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Alabis: O relato


PWolfgang

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Parte III - A revelação

 

            Estávamos em um canto estranhamente tranquilo. Nossos sentidos todos voltados para o menor movimento que aparecesse nos corredores escuros da esfinge. Naquele lugar os pesquisadores armaram seus apetrechos, escrevendo e discutindo sobre algum ponto que discordavam das traduções. Parecia que estavam alheios aos perigos daqueles corredores, mesmo depois de quase terem morrido momentos antes.

            O calor era quase insuportável e eu dava graças á Odin por ter trazido tanta água, sem aquilo já teria desmaiado. Depois de um tempo alguns de nós já estava começando a relaxar, com a tranquilidade aparente. Somente eu e Exodus não relaxávamos, sabíamos que não tínhamos visto o maior dos desafios da esfinge e não queríamos ver, mas estaríamos prontos se viesse.

            Então ouvimos um barulho. A princípio não entendi quem ouviu primeiro, se eu ou exodus, mas nos olhamos ao mesmo tempo com os olhos arregalados pela antecipação. Pedi que o cavaleiro mais ágil se apressasse á frente, ele era o mais rápido de nós e lhe foi ordenado que voltasse o mais rápido possível se visse alguma criatura. Logo ao virar a esquina ouvimos um barulho, e um muro de fogo se formou logo atrás dele. Só podíamos ver a luz que o fogo fazia na parede, e nos apressamos para socorrê-lo.

            Quando viramos a esquina nos deparamos com uma confusão de chamas, penas chamuscadas e sangue. O pobre cavaleiro teve pouco tempo, e á sua frente um pequeno exército de druidas demoníacos, conhecidos como Marduk, e Pasanas se apersentavam, mostrando os dentes. Exodus tomou a iniciativa, se colocando á minha frente, ele tomou a primeira avalanche de golpes, eu me agitei para curá-lo antes que fosse tarde, e logo estava inteiro e segurando os monstros. Enquanto o curava nosso cavaleiro também se adiantou, retendo alguns que circundavam nosso templário. Os dois fizeram uma parede impenetrável, e eu auxiliavá-los com meu poder divino, tornando-os mais excelente. Da minha visão conseguia enxergar os cientistas, mas eles não conseguiam ver o que acontecia a minha frente, e nem se arriscavam a se aproximar.

            Quando percebemos que o número de oponentes havia diminuído drasticamente estávamos exaustos, e não nos perguntamos por que os Marduk estavam ali, já que os havíamos deixado pra trás há alguns andares. E então uma voz grave e maligna ressoou nas paredes do labirinto:

            - Então, finalmente vocês chegaram. Estava perdendo as esperanças.

            Todos nós pulamos de susto ao ouvir a voz, e lentamente o gigante se apresentou por entre as sombras. Passo a passo, demonstrando tremenda segurança o faraó saiu para a luz das precárias tochas, que iluminavam os corredores.

            - Pelo olhar de vocês acredito que me conheçam. E devem estar se perguntando por que eu não os destruí a todos. - Estávamos mesmo com essa pergunta na cabeça, ao menos eu estava. Mas antes que qualquer reação fosse respondida ele continuou. - Estou aqui, gastando meu tempo falando com seres inferiores que vocês são porque tenho uma notícia a dar a vocês. Sei que vocês procuram respostas e sei o que aqueles homens segurando papéis querem na minha moradia. Nada passa entre essas paredes que eu não saiba. Mas é o que acontece fora dela que me faz falar com vocês. - Então ele fez uma pequena pausa, talvez refletindo se valia mesmo á pena revelar o que ele tinha a dizer. E nós suávamos como se estivéssemos numa sauna, nós três. Nesse momento os pesquisadores perceberam que paramos de batalhar e estávamos parados olhando para algo. A curiosidade brotou nos olhos do pesquisador principal e ele se adiantou para ver o que olhávamos com tanto medo. Ao se aproximar, igualmente a nós, o pesquisador mais velho paralisou.

            - Vocês devem saber que, enquanto aqui dentro sou um deus, lá fora viro pó e cinzas. Mas mesmo aqui dentro tenho um temor, e não posso fazer nada além de esperar. Mas quando soube que vocês viriam decidi contar o que sei, pois é de interesse de todos nós.

            Juntei toda a força que eu tinha para responder áquela criatura.

            - Você está nos pedindo ajuda? - Nesse momento ele se inflou inspirando uma quantidade enorme de ar, e começou a gargalhar tão intensamente que as paredes pareciam tremer.

            - Você é patético! - Disse o faró, divertido. - Eu não estou pedindo ajuda. Eu estou dando uma oportunidade a vocês de sairem daqui vivos, e o que estou pedindo em troca é pouca coisa. Espalhem a notícia que irei lhes dar. Nada mais.

            Exodus apontou pro corpo do cavaleiro morto á nossa frente. - Mas ele não teve essa mesma sorte! - A criatura se curvou para se aproximar mais de nós, o que fez todos os nossos músculos se retesar em resposta.

            - Não teste minha paciência criatura! - Sua expressão era de puro ódio, e depois disso não ousamos nem desviar o olho do Faraó. - Agora que tenho sua atenção, ouçam. Um perigo ancestral, que estava adormecido, tem demonstrado sinais de vida. Um mal que é tão grande que consegue me preocupar. - Seu olhar se elevou como se tivesse uma memória brotando em sua mente. Não se preocupando com a nossa presença. - Quando eu ainda andava entre os vivos, Epitus era a mais linda pérola cravada nesse deserto. Nós vivíamos em paz e éramos excelentes em tudo, desde arquitetura á agropecuária. Mas num dia, tudo isso ruiu. Um gigante caiu do céu e destruiu tudo de lindo que nós criamos, ou quase tudo. Mas depois de sua batalha pouca coisa de nossa glória restava, e meu povo nunca mais pôde se unir novamente. Ficamos espalhados e destruídos, e até hoje me culpo por não estar mais lá.

            Nesse momento quase senti pena dele, sua expressão era de tristeza genuína.

            - Mas então esse gigante foi derrotado por um dos seus guerreiros, e selado para nunca mais voltar. Mas agora ele dá sinais de volta. Algum de vocês idiotas está querendo ressucitá-lo, e temo que não haja mais volta. Ele vai retornar.

            - Morroc. - Escapou do cientista atrás de mim, o que atraiu o olhar do Faraó.

             - Exato. Imperador Satã Morroc. Ele é uma ameaça á toda Rune-Midgard. - Faraó disse.

            -Então você está tentando se redimir, já que não pôde salvar Epitus de Morroc da primeira vez, está tentando salvar a cidade Morroc. - Eu disse. E novamente nos encolhemos diante de uma longa gargalhada, dessa vez mais alta que a primeira.

            - Como já falei vocês são PATÉTICOS. Morroc é MINHA e não deixarei que NINGUÉM a pegue, até eu ter a chance de poder fazê-lo! Agora vão, já tem a informação que eu queria os dar, e não testem minha paciência. - E nos fulminando com olhar de ódio, sumiu nas sombras novamente.

            Antes que qualquer um falasse algo me ajoelhei ao lado do corpo de nosso cavaleiro ágil, retirei uma pequena gema azul, e sussurrei algumas palavras á Odin. Não entendia direito essa mecânica dos milagres, mas alguma coisa deveria ser dada para pedir de volta uma alma, ainda bem que gemas azuis eram tão fáceis de encontrar. Luzes piscavam em volta dele e pouco a pouco suas feridas foram fechando e seus olhos começaram a demonstrar novamente a vida.

            - Espero que não o tenha deixado esperando tempo demais. - Falei pro recém ressucitado. Ele ainda estava espantado, com a imagem dos últimos momentos de vida. Mas logo entendeu o que aconteceu e me agradeceu, rindo.

            - Vamos, vamos logo antes que o Faraó mude de idéia. - Disse Exodus, apressando os outros.

            Quando saímos fomos direto pra Morroc e encontramos a cidade em pandemonio. Monstros haviam aparecido do nada e diziam que aquilo era sinal do fim dos tempos. Mas nós sabíamos que era a volta do Imperador.

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 "Espero que não esteja escrevendo só pra mim......se vc só viu agora vai lendo com calma...sem pressa."

Parabéns pela fic amigo, sua narrativa é realmente emocionante. Quando se começa a lêr sua história, sentimos que realmente ela tem tudo para se tornar uma saga maravilhosa.

O capitulo 1  foi muito bem feito, e a aquele parte em que pai e filho se reencontram é realmente cheia de emoção..

 

"Mas cada história tem seu tempo de ser contada."

Só não demore muito para contá-la...

Continue postando que continuaremos lendo.

Até a próxima!

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