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Thanatos: A Origem


Willen

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Akahai, kra to impressionado com a sua fic. Uma das melhores que eu já li(junto com as do Leafar e as da Kitsune). Também sou fã do seu Guia de Cenário hehe (um dia eu termino de ler!!). O que eu mais gostei na sua fic é que ela revela totalmente o espírito do Thanatos, e ñ mostra ele como o herói que todo mundo pensa, mas como um executor sem coração totalmente frio (pra cortar a cabeça daqueles kras no capítulo 2 tem que ser frio) e perturbado pela infância difícil. Revela totalmente o Thanatos como pessoa, e ñ herói. Gostei muito disso nas suas fics kra. To esperando os próximos capítulos. Se eu ñ me engano é agora vem a parte d a Torre da Morte (quem já leu as fics da Necrópole Comercial ou do Evento da Ruína de Morroc sabe bem disso).

Gente vou adiantar que esse é até agora um dos melhores caps da fic(junto com o dos gêmeos)

Opa vo tá esperando!!
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Capítulo 5: Agonia e Êxtase 

Vivo.

Essa era a única palavra capaz de descrever Thanatos naquele momento. Desde que nasceu jamais havia sentido tanto apego à vida. O campo de batalha, povoado por bestas insanas e sedentas por sangue parecia querer drená-la lentamente até o momento fatídico do golpe de misericórdia. Ao mesmo tempo, nunca sentiu tanto desprezo por ela.

Byeldorg dançava e cantava em sua funesta sinfonia de sangue e metais. Uma besta de presas e músculos saltou em cima do jovem apenas para ser partida em duas pelo fio de sua espada. O sangue escuro salpicava o rosto do jovem como uma suave garoa pela manhã enquanto o sorriso tomava feições progressivamente insanas. Aquele era seu momento.

Os punhos de martelo de Adrior esmagavam cabeças e partiam ossos. Bestas eram fulminadas por rajadas de socos antes mesmo de conseguir encostar no brutamontes. Dereck, na retaguarda, usava seu escudo para barrar os ataques aos arcanos. Uma flecha que passasse significava menos destruição em seus inimigos, menos meteoros flamejantes que cairiam do céu. Sartini saltitava para lá e para cá, evocando suas pajelanças em cima de Thanatos, Adrior e Dereck. Era o elo do grupo, responsável por manter cada um vivo. Esse era apenas mais um grupo organizado na armada.

A máquina de guerra humana, formada por duas nações, era impressionante. A organização era absoluta. Tropas marchavam em formação, os mais resistentes na frente para receber os primeiros golpes, os mais poderosos na retaguarda, despejando destruição nos inimigos. Tropas avançavam em formação triangular para entrar no meio da massa amorfa de presas, músculo, sangue e garras. Logo que entravam, se tornavam círculos. Cada tropa circular funcionava como um posto de combate, onde novas tropas avançavam, criando novos pontos de morte. Cada vez mais o sentimento de vingança por cada tropa perdida enchia o coração de cada um. Soldados mais e mais furiosos deviam ser contidos por seus oficiais para canalizar a fúria sem fugir dos planos. Aos que escapavam, restava apenas a morte.

Payon escurecia ainda mais o céu com sua tempestade ininterrupta de flechas. Arqueiros disparavam o mais rápido que podiam, o mais longe possível, vitimando as feras antes mesmo que entrassem em combate. Os guerreiros marciais saltitavam em meio aos encouraçados guerreiros de Rune Midgard, atingindo tanto com punhos quanto com espadas. Os arqueiros tentavam engolir suas emoções quando um colega era atingido por uma pedra ou eliminado por uma das bestas voadoras. Qualquer desequilíbrio tornaria a pontaria ineficiente e isso significava uma morte a mais para os soldados da outra nação e, por tabela, mais mortes entre os filhos de sua terra.

Uma trombeta e uma placa.

Era o aviso de recuar. As tropas começaram a recuar em ritmo acelerado, como se temessem. As feras, ensandecidas, começaram a perseguir e então as trombetas de Rune Midgard tocaram novamente. Abrindo-se em duas linhas, a armada começou a cercar seus persecutores. Em instantes, as inúmeras feras foram destacadas de seu bando e sitiadas por soldados e arcanos. Em poucos minutos, o equivalente a um destacamento desapareceu bem diante dos olhos das outras bestas.

Feras insanas urravam do outro lado. Seres de puro medo e horror entremeavam aqueles que tinham pavor do que aconteceria se eles não lutassem. Guiados unicamente por seus instintos, não seguiam nenhum tipo de organização. Áreas superpopulosas entremeavam pontos desprotegidos. A manada de chifres se jogava em verdadeiros tsunamis em cima dos escudos dos soldados. Avançavam incessantes, famintos, defecando e urinando onde dava, tornando o campo de batalha a verdadeira definição de escória.

Avançavam como cães raivosos em cima de qualquer humano, despedaçando e devorando. Qualquer soldado que fosse tragado naquela coisa que pejorativamente poderia ser comparada a um exército, deixava de existir, sobrando apenas sangue manchando a areia do deserto, algumas armaduras e, com alguma sorte, um braço ou a cabeça.

Seres alados que pareciam uma paródia de mau gosto das valquírias, as guerreiras divinas do Valhalla, com corpos disformes e asas coriáceas, mergulhavam para pescar suas próximas presas. Qualquer um que fosse agarrado pelas garras afiadas era elevado aos céus e transformado em uma tempestade que revirava o estômago dos mais fortes. A cada fera alada abatida, duas tomavam seu lugar, tornando a chuva de demônios um problema difícil de solucionar. Desciam com fúria, ansiosos pela próxima refeição.

Assim eram os dias no campo de batalha. À noite, os feridos que sobravam eram levados a tendas onde alguns sacerdotes invocavam Odin, Thor e outros deuses para sanar as chagas deixadas pelos demônios. Alguns soldados se dedicavam a se lembrar dos tempos de paz como um refúgio para suas mentes assoladas por aquelas imagens que expulsariam a sanidade de um camponês comum. Outros recordavam-se de quando se encontraram com seus parceiros.

Era um dia de Sol e céu limpo, tornando a paisagem ainda mais exuberante na floresta. O som metálico da marcha de Rune Midgard podia ser ouvido a centenas de metros dali, um uníssono que mais parecia uma orquestra de tão organizada. Payon trafegava silenciosa em suas armaduras leves, sua madeira bem trabalhada e seus guerreiros desarmados. Um reino e um império se encontraram naquele dia tão magnífico. Cada um trazia sua própria orbe dos idiomas, o artefato que traduzia qualquer língua. Só existiam três no mundo, concedidos por Honir, o deus que tudo sabe, como sua benção à humanidade.

Dois homens avançaram. Um a cavalo e vestindo uma sólida armadura que pouco mostrava de seu corpo a não ser o rosto e que trazia um elmo que notadamente apenas o permitiria ver e ouvir. O outro trajava um quimono que pouco escondia seu corpo forjado pelo intenso treinamento em monastérios e a cabeça sem cabelos, lisa e reluzente como a sabedoria daquele homem.

- Então essa é a tão famosa armada de Rune Midgard. Impressionante.

- Rune Midgard agradece a seu elogio, general, porém sana-me uma curiosidade: seus soldados estão cientes de que a ameaça pode ser gigantesca? Nenhum deles está protegido.

- Confia demais no aço, rapaz. Eu que me pergunto se os seus soldados estão preparados, já que toda esse peso nos ombros deve impedir os movimentos deles.

A partira dali a conversa passou a ser de olhares. Ambos pareciam ofendidos com os comentários de seu colega. As mudanças rápidas de expressão eram lidas com igual rapidez e logo ambos começaram a gargalhar. Não era aquele o melhor momento para começar uma discussão acalorada. Cada um era grande o suficiente para saber do tamanho da ameaça.

- Pode me chamar de Fritz De Urden, meu caro, general da armada de Rune Midgard. Trouxe outros generais comigo, porém, como mais experiente, sou o encarregado pelas tropas.

- E eu sou Jyoung Mee Lim.

Juntos, Payon e Rune Midgard formaram uma armada que poderia marchar sobre uma cidade grande sem dificuldades. Arqueiros enchiam a floresta, capazes de cobrir o céu se cada um lançasse apenas uma flecha. Soldados davam uma coloração cinzenta à floresta, suas armaduras quase substituindo o verde do local. A marcha era, segundo alguns, capaz de agitar as folhas das árvores. Nem mesmo o deserto representava uma barreira para aquele gigante que surgia, formado por uma coletividade contemplada pela elite de cada reino.

Ao longe, as nuvens tempestuosas desafiavam a nova armada. Algo estranho havia naquilo. Um pontilhado negro se agitava como um enxame, numa perturbadora dança. Conforme a multidão se aproximava, o enxame se tornava mais e mais compacto, notando a chegada de um grande desafio. O primeiro choque viria minutos depois.

As trombetas soaram. Um grande urro veio ao longe. Duas grandes massas, uma de aço em marcha ordenada e outra de músculos que tentavam se sobrepor corriam de encontro uma a outra. O choque foi tão violento que ambos monumentos de guerra recuaram e se reencontraram. Os escudos eram severamente castigados por garras, chifres e qualquer arma natural. As espadas e lanças ultrapassavam as finas frestas, trespassando as feras. Algumas saltavam por cima das outras naquele amontoado apenas para caírem fulminadas por flechas e lanças de gelo ou fogo, lançadas pelos arqueiros de Payon e pelos arcanos de Rune Midgard. Mantinham-se frios e compenetrados, apenas enxergando seus alvos. Os mergulhos dos enxames eram prontamente repelidos por nevascas, bolas de fogo e outras desgraças em grande escala lançadas pelos arcanos e golpes de punho e espada dos guerreiros de Payon. O desespero tomara conta de muitas feras que começaram a recuar. Encontravam a morte nas mandíbulas de outros seres mais poderosos, retornando ao campo de batalha mais por medo do que por fome.

Naquele dia nenhum avanço foi obtido, porém as baixas foram infinitamente mais numerosas do lado das feras. Os generais de ambas as nações discutiam calorosamente estratégias para tentar avanço. Um murro na mesa e quase uma briga, prontamente apaziguada pela general Hael, de Rune Midgard.

- Senhores, estamos enfrentando animais irracionais. Se continuarmos com isso, seremos iguais a eles e não conseguiremos sobrepujar a força deles com nosso cérebro. Viram como eles avançam? Parecem que pensam com a barriga e podemos tirar vantagem disso, então não briguemos!

As lutas seguiram-se, com Rune avançando cada vez mais, porém com baixas maiores. O mínimo de inteligência do outro lado fazia com que feras cada vez maiores e mais poderosas avançassem.  Feras duas vezes maiores que o maior soldado, algumas com armas rústicas como porretes ou espadas feitas de partes de outros demônios. Cada dia mais o solo do deserto tomava uma tonalidade avermelhada e tornava-se mais e mais lodosa.

Ao início do quinto dia de guerra, metade de Epitus estava tomada, porém o cansaço começara a abater muitos soldados. Poucos ainda mantinham o ânimo e foi consenso buscar as tropas de Epitus o mais rápido possível. Como a fissura estava ao sul, as tropas puderam avançar enfurecidas e encontrar as tropas do Faraó resistindo desesperadamente. As feras representavam pouco desafio para o ataque pelas costas. Foram esmagadas sem a menor chance de fuga. Àquela altura, toda e qualquer piedade deixara de existir e ambas as tropas matavam e barbarizavam de maneiras doentiamente criativas. Quando os Pasanas e Marduks viram-se livres, correram integrar as tropas. O Faraó pessoalmente integrou a parte dos arcanos, despejando magias inimaginavelmente poderosas. Ao fim daquele dia, a reunião contou com a explosão de raiva do jovem faraó.

- Vocês demoraram demais! Perdi a maioria dos meus melhores soldados por causa disso! Por que não responderam mais rápido o meu recado! Por que!?

- Acalme-se, majestade. – Manifestou-se Jyoung enquanto aproximava-se do jovem. O inimigo é mais numeroso do que nós e não pudemos nos dar ao luxo de perder tantos homens. Sinto que tenha perdido seus homens dessa forma, mas era a única solução para resgatar vocês.

- Calma nada! Eu sou filho do Sol! Um representante divino nesse mundo! Vocês deviam me venerar, mas sua heresia os cega e os impede de ver...

- Cala a boca, seu mimado! – Gritou Hael, assustando inclusive Fritz – Eu to cheia de você se queixando de que perdeu seu exército, de que perdeu seu palácio. Tudo que você se queixa é sobre você! Que tal você descer do seu troninho e notar que estamos todos lutando para sobreviver aqui? É melhor você acordar e começar a lutar pra valer, seu deusinho de...

- Já chega, Hael! – Fritz levantou-se de sopetão, sua voz ribombando pela tenda como um trovão – Não precisamos de mais uma briga aqui. E quanto ao senhor, divindade, não podemos esquecer que enfrentamos um inimigo. O campo de batalha não é local para lamentos. Isso só poderemos fazer quando sairmos daqui vivos, e, infelizmente para você, se lamentar não vai ajudar. Peço que se acalme antes que eu perca a minha paciência.

- E quem é você para falar assim comigo, seu imundo!? Eu sou um...

- Já sei, já sei. Um deus, mas isso não impediu Morroc de desafiá-lo e você de ser vencido por ele. Você precisa de nós tanto quanto precisamos de você. Seu povo precisará de um líder vivo para se reerguer, então precisamos que você lute com toda sua capacidade.

Silêncio. O Faraó respirou fundo, trazido à razão pela fala calma resistente do general. Sentou-se, trazendo o rosto às mãos e gritando tão alto que o acampamento inteiro assustou-se. Precisava descarregar todo o ódio que sentia de alguma forma e apenas o grito foi encontrado.

Do lado de fora, todos os combatentes se confraternizavam. Pasanas falavam da glória de servir ao faraó com os cavaleiros de Rune Midgard, guerreiros de Payon filosofavam com os Marduk e com os bruxos, toda a sorte de assuntos, mas o mais prevalente era “quando voltariam para casa?”. Tantos dias em combates incessantes, tantos dias sem ver seus entes queridos e, mais que tudo, tantos dias vendo seus colegas tombarem um a um acabava com a vontade de qualquer soldado. Logo, nem mesmo os discursos inflamados ou as conversas sobre sentimentos continham a raiva e a depressão. Apenas os poucos que ainda mantinham a sede de combate e de sangue conseguiam estimular seus colegas e apenas durante o combate.

Os avanços foram reduzindo seu ritmo, principalmente no sétimo dia. O desespero de alguns soldados, vendo que, por mais que matasse, aquela fenda continuava a jorrar escória fuliginosa e vomitar aquela massa dismorfa, os fazia vacilar em momentos críticos, elevando ainda mais as perdas do império. Uma mensageira, vendo o desespero tomar conta de todos, correu nas sombras até um templo perdido no meio do deserto.

- Mestre! É urgente. As três nações estão enfrentando o Morroc e não estão conseguindo dar conta dele.

- É mesmo? – Disse o homem com um sorriso no rosto – Uma pena para eles. Morrerão inutilmente.

- Mas mestre, se o Morroc vencê-los, ele virá para cá!

- E aqui nós o enfrentaremos. Não nos metemos no equilíbrio das coisas, minha jovem. E não nos metemos com as nações em suas politicagens. – Disse com frieza.

- Você está em me ouvindo? Se ele vencer as nações, não haverá como manter o equilíbrio!

- Se quiser, vá sozinha. Você não terá apoio dos Mercenários, jovenzinha insolente. Agora saia da minha sala antes que eu comece a me irritar...

- E pode apostar que eu vou! – Disse enquanto saia e batia fortemente a porta.

- Mestre, você não... – Disse um dos mercenários em armadura que lembrava uma ossada, os Algozes, a elite dos Mercenários.

- Ela passou no teste, meu caro. Avise-a que ela deve partir imediatamente levando 5 destacamentos de mercenários e um de algozes. É sempre bom ver que alguém aqui ainda lembra-se de que precisamos sobreviver para manter o equilíbrio.

Ao oitavo dia, os demônios começaram a avançar, retomando muito lentamente alguns pontos. Chegando perto da Biblioteca de Epitus, já em plena ruína, algo estranho assustou tanto humanos quanto demônios. Feras começaram a ser atingidas de locais impossíveis, de sombras, de baixo do solo, sempre inimigos não vistos. Após cada ataque, guerreiros que usavam duas armas ou as temíveis katares surgiam em um número assustador. Há quanto tempo estavam lá? Um oficial gritou a plenos pulmões, a alegria o tomando por completo.

- Eu conheço eles! São mercenários! Eles vieram nos ajudar!

Todos os próximos encheram o peito de esperança e novamente começaram a lutar com força total. O mundo estava ao lado deles e não haveria como perder agora. Feras caiam em tocaias diversas antes de qualquer manobra. O avançou ganhou força e todas as frentes de batalha foram auxiliadas. Próximo a Thanatos, uma jovem algoz se aproximou, lutando costa a costa com ele.

- Luta bem, moleque!

- Você também, garota!

Estavam aproximando-se cada vez mais de onde Morroc estava. O gigante irritava-se com cada metro a mais de proximidade. A intervenção dos Mercenários lhe incomodava profundamente e, com um gesto, o general alado apareceu perto de seu ombro.

- Chamou, senhor?

- Sim. O que diabos esses mercenários malditos estão fazendo aqui? Não era para eles se intrometerem! – Urrou Morroc.

- Acho que a sobrevivência sempre fala mais alto entre os humanos. Mas bem, senhor. Não achas que é hora de aumentar nosso contingente com aqueles que não passam pela rágade que fizeste?

Morroc levantou-se irritado, demonstrando má vontade. Observava ao longe as feras lutando e irritou-se. Caminhou até o oceano a passadas lentas, indo até aquela ferida em Midgard. Respirou pesadamente, pensando em como os humanos poderiam ser piores que baratas para matar.  Enterrou lentamente os dedos escamosos e abriu as gigantescas asas, como se fizesse muita força. Sua voz novamente ecoou por todo deserto:

- Andem, criaturas infernais! Mostrem a esses humanos patéticos do que realmente é feita a armada de Morroc!

Conforme o rasgo aumentava ante à força de Morroc, monstros do tamanho do gigante deixavam seu claustro, ajudando a esgarçar ainda mais aquilo. Monstros de puro magma, bestas cuja simples visão esfacelava qualquer sanidade dos soldados mais jovens. Andavam devagar enquanto Morroc erguia-se no céu para visualizar melhor o que achava que seria um massacre.

- Gigantes! Recuem!

As trombetas davam o toque de recuar o mais alto que podiam. Precisavam de espaço para lutar contra aqueles seres inimagináveis. Alguns soldados correram o máximo que podiam para o mais longe apenas para encontrar a morte nas garras de um ou outro demônio alado. O desespero começava a tomar conta até mesmo dos mais graduados. Improvisaram cordas e tentavam fazer as criaturas que não eram de lava caírem. Para as de lava, tempestades glaciais incessantes caíam, tornando seus movimentos lentos e endurecidos, transformando-os em pedra. Marduks despejavam tempestades de chamas nos que não eram de fogo, Pasanas, cavaleiros, algozes e todo aquele que pudesse usar uma arma estava na linha de frente lutando e tentando ajudar a assassinar qualquer fera.

Formações instáveis impediam o avanço. Mais e mais pessoas morriam, mas, mesmo assim, as baixas no outro lado eram imensamente maiores. Morroc enfureceu-se de vez, ao décimo segundo dia, desceu pessoalmente.

- Seus seres imundos! Agora é hora de enfrentar a ira de Morroc pessoalmente!

A voz mudara de tonalidade. Bradava em plena fúria, correndo em direção a uma torre. Começou a entoar grunhidos ininteligíveis e a torre foi-se congelando por completo. Arrancou o imenso bloco de gelo do chão e o arremessou alto, desaparecendo em plena fumaça. O grande iceberg atingiu o chão antes que pudesse ser organizada qualquer manobra, atingindo uma tropa inteira, esmagando-a sob o peso. Sangue tingiu o solo e uma imensa nuvem ergueu-se.

Medo é inimigo da racionalidade. Todos os soldados das três nações começaram uma guerra pela sobrevivência. Tanta areia cobria a visão, permitindo às feras banquetearem-se de cada soldado. Não havia mais formações, cada um por si. O punho de Morroc desceu pesadamente no meio de uma parte da nuvem, deixando incontáveis mortos. Conjurava em sua voz gutural inúmeras magias semelhantes às dos arcanos enquanto usava seu corpanzil para assassinar inúmeras vidas.

Thanatos tentava enxergar algo. A Chama Reveladora de Sartini permitia ao quarteto ver claramente seus inimigos. Aproveitavam seu preparo para avançar em cima de qualquer fera que fosse vista. Byeldorg era agitada freneticamente, Adrior muitas vezes socando o ar, Dereck protegendo a retaguarda com seu escudo de aço. A tensão consumia a vontade de todos. Nunca sabiam quando iam reencontrar aquelas feras gigantescas. Thanatos tremia de excitação. Nunca, em toda sua vida, sentiu-se tão apegado à vida. Era prazeroso aquele momento de morte iminente que apenas um inimigo daquele porte poderia lhe dar.

A poeira baixou aos poucos e Thanatos festejou.

- Mestre! Saraiva!

- Thanatos!

O coro se desfez quando a mão descomunal de Morroc esmagou o antigo sacerdote como uma mosca no chão. Thanatos pasmou, ficando parado enquanto a poeira dispersava-se mais e mais. O Faraó, seu mestre e Saraiva lutavam pessoalmente contra Morroc. Este gargalhava, permitindo-se atingir por qualquer magia, qualquer golpe de espada. A jovem algoz apareceu em suas costas, puxando Thanatos com toda a força antes que o punho de Morroc fizesse o chão tremer enquanto esmagava o Faraó.

- Eu sou Morroc, filho de Ymir! Nenhum de vocês é capaz de agüentar comigo! Temam, humanos imundos, pois seu reinado sobre o corpo de meu pai se encerra em breve!!!!

A mão de Morroc envolveu o mestre de Thanatos antes que qualquer outra atitude fosse tomada. Trouxe o homem para muito perto do rosto, olhando-o com suas cinco orbes amareladas. O sorriso que ostentava era vitorioso. Thanatos se debatia enquanto tentava se soltar dos colegas que impediam que ele cometesse suicídio em se jogar contra o gigante pessoalmente. Morroc gargalhou com seu hálito de mil mortos

- Você, baixinho, você é muito forte. Não vai viver para ver o sol nascer novamente...

- Eu não sou sua maior ameaça, filho de Ymir. Devia procurar melhor antes de usar essa sua mente enferrujada pelos milênios...

Morroc fechou a mão mais forte fez todos os ossos do homem estalarem em uníssono. Deixou-o cair e observou em volta. Sentia-se esgotado por ter brincado tanto com tantos soldados. Sorriu ao ver a destruição que causara e ergueu a voz o mais alto que podia.

- Crias infernais, vamos até a torre que conjurei! Demos a eles o gosto de nosso poder enfraquecido. Quando estivermos em plena força, destruiremos esse mundinho e criaremos o nosso, sem Odin, sem Vili, sem Vé!

Morroc murmurou algo e uma grande esfera rubra envolveu seu exército. Suas longas asas abriram-se e ele, cercado pelo enxame, alçou vôo, levando consigo toda sua tropa. Gargalhava satisfeito com tudo que fizera. Finalmente sua vingança estaria concluída assim que terminasse de matar os humanos. Com aquele exército, não teriam chance alguma contra ele.

No acampamento mais longínquo, os oficiais mais graduados estremeciam em suas armaduras. Não tinham mais nenhuma notícia do campo de batalha e não ousariam sair de lá, tamanho seu medo. Mesmo os oficiais de Payon, treinados a não sentirem mais medo, tremiam ante àquele ser tão sobrenatural.

Thanatos, no entanto, foi solto pelos colegas e lhe foi permitido olhar para seu mestre. Abaixou e abraçou-o, sentindo cada osso quebrado mover-se. Os poucos ossos íntegros permitiram-lhe falar e cuspir sangue.

- Thanatos...tanto tempo, agora tão pouco. Coooof!

- Sartini, vem aqui! Tenta curar ele! Mestre, a gente vai te tirar dessa!

Sartini correu e agitou-se, porém algo ainda o inibia. Todos aqueles mortos, toda aquela nojeira que fazia até mesmo o embrutecido Adrior enojar-se. A cura não era eficiente e, apesar das tentativas, o homem caminhava mais e mais para a morte.

- Escuta, Thanatos. Gnnn! Você cresceu forte, ainda pode me substituir. Eu estou orgulhoso de você. Cresceu e...gah!!! Tornou-se um homem. Pegue minha braçadeira. Você agora é o novo capitão dos Carrascos Andarilhos. Eu posso ver...jus...ti...

- Mestre! Mestre!!!!

As pupilas dilataram-se e o corpo relaxou por completo. Morto. Estava morto. Como milhares, como dezenas de milhares espalhados. Mas nenhum deles tinha algum valor a Thanatos, exceto aquele morto, em seus braços. A jovem desaparecera. Morta talvez? Não. Era esguia demais para estar naquele estado. Todos se aproximaram de Thanatos, que chorava intensamente. Suas lágrimas limpavam o sangue no rosto de seu mestre e o Adrior dignificou-se a fechar os olhos dele.

- Guri, tudo que posso dizer é: sinto muito...

- Me dê seu mestre Thanatos. Deixe-me dar, pelo menos a ele, um enterro digno. No campo de batalha onde ele lutou.

- A orbe do faraó deve estar funcionando ainda. Eu só posso orar a Wootan para que ele mande suas servas virem buscar seu mestre.

Thanatos estava passivo. Dereck conseguiu tomar o corpo do mestre e improvisou uma pá com o escudo, dando ao amigo a braçadeira dele. Improvisou uma pá com o escudo na areia encharcada de sangue e cavou demoradamente uma cova. Thanatos permanecia parado. Uma mistura de luta, de prazer, de vingança. Tinha que lutar contra aquilo. Era sua chance. O inimigo que implorou aos deuses. E tinha que vencer pelo que lhe fizera. Levantou-se, pegou Byeldorg e ficou olhando-a enquanto Dereck e Adrior improvisavam uma lápide afundando muito a espada do mestre na areia.

Thanatos olhou para cima e urrou com toda a força.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

 

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Akahai, como o pessoal já disse aí, tá de parabéns nesse capítulo. Descreveu muito bem a cena da batalha.

Thanatos olhou para cima e urrou com toda a força.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

Go go go go go go Thanatos, quebra a cara do Morroc!! *esperando pelo capítulo da batalha final*

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*dá uma voadora, que não acerta ninguém*

TÁ  (desculpe o termo...) F*** !!!!

deu pra ver perfeitamente como foi a batalha, e eu realmente me irritei foi quando aquele faraozinho de m**** começou a se achar como se ninguém mais importasse,e o pior é que tem mesmo gente igual por aí -_-

resumindo, tá muito bom, não demore para postar  próximo. quero ver o Tanathos quebrando a cara do morroc de uma vez!

*tira o pó da cartola vermelha e branca e coloca na cabeça enquanto a barraca surge novamente ao lado com uma placa escrita "faça aqui as apostas  SOMENTE para o primeiro round da briga do milênio! Tanathos Vs Morroc!!"*

flow!

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- E eu sou Jyoung Mee Lim.
Vc n quis dizer Lee Myoung Jin? a autora do manga de ragnarok?falando nisso, alguem tem noticias do manga? soube que parou no nº 20, sem + nen - , tenho dos numeros 2 ao 20, c alguem tiver o 1, ou acima do 20, estou comprando (isso é considerado flood?) deixando por ultimo (apesar de ser o mais importante) meus parabens, a fic ta otima, muito boa a ideia de contar a origem de thanatos.mas elogios não podem demonstrar com eu gostei da fic, talvez a unica coisa que demonstre isso seja essa frase:Were's the next chapter?[/o.o]concordo com o fizbam, vou esperar, mas n dá pra adiantar n?

continue assim =D (menos na demora)gogo proximo capitulo!!!! 

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