Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 O véu noturno se extendia por todo o céu, a lua brilhava esplendorosa no manto azul, as estrelas timidas só realçavam ainda mais a beleza do astro, haviam poucas nuvens no céu, as delicadas flores de cerejeiras já haviam caído e dado o lugar para as vermelhas folhas de outono. A noite era fria, nas ruas de Amatsu poucas pessoas se encontravam presentes, em uma casa um pouco mais afastada da cidade, uma mulher acabara de dar a luz, sob a luz de vela, a jovem de cabelos negros olhava para a sua nova filha. Com cuidado ela a pegou e sorriu, o marido que estava ao seu lado lhe perguntou que nome daria para o bebê, a jovem mãe olhou atrás da janela as folhas que pereciam naquele outono frio e lhe nomeou. Capítulo 1 – Primavera – Mamãe, mamãe! - chamava uma voz animada. - Olhe, os navios estão chegando! A criança de cabelos verdes opacos sorria para a sua bela mãe, uma senhora que aparentava por volta dos trinta e cinco anos, com suas madeixas negras como as asas de um corvo presas em um modesto rabo de cavalo, seus olhos apresentavam ternura e paciência, algo que todas as mães sempre cultivam. Uma frota de navios surgia da linha do horizonte do mar azul, não só elas estavam presentes no porto, mas como também várias outras pessoas que esperavam com ansiedade seus parentes, amigos e amores. Aportando, os navios fizeram uma saudação barulhenta, marinheiros de todas as idades gritavam de alegria ao ver que finalmente voltaram são e salvos à sua terra natal, a cada missão que eles iam, sentiam como se nunca mais fossem voltar. Diferente de guerreiros nórdicos, que lutavam por prazer, ou mesmo dos soldados de Einbroch, que alguns faziam por obrigação, tanto a marinha quanto os soldados de Amatsu faziam aquilo por honra, o bem mais precioso para qualquer homem daquela ilha. De forma pomposa, um senhor de idade já de cabelos brancos descia de forma que impunha respeito nos demais, semelhante à um leão, ele trajava um uniforme diferente dos outros, o que mostrava que ele era o capitão deles. – Olha mamãe, já posso ver o vovô, que bom que ele voltou bem. - Disse a menina sorrindo. A jovem que possuia não mais que sete anos era bem parecida com a sua progenitora, um rosto belo e delicado, olhos que transbordavam ternura, mas diferente de sua mãe, ela possuia a cor dos olhos bem distintos, um era amarelo, o outro negro como o de sua mãe. Seu cabelo era verde mas bem claro, herança de seu pai, eles se mantiam longos o que era o orgulho para a pequena mocinha que adorava exibir ele para o seu querido avô. Vestidas com os tradicionais quimonos, roupa típica da ilha, elas esperavam pelo avô e o pai da pequena moça, ambos os homens serviam à marinha, não eram raras as vezes que eram lhes entregue missões, o avô da menina, Shitiro, possuia um cargo importante na marinha. Já o marido de Kaede, Kosuke, estava alí por causa da influência que seu genro possuia, habilidade, força ou mesmo responsabilidade era o que ele menos tinha, não eram poucas as vezes que ele se safava por pouco de suas irresponsabilidades. Assim que Shitiro se aproximou a garota correu até ele com um braço, logo atrás dele Kosuke chegava com o mesmo rosto rígido e sério, a sua esposa somente sorriu para ele, gestos de afeto eram algo raro entre os Amatsurianos, que eram extremamente tímidos com relação à isso. Kaede ofereceu um singelo sorriso, seu marido no entanto o recebeu com o mesmo olhar frio, sem demorar muito no porto, todos se dirigiram para casa, a cidade de Amatsu apresentava a sua beleza natural da estação, folhas vermelhas e amarelas pintavam as ruas de terra batida, o vento apesar de frio não era incômodo, o Sol tratava de aquecer quem estivessem em baixo dele. Após alguns minutos de caminhada, o grupo havia chegado no que parecia ser a entrada da cidade, a casa deles ficava um pouco mais afastada da cidade, era um lugar calmo com pouco movimento, alí era possivel escutar o som das folhas das árvores dançarem ao sabor do vento. A casa era algo bem feito, construído com madeira, não era algo extremamente luxuoso mas que poderia aguentar a mais terrível das tempestades, uma sala grande com uma mesa, três quartos, uma para o casal, outro para a sua filha e outro para hospedes, uma cozinha, um banheiro que ficava do lado de fora da casa e um quintal. Aquela era a casa deles, Shitiro não morava lá, pelo contrário, ele somente vinha para visitar sua amada neta, não eram raras as vezes que passava a noite no quarto extra, junto com a garota contando sobre suas viagens e aventuras em alto mar. O avô da jovem já se encontrava na sala apreciando seu chá enquanto contava sobre mais uma de suas aventuras no alto mar, o pai da garota estava sentado ao lado, mas pouco prestava atenção para o que seu genro falava. – Então nós encontramos um navio abandonado, nós entramos lá para ver o que havia dentro, foi quando de repente esqueletos piratas nos atacaram!!! – Vocês acabaram com eles? - Perguntou curiosa a menina. – Claro que sim! Senão como eu estaria aqui contando essa história para você? hahaha!! - Riu o senhor com gosto. Ambos riam com o comentário, neta e avô, com o cair da tarde, todos se sentaram para jantar e logo após a ceia havia chegado a hora do seu avô partir, a vida de um membro da marinha não era fácil, sempre cheio de obrigações e deveres mas logo terminaria, pois em breve ele iria se aposentar. Mãe e filha ficaram na frente da casa para se despedirem de Shitiro, o senhor olhos tão negros quanto a noite olhou para a sua neta e deu um largo sorriso. – Antes de ir, tenho um presente muito especial para você, feche os olhos. A garota fechou seus olhos e colocou as mãos na frente deles, ansiosa para saber o que seria. – Não está olhando, está? – Não! não estou! Algo havia sido posto em sua cabeça, a menina colocou as mãos no objeto, retirou e olhou o que era, a própria boina de capitão era seu presente, Shitiro sorriu novamente, se ajoelhou e disse para ela. – Este é meu presente para você, este é o símbolo de força e coragem, quando tiver medo, use ele que ele lhe trará segurança. A jovem menina lhe agradeceu e o abraçou muito feliz, Shitiro se levantou e acenou para as duas, a sua pequena neta gritou um “Muito obrigada” bem alto enquanto ele ia se afastando. Já era noite, o céu escuro não apresentava o brilho delicado da lua, as trevas da noite passavam a impressão que algo sempre estava à espreita para ter a chance de um bote perfeito, porém, Shitiro andava confiante, era corajoso, uma virtude muito prezada entre os amatsurianos. Após andar metade do caminho, o senhor parou e olhou novamente para trás, não por medo ou preocupação, mas por receio, ele se lembrou novamente do rosto de sua amada neta e filha, o quanto sentia em ter que ir e não passar tempo o suficiente com as duas. Chegando no porto, um marinheiro andou na direção do capitão e disse com a voz séria. – Capitão, estamos prontos, quando o senhor quiser já podemos zarpar! Shitiro por um momento ficou em silêncio, olhou para os grandiosos navios de madeira e deu um suspiro breve. – Tudo bem, estaremos saindo esta noite, não quero que este assunto se prolongue ainda mais. E assim ele foi em mais uma de suas missões, já em cima do convés, Shitiro estava pronto para zarpar, porém, no porto mais uma pessoa chegou, esta estava muito atrasada, o que desagradou muito o senhor. O homem subiu sem pressa, foi até o capitão e o encarou com o olhar sério, Shitiro por sua vez fez um olhar rígido e bravo, odiava quando seus subordinados se atrasavam, pontualidade era algo que o senhor esperava de seus marinheiros, pois de acordo com ele, a cada minuto algo pode acontecer, o capitão pensou em algum sermão, mas decidiu se manter em silêncio. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
super gogeta Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 primeiro a comentar. tomem essa, flooders menores. brincadeiras parte, gostei da história, parece que vai ficar muito boa, vou estar acompanhando [/ok] nota: tenho lá minhas dúvidas de quem será esse último marinheiro aí, será que...* toma lex divina* flow! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 O mar ser encontrava calmo, suas ondas suavemente deslizavam para cima e para baixo com um ritmo próprio, a noite era escura, a lua se escondia com a sua face virada para trás. Um barco nadava com paciência naquele lugar vazio, um homem que remava e outro com uma lanterna em mãos, o que iluminava porcamente o lugar gritava na esperança de encontrar algo. Ambos estavam uniformizados, a respiração de ambos se condensavam assim que tocavam o ar gelado, o remador continuou até trombar em algo. Ele parou o pequeno barco, o outro homem levou a lanterna mais para frente e viu destroços do que seria um navio grande, madeira, caixas e o que eles menos queriam, corpos. Capítulo 2 – Chuva Uma fina chuva caia em Amatsu, a ilha possuía suas estações bem definidas, na primavera era um tempo fresco, no verão chuvas e tempestades eram comuns assim como o calor intenso, o outono, estação que a jovem moça mais gostava, era fresco com um toque de frio, diversas frutas maduravam nesta época fazendo-as bem deliciosas. O inverno era a estação que ela menos gostava, era um frio intenso, flocos de neve caiam constantemente nesta estação, mas apesar do frio, era uma estação divertida para ela. A jovem menina estava na varanda da casa olhando a chuva cair das nuvens, seu pai estava em uma missão com seu avó e sua mãe preocupada com os afazeres diários de uma dona de casa. Repentinamente uma pessoa saiu do meio da floresta que cercava a casa da jovem, ele trajava um manto pesado para se proteger da chuva, mal dava-se para reconhecer se era uma mulher ou um homem. - Com licença... estou com fome e cansado... posso ficar aqui...? – disse ele com a voz fraca e cansada. Ela o olhou por alguns momentos, somente o barulho da chuva repercutia naquela cena, apesar da figura se suspeita, a jovem o convidou para entrar. A pessoa retirou seu calçado e entrou na varanda, sem hesitar, ele se deitou revelando suas vestes, aquela indumentária era diferente de todas que alguém já tenha usado naquele lugar, eram da mesma coloração das folhas de outono, beges e marrons. Era um jovem homem com o cabelo intensamente negros, seus olhos eram finos, se parecia com um amatsuriano apesar de sua roupa estranha, seu rosto possuía uma beleza que somente ele possuía, exótica. A jovem menina rapidamente correu até a cozinha para preparar algo, naquela idade ela quase não sabia cozinhar, somente o básico, bolinhos de arroz, um lanche tradicional daquela ilha. Ela voltou ao visitante com três bolinhos e um pouco de chá frio e ofereceu à ele, porém, o homem não se levantava. A menina se aproximou e olhou para o rosto dele, abriu um dos olhos e viu que ele estava dormindo, inconformada, ela pegou um dos bolinhos, abriu a boca do moço e enfiou goela abaixo. - AHH!! – Gritou o homem. – O que pensa que está fazendo?! - É falta de educação dormir na casa dos outros!! Ainda mais quando oferecem comida!! – Disse a pequena indignada. O homem tossiu um pouco. - Ok, ok, me desculpe... Ele pegou um dos bolinhos e começou a comer. - Vou me apresent... Mas antes mesmo que ele continuasse a falar, a menina pisou com todas as forças em sua mão. - AHHH, sua doida!! O que você ta fazendo?!!? – Disse o jovem. - Você está comendo de boca cheia, isso é falta de educação!! Ele novamente tossiu e resmungou algo como “Se eu não tivesse tão cansado”, ele terminou de comer e continuou sua apresentação. - Bem, meu nome é Deja Vu!! Sou o mundialmente famoso bardo e viajante dos dezoito mares! E qual o seu nome mocinha? - Aki, meu nome é Aki, que significa outono em amatsuriano! – Disse a garota com muito orgulho. - Seu nome é realmente bonito. – Deja Vu pegou outro bolinho e começou a mastigar com a ajuda do chá. Aki olhava para as roupas do homem à sua frente, ela se perguntava o que era ser um bardo, seria usar aquele tipo de roupas e ser mal educado? Ela se questionava. - Ei tio, o que é bardo? – Perguntou enquanto se sentava ao lado dele. Ele terminou de engolir o último bolinho antes de falar. - Bem, um bardo é uma pessoa que viaja pelo mundo para contar sobre histórias e feitos incríveis, alguns trabalham de carteiros ou mensageiros também. - Oh, vocês contam histórias? Assim como o vôvô? – Disse ela fascinada. - Heh, duvido que seu avô seja um bardo, mas acho que sim. – Respondeu com um sorriso. - Então você poderia me contar uma história? - Hm, claro, afinal, você me deu um lugar para me proteger da chuva e comida, por que não? E assim ele começou a contar sua história sobre Abadin e os quarenta gatunos, Aki estava fascinada a cada momento da história, em sua mente, um cenário se formava, ela conseguia ver a cidade desértica, o herói principal assim como os tesouros. Enquanto os dois se entretiam com a história, um oficial da marinha se aproximou da entrada da casa, em suas mãos ele segurava uma carta, um misto de hesitação e ansiedade corriam pelo seu corpo. Repentinamente a porta da casa se abriu, a senhora de cabelos negros se assustou com a presença do oficial, ela não o esperava na frente da sua porta, o jovem fez uma reverência, entregou-lhe a carta e saiu rapidamente do local. A mulher agarrou a carta como se fosse um animal faminto, a sensação de medo percorria cada parte do corpo da senhora, sua respiração era rápida e tensa, seu coração estava disparado. Ela abriu a carta e leu cada ideograma, não acreditava no que via, seus olhos vertiam lágrimas que pingavam na carta borrando suas letras, era um choro silencioso, nem um pio, nem um grito ela dava. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Vlad Dracull Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Nossa que fic interessante! Parabéns pela escrita, rica em detalhes e muito cativante. Eu li os dois capitulos hoje a noite, e vou ler todos os outros que vc postar! Quote O Eterno Aprendizado! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Antes, gostaria de agradecer à todos que estão lendo a minha fics, vocês são o meu principal motivo de continuar escrevendo esta fic, obrigada pela leitura ^^_____Capítulo 3 – Noite O dia havia amanhecido cinza, o céu estava tampado pela barreira de nuvens macias, a luz do Sol mal tocava o solo daquele lugar. Era como se a própria natureza estivesse de luto, um vento frio fazia as poucas folhas das árvores se soltarem mortas até o chão, pessoas vestidas para a ocasião estavam próximas à uma espécie de altar com várias toras de madeira que ficava no pátio do templo. Deitado entre as toras, um senhor de idade avançada parecia adormecido, seu rosto era sereno, difícil de imaginar como ele teria morrido na luta entre os piratas em alto mar, o corpo estava impecável, sem nenhuma mancha de sangue ou mesmo feridas expostas. Aki estava com seus pais, aquele era seu primeiro funeral, a garota na realidade não fazia idéia do que se passava ali, mas era claro que algo estava estranho com seu avô. Na cabeça da pequena só se passava a pergunta do por quê seu querido avô estar ali deitado, dormindo como se não houvesse frio ou mesmo aquelas pessoas sussurrando e conversando. Sua mãe olhava com uma expressão de profunda tristeza, seu pai no entanto rígido como sempre não demonstrava nenhum sinal de afeto, talvez pelo fato de se ver livre de seu sogro que sempre lhe importunava. Assim a cerimônia começou, dois homens da marinha se aproximaram com as tochas e atearam fogo na madeira, que começou a queimar rapidamente, assim que Aki viu aquilo seu coração apertou. Seu querido avô estava sendo queimado vivo, era isto o que ela pensava, sem pensar muito, a menina tentou correr até a fogueira. - PAREM!! PAREM!! – Ela gritou com todas as forças. – MEU AVÔ ESTÁ LÁ!! Mas antes que ela pudesse se aproximar mais, uma força lhe puxou para trás e lhe estapeou no rosto, Aki procurou pela pessoa que fez isso e focalizou em seu próprio pai com o rosto enfurecido. Seu pai se manteve em silêncio, somente o rosto dele já mostrava o que era preciso dizer, a jovem menina balançou seu braço para se soltar e correu para fora do templo. A jovem não olhava para onde corria, para ela não fazia diferença pois seu avô naquele momento havia sido cremado, o local onde havia sido estapeada ardia como fogo, porém, a dor da perda da pessoa que lhe era mais querida superava isto. Aki correu até uma floresta de bambus e parou aos poucos, se sentou em qualquer lugar e começou a chorar, tanto por seu avô quanto pelo tapa, após algumas horas sozinha no meio da floresta, ela olhou em volta. A jovem de cabelos verdes opacos não reconhecia o lugar onde estava, tudo se parecia igual, bambus e mais bambus se espalhavam por todos os lados, Aki enxugou suas lágrimas, se levantou e começou a caminhar. Porém, quanto mais andava mais parecia que ela ficava perdida, naquela floresta não havia nada que pudesse ser usado de referência, era uma floresta limpa, nenhuma outra planta existia além daquelas pragas. Passo após passo, somente o som das folhas sendo chutadas para o lado, a cada hora que passava Aki ficava cada vez mais em pânico, ela as vezes tinha a sensação que nunca mais sairia daquele lugar, até que ouviu algo. Algo ou alguém estava ali, o som das folhas sendo amassadas se aproximava cada vez mais, a jovem criança não podia fazer nada além de se agachar e esperar com que nada lhe acontecesse, Aki cobriu sua cabeça com as suas mãos e fechou os olhos, esperando que o pior lhe acontecesse. - Você aqui?! – Disse uma voz surpresa e que era muito familiar para a criança. A garota abriu os olhos e procurou quem era, um borrão de cor bege e marrom estava na sua frente, com os cabelos negros que cobriam parte do rosto e com os costumeiros olhos afiados. Assim que ela reconheceu Deja Vu, a menina correu até ele, o abraçou e começou a chorar novamente, o bardo ficou um pouco surpreso com a reação da jovem. - Opa! Opa! Calma aí mocinha, sei que você é minha fã, mas sem assédio! – Disse para descontrair. Porém a garota não parecia se importar com o que o jovem dizia, ela só queria algo que recebesse a sua tristeza, o bardo um pouco sem graça, acariciou sua cabeça como sinal de consolo. Repentinamente um vento forte começou a soprar entre os ramos de bambu, eles balançavam de forma uniforme emitindo um rangido que daria calafrios até mesmo para o mais corajoso dos tigres. Uma tempestade forte caia como se não houvesse amanhã, a dupla estava com sorte por estarem entre aqueles bambus, conhecidos por sua flexibilidade e resistência, a floresta naquele momento era o esconderijo perfeito para a tempestade repentina. Deja Vu sem muita escolha decidiu ficar por ali com a menina até a chuva passar, pela força dela, era provável que algum acidente terrível poderia acontecer aos dois, o bardo olhou para ela e disse. - Bem, se quiser posso lhe contar uma história para te animar, que tal? – Propôs ele com um sorriso. Aki ainda soluçando só respondeu com a cabeça que sim. - Pois bem, hoje vou lhe contar sobre a história de um reino distante, onde havia uma princesa chamada Aurora, era um reino próspero onde seu povo vivia feliz e com fartura... E assim novamente Aki pôde sonhar com aquela história, onde uma princesa é amaldiçoada junto com seu reino por uma bruxa maligna, então um príncipe de um reino distante surge e salva a princesa de seu destino horrível. Quando Deja Vu havia terminado a história, a tempestade havia acalmado e se transformado em uma leve chuva, algo que era muito raro naquela época do ano, o bardo então guiou a menina para fora da floresta e a deixou em sua casa. - Obrigada senhor, eu lhe devo uma. – Disse Aki com a voz mais animada. O bardo somente sorriu e lhe acenou enquanto se despedia, a garota sem demorar muito entrou na sua casa de jeito mais furtivo possível, pois já era tarde e com certeza seus pais não estariam contentes com isto. Porém, sem muito sucesso, seu pai a recebeu com o rosto mais bravo que o normal. - Aki!! Onde você esteve?! Já é quase noite, o que você pensa que estava fazendo!?! – Disse ele gritando de forma autoritária. Sua mãe no entanto estava sentada perto à mesa, ela não dizia nada, somente assistia quieta em seu canto como sempre fazia. - Eu já voltei papai, não fique bravo comigo! – Respondeu Aki. - Isso é forma de falar com seu pai? E aquilo no funeral, isso lá é coisa que uma menina deve fazer? Acho que devo te ensinar o que é respeito!! – Berrou de volta. Kosuke em seu momento de fúria, não pensou no que fazia, seu corpo agia pelo impulso da raiva que sentia no momento, ele sacou a coisa mais próxima e empunhou contra a criança, era uma vassoura. Com todas as suas forças ele bateu no pequeno corpo da menina, Kaede assustada com a cena tentou parar o marido, porém, mais forte e preparado a jogou para trás e continuou com sua investida. A única coisa que a pequena garota podia fazer era se proteger dos golpes com os braços e gritar em vão. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
mhaenisch Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Pô, gostei da fic Momo. Ela está bem interessante até agora; a linguagem está fácil e o texto se desenrola bem. Porém, se você aceita críticas, acho que ficaria bacana você diminuir um pouco o tamanho dos períodos em alguns pontos. Eu achei a referência ao Aladin/Bela adormecida realmente cômica e bem criativa, haha. [/heh] E, Por sinal, esse pai da Aki está bem suspeito. Há alguma previsão de quando vem o próximo capítulo? Parabéns e continue postando! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Obrigada pelo elogio, vou tentar revisar os textos antes de posta-los aqui xDO próximo episódio sairá em breve, desculpa a demora entre as postagens, mas é que as vezes acabo me empolgando em outras coisas e acabo adiando pra fazer o episódio xDMas não se preocupe, garanto que em breve postarei /s Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 As árvores já se encontravam sem a sua vestimenta de sempre, nuas exibiam suas ramificações finas que se estendiam até o céu limpo daquela estação. Aquela era a estação do ano onde os sons eram mais puros, nenhum animal se encontrava ali, nem um cantar dos pássaros ou o coaxar dos sapos, somente os passos leves de uma senhora nas escadas. As pedras cinzas formavam uma escada até um templo mais suspenso, onde um tôri, uma espécie de portal feito com madeira pintada de vermelho recebia todos que chegavam ao templo. A senhora, de cabelos negros estavam soltos, ela chegou perto à um altar que havia do lado de fora do templo, depositou suas oferendas e tocou o sino. Ela fechou seus olhos com uma feição triste e disse em um sussurro “Que as brigas acabem...” Assim que a senhora se virou, um homem não tendo mais que trinta anos de vida estava parado atrás dela, por um momento ela ficou com medo mas seus olhos se encontraram e seu coração sentiu um palpitar estranho. Capítulo 4 – Inverno “Ela mordeu a suculenta fruta rubra, mal sabia que aquela única mordida lhe custaria a vida, aos poucos sentiu sua vista embaçar, o ar que passava pelo seu pulmão parou, a dama branca caiu no chão frio e duro sem vida.” Aki novamente escutava o bardo contar suas histórias, este havia virado um dos seus passatempos favoritos, cada dia que passava a jovem não via a hora de encontrar com o jovem para escutar mais uma daquelas histórias. Feitos heróicos, donzelas em perigo, lugares para serem explorados, a criança já havia ouvido sobre existirem aventureiros assim em um lugar distante dali, mas nunca passou pela sua mente em ser um deles. Para ela uma vida em Amatsu era mais que perfeita, encontrar seu amor verdadeiro, formar uma família, cuidar da casa e envelhecer ao lado de quem ama, para muitos poderia ser algo fútil, porém, para Aki era mais que suficiente. O Sol já ameaçava se por no horizonte, preocupada em chegar tarde em casa, Aki ia se despedir do bardo quando ele interrompeu rapidamente. - Aki, hoje é meu último dia aqui em Amatsu, eu realmente gostei em contar estas histórias para você, mas o destino de todo bardo é viajar para buscar mais histórias. A menina ao ouvir aquilo sentiu uma tristeza profunda, porém, diferente do dia do enterro do seu avô, ela não quis expressar aquilo, pois sabia que a partida de Deja Vu era necessária. - Me prometa que vai me trazer mais histórias para mim! – Disse Aki estendendo o dedo mindinho para o bardo. Deja Vu sem entender muito bem o que era copiou o movimento, a menina balançou as mãos para cima e para baixo três vezes recitando um verso. “Se eu estiver mentido, eu irei engolir mil agulhas, essa é a promessa do dedo mindinho!” O Bardo sorriu para a garota, lhe fez um afago na cabeça e se despediu dela, Aki fez o mesmo e se virou rapidamente, tentando não mostrar que na verdade estava chorando pela partida de seu valioso amigo. A menina caminhou até sua casa enquanto enxugava suas lágrimas, na varanda da casa estava sua mãe, sentada apreciando um pouco do chá que havia feito há pouco tempo, Aki tentava disfarçar que não havia chorado, porém seu rosto lhe entregava. Olhos e face vermelhos, Kaede sabia que algo havia acontecido mas preferia não perguntar, não era porque ela não se importava mas pelo fato de ser raro a expressão de sentimentos mais intensos como tristeza. Timidez era uma palavra que definia o povo de Amatsu, tudo era feito por trás de uma máscara que era quase impossível de ser tirada. - Aki, que bom que chegou antes do entardecer, fiz um pouco de chá, venha beber. – Disse a mãe com um sorriso na tentativa de fazer a filha esquecer o que houve de ruim. A menina se sentou ao lado da mãe e se serviu do mesmo copo de chá que a mãe, Kaede olhou para o céu limpo e falou para ela com a voz um pouco baixa. - Aki, em breve você vai ganhar um irmãozinho... Isso não é bom? – Sorriu Kaede. A jovem olhou para a sua mãe com os olhos arregalados, ter um irmão seria uma experiência totalmente diferente, o que a fez esquecer da partida de seu amigo. - Eu posso dar um nome para ele? – Perguntou ela animada. - Claro filha, quando tiver pensado em algo me avise. - Eu já pensei! Vai ser Akio! – Disse a garota em um sorriso vibrante. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
mhaenisch Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Obrigada pelo elogio, vou tentar revisar os textos antes de posta-los aqui xD O próximo episódio sairá em breve, desculpa a demora entre as postagens, mas é que as vezes acabo me empolgando em outras coisas e acabo adiando pra fazer o episódio xD Mas não se preocupe, garanto que em breve postarei /s Haha, relaxa; é realmente complicado ter periodicidade nesse tipo de coisa. Esse último capítulo ficou ótimo - um pouco curto só, mas interessante do mesmo jeito. Estas introduções narrando acontecimentos paralelos dão um aspecto de suspense que prendem - e muito, o leitor. Ficarei na espera do próximo capítulo! Abraços e parabéns novamente! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 A casa naquele momento estava silenciosa, todos dormiam, pai e filha exceto por uma pessoa. O Sol ainda não havia nascido, porém, a matiz que se desdobrava aos poucos para o claro anunciava a chegada do amanhecer. Kaede silenciosamente adentrou o aposento da filha e ao lado de sua cama depositou um papel dobrado em dois, por um momento ela olhou fixamente para a carta e se levantou, se dirigiu para a porta e saiu. Fora da casa o ar ainda era frio, em suas mãos uma pequena sacola feita de um grande pano contia algumas mudas de roupas, as suas favoritas, após andar mais alguns passos, a senhora de cabelos negros foi ao encontro do mesmo homem que havia conhecido no templo e lhe beijou. - Me leve para longe daqui... – Ela sussurrou para ele. Capítulo 5 – Negros como um corvo. Banzai!! Disse uma voz imponente seguido do toque suave dos copos, vozes alegres ecoavam na sala daquela casa, a mesa que ocupava praticamente todo o aposento era cercada por vários parentes e amigos. Tios, tias, primos, comemoravam a entrada para a marinha do jovem que se encontrava na ponta da mesa junto ao seu pai, um homem de físico bom mas nada exagerado, ele sorria com profundo orgulho de seu filho agora um verdadeiro homem. O jovem apesar de um pouco tímido com a situação, também expressava orgulho, agora que havia entrado para a marinha, ele poderia lutar lado a lado com seu pai e defender seu país na qual tinha honra de ter nascido. Próximos à ponta da mesa, se encontravam esposa e filha, a senhora com o rosto que já tinha marcas da idades conversava com amigos sobre como era orgulhosa de seu filho mais velha que era o exemplo da família. Já a menina mais nova aproveitava ao máximo o que uma boa festa podia oferecer, os comes e bebes, mas claro que ela também não podia estar mais do que contente pelo irmão, porém, festas de adultos geralmente não eram algo que agrava a pequena mocinha. Anoiteceu, uma noite confortável e morna, as cigarras antes mesmo da Lua aparecer no céu já cantavam sua música noturna, o coaxar dos sapos era em algum ponto relaxante, o povo Amatsuriano tinha o costume de apreciar pequenas coisas da vida. O céu, a Lua, a noite, o entardecer, tudo era motivo para um sorriso e uma motivação, talvez os Amatsurianos fossem um povo que conseguiam retirar felicidade de coisas tão pequenas que os faziam fortes e determinados no que quer que fizessem. Kaede estava sentada na varanda observando o sino pendurado no teto balançar ao sabor do vento, todos já haviam ido embora e abençoado seu irmão pela sua conquista, a casa agora estava silenciosa exceto pelo sons dos animais noturnos. - Gostou da festa Kaede? – perguntou alguém atrás dela. A jovem olhou e viu seu irmão, vestido com roupas mais informais e leves, Yuuki não possuía nenhuma característica marcante em sua aparência, possuía cabelos negros como os da irmã, olhos finos tão pretos quanto sua cabeleira.Yuuki era praticamente um adulto, agora um membro da marinha assim como seu pai, era o principal orgulho e respeito da família. - Bem, os bolinhos não estavam bons, eu ainda prefiro os da mamãe! Yuuki sorriu para Kaede. - Kaede, o que você acha sobre eu ter virado um marinheiro? - Que o Yuu é realmente alguém muito legal e forte! Eu queria ser que nem você Yuu! – Disse Kaede sorrindo. O jovem olhou para Kaede e lhe deu um sorriso um pouco desanimado mas rapidamente se virou disfarçando aquele sentimento. - Então o irmão aqui vai dar o melhor por você! Yuuki entrou para dentro da casa e se dirigiu ao seu aposento, se sentou no chão de tatames e olhou para o teto soltando um suspiro pouco inspirado. Dias depois pai e filho foram convocados para uma missão de reconhecimento em alto mar, aqueles eram tempos pacíficos para Amatsu, não havia realmente uma ameaça que pudesse comprometer a ilha. Outras cidades ou continentes eram desconhecidos por Amatsu, porém, sabiam que havia outras terras além daquele lugar, pois não eram raras o surgimento de piratas em alto mar. Preparados e confiantes, ambos se despediram da sua família que o máximo que podiam fazer era esperar, Yuuki já havia se acostumado com os movimentos do navio, algo que poderia ser terrível para qualquer novato. Meses à fio de passaram, Kaede e sua mãe ocupavam seu dia-a-dia com tarefas domésticas, ambas não se preocupavam com o perigo, pois sabiam que não havia nada que pudesse colocar em risco a vida dos dois membros da família. Eram o que pensavam. Um oficial da marinha compareceu à casa da jovem menina, ao lado de sua mãe no hall de entrada, ela a viu pegar a carta e não se conter na frente do oficial, que por sua vez mantia a postura rígida e rosto passível. - Ele lutou bravamente por sua terra! Ele será a honra para Amatsu! – Gritou fortemente o oficial. Kaede estava curiosa sobre o que estava acontecendo, mas não era uma sensação boa ou de entusiasmo, era na verdade um misto de ansiedade e medo, a jovem se aproximou de sua mãe e pegou a carta, quando leu a garota não se conteve. Pesadas lágrimas caiam de seus olhos, no funeral estava ali, na frente do corpo de seu irmão sendo cremado, vozes de conhecidos e parentes sussurravam pela perda do garoto, pelo filho mais velho, do exemplo e do único homem que havia na família. - Eu vou ter um filho... um tão grandioso quanto Yuu... -- Os pássaros cantavam através da janela, a luz do sol que era bloqueada pela janela feita de papel iluminava delicadamente o aposento de Aki, a garota se levantou e estranhou o fato de não ter sido acordada por sua mãe, como ela sempre o fazia. A menina olhou para o lado e viu um pedaço de papel cuidadosamente colocado ao lado de sua cama, com os olhos sonolentos ela pegou e leu a carta vagarosamente, assim que terminou de ler ela balançou a cabeça e se certificou que estava acordada o suficiente para reler atenciosamente a carta. “Querida Aki Mamãe saiu em busca de um lugar melhor para vivermos, mamãe está cansada e com medo do seu papai, por isso sai em segredo para que eu encontre primeiro um lugar para nós morarmos juntas. Peço para que não conte ao seu papai sobre isso, senão ele pode ficar muito bravo comigo e me matar, então espere por sua mamãe aqui até que eu volte. Seja forte e paciente. Kaede” Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
VermillionZ Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Ará! Eu lé enfim, Momo! Finalmente a história do meu mercenário favorito. Bom, como sempre você mostra o talento em criar histórias dramáticas. Gostei da leitura, é suave e fácil. Quanto a história, não gostei da atitude da mãe da Aki, ela devia ter levado a filha junto, deixa-la pra buscar depois só vai fazer o pai descontar nela. Só uma dúvida, essa primeira parte do cap 5 é um flashback que acontece antes da Kaede se casar e Aki nascer ou é parte da fuga dela já? Espero o próximo capítulo! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Obrigada por ler Zy \o\ Respondendo sua pergunta, já é a parte da fuga dela, tanto que estou narrando ela deixando uma carta ao lado da cama da filha que ela abre no fim do capitulo ^^No mais, logo postarei mais! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Paulinho 4ever Posted January 5, 2010 Author Share Posted January 5, 2010 E quando posta mais? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Momo Noguiko Posted January 5, 2010 Share Posted January 5, 2010 Capítulo 5 – Demônio do olho dourado Somente alguns minutos haviam se passado naquela manhã de outono mas para ele pareciam ter feitos horas, o homem de cabelos verdes corria de um lado para o outro na varanda da casa, nunca tinha estado tão eufórico desde do dia do casamento com Kaede. A neve caia de forma delicada do céu cinza, apesar de ser outono o frio era forte porém Takashi mal sentia isso, aquele ia ser o primeiro filho do casal, quer fosse menina ou menino, com certeza ele amaria pois era do seu sangue. Um ano se passou desde que jurou matrimônio com a sua esposa, no começo tinha um pouco de receio, ainda mais que era um casamento arranjado, prometido quando ainda eram crianças. Porém, este tempo que passou junto só fez com que perdesse sua incerteza, ele a amava mais do que qualquer outra coisa e com o nascimento do primeiro filho, esse laço só se fortaleceria. Os pensamentos de Takashi foram cortados por um choro, o homem correu rapidamente até o quarto onde a sua esposa repousava, a parteira que estava com a criança nos braços logo se dirigiu ao recém pai. - Parabéns, é uma linda menina! – disse ela em um sorriso singelo. O pai pegou ela nos braços e a olhou de forma carinhosa, a parteira saiu do quarto assim que deixou o bebê nos braços do pai, Kaede no entanto estava exausta mas ela agia de forma diferente do que era comum às mães, ao em vez de um sorriso havia uma expressão séria quase como um lamento. - Vamos chamá-la de Aki! Ela que brilhou nossas vidas! – Disse ele sorrindo. Takashi olhou para o pequeno rosto do ser que estava em seus braços, era delicado e frágil, foi então que ela abriu seus olhos, um olho acastanhado e outro âmbar de forma vívida, o homem por um momento piscou os olhos freneticamente como se quisesse acordar de um sonho. - Por que... por que ela tem o olho amarelo? – Disse o homem não acreditando no que via. Assim como o marido, a esposa não acreditou no que ouviu, Takashi rapidamente deu a criança pra Kaede como se quisesse se livrar de um infortúnio, ela checou realmente se era verdade e era. - Não é o que você está pensando! Ela é nossa filha, não é de ninguém mais!! – Disse ela quase gritando de desespero. O bebê pôs a chorar novamente, o homem fechou suas mãos com força em extrema raiva e berrou. - ISSO NÃO É MINHA FILHA E VOCÊ É MUITO MENOS MINHA ESPOSA!! Assim que terminou Takashi saiu do quarto quase quebrando a porta de papel e madeira, Kaede olhou a criança nas mãos e delicados pingos começaram a cair de seus olhos, além de não ser o que ela queria era acusada de adultério. A mãe colocou delicadamente uma mão em volta do pequeno pescoço da criança, “Não preciso de muito para terminar com isso” ela pensou consigo mesma, porém ela não o fez, simplesmente ficou ali em prantos enquanto abraçava a criança. -- Um ano se passou desde que a mãe de Aki foi embora deixando a carta, todos os dias a criança antes de dormir lia a carta para buscar forças para viver cada dia ao lado de seu pai. Todos os dias eram o verdadeiro inferno, na verdade talvez até mesmo Hel fosse mais piedosa na visão da garota, Takashi lhe aplicava castigo por o que quer que fosse, até mesmo a mais leve dor de cabeça Aki já estava condenada. Se não eram os castigos eram as torturas constantes, as vezes a menina passava dias sem se alimentar ou mesmo era deixada para dormir ao relento em dias de inverno, seu pai se entregava cada vez mais à bebida e um poço sem fundo. Eram poucos os que aceitavam o homem como empregado, vizinhos e parentes todos comentavam sobre ele, sobre como era um relaxado e irresponsável ainda mais pela esposa ter lhe trocado por um outro, que na contagem deles era a segunda vez. Naquele momento ele estava novamente desempregado e o pior, com contas até onde os olhos perdiam a vista, Aki era praticamente a escrava dele, fazia tarefas domésticas e se caso fizesse algo que desagradasse o pai era castigo na certa. Anos se passaram na mesma rotina, Aki havia completado doze anos de idade naquele outono, seu corpo já com várias cicatrizes estava se tornando uma moça, os primeiros sinais de sua maturidade já começaram a surgir. Seus seios começaram a crescer assim como seu corpo começara a tomar forma, quando não tinha hematomas em seu rosto, era bem gracioso e bonito, Aki era praticamente uma flor começando a desabrochar e tomar sua forma bela. Porém, com o passar dos anos Takashi se tornou ainda mais intolerante, ele agora ignorava seus familiares assim como seus vizinhos, para ele aquelas pessoas não passavam de aproveitadores e fofoqueiros esperando qualquer deslize para começar a falar mal de qualquer um que fosse. O homem havia conseguido um emprego de ajudante de um agricultor local mas ele odiava aquilo mais do que tudo, na verdade eram poucas as coisas na qual ele gostava além de bebida e sexo. --- Aki novamente estava em seu quarto olhando a carta que sua mãe lhe deixara, o papel já havia adquirido o aspecto envelhecido e suas bordas já estavam desgastadas com pequenos cortes. A lua já estava a pino no céu, seu pai não havia voltado ainda de seu serviço o que era bem comum, a garota sabia que ele sempre ia beber e só voltava muito tarde, era um curto momento de paz na qual apreciava mais do que tudo. Três anos se passaram desde da promessa, ela a esperava cheia de esperança no dia que a sua mãe voltasse e a levasse embora daquele eterno pesadelo na qual estava trancafiada. A garota pegou a carta e a guardou cuidadosamente em uma caixa que escondia no armário, nele o quepe que era do seu amado avó estava guardado, aquelas eram as duas coisas mais valiosas que lhe haviam restado. Aki se levantou e saiu do quarto indo em direção ao banheiro, ela por um momento olhou-se no espelho e observou seus olhos, o direito amarelo e o esquerdo negro como um abismo. Ela suspirou e amarrou seus longos cabelos com um elástico que sempre deixava ali, logo em seguida desamarrou a faixa que segurava seu vestido deixando os ombros nus, na pele clara haviam pequenas cicatrizes, todos derivados da mesma fonte. Repentinamente um estrondo bateu atrás dela. Aki se virou assustada e viu seu pai, diferente dos outros dias ele não tinha a expressão embriagada de sempre, na verdade estava até bem lúcido, rapidamente a garota fechou seu vestido e o amarrou com a faixa novamente de jeito meio apressado. - Minha querida filha. – Disse Takashi de forma cantarolante. – apartir de amanhã você vai trabalhar, não é legal? E eu estou saindo daquele emprego imundo daquele velho gagá. – Comentou de forma nervosa. Aki fez uma expressão de dúvida, ela calculou bem as palavras antes de perguntar algo ao seu pai. - No que vou trabalhar...? – Perguntou com a voz baixa. Takashi deu um sorriso malicioso. - Você já está mais que na idade de trabalhar, você acha que eu vou ficar pagando a sua comida e deixar você morar aqui de graça? Quem você acha que é? Uma princesa? Hahah!! – Riu de forma debochada. – Fique preparada que amanhã vão te buscar aqui, princesa. O pai saiu do banheiro fechando a porta com certa força, Aki se sentou no chão e abraçou as pernas, havia perdido a vontade de se banhar, se era algo vindo do pai provavelmente seria algo bem desagradável. - Provavelmente ele me vendeu pra algum maluco pra fazerem experiências comigo... – sussurrou de forma trêmula. Na verdade não seria ruim diante do que ela poderia enfrentar. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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