Ir para conteúdo

Eclipse Final


Aruke

Posts Recomendados

Capítulo 5

- Escuridão

 

O mais habilidoso dos bardos não teria palavras para descrever a reunião que acontecia em Prontera. Milhares de pessoas estavam ali, armadas com seus melhores equipamentos, munidas de sua fé e crenças pessoais ou religiosas, prontas para a guerra prevista há tanto tempo, mas nunca acreditada.

 

Dizia a profecia que três cidades tombariam, vítimas da fúria de deuses. Nesse dia, o sol se deitaria no oeste. Um demônio atacaria uma outra cidade, como o primeiro sinal da guerra. A seguir, seres malignos organizados atacariam uma segunda cidade. Então o sol tentaria nascer novamente, mas não conseguiria, tapado pela lua. Dois deuses lutariam em Midgard, e sua luta libertaria o demônio aniquilador de homens. Por fim, os novos e velhos deuses lutariam em meio às pessoas, e aqueles com maior poder entre os mortais seria o vencedor.

 

O Primeiro-Ministro, do alto da torre, olhava para as ruas de Prontera. Cavaleiros, Templários, Monges, Bruxos, Caçadores, Mercenários, Arruaceiros, Ferreiros, Sacerdotes... todos estavam ali. Espadachins, Gatunos, Noviços, Magos, Arqueiros... brasões de todos os tipos, de todas as guildas, de todas as cores, todos juntos, aguardando os seis sinais que decidiriam não apenas seus destinos, mas o de toda vida existente.

 

Os líderes de guilda, no pátio central de Prontera, sob as bandeiras da Guerra do Emperium, temporariamente suspensa por causa da emergência, discutiam a eficiência de um único homem contra o Primeiro Sinal - a aparição de Drácula de Geffen em Payon.

 

As trombetas reais soaram fortes, e todos se calaram. Viraram-se para o castelo, e do alto da murada, surgiu o Rei Tristan, acompanhado de um conslho de magos e sacerdotes. Pediu silêncio e fora atendido prontamente.

 

- Digo-lhes que o Segundo Sinal aconteceu. Uma horda de monstros partiu das cavernas de Comodo, pronta para trazer o Nifleheim para Midgard. Esse poderoso exército marcha nesse exato momento pelo deserto para atacar a cidade de Morroc.

 

A indignação foi geral, mas o maior alvoroço foi entre os Mercenários, Arruaceiros e Gatunos. Suas bases ficavam ali. O Rei continuou falando.

 

- Tenho notícias de que a Guilda dos Arruaceiros foi destruída. Não resta muito tempo para que eles destruam o restante das guildas locais.

 

Dezenas de katares e adagas foram erguidos, em sinal de revolta. O Rei teve trabalho para conseguir silêncio dessa vez. Convocou então trinta líderes de guilda, chamando-os um a um. Eles se enfileiraram diante do governante, ajoelhados.

 

- A vocês - disse o Rei - fica a missão de proteger Morroc. Lutem a batalha de suas vidas, pois pode ser a última de muitos... e provavelmente será. Que suas lâminas arrasem quaisquer que sejam os inimigos de Morroc e da humanidade, bravos! Força!

 

Os líderes agradeceram o rei com uma reverência. Um a um, começaram a correr para a saída sul de Prontera. A rua central da cidade se abriu para que eles passassem. E em uma breve visão bonita, conforme passavam, seus comandados de guilda iam se juntando, correndo determinados com eles. Alguém, no meio da multidão, puxou um grito, que logo foi sendo engrossado por outras vezes, tornand-se audível mesmo de longe da cidade. Tudo que podia fazer barulho foi utilizado para desejar boa sorte aos que partiam.

 

Em meio a esse tumulto e agitação, Nekrunn e Tarcon se aproximaram de Christian. O Lorde olhou-os sério. Colocou as mãos em seus ombros.

 

- Vão dormir. Começam agora as duas batalhas da noite. Não há nada que ninguém aqui em Prontera possa fazer agora. E temos que sobreviver ao Quarto Sinal para nossa missão definitiva, o Quinto Sinal.

 

- Senhor, - disse Nekrunn - gostaria de pedir permissão para ir até Payon, ver como anda Julian. Estou preocupado com ele.

 

- Eu também gostaria de auxiliar meu irmão, senhor - Tarcon acrescentou, olhando esperançoso para o mestre de sua guilda.

 

- Não vou repetir - Christian deu-lhes as costas - Vão dormir. Isso é uma ordem.

 

Os dois suspiraram. Nekrunn abaixou a cabeça e murmurou uma oração de desculpas para as Valquírias do Valhalla, para quem prometera proteger Julian. Tarcon deu um tapinha no ombro dele.

 

- Não se preocupe, Nek. Julian voltará a salvo. Pelo menos, espero...

 

***

 

As flechas de Edan explodiram na armadura do templário, que se jogou na frente da paralisada Maya.

 

- Edan! Pare!

 

O Caçador sorriu de maneira mortal. Disparou uma nova rajada. Julian segurou Maya no colo, puxando-a e pulando para trás de uma casa com ela. Ia dizer para ela não sair dali, mas a noviça estava com o olhar parado no nada, quase catatônica.

 

Sacou o escudo e a espada e voltou para a batalha. Drácula invocou dezenas de morcegos, que voaram imediatamente na direção do templário. Foram necessários alguns Impacto Explosivo para destruir a massa de ataque. Só que isso deu tempo para Drácula e Edan se posicionarem e atacarem Julian em “V”, com seus golpes acertando o templário ao mesmo tempo.

 

Julian usava seu ataque sagrado de espada para enfraquecer Drácula, mas não tinha coragem de atacar Edan, seu irmão. Não entendia como que ele, que tinha sido morto pelo vampiro, agora não apenas estava vivo, mas lutando ao lado do Conde.

 

- Edan! Volte ao seu juízo normal, por favor! Edan!!

 

Não adiantava. O Falcão do Caçador, que mais parecia um morcego negro, demoníaco, deu vários rasantes no templário, enfraquecendo-o bastante. Julian se afastou, e percebeu tarde demais que tinha pisado em uma armadilha. Ficou preso, com as garras de metal fincadas na bota metálica.

 

Sem poder se mover, foi alvo das flechas de Edan, que lhe causavam cada vez mais dor e estrago. Drácula não deixava por menos. Teleportava-se para perto de Julian e batia. Quando o templário tentava contra-atacar, o vampiro sumia para longe, em segurança.

 

As forças de Julian estavam quase acabando quando sentiu o poder revigorante sobre si. Olhou estupefato para Maya. A noviça, se acabando em chorar, entre soluços, invocava a Cura sobre ele, devolvendo-lhe o ânimo. E com sua técnica do Vigor, Julian se soltou da armadilha e avançou até Edan. Com o coração partido, atacou o irmão com um certeiro Golpe Fulminante.

 

O cérebro, dizem, fica acondicionado com algumas memórias. Basta uma coisa que teoricamente está esquecida voltar que automaticamente a fazemos como quando éramos acostumados a fazer. E Maya, ao ver o marido Caçador ser ferido, em um lapso de quem era aliado e quem era inimigo, usou uma Cura nele. Sem pensar, usou também uma Benção, a seguir.

 

- Mas o que...??? - Julian deu um passo para trás.

 

A Cura feriu Edan. E a Benção revelou a verdadeira face dele: o corpo e roupas do Caçador foram substituídas pela face monstruosa e deformada do monstro de Geffen, o Doppelganger.

 

Por um lado, Julian sentiu-se aliviado. Aquele não era seu irmão, mas a criatura que tinha usado essa estatégia suja para ludibriá-lo e tentar destruí-lo. E quase conseguiu mesmo. Por outro, porém, Julian teve noção da força de tal inimigo, classificado nas guildas e registros como MvP - Monstro Veneravelmente Poderoso. Drácula também assim o era. E como raramente fazia em batalhas, o templário deu um passo para trás.

 

- “Não tenho poder para matar dois MvP sozinho” - pensou, imaginando como tiraria Maya dali.

 

O Doppelganger correu na direção de Maya. Julian previu que o monstro percebeu que a noviça apresentava ameaça e correu para evitar que ele a atacasse. Mas parou ao ver uma figura que correu do meio das chamas e golpeou o monstro sem dó.

 

- Punho supremo de Asura!!!

 

O poder do ataque arremessou o monstro com violência contra a muralha do castelo de Payon, estourando algumas pedras. O monge, surgido das chamas, olhou para Julian.

 

- Não pude fugir ao ver um templário lutando sozinho aqui. O Doppelganger é meu - disse, sério.

 

- Maya! - Julian gritou para a noviça, assustada - Vai com ele! Eu pego o Drácula!

 

O monge se virou e correu para cima do monstro. Maya foi atrás dele. Julian avançou na direção do vampiro. Os dois se chocaram, reiniciando o combate, agora um contra um.

 

***

 

Lara olhou para o chão do jardim da Igreja de Prontera. A Semente de Yggdrasil estava plantada em um local distante, longe de olhares curiosos. Em algumas décadas, se a cidade não fosse destruída na guerra, talvez as pessoas pudessem passar a utilizar as Folhas de Yggdrasil, com a desejada propriedade de Ressuscitar.

 

A mercenária saiu pelo portal leste da cidade e sentou-se sozinha, encostada no muro de Prontera. Sem ninguém por perto, tirou o echarpe do pescoço. Seus dedos tocaram algo em relevo gravado na sua pele: uma cicatriz com a marca dos Einherjar*. Os guerreiros assim denominados eram pessoas que, em vida, tinham sido valorosos e bravos. Como recompensa, continuariam vivos no Valhalla, treinando e lutando todos os dias, até que Odin os chamasse para lutar no dia do Ragnarok.

 

Uma lágrima escapou dos olhos de Lara. Suas pálpebras se fecharam, e como se fosse um sonho, ela começou a se lembrar. Lara Wyla, Primeira Cavaleira de Glast Heim. Indicada a general dos exércitos do Rei. Orgulho de sua casa e linhagem.

 

Até o dia que aceitou ir até Alberta, para uma missão de aparente reconhecimento. E descobriu que a casa do Mercador onde fora para simplesmente passar a noite era um antro de prostituição de crianças. A então poderosa Cavaleira, armada com sua poderosa lança, matou toda a guilda de mercadores corruptos e pedófilos. Ainda evitou que eles contaminassem o abastecimento de água da cidade, o que causaria o envenenamento de "simplesmente" toda a população de Alberta.

 

Sozinha, fez muito. Porém, não contava com o fato de que um dos mercadores não tinha morrido; apenas fingiu para atacar no momento certo. E uma adaga foi cravada no pescoço da Amazona. Lara caiu extramente ferida. Foi levada moribunda para Glast Heim. Semi-consciente, ouviu que, caso sobrevivesse, seria julgada pela morte dos “pobres mercadores”. A verdade sobre eles não tinha ido a público.

 

Desgostosa com tudo, entregou sua vida a Odin. E recebeu a visita da Valquíria Brünhilde. A cicatriz em seu pescoço virou a marca de que ela era um Einherjar. Teria a chance de viver uma nova vida, recomeçando uma nova profissão, até o dia de sua derradeira missão em Midgard. E passou anos tentando cumprí-la: encontrar e plantar a semente da árvore da vida.

 

Ouviu um barulho de asas e olhou pra o céu. Dele, gloriosa, surgiu uma mulher alada, com elmo, tranças e longa saia. Ostentava uma belíssima placa peitoral metálica, além de uma espada longa, de lâmina fina e afiada.

 

- Vem, - disse a Valquíria - acompanha-me até o Valhalla. É chegada tua hora de partir de Midgard. Tua missão está quase cumprida, Lara Wyla.

 

Lara deu a mão para a Valquíria, que a pegou e prontamente abriu as asas, alçando vôo para o céu negro. Mas apenas a alma dela foi arrancada de Midgard. O corpo continou ali, sentado, agora imóvel, como uma mera carcaça da poderosa guerreira que levara um dia.

 

*Einherjar pronuncia-se “Áin-ré-riar”.

 

***

 

As chamas consumiam Payon. Labaredas lambiam as paredes das casas restantes, e a floresta estava vermelha, coberta pelo fogo. O calor era infernal. Mas dois combatentes ali o ingnoravam.

 

De um lado, o rei dos vampiros, Drácula. Indignado, morto há alguns anos, queria sua revanche. Loki o tinha devolvido a vida, e nada, absolutamente nada nem ninguém o fariam deitar no sono da derrota novamente.

 

Do outro, Julian, servo de Odin, da família Belmont. Por tradição, guardião de Geffen, responsável, em sua geração, de impedir o conde de voltar com todas as forças e montar seu reinado de terror.

 

Nenhum dos dois ali tinha nada para falar ou conversar. Nenhuma ameaça ou bravata era feita. Apenas o desejo de lutar queimava mais do que as chamas. E somente a morte do oponente faria com que o outro parasse de combater.

 

Os golpes trocados eram violentos. Aos poucos, a armadura de Julian foi ficando rasgada, rachada. Não fosse refinada tantas e tantas vezes, já teria se estourado sob as garras do vampiro. Sua espada cortava impiedosa também, abrindo feridas assustadoras no monstro. E em um golpe errado, mas poderoso, cortou alguns bambus grossos, batendo de baixo pra cima, um pouco na diagonal.

 

A luta seguia equilibrada. Era impossível dizer quem seria o vencedor. Mais alguns golpes terminariam aquele combate. E um detalhe decidiu tudo.

 

Um “não” foi ouvido. Julian e Drácula viraram-se para olhar. O corajoso monge tinha tombado morto, sob os ataques do Doppelganger. A criatura estava muito ferida, quase morta, mas ainda lutando. Maya tinha corrido e caiu no chão, desamparada. Levantou-se com a criatura quase em cima de si. Olhou Julian como se estivesse se despedindo, e com o resto de sua magia, invocou sua Cura nele. A noviça tombou quando o Doppelganger a atingiu em cheio, no peito.

 

Julian correu, furioso. Antes que o monstro pudesse fazer qualquer coisa, abraçou-o forte pela frente, prendendo seus braços. Concentrou-se e liberou todo o poder de seu Crux Magnum. A luz explodiu forte, e quando cessou, nada mais restava daquele demônio.

 

Virou-se então para Drácula e correu. Soltou a espada e apenas segurou o escudo forte, na frente do corpo, usando seu Vigor. Ignorou todos os ataques que o atingiam, e com força, golpeou o vampiro, derrubando-o exatamente em cima dos bambus afiados que havia cortado há alguns momentos.

 

- Não! - finalmente Drácula quebrara o silêncio que imperava desde que a luta de verdade começara - Não pode ser! De novo não! Nããããooo!

 

Revoltado, Julian se levantou e foi para trás da cabeça do vampiro cravado nas estacas. Segurou o escudo pontudo com as duas mãos e bateu com toda a força no pescoço dele, quebrando-o. Tomado pela fúria, foi até a espada, pegou-a e começou a bater no corpo de Drácula, fatiando-o sem piedade. Liberou o poder de outro Crux Magnum, exterminando qualquer vestígio do corpo dele.

 

Quando o templário se virou, viu que Maya estava de pé, conversando com alguém. Não parecia estar ferida. Julian se aproximou, e viu que a noviça conversava com Lara.

 

- Bom trabalho, - disse a mercenária, com uma voz suave - você superou o Primeiro Sinal.

 

Confuso, Julian agradeceu. Ele não entendeu o que Lara estava fazendo ali. Teria ela os seguido?

 

Maya viu o estado dele e usou sua Cura. Foi estranho para Julian, porque ele sentiu que o poder estava muito mais forte. Sentiu-se totalmente renovado.

 

- Precisamos partir. - disse Maya, dando um passo para trás, com Lara - Tenho que ajudar outras pessoas, inclusive Edan. Ele precisa de mim.

 

- Maya, Edan está... - disse ele, sendo interrompido, a seguir, por ela.

 

- ... confuso, precisando de mim agora. Eu devo ir ao encontro dele, com Lara. - falou a noviça.

 

- Julian, - Lara deu a mão para Maya e deu outro passo para trás - não importa o que aconteça, siga o seu coração. Há coisas que não podem ser explicadas agora, por falta de tempo. Você segue o caminho dos justos e fará a coisa certa, do jeito que precisa ser feito. Lembre-se que tudo que é físico vai apodrecer e morrer. Mas os sentimentos e os ideais viverão na eternidade, no coração das pessoas que você tocar.

 

As chamas aumentaram momentanemente, e passaram à frente delas. De repente, ambas haviam sumido. Julian se aproximou, curioso, e notou dois corpos no chão. Um era do monge desconhecido, que enfraquecera o Doppelganger até quase a morte. O outro, que marejou os olhos do templário, era de Maya, com um rombo no peito, na altura do coração.

 

Como num lampejo de compreensão, ele entendeu que quem falara com ele agora tinha sido a alma de sua cunhada. E se fosse assim, de algum modo, Lara também tinha morrido.

 

Primeiro, Julian tombou apoiado em um dos joelhos. Depois fincou a espada no chão, lutando para ficar acordado. Sentiu um grande enjôo e vomitou. Seus lábios começaram a tremer, implorando para se entregar ao desespero e chorar. Mas ao invés disso, respirou fundo. Tomou bastante ar e com as mãos começou a cavar duas covas.

 

***

 

A madrugada passou rápido. Em Prontera, a notícia da vitória de Julian tinha chegado por volta das 4 horas da manhã, um pouco antes dele próprio voltar. E às 6 e meia foi anunciada a vitória na batalha de Morroc. Porém, das trinta guildas enviadas, apenas uma voltou, e ainda assim, com menos da metade dos seus membros. Prontera era, aparentemente, o único lugar que não tinha sofrido ataques.

 

As pessoas teriam se enchido de esperança se não fosse por um detalhe: era hora de amanhecer. Mas nenhum galo cantou. A lua não se pôs. E de maneira sobrenatural, sua sombra deixou o sol negro. A noite, terrível noite, continuava. E ninguém quando notou um aprendiz se escondeu nos arredores de Prontera, com um sorriso malicioso nos lábios.

 

***

Link para o comentário
Share on other sites

  • Replies 66
  • Created
  • Última resposta

Top Posters In This Topic

Popular Days

Top Posters In This Topic

... Nota mental: ninguem deveria postar às 3 da manhã... o cerebro ta fora do ar e erros aparecem...

Em alguns momentos vc comeu umas letras... E na ultima frase vc pôs: "E ninguem quando notou um aprendiz...", eu demorei um pouco pra notar que "quando" e "notou" haviam sido invertidas.

No mais é um ótimo capitulo, vc definitivamente se empenhou muito nesse roteiro.

Durante todo o combate eu achei que o "Edan" era uma versão morta-viva mas era ele mesmo... quem diria que toda a culpa recaiu sobre o Doppelganger. Mas... de certa forma isso contraria oq vcs dizem do Doppel em cenarios "atuais" (como o caso do projeto 003).

Link para o comentário
Share on other sites

Hehe, desculpem! Não vou postar mais nada assim de madrugada!

 

Sobre o Doppel, eu me senti em xeque. Eu gosto do Doppelganger do D&D, que muda de aparência e tudo mais. Quando eu escrevi o Eclipse, já tinha planejado o lance do Projeto 003 (o clone do Leafar). Eu juro que nessa revisão eu tinha mudado o nome dele, mas minha veia de RPGista doeu por... hmm... "desrespeitar" o monstro no contexto dessa fic e dar um outro nome para um bicho que se metamorfoseia. Pensei que não iam notar, mas vocês são exigentes! Desculpem! :D

 

Drake, eu li em outro tópico (muito sono, não lembro qual é agora) que você vai ressuscitar o Leafar clone? 0_o *muito medo*

 

OMG, 10 pras 3!

 

Abraços,

- Rafa

Link para o comentário
Share on other sites

Eu escrevi isso no tópico "Com que Frequencia Você Interpreta" la na taverna, ia ser uma otima aventura, mas antes eu preciso de um pc funcionando em casa, pra poder participar direito (não da pra fazer isso sem o vilão concorda?). E eu não disse "ressussitar", não sou sacerdote, eu disse "trazer de volta", um misto de necromancia, tecnomagia (golem) e boa e velha criomancia (pense em... fantasma ligado a corpo metade construto/metade zumbi/metade gelo, completamente fortalecido)

E talvez esse fosse um doppel antigo... diferente do atual. Que foi destruido, ai o de hoje assumiu o nome pra causar (mais) panico e afastar as pessoas do local (não funcionou)...

Link para o comentário
Share on other sites

Capítulo 6

- a fúria de Mjolnir

 

Era bizarro ver Prontera daquele modo, naquele horário. Eram quase dez horas da manhã e as tochas das ruas estavam acesas. O céu estava num tom entre o cinza e o roxo, consequência da lua tapando o astro-rei. As pessoas conversavam com medo do que aconteceria. O castelo estava com muita correria, de gente importante tomando decisões, e gente comum buscando algo que as desse um pouco de paz.

 

E dentro da taverna de Prontera, igualmente lotada, uma mesa no canto tinha seus ocupantes de sempre: Tarcon, Nekrunn e sua esposa, Hellen.

 

Os três estavam em silêncio, pensativos. Tarcon fitava os copos vazios, com o olhar distante. Hellen estava aconchegada no abraço de Nekrunn, que tinha uma de suas lanças apoiadas no colo. Os dois generais estavam ali a contra gosto. Mestre Christian tinha dado a ordem para que fossem descansar um pouco, para a batalha vindoura. Os dois, generais dos maiores regimentos da Ordem do Dragão, queriam estar ali, organizando e planejando coisas, no castelo. Mas o líder máximo da guilda impediu. Os grupos de ambos eram bem treinados, sincronizados e competentes. Não haveria segredos em lutar.

 

- Nek, - Hellen virou o rosto na direção dos olhos do marido - quando isso tudo vai acabar?

 

A pergunta da senhora Brindgard causou certo silêncio na taverna. Nekrunn era um general e, teoricamente, tinha respostas. As pessoas olharam com esperança para o templário de cabelos dourados.

 

- Isso termina hoje. - disse, sério.

 

- Inevitavelmente - completou Tarcon, ajeitando-se na cadeira.

 

- Senhores, - um homem se aproximou, com os olhos marejados - minha filha morreu lutando na batalha de Morroc.

 

- Sinto muito, senhor. - Tarcon colocou a mão no ombro dele. Nekrunn fechou os olhos e murmurou uma rápida oração para ela. O homem continuou.

 

- Ouvi dizer que monstros estão atacando Geffen e Alberta nesse momento, senhores generais. As cidades vão tombar? Prontera vai tombar?

 

Tarcon se levantou e respondeu alto, para que todos ali pudessem ouvir.

 

- Geffen e Alberta, amigo, não vão cair. Os ataques ali são de criaturas errantes, motivadas com a chance de espalhar o caos. As defesas das cidades é mais que suficiente para conter esse tipo de ameaça.

 

- E quanto a Prontera, - Nekrunn falou, abraçado à esposa, olhando perdido para a mesa -a força dela está associada a nós todos. Sejam fortes e lutem para a cidade se manter.

 

As palavras foram inspiradoras, mas ninguém bateu palmas ou gritou, como de costume. Em silêncio, todos ficaram ponderando sobre o que aconteceria. E enquanto pensavam, o teto da taverna começou a ser atingido por gotas. O barulho foi aumentando, até que o som da chuva tomou conta do lugar.

 

***

 

A água caía impiedosa do céu, lavando a cidade e quem quer que estivesse na rua. As pessoas buscaram proteção como podiam. A igreja de Prontera já estava no seu limite de pessoas, com gente se acotovelando para tentar entrar.

 

Na parte posterior dela, no pequeno cemitério, porém, alguém parecia não se importar com a chuva. Estava sentado ali, ignorando a tempestade que se fortalecia aos poucos. Giuseppe, também tomando chuva, se aproximou e reconheceu a voz de Julian murmurando algo, sentado ao lado de uma lápide.

 

- É uma pergunta imbecil, eu sei. - disse o bardo - Mas o que está fazendo aí?

 

- Tem muita gente que não pode se proteger da chuva, Giu. Não posso ficar no conforto dos meus aposentos enquanto tem gente exposta ao frio da água.

 

- Certo. E por que eu estou na chuva, se não sou templário e não estou cumprindo nenhum tipo de voto sagrado?

 

- Por que você é meu amigo?

 

- Nah. Acho que é porque eu sou burro mesmo.

 

Giu sentou do lado de Julian. Os dois começaram a conversar um pouco mais alto, já que a água fazia um barulho considerável. A água se mesclava com as lágrimas do templário, lavando seu rosto.

 

- Sinto muito por Paola, amigo - a voz de Julian quase não saiu.

 

- Não foi apenas ela. Eu encontrei Lara morta do lado de fora de Prontera.

 

- Eu sei. Ela e Maya morreram.

 

O bardo ficou assustado com a notícia e voltou a cabeça para o chão. Julian cutucou ele no ombro e falou alto, superando o som das águas.

 

- Sabe, Giu, mesmo que você enxergasse, não poderia ver, mas minha alma está destruída.

 

Não houve resposta. Os dois ficaram ali, diversos minutos, com a água gelada os açoitando. Era desagradável, mas aquela sensação incômoda os fazia esquecer momentaneamente de tantos problemas.

 

Súbito, apesar da chuva prosseguir, a água não os tocava mais. Julian tirou o cabelo azul escorrido e molhado dos olhos para ver Tarcon, Nekrunn e Hellen, com um imenso guarda-chuva.

 

- Vai pegar uma gripe, Cavaleiro - disse o general do grupo negro, com um sorriso.

 

- Estou descansando um pouco, senhor - respondeu sem muito ânimo.

 

Tarcon deu a mão para Julian e o ajudou a levantar. Giu foi ajudado por Nekrunn, enquanto Hellen segurava o guarda-chuva.

 

- Vamos para o castelo. - disse Nekrunn - Suas armas e armadura estão lá, e nós vamos comer algo.

 

- Não tenho fome - Julian começou a acompanhar os demais para o castelo.

 

- Pára de graça, irmão! - Tarcon passou a mão pelo ombro dele - Templário vazio não pára em pé!

 

- Eu bem que gostaria de...

 

Julian foi interrompido. Um noviço veio correndo na direção deles. Estava sujo de sangue e terra.

 

- Rápido! Rápido! - esbaforido, tropeçou. O templário correu até ele e ajudou-o a se levantar.

 

- O que houve? - Giu, ansioso, se adiantou ao grupo.

 

- Um homem, na saída norte de Prontera! Está matando todos!

 

- Hellen! Pegue as coisas de Julian! Vamos!

 

Ao dizer isso, Nekrunn correu. Giuseppe acompanhou a mulher. Tarcon sacou uma espada sobressalente e jogou para Julian, correndo também.

 

- É uma das minhas elementais de duas mãos, mas serve até chegar seu equipamento - disse enquanto corria.

 

***

 

- HAhaahahaAHaHAaahahaAHAHaAHaAHahahaAhaAHaHahaahA!!shiftone11!!1!1!

 

O campo de Prontera, quadrante um, parecia um açougue. Carne e sangue por toda parte, espalhados, davam um tom macabro ao lugar. No centro dele, a gargalhada insana saía de um Aprendiz, com a roupa toda embebida em sangue.

 

- Quem é o próximo? - disse ele, chorando de tanto rir.

 

Uma linha de espadachins e gatunos se formou. Eram cerca de vinte. Atrás deles, mais uma dezena de arqueiros. Com o grito de um dos espadachins, o grupo avançou pra cima do aprendiz. Enquanto corriam, os arqueiros dispararam rajadas de flechas que, supreendentemente, erraram o alvo.

 

- Podem atacar primeiro, eu deixo!!

 

Nenhum, absolutamente nenhum ataque acertou o aprendiz, que se acabava de tanto rir. Ele sacou então duas machadinhas ridículas. Começou a cantarolar e dançar enquanto atacava. Ninguém conseguia acertá-lo, e suas armas foram tirando a vida dos ali presentes, um a um.

 

- Mais, mais, mais!!! Eu quero maisssss!!!!

 

Nesse momento, passando pela linha de defesa de soldados, Nekrunn, Tarcon e Julian surgiram.

 

- Isso só pode ser piada - disse Tarcon, espantado, vendo o aprendiz de cabelo verde e espetado.

 

- Piada ou não, isso acaba agora - disse Nekrunn, segurando firme a lança.

 

- Ah, não sejam chatos! - o aprendiz começou a dançar e dar golpes nos cadáveres ao redor - Vai quebrar meu barato, tio Tarc?

 

O cavaleiro sentiu uma grande dor na cabeça e caiu de joelhos. Alguma coisa naquele aprendiz o enfraquecia, e o general Dragão Vermelho sentia-se mal demais. Julian ajudou-o a manter-se de pé.

 

- Maldito! Vou lhe enviar diretamente para o Nifleheim, ser das trevas!

 

Ao proferir a sentença, Nekrunn avançou. O aprendiz abriu o peito para ele, sorridente. Sua expressão, porém, mudou de alegria para surpresa quando a lança abriu um rombo em seu peito. Nekrunn deu mais três ataques, que arrancaram sangue e carne dele em grande quantidade.

 

- V-v-v-v-v-você está... usando lança elemental? - disse o aprendiz, com sangue saindo de sua boca, passando as mãos nos ferimentos - Não vale não vale não vale não vale não vale não vale não vale não vale! ODEIO VOCÊ!

 

- Não estou usando lança elemental nenhuma, criatura infame. Vou vingar as almas dos que você derrotou aqui hoje, em nome de Thor!

 

- Nããããoo! Thor não! Seu desgraçado!

 

Com uma velocidade fenomenal, o Aprendiz avançou contra Nekrunn e apertou seu pescoço. Pego de surpresa, o general começou a ficar sem ar. Não conseguia usar a lança para atacar, e perdendo a consciência, tombou de joelhos. Soltou a arma e tentava se libertar do aprendiz.

 

- Você vai morrUUUUF!

 

Atônito, o aprendiz olhou para o lado. Apesar de não estar usando armadura, o Rosário no pescoço e o ar quase divino não deixavam dúvidas para o aprendiz que quem o atacara, Julian, era um templário.

 

As mãos soltaram o pescoço de Nekrunn, que caiu tossindo. O aprendiz olhou para o próprio corpo, e viu uma espada de duas mãos atravessando ele de lado a lado. Levantou os olhos para Julian, encarando o templário todo molhado, com roupas comuns.

 

- Você está usando arma elemental. Safado maldito!

 

O aprendiz deu um murro em Julian, o que o fez dobrar. Pegou-o com facilidade e levantou-o no ar. Arremessou com violência na parede da muralha do castelo.

 

- Imbecis. - disse o aprendiz, arrancando do corpo a espada que o atravessava - Mas tudo bem, pelo menos estão me divertindo. Não é mesmo, tio Tarc?

 

- Não. - a resposta saiu firme. Tarcon estava de pé, com um corvo em seu ombro. O aprendiz pareceu assustado. Se concentrou em algo, que pareceu não dar efeito. Tarcon começou a brilhar em dourado, consequência de sua técnica de Rapidez. Foi então, para cima do aprendiz. Ergueu a espada no ar, pronto para golpear. O aprendiz pegou as machadinhas.

 

- Vou te matar em nome do senhor Odin, desgraçado, seja quem for! - a voz de Tarcon soou forte. Mas uma voz mais poderosa, mais forte ainda, vinda do céu, fez o ataque cessar.

 

- Digo-te que não, Cavaleiro! Afasta-te, pois a vingança a Thor, deus do trovão, pertence!

 

Todos admiraram a presença do Cavaleiro voador, que vinha dos céus em uma biga, puxada por dois bodes brancos. Com uma cota de malha belíssima, capa vermelha com botões dourados e um elmo com asas, mais bonito que o mais bem trabalhado elmo usado por mortais, o deus do trovão saltou. Suas botas metálicas, mesmo naquela escuridão, brilharam, assim como o poderoso martelo em suas mãos.

 

- Vai, Mjolnir! Revela a verdadeira face do inimigo!!!!

 

Disse isso e enquanto caía, arremessou o martelo em cima do aprendiz, com violência. O impacto enterrou-o no chão, abrindo uma cratera. Tarcon puxou Nekrunn, para que ambos não caíssem ali.

 

Thor pousou no chão. A chuva repentinamente cessou.

 

- Eu sou o senhor do trovão, filho de Odin, mestre das tempestades. E sob o meu comando, a água deixa de cair do céu. Tal elemento, puro, não servirá para aliviar a dor e sofrimento que causarei a ti, serpente do mal.

 

O deus do trovão esticou o braço, firme. Seus cabelos dourados e longos se mexeram com o vento.

 

- Vem, Mjolnir! Tua magia exige que retornes a mim!

 

Da cratera, o martelo saiu voando, direto para a mão forte dele. A seguir, um homem saiu do buraco, trajando uma armadura igualmente bonita como a de Thor, mas verde. Tinha dois machados enormes nas costas, e usava um elmo com chifres dourados imensos.

 

- És mesmo um inconveniente, Thor! - disse, raivoso - Atrapalhaste minha diversão pela última vez, pois agora Midgard ajoelhar-se-á ante meu poder!

 

- Loki! És um filho indigno de nosso pai, e um irmão desonrado! Tua insanidade e leviandade cessam aqui, hoje! Pois assim diz Thor, e assim será!

 

- Baaah! - Loki franziu o cenho e cuspiu no chão - Chega de falar igual idiota! Ei, Thor, vai tomar no (censurado)!

 

- BLASFÊMIA!! - trovões explodiram com força no céu, e alguns destruíram algumas árvores - Isso não é linguajar digno de um deus, nem modo de se dirigir a um! Pagarás caro por tuas ofensas, ser maligno e inescrupuloso!

 

- Aaah, otário! Se doeu é? - Loki sacou os machados - BORA PVP, NOOB!!!11!1!!

 

E de maneira colossal, a batalha entre os deuses começou. Hellen e Giu, atônitos, mal perceberam quando o ferido Julian pegava seu equipamento nos pés deles e se arrumava. Da murada do castelo, Christian e o rei observaram a luta titânica entre Thor e Loki. Os dois começaram a se afastar, trocando golpes poderosos, que faziam o ar explodir com o barulho do rufar de mil tambores, na direção do templo dos monges.

 

- É o Quarto Sinal - disse o rei - Você está pronto, Christian?

 

- Desde que nasci, Tristan.

 

A mão do Lorde apertou a espada em sua bainha. Observou Julian, Nekrunn e Tarcon ali embaixo, que admirados, viam a batalha dos deuses. Virou-se para o conselheiro do Rei, atrás deles, e deu-lhe um tapa no rosto, para chamar sua atenção.

 

- Reúna os líderes de guilda no salão principal. É hora do Plano Um entrar em ação.

 

O homem saiu correndo. Christian virou-se então para Ayan, um de seus generais.

 

- Reúna a Ordem do Dragão no quadrante cinco de Prontera. Hoje lutaremos a batalha de nossas vidas... e nossas mortes.

 

O general assentiu com a cabeça e saiu. Faltava pouco agora para o Quinto Sinal, a missão definitiva da Ordem do Dragão, que definiria aquela guerra.

Link para o comentário
Share on other sites

De alguma forma o Loki falando que nem um jogador random, soa incrivelmente bem...

O porblema mesmo foram os !11!!11!!! e o SHIFTONE, esses doeram...

Vou abrir uma enquete, "Quem é mais chato falando? Thor, em Eclipse Final; ou os chars do Adron, em... qualquer fic dele?

Sem ofensa, a historia dele é legal mas os dialogos... ninguem merece... quem é que fala daquele jeito...

Link para o comentário
Share on other sites

Verdade!!! as falas do loky estão no original desse mesmo jeito,espera ele....pra ver oque ele fala(ou já passou?).

resumindo ele fez isso antes de fazer overpower(talves foi essa frase que o inspiro pra fazer o overpower ou entao alguem no rag muito chato),Mas que os 1!11112 são loucos e doem ,sim.(mas o pvp pode ser = pessoa versus pessoa(em vez de player versus player)

ps-mal to indo pro reforço

ps2-play station 2(piada velha...)

Link para o comentário
Share on other sites

Hehehe! Desculpa!

 

Festas de final + comida + Rafa = hun? Qual é meu nome mesmo?

 

Segue o capítulo final e, a seguir, as considerações pós-história.

Abraços,

- Rafa

 

Capítulo 8

- é apenas o começo

 

- Onde... onde vou levar essa espada?

 

Com os olhos vermelhos de tanto chorar, Julian começou a andar a esmo pelo campo de batalha. Naquele mesmo instante, em Geffen, a guerra entre os deuses tinha começado. Ele não sabia, mas o salvamento de Prontera tinha dado muita força a Odin e seu panteão.

 

Quase sem enxergar, ele seguiu uma luz que viu ao longe. Andou na direção dela, pensando que viesse da cidade. Porém, notou uma mulher como fonte dela.

 

- Siga-me - disse ela, ainda longe o suficiente para ele ver quem era ou do que se tratava.

 

Sem alternativa, o templário a seguiu. Conforme chegou mais perto, notou uma sacerdotisa. O rosto lhe era familiar, assim como a voz.

 

- Venha por aqui, Julian.

 

- Maya? É você?

 

A garota brilhava translúcida nos campos sujos de sangue. Ela sorriu para ele e continuou andando. Confuso, Julian a acompanhou. Andaram em direção ao sul, até pararem, observando algo.

 

Algumas dezenas de inimigos cercaram os dois. Eram mortos-vivos de todos os tipos. Instintivamente, como sempre fazia, Julian foi para a frente de Maya. Sacou a Flanamir, com os dentes cerrados.

 

- Preparem-se para teu fim, seres das trevas! - bradou, segurando firme a arma - Pela Ordem, tombem!!!

 

Mesmo sem armadura, protegendo Maya, ele atacou os monstros. As chamas da espada causavam um dano maior nelas, ajudando o templário nos ataques. E a Espada da Aliança, como se quisesse realmente ajudar Julian, viva, disparava Lanças de Fogo nos monstros.

 

- A espada o escolheu. - Maya disse, com um sorriso nos lábios.

 

Os monstros foram tombando aos montes. Porém, o número deles aumentou. Julian, suado, olhou para Maya. Ela tinha uma garrafa em mãos.

 

- Aspersio!!! - disse ela.

 

Ao gritar isso, uma onda de energia envolveu Julian e a espada Flanamir, que ficou com uma aura branca. Sem pensar, Julian continuou os ataques, agora muito mais ferozes e mortais. E enquanto atacava, sentia uma energia reconfortando-o. Notou então que Maya tinha conjurado um campo de cura sob os pés dele.

 

- Temos que sair daqui - disse ele, notando o grande ajuntamento de monstros ao redor dos dois.

 

Calmamente a Sacerdotiza fechou os olhos e se concentrou. O chão brilhou em uma cruz parecida com a que o templário invocava, mas muito mais serena, mais cheia de paz.

 

- Magnus Exorcismus! – disse com certa graciosidade e concentração Maya.

 

O ajuntamento foi destruído pelo poder. Julian, boquiaberto, admirava as novas capacidades da garota. Preparava-se para dizer algo, quando ela abriu os olhos, na direção norte.

 

- Mais deles - disse Maya, notando a aproximação.

 

Julian apertou firme a Flanamir, e jogou a bolsa de campanha no chão. Porém, uma mão a pegou e levantou a bolsa no ar.

 

- Vá cumprir sua missão, amigo - disse uma nova voz assustadoramente conhecida.

 

Julian se virou, descrente. Quem lhe entregara a bolsa fora Paola. Ao lado dela, duas outras pessoas, também translúcidas, vestiam mantos e capuzes.

 

- Eles são nosso problema agora - disse a caçadora, olhando os inimigos que se aproximavam.

 

- Mas eu...

 

Antes que Julian dissesse algo, um Zumbi saiu da terra, nas costas dele, de maneira selvagem. No mesmo instante, os dois mantos que cobriam os acompanhantes de Paola subiram no ar e sumiram. Um par de Katares dilacerou a criatura, que caiu cravejada de flechas.

 

Emocionado, Julian viu as expressões sérias e ao mesmo tempo tristes de Lara e seu irmão Edan, autores dos ataques que o salvaram.

 

- July, - disse Edan, usando o apelido carinhoso que sempre usara - sua missão não terminou. Está bem longe disso, na verdade. Vai, continua.

 

- Brünhilde pediu algo. - Lara encarou o amigo - Enterre também seu diário.

 

Julian ficou parado, estático, olhando os quatro, no auge de seus poderes e habilidades. Edan deu um passo para a frente e colocou a mão semitransparente no ombro do templário.

 

- Por favor, não faça nossa vinda aqui ter sido em vão. Vai, irmão! Avante, Cavaleiro do Dragão!

 

Os quatro deram as costas para ele e se viraram para o campo de batalhas, onde mais uma centena de monstros se aproximava. Automaticamente, ele sacou a Flanamir.

 

- Avante, Dragões! - gritou, determinado.

 

Os amigos responderam olhando por cima dos ombros e voltaram a fitar o campo de batalha, em posição de defesa. Julian correu, levando a espada e a bolsa de campanha.

 

Lara tomou a frente do grupo. Paola e Edan as laterais, e Maya ficou atrás.

 

- Buffs aew sacer, plz - riu Edan, preparando o arco.

 

A sacerdotiza balançou a cabeça negativamente, com um sorriso.

 

- Teria sido punido por isso, Edan - disse Paola, que a uma velocidade impressionante, armava armadilhas na frente do grupo.

 

- É... - completou Lara - ... mas o único que poderia fazer isso agora está cumprindo sua última missão. E nós vamos cumprir a nossa.

 

Com vergonha, Edan e Paola pararam de brincar. Maya invocou diversas magias de suporte no grupo. Mas não pôde deixar de olhar por cima do ombro uma última vez para Julian, que corria bem longe já.

 

***

 

Em uma clareira, perto da saída sul , Julian encontrou uma pá. Alguém devia ter deixado ela ali de propósito para ele. Sua fé estava abalada. Seus poderes tinham sumido. Suas armas e armaduras, perdidas ou destruídas. Seus amigos, familiares, companheiros de guilda, todos mortos. Era fina a linha que segurava o templário de pé, entre a razão e a dor. Porém, determinado, pegou a pá. E pouco a pouco, abriu duas covas na terra.

 

Todo sujo de terra, depositou a espada na cova mais funda, dentro da bainha.

 

- E aqui... aqui acaba... a Ordem... do Dragão...

 

Jogou a primeira pá de terra. Ao ver a espada semicoberta, começou a chorar. E como que em sintonia com o Cavaleiro do Dragão, uma garoa fina começou a cair. Pá a pá, ele enterrou a Espada da Aliança.

 

Foi então até a segunda cova e depositou seu diário. Não conseguia falar nada, até que enterrou-o completamente, caindo, a seguir, de joelhos em cima da cova.

 

Ficou ali alguns instantes, orando, perguntando-se o que estava acontecendo, acometido de um desespero perturbador. Não tinha ninguém com quem conversar, nem um colo para deitar e buscar consolo. Não lhe restava nada. E foi tirado dos pensamentos ao ouvir as respirações pesadas atrás de si.

 

Levantou-se devagar e se virou. Viu três Bafomés, rodeados por dezenas de Bafomés Júnior. As criaturas começaram a rir de maneira insana ao ver aquele homem ali, todo sujo de terra e sangue, com roupas em trapos, sem armadura ou armas. O brasão com os monogramas “OD” estava rasgado e pendurado precariamente na altura do coração dele.

 

Resignado, Julian fechou os punhos com força. Deu um passo a frente com a perna esquerda. Ficou em posição de combate, observando os inimigos.

 

- O que te faz acreditar que é um combatente para nós? - disse o Bafomé mais adiantado.

 

- Ele nem tem armas! - falou o segundo, alisando a lâmina de sua foice. – Acha que é forte para nos enfrentar?

 

Julian manteve-se parado, encarando-os. Os Bafomé Júnior pulavam e se moviam de maneira frenética, impacientes. O templário então respondeu.

 

- Um combatente não é o mais forte. Não é o mais bem equipado, nem o mais bem armado. Não é o que possui mais poderes ou maiores capacidades. Um combatente não é nomeado por títulos, posses ou honrarias. Um combatente é alguém que ama. Um alguém que ama o próximo. Que ama a família e os amigos. É alguém que ama a própria vida, a ponto de abrir mão dela para o bem de todos que ama! E sua maior arma é o poder que emana da sua essência! - sua voz aumentou - Jamais vou recuar diante do inimigo! Eu sou um Cavaleiro da Ordem do Dragão, arauto da paz!

 

Passo a passo na terra molhada, Julian avançou. Todo o som cessou ao seu redor. Apenas o barulho de suas passadas, em sua derradeira corrida, faziam-se ouvir. Sua mão direita, fechada, estava atrás do ombro. Um dos Bafomé Júnior, impacientes, correu contra ele, com a pequena foice. O pequeno demônio pulou, ao mesmo tempo que Julian socou. O monstrinhou voou longe, desacordado. A sua foice, porém, estava cravada na lateral do corpo dele.

 

Outros dois correram. O primeiro foi desarmado com um chute forte, dado pela perna direita de Julian. O que se aproximava pelo outro lado, levou um chute da mesma perna, com a sola da bota. Sua foice, porém, cortou a coxa de Julian. O primeiro que perdeu a arma correu e mordeu a perna esquerda dele. Julian, com um grito selvagem, segurou o pequeno pela mandíbula e puxou-o violentamente para cima. A cabeça do monstro foi arrancada, em um acesso de fúria. A dor nas pernas o fez tombar de joelhos. Ele arrancou a foice cravada no corpo. O sangue escorreu aos montes do ferimento. Os outros Bafomés Júnior partiram para cima dele, e defendendo-se como pôde com a arma pequena, tentava evitar os cortes das foices deles, que iam surgindo aos montes. Um dos grandes se aproximou e bateu forte. A última coisa que Julian viu foi vulto o de pessoas correndo na direção dos monstros. Estavam gritando, mas ele não ouviu nada. Tudo ficou escuro.

 

***

 

- Julian...

 

O chamado o fez abrir os olhos. Queria falar algo, mas não conseguia. A dor não deixava. Faltavam-lhe forças para qualquer coisa que não fosse olhar e ouvir. Quem o chamara havia sido Giuseppe, o bardo.

 

- Nós... nós vamos te salvar... - falou, emocionado. A mentira não convencera.

 

Um templário sem armadura se aproximou de Julian. Olhou os ferimentos mortais. O símbolo da guilda dele estava sujo, e Julian não conseguiu identificar o sinal dela. O templário observava os ferimentos mortais das foices dos Bafomés, agora todos mortos ali.

 

- Você é o último dragão... - disse o templário, de joelho ao lado dele - Descanse, amigo. A guerra acabou.

 

Os olhos de Julian viraram-se para Giuseppe. Pegou a mão dele e apertou várias vezes. O amigo cego entendeu a pergunta e respondeu, segurando a mão ferida do amigo.

 

- Sim, nós vencemos. Geffen está salva. Odin venceu. Missão cumprida, amigo.

 

A respiração saía com dificuldade. O sangue, escasso, escorria dos ferimentos. Camadas de sangue pisado também cobriam parte do corpo, cheio de hematomas e roxos. Um grande corte estava aberto no peito, e sua vida se esvaía por ali.

 

Então, dos céus, um grupo de mulheres aladas surgiu. Eram oito valquírias. Os humanos se afastaram, e as oito rodearam Julian.

 

- Cumpriste tua missão de maneira honrada e gloriosa, Cavaleiro - falou Brünhilde, com a voz séria e, ao mesmo tempo, sensual - Agora é a hora de ir para o Valhalla e te preparar para o que está por vir.

 

- Não... - Julian reuniu, por fim, as últimas forças que possuía, para falar - ... p-poss... morr...

 

As valquírias ficaram emocionadas com a determinação dele. Podiam sentir que ali, mais do nunca, era real o ditado de que o corpo podia estar destruído, mas a alma não. Comeraçam a chorar então, em lágrimas silenciosas, que conforme tocavam o solo, formavam poças sobrenaturais, que foram se juntando até virar um lago em miniatura.

 

- Bom descanso, Julian - falou Giu, pesaroso.

 

- Descanso? - Brünhilde virou-se para o bardo. Mesmo com algumas lágrimas nos olhos, ela sorriu - A missão dele apenas começou, bardo. Canta isso nas tuas canções e espalha a história do último dragão.

 

A valquíria se virou para o cavaleiro caído. A água do pequeno lago parecia reconfortar momentaneamente sua dor. As feridas ao menos tinham se fechado.

 

- Como previu teu mentor, o dragão Oparg, lutaram pela pior das hipóteses. - continuou a valquíria - E por ela tiveram sucesso. O nome de vocês todos em algum tempo será esquecido. Os nomes dos mortos não se propagarão, e teu brasão virará pó.

 

Com cuidado, Brünhilde retirou o monograma do peito de Julian e guardou-o. Olhou para as demais, que unidas, levantaram o corpo dele, quase sem vida.

 

- Para o reino dos deuses, irmãs. Pois Midgard novamente ao homem pertence. E assim será, conforme a vontade do todo-poderoso Odin.

 

As oito, sob o olhar dos homens, subiram aos céus. Julian tombou a cabeça para o lado. Viu, do alto, Prontera e os campos. Cada vez mais no alto, pôde ver o que restou dos reinos, sem Juno, Amatsu ou mesmo a Ilha da Tartaruga. Uma lágrima escorreu e encontrou sangue no pescoço dele. Os líquidos misturados desceram em queda livre, em direção ao solo. E no mesmo instante que eles tocaram a terra de Prontera, o corpo de Julian relaxou. Seus olhos, abertos, não enxergavam mais nada. Sua mente não produzia mais pensamentos, e seu coração, por fim, cessara da bater.

 

E assim encerrou-se a primera Era dos reinos, sob o ano da graça de 1500.

 

***

 

Epílogo

(música recomendada para leitura: 56.mp3, no diretório “BGM” da pasta do Ragnarok – Silver Bells)

 

A passos calmos, Brünhilde andava pelos campos de Asgard. As grandes asas estavam recolhidas nas costas. Sorriu para a irmã, que se aproximava.

 

- Deu tudo certo? - perguntou com a voz suave. A luz do sol iluminava e aquecia a pele das duas.

 

- Sim! O mais novo dos Belmont é ele! - a resposta saiu eufórica.

 

- Que bom. Vamos aguardar então ele atingir a idade certa.

 

As duas, observadas pelo grandalhão Heimdall, sorriam, enquanto voltavam para o castelo de Odin.

 

***

 

Midgard, ano 2000.

 

- Mãe, - disse o garoto, um jovem loiro, de cabelo médio e liso - é normal ter tantos sonhos seguidos, iguais?

 

- Quando se está ansioso, sim, meu lindo. Não se preocupe, logo vai passar!

 

A mãe terminava de passar uma roupa de Aprendiz. Parou ao ver o marido entrar em casa.

 

- Leo! - exclamou, abraçando o marido. O homem, um poderoso Arquimago, retribuiu o abraço.

 

- Olá, querida. Oi, filho!

 

- Pai! - o menino correu até ele.

 

- Veja o que te trouxe - o pai se ajoelhou e entregou uma adaga para ele.

 

- Só uma adaga? É só com isso que vou começar minha jornada?

 

- Sim! Um adaga e uma camisa de algodão. Ninguém deve começar com mais coisas. É assim que funciona o equilíbrio do mundo, filho.

 

- Mas papai, você é membro do conselho de Geffen! Tem muito poder e influência! Por que não me dá mais itens?

 

- Não, filho. Não é assim, já te disse. E se quiser ser um mago, para um dia virar um bruxo tão forte quanto eu, deve começar como todos.

 

- Aqui! - interrompeu a mãe, trazendo a roupa recém-passada.

 

- Experimenta, filho! Veste pra mamãe e o papai verem!

 

O garoto saiu e se trocou. Voltou vestido com a roupa de Aprendiz, com a Camisa de Algodão e a Adaga. Nas costas, a mochila pequena. Os pais olharam orgulhosos.

 

- Será o bruxo mais poderoso que já caminhou sobre Midgard, Leafar Belmont - disse o pai, Leonard.

 

O garoto sorriu fraco e foi tirar a roupa em seu quarto, sem parecer muito empolgado.

 

Naquela noite, Leonard não dormira em casa. Fora para Geffen resolver problemas do conselho de magia. A mãe adormecera ao lado da cama de Leafar. Ele aparentava dormir em paz, tranquilo. Mas, no mundo dos sonhos, tirava suas dúvidas com a moça de asas que conversava com ele.

 

- Por que me mostrou tudo isso, Bru?

 

A valquíria sorriu com a intimidade com que ele a tratava. Passou a mão na cabeça dele e sentou-se do seu lado, com as grandes asas fazendo sombra nos dois, naquele vasto gramado verde e ensolarado.

 

- Para você entender sua missão e tudo que precisa continuar. E como te expliquei, você não deve seguir o caminho da magia.

 

- Meu pai vai ficar louco comigo.

 

- Às vezes, Leafar, temos que sacrificar coisas que amamos para um bem maior. E você precisa fazer renascer a guilda que te mostrei. Como Bruxo você não poderá fazer isso.

 

- Mas... mas você é só um sonho! Quando eu acordar não vou te ver, nem nada daqui desse lugar! Eu não posso dar ouvidos a um sonho!

 

Brünhilde tirou do bolso da cinta um Rosário e colocou no pescoço dele.

 

- Vai, Leafar. - disse ela, sorridente - Encontra todas as pessoas que te mostrei. Quando você tiver dúvidas, segure esse rosário e chame o meu nome. Eu vou te ajudar.

 

- Bru... eu sou o Julian?

 

A mulher se levantou e fechou os olhos. Recolheu as asas para que o sol tocasse a pele do menino.

 

- Não posso te responder, amiguinho. Mas lembre-se de quem você é.

 

- Sim! - ele se levantou e ergueu a mão para o alto, fazendo um “V” - Eu sou Leafar! [/gawi]

 

Na casa, o menino despertou do sonho. Estava se sentindo com calor, com a pele quente, típica de quem estava no sol. Olhou para a mãe, adormecida na cadeira. Sentou-se na cama e sentiu um peso no pescoço. Por baixo do pijama, estava com um rosário, lindo, prateado.

 

- Eu... - murmurou para si mesmo - ... eu vou fazer o que me pediu, Brünhilde.

 

Voltou a se deitar, encolhendo-se na coberta, sem voltar a dormir até a hora de levantar e ir para o campo de treinamento, falar com o tal Leo Von Frisch.

 

***

 

Algum tempo depois, no Calabouço Orc

(música recomendada para leitura: 48.mp3, no diretório “BGM” da pasta do Ragnarok – Help Yourself)

 

- Cuidado, Leafar!

 

O Espadachim pulou para trás, escapando do ataque de um Orc Zumbi. Segurou firme a espada e bateu.

 

- Golpe Fulminante! - berrou, levando a criatura ao chão com o golpe certeiro.

 

- Ufa. Obrigado, Nek!

 

O espadachim de cabelo branco apenas assentiu com a cabeça. Viu a noviça na sua frente, perdida, segurando trêmula o vestido.

 

- Mia! Olha o Tarcon!

 

- Aaah!!!! Cura!!!

 

A magia dela acertou o Esqueleto Orc, matando-o na hora.

 

- Hehehe - riu o espadachim de cabelo vermelho - Muito bom! Mas a próxima acerta em mim!

 

- Socorro!

 

Uma aprendiz loira, correndo com uma máscara escondendo o rosto, vinha na direção de Leafar. Ele se adiantou e barrou os dois orcs que a perseguiam.

 

- Visolela! Barreira!

 

A maga de cabelo liso e roxo fez explodir na frente de Leafar duas barreiras de fogo, que bloqueram os mortos-vivos. Completou o ataque usando sua magia, destruindo os monstros com lanças de fogo.

 

- Aislinn, - falou Leafar, ajoelhando do lado da aprendiz - o que está fazendo aqui?

 

- Vim ajudar vocês a pegar a pedra do orc que roubou.

 

- Mas aqui é perigoso demais para você! Sai daqui!

 

- Deixa eu ficar do seu lado, Leafar.

 

Antes que ele pudesse responder, um grupo de orcs zumbi se adiantou.

 

- Formação!! - gritou Leafar. O grupo assumiu posição de delta e enfrentou os orcs com força e determinação. E um deles, ao cair, deixou a pedra dourada escorregar para o chão sujo.

 

- Encontramos! O Emperium!

 

Leafar andou até a pedra e a ergueu. Naquele instante, os monstros pararam de atacar. O ar mudou, como se algo esperado há muito tempo tivesse acontecido.

 

***

 

(música recomendada para leitura: 12.mp3 e depois 30.mp3, no diretório “BGM” da pasta do Ragnarok - Streamside)

 

Leafar estava cercado dos companheiros e amigos de batalha. Após quarenta dias e noites de batalhas ininterruptas no Calabouço Orc, a pedra roubada pelas criaturas tinha sido recuperada.

 

Ele sentou-se à margem do lago, olhando as águas. Nekrunn, Tarcon, Visolela, Miara e Aislinn o observavam. Seus olhos estavam perdidos, como se estivesse vendo algo. Começou então a falar.

 

- Há 500 anos uma grande guerra aconteceu nos reinos. Muita gente morreu nela. E entre as guildas daquela época que lutaram pela paz, uma teve uma grande missão. Seu nome era “Ordem do Dragão”.

 

Tarcon e Nekrunn se entreolharam discretamente e permaneceram em silêncio. Leafar continuou falando.

 

- Não foi a Ordem do Dragão quem venceu a guerra, mas foi ela quem derrotou o maior dos demônios, dando aos demais uma chance de vitória.

 

Sua mão tocou a água do lago, provocando pequenas ondulações. Seu olhar continuava perdido, sem estar focado em nada.

 

- Aqui, neste local, tombou o último cavaleiro do dragão daquela Era. Ele morreu neste lugar, não sem antes enterrar seu diário, com informações importantes sobre aquela época. Com o passar dos séculos, o diário foi encontrado. As páginas, espalhadas e perdidas.

 

Visolela e Miara pareciam confusas ouvindo aquelas informações. Perguntavam-se de onde ele tinha tirado tanta coisa. Aislinn permanecia silenciosa por trás da máscara, olhando o espadachim falar.

 

- Nossa missão é encontrar essas páginas e resgatar esse passado. Em sonho, pela valquíria Brünhilde, eu vi cada um de vocês. Vi também pessoas que ainda não conheci aqui em Midgard. Mas vocês me ajudarão a trazer a paz aos reinos. Lutarão pelo que há de bom e justo, e vencerão os monstros que assolam os reinos.

 

Ele se levantou e ergueu o Emperium. A pedra brilhou forte, cegando a todos. Tornou-se um símbolo, um monograma com as letras “O” e “D”, em vermelho e dourado, que surgiram gravadas no peito da roupa de Leafar, em cima do coração.

 

- Hoje - prosseguiu ele - renasce a Ordem do Dragão, a maior força de paz que já caminhou sobre estes reinos. Vocês estão prontos para fazer parte desta força?

 

Nekrunn e Tarcon se ajoelharam diante dele. As três garotas ficaram paradas, olhando-os.

 

- Eu os consagro Dragões de Rune-Midgard. Levantem-se, Cavaleiros do Dragão!

 

Os brasões surgiram nas roupas dos dois. Leafar então olhou para as garotas.

 

- O que estão esperando?

 

- E-eu... olha, eu... eu só curo, só isso. Na verdade, veja bem... é... - Miara ficou gaguejando, perdida nas palavras, de cabeça baixa, vermelha de vergonha.

 

- Meus poderes são limitados, milorde. - disse Visolela, sentando-se e abraçando os joelhos - Não serei útil.

 

- Eu sou só uma aprendiz que fugiu de casa. - falou Aislinn, também olhando para o lado, envergonhada - Nem mesmo uma classe eu possuo. Sou fraca, não sou uma combatente.

 

Os olhos de Leafar se cerraram. A boca se abriu contra sua vontade, e ele começou a falar em resposta a elas.

 

- Um combatente não é o mais forte. Não é o mais bem equipado, nem o mais bem armado. Não é o que possui mais poderes ou maiores capacidades. Um combatente não é nomeado por títulos, posses ou honrarias. Um combatente é alguém que ama. Um alguém que ama o próximo. Que ama a família e os amigos. É alguém que ama a própria vida, a ponto de abrir mão dela para o bem de todos que ama! E sua maior arma é o poder que emana da sua essência!

 

Tarcon e Nekrunn abriram caminho. As três se aproximaram e se ajoelharam.

 

- Levantem-se, Aura, Filhote e Asas do Dragão!

 

Nas roupas de Visolela, Aislinn e Miara surgiram os brasões, brilhantes e gloriosos. Leafar sorriu, vendo aquele grupo.

 

- Tremam, inimigos dos reinos. Criaturas das trevas, voltem para a escuridão. A maior força de paz reviveu. E enquanto houver um Dragão, ali haverá a paz.

 

Nekrunn e Tarcon sorriram, enquanto Miara e Aislinn se abraçavam, contentes. Visolela, envergonhada, se aproximou do espadachim.

 

- E agora, milorde? O que acontece? Nossa busca pelo Emperium chegou ao fim.

 

- Sim, Vi. O fim de uma busca, mas a volta da Ordem do Dragão. E esse... é apenas o começo!

 

Créditos

(música recomendada para leitura: 66.mp3 no diretório “BGM” da pasta do Ragnarok - I Wanna be Free)

 

Texto:

Rafael de Agostini

 

Agradeço:

 

Ao Orc Zumbi que dropou o Emperium, após 40 dias de busca, dando-me a oportunidade de começar a guilda “Ordem do Dragão”.

 

Ao Diogo (Nekrunn), Kuruca (Tarcon) e Rúnicos (netrunner em especial) pelas intermináveis noites caçando.

 

À Natalie (Aislinn), que é o meu verdadeiro Emperium e que está comigo em todos os momentos.

 

Ao Gabriel (Temujin) e ao Pedro (Aykes Greenbe), que independente da seqüência de tolices que fizeram ao sair da guilda, ajudaram muito em várias noites de busca.

 

A todos os membros da Ordem do Dragão, por fazerem não apenas para mim, mas para toda a comunidade do jogo, o Ragnarok uma experiência de sociedade virtual agradável, propiciando amizades regadas a ótimos e divertidos momentos.

 

Às guildas aliadas de RP (Interpretação), por ajudarem a propagar a idéia no Chaos.

 

Às guildas e jogadores que mesmo sem ser de RP entram na brincadeira e se divertem conosco.

 

À Gravity por ter feito o Ragnarok.

 

À Level Up Games por trazer o jogo para o Brasil, para o público brasileiro, em português.

 

Ao cara que fez o Word, o que poupa vocês de lerem (ou TENTAREM ler) meu texto manuscrito.

Link para o comentário
Share on other sites

Bem, esta foi a segunda edição do Eclipse Final, postado originalmente no Prontera, e depois aqui no fórum novo. Como explicado no primeiro tópico, eu postei de uma vez só, sem avisar ninguém, e o texto ficou perdido. O Sobek gentilmente apagou ele pra mim e pude postar novamente.

 

Alterei pouca coisa nessa segunda edição: mudei os nomes das Transclasses para os corretos, corrigi um ou outro erro (no original, o Julian perdia uma armadura com Raydric) e uma ou outra cena. Não gosto de ficar mexendo muito em texto antigo porque tira toda a graça em ver o que eu mudei de estilo, de narrativa e tudo mais. Fiz o possível para ele ficar o mais fiel possível ao primeiro, sem ser uma versão remasterizada com walk-talkies no lugar de armas de fogo ou com o Han Solo sendo empurrado para o lado sob o pretexto de “Eu só atirei porque ele atirou antes!”. Ah, e tirei também o Epílogo #2, que mostrava Odin ordenando que Juno fosse reconstruída. Essa fic ficou pronta antes de Juno, e também serviu como gancho na época para justificar no cenário o surgimento dos personagens de classe 2-2.

 

Esse texto serviu, na época, para as campanhas de RP da Ordem do Dragão na época. Vamos então às pontas soltas, que serviram para os jogadores viverem algumas das aventuras da guilda.

 

Corvo do Tarcon

A pedido do Kuruca, um corvo foi incluído na história. Ingame, em uma época, o Tarcon sumiu, novamente pego por Loki. O Corvo, porém, era o avatar de uma divindade que libertou o general definitivamente do controle do deus da mentira.

 

Diário de Julian

Em uma campanha paralela, na mesma época dessa história, o Doutor Lighthal entregou seu diário para um dos membros da Ordem do Dragão, com a (a grosso modo) “receita da clonagem humana”. Para esconder o diário, Julian foi enganado por Christian Vallmore, pelo Rei Tristan (da época) e pela Valquíria. Eles esconderam o conteúdo magicamente e o templário pensou que devia apenas registrar o cotidiano da guilda, para servir de referência para futuros membros. No presente, o pai de Leafar, Leonard Belmont, encontrou o documento, copiou o conteúdo do diário que ensinava a clonagem e ele mesmo espalhou as páginas, que tiveram que ser encontradas pelos membros da guilda, pensando se tratar do simples diário de Julian. O resumo dessa aventura e de outras pode ser lida na Cronologia da guilda, aqui.

 

Espada Língua de Fogo “Flanamir”

A Flanamir é o equivalente simbólico da Balmung para os membros da guilda. Qualquer personagem de qualquer classe pode empunhá-la. Ela não dá bônus nem melhora em nada os poderes do portador. Porém, se a espada manifestar seu poder flamejante nas mãos de alguém, significa que aquela pessoa é uma escolhida para um posto de liderança na guilda.

 

Julian Belmont

Não era Leafar, no final das contas. Julian renasceu no templário KaotiX (personagem do Caio, admin do Prontera). Suas missões foram salvar a alma de Christian Vallmore na época atual, presa em Nifleheim por ter matado Paola (o perdão de Visolela, como explicado mais adiante, o libertou) e interceder no Valhalla depois de morto para que o Leafar original recebesse o poder que o clone tinha conquistado – ou seja, o destino de Julian/Kao é o de salvar o líder da Ordem do Dragão em todas as Eras.

 

Valquírias

As valquírias, enganadas pelo poder do deus dragão Oparg, que começava a se recuperar, ajudado por Leonard Belmont, foram levadas a crer que Leafar era a reencarnação do templário. E Odin estava em guerra com Oparg por causa de uma mulher, que o havia trocado pelo deus dragão. A Ordem do Dragão ocultou a alma da mulher em uma prisão inatingível por Odin. Somente os membros da Ordem do Dragão teriam acesso a ela. Odin, então, propiciou o renascimento da guilda apenas para este seu fim pessoal – encontrar (uma das) a amante. E no final das contas, o corpo da amante era o usado até aquele momento pela valquíria Brünhilde. A alma, ao retornar ao corpo, pediu para ser morta, já que a valquíria ainda era submissa a Odin. Com a benção de Oparg, a mulher se libertou, tornando-se Lineth, que na forma de uma Lady, é uma avatar do deus dragão em Midgard.

 

Rosário de Leafar

O rosário que Brünhilde entrega a Leafar no epílogo tem o mesmo efeito que tinha o Anel Nibelungo em alguns contos e jogos de videogame: tornar a pessoa uma escrava das vontades de Odin. Assim aconteceu com Leafar, que abandonou a vontade de ser Bruxo para se tornar Cavaleiro.

 

Tarcon e Nekrunn

Nekrunn eventualmente escapou da armadilha de Loki e teve sua revanche.Voltou a Midgard transformado, com os cabelos brancos, tatuagens e os olhos que causavam leve terror. Possuía uma aura oposta a que tinha quando era Templário, por isso causava um “frio na espinha” das pessoas. Tarcon, em Midgard, apaixonou-se por Miara. Foi capturado e substituído por um Doppelganger, que teve o propósito único de engravidar sua esposa, antes de ser descoberto.

 

Leafar

O Leafar que aparece no começo do epílogo é o Leafar original. Quando ele conversa com a Valquíria no sonho, é o original. Leonard o substituiu momentos antes dele sair de casa, conforme pode ser lido no conto “Calmaria”, terceiro de uma curta série, e que pode ser lido aqui.

 

Lara, Maya, Paola, Giu e personagens aleatórios sem nome ou guilda

A idéia é que jogadores assumissem que seus personagens fossem descendentes ou mesmo reencarnações destes personagens do passado. Apenas Visolela é que descobriu ser Paola, antigo amor de Christian Vallmore. Em uma aventura posterior, a guilda encontrou a alma de Christian presa no castelo da Bruxa, em Nifleheim. Visolela o perdoou por ele tê-la matado, e finalmente ele teve seu lugar no Valhalla, como um Einherjar.

Link para o comentário
Share on other sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder este tópico...

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.


×
×
  • Criar Novo...