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Reflexões de um Assassino - A Estória de Jeffrey Punder


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“Krislyt é uma criatura engraçada! Sua voz, esganiçada e desafinada, ao proferir as palavras no idioma humano, soa tremendamente hilária. Ele, às vezes, fica chateado. Mas, quando eu tento grunhir palavras em goblin, ele também ri de mim... Estamos quites!

 

Krislyt tem um bom coração. Quantas vezes ele já não me surpreendeu, quando estava imerso em recordações, e me disse que lembrasse os bons momentos, apenas. Dizia-me que não guardasse rancor, pois este sentimento poderia corroer-me a alma, e corromper-me, e destruir-me! Ele dizia que seu povo vivia por esse princípio. Que, através de tal princípio, é que eles me aceitaram em seu meio.

 

No entanto, eu sempre notava seus olhares sobre mim. Quando eu lhes furtava os sentimentos, podia notar que minha presença, com exceção de Krislyt, não era desejada ali. Era um povo amistoso, que apenas queria viver sua vida, sem ter de se preocupar com invasores, embora tenham sido acostumados a serem atacados por humanos e pelos Orcs. Eu mesmo tive de repelir alguns Orcs, e tive de escoltar alguns humanos para fora do local. Percebi que a vida deles não se fazia tão fácil. Aquelas criaturas estavam sendo forjadas, dia-a-dia, pelo sofrimento e pela guerra. Tentavam não guardar rancor, mas isso era algo difícil de se fazer. O mesmo sentimento que os humanos guardavam por eles, era alimentado por eles em relação aos humanos... A recíproca era verdadeira!

 

Os Orcs, por sua vez, são criaturas totalmente desprezíveis e repugnantes, feitos a partir dos lendários e imortais Elfos. Os Orcs foram criados quando um ser maligno torturou e desfigurou vários elfos, fazendo-os passar por uma infinidade de agruras e sofrimentos que, por fim, talharam não só seus corpos, como suas mentes e espíritos para o mal. Tais criaturas não podem mais ser consideradas elfos, pois perderam sua imortalidade, seu bom coração, sua dignidade, sua estirpe, além de estarem tão corrompidos e desfigurados que acabaram por tornarem-se um novo tipo de monstro maligno e selvagem. E, por séculos, eles vivem dessa forma, numa sociedade completamente vil e cruel. Dizem ser da cultura deles sacrificar aqueles que demonstrarem alguma tendência ao bem e à ordem, dado que isto é considerado uma afronta à sua raça e cultura, além do fato deles considerarem tais coisas uma fraqueza de caráter. Mas eles não sabem que essas são as maiores virtudes que podem existir!

 

Disse a Krislyt, então, que eu deveria partir. Ele pediu que eu ficasse, mas eu lhe disse que não poderia. Não me sentia confortável com os olhares dos pequenos. Mas voltaria a vê-lo, pois meu destino era o de treinar nas Minas de Carvão. Na volta para a casa de minha mãe, eu passaria na Vila, a fim de poder rever um amigo. Ele sorriu, contente pelo que eu havia lhe dito.

 

Na manhã seguinte, sob seus olhares e de seu filho, segui para o norte, enquanto o resto da Vila Goblin parecia respirar mais aliviado, sem saber que olhos estranhos os espreitavam da floresta.

 

Segui para as Minas de Carvão, então. No caminho, porém, dei uma passada em Geffen, para comprar provisões e armazenar em meu baú pessoal, do serviço Kafra. Um entregador o levaria ao destino de minha viajem, deixando-o sob a responsabilidade da Kafra responsável por aquele local. Preparei-me para a jornada, mas fui atrasado um pouco, pois resolvi fazer um pequeno passeio a Geffenia, onde encontrei uma habilidosa Arqueira, um poderoso Cavaleiro e uma astuta Gatuna que, alguns dias depois, voltaria a Geffenia já como uma orgulhosa Assassina. Fizemos boa companhia uns aos outros, e combatemos diversas criaturas juntos. Eventualmente, tivemos até a valiosa ajuda de uma Sacerdotisa. Mas esta não quis partilhar muito tempo de nossa companhia. Foi um período proveitoso, no qual adquiri uma boa amizade com a Arqueira, contrariando um pouco meu gosto, pois nutro um certo desafeto por pessoas dessa classe. Nada pessoal! Apenas por quê são, praticamente, os únicos com condições de me acertar uma flecha e me matar. Com o resto das classes, se inimigos, é possível ter mais chances.

 

Nessa pequena incursão em Geffenia encontrei, também, uma Capela intacta, dedicada a algum deus elfo. Mas eu não conseguia ler as inscrições, assim como ninguém, por mais que tentasse, conseguia entrar na mesma. Era como se algum tipo de magia divina selasse tal lugar. Apenas mais um, dentre os vários mistérios de Geffenia, o antigo lar dos Elfos.

 

Dali de Geffenia, então, rumei para as Minas de Carvão. Tentei entrar, mas a fome bateu mais forte, e resolvi cear e descansar ali fora, antes de me embrenhar nos túneis da Mina. Gentilmente, a Kafra abriu meu baú, que já havia sido entregue, e me permitiu pegar minhas provisões. Fui, então, para a beira do rio, e comecei a comer. Ali, naquele local, com meus pés imersos nas águas daquele rio, e observando a relva florescer nos campos, lembrei-me de quando ceamos, na casa de minha mãe.

 

Eu havia convidado a família de Karla para cear conosco, naquela noite. Todos estavam aprumados, vestindo suas melhores roupas. Eclypso teve de pegar roupas minhas emprestado, pois ele só possuía aquele velho e castigado Traje de Gatuno.

 

Quando estavam todos reunidos, tive a oportunidade feliz de conhecer o pai de Karla, um humilde Soldado da Guarda de Prontera. O irmão de Karla se preparava para tentar o caminho do Cavaleiro. No entanto, ficou empolgado com algumas experiências que eu e Eclypso contamos. Todos estavam alegres, e Karla, com seus braços envolvendo os meus, sentia-se em paz. Ainda assim, às vezes, ela me beijava o ombro e tocava meu rosto, com sua suave mão, olhando-me nos olhos e dizendo que tudo ia dar certo. Aquilo me reconfortava e animava. Pena que Eclypso não tinha quem lhe fizesse o mesmo.

 

Ceamos um banquete delicioso, também para comemorar a recuperação da saúde de minha mãe. Todos estavam felizes.

 

Após a ceia, quando nos reunimos na sala, eu me levantei e pus-me de joelhos diante do senhor Liebchen."

 

- “Senhor Liebchen... Diante de todos aqui, de minha mãe, de meu irmão e meu primo, diante da sua senhora e de sua filha, quero dizer-te que venho nutrindo um sentimento, antes jamais experimentado por mim, que me inundou da mais pura e profunda alegria, enchendo minha vida de um novo sentido. Nutro este sentimento, senhor Liebchen, por tua filha Karla, que conseguiu transformar minha vida de combates em uma vida de paz. Ela conseguiu tornar-me um outro homem, e roubou-me o coração, como fosse uma verdadeira Gatuna. Senhor Liebchen, mais que qualquer pessoa ou coisa nesta Midgard, eu amo tua filha! Quero pedir-te a honra e a felicidade de permitir-me cuidar e fazer tua filha feliz, como ela me faz. Se me concederes esta benção, prometo que a farei a mulher mais feliz de toda Midgard!”

 

“Todos estavam surpresos com aquilo, em especial Karla. Ninguém jamais esperava que eu tomasse tal atitude. No entanto, minha velha mãe já se emocionava e meu irmão abria um sorriso que lhe tomava todo o rosto. Eclypso, por um momento, esqueceu-se de suas preocupações. A família de Karla parecia alegrar-se, também. Ainda mais ao vê-la radiante, ao me olhar tomada de profunda emoção. E foi então que eu completei:”

 

- “Senhor Liebchen, estou aqui, diante de todos, porque quero pedir a mão de tua filha, Karla, em casamento. Concede-me a mão de Karla para que eu possa ser seu esposo?”

- “Mas é claro, meu rapaz! Levanta-te e abraça teu sogro!!!”

 "Todos se abraçaram e me felicitaram, também abraçando e felicitando à Karla. Ela apenas olhou dentro de meus olhos, não dizendo uma palavra sequer, e me beijando um beijo ardente e delicioso. No momento, todos fizeram brincadeiras, para nos deixar embaraçados. Eventualmente, conseguiram...”

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- “... Mas, Adrom, sabes bem que, por causa da ‘Máscara’, eu... Sabes que não sou assim lá tão adepto da paz, não?!?”

- “Jeff... Eu sei bem as tuas limitações. Conheço-te bem, meu caro primo! E é por isso mesmo que estou apostando alta valia sobre ti. Sei que és valoroso! E, também, algo me diz que será um teste para tua paciência. Não sei por quê, mas algo me diz isso.”

- “Estás me metendo em enrascada, primo. Olha lá, heim?!?” [:^)]

- “Confia em mim!” [/mal]

 

“Não sei como, nem por quê, mas Adrom tem esse ‘dom’ natural de liderar. Quando ele fala, todo o clã concorda e segue. E o mais interessante é que nunca o ouvi dando ordens. Ele apenas dá sugestões! Mas, extraordinariamente, todos seguem suas sugestões com prazer, e sentindo-se honrados. Eu me incluo nisso. Jamais poderia ser diferente! Eu apenas gostaria de saber como ele consegue isso. Mesmo eu vestindo a ‘Máscara’, ele quebra minha resistência.

 

Estou eu, agora, admirando minha ‘Máscara da Crueldade’. Ela é totalmente prateada, feita do mais puro aço, tão frio quanto o aço do Kataná do Andarilho. Dizem que as ‘Máscaras da Crueldade’ são máscaras feitas a partir da Muramasa. Sinceramente, acho que o ferreiro que fez esta para o Adrom deve ter se confundido na hora da entrega, pois Adrom me disse que havia pedido uma ‘Máscara do Fantasma da Ópera’, como é comum de se ver em vários heróis. No entanto, essa veio reluzente, refletindo, como um espelho, a face aterrorizada de meus inimigos. Adrom, por não ter se adaptado a ela e, conhecendo minhas nuances e meus ‘momentos’, resolveu dar-me a máscara, pois ela combinaria melhor comigo. Quer saber? Ele estava certo!

 

Ele quer que eu ingresse na Ordem do Dragão. Sinceramente, eu não sei no que isso pode dar. Estou honrado com a possibilidade e, sinceramente, será bom lutar ao lado de Tales. Também será bom ter a experiência de conviver com um clã tão poderoso, e com tanto prestígio.

 

Mas estou apreensivo, pois não sei se serei digno, ou se conseguirei me portar da forma mais adequada. Estou apreensivo de envergonhar Adrom.

 

Deixe estar! Que os Esqueletos Operários e as Névoas sintam minha fúria! Afinal, eu ainda quero que estes me permitam fazer meu Sakkat o mais rápido possível. Criaturas desprezíveis!

 

[/...]

 

[/heh] Pareço louco falando sozinho. Ainda mais estando escondido. Passou um Cavaleiro correndo, depois que eu falei sozinho. Ele parecia estar com medo. Será que ele viu um Druida Maligno, ou será que ele pensou que eu fosse alguma assombração nova nesta Mina???

 

A forma como eu falei, também, faz-me recordar algo... O fim de minha Lua-de-Mel!

 

Não! Não foi por causa do fim da Lua-de-mel. Mas, por ter sido maravilhosa como foi, poderia ter sido por ela ter acabado. Mas, como ela não acabou ali mesmo, e continuou em casa, não foi isso... [/mal]

 

O fato do qual recordo aconteceu duas semanas depois que eu e Karla voltamos para a fazenda. Foi numa oportunidade em que tive de, por obrigação, ir a Prontera fechar alguns negócios de vendas de Pecos, Hortaliças e Flores. Pelo visto, tivemos de entregar mais flores, antes do tempo, por causa de um funeral ocorrido há um mês e meio antes. Isso tirou o fornecimento do ‘normal’, obrigando-nos a fazer certos acertos.

 

Parece que tal funeral mobilizou a cidade inteira, e ainda trouxe aventureiros de outras cidades. Foi estranho saber que, para todos, os heróis que pereceram eram desconhecidos. Fiquei curioso, então. Karla, como sempre, estava ‘batendo perna’ no mercado, procurando coisas interessantes para comprar. Aproveitando-me desse passatempo dela, eu dei uma corrida até o cemitério. Aproveitaria o ensejo para visitar o túmulo de meu pai.

 

Quando cheguei ao cemitério eu vi algumas tumbas novas. Mas o que me chamou a atenção foi uma tumba que estava, ainda, abarrotada de flores e, ao lado da mesma, tinha um memorial a quatro heróis desconhecidos. Quando cheguei ao memorial, vi que se tratava de quatro heróis peculiares: um Bruxo, um Gatuno, um Espadachim... E... Um Noviço!

 

Fiquei completamente estático diante do memorial. As estátuas pareciam-se com Adrom e os outros. Não podia acreditar, pois estava tudo calmo. Se eles tivessem morrido, algo teria acontecido.”

 

- “Não! Não pode ser... Não o Adrom! Nem o Plank! Não pode...”

 

Eu estava gelado! Mal podia ficar de pé. E tive muito medo de ler a lápide da cova ao lado. Eu não queria acreditar. Não poderia ser verdade!

 

- "Madin Vegeta – 1483 ~ 1501†   ‘Um grande amigo, e um herói que jamais será esquecido’”

 

- “Não...”

 

“Karla estava vindo atrás de mim. Ela imaginava que eu fosse visitar o túmulo de meu pai, pois eu quase sempre fazia isso, quando visitava Prontera. Estava começando a chover, e por isso ela queria me encontrar, pois ainda estávamos com a carroça cheia de produtos, que não poderiam se molhar. Ela estava entrando no cemitério quando teve uma surpresa.”

 

- “AAAAAADDDDDDRRRRRROOOOOOMMMMM!!! DESGRAÇADO!”

 

“Karla, naturalmente, assustou-se. Ela correu até mim, mas ficou pasma ao ver meu punho contra a lápide. Ao olhar melhor meu punho, ela viu meu sangue começando a manchar a lápide de Madin. No entanto, a chuva começava a cair pesadamente, e cada gota ia lavando meu sangue, como se os deuses não quisessem a lápide de Madin suja com meu sangue.

 

A tempestade desabou sobre nós, castigando-nos gota a gota. Enquanto aqueles belos olhos me fitavam, preocupados, eu me transformava por dentro. Eu sentia uma mistura alquímica de ódio, tristeza, saudade, remorso, culpa e impotência. Nada poderia ser feito, agora, pois eles estavam irremediavelmente mortos. Levantei-me, com olhos de puro ódio e amargura. Estava de costas para Karla, quando ela tocou meu punho e tentou me puxar, para que voltássemos para casa.”

 

- “Amor... O que aconteceu?”

- “Eles estão mortos, Karla.”

- “M-Mortos? Quem? Am...”

- “ELES ESTÃO MORTOS! TODOS ELES! E NÃO HÁ NADA QUE NINGUÉM POSSA FAZER, AGORA!”

 

“Eu gritei com ela, e apertei forte seus braços. Suas feições contorciam-se, com um certo temor, mas notei que ela sentia minha dor, e compreendia o que eu senti. Só depois de ver aqueles doces olhos a me fitar atemorizados, é que eu fui acordar para o fato de que quem a machucava era eu mesmo. Foi então que eu saí correndo dali. Karla tentou me seguir, gritando meu nome, mas eu me escondi. Jamais deixei realmente de ser um Gatuno, só estava sem prática. Mesmo assim, ainda fui capaz de me esconder de Karla.

 

Partiu meu coração ainda mais ver sua preocupação e desespero ao me procurar. Também vi quando ela voltou ao cemitério, e leu o que estava escrito na lápide que eu havia socado. Vi quando ela entendeu minha dor, e saiu lentamente do cemitério, em direção à carroça, certamente para voltar para nossa fazenda.

 

Eu estava destruído! E, inundado de sentimentos, eu saí correndo de Prontera pelo portão norte. A chuva torrencial não limpava minha alma. Pelo contrário, ela me castigava ainda mais. Cada gota parecia uma lança a me perfurar. Eu continuei a correr, e cada monstro em meu caminho sofria a minha ira. Lutei de mãos limpas, até que achei uma rústica e castigada faca. Aquela faca, em estado deplorável, refletia bem o estado de minha alma, naquele momento. Munido apenas dela, resolvi enfrentar as criaturas mais poderosas que eu poderia enfrentar: os  Orcs!

 

Cheguei à Vila Orc à noite. As trevas tomavam conta do local, e não havia ninguém por ali, em virtude da tempestade. E, então, em meio às trevas, eu os vi. Eles tentavam se abrigar da chuva... Mas o que os abrigaria de minha ira?

 

Cada relâmpago registrava uma imagem cruel; cada relâmpago era como um retrato de uma retaliação, na qual sempre um Orc diferente caía retalhado. Por fim, resolvi roubar o machado de um deles, pois eu queria dilacerá-los. E foi o que fiz!

 

No entanto, eu pensei em algo mais. Algo que me traria duplo alívio: vingar-me, pela primeira vez, das criaturas que trouxeram meu primeiro e mais longo sofrimento. Vingar-me das criaturas que mataram meu pai: os Goblins!

 

Da Vila Orc, já ferido, parti correndo para a Vila Goblin. Ali a cena se repetia: cada relâmpago registrava uma cena de morte cruel. Eu era pura fúria, puro ódio, amargura. Eu estava cego e fora de controle. Foi a primeira vez que vesti minha ‘Máscara da Crueldade’, mesmo sem ter uma máscara no rosto! Foi a pior dessas vezes! E a sombra da maldade? Esta era eu!

 

Pela manhã, na varanda da fazenda, estava Karla, com olheiras profundas, de tanto chorar, e de ter passado a noite em claro a me esperar. O sol começava a despontar no horizonte, em seu ritual diário de nascimento e morte.

 

Em meio a campos de lírios e flores, estava eu a caminhar, destruído, ferido, flechado. Meu sangue manchava o puro branco dos lírios em um tom rubro amargo. Em tempos passados, esses ferimentos não deixariam marcas, pois eu sempre tinha Adrom e Anabelle para me curar, ou alguma Noviça caridosa. Desta vez, não havia ninguém!

 

O machado Orc era arrastado, como um vil troféu de uma caçada da qual eu me orgulhava. Meu olhar ainda era vazio... Eu realmente jamais poderia ter passado essa noite na companhia de Karla, pois eu poderia ferir, no mínimo, seus sentimentos, como já havia feito. Mas, dos males, o menor.

 

Vi os olhos de Karla, então, encontrarem os meus. Seu olhar preocupado e, ao mesmo tempo, feliz por minha chegada, mas também atônito por meus ferimentos, foi capaz de purificar minha alma. E, nesse instante, perdi as forças. Eu ia despencar, não fosse Karla ter corrido ao meu socorro, e ter amparado minha queda, evitando, assim, que as flechas que estavam cravadas em meu corpo se aprofundassem ainda mais.”

 

- “Amor... Amor! Fale comigo, meu amado! Você prometeu jamais me deixar! Não faça isso comigo!”

- “Eles estão mortos, minha amada... Es... Estão mortos... Mor...Tos...*”

- “ECLYPSOOOOOOOOOOOOOO!!!! ALGUÉM ME AJUDEEEE!!!”

 

Só me lembro de ser acordado, e de ver a presença do Sacerdote Atrius, que havia sido chamado às pressas para me curar. Por sorte, não chegou a ser necessário me ressuscitar. Atrius partiu rapidamente, pois estava em uma missão. Mas eu, por outro lado, teria de encarar minha família. Seus olhares inquisidores me atravessavam e esmagavam. Eu estava prestes a enfrentar uma batalha ainda mais difícil!”

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“Lutando ao lado de Eclypso, contra Argíopes, os quais facilmente ‘fatiamos’, e, como costumo brincar, oportunidade na qual cravo meu Katar nas Argos, lembro-me do princípio... De como comecei... Lembro de Plank!

 

Éramos primos próximos. Nossas famílias moravam perto, relativamente. Minha mãe, eu e meu irmão morávamos nas cercanias de Prontera, enquanto a parte Häggen da família morava próximo a Izlude. Como sempre estávamos perto, sempre estávamos juntos, também.

 

Adrom e Plank eram os mais velhos, e eram os líderes das brincadeiras, normalmente. Mas, veio o tempo em que eles resolveram ingressar para a Academia de Aprendizes. Saíram para tal intento, sob os protestos de minhas tias, as mães deles.

 

Adrom tinha aspirações de ser um poderoso Cavaleiro, e foi para a Academia com esse sonho. Porém, soubemos que ele havia sido atacado por uma horda de Fabres. Depois disso, não tivemos mais notícias dele.

 

Plank rumou para a Academia e, de lá, foi para Izlude, onde se tornou um Espadachim. Orgulhoso de seu feito, voltou para casa, onde o recebemos com festa! Ele estava orgulhoso, e nós também. Plank era o mais velho de todos nós, seguido por Adrom, Eclypso, eu, Cecrope e meu irmão. Éramos primos unidos e, como tal, naquele dia sentimos muito a falta do Adrom. Plank preocupava-se, mas nada podíamos fazer a respeito. Pouco tempo depois, Plank partiu novamente, buscando treinar.

 

Passaram-se dois anos, desde então. Eu e Eclypso atingimos a idade de irmos para a Academia, também. Ficamos empolgados com a idéia de nos tornarmos Gatunos. Eclypso tinha uma natureza um tanto má, apesar de ser uma pessoa honrada e justa. Eu queria, agora, ir com Eclypso para a Academia por dois motivos: tornar-me um Assassino e, também, para evitar que Eclypso se corrompesse pelo mal, e pudesse trilhar caminhos melhores.

 

Chamamos, então, Plank para nos escoltar até a Academia. Ele o fez. E nós passamos alguns meses na Academia. Após esse período lá, Plank foi nos buscar, para nos escoltar até Morroc. Durante toda a viagem, ele tentou nos dissuadir de buscar o manto dos Assassinos, mas estávamos certos de nosso propósito.

 

Chegamos a Morroc e Plank, ali, despediu-se de nós. Apesar de tudo, ele nos apoiava. Eu e Eclypso, então, treinamos juntos o tempo inteiro, até que ficássemos prontos para nos tornar Gatunos. Isso nos custou alguns meses, também. E, após todo esse tempo de treinamento, finalmente chegava a hora de irmos à guilda nos apresentarmos.

 

Adentramos a pirâmide, confiantes de nosso propósito! Caminhamos horas pelo labirinto, perdendo-nos e nos achando tantas vezes, que perdemos a conta. Quando finalmente chegamos à guilda, fomos informados do teste que teríamos que fazer. Cansados, passamos a noite ali mesmo. Após acordarmos, pois não era possível saber se era dia ou noite, ali dentro, partimos pelo labirinto, novamente, a fim de encontrar o Gatuno que nos levaria à fazenda de Cogumelos, onde roubaríamos Cogumelos diversos, para entregar na guilda. Fizemos isso juntos, assim como o teste e, até mesmo, trocamos Cogumelos, a fim de que nós dois passássemos no teste. Após o teste, voltamos juntos à pirâmide, passando pelo labirinto e, finalmente, chegando à guilda novamente.

 

Na guilda, os responsáveis pelo teste nos aprovaram. Fizeram uma pequena cerimônia, onde explicaram algumas coisas que precisávamos saber e nos passaram os princípios de nossas técnicas. Tudo isso nos tomou alguns dias. Ao final, eu e Eclypso recebemos nossos trajes de guilda: os trajes de Gatunos!

 

Orgulhosos, saímos da pirâmide e nos pusemos a enfrentar as criaturas do deserto, em nosso caminho a Payon, onde havíamos escutado que seria o melhor lugar para iniciar nosso treinamento, e obter um bom crescimento. E para lá, então, rumamos, com grandes sonhos e ilusões de poder e grandeza. Mal sabíamos que nossa luta não havia nem, ao menos, começado ainda!”

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”Era

mais uma noite que se prolongava mais do que eu gostaria, enquanto meus olhos

insistiam em se manter abertos. Pela minha mente, só passavam imagens saudosas,

que me remetiam à mais profunda melancolia. Eram lembranças de minha amada

esposa, e de momentos da mais pura e sublime felicidade. Lembranças de uma época

que eu posso, hoje, perfeitamente chamar de ‘Paraíso’. Comparada àquela fase de

minha vida, a atual eu poderia chamar de ‘Purgatório’. Inferno, creio eu, ainda

não vivi, graças aos deuses. Mas, pelo que alguns dizem, a vida aqui em

Rune-Midgard seria realmente um purgatório. Falam, ainda, sobre o inferno de

Nifflheim. Mas ninguém voltou de lá para dizer se realmente existe, assim como

ninguém ainda visitou o Valhalla e retornou.

 

 

 

A

buscas por Plank já estavam já se tornando cansativas, ainda mais por não

estarem gerando fruto algum. Por mais que procurássemos e investigássemos,

mesmo contando com a ajuda de todo o clã, e até de outras pessoas de fora do clã,

não encontrávamos vestígios de nosso primo em lugar algum. Adrom estava desolado,

assim como Cecrope. Os Primus estavam sempre ao seu lado, o apoiando, mas era

uma situação muito difícil. Só era amenizada, para ele, quando algum novo

membro ingressava no clã, como foi o caso do ingresso do confuso Gatuno Jack

Napier.

 

 

 

Jack

era uma figura engraçada. Ele havia conhecido Adrom em Morroc, próximo à guilda

dos Assassinos, onde acabaram treinando juntos por um tempo. Exótico rapaz, que

dizia ter atingido alto grau de treinamento apenas lutando incansavelmente

contra Hodes no deserto, também dizia que jamais se uniria a qualquer clã que

fosse.

 

 

 

Quem

diria?!? Por ser distraído, Adrom aproveitou-se disso para pregar o brasão dos

Primus em seu peito, ao invés de apenas convocar-lhe para dividir experiências.

Quando se deu conta do fato de que já pertencia ao PJD, e que podia sentir a

presença de companheiros e falar com eles, já estava se afeiçoando ao clã, e

acabou decidindo ficar. Mas ainda não havia tempo para realizar uma cerimônia

de iniciação para Jack. Então, Adrom decidiu que, quando as coisas estivessem

mais calmas, faria uma cerimônia para seu amigo.

 

 

 

Eu, no

entanto, continuo visitando Glast Heim, e voltando a Geffen toda noite para

descansar. Mas a sensação que me permeia, quando entro aqui nessa cidade, é

mais estranha do que a sensação que tenho na capital amaldiçoada. Sinto como se

alguma coisa, ou alguém, me chamasse para invadir Geffenia. Mas todos sabem que

a passagem está selada magicamente. Não há como entrar lá. O mais perto que se

chega são as ruínas das cercanias da cidade, onde há até algumas construções

intactas, como cemitérios e catedrais. Já visitei aquele lugar algumas vezes, e

sei que quem mais gostaria de ir ali é meu primo Adrom, pois aquele lugar tem

um significado especial para os elfos.

 

 

 

Mas é

essa sensação, esse... Esse ‘chamado’... É isso que tira o meu sono! E estou

pensando seriamente em começar a descansar em Prontera, na taverna Cisne

Branco, ao invés de continuar vindo aqui. Mas toda vez que penso em me afastar

dessa cidade por muito tempo, sinto um aperto no peito. É uma situação deveras

estranha.

 

 

 

É

noite, ainda, e meus olhos continuam abertos! Essa situação me cansa, e minha

mente parece ferver. E o que poderia ser melhor para esfriar uma mente que

ferve do que um banho em águas geladas? E, portanto, decido mergulhar no rio

que cerca a cidade.

 

 

 

Ao sair

da hospedaria, rumo para o portão oeste. A essa hora da noite, apenas ébrios e

alguns desabrigados podiam ser vistos nas ruas de Geffen. Ninguém que pudesse significar

uma ameaça à minha vida. Ainda assim, eu procurava constantemente ao meu redor

por uma mulher vestida de negro, que tentasse me matar. Mas, infelizmente, não

encontrava.

 

 

 

Cheguei,

então, ao rio, atravessando a ponte oeste. Fui àquele mesmo ponto de onde podia

vislumbrar as ruínas de Geffenia e, ali, despi-me quase completamente, e

mergulhei naquelas águas geladas. Sentia um enorme alívio, e uma sensação de

paz me inundava, enquanto eu nadava naquelas águas. Tentei, até mesmo, nadar até

as ruínas. No entanto, são muito profundas, e nem eu tenho todo esse fôlego!

Mas sentia-me cada vez mais renovado, e tomado por uma intensa paz. Essa sensação

me lembrava o que eu sentia quando Karla estava grávida, e eu cultivava sua

plantação em seu lugar, e ela ficava a me observar da varanda de nossa casa.

Realmente, a sensação era muito parecida.

 

 

 

Por

instantes, sinto-me como se ela pudesse estar me observando com aquele mesmo

olhar repleto de amor. Sinto-me feliz com isso. Embora também sinta um profundo

pesar, por não ter idéia do paradeiro de minha esposa, e a falta que sua

presença ao meu lado me faz não pode ser medida.

 

 

 

Afundo-me

nas águas do rio pensando essas coisas, e retorno à superfície para retomar o

ar. Cansado, sento-me sobre uma pedra, e permaneço a observar aquelas ruínas,

pensativo. Meus olhos se fixam lá, e meu coração em Karla. Alucinação,

ou não, havia momentos em que eu tinha a impressão de vê-la lá embaixo, a me

olhar fixamente. Porém, sei que isso é impossível, pois aquele não é um lugar

onde ela poderia estar viva e respirando. Se estivesse lá, estaria enterrada no

fundo desse rio, e morta. E, por mais tolo que eu possa parecer, prefiro pensar

que ela ainda está viva. É minha maior esperança!

 

 

 

De

alguma forma, sei que ainda encontrarei minha esposa novamente, nem que seja no

Valhalla. Mas se, por algum infortúnio, ela for parar em Nifflheim, eu a

resgatarei, mesmo que a tenha de tirar dos braços da própria Hel! Ainda

terminarei meus dias, e viverei no paraíso novamente com aquela por quem meu

coração sofre e padece. E ninguém, jamais, há de me deter neste propósito!

 

 

 

A noite

se passa, e o dia vem. Com o amanhecer deste novo dia, recebo uma comunicação

de Adrom, dizendo que convocou vários clãs para uma reunião na taverna, dentro

de poucos dias. Deveríamos, então, nos preparar para recebermos nossos

convidados, dentre os quais estavam meus antigos companheiros de clã: os Dragões!

 

 

 

 

Senti-me

feliz e, ao mesmo tempo, preocupado com o fato de que teríamos os Dragões nos

visitando. Era sempre uma honra estar entre eles, mas também eu não conhecia

mais o clã como antes. Em minha época, era como uma família. E, depois de toda

aquela confusão, sei que passou um período como uma verdadeira milícia. Agora,

eu já não sabia como era a estrutura que os regia, e nem mesmo como estava o

clima entre os membros. Sei, apenas, que preciso recebê-los e estar ao lado

deles.

 

 

 

E o dia

da reunião, finalmente, havia chegado. Eu, a fim de cumprir meu papel, tanto

para com os Primus, quanto para com os Dragões, sentei-me diante da Taverna. E

ali ficaria a esperar pelos meus irmãos e demais convidados. Eu os

recepcionaria, e tal fato me trazia um sentimento de antecipação e ansiedade.

Estava nervoso e suando frio. Será que Sir Tarcon viria? Será que Sir Donnovan,

Tales, ou até mesmo Sir Leafar viriam?

 

 

 

Tal ansiedade seria

respondida até o final da reunião. Por enquanto, devo apenas esperar a chegada

deles! Eles sempre atendem quando alguém pede ajuda! E eles virão! Sei que virão!”

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Bem, pessoal, dado o fato exposto pelo Casa & Vídeo, eu gostaria de saber:

 

Qual a opinião da galera sobre o uso das cores nas falas e no texto?

 

Dêem suas opiniões via PM, por favor, para não floodar o tópico. Preciso saber disso, para estar constantemente adaptando a fic ao gosto dos leitores.

 

Obrigado pelos elogios e comentários, e obrigado por lerem a fic! Com tudo que está acontecendo aí, à nossa volta, todo esse esquema de corrupção, e etc, essas fics realmente nos lembram dos bons tempos de 2~3 anos atrás, quando todos nós éramos um bando de nambs, e o Rag era bem mais divertido e empolgante. Que, em nossas mentes, a Rune-Midgard seja sempre aquela q possui um Rei íntegro, e pessoas dispostas a lutar pelo bem, pelo que é correto!

 

Não desanimem! O desânimo leva à frustração!

 

Retirem desse episódio apenas o que é melhor: GARRA! Garra para lutar pelo que é de nosso direito! Garra para nos unirmos em torno de um ideal maior! Ao invés de desistirmos, vamos lutar! ^^y

 

Grande abraço a todos! [/ok]

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  Adroooom

que perfeita que está sua fic!!!

*-*

 

muito boa mesmo, o português rebusacdo que você está usando nas falas é lindo!

aliás, sua gramática no geral está perfeita *-*

Você leva a estória tão suavemente que eu li tudo de uma só vez e nem me dei conta x3

A cena da noite de núpcias é maravilhosa, muito linda, suave, parabéns.

 

Você é um escritor e tanto, como já disse no tópico do Projeto HQ, eu vou tentar quadrinizar sua fic ^^~

E será uma grande honra e se ficar bom será um orgulho ^^

 

O único problema que eu vi é que as descrições dos personagens é fraca, isso não atrapalha na hora de ler, mas na hora de desenhar atrapalha um monte X,x

Daí eu não sei se estou no caminho certo >,>

 

Mas além disso, tudo perfeito

^^~

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 “Talvez eu estivesse errado sobre os Dragões.

Ou talvez eles queiram se redimir... Mas, em todo caso, fui honrado com a

ilustre presença de sir Tales, lorde Tarcon, milady Miara, sir Carlos Caos,

dentre outros. Havia até uma Noviça bem empolgada. E isso me deixou muito

feliz. De fato, tais presenças provavam o valor que esses Dragões sempre

tiveram. E lorde Tarcon, tal qual o saudoso lorde Nekrunn, eram os Generais que

eu mais admirava na Ordem, assim como lorde Donnovan, na época em que ainda

existia a família azul do Quinto Regimento. Tempos memoráveis...

 

 

 

Guiei-os até um local próximo mais sossegado,

pois aqueles mesmos baderneiros da praça não estavam permitindo que a reunião

transcorresse de forma clara. E, depois de algum tempo, estavam reunidos os

mais honrados membros da elite guerreira de Rune-Midgard. Membros dos

Seguidores de Odin, Ordem do Dragão, Guerreiros do Crepúsculo, Primus Justicæ

Divinæ. Em pouco tempo, estavam todos divididos em dois grupos, acompanhados

por Razmo e Zagorn. E, então, rumamos para Glast Heim, enviados através do

portal, aberto pelo Sacerdote Atrius, dos Seguidores de Odin.

 

 

 

Tão logo chegamos, dirigimo-nos para a

Catedral de Odin em Glast Heim. Lá,

diante de sua entrada, reagrupamo-nos, e prosseguimos com a missão. Agora eram

Razmo e Zagorn quem coordenavam os grupos, enquanto eu entrei com o intuito de

encontrar meu primo Adrom, que já se encontrava no Cemitério, realizando buscas

por Plank. Seguia diretamente para lá, quando, próximo a uns escombros, donde

eu me lembrava bem que existia algum tipo de ruína de um velho alojamento, ouvi

uma risada um tanto maligna. Aquele som não era característico de nenhuma das

criaturas que vagavam pelo local.

 

 

 

Resolvi investigar. Sentia um calafrio

estranho. E tal sentimento me lembrava o dia em que Karla fora

seqüestrada pela primeira vez. Foi, então, que notei um Aprendiz, de cabelos

vermelho-fogo, sentado sobre uma antiga cama, rindo às gargalhadas.”

 

 

 

-

“ASHUASHAUHSAUHSAUHSUAHSAUHSUAHSAS!1!!1!!!1!!”

 

- “Jéfri Panda! Qui infilicidadi!”

 

- “Ahn? Como sabes meu nome, infeliz?”

 

- “Eoul sei muitu di voxe! Sei qui voxe predeu

sua novia, i predeu seu clan! MAIS num si precupi! Os largatos vaum ti xamá di

novu!”

 

 

 

“Eu estava intrigado com tudo aquilo que

aquele estranho Aprendiz dizia. E que diabos um Aprendiz tão franzino fazia em Glast Heim? Mas, por

graça divina, um Sacerdote, que passava pelo local, ouviu a voz do rapaz, e

sentiu a poderosa aura maligna que dele emanava. E, assim que viu o garoto,

invocou um poderoso milagre de Revelação, desfazendo a ilusão que estava sendo

praticada por aquele estranho rapaz, e revelando que, na verdade, se tratava do

mesmo maldito que havia mandado seqüestrar minha esposa, da primeira vez. O

mesmo que me roubara Karla!”

 

 

 

- “Maldito Sacerdote!”

 

- “Bem, é minha hora de ir, Jeffrey Punder!

Mas saiba que os ‘Lagartinhos’ não irão aceitá-lo de volta, mesmo com a

promessa do Vermelho. Eles não percebem que ainda estão sob meu féu. E

permanecerão assim!”

 

- “Quanto à sua esposa... Hahahahahahaha!

Desista de encontrá-la!”

 

 

 

“Atirei-me, com Katares em punho, brandindo-as

vigorosamente contra aquele maldito. No entanto, após dizer essas palavras, em

tom de desprezo, ele desapareceu. Justo no exato momento que a lâmina encostou

em sua pele...

 

 

 

Gritei e praguejei. E meu ódio aumentava

exponencialmente. No entanto, percebendo a situação, e vendo que, naquele lugar

amaldiçoado, eu jamais poderia me acalmar, aquele Sacerdote abriu um portal sob

meus pés, enviando-me diretamente para a porta da Abadia de Prontera. Ainda

iracundo, praguejei mais um pouco. Mas percebi que precisaria me acalmar. Não

poderia voltar à missão, e avisei meu primo Adrom através do brasão do clã.

 

 

 

Pouco tempo depois, eu viria a saber que

Plank teria sido encontrado, e que a missão, mesmo com alguns contra-tempos,

fora um tremendo sucesso.

 

 

 

Voltei a Geffen, na esperança de ver o vulto

do rio, como já o chamava. Mas as palavras daquele ser maldito não me saíam da

cabeça. Que tipo de veneno ele teria espalhado entre meus ex-companheiros de

clã, e como o fez? Deveria eu avisá-los? Como deveria proceder, doravante?”

 

 

 

...............................

 

 

 

“Cheguei à estalagem, e procurei me informar

se Jeffrey estava hospedado ali. E, para a minha felicidade, ele estava! Talvez

os deuses realmente olhassem por mim... E, então, tentei convencer o

estalajadeiro a me deixar ficar no quarto de meu marido. Mesmo me

identificando, ele não me deixou entrar. Tive de usar de persuasão e, graças

aos Zenys dados por Daloran, minha persuasão foi suficientemente convincente.

 

 

 

Breves momentos depois, eu estava num

delicioso e revigorante banho quente, limpando minha pele de toda aquela

carapaça de sujeira, que havia se incrustrado em mim durante minha incursão

naquele túnel. Relaxava, e ria sozinha, como uma boba, imaginando a reação do

Jeffrey ao me ver. Se ele sobrevivesse, eu o mataria de tanto amor! E me peguei

tendo pensamentos, digamos, ‘quentes’, novamente. Nem eu mesma sabia ser capaz

de pensar essas coisas... Que vergonha!

 

 

 

Vasculhei as coisas de meu marido, e achei

iguarias e essências das mais nobres. Eram apenas pequenos frascos, e amostras,

mas eram exatamente as que eu costumava usar. Fiquei estarrecida, e também

muito feliz, pois isto era a prova de que meu marido jamais perdeu a esperança

de me ver, e continuava a me amar, pois nem meu perfume ele conseguia viver sem

sentir. Estava exultante! E acabei utilizando mais do que deveria. Nada

exagerado. Apenas o suficiente para que a mistura alquímica com minha pele

fizesse meu marido enlouquecer! Sei que, pelo tempo que estamos distantes,

mesmo me vendo suja, ele enlouqueceria. Mas quero fazer o melhor por aquele que

amo!

 

 

 

Passei algum tempo esperando, mas não foi

muito. De uma fresta na janela, eu o vi chegando à estalagem, com um semblante

preocupado e pensativo. Depois conversaria com ele, para saber o que o atormentava.

Mas, por hora, só me interessava ver aquele olhar de desejo e felicidade plena

que eu costumava ver nele...”

 

 

 

 

 

...............................

 

 

 

“Estava decidido a tentar, ao menos, avisar a

Tales sobre o acontecido. Talvez eu devesse tentar voltar a integrar as

fileiras dos Dragões. Mas isso seria algo que o tempo, e os próprios Dragões,

decidiriam. Com a mínima resistência deles, eu provavelmente permaneceria nos

PJD, ou andando como um ‘Lobo Solitário’. De qualquer forma, eu os avisaria das

palavras daquele ser repugnante! E pensar que foi o mesmo maldito que me roubou

minha amada esposa. E, por falar nela, estou triste em não ter conseguido vê-la

no fundo do rio. Mesmo com a volta de Plank, não estou me sentindo feliz.

 

 

 

Meus últimos passos até a estalagem foram

pesados, e sem vontade. Eu até sentia um desejo de simplesmente cair no chão,

onde quer que estivesse, e dormir, ou morrer. Não sou uma pessoa carrancuda,

mas qualquer homem ou mulher volta abatido de Glast Heim, ainda mais depois de

tudo que se passou até aqui.

 

 

 

Ao entrar na estalagem, vejo que o

estalajadeiro está com um olhar estranho, como se soubesse de algo a meu

respeito, e estivesse escondendo. Mas não estou com ânimo de inquiri-lo a esse

respeito. Quem sabe, amanhã o faria. Apenas peguei a chave de meu alojamento, e

fui me retirar. Precisava de um bom banho, e de uma cama macia. Precisava da

minha esposa, mas teria de me contentar em sentir o delicioso aroma de seus

perfumes, novamente. No entanto, imerso nesses pensamentos, e exatamente no

momento em que eu pensava nos perfumes de minha esposa, senti tal fragrância

tomar conta do ambiente no corredor próximo à porta de meu quarto. A princípio,

pensei ser impressão minha. Mas, após parar e prestar atenção no ambiente,

notei, também, que havia algo de estranho.

 

 

 

Será que alguém invadiu meu dormitório, e

espalhou minhas coisas? Será que a esposa do estalajadeiro derrubou os perfumes

de Karla? O que estaria acontecendo?

 

 

 

Em todo caso, saquei minhas Katares, e me

utilizei de minha perícia de Furtividade. Abri a porta vagarosamente, e notei

que o quarto estava fracamente iluminado, por umas poucas velas acesas.

Adentrei o recinto com cuidado, observando o ambiente. A cama estava coberta

por fragmentos vermelhos... Rosas! Pétalas de rosas! Será que alguma admiradora

minha está com más intenções a meu respeito? Se fosse o caso, seria expulsa

imediatamente, e teria de agradecer por eu não utilizar minhas Katares nela.

Ainda mais por utilizar os perfumes da minha esposa...

 

 

 

Observando melhor o ambiente, vi que minhas

coisas haviam sido mexidas. Alguém estava ali dentro... E, por não haver

ninguém no quarto, provavelmente essa pessoa estaria no recinto de banhos.

Fiquei um tanto apreensivo. Não queria ver nenhuma mulher despida a me esperar.

Tal imprecação não é conveniente a um homem casado. Mas avancei lentamente até

tal recinto. Com as Katares em punho, esperando não ter de usá-las, passei

pelos batentes que separavam o quarto do recinto de banhos, apenas para me

surpreender com a visão de uma mulher loira, de formas estonteantes, parada de

costas para mim, e usando apenas uma camisola de seda de Fabres da Karla, quase

transparente, que carregava comigo.”

 

 

 

- “Moça... Vou te dar apenas poucos, e

curtos, instantes para que te laves, e tires as roupas de minha esposa, e quero

que saia imediatamente de meus aposentos. Não admito tal...”

 

- “Assim você me entristece, amado marido.

Não reconhece mais sua esposa?”

 

- “Ka...Karla?”

 

 

 

“Eu estava imóvel! Nem pensamento me passava

pela cabeça, enquanto minha esposa virava-se para mim, e vinha em minha

direção. A fragrância de seu perfume me entorpecia, e seu olhar fazia meu

coração queimar. Meus ossos congelavam, e minha pele parecia que soltaria

Trovôes de Júpiter! Karla movia-se com suavidade, e me dispensava um olhar

sedutor, e carregado de uma deliciosa malícia apaixonada. Suas mãos tocaram

minhas Katares com as pontas de seus dedos e, com carinho, as retiraram de

minhas mãos, apenas para, em seguida, começarem a desmontar meus equipamentos e

armaduras. Porém minhas defesas já haviam caído todas! Eu estava como que

transformado numa estátua de pedra.

 

 

 

- “Quis lhe fazer uma surpresa, meu amor!

Não agüentava mais esperar... Então vim até você!” – “Dizia Karla, em meus ouvidos, sussurrando suavemente,

enquanto me despia.” – “Vou lhe dar um banho

bem gostoso, para depois irmos para nosso leito, meu amado! Temos sete longos

anos de saudades a apagar... E, se não conseguirmos apagá-los por inteiro nessa

noite, nós o faremos nos dias e noites que se seguirão!”

 

 

 

“Eu estava arrepiado! O que fazer, ou dizer?

Nada! Apenas entrei naquela tina de águas quentes, límpidas e repletas de uma

alva espuma, e me deleitei nos carinhos de minha esposa, que tão suavemente

percorreu suas mãos por meu ferido e cansado corpo, limpando-o e meu espírito

de todos os horrores sofridos. Eu me sentia no paraíso! Era como renascer num

ambiente fabuloso. E não tardei a sentir meu coração querer sair pela garganta.

Neste momento, enquanto ela passava suas delicadas mãos pelo meu peito, com

dedicação e esmero, eu fiquei a lhe fitar, e ela apenas sorria quando me pegava

a olhar para ela.

 

 

 

Então, como que tomado por um impulso

incontrolável, eu a agarrei, e a atirei dentro da tina, comigo. Sua camisola de

seda, que era quase transparente, ficou completamente transparente, revelando

as belezas daquele corpo, e a suavidade de suas formas, a maciez de sua pele,

tão cuidadosamente preparada para aquele momento. E nós nos beijamos um beijo

tão apaixonado e voraz, como jamais havia feito ou provado antes. Sentia-me

fundir a ela naquele beijo, como se meu coração e o dela se tornassem apenas

um. Foi um momento sublime, em apenas um beijo!

 

 

 

O que aconteceu, após esse beijo, foi algo

que não pode ser descrito. Inúmeras horas de uma paixão luxuriosa

indescritível, repletos de um prazer infinito, e antagonicamente puro e

inocente, pois era fruto de um amor infinito, imortal e que já havia esperado,

sofrido, superado, e hoje encontrava sua paga. Acho que até os deuses deviam

nos invejar, nesse momento, tamanha beleza que se mostrou naquela noite.

 

 

 

Pela manhã, então, tive o prazer de, como não

fazia há muitos anos, acordar antes de minha esposa, somente para senti-la

dormir em meu peito, com seu cabelo escorrendo seus delicados fios sobre meu

corpo, parecendo uma fina seda a acariciar minha pele. Olhei-a, e ela parecia

um anjo. Realmente, eu estava no paraíso. No entanto, notei que ela possuía

algumas marcas e cicatrizes maculando aquela tez que sempre fora perfeita. Não

que isso me incomodasse, mas fazia-me sentir culpado por não tê-la podido

proteger adequadamente. Quando penso, então, em tudo que ela sofreu, quase

entro em desespero. Mas

as experiências que tivemos, e tudo que vivemos no tempo que estivemos

separados serão assuntos para conversarmos depois... Por hora, quero aproveitar

seu cansaço para lhe trazer um maravilhoso desjejum. Ela precisará de muita

energia para os dias que virão! [/mal] Ah, se vai...”

 

 

 

 

 

...............................

 

 

 

Não muito longe dali, numa espécie de caverna

 

 

 

- “Seu relatório, vassalo.”

 

- “A observação de Geffenia continua

infrutífera, milorde. Nenhum elfo saiu de lá por esses dias, e ninguém

conseguiu entrar, como de esperado. Nossos companheiros de causa também não

obtiveram frutos em tentar vencer a barreira mágica de lá.”

 

- “Entendo. Então devemos tentar achar uma

maneira. Mas é essencial continuar com a vigília.”

 

- ”Milorde... Houve movimento em uma das

catedrais lacradas das ruínas. Ao que parece, um Assassino tentou invadir uma

catedral. Parecia gritar o nome de uma mulher. Algum tempo depois, uma mulher

saiu... Saiu da catedral.”

 

- “Então houve atividade na área, vassalo

estúpido! Mande os outros vigiarem tal mulher. Ela deve ter tido algum tipo de

contato com os elfos, ou pode saber uma forma de invadir Geffenia. De qualquer

forma, mande alguns investigarem tal catedral. Quero relatórios completos

disso. Precisamos descobrir os segredos que lá estão guardados.”

 

- ”Sim, milorde!”

 

- “Em breve, restauraremos a paz e a pureza

dessa terra, e erradicaremos os elementos que maculam nosso mundo!”

 

 

 

 

 

“Don’t you be too long

 

Something has gone wrong

 

The chances are all gone”

 

 

 

“Não demore demais

 

Alguma coisa deu errado

 

As chances todas se foram”

 

 

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”O tempo que eu deveria ficar nas Pirâmides, até achar a maldita carta, deveria ser maior. Mas não agüento ficar muito tempo num mesmo lugar, encarando sempre os mesmos malditos Esqueletos. Ademais, eu precisava espairecer. Portanto, resolvi fazer uma pequena viagem até a Guilda dos Assassinos. Pretendia me utilizar daquele cenário para outros fins, que não os de treino, ou caçada de itens.

 

Não sei se é devido ao fato de eu estar um tanto que triste, depois de tudo que ocorreu, ou se é devido à jornada ser realmente longa, mas já estou sem paciência para percorrer todo esse caminho. E é inevitável lembrar dos momentos que passei por aqui. Lembro de quando eu estava em meus esforços para aprender a técnica de Chutar Areia, e acabei investindo vários dias e noites enfrentando Escorpiões, em busca de Torrões de Areia Fina. Incontáveis foram as caudas que cortei com minha Damascus... Pelo menos elas me renderam uns trocados, que eu usava para, vez por outra, comer decentemente, e dormir com conforto.

 

Tempos difíceis aqueles. E pensar que, hoje em dia, eu piso e esmago esses mesmos Escorpiões com uma facilidade extrema. Enquanto eu me torno mais poderoso, vou perdendo o medo em relação a algumas criaturas. Orcs, Esqueletos, Creamys, Escorpiões, Lobos do Deserto, e até os temíveis Arenosos. Todos acabaram por se tornar ridículos aos meus olhos.

 

Quando chego próximo à guilda, já posso avistá-la, imponente, a ostentar-se em meio a este terreno acidentado, junto a ruínas antigas. Posso vislumbrar os Hodes e os Arenosos, assim como os Metallers. Mas nada temo. Até chego a pensar em como seria interessante achar uma Planta da Melodia, ou uma Katar da Espinheira Empoeirada, que eu ainda não tenho. Mas sigo meu caminho, vez por outra dando cabo da raça de algum Arenoso.

 

Por fim, sem que me desse conta, quando olho para trás, vejo o rastro de destruição que deixei. Eu não pretendia guerrear tão vigorosamente, mas acabou acontecendo. Acho até que estive numa espécie de transe, pois combati de forma tão fria e natural, que era como se eu tivesse ficado apenas a caminhar e passear. E, para a minha surpresa, por maior a quantidade de Arenosos que eu tenha destruído, apenas havia sobrado alguns Carvões, algumas Naturezas Grandiosas e muita areia. Mas nada da Katar... [/pif]

 

Cansado, sentei-me diante do mar, à beira de um pequeno penhasco. Permaneci a observar o mar calmamente, e meus olhos perdiam-se no horizonte, enquanto o sol se preparava para se pôr. Aspirei a brisa, e senti o leve toque desta em meu rosto, enquanto a luz do astro maior o castigava. E esse era o maldito clima quente e insuportável de Morroc! Como eu sentia saudades do clima fresco e ameno da fazenda!

 

Ah... A fazenda...

 

Melhor do que estar naquela fazenda, era estar lá, deitado diante do córrego que a cruzava, com a cabeça repousando sobre o colo da mais bela mulher – por que não dizer deusa? – de toda Rune-Midgard! E como era maravilhoso sentir o toque suave de suas mãos, e a forma cálida e gentil com a qual ela me acariciava os cabelos.

 

A brisa suave que soprava da direção de Prontera não era suficientemente forte, de modo que não impedia que a respiração de Karla, minha esposa, tocasse meu rosto, trazendo consigo o suave aroma de seu delicioso hálito. Uma mistura de hortelã com paixão, regada a muito desejo e amor, era o que ela exalava ao falar. E o que eu escutava era a mais afável melodia que um mortal poderia apreciar. De fato, eu me sentia no paraíso, e perdia-me nestes momentos, como se estivesse sonhando, ou tomado por um profundo estado de graça. Tão entorpecido quanto se tivesse provado o mais poderoso ópio, eu não tinha consciência para reagir. Só não me deixava dormir, pois era bem mais proveitoso estar acordado para apreciar aquele momento.

 

E ela? Ela adorava fazer aquilo. Talvez porque ela adorasse ver a forma como eu me deliciava, como quase perdia a consciência em seus braços. Ela sorria a todo momento, e me aprazia com os mais ternos e delicados beijos. Aqueles momentos eram a melhor forma de se despedir, diariamente, do sol e de sua luz. Era quando nós descansávamos de nossos afazeres da fazenda. Aqueles momentos nos preparavam para a noite, quando passaríamos todo o tempo juntos, aproveitando-nos de nosso amor.

 

Após a ceia, deitávamos em nosso leito e era, então, o momento em que eu lhe retribuía todo o carinho que ela havia me dedicado durante o dia. Nós nos entregávamos ao puro prazer, advindo de nosso amor, e passávamos a noite em uma sublime sinfonia de suspiros e sussurros. O corpo dela era, para mim, como um instrumento nas mãos do mais talentoso Menestrel. Cada toque, e cada carícia, a levavam a uma sensação nova, e sempre mais extasiante. E era incrível como sua pele suave permitia que minhas mãos deslizassem por sobre ela, e minha boca se deliciava com seu gosto.

 

Meu maior prazer era vê-la enlouquecida e entregue às nuances de meus carinhos. E, por fim, nós nos deleitávamos juntos, numa sincronia perfeita e suave. E a noite se findava com nossos corpos abraçados, estirados sobre nosso leito, suados e satisfeitos. Eu a acalentava e protegia em meu peito, com meus braços ao redor de seu corpo, e minhas mãos acariciando seus cabelos. Normalmente, ela dormia dessa forma, e eu adorava dormir sentindo seu corpo junto ao meu, e seu rosto sobre meu peito. Sentia uma sensação sublime e incomparável e, antes de eu mesmo me entregar ao cansaço e dormir, eu lhe dispensava um beijo cálido em seu rosto. Ela, por sua vez, apenas se aninhava mais um pouco, e continuava a dormir.

 

Não havia mulher tão bela, em toda Midgard. Impossível comparar! E eu jamais desejaria estar em algum outro lugar, que não fosse este leito. No entanto, estou eu diante do mar, neste pequeno penhasco, e a única coisa que posso sentir é uma enorme dor no peito, onde Karla deitava sua cabeça. Sinto a falta de minha esposa... Dói muito estar sem aquela que sempre fora o motivo e a razão de minha existência. Por conseqüência, meus olhos não conseguem conter as lágrimas que insistem em rolar deles. E me vejo a derramá-las.

 

Então um fogo queima forte em meu peito, e um ódio me toma o coração. Visto minha Máscara da Crueldade, e me levanto determinado.”

 - “É hora de recuperar o que eu perdi!”

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[/uau] Uia! [:$]

Valeu muito pelos elogios, Juh! [/vlw]

Não imaginava q vc tinha lido a fic inteira! Eita! Deve ter levado um bom tempinho... ^^'

Bem! Fico muito feliz em trabalhar contigo. Já q leu a fic toda, vou t passar, por pm, descrições detalhadas d todos os personas envolvidos.

Beijos! [/bj2]

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Finalmente ele, Adrom Thorn, nosso romancista de plantão, retornou para nos agraciar com sua obra de qualidades infindáveis. Devo dizer que estou imensamente feliz em ver mais um capítulo do romance que tanto me agrada, e que me inspira cada vez mais a prosseguir como escritor (embora os estilos pareçam radicalmente diferentes, a meu ver). Espero ver mais capítulos em breve, caro Adrom. E que a luz da Eternidade guie seu caminho por nosso mundo.

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“Meus olhos se abrem lentamente, e me vejo

deitado. Ainda não consigo acreditar no que vejo... Ainda me sinto abismado, e

não sei se conseguirei me acostumar com a idéia... A idéia de abrir meus olhos,

e a primeira visão ser a da mais bela mulher de Rune-Midgard a repousar

docemente em meu peito. Olhando para ela, posso perceber claramente que ela se

sente segura em meus braços. E não há como descrever a sensação de acordar, e

vê-la repousando assim. Seus cabelos, lisos e sedosos, como fios de ouro,

espalhando-se por sobre nosso leito, e cobrindo parte de seu corpo nu. Eu a

observo dormir um pouco mais, antes de sair furtivamente, sem que ela perceba.

 

 

 

Resolvi, então, com um enorme sorriso

malicioso nos lábios, ir até a cozinha, e dar prosseguimento a meu plano

maligno de lhe preparar um delicioso café da manhã! Espero conseguir lhe fazer

uma surpresa, pois esta é a décima tentativa... Nas outras nove anteriores, ela

percebeu meu movimento, e me deu uma chave de perna... Erm... Foi bom,

confesso! Mas quero conseguir fazer, dessa vez. Desde que Karla deixou de ser

uma camponesa, e se tornou uma habilidosa Gatuna, está cada vez mais difícil

surpreendê-la!

 

 

 

Após algum tempo, já tenho toda a bandeja

pronta, com suco de laranja, pão, manteiga, torradas, algumas flores a

adorná-la, queijo, e uns biscoitos que minha mãe fez. Como não eram muitos,

acrescentei alguns que peguei na Fábrica de Brinquedos, de Lutie. Com tudo

pronto, era só questão de conseguir entrar no quarto sem ser percebido, e

colocar a bandeja ao lado dela, e acordá-la com um beijo.

 

 

 

Repentinamente, meus instintos gritam alto, eu

pego uma faca e, sem olhar, atiro para trás, cravando-a na parede. Karla salta

assustada, desviando-se. Ela faz uma acrobacia, e retira a faca da parede,

girando o corpo de lado e arremessando de volta, com uma habilidade invejável.

Desvio com facilidade, entretanto. E a faca acaba cravada no batente da porta,

bem ao lado dos olhos assustados, e do cabelo arrepiado, de Julius, que veio

nos chamar, mas esqueceu de bater antes de entrar... O coitado, na mesma hora,

apenas pediu desculpas, e se virou, seguindo para sua casa, onde trocaria suas

roupas de baixo.”

 

 

 

- “Ah, amor... Logo hoje, que é tua

formatura, tu me estragas outra surpresa? Não podes, ao menos, fingir que

dormes, esposa Mercenária?” – “Disse-lhe eu, indo em direção à mesa, onde

depositei a bandeja, enquanto ela se sentava, vestindo apenas o lençol de nossa

cama, que ela fez questão de fingir ajeitar, quase mostrando seus seios, e me

dispensando um sorriso malicioso.

 

 

 

Mesmo ela sendo tão cruel comigo, eu lhe dei

um beijo tórrido, e cheio de paixão. E, sem que ela conseguisse perceber, eu

coloquei uma linda rosa vermelha em seu prato. Assim que nosso beijo se findou,

ela se surpreendeu com a rosa, ou pelo menos fingiu. Mesmo assim, alegrou-me

sua reação, e seu enorme sorriso. Gosto de ver seus olhos expressando felicidade.

Nada me faz mais feliz que isso.

 

 

 

E estávamos vivendo um período único, ainda

melhor do que quando éramos recém-casados. Alojados na casa de hóspedes da

fazenda, vivíamos uma lua-de-mel deliciosa. E toda a nossa família também

estava feliz, e se sentindo completa. Ao caminharmos pelos campos de flores,

podiamos ver os sorrisos nos rostos de cada um de nossos funcionários, além de

minha mãe, meu irmão e meus sogros. Era divertido ver meu sogro fumando um

proibido cachimbo de tabaco, enquanto se balançava na cadeira de balanço de meu

falecido pai, tendo a companhia de minha mãe e de minha sogra. Conversavam

alegremente, e bem animados. E não podiam nos ver, que já acenavam nervosamente

para nós, exigindo que fôssemos até eles. Por vezes, saíamos furtivos...

 

 

 

Karla, até há pouco tempo, estava em fase de

treinamento na Guilda de Mercenários de Comodo. Todos os dias, pela manhã bem

cedo, caminhávamos até Prontera, de onde ela seguia até Morroc, e dali para

Comodo, e para a Guilda. Eu não a acompanhava, a contra-gosto, pois ela me

exigiu que eu a deixasse ir sozinha. Não cansava de me lembrar que vivera sete

longos anos sozinha, e sobreviveu. Mesmo assim, eu a acompanhava furtivo, sem

que ela me percebesse. E ela realmente não me percebia, pois um Assassino é, e

sempre será, um Assassino... E não há ninguém que nos possa perceber! Ninguém

além de Caçadores, Sacerdotes, Monges, Bruxos, Sábios, Magos e Noviços, mesmo

assim com uma ajuda de algum animal, ou magia. Pensando bem, gente demais nos

percebe... Muito mais do que gostaríamos.

 

 

 

Entretanto, eu a deixava sozinha no momento

que ela entrava na guilda. Lá ela estava em segurança. E eu partia para locais

próximos, onde eu treinava minhas próprias habilidades. Afinal, não posso

relaxar, nem mesmo deixar que Karla se torne mais poderosa que eu. Sou eu quem

deve protegê-la, e não o contrário.

 

 

 

Muitos dias se passaram. Meses! Soube, até

mesmo, que meu primo Adrom foi graduado Monge, e deu uma enorme festa na Abadia

de Santa Capitolina. Pena não ter podido comparecer. Teria sido deveras

agradável participar de sua comemoração, ainda mais acompanhado de minha linda

esposa. Mas estou tranqüilo, pois sei que o encontrarei dentro em breve, e

poderei felicitá-lo apropriadamente. Ele, que já era poderoso, deve estar ainda

mais forte. Gostaria de medir forças com ele, ou lutar ao seu lado, e ver como

ele se sai em combate.

 

 

 

Finalmente, após alguns meses de treinamento,

Karla seria graduada. E, desta vez, ela fez questão que não só eu fosse junto, mas

toda a nossa família.

 

 

 

Foi uma cerimônia simples, e bem espontânea.

O líder da Guilda trouxe o novo traje de Karla, e lhe entregou uma Gladius.

Falou algumas coisas a respeito da honra e do comportamento dos Mercenários, e

indicou a ela um local onde se trocaria. Em poucos instantes, voltava ela,

orgulhosa, trajando suas meias arrastão, e seu capote vermelho, com plumas. A

princípio, fiquei estático. Não tinha noção que ela ficaria tão linda e sensual

nesses trajes. Mas, logo em seguida, notei que todos veriam isso, e não me

senti muito à vontade com aquelas roupinhas curtas que ela vestia... Mas bastou

um beijo seu, e um largo sorriso, para me devolver o deslumbre inicial.

 

 

 

Partimos, então, para comemorar da única

forma que guerreiros comemoram: lutando! Enquanto nossas famílias preparavam

uma grande festa na fazenda, eu e Karla rumamos para a boa e velha Vila Orc. De

certo que ali já não é um local que nos represente desafio algum. No entanto,

sempre é bom comemorar com algum desafio que valha à pena ser superado.

Ademais, não poderíamos nos afastar muito da fazenda, para não nos atrasarmos.

 

 

 

Dirigimo-nos para a área da Vila onde se

encontrava a elite guerreira dessa raça: os Grand Orcs, também conhecidos como

Orcs Azuis. Lá, pelo menos, nossas habilidades seriam postas à prova com um

pouco mais de dificuldade. E enfrentamos tantos deles, que nem mesmo podemos

contar, ou lembrar. Nós os dilacerávamos com nossas lâminas. Em homenagem à

Karla, eu estava me utilizando da técnica do manejo de duas adagas, enquanto

ela empunhava sua Damascus Glacial com extrema habilidade. Interessante como os

ferimentos causados por aquela Damascus não sangravam, pois deixavam uma camada

de gelo em seu lugar. E esses Orcs são especialmente sensíveis ao frio,

enquanto todos os outros são, como se diz por aí, ‘bichos da terra’.

 

 

 

Por vezes, protegi minha esposa de ser

ferida. Ela me repreendia, mas não tinha jeito! Eu simplesmente não consigo

vê-la sendo ferida. Dói em mim, e eu já estou acostumado a me ferir. Além do

mais, ainda sou mais forte que ela, e ainda esquivo melhor. Então posso

protegê-la! E isso me faz feliz, e ela sabe.

 

 

 

Incrível como uma camponesa, tão doce e

serena, pôde desenvolver tamanho espírito guerreiro. Os traumas que minha

esposa sofreu trouxeram uma mudança radical em sua essência, que a tornou essa

mulher corajosa e forte. E fico feliz que ela não tenha perdido seu jeito com

as plantas, e nem seu amor por cultivá-las. Mas suas atuais habilidades vêm me

impressionando a cada golpe desferido contra os inimigos.

 

 

 

Nós saímos algumas horas depois, cansados e

felizes. Ela já havia treinado algumas de suas habilidades, e estava muito

satisfeita com seu desempenho. Estávamos um pouco feridos, mas isso não abalava

em nada nossa confiança em nossas capacidades. E treinarmos juntos foi tão bom

e proveitoso, que decidimos que não lutaríamos mais separados. Nosso futuro nos

mostrava que nos tornaríamos verdadeiras máquinas de destruição!

 

 

 

Ao chegarmos à fazenda, depois de nos

limparmos e arrumarmos apropriadamente, fomos agraciados com a festa que nossa

família nos preparou. E aproveitamos bastante essa celebração. Sabíamos que,

dentro em pouco tempo, nós nos dedicaríamos a ficar em nossa casa, e a cultivar

nossa plantação, e uma vida pacífica. De certo que não deixaríamos de ajudar

Adrom. E, assim que ele descobrir quem é Vecná, eu terei o enorme prazer em

ajudá-lo a combater esse maldito.

 

 

 

Depois que a festa se findou, enquanto Karla,

minha mãe e minha sogra conversavam lá dentro, saí e sentei no telhado da sede

da fazenda. Permaneci a observar a lua, e uma sensação estranha me invadiu.

Olhei para o jardim ao lado, que costumava ser minha casa, e lembrei do ataque

que sofremos. Então minha mente se fechou, e meus olhos perderam o brilho. Eu

me tornara frio. E, assim, poderia pensar com mais clareza, sem as sensações

entorpecentes do amor. Logo, meus sentidos se aguçaram, e pude perceber o

ambiente ao meu redor. Notei, então, que estava sendo observado. Havia olhos

espreitando na floresta, a sudoeste da fazenda, na direção de Morroc.

 

 

 

Segurando pelos caibros, e atirando suas

pernas para cima, Karla subiu no telhado tão habilmente quanto eu. Sentia que

seu vestido atrapalhava um pouco seus movimentos. Então ela parou ao meu lado,

sem olhar para mim, mas fingindo olhar a lua, assim como eu. Então ouvi quando

sussurrou:”

 

 

 

- “Estão nos observando hoje novamente, não?”

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“There’s a chance you will be there

 

I’d like to know the truth

 

I will find it out somehow

 

Chances aren’t too strong...”

 

 

 

“Há uma chance de você estar por aí

 

Eu gostaria de saber a verdade

 

Eu vou descobri-la de alguma forma

 

Mas as chances não são muito fortes...”

 

 

 

“Mais um dia nasce em Rune-Midgard. Para

a maioria dos habitantes, é um dia feliz. Para mim, não. De fato, tenho sido

abatido por vários acontecimentos infelizes: o desaparecimento da minha amada

esposa é o que mais me abala, seguido pelo ocorrido com meu primo Plank. Por

fim, não se têm pistas, também, de Lin e Anabelle, e ainda estou completamente

sozinho, pois nem mesmo um clã possuo, por mais que tenha reingressado nos

Primus.

 

 

 

Todos celebram os presentes dos deuses, as

classes ancestrais que foram ressuscitadas ou reveladas, o renascimento de

Juno, e tantos outros acontecimentos. Eu, nesse meio, procuro me isolar. Sei

que há uma chance ínfima de reencontrar minha esposa, e é isso que me mantém

vivo. Então acabo me isolando dos demais habitantes dessa terra, pois não

consigo ficar nesse meio festivo.

 

 

 

O único lugar no qual tenho me sentido bem, e

próximo de Karla, é o rio de Geffen. Ultimamente, tenho ido freqüentemente

nadar lá. E, por mais inacreditável que seja, sinto-me, todas as vezes, observado

por ela, e isso reconforta meu coração. Nesses últimos tempos, é o que tem me

aliviado o coração. Não raro, chego a ter a nítida impressão de vê-la, em meio

às ruínas submersas, a me olhar. Claro que enxergo apenas um vulto turvo, e

fico eufórico com a sensação. E é essa a tolice de um coração esperançoso.

 

 

 

Tenho que descobrir onde ela está. Preciso

descobrir a verdade; saber se ela está viva, se ainda me ama... Por mais que eu

tenha passado todos esses anos sem a presença dela, não consigo viver sem minha

esposa. Sempre passei todo esse tempo com a esperança de tê-la em meus braços

novamente. E, depois da última vez que a tive, tenho a certeza que podemos,

ainda, ser felizes.

 

 

 

E, nadando neste rio, novamente vejo o vulto

em meio às ruínas submersas. Meu coração se enche de um sentimento sublime, e

me sinto mais aliviado. No entanto, desta vez me determino a chegar até ela.

Preciso descobrir a verdade! Então submerjo com todas as minhas forças, rumo ao

fundo deste rio, contra a correnteza, para chegar até ela. Em meus pulmões,

sinto o fôlego se esvaindo, mas não desisto, e continuo a descer. As chances

são muito pequenas, ainda assim aposto minha vida nelas. Quanto mais fundo eu

chego, mais vejo aquele vulto reagir euforicamente. Estou chegando perto, mas meu

ar já se acabou... Mas não vou voltar! Vou chegar até ela! Determino-me, mas

acabo desmaiando...

 

 

 

Acordo algum tempo depois, resgatado por uma

Aprendiz que passava pela ponte, e viu quando meu corpo ficou inerte, e começou

a afundar. Tal Aprendiz era deveras poderosa, igualando-se a mim em capacidades

físicas. Ela agiu rapidamente, e conseguiu me resgatar, antes que meus pulmões

se enchessem de água, e eu perdesse minha vida. Agradeci-lhe, e tentei

encontrar, novamente, o vulto que acho ser de Karla. Porém não havia mais nada

lá... Era a hora de, infelizmente, retornar à cidade. Nada mais poderia fazer,

senão lamentar.”

 

 

 

“A chance you will be there

 

Please, be there alone

 

Help me speak of love

 

Chances aren’t enough”

 

 

 

“Uma chance de você estar por aí

 

Por favor, esteja só

 

Ajude-me a falar de amor

 

As chances não são suficientes”

 

 

 

- “Minha

pequena criança... Eu preciso me ausentar deste refúgio, a fim de cumprir

alguns compromissos e promessas. Também devo restaurar a vida de alguém que é,

agora, procurado. Não te preocupes, pequena, pois meus filhos estarão aqui a

proteger-te, e fornecer-te-ão tudo quanto precisares.”

 

- “Obrigada,

senhor. Mas aquilo de que necessito está lá fora, e isso seus filhos não poderão

me dar.”

 

 

 

“E, com um sorriso gentil em seu divino

rosto, aquele ser desaparece. Continuo aqui, na verdadeira Geffenia, protegida

pela barreira mágica criada por ele. Quem vê de fora, acha que Geffenia não passa

de um monte de escombros soterrados, e submersos dentro do rio de Geffen. De

fato, boa parte da outrora gloriosa capital élfica fora realmente destruída.

Mas esta parte da cidade se manteve intacta, e protegida dos perigos pelo deus

elfo.

 

 

 

Corellon Larethian, é como ele diz se

chamar. Mas, aqui em Rune-Midgard, ele está adotando uma identidade

diferente... Aqui, ele está passando a ser conhecido como Frey. Os elfos que estão aqui descendem do mesmo mundo que Adrom

dizia ter nascido: Fâerün. São incrivelmente diferentes, em cultura e beleza,

do que os elfos de nossas lendas. Agora como eles vieram parar em nosso mundo é

o mistério que mais me intriga a respeito deles. Mas esse não é o assunto que mais

me interessa no momento. Não tanto quanto o homem que acabou de mergulhar no

rio sobre mim: meu marido Jeffrey!

 

 

 

Eu me aproximo da barreira mágica, e a toco.

Essa mesma cena tem se repetido quase todos os dias. Ele chega à beira do rio

com feições carrancudas, mergulha, nada, tenta alcançar Geffenia, e depois

volta com ares de quem se sente aliviado. Às vezes, eu sinto como se ele

pudesse me ver... Ah! Como eu desejo que ele possa me ver!

 

 

 

E, dessa vez, eu fiquei preocupada. Ele fez

a loucura de se esforçar além do que podia para tentar me alcançar. Agora acho

que ele me viu, pois tive a impressão de vê-lo pronunciar meu nome, enquanto

perdia seu último fôlego. Desesperei-me e gritei para que subisse à superfície,

mas ele é teimoso, e continuou afundando. Golpeei a barreira, tentando atravessá-la,

para tentar salvar meu marido, enquanto o via se afogar diante de meus olhos. Por

sorte, para a minha surpresa, uma Aprendiz o salvou da morte. Acho que os

deuses realmente olham por nós. Mesmo assim, isso me deixou desesperada!

Preciso ver meu marido fora dessa barreira! Preciso tê-lo!

 

 

 

Gostaria tanto de dizer a ele o quanto o

amo, de beijar seus lábios, de ser envolvida por seus braços fortes, de sentir

seu suor em minha pele, de ver seu semblante entorpecido de desejo. Mas as chances

não são suficientes... Como poderei eu sair daqui, e vê-lo? Como poderei eu

falar do meu amor? Dizer tudo aquilo pelo que passei nesses longos e sofridos

anos de engano? Como pude ser tão tola? Como não percebi tamanha mentira, digna

de Loki?

 

 

 

Mas não adianta chorar... Preciso achar um

meio de sair!”

 

 

 

“One’s too good to miss

 

Chances aren’t too strong

 

A chance is all there is!”

 

 

 

“Umas boas demais para se perder

 

As chances não são muito fortes

 

Uma chance é tudo que resta!”

 

 

 

“Procurei por toda Geffenia uma maneira de

sair, mas só encontrava a barreira mágica. Não havia falhas nesta, e se fazia

impossível achar uma saída. Estava quase desistindo, quando vi, do lado de

fora, uma capela intacta e lacrada. Deveria haver uma forma de chegar até ela,

e eu descobriria. É minha única chance, e eu não a perderei!

 

 

 

Procurei pelos prédios e construções alguma

que fosse tão antiga quanto aquela de fora. Após muitas horas, encontrei uma,

um tanto distante, que era bem semelhante, até mesmo em sua arquitetura.

Tratava-se de uma capela de Corellon. De certo que haveria algum sacerdote a

cuidar do lugar. Mesmo assim, arrisquei-me a adentrar o lugar. Utilizando-me de

minhas habilidades ladinas, invadi a pequena catedral, e esgueirei-me por

cantos escuros, desviando da atenção do clérigo que ali se encontrava. Pelo

fato de ser um elfo, meu cuidado é redobrado, para que ele não me perceba.

 

 

 

Após algum tempo de espera, ele se retirou,

e fechou a pesada porta. Estava, agora, livre para vasculhar a nave do templo,

em busca de uma esperança. E, por algum tempo, procurei por alçapões, ou

passagens secretas. Nada encontrava. E Corellon certamente me repreenderia por

tentar fugir de sua cidade. Já estava desesperada, por nada encontrar, e me

apoiei no púlpito, deixando meu peso sobre meus joelhos, e escorregando até o

chão. Mas, para a minha surpresa, o púlpito se moveu, abrindo espaço para uma

passagem escura. E não hesitei em adentrá-la, e seguir o túnel subterrâneo

euforicamente! Se os deuses realmente estão ao nosso favor, essa será a minha

saída!

 

 

 

Jeffrey... Por favor, espere por mim, meu

amor!”

 

Continua...

 

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”Era um dia calmo. Pelo menos, era o que eu pensava.

 

Na grande e divertida família, que era o Quinto Regimento da Ordem do Dragão, nós ainda não sabíamos de nada, e levávamos nossa missão adiante com alegria.

 

De fato, eu notava o olhar preocupado e estranho de Sir Tales Durden. Tentava conversar com ele, e oferecer minha ajuda, mas ele não se abria para mim. Talvez o Adrom pudesse ser mais eficiente como seu amigo, dada a confiança mútua que alimentavam. Mesmo assim, eu estranhava.

 

Sir Donnovan também não estava lá para muitos amigos. Via seu olhar distante e cerrado. Ele, por vezes, tentava manter o bom humor, mas falhava miseravelmente neste intento. Todos já percebiam. Mesmo assim, o chamado ‘5R’ parecia ignorar o clima à sua volta. Talvez por que preferíamos não pensar que tudo isso pudesse nos atingir... Tolo engano!

 

Dias antes, eu havia escutado sobre uma reunião com os Generais e Capitães da Ordem, no Palácio Imperial de Prontera. E, o que eu ouvi, do resultado da reunião, não fora nada animador. Algo estava para acontecer!

 

O dia ESTAVA calmo...”

 

- “Convoco todo o Regimento para estar presente no Lago das Valquírias! AGORA! ISSO É UMA ORDEM!”

 

”Eu jamais - eu disse JAMAIS – havia ouvido ou visto Sir Tales tão alterado. Ele era conhecido dentro da Ordem por sua calma e temperança (exceto pelo murro que ele dera em Gorah D’Morian). Sir Tales jamais perdia o controle e, até onde sei, não dava ORDENS aos companheiros de Regimento. Ele apenas pedia, assim como Sir Donnovan, e nós cumpríamos, por respeito e apreço a nossos líderes. No entanto, veio tal ordem.

 

Estranhei, mas cumpri. E qual não foi minha surpresa!”

 

- “DEVOLVA O MEU EMPERIUM AGORA, TEMUJIN! ELE LHE FOI DADO PARA QUE ABRISSE SEU REGIMENTO. SE ESTÁ DEIXANDO A ORDEM, DEVE DEVOLVER O MINERAL!”

- “NÃO VIAJA, LEAFAR! ESTE EMPERIUM NÃO ERA SEU. E, MESMO ASSIM, EU NÃO TENHO EMPERIUM. MESMO QUE TIVESSE, EU NÃO DARIA A VOCÊ! DEIXA DE SER NOOB! ‘MI DEVOLVI MEOW EMPEREOUM’!”

- “Leafar... Eu só acho que não tem nada a ver essa proibição de participar da Guerra do Emperium. Qual o problema?”

*Irado*- “O PROBLEMA É QUE EU NÃO QUERO! E QUEM FOR PEGO PARTICIPANDO DESSA MALDITA GUERRA, SERÁ EXPULSO! QUEM DISCORDAR DISSO, A PORTA É A SERVENTIA DA CASA!”

 

”Eu acho que nunca fiquei tão assustado com uma briga, como aquela. Eu sentia como se Leafar fosse desembainhar sua espada e lutar contra seus próprios companheiros de clã. Ao mesmo tempo, sentia que Temujin atiraria em Leafar com seu arco. O clima estava tenso demais, e os lados se confrontavam virilmente. E eu não sabia em qual lado estava, pois nem sabia o porquê de toda aquela briga. Para mim, tudo aquilo não tinha sentido algum.

 

Para piorar, acho que a última coisa que Lorde Leafar disse havia sido a mais infeliz. Era como se ele dissesse que éramos meros súditos sem importância para ele, e que deveríamos ser fantoches de sua vontade. Pelo menos, foi o que eu e muitos outros pensamos. E as conseqüências do que ele disse foram ouvidas em todo o Império de Tristan III...

 

Foi a cena mais triste, e mais inesperada, que eu poderia ver: muitos membros valorosos da Ordem retirando seus brasões e os atirando dentro do lago, aos pés de Lorde Leafar. À medida que os brasões afundavam, seus ex-donos viravam as costas e saíam friamente. Calculo que quase a metade, ou mais da metade, dos membros da Ordem se foi naquele instante. Que eu saiba, apenas o Quinto Regimento continuou inteiro, por força da nossa união, e por um pedido encarecido de Sir Tales e Sir Donnovan.

 

Naquele instante, porém, notei a amargura de nosso Dragão Dourado, e o ódio em seu coração. Por um instante, eu pude vislumbrar a sombra de Vecná oprimindo seu espírito. Mas ele não podia perceber, e não se dava conta, e nem mesmo ouvia quem lhe tentava alertar. Cheio de ódio, ele montou em seu Peco, e deixou o local sem dizer mais nada, abandonando os brasões no fundo do lago.

 

A partir de sua saída, vi alguns pegando os brasões, e alguns Generais já separando um Emperium para devolver a Leafar, enquanto nós do Quinto Regimento tentávamos entender e digerir o que havia ocorrido ali. E, nesse mesmo momento, a briga continuou, pois as opiniões diversas continuavam a serem mostradas. E aquilo prometia tomar um vulto ainda maior. Então, eu tentei intervir, querendo pacificar a situação, e acalmar meus companheiros. Mesmo assim, como eles fizeram muitíssima questão de frisar, eu nada sabia daquilo tudo. Segundo eles, eu só vira algumas fogueiras, mas não havia vislumbrado o incêndio inteiro; muito menos a chama que o havia iniciado.

 

Teimoso! É isso que eu sou: teimoso! E por quê? Por que eu cismei em continuar tentando suavizar a coisa para todos os lados, tanto o de Leafar, quanto o lado dos ‘dissidentes’. Afirmava que nós não sabíamos pelo que ele poderia estar passando. Talvez algo grave, ou triste, tivesse ocorrido com ele. Talvez algo o tivesse deixado fora de seu normal, e o tivesse impelido a agir daquela maneira. Mas foi aí que me disseram que essa situação vinha se prolongando, iniciada há bastante tempo. Pessoas de confiança, de ambos os lados, afirmaram a mesma coisa. Era uma unanimidade! E, então, eu me calei.

 

Algum tempo depois, o Quinto Regimento, que estava resoluto a se manter forte e atravessar a tempestade sem ser abalado, decidiu reunir-se, para que seus membros tomassem uma posição quanto ao futuro do Regimento. E, infelizmente, decidiram pelo fim.

 

Dias depois, meu brasão não tinha mais poder. E, de alguma forma misteriosa, ele havia desaparecido.

 E este foi o derradeiro momento de minha vida como um ‘Dragão’...”

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”As manhãs dos

Arredores de Prontera são sempre estranhas... Há sempre uma cerração

erguendo-se para formar belas nuvens, e o clima sempre fica um tanto frio. Essa

manhã, no entanto, após tamanha tempestade, não havia cerração. Havia apenas

folhas e galhos pelo chão, e até algumas árvores. Próximo a colinas, podia-se

ver barrancos inteiros que desceram como uma avalanche com a força das águas.

E, depois, viria-se a saber que alguns casebres de camponeses, e pequenas

vilas, teriam pago um alto preço.

 

 

 

Eu tento caminhar alheio a tudo

isso. Não quero me envolver na desgraça alheia, pois já tenho que cuidar de

resolver meus próprios problemas, que não são pequenos. Já se passaram muitos

anos... E, mesmo assim, ainda não consegui atravessar aquele maldito abismo.

Ainda não consegui obter mais pistas dela. Será que ela ainda vive? Eu rezo a

Corellon e Odin todo dia nesse sentido! Que eles ouçam minhas preces!

 

 

 

Eu paro diante de um rio. Estou

seguindo o caminho mais longo para Geffen, mas quem se importa? Preciso

refletir, e lembrar detalhadamente tudo o que aconteceu. Talvez haja alguma

coisa que eu não tenha dado importância. Algum detalhe especial que me faça

descobrir a verdade!

 

 

 

E como tudo se deu? Foi tudo

rápido e inesperado demais. Jamais imaginaríamos que algo daquela magnitude

pudesse acontecer! Mas aconteceu...

 

 

 

Foi pouco depois que Adrom deixou

nossas terras. Alguns dias se passaram, e nós já havíamos retomado nossos

afazeres. Karla cuidava da plantação e, para nossa surpresa, muito dela estava a

salvo. Karla estava feliz com isso, e eu com a felicidade de minha amada

esposa. Nós começamos a tentar gerar um filho... Como se isso não fosse um

grande prazer! [/mal]

 

 

 

Enquanto Karla cuidava da

plantação, eu ficava na varanda, paquerando-a, como de costume, e trabalhando

com as questões administrativas, e me desdobrando para retirar algum lucro de

todo aquele prejuízo. Mas, que me perdoem os deuses, eu amaldiçôo todos os

malditos Mercadores, que inventaram essa coisa de comércio e números!!!

 

 

 

Os dias se passavam tranqüilos, e

não havia preocupação outra que a recuperação de nossa colheita, e a geração de

nosso filho. A bem da verdade, os esforços para a geração de nosso ‘pimpolho’

estavam, digamos, mais... INTENSIVA... [/mal]

 

 

 

Cada momento, com Karla, era como

vagar por entre as nuvens, bebendo do néctar dos deuses, e recebendo a maior

graça que estes poderiam conceder a um mortal. Acho que até os Æsires me

invejavam! E eu não me importava nem um pouco, contanto que tivesse a

oportunidade de tocar, com meus lábios, aqueles doces e cálidos lábios,

sentindo aquela fragrância maravilhosa que sua pele exalava, e sentindo o toque

suave de suas mãos sobre meu corpo suado. Ela me olhava com extremo desejo,

enquanto se contorcia sobre nosso leito a cada toque e nuance que eu lhe

prestava. Sua tez, levemente umedecida pelo suor, possuía um gosto único,

indescritível.

 

 

 

Karla era uma mulher fantástica!

Ela tinha um coração repleto de compaixão e carinho. Jamais conheci pessoa tão

doce quanto ela. E eu me diverti muito, quando percebi que ela, toda vez que

seus dedos escorregavam pelos ferimentos que o granizo da tempestade me deixou,

entrava num certo desespero e começava a fazer de tudo que pudesse me agradar,

numa tentativa de compensar meu sacrifício. A primeira vez que ela fez, eu

apenas aproveitei, sem entender direito o porquê de todo aquele desespero. Depois,

fui percebendo o padrão.

 

 

 

Quando tive a certeza dos

motivos, comecei a rir. Gargalhei em nosso leito, e ela começou a rir,

perguntando qual era a graça. E eu apenas disse a ela, com um sorriso

satisfeito e amoroso no rosto, que ela era a maior graça que eu havia recebido

da vida, e que a simples presença dela em minha vida já me era paga suficiente

por qualquer sacrifício meu. Aliás, nada que eu fizesse seria paga suficiente

para compensar aquele amor maravilhoso que ela nutria por mim, e que ela me

dispensava todos os dias.

 

 

 

Não imaginávamos o que se passava

lá fora, durante as noites. Nem queríamos imaginar! Tínhamos coisas muito

melhores para nos preocupar! O que se passava lá fora não era nem a menor de

nossas preocupações. Mas, se eu tivesse sido mais precavido e cauteloso, como o

Adrom, jamais teria acontecido o que aconteceu. E o que aconteceu?

 

 

 

Noite após noite, nós ouvíamos

estranhos ruídos, cada vez mais próximos de nossa casa. Não dávamos

importância. Até que, numa noite, ouvi barulho de passos fora da casa, como se

alguém pesado estivesse correndo. Nosso lobo uivava e latia freneticamente,

coisa que não era de seu feitio. Levantei-me e, apenas com as roupas de baixo,

mesmo, eu corri e, sacando minha Stilleto da parede, corri para fora. Nada vi,

no escuro da noite, e apenas olhei à volta da casa, mas nada encontrava.

 

 

 

Durante três noites seguidas,

isso se repetiu. Toda noite eu saía, e até Julius e Armand já faziam vigília,

para tentar flagrar o invasor. Já pensávamos que poderia ser algum espírito,

talvez de meu pai, ou algum Assassino. Porém, Assassinos se movem sem produzir

ruído... São cautelosos demais para isso. Se fosse alguém, seria um Cavaleiro,

ou Ferreiro. Ouvíamos os barulhos, mas nada conseguíamos ver.

 

 

 

Tivemos, então, a seguir, um

tempo de paz. Acabamos voltando à velha rotina, por mais que eu ainda

continuasse preocupado, visto que passamos por tudo aquilo, e nada havia sido

roubado. O máximo que havia ficado, como prova, eram algumas pegadas grandes e

pesadas. Karla ainda estava assustada, mas com a paz restaurada, já se mostrava

mais tranqüila. Além do mais, eu sabia muito bem como acalmá-la. Era só

abraçá-la com carinho, envolvendo-a totalmente em meus braços, deixando que ela

recostasse sua cabeça em meu peito. Dessa forma, para ela, era como se não

existisse perigo algum.

 

 

 

Nossas noites voltaram a ser

cálidas e cheias de uma sublime luxúria, repleta do mais puro amor que fluía de

nós. Todas as noites, quando nos encontrávamos exaustos, adormecíamos somente

depois de ficarmos nos olhando nos olhos, e nos admirando, deitados em nosso

leito, sem pronunciar uma palavra sequer. Quando o sono vinha, eu acariciava

seu rosto com as pontas de meus dedos, e beijava-lhe suavemente a testa. Ela,

então, deitava sua cabeça em meu peito, e dormíamos.

 

 

 

Todos os momentos que passei com

Karla, desde que a conheci, se fizeram maravilhosos. Nossa lua-de-mel fora

memorável. No entanto, essas noites eram deveras especiais. Noites das quais eu

jamais me esqueceria. E, como forma de agradecer a ela pelas noites

maravilhosas que ela me proporcionava, eu a acordava, toda manhã, com um belo

desjejum, servido por mim em nosso leito, acompanhado de uma flor. Eu escolhia

a flor dependendo de seu significado, de forma que combinasse com alguma

virtude dela, ou com algum momento especial da noite anterior. E não havia paga

maior, em toda Midgard,

do que aquele belo e alvo sorriso. A felicidade dela me fazia exultante!

 

 

 

Certo dia, então, como de

costume, eu a paquerava da varanda, enquanto fazia aquelas malditas contas. Ela

espalhava seu carinho por entre as flores, e se destacava em beleza. Por várias

vezes, pensei em contratar um retratista para pintar a cena. Seria um quadro

único, e de valor inestimável! E, fazendo minhas contas, vi que seria possível.

Então, eu o fiz!

 

 

 

O artista cobrou seu preço, mas

ele era um dos maiores gênios da pintura em Midgard. Até onde acompanhei a

pintura, estava valendo cada Zeny. Em pouco tempo, o quadro estava ficando

pronto. A riqueza de detalhes era imensa. Primeiro, ele pintou as flores e a

paisagem de fundo. Depois, ele passou a retratar vários detalhes. Por fim, era

a vez de Karla ser inserida no contexto. E ela estava profundamente acanhada.

Mesmo assim, vestiu seu melhor vestido e maquiou-se com esmero. Estava

especialmente bela, e sua beleza prometia ser eternizada naquela obra. Minha

mãe acompanhava com entusiasmo, e os empregados sorriam ao ver minhas feições

de tolo apaixonado.

 

 

 

Porém, neste mesmo dia, Karla

sentiu um mal estar, e teve de sair correndo para dentro de casa. Minha mãe foi

acudi-la, não deixando que eu fosse atrás. A princípio, não entendi. Mas,

depois, veio a grande notícia: Karla estava grávida! Eu seria pai! E, em

resultado disso, voei no pescoço do pintor, derrubando-o ao chão, berrando de

felicidade que eu seria pai! E, naquele dia, eu ainda derrubaria Julius, Armand

e Nicolas. [/heh]

 

 

 

Celebramos com um grande banquete

naquela noite. Ainda mais porque o grande retratista Mikkäellangeli havia

terminado o retrato de Karla. Não era à toa que o chamavam de gênio! Ele

conseguiu realmente eternizar a beleza de minha amada. E aquele retrato era

ainda mais especial, pois fora terminado no dia em que minha amada deusa

gerava, dentro de si, um filho meu.

 

 

 

O banquete contou com a presença

de toda a família. Os pais de Adrom – ou, pelo menos, do falecido Häggen - , os

pais de Eclypso, além de Cecrope. Até Sho Lee Ho veio. Por coincidência, Adrom

e Eclypso estavam em Prontera, e acabaram comparecendo, também, para me dar

felicitações. Eclypso, agora um poderoso Assassino, ficava me olhando com um

olhar acusador. Eu já sabia o que ele queria dizer. Mas, mesmo assim, ele me

disse...”

 

 

 

- “Jeffrey, Jeffrey... Era para

você ser um Assassino, como eu.”

 

 

 

”Eu gargalhei! Nada

me faria triste, nesse dia. No entanto, havia algo de estranho com Adrom. Ele

estava encarando o retrato de Karla com uma atenção e seriedade peculiar. Não

era como se admirasse a obra, mas como se visse algo de ruim, ou errado nela.

Quando parei a seu lado, e perguntei o que lhe incomodava, ele olhou com um

olhar preocupado, para mim.”

 

 

 

- “Quantos dias esta

obra levou para ser completada, Jeff?”

 

- “Alguns. Por

que?”

 

- “Então estás sendo

observado há dias! Olhe ali.”

 

 

 

"Adrom me apontou um

canto do cenário de fundo, que ficava voltado para os lados da Vila Goblin.

Atrás de uma árvore, o próprio Mikkäellangeli captou um vulto meio grotesco,

mas que parecia ser carregado de um grande mal. Tal fato preocupou a mim e a

Adrom. E não quisemos alardear ninguém. Poderia ser coincidência, e Adrom

prometeu-me vasculhar aquela região com Eclypso, no dia seguinte. E, neste dia

seguinte, para nossa tranqüilidade, mesmo os sentidos apurados de Adrom nada

encontraram, e pudemos ficar tranqüilos.

 

 

 

Agora era eu quem dispensava um

tratamento carinhoso às plantas, mesmo sem ter muito jeito com elas, enquanto

Karla me paquerava da varanda. Ela nem estava com barriga, ainda, mas eu a

tratava como se ela fosse uma boneca de porcelana, e não queria que ela fizesse

nenhuma espécie de esforço. Por mais que minha mãe dissesse que ela poderia

cuidar da plantação por vários meses, ainda, eu fazia questão de fazer o

trabalho dela, e o meu. E, realmente, demandava muita paciência para tal.

 

 

 

E, então, numa certa noite, eu e Karla,

exaustos, nos olhávamos nos olhos, esperando o sono nos capturar, quando

ouvimos um som forte em nosso telhado. Pulei da cama assustado, e Karla ficou

extremamente amedrontada. Vesti uma roupa rapidamente, e saquei novamente minha

Stilleto. Quando pus os pés para fora da varanda, uma corda veio de cima desta

e envolveu meu pescoço, puxando-me violentamente para o telhado. Por reflexo,

eu havia posto minha mão junto ao pescoço, e isso impediu que eu fosse

enforcado. Caí sobre o telhado da varanda e pude vislumbrar meu algoz: um Orc!

Mas não era um Orc comum...”

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”E ela levantou

aquela Gladius com toda a sua força, mesmo com lágrimas nos olhos, e com a

mente totalmente confusa. Ela realmente desejou retirar minha vida. Então que

assim fosse. Eu já estava cansado mesmo dessa busca. Minha vida pertence a essa

mulher. Se ela a quer retirar de mim, então que o faça. Prefiro morrer ao lado

dela, do que viver sem ela, sofrendo o tanto que sofri nesses longos anos de

busca, e ainda tendo a decepção de encontrá-la servindo a Vecná, e agindo dessa

maneira. Que eu morra em seus braços!

 

 

 

Foram tantos os momentos que

passamos aqui, juntos. Os momentos mais felizes da minha sofrida vida foram

nessa fazenda, ao lado dela. Karla sempre foi tudo o que eu sempre desejei numa

mulher. Ela reúne todas as melhores qualidades que eu sempre admirei nas

mulheres, além de ser a detentora de uma beleza sem igual. E, por isso, sempre

me considerei o homem mais feliz e sortudo de Rune-Midgard! E muitos outros me

invejavam por isso. Camponeses que me olhavam com olhos de ira. No fundo de

seus olhos, podia-se ver a face de Vecná estampada, ganhando poder através das

intrigas e segredos que essas pessoas faziam, desejando meu mal.

 

 

 

Eu nunca havia contado à Karla,

para nunca preocupá-la, mas eu cansei de esmurrar alguns invejosos, que me

vinham tentar sujar a imagem de Karla, ou tentavam me empurrar alguma mulher,

na tentativa de me fazer perder minha esposa. E quantos não tentaram me

matar?!? Só que os idiotas sempre esqueciam que eu era um Gatuno, antes de ser

um camponês. Certa vez, cometeram a ousadia de contratar um Assassino para me

matar. Advinha quem contrataram?!? Eclypso! Ele aceitou, só para pegar o

dinheiro, e depois me ajudar a dar uma boa lição nos malditos. Depois ele jogou

as moedas na cara de cada um deles. Justiça foi feita, do jeitinho que o Adrom

adoraria ver. Precisava ver o medo estampado nos rostos daqueles imbecis...

 

 

 

Eu sempre chegava, dessas incursões,

com um sorriso sarcástico no rosto. Karla já sabia que eu havia aprontado

alguma, e que tinha a ver com ‘coisas do Adrom’, como ela dizia. Sempre que eu

dava uma surra num mau elemento, ou coisa que o valha, eu contava por alto para

ela, e ela se divertia com minha empolgação em ‘fazer justiça’. Depois disso,

ela me acolhia em seu seio, e me acariciava os cabelos, num afago gostoso e

suave, dizendo-me que eu era seu herói. Nada mais agradável de se escutar após

salvar alguém, ou após aplicar uma bela punição num imbecil qualquer!

 

 

 

Pois bem... Agora o punido sou

eu, pelo crime de ajudar meu primo a fazer Justiça, por amar minha esposa e

sofrer por ela, por ter sido um Assassino generoso e cordial. Sei que cometi

alguns erros pelo caminho, mas quem não comete erros?!?

 

 

 

A Gladius está descendo em direção

ao meu pescoço. Vejo minha mãe gritando e vindo correndo. Ela e Nicolas. Os

pais de Karla estão com uma expressão de choque, estarrecidos com a cena que

assistem. Sua filha jamais fora capaz de fazer mal a ninguém. Era uma mulher de

pura doçura, amor e gentileza. Mas eu não me importo. Até viro mais o pescoço,

para que ela acerte em cheio, e arranque minha cabeça num golpe só. Assim será

menos doloroso para mim, e também para ela. Não sei o que será depois disso. E

também não importa mais...”

 

 

 

- “DETENHA-TE,

SERVA DE VECNÁ!” – ”Gritou meu primo Adrom, ainda

surgindo de um Teleporte seu. Mal havia se materializado, e já lançara sua

Maça-Espada com precisão, acertando a Gladius, impedindo seu curso de morte,

rumo ao meu pescoço, e fazendo-a parar bem longe das mãos de minha amada. Em

seguida, ele veio furioso, como um raio, com seu punho poderoso preparado para

nocautear minha deusa. Mas encontrou a resistência de meu braço, e meus

reflexos. Defendi seu golpe, desviando-o, evitando que acertasse a tez macia de

Karla. Então, segurando-o pelo braço, fitei seus olhos, olhando através

daqueles Óculos Escuros que ele insistia em usar, para ocultar o dourado de sua

íris.”

 

 

 

- “O que pensas que estás

fazendo, Adrom?!? Ela é a dona da minha vida. Se Karla deseja a minha morte,

que ela o faça!”

 

- “Perdeste

completamente a sanidade, Jeffrey?!? Ela não domina suas próprias ações! Está

sob domínio de Vecná, e precisa ser detida.”

 

- “Ninguém irá

feri-la mais do que eu já o fiz. Karla é minha esposa, Adrom. Ninguém tocará

num só fio de cabelo dela, nem mesmo tu. Eu a estou mostrando a verdade, mas

através do amor que tenho por ela. Se, para que ela veja a verdade, eu tenho

que morrer, que assim seja. Assim ela verá que meu amor por ela é real e

intenso, ao ponto de eu dar minha vida para salvar a dela.”

 

 

 

“Nesse momento, Karla estava estática,

sem reação, e as palavras que eu disse, e a atitude que eu tomei, ao enfrentar

Adrom por ela, a lembraram da tempestade, de quando me atirei em cima dela,

atirando-a ao chão. Em sua mente, ela via novamente aquela cena, e sentia a dor

que sentiu quando seu corpo delicado encontrou o solo, e foi ainda mais

machucado pela queda do meu corpo sobre o dela. Lembrou-se do sentimento de

raiva e confusão que se apossaram dela naquele momento, e do quanto ela queria

me bater por eu tê-la impedido de proteger sua amada plantação. Mas, logo em

seguida, veio o granizo, derrubando – impiedosamente – inúmeras pedras de gelo,

que foram ferindo meu corpo, e derramando meu sangue. Só então ela havia

percebido que eu estava sacrificando minha vida pela dela, para que ela não se

ferisse. Só então ela percebeu que, às vezes, eu poderia causar pequenos

ferimentos nela, mas na intenção de protegê-la de algo pior. De seus olhos, lágrimas

amargas caíram, e ela proferiu um grito de dor. Era um pranto doloroso, que

qualquer um poderia sentir sua dor. E, ouvindo isso, esqueci de Adrom, e abracei

minha amada, preocupado. Ela não demonstrava agressividade, mas parecia se

entregar ao meu abraço, novamente.

 

 

 

Tamanha felicidade eu não poderia

mais conter. E acabei pranteando de felicidade, com ela. Encostei minha face na

dela, e ficamos a nos olhar nos olhos, com lágrimas saindo em larga profusão.

Ela com seu pranto dolorido, e eu com meu pranto de sete longos anos de buscas

e sofrimento finalmente compensados. Eu sorria ternamente, apesar das lágrimas,

e ela se doía mais. Meu coração parecia querer saltar pela boca, e eu acabei

lhe dispensando um terno beijo em seus lábios. Ela o correspondeu timidamente,

como se estivesse com medo de que aquilo tudo fosse irreal, ou como quem tem

vergonha do que fez. Mesmo assim, ela ainda tem o mesmo maravilhoso sabor, e

seu beijo ainda é tudo aquilo que eu mais desejaria na vida.

 

 

 

No entanto, Adrom estava vendo o

que eu não via. Ele percebeu a presença e a influência de Vecná sobre ela, e

resolveu tomar providências drásticas. Usando sua energia espiritual, através

do seu Dom da Revelação, Adrom capturou a esfera da revelação, e a usou para

golpear a cabeça de Karla, atirando a esfera com toda a sua força contra ela. E

a esfera pareceu explodir. A energia irradiada me afastou de minha esposa,

enquanto ela quase caiu nocauteada. Seus pais, ao verem isso, pareciam ter

acordado do estado de choque em que se encontravam, e correram na direção dela,

preocupados. Eu me levantei furioso, e me atirei sobre Adrom, combatendo-o

impetuosamente. Adrom é ainda um Noviço, apenas, e eu já sou um poderoso

Assassino. Ele tem poucas chances contra mim em combate corpo-a-corpo.

 

 

 

Karla, então, abriu seus olhos, e

o golpe do Adrom surtiu efeito. Sua visão turva e embaçada foi revelando, aos

poucos, que o cenário à sua volta não era o deserto, e que os indivíduos, ali,

não eram mortos-vivos, mas eram seus pais, Nicolas e minha mãe. Ela pôde ver

Armand e Julius, também. Todos a olhavam preocupados e assustados. Ela viu sua

amada plantação, e me viu lutar contra Adrom. Ao olhar para trás, viu o local

onde era nossa casa, agora transformada em um lindo jardim – em sua homenagem -

, após ter sido queimada na noite fatídica, quando ela fora raptada. E, ao

olhar o local da casa, em sua mente, ela viu a casa em chamas, e Vecná rindo de

nós dois, e me aplicando um forte murro. Então ela lembrou quem estava à frente

do ataque a nós dois, lembrou quem era Adrom, e qual era a verdade de tudo

aquilo.

 

 

 

- “PAAAAAREEEEEMMMM!!!”

 

 

 

”Eu e Adrom ficamos

estáticos, paralizados pelo grito de Karla. Ela nos estava olhando com olhos

ainda cheios de lágrimas, mas já repletos daquele olhar gentil e cheio de amor.

Aquela, sim, era a minha Karla! E ela estava de volta, finalmente!

 

 

 

Na mesma hora, todos fomos até

ela, e a cercamos. Estávamos felizes por sua volta, e a abraçamos. E ela me

agarrou com força, como quem não quisesse soltar nunca mais! Acho que vou virar

camponês de novo...”

 

 

 

- “HUHAUHAUHAUHAUHAUHAHAUHAUHAUAHAUHA!1!111!!!11!!”

 

- “Não tão fácil, humano!”

 

 

 

Continua...

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Hehehehehehe!!! [/heh]Apesar de q o Jeff viu mais utilidade em vender as cartas. A ganância falou mais alto... [/:p]  E, depois de estar rico, para quê se importar com qualquer coisa?!? Só sombra e água fresca!!! [/heh] Quanto ao Peco, creio q tenha sido outro culpado q o tenha feito! ^^  Até pq, se fosse o Jeff, teria posto uma cabeça de Picky, q é mais fácil d matar... [/:p]  Espero q estejam curtindo. Boa parte do que vem pela frente, tanto aki, quanto na fic do Adrom, serão fatos transcritos de RPs ocorridos ingame. A estória apresentada, até agora, em sua maioria, foi apenas conteúdo inventado para completar fatos ocorridos ingame, da evolução do char, mas sem ter quase nenhum RP (A exceção da fase em q o Jeff era dos Dragões). Haverá, em breve, muitos RPs transcritos, e q estão muito interessantes! ^^ Abraço! [/ok] 

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Meu caro Adrom, lembro-me de ter dito algumas vezes o quão primorosas suas obras são, mas desta vez tu superaste todas as expectativas. (É.. Ler tuas postagens ajudou a aumentar meu vocabulário. De volta ao modo Pdrk de ser...)

Adrom, eu vou ser franco contigo. Sua história estava muito boa. Estava indo muito bem, até que você postou esse capítulo. E de repente deixou de ser muito boa. Deixou de ser boa para se tornar excelente. Pura e simplesmente excelente.

É fato que você, por diversos fatores além da minha compreensão (Será?), atrasa a sua história por semanas, ou até mesmo meses. Mas, se for pra escolher entre ler postagens freqüentes e malfeitas ou postagens esparsas e primorosamente construídas, fico com a segunda escolha.

Aguardo mais capítulos. Leve o tempo que achar necessário.

De seu fã e amigo,

.Pdrk.

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Adorei a leitura, mas pensei que pela fic ser antiga ela teria um fim =/ estou lendo ela quase 2 anos após o último capitulo que postou.A estória é bem envolvente, muito bom de ler, só não gostei que o Protagonista passava muito tempo chorrando pela sua amada, as vezes era meio capítulo e mesmo 7 anos depois parece que esse sentimento não amadureceu, por vezes pulei essas partes ao ler.Mas nota 10 ótima fic, pena que não teve um fim, foi a melhor que li até agora.

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“Vez por outra, eu volto aqui. A bem da verdade, por mais amaldiçoado, fedorento, sujo e inóspito que seja esse lugar, eu gosto dele! Isso mesmo!!! Eu gosto dessa caverna maldita!

 

Esta caverna foi lar de inúmeras batalhas... E ainda o é! Notando a forma como passo pelos inimigos facilmente, como meu Katar atravessa sua carne apodrecida, cortando-a como água, dilacerando a já castigada carne dos mortos. Minhas vindas aqui, agora, são como um passeio! Mas nem sempre foi assim...

 

O começo do meu treinamento, junto com Eclypso, nesta mesma caverna, foi complicado. Nós ainda éramos muito inexperientes e evoluímos, a princípio, sem saber no que nos especializarmos. A cada avanço nosso, feriamo-nos tanto, que passávamos dias a fio nos recuperando de nossos ferimentos. Por vezes, tentávamos e, às vezes, conseguíamos nos aliar a algum Noviço. Mas era raro! A maior parte do tempo, combatíamos as forças do mal a sós, valendo-nos da ajuda um do outro.

 

Foram dias duros e cruéis, dos quais muito me orgulho, pois foram estes que me propiciaram ser quem e o que sou agora. Se sou forte e poderoso, hoje, eu devo a este período que passei aqui, e a esta caverna e suas criaturas. Ouso, até mesmo, afirmar que a maioria dos heróis deve sua força ao treinamento aqui.

 

Treinamos tanto tempo nesses túneis fétidos, que perdi a conta dos dias, até semanas, investidas em treinamento intensivo. O resultado era uma coleção invejável de cicatrizes de batalha, que, quando tínhamos a oportunidade, era apagada por alguma Noviça caridosa.

 

Sempre tive um senso de humor sarcástico. Eclypso também o tinha, mas era mais puxado para o humor negro, dada sua tendência à crueldade. Mas, com nosso convívio, sentia que essa tendência era, ao menos, diminuída. Conversávamos e fazíamos piada de tudo, até mesmo de nossa desgraça. As pessoas não entendiam o que dois Gatunos faziam rindo tanto. Achávamos graça até mesmo disso!

 Investimos meses de treinamento nesse local. A partir dele, nós crescemos o suficiente para galgar outros degraus maiores. Mas eu não acompanharia Eclypso à Vila Orc... Depois de Payon, minha vida não foi mais a mesma, pois foi após esse treinamento na caverna, nesse período, que eu a conheci. E, depois dela, a vida de nenhum mortal poderia ser a mesma!”

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”É engraçado dizer que vou recuperar o que perdi. E é engraçado exatamente por eu não ter idéia de por onde começar... A bem da verdade, já comecei há bastante tempo, já consegui alguma informação, mas toda a investigação travou no ponto onde parece que há uma muralha intransponível, ou um abismo profundo, o qual também não consigo atravessar. E eu me pergunto o que poderia ter acontecido, mas não obtenho resposta. Será que Odin ou Corellon me responderiam? Já lhes perguntei, também, mas acho que eles não querem me dizer nada. Talvez não tenham boas notícias para me dar! Sei lá...

 

Saí de perto da Guilda. Este lugar me dá nos nervos. Calor demais, Arenosos demais, Hodes demais! Resolvi, então, partir para um lugar mais acolhedor e agradável: Geffen! Meu treinamento para Assassino foi completado lá, enfrentando Esporos Venenosos. No entanto, era hora de ir mais fundo. Era hora de caçar Sussurros, Pesadelos, Jakks e Marionetes. Seria o ideal para conseguir achar a Carta do Sussurro, que me permitiria ter a esquiva de uma aparição. E isso é algo que todo Assassino almeja. Eu não poderia ser diferente, não?

 

No caminho para Geffen, já saindo daquele maldito deserto de Sograt, eu me deparei com um clima tempestuoso se armando nos céus. Sinal de que eu deveria me apressar, para conseguir abrigo na Taverna do senhor Chaotiz. Lá, em Prontera, certamente estaria seguro e confortável. Após a tempestade, eu seguiria meu caminho para Geffen.

 

Entretanto, para meu infortúnio, os céus resolveram se apressar mais que eu, e despejaram toda a sua tristeza sobre Midgard, castigando o Reino com a fúria de uma grande tempestade. Tentei ajeitar meu Sakkat, mas ele estava, inclusive, atrasando meu caminho, pois o vento forte o queria levar embora. Tive de guardá-lo dentro de minha mochila, para que o vento não o carregasse. Fui andando sob a forte chuva, recitando preces a Odin, para que Thor não me atingisse com seus raios.

 

Mas o mais curioso dessa tempestade é que eu só havia visto uma tão forte assim há uns quase dez anos atrás... E foi uma ocasião conturbada.

 

Estávamos na alta temporada das flores e hortaliças. Karla estava animada, pois a colheita estava perfeita, e nos geraria um lucro muito bem-vindo! Estávamos casados há uns dois anos, e nós já começávamos a pensar em criar um ‘Jeffreyzinho’, ou uma ‘Karlinha’! Tudo estava indo bem, e a paz e o amor reinavam em meu lar! Até que veio a tempestade.

 

O dia já havia amanhecido estranho, e Karla já cobria a plantação, suavemente, com um tipo de apetrecho feito em madeira e tecido. Os serviçais a ajudavam, e, em meia manhã de trabalho, todas as flores e hortaliças estavam protegidas. O carinho com o qual Karla tratava aquelas plantas as fazia crescer belas e frondosas! Quando ela irrigava a plantação, fazia-o com o cuidado de não ferir nenhuma flor. Portanto, sua preocupação com as fortes chuvas era justificada. Eu, em meio a cálculos e assuntos administrativos da fazenda, a observava de longe. Vez por outra, eu a flagrava a me paquerar... Vez por outra, ela que me flagrava!

 

Após almoçarmos juntos, no momento em que descansávamos, os relâmpagos começaram. Estavam fortes, e isso era sinal de uma chuva bem forte, o que aumentava ainda mais a preocupação de Karla, que começou a levar os serviçais para o meio da plantação, a mandar que pusessem escoras na armação, para que não fosse levada, e um tipo de mastro levantando o tecido, para que não acumulasse água demais, e não comprometesse a estrutura. Ela fazia tudo de forma minuciosa.

 

Mas, de repente, senti algo muito estranho. Uma sensação horrível, como se um mal terrível estivesse acontecendo. Como se algo terrível fosse acontecer.

 

Ao cair da tarde, a chuva começou a cair, e Karla ainda estava a orientar os serviçais. Mas vi, ao longe, o céu desabando em água na direção da Vila Orc. Logo, toda aquela terrível tempestade chegaria à fazenda. Então saí correndo, para tirar aquela deusa maravilhosa da plantação, pois eu não queria deixar que aquela chuva a castigasse. Era perigoso ficar ali.”

 

- “Karla... Amor... Vamos! A tempestade já deve estar atravessando a Vila dos Goblins. Chegará aqui logo! Vamos para dentro, deusa minha! Já fizeste tudo que podias.”

- “Não, lindo, ainda tem algumas barracas que não estão escoradas. Precisamos terminar, senão perderemos aquelas plantas!”

- “Amor meu... Olha ali! Olha! Já está chegando. Se não corrermos agora, seremos pegos pela tempestade.”

- “Não! Ainda dá tempo! Julius... Armand... Preguem essas escoras! Rápido, por favor!”

- “Sim, senhora Punder!”

 

”Eu já estava vendo o resultado disso. Ela era teimosa demais! Mas eu compreendia. Aquela plantação era o trabalho dela. Havia muita dedicação e carinho ali. E ela não queria que isso fosse estragado. Eu apenas sorri, e olhei para a tempestade vindo. Foi quando me dei conta do que estava caindo: não era chuva, apenas, era granizo! Pedras de gelo caíam violentamente, arrasando tudo, e eu jamais permitiria que Karla fosse alvejada por alguma destas.

 

- “JULIUS E ARMAND, CORRAM! KARLA! CORRA AGORA PARA CASA!”

- “NÃO! AINDA NÃO TERMINAMOS! VAMOS! CONTINUEM!”

 

”Julius e Armand haviam percebido a gravidade da coisa, e partiram correndo o mais que podiam. Karla permaneceu a gritar, e foi até as escoras, para tentar terminar de pregá-las. Eu vi as pedras caindo atrás de mim, e não tive tempo de pensar. Corri e me atirei sobre Karla, que caiu ao chão. Seu corpo menor que o meu, ficou protegido sob mim. Ela ficou assustada, e seus olhos se arregalaram ainda mais quando ela viu as pedras caindo sobre nós. E doeu bastante! Mas eu jamais deixaria minha doce Karla se ferir.”

 

- “AMOR! O que estás fazendo? Vamos correr daqui? Estás te... Estás te machucando todo por minha causa...”

- “Não te... *Ai* Preocupes! Não vou deixar que... *Au* te machuques!”

 

“Infelizmente, a cena não poderia ser pior. Todo o trabalho que ela, Julius e Armand tiveram, a fim de proteger a plantação, estava condenado. As estruturas foram sendo rasgadas, e o vento se encarregava de quebrar e arrastar outras. Karla começou a chorar, desesperada. Meu coração doía mais que minhas costas, ao ver todo aquele trabalho sendo destruído. Ela sussurrava uma prece a Odin, pedindo ‘por favor’, para que a tempestade cessasse, mas não aconteceu. Minhas costas já sangravam, assim como minha cabeça. Aquilo doía bastante. Foi quando Julius e Armand vieram, cobertos com um pequeno barco que tínhamos. Eles chegaram até nós, e nos retiraram dali, levando-nos para nossa casa.

 

Minha mãe estava preocupada, mas acalmou-se, sabendo que os ferimentos eram superficiais, e eu já havia encarado situações piores que aquela. Bastava que eu me limpasse e me trocasse, e estaria novo em folha. Karla, por outro lado, me preocupava bastante. Ela estava inconsolável, e temia que até a casa pudesse sofrer com aquela tempestade. Após me trocar, eu a levei para nossa casa, e ficamos sobre nosso sofá, na sala, abraçados. Eu a consolava, falando palavras de carinho para ela, e ela se aninhava mais e mais em meu peito. Eu a protegia com meus braços, mas ela apenas chorava. Sussurrava que eu havia me ferido por sua causa, e que a plantação estava toda perdida. Não estava de todo errada. Talvez a plantação estivesse perdida mesmo!

 

Eu a abracei forte, e lhe disse que minha vida somente tinha o propósito de protegê-la e fazê-la feliz. Jamais a deixaria sofrer, ou a deixaria se ferir. Disse, também, que se a plantação se perdesse, eu lutaria contra Odin, para que ele a recuperasse. Enfim, retirei daqueles doces lábios um tímido sorriso. A partir daí, fiquei confabulando como seria essa minha guerra com Odin. Em todas as minhas hipóteses, eu vencia de forma cada vez mais ridícula. Como resultado, ela ria cada vez mais! Eu sentia que seu coração ainda doía, mas já estava um pouco mais aliviado e conformado. Por fim, ela me abraçou.”

 

- “Meu amor... Se um dia eu puder retribuir, darei minha vida em troca da tua, sem pensar duas vezes! Você é importante demais para mim, e eu jamais conseguiria viver sem ti. Então me abraça, e nunca me deixes sozinha, tá?!?”

- “Eu prometo, esposa minha, que nem Odin conseguirá me afastar de ti! Seremos só nós dois, para sempre!”

 

“Ela já estava bastante assustada. Mas, não bastasse isso, um som abafado, e um brilho azulado entraram pela janela. Ela ficou muito assustada, e pediu que eu não saísse de perto dela. No entanto, alguém bateu à porta, e eu precisava ver quem seria. Corri até a parede, onde minha Stilleto ficava pendurada, e a peguei. Caminhei, então, vagarosamente até a porta. Karla estava apreensiva, a ponto de entrar em pânico, de tanto medo. E eu apenas estava receoso. Já pensava que poderia ser algum dos serviçais. Entretanto, quando abri a porta, deparei-me com um vulto que eu não reconheci quem seria.

 

Não seria nada demais, não fosse o fato do vulto estar portando uma Maça-Espada em sua mão. No mesmo instante, levantei a Stilleto, pronto para atacar. Porém, um relâmpago revelou a identidade de nosso visitante: era Adrom! E ele estava diferente... Triste... E ferido!

 

No mesmo instante, pedi a Karla que providenciasse uma manta quente. Puxei Adrom para dentro, mas ele desabou ao chão, junto com sua Maça. Começamos a enxugá-lo, e eu comecei a tirar as roupas molhadas dele, quando vi seu ventre com um corte profundo, e ele já havia sangrado muito. Estava fraco, e precisava de ajuda urgente. Karla tentava enxugar o rosto dele, mas seu rosto não ficava seco, pois ele estava chorando.

 

Não sabíamos a razão de tudo aquilo, mas tínhamos que ajudá-lo. Enquanto eu levava Adrom até o quarto de hóspedes, e lhe prestava os Primeiros Socorros, Karla correu até a varanda, para chamar um dos serviçais, e lhe pedir que montasse um Peco, e fosse a Prontera chamar um Sacerdote, para prestar socorro e o devido tratamento ao Adrom. Fiquei admirado da forma como todo aquele medo e tristeza dela se converteram em coragem e força. O granizo já havia parado de cair, e só permanecia uma forte chuva.

 

Enquanto aguardávamos o retorno de Julius, eu e Karla tratávamos da saúde de Adrom, que nada dizia, e permanecia evitando nosso olhar, e derramando seu pranto. Respeitamos isso, pois não conhecíamos as razões, e Karla cuidou de Adrom com todo carinho, mantendo a temperatura dele baixa, aplicando panos molhados, preparando uma boa refeição para ele, e tantos outros cuidados. Quando Julius chegou, acompanhado de um Sacerdote, este se apressou em prestar socorro intensivo e imediato ao meu primo.

 

Algumas horas depois, a situação de Adrom estava estabilizada, mas ele permanecia em sua tristeza. Já estava mais controlado, e já conseguia nos encarar. Com o passar do tempo, por mais fraco que estivesse, eu sabia que ele começaria a falar. Sempre fui uma das pessoas em quem ele mais confiava. Talvez ele já tenha lembrado de mim, para ter vindo buscar socorro aqui.”

 

- “Jeff... Esta... Esta bela e simpática moça é tua esposa? Aquela da qual me falaste?”

- “Sim, Adrom. Esta é Karla, minha esposa, e a mulher mais formosa e bela de Rune-Midgard!”

- “Ah, amor... Assim me deixas encabulada! Ainda mais na frente da visita...”

- “É um prazer conhecer-te, milorde Thorn. Jeffrey sempre fala muito de ti, e estava preocupado com a tua memória.”

- “Quanto a isso... Não precisas mais... Te preocupares! Acabei... De recuperar... Boa parte dela. Mas é tudo... Muito doloroso. Preciso descansar... E meditar... A respeito.”

 

”Naturalmente que o deixamos dormir, e ter seu merecido descanso. Adrom estava sempre lutando contra o mal. Sempre buscando trazer Justiça a esta terra. Ele era incansável! Sempre admirei sua bondade e sua preocupação. Mas, com ele ali dormindo, e tendo dito que foi doloroso recuperar suas memórias, eu só consigo pensar em duas coisas: ou realmente todos os outros morreram, e diante de seus olhos, ou ele flagrou Anabelle com outro homem.

 

Antes de ir para meu leito, com Karla, paro para observar Adrom com mais calma. E pude ver que ele estava diferente. Estava mais forte, ao mesmo tempo, suas orelhas estavam maiores... Pontudas! O cabelo e os olhos não haviam mudado. Mas, agora, em seu peito, havia uma marca. E essa marca era igual à de um pingente que ele trazia em sua mão. Tudo a respeito de Adrom, e de sua misteriosa relação com um deus de outro mundo, e coisas de outro mundo, era deveras intrigante e estranho. Mas ainda conseguiria tirar dele informações que me permitissem entender.

 

No dia seguinte, a tempestade já havia cessado. Eu acordei antes de Karla, e aproveitei a deixa para preparar-lhe um delicioso café da manhã, o qual levei até nosso leito, para ela. Tomamos o desjejum juntos, esquecendo-nos dos problemas que tínhamos, e nos permitimos ficar mais algum tempo deitados, apenas a nos abraçar e dizer palavras doces um ao outro. Isso nos fez sentir ainda melhor. Quando saímos da cama, lembramos de Adrom, e Karla lembrou-se da plantação.

 

Foi uma cena triste. O chão ainda molhado, e todas aquelas armações arrastadas e quebradas sobre a plantação. Quase toda a colheita de flores fora comprometida, e o trabalho de anos de carinho de Karla destruído pela tempestade. Julius e Armand retiravam os restos das estruturas que haviam montado, e tentavam recuperar as plantas que podiam, com todo carinho, enquanto olhavam Karla sentada na escada da varanda, olhando o chão, com uma flor destruída em suas mãos, sem vontade. Enquanto isso, eu não conseguia olhar o sofrimento de Karla, e fui cuidar do Adrom. Mas ele escutou a voz de Karla, em seu pranto, à distância, e me disse que ficasse com minha esposa. Insisti para olhar por ele, e ele concordou, mas com a condição de que eu o levasse à plantação.

 

Passamos por Karla, e ela nem moveu seus olhos, enquanto Adrom andava com dificuldades, e eu o ajudava, a contragosto. Mas Adrom era muito forte, e eu sabia que aqueles ferimentos não o segurariam por muito tempo mesmo. Ele parou diante da plantação, e começou a apontar aqueles olhos dourados para ela. De repente, embrenhou-se lá e, algum tempo depois, voltou com algo em mãos.

 

Karla estava sentada, olhando sua flor destruída, quando Adrom ajoelhou-se diante dela, e lhe entregou um enorme bouquet feito com flores de nossa plantação, todas perfeitas, e com o aroma incrementado por especiarias também de nossa fazenda. Karla arregalou seus doces olhos claros, e ficou sem reação.”

 

- “Não olhes para o que foi destruído, mas olhes para o que pode ser reconstruído! Nem sempre a morte é o fim, mas pode ser o momento de um renascimento ainda mais glorioso, no qual faremos coisas ainda maiores e melhores. Vê estas flores? Elas são a esperança de realizações ainda maiores para tua plantação! Faça teu trabalho com a mesma alegria e carinho que tornaram estas flores tão belas, e terás uma recompensa ainda maior, minha prima!”

 

”Adrom era incrível! Ele apenas pôs sua mão sobre o ombro de Karla, enquanto ela sorria, apreciando aquele lindo e aromático bouquet que ele havia dado a ela. Ele, sorrindo, apenas sentou-se numa cadeira da varanda, e ficou olhando para a plantação, como se visse ali a mais bela plantação de todas. Naquele momento, os olhos de Karla passaram a enxergar o renascimento de sua plantação, e ela adentrou naquele meio, e voltou a cuidar de cada planta com aquele carinho que lhe era peculiar. Eu olhei para os olhos de Adrom, e ele apenas acenou para mim, como quem dissesse: ’Vai lá!’ E eu fui!

 

Abracei-a por trás, e ela apenas encostou sua cabeça em meu ombro, e seu rosto no meu. Ficamos assim abraçados, e ela a acariciar meus braços. Eu não me contive.”

 

- “Karla... Eu te amo, minha doce esposa! Nós vamos superar tudo isso, e logo vais ter uma plantação ainda mais bela do que a anterior!”

- “Eu sei, meu amor! Mas o que me importa mesmo é ter-te aqui comigo. Não digas mais nada! Vamos só ficar assim mais um pouquinho.”

 

”Como negar um pedido desses? É algo impossível!

 

Ficamos assim um bom tempo, e quando olhei para a varanda, Adrom havia sumido. Fiquei um pouco preocupado, mas logo vi Julius o levando em direção ao rio. Adrom apenas virou seu rosto para mim, e lançou-me um sorriso de aprovação. Ele realmente tinha um coração muito bom!”

 

- “E então, primo? Vais me dizer o que houve? Vais me dizer o motivo de tanta tristeza?”

*Olhar sério*- “Eu errei, Jeff... Eu os levei à morte! Graças à minha estupidez, todos morremos...”

- "To...Todos? Queres dizer...”

- “Todos, Jeff! Inclusive eu. A bem da verdade, Jeff, Adrom Häggen está morto... Não existe mais! Agora só existe o renascido Adrom Thorn, Elfo, e servo de Corellon.”

- “E...Elfo? Então é por isso que tuas orelhas...”

- “Entendo.”

- “Mas isso não muda nada, Adrom. Continuas sendo meu estimado primo. E eu sei que posso confiar em ti!”

- “No entanto, eu gostaria de saber: e o que houve com Plank? Ele está morto?”

 

“Neste instante, ele baixou seus olhos para as águas do rio, e permaneceu em silêncio. De seus olhos, uma lágrima saiu. Eu me aproximei dele, e ele, então, falou:”

 

- “Plank ainda está lá... Andando... Lutando! Mas não mais como nós. Plank, agora, faz parte de Glast Heim! Plank foi transformado, por minha culpa, em um... Carniçal!”

 

”Confesso que fiquei sem palavras, e meu corpo inteiro se queimou por dentro. Meu coração parecia estar sendo atravessado por uma lança cheia de cravos, e queimava. Comecei a tremer, e meus olhos não puderam conter as lágrimas que dele queriam descer. Senti raiva de Adrom, pois havia sido ele que havia levado a todos naquela missão suicida. De uma certa forma, ele era o culpado e, portanto, acabei acertando-lhe um murro com toda a minha força, e depois o peguei pelas roupas, balançando-o e gritando com ele. Meu coração, em desespero, não podia conter a tristeza. E era uma tristeza que doía. Já não conseguia falar... Enquanto eu o balançava, cada vez mais sem vontade, eu o olhava, e ele estava com um olhar do qual jamais me esquecerei. Senti que a dor em seu coração era infinitamente maior que a minha. Então eu só deixei minha cabeça cair em seu ombro, e entreguei-me ao pranto.

 

Alguns dias se passaram. Nada foi dito a ninguém. E, durante todos esses dias, eu vesti meu luto. Mas nada disso traria Plank de volta. Então passei a dar apoio ao Adrom. Karla era minha força, e eu me tornei a força de Adrom. Com isso, em poucos dias ele conseguiu se recuperar, e já partia para cumprir algumas promessas que havia feito. Resolveu continuar minhas investigações de onde eu as havia interrompido: a área proibida ao norte de Al de Baran. Ele tentaria encontrar Anabelle e Lin, para que pudesse contar a elas, principalmente à Lin, o que havia acontecido a Plank. Lin era a força de Plank, e ele não poderia perder isso.

 

Quando Adrom partiu, nossas vidas tornariam a ser pacatas e comuns, como estavam sendo até aquele momento. E assim eu pretendia que continuasse. Mal sabia eu que olhos de maldade direcionavam seu ódio para mim. Mal sabia eu que meu futuro não seria tão bom quanto eu desejava... E um preço seria pago!

 Hoje, estou eu aqui, nesta Taverna, no meio da Tempestade, e só consigo pensar em Eclypso. Ele jamais soube o que aconteceu a Plank. E, por minha boca, jamais saberá...”

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“Arredores de Prontera. De cima dessa pequena colina, já posso avistar a velha fazenda onde cresci. Mesmo daqui, já posso ver minha velha mãe cuidando das hortaliças. Sinto saudades...

 

Enquanto caminho, vou-me lembrando de minha infância sofrida, da ausência de meu pai. E de tudo que eu e meu irmão passamos para podermos sobreviver. Minha velha mãe, coitada, teve que assumir tudo praticamente sozinha. Eu deixei os estudos de lado para ajudá-la. Mas fiz questão que meu irmão continuasse. E assim foi!

 

A cada passo, lembro de outras coisas. E acabei lembrando de minha primeira vinda para casa, depois que comecei o treinamento como Gatuno.

 

Eclypso e eu estávamos já bem evoluídos. Nós, praticamente, brincávamos, ao brandir nossas adagas e dilacerar a carne putrefata dos Zumbis. O cheiro pútrido da decomposição dos mortos já não nos incomodava, pois havíamos investido muito de nosso tempo treinando naquele emaranhado de túneis escuros, cercados por paredes tomadas por limo e fungos, e iluminados tão somente pelas tochas e pelas magias dos magos que ali dentro também treinavam, por menor que fosse seu número, comparado ao número de Espadachins, Gatunos, Arqueiros, Mercadores e, principalmente, Noviços.

 

Nos últimos tempos de treinamento, viemos a nos surpreender, pois começamos a ver uma certa quantidade de Aprendizes se aventurando, com certo sucesso, nestes lugares. Ficamos abismados com tal fato! Alguns Aprendizes eram tão fortes quanto nós éramos. Por tal força descomunal, foram apelidados de ‘Super Aprendizes’! Eles nutrem uma esperança de, num futuro próximo, serem capazes de absorver o conhecimento das habilidades das classes iniciais, pelo convívio e treinamento conjunto. Torço para que seja verdade. Canso de ver Aprendizes iludidos morrendo! Gostaria de vê-los com mais força.

 

Eu e Eclypso estávamos já planejando nosso próximo passo, em nosso treinamento: a Vila Orc! Planejamos ir até lá, e estávamos vendo todos os detalhes. Inclusive, para nossa surpresa, recebemos uma visita inesperada de Adrom e Plank. Adrom estava diferente... Acho que era o cabelo! E os olhos também! Achei estranho, mas achei melhor nem comentar, pois estava feliz em saber que o ataque dos Fabres não lhe havia tirado a vida. Eles conversaram bastante conosco. Parecia que queriam ir numa nova missão, e precisariam pesquisar algumas coisas com velhos sábios de Payon. Eles nos instruíram a respeito da Vila Orc, e tiraram várias dúvidas que tínhamos. Estávamos, então, mais confiantes.

 

Foi bom rever Adrom e Plank. Nossa família já não se reunia há bastante tempo. Pudemos passar uma noite inteira conversando e festejando na taverna local. Agora comemorávamos como adultos, mesmo ainda sendo apenas adolescentes. Estávamos felizes, e realizados. Ao fim da noite, Adrom curou-nos alguns ferimentos que não haviam sido fechados. Sua cura era poderosa! Mas ele tinha uma aparência e um jeito mais de guerreiro do que de um religioso. Ele era forte! Batalhou conosco nos Zumbis, em nosso último treino, e parecia dançar em meio às hordas pútridas. Ele usava as mãos e sua cura para matar os Zumbis, raramente sendo atingido e, quando o era, sabia evitar um ferimento mais profundo. Enquanto saíamos de lá com cortes profundos, Adrom saía com cortes leves, que ele curava instantaneamente com seus dons divinos. Foi um fechamento com chave de ouro!!!

 

Eles ficariam ali, pesquisando sobre uma cidade chamada Glast Heim... Acho que era a antiga capital do Império. Nós seguiríamos viagem para Geffen e, de lá, para a Vila Orc. E tomamos, então, nosso rumo, já planejando uma parada na Capital Prontera, onde visitaríamos nossa família. Passaríamos, primeiro, em Izlude, a fim de visitar a família do Eclypso. Ele estava preocupado com Cecrope, que estava quase na idade de começar sua busca por aventuras. Jamais havia visto Eclypso se preocupar com seu irmão antes. Talvez tenha amadurecido e mudado durante nosso treino. Depois que visitássemos a casa dele, seguiríamos à minha velha fazenda, visitar minha mãe e meu irmão. Esperava, naquela oportunidade, não vê-los em dificuldades.

 A visita à casa de Eclypso foi deveras agradável, como não poderia deixar de ser. Cecrope ficou muito animado e orgulhoso ao nos ver trajando as vestes de Gatunos, e usando nossas armaduras e adagas. A família nos pediu que demonstrássemos nossa técnica, e acabamos fazendo uma demonstração de combate, inclusive usando nossas habilidades de Esconderijo. Cecrope ficou absorto e completamente eufórico com tudo. Mas Eclypso o dissuadiu a continuar seus estudos e esperar mais, até que pudesse decidir com a voz da razão. Nunca ouvira Eclypso falar daquela forma. Penso que não conhecia meu primo, como achava que o conhecia. Definitivamente, Eclypso amadureceu muito!”

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“Continuando a caminhar, a caminho da velha fazenda, continuo minhas recordações. Mas, ao sentir um aperto em meu coração, passo a me lembrar das coisas que motivariam tal dor: hoje, eu estou só. Mas não era assim há um tempo atrás. E é com grande pesar e saudade que me vem esse pensamento. Acabo lembrando de como a conheci. Foi na mesma viagem, a caminho da Vila Orc. Foi depois da visita à casa de Eclypso.

 

Da casa de Eclypso, fomos para a minha velha fazenda. Quando estávamos quase chegando, achamos ter visto minha mãe no campo, a cuidar das hortaliças, como era de costume. Ao chegar no campo, fui correndo escondido até ela, e a surpreendi, pegando-a no colo e lhe pregando uma peça. No entanto, qual surpresa minha: não era a minha velha mãe, mas sim uma belíssima jovem. Fiquei mais rubro que o próprio sangue que me irriga as veias! Ela também enrubesceu, ficando ainda mais bela, em seu sorriso tímido.”

 

- “Perdão, senhorita! Não sabia que essa propriedade havia mudado de dono. Costumava ser a minha casa, e eu pensei que eras a minha mãe a cuidar das hortaliças!” – Disse, envergonhado.

- “Não há do que se desculpar, mestre Jeffrey. Sua mãe o aguarda na casa, pois seu primo Adrom já nos avisou de sua vinda.”

- “Er... Obrigado, senhorita...”

- “Karla! Eu me chamo Karla Liebchen.”

- “A propósito: como sabes meu nome?”

- “Tua mãe fala muito a teu respeito, mestre Jeffrey. Ela se orgulha muito de ti, apesar de achar que poderias ter te tornado um Espadachim, ou um Noviço, ao invés de seguir este caminho...”

- “Quer dizer que andas atacando belas donzelas, Jeffrey?!? Todo esse tempo treinando na Caverna Amaldiçoada não lhe fez bem!”

- “Af... Er... Bem! Não é isso! É que... Bah! Não devo explicações a ti, Eclypso!” – Diz Jeffrey, um tanto desconcertado, porém, percebendo sua falta de educação, resolveu apresentar os dois. – “Bem, Eclypso, essa é a senhorita Karla Liebchen – que eu não sei o que faz aqui. Senhorita Karla: este é meu primo Eclypso Häggen!”

 

“Apresentações foram feitas e, naquele momento, eu já não sabia o que se passava em meu coração. Algo estranho demais! Eu sempre fora galante, e isso sempre me rendera alguns namoricos com belas Gatunas, Espadachins e Magas, além das minhas preferidas: as Noviças!!! Mas, em todos os namoricos que tive, jamais senti algo como sentia com aquela simples camponesa. Corado pela forma que eu a olhava e, ainda mais, por receber gentil retribuição.”

 

- “Vamos ver tua mãe, caro Galante!” – Disse Eclypso, já puxando Jeffrey pelo braço.

 

“Entramos, então, na sede da fazenda, onde um delicioso almoço já era preparado. Pensei ver minha mãe preparando a comida, mas era uma velha senhora, que me lembrava ser uma vizinha de uma propriedade próxima. Preocupei-me, então, por não ver minha velha mãe no local. Ao chegar em seu quarto, então, meu coração apertou-se ainda mais: ela estava deitada em sua cama, enferma.

 

Quase me desesperei, mas ela me acalmou, dizendo que já havia providenciado ajuda. Adrom havia passado ali, antes de nós, e avisara minha mãe de minha visita, como também já lhe havia preparado poções e ungüentos especiais, para que estabilizassem sua saúde, até a chegada de um Sacerdote de Prontera, que ele haveria de buscar. Ela estava com uma doença fatal, mas que poderia ser curada por um Sacerdote, coisa que me acalmou o espírito. E ela me contou que estava pagando pessoas para cuidarem da fazenda, e dela. Os negócios haviam melhorado, com o aumento de aventureiros e mercadores em Prontera. Meu irmão estava estudando com os sábios de Prontera, o que me deixava ainda mais feliz.

 

Após o almoço, já trajando outras roupas limpas, que minha mãe guardava, sentei-me num balanço, na varanda da casa, e fiquei a observar Karla cuidando das hortaliças. Aquilo me encheu de paz e, depois de muito tempo batalhando, tive paz. Cheguei a me perder em pensamentos, começando a refletir sobre o sentido de tantas lutas e batalhas, de tantas cicatrizes. Comecei, então, a não ver sentido naquilo tudo. Claro que, em parte, eu desejava expurgar a existência dos monstros, para que não houvesse mais crianças que, como eu, perdessem seu pai, ou mãe, na mão cruel dessas criaturas vis.

 

Enquanto eu me perdia em meus pensamentos, com o olhar fixo em Karla, Eclypso treinava suas técnicas no campo. A cena tornou-se bela, quando o sol começou a se pôr. O crepúsculo estava belo. Eu observava aquele céu avermelhado ser plano de fundo para a bela Karla, e para o treinamento de Eclypso. Cada movimento de Eclypso, o vento agitando as plantas, o som das folhas farfalhando, o canto dos pássaros e das cigarras. Tudo parecia formar uma grande composição, como de uma Ópera.

 

O final sublime foi ser surpreendido por aqueles belos olhos azuis, tais diamantes adornando aquela bela face! Seu olhar parecia invadir minha alma, e purificar-me por inteiro. Fiquei absorto naquele olhar. E foi, então, que Karla veio em minha direção, ainda sem tirar seus olhos dos meus. Ela se aproximou, e eu me levantei de onde estava, sem tirar meus olhos de seu olhar. Desci solenemente as escadas da varanda e a encontrei no jardim, o qual estava repleto de flores de jasmim, rosas e gerânios. A fragrância das flores, misturada ao perfume dela, e ao perfume das ervas que ela tão carinhosamente cuidava e colhia, como uma perfeita alquimia, formou uma fragrância que eu jamais sentira igual... um perfume mais sublime que qualquer iguaria de Morroc, ou das Dançarinas de Comodo, ou de qualquer perfume ou loção de Payon, Al de Baran, Alberta... Em toda a Rune-Midgard, não havia perfume igual e mais agradável que este!

 

Ao olhar aqueles dois diamantes que me fitavam, sentindo aquele doce perfume, que me entorpecia a mente, meu corpo começou a queimar, em intenso desejo. Meus lábios ardiam pelo desejo intenso de tocar os lábios de Karla. Minhas mãos tocaram as suas, e senti que ela também ardia dentro em si. Sua pele era como uma fornalha ardente, e seus olhos, cálidos, eram a mais pura expressão do desejo. Fiquei absorto por demais! Tão absorto, que não percebi quando sua mãe, aquela senhora que cuidava de minha mãe, a chamou para irem para sua casa.

 

Eu estava como um grande tolo, de pé em frente ao jardim, observando Karla ir embora com sua mãe, e esperando um olhar, apenas um último olhar dela... E, ao longe, ela o fez: olhou-me com aqueles dois diamantes preciosos, expressando uma saudade velada, como se já me amasse e como se soubesse que ficaríamos longe. Logo depois, mostrou aqueles belos dentes do mais puro marfim, soltando um belo e tímido sorriso. Fiquei extasiado!”

 

- “Acorda, criatura vil! Não te cansas desses namoricos?”

- “Eclypso! Tu me assustaste!”

- “Eu que estou assustado contigo, Jeffrey. Nunca te vi tão absorto por mulher alguma. O que há contigo?”- “Nem eu sei, meu primo... Nem eu sei!”

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