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Folhas de Outono


Paulinho 4ever

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 O véu noturno se extendia por todo o céu, a lua

brilhava esplendorosa no manto azul, as estrelas timidas só realçavam

ainda mais a beleza do astro, haviam poucas nuvens no céu, as delicadas

flores de cerejeiras já haviam caído e dado o lugar para as vermelhas

folhas de outono.

 

A noite era fria, nas ruas de Amatsu poucas

pessoas se encontravam presentes, em uma casa um pouco mais afastada da

cidade, uma mulher acabara de dar a luz, sob a luz de vela, a jovem de

cabelos negros olhava para a sua nova filha.

 

Com cuidado ela a

pegou e sorriu, o marido que estava ao seu lado lhe perguntou que nome

daria para o bebê, a jovem mãe olhou atrás da janela as folhas que

pereciam naquele outono frio e lhe nomeou.

 

Capítulo 1 – Primavera

 

– Mamãe, mamãe! - chamava uma voz animada. - Olhe, os navios estão chegando!

 

 

A criança de cabelos verdes opacos sorria para a sua bela mãe, uma

senhora que aparentava por volta dos trinta e cinco anos, com suas

madeixas negras como as asas de um corvo presas em um modesto rabo de

cavalo, seus olhos apresentavam ternura e paciência, algo que todas as

mães sempre cultivam.

 

Uma frota de navios surgia da linha do

horizonte do mar azul, não só elas estavam presentes no porto, mas como

também várias outras pessoas que esperavam com ansiedade seus parentes,

amigos e amores.

 

Aportando, os navios fizeram uma saudação

barulhenta, marinheiros de todas as idades gritavam de alegria ao ver

que finalmente voltaram são e salvos à sua terra natal, a cada missão

que eles iam, sentiam como se nunca mais fossem voltar.

 

 

Diferente de guerreiros nórdicos, que lutavam por prazer, ou mesmo dos

soldados de Einbroch, que alguns faziam por obrigação, tanto a marinha

quanto os soldados de Amatsu faziam aquilo por honra, o bem mais

precioso para qualquer homem daquela ilha.

 

De forma pomposa, um

senhor de idade já de cabelos brancos descia de forma que impunha

respeito nos demais, semelhante à um leão, ele trajava um uniforme

diferente dos outros, o que mostrava que ele era o capitão deles.

 

– Olha mamãe, já posso ver o vovô, que bom que ele voltou bem. - Disse a menina sorrindo.

 

 

A jovem que possuia não mais que sete anos era bem parecida com a sua

progenitora, um rosto belo e delicado, olhos que transbordavam ternura,

mas diferente de sua mãe, ela possuia a cor dos olhos bem distintos, um

era amarelo, o outro negro como o de sua mãe.

 

Seu cabelo era

verde mas bem claro, herança de seu pai, eles se mantiam longos o que

era o orgulho para a pequena mocinha que adorava exibir ele para o seu

querido avô.

 

Vestidas com os tradicionais quimonos, roupa

típica da ilha, elas esperavam pelo avô e o pai da pequena moça, ambos

os homens serviam à marinha, não eram raras as vezes que eram lhes

entregue missões, o avô da menina, Shitiro, possuia um cargo importante

na marinha.

 

Já o marido de Kaede, Kosuke, estava alí por causa

da influência que seu genro possuia, habilidade, força ou mesmo

responsabilidade era o que ele menos tinha, não eram poucas as vezes

que ele se safava por pouco de suas irresponsabilidades.

 

 

Assim que Shitiro se aproximou a garota correu até ele com um braço,

logo atrás dele Kosuke chegava com o mesmo rosto rígido e sério, a sua

esposa somente sorriu para ele, gestos de afeto eram algo raro entre os

Amatsurianos, que eram extremamente tímidos com relação à isso.

 

 

Kaede ofereceu um singelo sorriso, seu marido no entanto o recebeu com

o mesmo olhar frio, sem demorar muito no porto, todos se dirigiram para

casa, a cidade de Amatsu apresentava a sua beleza natural da estação,

folhas vermelhas e amarelas pintavam as ruas de terra batida, o vento

apesar de frio não era incômodo, o Sol tratava de aquecer quem

estivessem em baixo dele.

 

Após alguns minutos de caminhada, o

grupo havia chegado no que parecia ser a entrada da cidade, a casa

deles ficava um pouco mais afastada da cidade, era um lugar calmo com

pouco movimento, alí era possivel escutar o som das folhas das árvores

dançarem ao sabor do vento.

 

A casa era algo bem feito,

construído com madeira, não era algo extremamente luxuoso mas que

poderia aguentar a mais terrível das tempestades, uma sala grande com

uma mesa, três quartos, uma para o casal, outro para a sua filha e

outro para hospedes, uma cozinha, um banheiro que ficava do lado de

fora da casa e um quintal.

 

Aquela era a casa deles, Shitiro não

morava lá, pelo contrário, ele somente vinha para visitar sua amada

neta, não eram raras as vezes que passava a noite no quarto extra,

junto com a garota contando sobre suas viagens e aventuras em alto mar.

 

 

O avô da jovem já se encontrava na sala apreciando seu chá enquanto

contava sobre mais uma de suas aventuras no alto mar, o pai da garota

estava sentado ao lado, mas pouco prestava atenção para o que seu genro

falava.

 

– Então nós encontramos um navio abandonado, nós

entramos lá para ver o que havia dentro, foi quando de repente

esqueletos piratas nos atacaram!!!

 

– Vocês acabaram com eles? - Perguntou curiosa a menina.

 

– Claro que sim! Senão como eu estaria aqui contando essa história para você? hahaha!! - Riu o senhor com gosto.

 

 

Ambos riam com o comentário, neta e avô, com o cair da tarde, todos se

sentaram para jantar e logo após a ceia havia chegado a hora do seu avô

partir, a vida de um membro da marinha não era fácil, sempre cheio de

obrigações e deveres mas logo terminaria, pois em breve ele iria se

aposentar.

 

Mãe e filha ficaram na frente da casa para se

despedirem de Shitiro, o senhor olhos tão negros quanto a noite olhou

para a sua neta e deu um largo sorriso.

 

– Antes de ir, tenho um presente muito especial para você, feche os olhos.

 

A garota fechou seus olhos e colocou as mãos na frente deles, ansiosa para saber o que seria.

 

– Não está olhando, está?

 

– Não! não estou!

 

 

Algo havia sido posto em sua cabeça, a menina colocou as mãos no

objeto, retirou e olhou o que era, a própria boina de capitão era seu

presente, Shitiro sorriu novamente, se ajoelhou e disse para ela.

 

– Este é meu presente para você, este é o símbolo de força e coragem, quando tiver medo, use ele que ele lhe trará segurança.

 

 

A jovem menina lhe agradeceu e o abraçou muito feliz, Shitiro se

levantou e acenou para as duas, a sua pequena neta gritou um “Muito

obrigada” bem alto enquanto ele ia se afastando.

 

Já era noite,

o céu escuro não apresentava o brilho delicado da lua, as trevas da

noite passavam a impressão que algo sempre estava à espreita para ter a

chance de um bote perfeito, porém, Shitiro andava confiante, era

corajoso, uma virtude muito prezada entre os amatsurianos.

 

 

Após andar metade do caminho, o senhor parou e olhou novamente para

trás, não por medo ou preocupação, mas por receio, ele se lembrou

novamente do rosto de sua amada neta e filha, o quanto sentia em ter

que ir e não passar tempo o suficiente com as duas.

 

Chegando no porto, um marinheiro andou na direção do capitão e disse com a voz séria.

 

– Capitão, estamos prontos, quando o senhor quiser já podemos zarpar!

 

Shitiro por um momento ficou em silêncio, olhou para os grandiosos navios de madeira e deu um suspiro breve.

 

– Tudo bem, estaremos saindo esta noite, não quero que este assunto se prolongue ainda mais.

 

 

E assim ele foi em mais uma de suas missões, já em cima do convés,

Shitiro estava pronto para zarpar, porém, no porto mais uma pessoa

chegou, esta estava muito atrasada, o que desagradou muito o senhor.

 

 

O homem subiu sem pressa, foi até o capitão e o encarou com o olhar

sério, Shitiro por sua vez fez um olhar rígido e bravo, odiava quando

seus subordinados se atrasavam, pontualidade era algo que o senhor

esperava de seus marinheiros, pois de acordo com ele, a cada minuto

algo pode acontecer, o capitão pensou em algum sermão, mas decidiu se

manter em silêncio.

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 O mar ser encontrava calmo, suas ondas

suavemente deslizavam para cima e para baixo com um ritmo próprio, a

noite era escura, a lua se escondia com a sua face virada para trás.

 

 

Um barco nadava com paciência naquele lugar vazio, um homem que remava

e outro com uma lanterna em mãos, o que iluminava porcamente o lugar

gritava na esperança de encontrar algo.

 

Ambos estavam

uniformizados, a respiração de ambos se condensavam assim que tocavam o

ar gelado, o remador continuou até trombar em algo.

 

Ele parou o

pequeno barco, o outro homem levou a lanterna mais para frente e viu

destroços do que seria um navio grande, madeira, caixas e o que eles

menos queriam, corpos.

 

Capítulo 2 – Chuva

 

 

Uma fina chuva caia em Amatsu, a ilha possuía suas estações bem

definidas, na primavera era um tempo fresco, no verão chuvas e

tempestades eram comuns assim como o calor intenso, o outono, estação

que a jovem moça mais gostava, era fresco com um toque de frio,

diversas frutas maduravam nesta época fazendo-as bem deliciosas.

 

 

O inverno era a estação que ela menos gostava, era um frio intenso,

flocos de neve caiam constantemente nesta estação, mas apesar do frio,

era uma estação divertida para ela.

 

A jovem menina estava na

varanda da casa olhando a chuva cair das nuvens, seu pai estava em uma

missão com seu avó e sua mãe preocupada com os afazeres diários de uma

dona de casa.

 

Repentinamente uma pessoa saiu do meio da

floresta que cercava a casa da jovem, ele trajava um manto pesado para

se proteger da chuva, mal dava-se para reconhecer se era uma mulher ou

um homem.

 

- Com licença... estou com fome e cansado... posso ficar aqui...? – disse ele com a voz fraca e cansada.

 

 

Ela o olhou por alguns momentos, somente o barulho da chuva repercutia

naquela cena, apesar da figura se suspeita, a jovem o convidou para

entrar.

 

A pessoa retirou seu calçado e entrou na varanda, sem

hesitar, ele se deitou revelando suas vestes, aquela indumentária era

diferente de todas que alguém já tenha usado naquele lugar, eram da

mesma coloração das folhas de outono, beges e marrons.

 

Era um

jovem homem com o cabelo intensamente negros, seus olhos eram finos, se

parecia com um amatsuriano apesar de sua roupa estranha, seu rosto

possuía uma beleza que somente ele possuía, exótica.

 

A jovem

menina rapidamente correu até a cozinha para preparar algo, naquela

idade ela quase não sabia cozinhar, somente o básico, bolinhos de

arroz, um lanche tradicional daquela ilha.

 

Ela voltou ao visitante com três bolinhos e um pouco de chá frio e ofereceu à ele, porém, o homem não se levantava.

 

 

A menina se aproximou e olhou para o rosto dele, abriu um dos olhos e

viu que ele estava dormindo, inconformada, ela pegou um dos bolinhos,

abriu a boca do moço e enfiou goela abaixo.

 

- AHH!! – Gritou o homem. – O que pensa que está fazendo?!

 

- É falta de educação dormir na casa dos outros!! Ainda mais quando oferecem comida!! – Disse a pequena indignada.

 

O homem tossiu um pouco.

 

- Ok, ok, me desculpe...

 

Ele pegou um dos bolinhos e começou a comer.

 

- Vou me apresent...

 

Mas antes mesmo que ele continuasse a falar, a menina pisou com todas as forças em sua mão.

 

- AHHH, sua doida!! O que você ta fazendo?!!? – Disse o jovem.

 

- Você está comendo de boca cheia, isso é falta de educação!!

 

Ele novamente tossiu e resmungou algo como “Se eu não tivesse tão cansado”, ele terminou de comer e continuou sua apresentação.

 

- Bem, meu nome é Deja Vu!! Sou o mundialmente famoso bardo e viajante dos dezoito mares! E qual o seu nome mocinha?

 

- Aki, meu nome é Aki, que significa outono em amatsuriano! – Disse a garota com muito orgulho.

 

- Seu nome é realmente bonito. – Deja Vu pegou outro bolinho e começou a mastigar com a ajuda do chá.

 

Aki

olhava para as roupas do homem à sua frente, ela se perguntava o que

era ser um bardo, seria usar aquele tipo de roupas e ser mal educado?

Ela se questionava.

 

- Ei tio, o que é bardo? – Perguntou enquanto se sentava ao lado dele.

 

Ele terminou de engolir o último bolinho antes de falar.

 

-

Bem, um bardo é uma pessoa que viaja pelo mundo para contar sobre

histórias e feitos incríveis, alguns trabalham de carteiros ou

mensageiros também.

 

- Oh, vocês contam histórias? Assim como o vôvô? – Disse ela fascinada.

 

- Heh, duvido que seu avô seja um bardo, mas acho que sim. – Respondeu com um sorriso.

 

- Então você poderia me contar uma história?

 

- Hm, claro, afinal, você me deu um lugar para me proteger da chuva e comida, por que não?

 

E

assim ele começou a contar sua história sobre Abadin e os quarenta

gatunos, Aki estava fascinada a cada momento da história, em sua mente,

um cenário se formava, ela conseguia ver a cidade desértica, o herói

principal assim como os tesouros.

 

Enquanto os dois se entretiam

com a história, um oficial da marinha se aproximou da entrada da casa,

em suas mãos ele segurava uma carta, um misto de hesitação e ansiedade

corriam pelo seu corpo.

 

Repentinamente a porta da casa se

abriu, a senhora de cabelos negros se assustou com a presença do

oficial, ela não o esperava na frente da sua porta, o jovem fez uma

reverência, entregou-lhe a carta e saiu rapidamente do local.

 

A

mulher agarrou a carta como se fosse um animal faminto, a sensação de

medo percorria cada parte do corpo da senhora, sua respiração era

rápida e tensa, seu coração estava disparado.

 

Ela abriu a carta

e leu cada ideograma, não acreditava no que via, seus olhos vertiam

lágrimas que pingavam na carta borrando suas letras, era um choro

silencioso, nem um pio, nem um grito ela dava.

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 Antes, gostaria de agradecer à todos que estão lendo a minha fics, vocês são o meu principal motivo de continuar escrevendo esta fic, obrigada pela leitura ^^_____Capítulo 3 – Noite

 

O

dia havia amanhecido cinza, o céu estava tampado pela barreira de

nuvens macias, a luz do Sol mal tocava o solo daquele lugar.

 

 

Era como se a própria natureza estivesse de luto, um vento frio fazia

as poucas folhas das árvores se soltarem mortas até o chão, pessoas

vestidas para a ocasião estavam próximas à uma espécie de altar com

várias toras de madeira que ficava no pátio do templo.

 

Deitado

entre as toras, um senhor de idade avançada parecia adormecido, seu

rosto era sereno, difícil de imaginar como ele teria morrido na luta

entre os piratas em alto mar, o corpo estava impecável, sem nenhuma

mancha de sangue ou mesmo feridas expostas.

 

Aki estava com seus

pais, aquele era seu primeiro funeral, a garota na realidade não fazia

idéia do que se passava ali, mas era claro que algo estava estranho com

seu avô.

 

Na cabeça da pequena só se passava a pergunta do por

quê seu querido avô estar ali deitado, dormindo como se não houvesse

frio ou mesmo aquelas pessoas sussurrando e conversando.

 

Sua

mãe olhava com uma expressão de profunda tristeza, seu pai no entanto

rígido como sempre não demonstrava nenhum sinal de afeto, talvez pelo

fato de se ver livre de seu sogro que sempre lhe importunava.

 

 

Assim a cerimônia começou, dois homens da marinha se aproximaram com as

tochas e atearam fogo na madeira, que começou a queimar rapidamente,

assim que Aki viu aquilo seu coração apertou.

 

Seu querido avô

estava sendo queimado vivo, era isto o que ela pensava, sem pensar

muito, a menina tentou correr até a fogueira.

 

- PAREM!! PAREM!! – Ela gritou com todas as forças. – MEU AVÔ ESTÁ LÁ!!

 

Mas

antes que ela pudesse se aproximar mais, uma força lhe puxou para trás

e lhe estapeou no rosto, Aki procurou pela pessoa que fez isso e

focalizou em seu próprio pai com o rosto enfurecido.

 

Seu pai se

manteve em silêncio, somente o rosto dele já mostrava o que era preciso

dizer, a jovem menina balançou seu braço para se soltar e correu para

fora do templo.

 

A jovem não olhava para onde corria, para ela

não fazia diferença pois seu avô naquele momento havia sido cremado, o

local onde havia sido estapeada ardia como fogo, porém, a dor da perda

da pessoa que lhe era mais querida superava isto.

 

Aki correu

até uma floresta de bambus e parou aos poucos, se sentou em qualquer

lugar e começou a chorar, tanto por seu avô quanto pelo tapa, após

algumas horas sozinha no meio da floresta, ela olhou em volta.

 

 

A jovem de cabelos verdes opacos não reconhecia o lugar onde estava,

tudo se parecia igual, bambus e mais bambus se espalhavam por todos os

lados, Aki enxugou suas lágrimas, se levantou e começou a caminhar.

 

 

Porém, quanto mais andava mais parecia que ela ficava perdida, naquela

floresta não havia nada que pudesse ser usado de referência, era uma

floresta limpa, nenhuma outra planta existia além daquelas pragas.

 

Passo

após passo, somente o som das folhas sendo chutadas para o lado, a cada

hora que passava Aki ficava cada vez mais em pânico, ela as vezes tinha

a sensação que nunca mais sairia daquele lugar, até que ouviu algo.

 

 

Algo ou alguém estava ali, o som das folhas sendo amassadas se

aproximava cada vez mais, a jovem criança não podia fazer nada além de

se agachar e esperar com que nada lhe acontecesse, Aki cobriu sua

cabeça com as suas mãos e fechou os olhos, esperando que o pior lhe

acontecesse.

 

- Você aqui?! – Disse uma voz surpresa e que era muito familiar para a criança.

 

 

A garota abriu os olhos e procurou quem era, um borrão de cor bege e

marrom estava na sua frente, com os cabelos negros que cobriam parte do

rosto e com os costumeiros olhos afiados.

 

Assim que ela

reconheceu Deja Vu, a menina correu até ele, o abraçou e começou a

chorar novamente, o bardo ficou um pouco surpreso com a reação da jovem.

 

- Opa! Opa! Calma aí mocinha, sei que você é minha fã, mas sem assédio! – Disse para descontrair.

 

Porém

a garota não parecia se importar com o que o jovem dizia, ela só queria

algo que recebesse a sua tristeza, o bardo um pouco sem graça,

acariciou sua cabeça como sinal de consolo.

 

Repentinamente um

vento forte começou a soprar entre os ramos de bambu, eles balançavam

de forma uniforme emitindo um rangido que daria calafrios até mesmo

para o mais corajoso dos tigres.

 

Uma tempestade forte caia como

se não houvesse amanhã, a dupla estava com sorte por estarem entre

aqueles bambus, conhecidos por sua flexibilidade e resistência, a

floresta naquele momento era o esconderijo perfeito para a tempestade

repentina.

 

Deja Vu sem muita escolha decidiu ficar por ali com a

menina até a chuva passar, pela força dela, era provável que algum

acidente terrível poderia acontecer aos dois, o bardo olhou para ela e

disse.

 

- Bem, se quiser posso lhe contar uma história para te animar, que tal? – Propôs ele com um sorriso.

 

Aki ainda soluçando só respondeu com a cabeça que sim.

 

-

Pois bem, hoje vou lhe contar sobre a história de um reino distante,

onde havia uma princesa chamada Aurora, era um reino próspero onde seu

povo vivia feliz e com fartura...

 

E assim novamente Aki pôde

sonhar com aquela história, onde uma princesa é amaldiçoada junto com

seu reino por uma bruxa maligna, então um príncipe de um reino distante

surge e salva a princesa de seu destino horrível.

 

Quando Deja

Vu havia terminado a história, a tempestade havia acalmado e se

transformado em uma leve chuva, algo que era muito raro naquela época

do ano, o bardo então guiou a menina para fora da floresta e a deixou

em sua casa.

 

- Obrigada senhor, eu lhe devo uma. – Disse Aki com a voz mais animada.

 

O

bardo somente sorriu e lhe acenou enquanto se despedia, a garota sem

demorar muito entrou na sua casa de jeito mais furtivo possível, pois

já era tarde e com certeza seus pais não estariam contentes com isto.

 

Porém, sem muito sucesso, seu pai a recebeu com o rosto mais bravo que o normal.

 

- Aki!! Onde você esteve?! Já é quase noite, o que você pensa que estava fazendo!?! – Disse ele gritando de forma autoritária.

 

Sua mãe no entanto estava sentada perto à mesa, ela não dizia nada, somente assistia quieta em seu canto como sempre fazia.

 

- Eu já voltei papai, não fique bravo comigo! – Respondeu Aki.

 

-

Isso é forma de falar com seu pai? E aquilo no funeral, isso lá é coisa

que uma menina deve fazer? Acho que devo te ensinar o que é respeito!!

– Berrou de volta.

 

Kosuke em seu momento de fúria, não pensou

no que fazia, seu corpo agia pelo impulso da raiva que sentia no

momento, ele sacou a coisa mais próxima e empunhou contra a criança,

era uma vassoura.

 

Com todas as suas forças ele bateu no pequeno

corpo da menina, Kaede assustada com a cena tentou parar o marido,

porém, mais forte e preparado a jogou para trás e continuou com sua

investida.

 

A única coisa que a pequena garota podia fazer era se proteger dos golpes com os braços e gritar em vão.

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Pô, gostei da fic Momo. Ela está bem interessante até agora; a linguagem está fácil e o texto se desenrola bem. Porém, se você aceita críticas, acho que ficaria bacana você diminuir um pouco o tamanho dos períodos em alguns pontos. Eu achei a referência ao Aladin/Bela adormecida realmente cômica e bem criativa, haha. [/heh]

E, Por sinal, esse pai da Aki está bem suspeito.

 

Há alguma previsão de quando vem o próximo capítulo?

 

Parabéns e continue postando! :)

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Obrigada pelo elogio, vou tentar revisar os textos antes de posta-los aqui xDO próximo episódio sairá em breve, desculpa a demora entre as postagens, mas é que as vezes acabo me empolgando em outras coisas e acabo adiando pra fazer o episódio xDMas não se preocupe, garanto que em breve postarei /s

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 As árvores já se encontravam sem a sua

vestimenta de sempre, nuas exibiam suas ramificações finas que se

estendiam até o céu limpo daquela estação.

 

Aquela era a estação

do ano onde os sons eram mais puros, nenhum animal se encontrava ali,

nem um cantar dos pássaros ou o coaxar dos sapos, somente os passos

leves de uma senhora nas escadas.

 

As pedras cinzas formavam uma

escada até um templo mais suspenso, onde um tôri, uma espécie de portal

feito com madeira pintada de vermelho recebia todos que chegavam ao

templo.

 

A senhora, de cabelos negros estavam soltos, ela chegou

perto à um altar que havia do lado de fora do templo, depositou suas

oferendas e tocou o sino. Ela fechou seus olhos com uma feição triste e

disse em um sussurro “Que as brigas acabem...”

 

Assim que a

senhora se virou, um homem não tendo mais que trinta anos de vida

estava parado atrás dela, por um momento ela ficou com medo mas seus

olhos se encontraram e seu coração sentiu um palpitar estranho.

 

Capítulo 4 – Inverno

 

“Ela

mordeu a suculenta fruta rubra, mal sabia que aquela única mordida lhe

custaria a vida, aos poucos sentiu sua vista embaçar, o ar que passava

pelo seu pulmão parou, a dama branca caiu no chão frio e duro sem vida.”

 

 

Aki novamente escutava o bardo contar suas histórias, este havia virado

um dos seus passatempos favoritos, cada dia que passava a jovem não via

a hora de encontrar com o jovem para escutar mais uma daquelas

histórias.

 

Feitos heróicos, donzelas em perigo, lugares para

serem explorados, a criança já havia ouvido sobre existirem

aventureiros assim em um lugar distante dali, mas nunca passou pela sua

mente em ser um deles.

 

Para ela uma vida em Amatsu era mais que

perfeita, encontrar seu amor verdadeiro, formar uma família, cuidar da

casa e envelhecer ao lado de quem ama, para muitos poderia ser algo

fútil, porém, para Aki era mais que suficiente.

 

O Sol já

ameaçava se por no horizonte, preocupada em chegar tarde em casa, Aki

ia se despedir do bardo quando ele interrompeu rapidamente.

 

-

Aki, hoje é meu último dia aqui em Amatsu, eu realmente gostei em

contar estas histórias para você, mas o destino de todo bardo é viajar

para buscar mais histórias.

 

A menina ao ouvir aquilo sentiu uma

tristeza profunda, porém, diferente do dia do enterro do seu avô, ela

não quis expressar aquilo, pois sabia que a partida de Deja Vu era

necessária.

 

- Me prometa que vai me trazer mais histórias para mim! – Disse Aki estendendo o dedo mindinho para o bardo.

 

Deja

Vu sem entender muito bem o que era copiou o movimento, a menina

balançou as mãos para cima e para baixo três vezes recitando um verso.

 

“Se eu estiver mentido, eu irei engolir mil agulhas, essa é a promessa do dedo mindinho!”

 

O

Bardo sorriu para a garota, lhe fez um afago na cabeça e se despediu

dela, Aki fez o mesmo e se virou rapidamente, tentando não mostrar que

na verdade estava chorando pela partida de seu valioso amigo.

 

A

menina caminhou até sua casa enquanto enxugava suas lágrimas, na

varanda da casa estava sua mãe, sentada apreciando um pouco do chá que

havia feito há pouco tempo, Aki tentava disfarçar que não havia

chorado, porém seu rosto lhe entregava.

 

Olhos e face vermelhos,

Kaede sabia que algo havia acontecido mas preferia não perguntar, não

era porque ela não se importava mas pelo fato de ser raro a expressão

de sentimentos mais intensos como tristeza. Timidez era uma palavra que

definia o povo de Amatsu, tudo era feito por trás de uma máscara que

era quase impossível de ser tirada.

 

- Aki, que bom que chegou

antes do entardecer, fiz um pouco de chá, venha beber. – Disse a mãe

com um sorriso na tentativa de fazer a filha esquecer o que houve de

ruim.

 

A menina se sentou ao lado da mãe e se serviu do mesmo

copo de chá que a mãe, Kaede olhou para o céu limpo e falou para ela

com a voz um pouco baixa.

 

- Aki, em breve você vai ganhar um irmãozinho... Isso não é bom? – Sorriu Kaede.

 

A

jovem olhou para a sua mãe com os olhos arregalados, ter um irmão seria

uma experiência totalmente diferente, o que a fez esquecer da partida

de seu amigo.

 

- Eu posso dar um nome para ele? – Perguntou ela animada.

 

- Claro filha, quando tiver pensado em algo me avise.

 

- Eu já pensei! Vai ser Akio! – Disse a garota em um sorriso vibrante.

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Obrigada pelo elogio, vou tentar revisar os textos antes de posta-los aqui xD

O próximo episódio sairá em breve, desculpa a demora entre as postagens, mas é que as vezes acabo me empolgando em outras coisas e acabo adiando pra fazer o episódio xD

Mas não se preocupe, garanto que em breve postarei /s

 

 

Haha, relaxa; é realmente complicado ter periodicidade nesse tipo de coisa. Esse último capítulo ficou ótimo - um pouco curto só, mas interessante do mesmo jeito. Estas introduções narrando acontecimentos paralelos dão um aspecto de suspense que prendem - e muito, o leitor. Ficarei na espera do próximo capítulo! :)

 Abraços e parabéns novamente!

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A casa naquele momento estava silenciosa, todos

dormiam, pai e filha exceto por uma pessoa. O Sol ainda não havia

nascido, porém, a matiz que se desdobrava aos poucos para o claro

anunciava a chegada do amanhecer.

 

Kaede silenciosamente adentrou

o aposento da filha e ao lado de sua cama depositou um papel dobrado em

dois, por um momento ela olhou fixamente para a carta e se levantou, se

dirigiu para a porta e saiu.

 

Fora da casa o ar ainda era frio,

em suas mãos uma pequena sacola feita de um grande pano contia algumas

mudas de roupas, as suas favoritas, após andar mais alguns passos, a senhora de cabelos negros foi ao encontro do mesmo homem que havia conhecido no templo e lhe beijou.

 

- Me leve para longe daqui... – Ela sussurrou para ele.

 

Capítulo 5 – Negros como um corvo.

 

Banzai!!

 

Disse

uma voz imponente seguido do toque suave dos copos, vozes

alegres ecoavam na sala daquela casa, a mesa que ocupava praticamente

todo o aposento era cercada por vários parentes e amigos.

 

Tios,

tias, primos, comemoravam a entrada para a marinha do jovem que se

encontrava na ponta da mesa junto ao seu pai, um homem de físico bom

mas nada exagerado, ele sorria com profundo orgulho de seu filho agora

um verdadeiro homem.

 

O jovem apesar de um pouco tímido com a

situação, também expressava orgulho, agora que havia entrado para a

marinha, ele poderia lutar lado a lado com seu pai e defender seu país

na qual tinha honra de ter nascido.

 

Próximos à ponta da mesa, se

encontravam esposa e filha, a senhora com o rosto que já tinha marcas

da idades conversava com amigos sobre como era orgulhosa de seu filho

mais velha que era o exemplo da família.

 

Já a menina mais nova

aproveitava ao máximo o que uma boa festa podia oferecer, os comes e

bebes, mas claro que ela também não podia estar mais do que contente

pelo irmão, porém, festas de adultos geralmente não eram algo que

agrava a pequena mocinha.

 

Anoiteceu, uma noite confortável e

morna, as cigarras antes mesmo da Lua aparecer no céu já cantavam sua

música noturna, o coaxar dos sapos era em algum ponto relaxante, o povo

Amatsuriano tinha o costume de apreciar pequenas coisas da vida.

 

O

céu, a Lua, a noite, o entardecer, tudo era motivo para um sorriso e

uma motivação, talvez os Amatsurianos fossem um povo que conseguiam

retirar felicidade de coisas tão pequenas que os faziam fortes e

determinados no que quer que fizessem.

 

Kaede estava sentada na

varanda observando o sino pendurado no teto balançar ao sabor do vento,

todos já haviam ido embora e abençoado seu irmão pela sua conquista, a

casa agora estava silenciosa exceto pelo sons dos animais noturnos.

- Gostou da festa Kaede? – perguntou alguém atrás dela.

 

A

jovem olhou e viu seu irmão, vestido com roupas mais informais e leves,

Yuuki não possuía nenhuma característica marcante em sua aparência,

possuía cabelos negros como os da irmã, olhos finos tão pretos quanto

sua cabeleira.Yuuki era praticamente um adulto, agora um membro da

marinha assim como seu pai, era o principal orgulho e respeito da

família.

 

- Bem, os bolinhos não estavam bons, eu ainda prefiro os da mamãe!

 

Yuuki sorriu para Kaede.

 

- Kaede, o que você acha sobre eu ter virado um marinheiro?

 

- Que o Yuu é realmente alguém muito legal e forte! Eu queria ser que nem você Yuu! – Disse Kaede sorrindo.

 

O jovem olhou para Kaede e lhe deu um sorriso um pouco desanimado mas rapidamente se virou disfarçando aquele sentimento.

 

- Então o irmão aqui vai dar o melhor por você!

 

Yuuki

entrou para dentro da casa e se dirigiu ao seu aposento, se sentou no

chão de tatames e olhou para o teto soltando um suspiro pouco inspirado.

 

Dias

depois pai e filho foram convocados para uma missão de reconhecimento

em alto mar, aqueles eram tempos pacíficos para Amatsu, não havia

realmente uma ameaça que pudesse comprometer a ilha.

 

Outras

cidades ou continentes eram desconhecidos por Amatsu, porém, sabiam que

havia outras terras além daquele lugar, pois não eram raras o

surgimento de piratas em alto mar.

 

Preparados e confiantes,

ambos se despediram da sua família que o máximo que podiam fazer era

esperar, Yuuki já havia se acostumado com os movimentos do navio, algo

que poderia ser terrível para qualquer novato.

 

Meses à fio de

passaram, Kaede e sua mãe ocupavam seu dia-a-dia com tarefas

domésticas, ambas não se preocupavam com o perigo, pois sabiam que não

havia nada que pudesse colocar em risco a vida dos dois membros da

família.

 

Eram o que pensavam.

 

Um oficial da marinha

compareceu à casa da jovem menina, ao lado de sua mãe no hall de

entrada, ela a viu pegar a carta e não se conter na frente do oficial,

que por sua vez mantia a postura rígida e rosto passível.

 

- Ele lutou bravamente por sua terra! Ele será a honra para Amatsu! – Gritou fortemente o oficial.

 

Kaede

estava curiosa sobre o que estava acontecendo, mas não era uma sensação

boa ou de entusiasmo, era na verdade um misto de ansiedade e medo, a

jovem se aproximou de sua mãe e pegou a carta, quando leu a garota não

se conteve.

 

Pesadas lágrimas caiam de seus olhos, no funeral

estava ali, na frente do corpo de seu irmão sendo cremado, vozes de

conhecidos e parentes sussurravam pela perda do garoto, pelo filho mais

velho, do exemplo e do único homem que havia na família.

 

- Eu vou ter um filho... um tão grandioso quanto Yuu...

 

--

 

 

Os pássaros cantavam através da janela, a luz do sol que era bloqueada

pela janela feita de papel iluminava delicadamente o aposento de Aki, a

garota se levantou e estranhou o fato de não ter sido acordada por sua

mãe, como ela sempre o fazia.

 

A menina olhou para o lado e viu

um pedaço de papel cuidadosamente colocado ao lado de sua cama, com os

olhos sonolentos ela pegou e leu a carta vagarosamente, assim que

terminou de ler ela balançou a cabeça e se certificou que estava

acordada o suficiente para reler atenciosamente a carta.

 

“Querida Aki

 

 

Mamãe saiu em busca de um lugar melhor para vivermos, mamãe está

cansada e com medo do seu papai, por isso sai em segredo para que eu

encontre primeiro um lugar para nós morarmos juntas.

 

Peço para

que não conte ao seu papai sobre isso, senão ele pode ficar muito bravo

comigo e me matar, então espere por sua mamãe aqui até que eu volte.

 

Seja forte e paciente.

 

Kaede”

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 Ará! Eu lé enfim, Momo!

Finalmente a história do meu mercenário favorito. Bom, como sempre você mostra o talento em criar histórias dramáticas. Gostei da leitura, é suave e fácil.

Quanto a história, não gostei da atitude da mãe da Aki, ela devia ter levado a filha junto, deixa-la pra buscar depois só vai fazer o pai descontar nela. Só uma dúvida, essa primeira parte do cap 5 é um flashback que acontece antes da Kaede se casar e Aki nascer ou é parte da fuga dela já?

Espero o próximo capítulo!

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Capítulo 5 – Demônio do olho dourado

 

Somente

alguns minutos haviam se passado naquela manhã de outono mas para ele

pareciam ter feitos horas, o homem de cabelos verdes corria de um lado

para o outro na varanda da casa, nunca tinha estado tão eufórico desde

do dia do casamento com Kaede.

 

A neve caia de forma delicada do

céu cinza, apesar de ser outono o frio era forte porém Takashi mal

sentia isso, aquele ia ser o primeiro filho do casal, quer fosse menina

ou menino, com certeza ele amaria pois era do seu sangue.

 

Um ano

se passou desde que jurou matrimônio com a sua esposa, no começo tinha

um pouco de receio, ainda mais que era um casamento arranjado,

prometido quando ainda eram crianças.

 

Porém, este tempo que

passou junto só fez com que perdesse sua incerteza, ele a amava mais do

que qualquer outra coisa e com o nascimento do primeiro filho, esse

laço só se fortaleceria.

 

Os pensamentos de Takashi foram

cortados por um choro, o homem correu rapidamente até o quarto onde a

sua esposa repousava, a parteira que estava com a criança nos braços

logo se dirigiu ao recém pai.

 

- Parabéns, é uma linda menina! – disse ela em um sorriso singelo.

 

O

pai pegou ela nos braços e a olhou de forma carinhosa, a parteira saiu

do quarto assim que deixou o bebê nos braços do pai, Kaede no entanto

estava exausta mas ela agia de forma diferente do que era comum às

mães, ao em vez de um sorriso havia uma expressão séria quase como um

lamento.

 

- Vamos chamá-la de Aki! Ela que brilhou nossas vidas! – Disse ele sorrindo.

 

 

Takashi olhou para o pequeno rosto do ser que estava em seus braços,

era delicado e frágil, foi então que ela abriu seus olhos, um olho

acastanhado e outro âmbar de forma vívida, o homem por um momento

piscou os olhos freneticamente como se quisesse acordar de um sonho.

 

- Por que... por que ela tem o olho amarelo? – Disse o homem não acreditando no que via.

 

 

Assim como o marido, a esposa não acreditou no que ouviu, Takashi

rapidamente deu a criança pra Kaede como se quisesse se livrar de um

infortúnio, ela checou realmente se era verdade e era.

 

- Não é o que você está pensando! Ela é nossa filha, não é de ninguém mais!! – Disse ela quase gritando de desespero.

 

O bebê pôs a chorar novamente, o homem fechou suas mãos com força em extrema raiva e berrou.

 

- ISSO NÃO É MINHA FILHA E VOCÊ É MUITO MENOS MINHA ESPOSA!!

 

 

Assim que terminou Takashi saiu do quarto quase quebrando a porta de

papel e madeira, Kaede olhou a criança nas mãos e delicados pingos

começaram a cair de seus olhos, além de não ser o que ela queria era

acusada de adultério.

 

A mãe colocou delicadamente uma mão em

volta do pequeno pescoço da criança, “Não preciso de muito para

terminar com isso” ela pensou consigo mesma, porém ela não o fez,

simplesmente ficou ali em prantos enquanto abraçava a criança.

 

--

 

 

Um ano se passou desde que a mãe de Aki foi embora deixando a carta,

todos os dias a criança antes de dormir lia a carta para buscar forças

para viver cada dia ao lado de seu pai.

 

Todos os dias eram o

verdadeiro inferno, na verdade talvez até mesmo Hel fosse mais piedosa

na visão da garota, Takashi lhe aplicava castigo por o que quer que

fosse, até mesmo a mais leve dor de cabeça Aki já estava condenada.

 

 

Se não eram os castigos eram as torturas constantes, as vezes a menina

passava dias sem se alimentar ou mesmo era deixada para dormir ao

relento em dias de inverno, seu pai se entregava cada vez mais à bebida

e um poço sem fundo.

 

Eram poucos os que aceitavam o homem como

empregado, vizinhos e parentes todos comentavam sobre ele, sobre como

era um relaxado e irresponsável ainda mais pela esposa ter lhe trocado

por um outro, que na contagem deles era a segunda vez.

 

Naquele

momento ele estava novamente desempregado e o pior, com contas até onde

os olhos perdiam a vista, Aki era praticamente a escrava dele, fazia

tarefas domésticas e se caso fizesse algo que desagradasse o pai era

castigo na certa.

 

Anos se passaram na mesma rotina, Aki havia

completado doze anos de idade naquele outono, seu corpo já com várias

cicatrizes estava se tornando uma moça, os primeiros sinais de sua

maturidade já começaram a surgir.

 

Seus seios começaram a

crescer assim como seu corpo começara a tomar forma, quando não tinha

hematomas em seu rosto, era bem gracioso e bonito, Aki era praticamente

uma flor começando a desabrochar e tomar sua forma bela.

 

Porém,

com o passar dos anos Takashi se tornou ainda mais intolerante, ele

agora ignorava seus familiares assim como seus vizinhos, para ele

aquelas pessoas não passavam de aproveitadores e fofoqueiros esperando

qualquer deslize para começar a falar mal de qualquer um que fosse.

 

O

homem havia conseguido um emprego de ajudante de um agricultor local

mas ele odiava aquilo mais do que tudo, na verdade eram poucas as

coisas na qual ele gostava além de bebida e sexo.

 

---

 

 

Aki novamente estava em seu quarto olhando a carta que sua mãe lhe

deixara, o papel já havia adquirido o aspecto envelhecido e suas bordas

já estavam desgastadas com pequenos cortes.

 

A lua já estava a

pino no céu, seu pai não havia voltado ainda de seu serviço o que era

bem comum, a garota sabia que ele sempre ia beber e só voltava muito

tarde, era um curto momento de paz na qual apreciava mais do que tudo.

 

 

Três anos se passaram desde da promessa, ela a esperava cheia de

esperança no dia que a sua mãe voltasse e a levasse embora daquele

eterno pesadelo na qual estava trancafiada.

A garota pegou a carta e

a guardou cuidadosamente em uma caixa que escondia no armário, nele o

quepe que era do seu amado avó estava guardado, aquelas eram as duas

coisas mais valiosas que lhe haviam restado.

 

Aki se levantou e

saiu do quarto indo em direção ao banheiro, ela por um momento olhou-se

no espelho e observou seus olhos, o direito amarelo e o esquerdo negro

como um abismo.

 

Ela suspirou e amarrou seus longos cabelos com

um elástico que sempre deixava ali, logo em seguida desamarrou a faixa

que segurava seu vestido deixando os ombros nus, na pele clara haviam

pequenas cicatrizes, todos derivados da mesma fonte.

 

Repentinamente um estrondo bateu atrás dela.

 

 

Aki se virou assustada e viu seu pai, diferente dos outros dias ele não

tinha a expressão embriagada de sempre, na verdade estava até bem

lúcido, rapidamente a garota fechou seu vestido e o amarrou com a faixa

novamente de jeito meio apressado.

 

- Minha querida filha. –

Disse Takashi de forma cantarolante. – apartir de amanhã você vai

trabalhar, não é legal? E eu estou saindo daquele emprego imundo

daquele velho gagá. – Comentou de forma nervosa.

 

Aki fez uma expressão de dúvida, ela calculou bem as palavras antes de perguntar algo ao seu pai.

 

- No que vou trabalhar...? – Perguntou com a voz baixa.

 

Takashi deu um sorriso malicioso.

 

-

Você já está mais que na idade de trabalhar, você acha que eu vou ficar

pagando a sua comida e deixar você morar aqui de graça? Quem você acha

que é? Uma princesa? Hahah!! – Riu de forma debochada. – Fique

preparada que amanhã vão te buscar aqui, princesa.

 

O pai saiu

do banheiro fechando a porta com certa força, Aki se sentou no chão e

abraçou as pernas, havia perdido a vontade de se banhar, se era algo

vindo do pai provavelmente seria algo bem desagradável.

 

- Provavelmente ele me vendeu pra algum maluco pra fazerem experiências comigo... – sussurrou de forma trêmula.

 

Na verdade não seria ruim diante do que ela poderia enfrentar.

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