainda tinha espaço para se mover no rosto tão proporcionalmente pequeno daquele gigante. O corpo e o grito de Morroc se desfizeram, bem como as criaturas. Thanatos terminara de exterminar cada uma em segundos, não poupando esforço. Enfim vencera. Morroc agora estava preso em um lugar de onde não deveria sair. Sua magia fechou a fenda, curando a ferida na realidade que o gigante fizera. Agitou a cabeça, a mente ainda em êxtase. Fora a maior batalha de sua vida. Era hora de voltar.- A segunda parte de nosso acordo está feita, meu jovem. Está na hora de cumprir a terceira...A voz da torre. Aquela voz andrógina que lhe sussurrou o conhecimento que precisava para usar as magias enquanto ele mesmo se preparava para lutar com Morroc. Quase havia se esquecido. Na verdade, não se recordava de todo.- Agora, meu pequeno, você é meu. E eu irei usá-lo como eu quiser. Você não lembra?Sua memória retornou ao momento de desespero. Céus, o que ele fizera? Não podia crer que fora seduzido pela torre para que ela se apoderasse dele. Seria não apenas o instrumento da derrota de Morroc, mas também da destruição que ele queria evitar. Teria de ser rápido, teria de achar um meio urgente de se livrar daquilo. Seu olhar estava desesperado quando cruzou com Hael. Olhou-a de imediato.- General Hael...- Thanatos! Você conseguiu! Eu não acre...- Cala a boca, Hael, e me ouça. É urgente!Um pedaço de papel se fez nas mãos de Thanatos e ele o estendeu a ela.- Entregue isso ao rei. Vocês devem construir um castelo onde eu selei o gigante para que o selo fique protegido e escondido. Algum insano pode tentar quebrá-lo não hoje, mas talvez daqui a quinhentos ou até mil anos. O selo deve ser protegido. Gnh...- Você está bem, Thanatos!? Eu posso levá-lo aos...- Eu não vou a lugar nenhum, Hael. E você vai agora para o rei! Ouviu!?Berrou enfurecido e logo desapareceu em um teleporte. Hael não sabia mais onde ele estava. Apenas sabia que o sol voltaria a brilhar em Midgard. E que o jovem era o salvador de todos eles. Deviam a vida a ele.Ao longe, a lua e o sol fizeram-se presentes depois de tanto horror. Midgard voltaria a ter paz.Uma longa e duradoura paz.

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EpílogoMidgard, mil anos depois.Já fazia anos que eu queria participar de uma expedição e agora consegui. A Rekenber Corp. finalmente ia financiar uma longa expedição a uma torre gigantesca encontrada ao extremo norte. E eu estaria nela. Meu nome seria lembrado para sempre!Os dias levaram semanas para passar. Eu mal podia esperar para finalmente conseguir ver algo tão misterioso, algo tão belo e perfeito quanto aquela torre. Subi-la será algo fascinante e eu mesmo não posso perder um detalhe que seja. Será que eu esqueci algo?Olho em minha mochila e vejo que tudo se encontra no seu devido lugar. Meu lampião, minhas espadas para caso haja algum monstro lá dentro, meu diário, comida. Espero que ninguém esqueça comida. Eu não quero ter de dividir a comida que minha mãe me preparou com tanto carinho.A torre. Estimada em treze andares, maior que qualquer coisa que nossa atual engenharia é capaz de fazer. Mesmo a grande tecnologia da República de Schwartzwald não seria capaz de financiar uma pesquisa para algo tão estável assim e ainda por cima capaz de emergir do chão. Quem quer que tenha feito isso, era um grandioso arquiteto.As portas abriram-se. Enfim poderei subir............Que palavras eu posso usar para definir isso? Loucura seria leve demais. Eu e o pesquisador temos um artefato que talvez possa nos proteger. Todos os outros foram deixados para trás, selados. Cada um que carregávamos nos preenchia a mente com visões, lembranças. Parece ser alguém do passado. Um passado tão longínquo que não conseguimos determinar realmente há quanto tempo foi.É preciso. Eu preciso voltar para avisar para que não subam. Esta obscenidade deveria permanecer soterrada! Quão louco nós fomos! Aqueles demônios mascarados não vão me pegar. Ainda mais aquele com cara de panda!Ouço passos. O pesquisador está gritando desesperado para que eu faça a última parte deste enigma funcionar. Eu vou usar o artefato...Eu vejo alguém. Seus passos, sua armadura. Tudo bate com os livros dos outros andares. E, acima de tudo, é ele o homem das lembranças que vi. Está vindo em minha direção. Eu estou condenado! Só pode ser ele! E, pelo seu olhar, ele não está querendo deixar gente viva!- Esta torre é minha! Ninguém além de mim tem o direito de usá-la! 

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Foram quase dois anos sem escrever...

Foi muito tempo sem sequer querer pensar...

Foi tanto esforço...

 

E por fim, termino minha fic. Espero que tenham gostado. Foi muito divertido escrevê-la e deixo um pequeno desafio a quem quiser:

 

Achem as referências e os jogos de idiomas que fiz neste texto. Quem achar, ganha um parabéns com selinho de qualidade ISO 171

Um abraço a todos.

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Quando eu li o primeiro capítulo desta FanFic, eu fiquei impressionado, estava tão bem escrito que eu decidi que eu deveria ver o fim dessa história. Não gostaria de ver um trabalho tão bem feito morrer antes de chegar ao fim.

Sei que sou suspeito dizendo isso, pois passei dar uma pequena ajuda com idéias para o Akahai à partir do segundo capítulo, mas esta foi a melhor FanFic sobre Ragnarok que cheguei a ler.

Suas descrições são assombrosas, uma preocupação minuciosa com detalhes e uma personalidade na forma de escrever que deu à história de Thanatos vida própria.

Fiquei sim, todos esses anos, o enchendo o saco incentivando via MSN a continuar a Fic. E finalmente ele a acabou, não com pressa e de qualquer jeito, mas de forma gloriosa.

 

O que posso dizer? Masterpiece!

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 Maravilhosa história.

Não sei se seria uma observação válida, mas ficou um gostinho de "quero mais", principalmente no epílogo. Adoraria saber oque aconteceu com o Thanatos após entregar a carta ao general e sumir no ar.

O Thanatos é um dos personagens mais facinantes do universo do ragnarok, e vc  nos troxe uma bela saga, digna da reputação deste grande anti-herói.

Neste fim de semana eu e uns amigos vamos subir a famigerada Torre em busca dos grandes mistérios que ela tem, e espero encontrar o Thanat cara a cara !

Mas uma vez parabéns pela fic,

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Seria um absurdo eu não dar os parabêns depois de 4 hrs seguidas lendo todos os captuloseu nunca gostei de ler a 5 anos não leio um livro que preste,ate mesmo quest longas eu fasso em partesmais esse fanfic P**** ta sensacional thanatos sem duvida e umas das criaturas mais legaiz desse jogo^^Meus parabens amigo^^ 

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