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Crônicas de Rune-Midgard, Livro 1 (recomeçando)


Katharmek

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Oi, meu nome é Henrique, muito prazer ^^.Há um bom tempo atrás eu escrevi uma fanfic baseada em Rag, chamada Crônicas de Rune-Midgard. Eu postei alguns capítulos dela aqui, mas desisti depois de um tempo pois a) ninguém mais comentava e b) eu já a postava em outro lugar, e acabava ficando com preguiça de colocar aqui.Bem, o outro lugar no qual eu postava fechou, e eu passei um tempo sem escrever nada. Resolvi, então, recomeçar: reli os capítulos mais antigos e corrigi erros ortográficos mais grotescos; organizei melhor as idéias; redefini a personalidade dos personagens.Resolvi, então, fazer um blog para postar a história, cujo link é http://ragnafanfics.wordpress.com/ . Nele eu postarei os capítulos, conforme for lançando.Também virei aqui postá-los de vez em quando, provavelmente aos domingos (a partir da próxima semana). Em todo caso, já que estou por aqui...Prefácio (capítulo 1)

Seyryu

Renji se culpava mentalmente de todos os infortúnios daquele dia.

Primeiro, gastou toda sua fortuna para comprar uma carta de

Besouro-Ladrão Dourado falsificada e inútil, depois ignorou os

conselhos de Ellayhm e Delong de caçar a caravana do mercador que o

enganou pelo planalto de Juno, e finalmente concluiu que da próxima vez

que fosse fugir de um Archangeling, um monstro que lembrava uma geléia

azul com asinhas na cabeça, e que apesar da aparência angelical é capaz

de aniquilar um humano desavisado com apenas um ataque, ele não deveria

entrar na primeira caverna que visse, considerando que a única caverna

de Juno leva ao interior de um vulcão. Já estava a mais de meia hora

fugindo de diaboliks, pequenos demônios vermelhos carregando tridentes

dourados e com a boca na altura da barriga, e que tendem a rir o tempo

todo, como hienas, o que realmente o incomodava muito. “Se não tivesse

vendido minhas poções brancas… Nunca mais negocio com mercadores com

menos de 1 mês de alistamento”.

Então

se virou e percebeu que estava em um grande problema. Às suas costas

estavam aproximadamente 20 diaboliks e nenhum deles demonstrava um

aparente cansaço, ao contrário de seu Pecopeco, que parecia a ponto de

desmaiar de exaustão. E, infelizmente, foi o que ele fez.

-Ótimo, mais despesas e menos velocidade, tudo que eu precisava.

Apesar

de ter passado apenas um segundo observando o seu companheiro galináceo

no chão, quando levantou o rosto percebeu que estava com sérios

problemas. Estava cercado agora, no meio de um círculo perfeito de

demônios vermelhos com tridentes e um sorriso nada amigável, para não

dizer sinistro. Contudo, nenhum deles se mexia, nem mesmo ria, o que só

servia para deixá-lo ainda mais tenso.”Nenhum deles me ataca”,

pensou.”O que estarão fazendo?”

Então compreendeu.

 

Olhou para os lados, mas a única direção em que não havia inimigos era

o vão que se abria para o fundo do vulcão, o que, no mínimo, era tão

desagradável quanto aquilo. Ainda teve tempo de se irritar mais uma vez:

“Uma Besouro-Ladrão Dourado seria bem útil agora…”

E a chuva de meteoros começou.

———————————————–”———————————————–

Ao mesmo tempo, em Alberta, uma bruxa teve sua meditação atrapalhada por uma sensação sobrenatural.

 

-Sabia que não ia dar certo… - enquanto arrumava-se apressadamente e se preparava para sair.

 

 

 

 

——————————————————–“—————————————————–

 

 

 

 

Ellayhm

V. Houten era uma arquimaga, no palavreado dos cavalheiros, realmente

atraente. Com seus cabelos azuis-escuros amarrados em 2 tranças que

ficavam jogadas sobre os ombros, olhos azuis-escuros e dotada de todas

as “propriedades” pelas quais as bruxas são respeitadas pelos homens,

além de andar sempre sorridente e fazer questão de passar Blush todos

os dias, tornavam ela uma tentação ambulante. Infelizmente para os

marmanjos, ela já namorava um certo lorde a algum tempo.

Aparentemente, hoje não era seu dia.

Ellayhm

irrompeu pela porta da estalagem de Alberta com uma aura de ódio tão

grande que chegava a ser palpável ao seu redor. Coisa que, logicamente,

Delong não percebeu, porque estava ocupado tentando aliciar uma

mercadora recém-alistada.

O

sumo sacerdote Thomas H. Delong se descrevia como um “admirador da

beleza feminina”. Seus amigos o chamavam de “Zumbi Atirador”: atirava

pra todos os lados, nada acertava. Usava um cabelo curto e, apesar de

seus 21 anos, completamente branco.

Quando Delong percebeu a cadeira voando em direção à sua cabeça, já era tarde demais.

-

Eu posso saber, agora que você está prestando atenção em mim, onde o

Seyryu foi parar? - Ellayhm perguntou, com uma falsa tranqüilidade de

assustar demônios.

Delong se levantou.

- Isso era realmente necessário? Sabe, o negócio da cadeira e tal… Eu estava conversando com essa simpática mer…

Ele

se virou para poder indicá-la, mas a mercadora havia aproveitado a

chance e fugido. Ao voltar o olhar para Ellayhm, percebeu uma veia

pulsando em sua têmpora.

-EledissequeiaatrásdomercadordeJunoevoltavajáporfavornãomemata!!

-Hein?

-Eledisseque…

-Mais devagar.

Delong sentiu um calafrio.

-Quebrar, mercador, Besouro-Ladrão dourado, Juno, vinha já. - Concluiu.

-Eu avisei que ele não fosse… Há quanto tempo ele saiu?

-Em

torno de… Que horas são? - Olhou o relógio na parede. -Nossa! 3 da

manhã! Mercadoras iniciantes como aquela não deveriam andar sozinhas a

essa hora, algo ruim pode acontecer, acho que vou aju…

-SERÁ QUE VOCÊ PODE RESPONDER MINHA PERGUNTA?

-Bem,

em torno de umas 12 horas. Sabe, sua concentração melhorou muito,

antigamente você só conseguia meditar por no máximo 3 horas, meus

parabéns!

-Tudo bem então…

-Só isso?

-Não, tem mais uma coisa: vá juntar nossos suprimentos e acordar o Nicholas. Estamos de partida.

-QUÊ? Mas eu nem tive tempo de dormir esta…

-Bem, segundo o que você me disse, você teve 12 horas pra dormir. Agora vamos logo.

-Mas…

-…

- Já estou indo…

“Odeio quando ela tá naqueles dias…” - pensou Tom, enquanto passava pela porta.

-E

pare de pensar besteira, que eu não estou naqueles dias! – Resmungou

Ellayhm, arremessando uma pedra e atingindo a nuca do sumo sacerdote.

 

——————————————————–“—————————————————–

Ellayhm se encostou no parapeito da hospedaria e começou a se recordar de quando conheceu Renji.

“Já faz tanto tempo…”

——————————————————–“—————————————————–

Enquanto

se alistava como maga em Geffen, Ellayhm entreouviu a conversa de

alguns magos, que comentavam sobre uma invasão de monstros no esgoto de

Prontera, e que eles eram numerosos o suficiente para um iniciante se

acostumar com suas magias e fracos o suficiente para não lhes oferecer

muito risco.

Considerando

o seu nível, era exatamente o que ela precisava. Entretanto, ao se

alistar para conter a invasão e entrar no lugar, percebeu que o mundo

não era tão fácil. Havia um pequeno grupo de familiares, uma

raça de morcegos que se alimenta de sangue humano, presos ao teto logo

na entrada, esperando uma vítima. Ao ver a cortina de inimigos voando

em sua direção, sua reação foi a esperada de um mago recém-inscrito:

correr para não morrer.

“Mas…

Que… Maneira… De… Começar… o… dia!!”- praguejou mentalmente, enquanto

tentava fugir dos monstros. Após pouco mais de 2 minutos fugindo,

entretanto, a falta de condicionamento físico começou a pesar. A

arquimaga parou, ofegante. Os morcegos não. Ellayhm colocou os braços

em frente ao rosto e se preparou para o impacto.

-Impacto Explosivo!!

Ela

se virou a tempo de ver um espadachim pulando à sua frente e cravando

sua espada no chão. O atrito da arma com o chão de tijolos liberou uma

cortina de fagulhas amplificadas espiritualmente pelo próprio

espadachim, derrubando os morcegos em apenas um golpe. Após isso, o

espadachim retirou sua espada do chão e se virou para Ellayhm. Ele

tinha cabelo ruivo, longo e com um rabo de cavalo. Seus olhos eram

vermelhos tais quais o cabelo e havia algo de cativante em seu sorriso

que fez a maga corar de leve.

-Você não deveria juntar tantos monstros desse jeito, garota…

Ele a ajudou a levantar-se e se apresentou, com um tom de linguagem levemente formal.

-Eu sou Seyryu Renji, Espadachim e aspirante a Cavaleiro da Guilda dos Cavaleiros de Prontera. E você, como se chama?

-Eu… Eu sou Ellayhm Houten, da guilda dos magos de Geffen…

-Muito prazer, senhorita Ellayhm. Estamos realmente precisando de um mago no nosso grupo, você gostaria de vir?

-Mas eu acabei de entrar para a guilda, ainda não sei usar nenhuma magia…

-Não

se preocupe, em pouco tempo conosco você logo será uma maga poderosa. E

visitar calabouços em grupo é sempre mais fácil. O que você acha?

-Já que você insiste tanto, eu vou então. Muito obrigada!

-Eu que agradeço. Permita-me lhe apresentar o restante do grupo.

Ele virou-se e gritou.

-TOM! NICHOLAS! AQUI, POR FAVOR!!

Um noviço e um mercador que estavam batendo em alguns ovos de besouro-ladrão viraram-se e se aproximaram.

-Essa

aqui é a Ellayhm. A partir de hoje ela faz parte do nosso grupo,

portanto tentem se enturmar. E eu disse enturmar, não atacar, entendeu

Delong?

Tom,

que já estava babando enquanto olhava para as escassas roupas que a

maga vestia, voltou para o mundo da realidade com um “Ahn?”

involuntário.

-Deixe-me apresentá-los. O noviço se chama Tom Delong. Ele é um pervertido.

-Err, você realmente sabe queimar o filme de uma pessoa, sabia, Renji? - Tom resmungou.

-Nem

preciso, você faz isso sozinho. E o mercador - disse Renji, ignorando

os resmungos subseqüentes do amigo. - se chama Nicholas Wolfwood. Ele é

bem calado, mas é um ótimo guerreiro e fantástico fornecedor de

suprimentos… Se você tiver como pagá-los.

-Amigos,

amigos, negócios à parte. Bem-vinda ao grupo, senhorita. - Disse

Wolfwood, em um tom cordial e pacato. Andava bem elegante, usando

roupas de seda, e com um grande machado de duas mãos. Tinha o cabelo

castanho e olhos pequenos, indicando sua origem oriental, da cor do

cabelo.

-Muito obrigada! - Respondeu Ellayhm, sorrindo.

-Bem,

agora que estamos devidamente apresentados… O que vocês acham de irmos

atrás dos esporos no segundo andar? – Disse o espadachim, já se

adiantando.

E eles se tornaram bons amigos.

 

———————————-”————————————

-Já

estamos prontos. - disse Wolfwood, já um mestre-ferreiro, trazendo

Delong em seu carrinho e despertando Ellayhm de suas lembranças. - Que

direção?

-Juno.

-Motivo?

-Sensação estranha.

-Você erra pouco. Vamos então.

-De onde você tira tanta força, Nicholas? - Perguntou Tom, enquanto bocejava.

-Ele me deve 10 milhões. - Ele respondeu.

-Desconfiava disso…

E a jornada começou.  

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Capítulo 2

 

 

-Bem, o serviço de Kafra para Juno só funciona de Al de Baran, certo? Como a

Kafra daqui está de folga hoje, temos que ir de barco até Izlude. De lá vamos

para Prontera e então pegaremos o serviço de teletransporte Prontera – Geffen -

Al De Baran - Juno. - Planejou Ellayhm.

 

-Não sabia que as Kafras tiravam folga... - Delong comentou, surpreso com a

informação.

 

-Eternamente parado no mesmo lugar vendendo produtos. Eu não faria isso por

nada. - Wolfwood opinou.

 

-Err... E a sua loja?

 

-Eu não sou assalariado, recebo pelo que vendo.

 

-... Você é bem mercenário, sabia?

 

-Sim.

 

-...

 

- O que vocês dois estão esperando? Vamos, o barco já está saindo! - Ellayhm

chamou.

 

 

 

---------------------------------------"------------------------------------

 

 

 

Em uma ilha, à distância, alguém os vigiava. Ou algo.

 

Dois vultos olhavam o barco dos aventureiros deslizando calmamente pelo oceano,

e debatiam sobre o que fazer:

 

-Você tem certeza de que aquele é o grupo? Eles não parecem grande coisa... -

Um dos vultos comentou.

 

-Segundo as informações do Mestre, sim. Aparentemente todos naquele grupo tem

um nível de luta tão elevado quando o do Lorde que nós capturamos. E além

disso, eles tem algum laço de envolvimento com ele. Farão de tudo para tentar

resgatá-lo. - O outro vulto respondeu.

 

-Hmpf. Humanos e seus laços de "amor"... depois não sabem porque

morrem.

 

-Todos nós morremos, Drake. Eles simplesmente tentam arranjar uma razão para

fazê-lo.

 

-Você e suas pérolas de conhecimento, General.

 

-Faço o que posso. Então, vamos?

 

-Eu posso dar conta disso sozinho.

 

-Você sabe que não pode...

 

-Estás tu duvidando de minha força? Lembre-se que já fui o mais Poderoso dos

piratas! - Drake disse, enquanto apontava para seu corsário surrado.

 

-Bem, já que você insiste tanto... Tente pelo menos não morrer. Preciso de um

companheiro de conversas, não posso discutir com subordinados assuntos

complexos. Mas agora que parei pra pensar, você é um morto-vivo. Como pode um

morto-vivo morrer?

 

-Nós renascemos.

 

-Faz sentido... Na sua próxima encarnação, o que você será? Um poring?

 

-Deixe de me distrair, estou ocupado...

 

-Chonchon?

 

-General...

 

-Bongun? Espera um instante, Bonguns também são mortos vivos... Você pode

morrer e ressuscitar morto?

 

-Você pode parar com isso, Bozo?

 

-Tudo bem, tudo bem. Boa sorte então.

 

Drake então invocou um grupo de espíritos. Eles eram compostos por um crânio

humano e um grande amontoado de farrapos negros flutuantes, e na altura da

barriga existia uma imensa boca, capaz de engolir uma pessoa inteira em uma só

mordida. Eram as Aparições.

 

 -Vocês irão assustar as pessoas no barco e

matar o máximo possível. Evitem o grupo da arquimaga, eles são muito poderosos.

Principalmente aquele sumo sacerdote, segundo Mestre ele tem uma especialização

fora do comum.

 

-Siiiim, senhoooor...

 

E se teletransportaram na direção do barco.

 

Drake estava entrando na água, quando o General chamou sua atenção:

 

-Só mais uma dúvida.

 

-Diga.

 

-O que você pretende fazer se falhar em seu ataque? Você sabe que Mestre não

perdoa falhas...

 

-Não se esqueça que eu já fui um Capitão. Eu afundarei com meu navio.

 

E mergulhou. O General observou as bolhas afastando-se até desaparecer, e

balançou a cabeça negativamente.

 

-... Ele falhará sozinho. Não posso permitir. - Virou-se. - Ephram!

 

Ephram era uma tartaruga da raça Agressora, que são vulgarmente apelidadas

entre os aventureiros como as “Tartarugas Ninjas”: Apesar de parecidas com

tartarugas normais, andavam sobre duas patas e carregavam um imenso shuriken

verde às costas. Essa, em especial, era marcada de cicatrizes por toda a face.

Apareceu das sombras, e se ajoelhou diante do General Tartaruga.

 

-Senhor, diga, senhor.

 

-Reúna as tropas, subgeneral. Estamos atacando humanos hoje.

 

-Senhor, entendido, senhor.

 

Ephram já ia saindo quando foi chamado novamente.

 

-Senhor, diga, senhor.

 

-Traga minha Bardiche também. Acho que hoje é um belo dia para sentir cheiro de

sangue.

 

-Senhor, sim, senhor!

 

E desapareceu.

 

"Então, após 500 anos, a guerra recomeça..." - Pensou. - Tropas,

ATACAR!

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 3

 

 

 

A viagem de barco prosseguia alegremente, principalmente no saguão, onde

ficavam as mesas de jogos e o balcão de bebidas. Por sair de Alberta, o barco

estava cheio de mercadores recém-inscritos na guilda, o que transformava a

diversão oficial do barco em pôquer e o principal assunto, negócios.

 

-Essa armadura metálica custa 50 mil...

 

-Comprei essa Sapo de Thara de um espadachim desinformado...

 

-O comércio formal de Morroc anda em franca expansão, colega...

 

Ellayhm, entretanto, estava muito irritada. Além de estar muito preocupada com

Seyryu, 4 grupos de mercadores já haviam lhe convidado para jogar strip poker,

deixando-a ainda em pior humor. Após expulsar mais um grupo de mercadores

ameaçando transformá-los em picolé no formato de Oridecon e usá-los para forjar

armas, sentou-se em uma das cadeiras no canto do bar e começou a olhar através

da janela.

 

------------------------------------ “-----------------------------------

 

 

 

-Uma carta de Besouro-Ladrão Dourado por 100 milhões? Deve ser falsa... - Disse

Ellayhm.

 

-Realmente, a chance de ser verdadeira é bem pequena...- acrescentou Delong.

 

-Que nada! Essa é a oportunidade de uma vida! - Exclamou Renji, extasiado. -

Você não concorda comigo, Nicholas?

 

-Bem, se é verdade, é realmente a chance de uma vida - Comentou Wolfwood,

limpando sua bigorna - E se for mentira, é só encher o elemento de porrada até

ele não conseguir se mexer mais e pegar o dinheiro de volta - Completou, um

sorriso macabro no rosto enquanto afiava a lâmina de seu machado.

 

Todos ficaram em silêncio, fitando-o.

 

-Às vezes ele me assusta... - Cochichou o sumo sacerdote para os outros dois.

 

-É... - Concordou Seyryu. - Bem, vou descansar um pouco, depois decido o que

fazer. - Disse, se retirando.

 

Ellayhm o observou enquanto se retirava, decidiu que não tinha o que fazer e

convidou Delong para ele lhe tutorizar sobre concentração. Mas ele já flertava

com a dona da pousada.

 

"Eu deveria avisar pra ele que ela é casada com um algoz...", ela

pensou. “Pensando bem, ele é capaz de descobrir isso sozinho", e se

retirou.

 

 

 

--------------------------------"---------------------------------------

 

 

 

A arquimaga foi despertada de seus pensamentos quando o barco balançou com

muita força, derrubando os copos que estavam sobre a bancada. Algumas pessoas

se desequilibraram e caíram; as mesas moveram-se e as fichas se misturaram.

 

-O que está acontecendo por aqui? - Perguntou, confusa.

 

Como que para respondê-la, no mesmo momento uma bala de canhão atravessou a

parede esquerda do saguão, passou a menos de um palmo de distância de seu nariz

e atravessou o bar, abrindo dois enormes furos.

 

Era um ataque.

 

Ellayhm saiu pela passagem aberta primeiro e se deparou com um bucaneiro em

estado deplorável. As velas rasgadas, partes do mastro quebradas, a madeira

coberta de limo e esburacada. As únicas coisas que estavam em seu devido estado

de conservação, infelizmente, eram os canhões. A bandeira no topo da

embarcação, entretanto, não era a tradicional caveira dos navios piratas.

 

-É o navio fantasma da Eventos Legais... - Respondeu Wolfwood, aproximando-se

de Ellayhm e observando pelo mesmo buraco. - Ele estava sendo utilizado em

eventos no porto de Alberta já vinha algum tempo, mas desapareceu da ilha onde

estava encalhado duas semanas atrás. Disseram que a maré o havia levado e que

ele estava perdido no oceano. Acho que nós o encontramos.

 

-Ele tem uma aura estranha... - Acrescentou Delong, juntando-se aos outros

dois. - Maior do que qualquer outra que já senti. Lembra um tanto aquelas dos

líderes de Goblins e Kobolds no formato, o que quer dizer que a embarcação tem

um monstro que se destaca. Imagino se ele consegue comandá-los...

 

Como que para comprovar seus medos, mal terminou a sentença, um grupo de

monstros voou do navio agressor. As manchas vieram voando em alta velocidade,

gerando pequenas ondas sobre a superfície da água. O grupo afastou-se da quebra

e sacou as armas, preparando-se para a invasão. Os inimigos entraram e voaram

pela sala, como que coordenados. Desceram sincronizadamente. O pânico se

instalou.

 

-... Se ele se destaca entre aparições, acho que estamos com problemas. -

Ellayhm resmungou.

 

 

 

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Poucos instantes após o início do ataque, a situação no barco já era

desalentadora:: algumas pessoas pulando no mar, várias lutando e muitas

morrendo. Wolfwood comentou, sorrindo:

 

-Bem, parece que vamos ter que lutar...

 

-Não me diga que...

 

-Sim, o mesmo sistema de sempre.

 

-Mas é um caso de vida ou morte...

 

-Lembre-se de que quem carrega as asas de borboleta do grupo sou eu, portanto

eu fujo se for necessário e deixo vocês aqui.

 

-Você é um mercenário.

 

-Não, sou um mestre-ferreiro. Temos um acordo?

 

-Certo, certo. Nós lhe pagaremos 1/3 do dinheiro que você gastar com suas

habilidades, que apesar de super eficientes, danificam seu carrinho alugado e

isso faz com que você tenha de pagar o conserto. Você está satisfeito? - Cedeu

Ellayhm, suspirando.

 

-É sempre um prazer negociar com vocês! Com licença- Disse Wolfwood, puxando um

papel, uma pluma de ave e tinta de polvo do bolso. Disparou em direção aos

inimigos.

 

-Não sei qual o motivo que vocês tiveram para deixar ele entrar no grupo...

 

-Parecia uma boa idéia ter alguém pra carregar nosso peso extra. Pelo menos ele

é um bom lutador. Só queria saber porque quando ele ataca ele não grita

"Impacto com o Carrinho"...

 

-Cart Termination !!

 

Girava o carrinho rapidamente, e o arremessava tanta força que abria rombos nos

tecidos que compunham os monstros. Cada ataque seu eliminava uma Aparição, e

fazia com que ele marcasse um traço no papel.

 

-1500 zenys, 3000 zenys, 4500 zenys...

 

Para supresa geral, em poucos instantes a sala estava limpa.

 

-Bem, acho que cada um de vocês me deve 30 mil... Coloco na conta ou vocês vão

pagar agora? - ele perguntou.

 

Antes que pudessem responder, uma comoção tomou conta do convés. Saindo da

sala, perceberam que se tratava de apenas um monstro. Em alguma era passada,

aquilo deveria ter sido um grande capitão. Agora, era apenas um grande esqueleto

de casaco, perna de pau e corsário, fumando um cachimbo e com um corvo

dependurado no ombro. A comoção era devido ao fato do homem ter atravessado

três mercadores com o mesmo golpe de Cutelo, erguido-os no ar, rido e arremessado

os corpos no mar. Guardou a arma na cintura.

 

-Ar, ar, ar, humanos no espeto! Tão ridículos quanto eu achei que seriam...

 

-Quem é você? O que quer de nós? - O capitão do navio perguntou.

 

-Hmpf, meu nome e Drake, o Capitão dos Piratas, e de vocês só quero as vidas. -

Disse o zumbi.

 

Drake desembainhou o Cutelo, partiu em velocidade para cima dos tripulantes e

começou a retalhá-los como se fossem papel. Quando perceberam o que estava

ocorrendo, pelo menos cinco já jaziam no chão, mortos.

 

Wolfwood então correu para cima de Drake.

 

-Será que você aguenta mais de um ataque? Quero mais dinheiro... Cart

Termina... !?!?!

 

Drake sacou um sabre com a mão livre e aparou o golpe. Ato contínuo, ergueu o

braço do cutelo e gritou.

 

-GOLPE FULMINANTE !!

 

A força do golpe foi tamanha que não fosse o escudo mágico que o Kyrie Eleison

de Delong materializou no momento exato, provavelmente Wolfwood teria sido

partido em dois. Ainda assim a força do golpe foi suficiente para fazer o

mestre-ferreiro voar metade do convés e cair sentado.

 

-Porcaria... muito forte...! Mas...

 

Percebeu que estava sem seu carrinho.

 

-Procurando por isso?

 

Drake apontou com o cutelo para o objeto preso em seu sabre. A arma havia

perfurado a madeira, e o mantido próximo do monstro. Quebrou o carrinho ao meio

e o jogou no oceano.

 

-Vamos cantar e dançar, marujo! - provocou Drake, com as duas espadas em punho.

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 Capítulo 4

-Você… Quebrou… Meu carrinho? Tu tem noção do que tinha no meu

carrinho? TU TEM NOÇÃO DISSO, SEU TOSCO?! TU TÁ FERRADO, CARA!! –

Wolfwood gritou, apontando para Drake com ferocidade.

-Você acha que… – Tom começou o raciocínio, mais foi interrompido

pela arquimaga, que escondia o rosto com a mão, como se envergonhada

pelo amigo.

-É, ele tá revoltado. Isso não é saudável nem pra ele nem pro

monstro. Lembra quando aquele Besouro-Ladrão Dourado engoliu o

carrinho, no esgoto? Ele bateu tanto na carcaça que quase não sobrou

pedaço pra provar que tínhamos matado.

-Por outro lado, ele quase perdeu um duelo contra um mestre ferreiro

especialista em forjas e recém graduado porque o cara quebrou o machado

de estimação dele, não faz nem dois meses. Basicamente, ele fica forte

pra burro, rápido pra burro e burro pra burro.

Drake fitava Wolfwood, aparentemente se divertindo com a raiva do garoto.

-Você tem prioridades estranhas…

Wolfwood sacou um dos machados de duas mãos que carregava nas

costas, colocou-se em posição de ataque e começou a gritar as

conhecidas habilidades de ferreiro.

-Adrenalina Pura !! Manejo Perfeito !! Força Violenta !! Maximizar

Poder !! ROARRRRR!! – Os músculos de Wolfwood aumentaram de tamanho e a

pele do Mestre-Ferreiro assumiu uma tonalidade vermelha, tamanha a

velocidade com a qual o sangue circulava em seu corpo.

-Benção !! Aumentar Agilidade !! Angelus !! Assumptio !!– Tom

forneceu o suporte. Uma aura de energia branca cobriu todo o seu corpo,

gerando uma proteção quase palpável. – É o melhor que eu posso fazer

por você, Nicholas…

Wolfwood correu em direção ao pirata. Drake assumiu posição de

defesa, analisando o oponente. Wolfwood atacou por cima e ele defendeu

com o sabre. O mestre ferreiro então largou o machado que segurava,

puxou outro machado de duas mãos das costas e cortou na direção oposta.

Drake não esperava por esse ataque, e só teve tempo de defender-se. O

machado destruiu a arma.

Drake recuou de um pulo, olhou para a arma destruída, jogou-a para o

lado e puxou um alfanje, parecendo não acreditar que um mortal fosse

capaz de tanta força.

-O que foi, ficou com medo agora? Vem, mané, vem! Vai apanhar muito!

– Disse o Wolfwood, enquanto trocava o machado entre as mãos como se

fosse um gângster brincando com uma faca. O pirata percebeu que, nas

costas do ferreiro, havia uma aljava de ferro carregada de machados de

duas mãos. Imaginou que apenas um mestre-ferreiro treinado para o

combate teria força o suficiente para carregar um objeto daqueles e não

se incomodar.

 

Também percebeu um segundo detalhe, dessa vez da linha de trás.

-Entendo… Afinal, vocês também o estão ajudando. – E olhou para Tom

e Ellayhm. – Mas infelizmente para vocês eu não gosto de ficar parado.

Um círculo mágico surgiu ao redor da arquimaga. A temperatura do

convés começou a baixar. O chão cobriu-se de neve, e o vento começou a

soprar cada vez mais forte. A força dos ventos acelerava-se cada vez

mais, até que cada floco de neve parecia cortante como uma navalha.

-Nevasca !!

Drake pulou para alcançar a única região não congelada do convés, o

local onde estavam seus oponentes. Ao aterrissar, dezenas de esferas

d’água surgiram do oceano, circulando-o.

-Esferas D’Água !!

 

Drake murmurou um encantamento.

 

-Aqua Ballista. Water Balls !!

 

Um bloco do tamanho de uma piscina ergueu-se do oceano e desmanchou-se

em inúmeras esferas d’água para surpresa de Ellayhm, que nunca havia

ouvido aquela conjuração ou visto aquela quantidade de esferas. Alguns

dos projéteis de Drake colidiram com os da arquimaga, varrendo-os. Ao

perceber que Wolfwood se aproximava rapidamente com um machado em mãos,

gritando, disparou o restante contra o mestre-ferreiro.

-Martelo de Thor !!

Wolfwood bateu com muita força o cabo da arma no chão, levantando

uma parede de tábuas que bloquearam o ataque do oponente. O chão sob os

pés de Drake ficou frouxo, e o pirata zumbi acabou prendendo a perna de

pau em uma das frestas que haviam se aberto. Wolfwood aproveitou o

desequilíbrio do oponente e aproximou-se, puxando a bolsa de dinheiro

da cintura.

 

-Mammo… Argh!

 

Uma shuriken gigante atravessou o navio e fincou-se no ombro esquerdo

de Wolfwood, fazendo-o largar o machado. Ele recuou e Drake removeu a

perna de pau da fenda, afastando-se dos inimigos com cuidado. À

esquerda do grupo, um esquadrão de aproximadamente 20 tartarugas havia

acabado de chegar ao convés. Estavam posicionados de forma a proteger

uma tartaruga maior, que tinha uma grande barba branca e sobrancelhas

tão volumosas a ponto de esconder-lhe os olhos, com braços e cintura

enfaixados. Trazia às costas duas espadas guardadas e uma lança à mão.

 

-Três contra um é uma batalha desleal. Vamos igualar as coisas. – Disse o General Tartatuga.  P.S.1: Comments plz '-'.P.S.2: Muito tempo sem net,tava de mudança x_x.P.S.3: O cabeçalho tá bugando, deve ser culpa do meu office 2007 tosco -_-.

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 Capítulo 5

 

Enquanto Delong adiantava-se para checar a ferida de Wolfwood, Drake guardou as armas.

 

-Hmpf, é você. – Disse Drake para o General. – Eu lhe disse que não precisava de ajuda.

 

-E eu lhe disse que, se você sumisse, eu não ia ter com quem conversar,

portanto vim para cá. Vamos lá colega, os ossos estão ficando pesados,

você não consegue dar conta nem dessas três coisas patéticas. Eu vim

apenas lhe dar uma força.

 

-Faça como bem entender, então.

 

Quando o General Tartaruga ordenou que seus batedores matassem o

restante dos humanos, o caos voltou a reinar a bordo. Wolfwood

levantou-se, arrancou a shuriken de seu braço, pegou um machado de duas

mãos das costas e entrou em posição de combate. Só em esforçar-se para

segurar a arma, a ferida já começou a jorrar sangue.

 

-Eu preciso de suporte, Tom. – Pediu, sem tirar os olhos do oponente.

 

-Tá maluco?! – Perguntou Tom, assustado. Encostou a mão na ferida de

Wolfwood, que resmungou de dor, e começou a regenerá-la. – Você não

pode lutar na sua condição atual! O músculo foi lesionado, eu não

consigo curar isso tão rápido!

 

-Você não percebeu que, se não lutarmos, vamos morrer? Eu prefiro

arriscar sobreviver; se eu perder, morro um pouco antes de vocês.

 

Só então encarou o sacerdote, uma face tenebrosa.

 

-Além disso, eles quebraram meu carrinho. Não posso perdoar uma coisa dessas.

 

Delong manteve-se calado. Se tinha uma coisa que ele sabia, era que

contra fatos e idiotas não existem argumentos. Reforçou o suporte já

anteriormente conjurado sobre o amigo.

 

-Bem -Disse Wolfwood, encarando o general com um olhar penetrante -, vamos ver se você é metade do que fala.

 

Wolfwood correu em direção ao General, golpeando-o frontalmente com a

arma. O monstro segurou o ataque com dois dedos. Wolfwood não

desanimou; soltou o machado e realizou movimento semelhante ao que

executou contra Drake. Tartaruga bloqueou o segundo machado com o

cotovelo. Largou a arma novamente, sacou um terceiro machado e tentou

cortar o inimigo lateralmente pela direita, mas seu oponente inclinou o

corpo de leve para o lado. O golpe parou no resistente casco de

tartaruga.

 

O general sacou a bardiche com a mão esquerda. Wolfwood soltou o

machado e pegou outro, recuando para se defender. Tartaruga girou a

arma no ar e bateu, com o cabo, na ferida do ombro de Wolfwood. O

mestre ferreiro abriu a guarda por causa da dor, e a ponta da lança do

general atravessou sua coxa. Wolfwood caiu ajoelhado, segurando o cabo

da arma do oponente enquanto tentava arrancá-la da perna.

 

-Nicholas! – Gritaram Ellayhm e Delong juntos. Tentaram socorrer o

companheiro, mas tartarugas apareceram na frente dos dois bloqueando a

passagem.

 

O general olhou de uma maneira intrigada para o garoto que jazia à sua frente.

 

-Não se ataca um oponente enquanto se está com as vulnerabilidades expostas. É suicídio.

 

Girou a arma no ar, mirando o pescoço do adversário. Foi quando uma

segunda shuriken gigante atravessou o convés, dessa vez cravando-se na

arma do monstro e a arrancando de sua mão. A arma cravou-se na madeira

do barco.

 

Preso a shuriken estava o sub-general Ephram, morto.

 

-Mas o que…?

 

Um vulto pulou, vindo de cima das cabines. O guerreiro tinha cabelos

ruivos amarrados em um rabo-de-cavalo, parcialmente encobertos por um

chapéu chinês, porte físico esguio, com músculos levemente definidos.

 

“Seyryu?” Pensou Ellayhm. “Não, não é ele. As roupas, ele é um monge.”

 

O monge atirou seu chapéu de palha e, despreocupadamente, começou a falar.

 

-Então eram vocês que estavam fazendo tanto barulho aqui, não é isso?

Vocês sabiam que estavam atrapalhando meu sono? Você nunca deve

despertar um monge do seu sono, principalmente se esse monge for eu,

Tiberius Glorio!

 

Os monstros e pessoas no barco encararam o monge, atônitos. Quem aquele

louco achava que era, ninguém sabia, mas certamente pensava ser muita

coisa.

 

-Bem, acho que vou ter que dar um jeito em vocês, agora que já estou acordado… – disse, estalando os dedos e o pescoço.

 

O General Tartaruga chutou Wolfwood para o lado, como se fosse algo detestável. Encarou o monge.

 

-Você se acha muita coisa, não? O que você pensa que é?

 

Mal terminou de falar, uma sensação horrível de insegurança atravessou

seu corpo. Alguma coisa sobre aquele monge não estava certa, havia uma

espécie de aura ao seu redor que lhe trazia muito medo. Não conseguia

sequer decidir-se em uma estratégia de ataque.

 

Tiberius pulou em direção ao monstro, encarando-o profundamente. O

general estava assustado demais, até mesmo para fugir. Tiberius

acertou-lhe o primeiro soco na barriga, e continuou a seqüência. O

general nem mesmo tentava se defender, afugentado pelo olhar penetrante.

 

“Porque, porque não consigo desviar desse olhar… !”

 

Tremendo de medo e sendo atacado, moveu lentamente o braço às costas.

Sacou uma das espadas que trazia e colocou em frente aos próprios

olhos. Tiberius viu o próprio rosto refletido pela lâmina da espada,

instantes antes de ser atingido por uma joelhada e recuar alguns

passos. Cuspiu um pouco de saliva.

 

-Dilema, não foi isso? Uma habilidade interessante, imobilizar seu oponente apenas com o olhar.

 

-… Você realmente foi muito rápido para perceber… – Enxugou o canto da

boca com as costas da mão. Sorriu.- Meus parabéns, mas agora vamos ver

o que você consegue fazer quando eu luto sério. Fúria !! Invocar

esferas espirituais !!

 

Cinco bolas de energia surgiram, uma a uma, e começaram a rodar em

volta do monge, que correu de encontro ao general. A tartaruga gigante

tentou contra-atacar, mas não conseguia encontrar brechas na seqüência

de ataques do inimigo, defendendo-as como podia com a espada que estava

à mão. Sabia também que se tentasse utilizar o casco para defesa o

monge o eliminaria com um único golpe, a famosa técnica do Punho

Supremo de Asura.

 

“Maldição, se pelo menos eu estivesse com a minha lança, poderia bloqueá-lo e contra atacar…”

 

Começou a recuar lentamente em direção à arma, uma passada por vez. Via

a lâmina aproximar-se cada vez mais, conseguia sentir o cabo da arma em

sua mão. Os ataques do oponente eram previsíveis, bastaria bloquear um

deles para cancelar toda a cadeia. Estendeu a mão em direção ao objeto.

 

“Só mais um pouco… AGORA!”

 

Tiberius sorriu. A dupla alcançar a arma era a distração que estava esperando.

 

-Combo triplo !!

 

O primeiro golpe atingiu o braço do General e o fez girar sobre um dos

pés de apoio. O segundo foi desferido quando o monstro terminou o giro

e o atingiu diretamente no rosto, fazendo-o se curvar para trás. O

terceiro acertou-lhe o estômago, fazendo-o se curvar para a frente.

 

-Combo quádruplo !!

 

Uma joelhada no rosto, dois socos no estômago e um gancho, que de tão forte o jogou para o alto, girando.

 

- O Último Dragão !!

 

Com um pulo, Tiberius seguiu seu oponente. Tocou uma das esferas com o

punho fechado: esta assumiu uma tonalidade negra e grudou-se ao braço

do monge. Atingiu o oponente com essa mesma mão e a explosão gerada foi

o suficiente para abrir-lhe um rombo na carapaça e o arremessar de

volta ao chão. Tiberius aproveitou o impulso extra para o alto gerado

pelo próprio ataque para conjurar mais uma esfera espiritual. Desceu em

direção ao General, que estava no chão, tentando mexer-se. Começou

então a fazer selos com as mãos.

 

-Punho… – Fazendo 2 selos. -… Supremo… – Outros dois. – … de… –

Representando mais 2 selos, retraiu o braço, pronto para o ataque.

 

-… ASURA !!

 

A força do golpe foi tão grande que abriu um buraco no convés, e tanto

o monge como sua presa caíram para dentro do casco. A silêncio reinou

por alguns instantes, até que o corpo sem vida do General foi

arremessado por Tiberius de volta para o convés. O Monge seguiu logo

atrás, enxugando o suor da testa.

 

-Alguém tem uma poção azul sobrando por aí? Alguns inimigos me cansam

um pouco… – Disse ele, com um sorriso desdenhoso e arfando um pouco.

 

-B-bem, você pode usar umas minhas… – Ofereceu um mercador que havia

sobrevivido ao ataque, apresentando o estoque em seu carrinho.

 

Tiberius tomou uma poção e virou-se para Drake e as tartarugas sobreviventes.

 

-Alguém aí ainda tem coragem de me enfrentar?

 

As tartarugas encararam-se apreensivas e fugiram, deixando Drake

sozinho no navio, acuado na popa . Este, percebendo que estava cercado,

acendeu seu cachimbo e os encarou.

 

-É, parece que eu não tenho escolha… – Disse, resignado. – Não vou

conseguir escapar dessa. Bem, então o jeito é levar vocês comigo!

 

Abriu um lado do seu casaco e revelou um grande estoque de Esferas

Marinhas, uma espécie de água viva vermelha que habita no fundo do

oceano cujo mecanismo de defesa consiste em romper sua membrana

externa, fazendo com que seu interior rico em fósforo e sódio exploda.

Como seu sistema nervoso é bem resistente a impactos e altas

temperaturas, o monstro aproveita para fugir.

-Acho que vocês sabem o estrago que essas esferas vão causar, certo? Preparem-se para…

 

-Passo Etéreo !!

 

Tiberius se teleportou do local que estava para frente do monstro.

 

-Bem, seu pequeno show termina aqui. – Disse ele, posicionando as mãos em forma concha. – Impacto Psíquico !!

 

Posicionou suas mãos em forma de concha, à frente de seu corpo. Uma

espécie de disparo de energia saiu de suas mãos e atingiu Drake em

cheio, jogando-o para fora do navio. O pirata, levemente atordoado,

ainda conseguiu enxergar o monge acenando da popa enquanto apontava

dois dedos em sua direção.

-Disparo de Esfera Espiritual.

A esfera de energia acertou em cheio uma das águas vivas, rompendo sua membrana, e o líquido prendeu-se em Drake.

O pirata explodiu ao encostar na água. P.S: feedback plz =P.P.S.2: Com passos de formiga eu vou u.u, um dia eu chego lá.

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Capítulo 6

“Como pode um MONGE derrotar aqueles

caras? O Nicholas mal os arranhou!” – Pensou Ellayhm, enquanto Tiberius

aproximava-se, praticamente desfilando pelo convés, enquanto era

aplaudido pelos sobreviventes. O monge deteve-se próximo à arquimaga,

lançou-lhe um sorriso de “eu sou perfeito, você não acha?” e decidiu

contar vantagem.

-Uma garotinha frágil como você não deveria andar por aí com pessoas

tão fracas… – Disse, apontando a cabeça para Delong, que tentava curar

os machucados de um Wolfwood já acordado e disposto a pegar os itens

que os monstros deixaram cair para apurar alguns trocados. -Vai acabar

se machucando, qualquer dia desses.

-Ei, tio, a moça aí já tem namorado – Comentou Wolfwood, enquanto

juntava mais pedaços de tecido derrubados pelas aparições. – Além

disso, o que ela iria querer com um cara que, nessa idade, ainda não

conseguiu passar no teste de Mestre?

Tiberius sorriu.

- É verdade, eu atrasei um pouco o meu treinamento do ponto de vista da profissão. Mas a verdade é que foi por uma boa causa.

Uma aura azul-clara surgiu ao redor do monge. Era mais ou menos como

uma chama que o envolvia, sempre em constante movimento e no formato de

ondas. Wolfwood e Delong imobilizaram-se temporariamente, o observando.

Não era sempre que viam alguém que já havia atingido o estado da aura

azul, especialmente fora de combates.

-Essa – disse Tiberius – é a Aura da Verdade. Como vocês sabem, todo

inimigo que derrotamos nos dá uma parte de sua “energia vital”, chamada

pela população em geral de “Experiência”, ou “XP” em abreviado. A Aura

da Verdade aparece no momento em que o guerreiro atinge o limite de

energia vital que sua alma suporta, e essa energia transborda. Pouco

tempo depois o espírito organiza a energia e o excedente se dispersa,

sendo esse o motivo pelo qual vocês não vêem pessoas “brilhando” por aí

fora de campos de batalha.

A aura emitia pequenas fagulhas de energia, que se dispersavam no

ar. Uma das fagulhas moldou-se no formato de uma esfera de energia, e

passou a circular ao redor da cabeça do monge. Fechou os olhos e

sorriu, com um ar de superioridade.

 

-Entretanto, existe uma maneira de driblar esse limite, através do

controle do chi. É claro, trata-se de um método complicado, que exige

anos de dedicação e prática. É necessário fazer o corpo, ao invés do

espírito, absorver e estocar diretamente essas partículas de

Experiência, de modo que o espírito não as liberte ao chegar a seu

estado limite.

O sorriso sumiu do rosto de Tiberius por alguns instantes, enquanto

ele se concentrava. A aura da Verdade foi aos poucos se dispersando,

até desaparecer completamente. O monge estendeu a mão para frente, a

palma voltada para cima. A esfera de energia que circulava ao redor de

sua cabeça desceu até a palma, e depois desapareceu.

-Por causa desse treinamento, eu passei 3 anos no templo de

Prontera, sem contato com o mundo exterior. Pelo que fiquei sabendo,

nesse meio período Sua Majestade o Imperador Tristan III, autorizou as

guildas das Transclasses a aceitar membros que não tivessem nem mesmo

atingido o nível da aura da Verdade, que era um dos pré-requisitos

básicos para a entrada de um membro. Aparentemente, qualquer tipo de

frangote hoje pode tornar-se transclasse e ainda por cima acreditar que

é forte… Patético, tsc, tsc…

Finalmente tornou a abrir os olhos e encarar o trio. Ellayhm

escutava atentamente, mas Delong e Wolfwood nem lá estavam. Discutiam

sobre alguma coisa, do outro lado do convés.

-Isso custa mais de 85 milhões no mercado de Prontera! Porque eu

daria algo como isso para você? – Wolfwood dizia, puxando a Bardiche

para perto de si.

-Porque eu quero, eu quero, eu quero! Por favor, Nicholas! – Delong dizia, puxando a arma de volta.

-Eu preciso de dinheiro!

-Eu preciso de uma arma!

-E o que eu ganho com isso?

-Eu pago com juros!

O som da palavra “juros” ecoou no ouvido de Wolfwood. Ele parou o

movimento de puxar a lança, e apenas segurava-a próxima ao corpo.

-3% ao mês. – Disse Wolfwood.

-1.5 %.

-2.5 % e não se fala mais nisso.

-Tudo bem, então…

-Como sempre, foi excelente fazer negócios com você! – Disse

Wolfwood com um grande sorriso no rosto. Soltou a Bardiche e voltou à

sua aparência normal e civilizada.

Tiberius não entendia a cena.

-Para que um acólito precisa de uma lança? Nós todos fizemos um

juramento que nos proíbe de fazer qualquer ser vivo sangrar, e por

causa disso a Guilda dos Noviços nem mesmo ensina os noviços a

manipular armas. Você a quer de enfeite ou o que?

Delong não dizia nada. Estava tentando se concentrar. Girou a lança

com rapidez, descrevendo poderosos arcos no ar com esta. Girou-a pelas

costas, errou propositalmente, com o lado da lâmina, a costela e o

pescoço de Wolfwood, quebrou um barril com apenas um golpe do cabo da

arma e por fim escreveu um “D” na altura do peito de Tiberius com a

ponta da lança tão rapidamente que este não teve sequer tempo de tentar

se esquivar. A arma não chegou a tocar na pele do monge.

-Mas o que…

-Eu não sou um sacerdote comum – Explicou Delong, guardando a lança

nas costas. – Sou de uma família bem pobre e matava orcs pra viver,

isso quando nem aprendiz eu era, uns 10 anos atrás. Com 15 anos eu já

sabia manipular qualquer tipo de Lança, Espada de 1 ou 2 mãos, Katar ou

Machado, e de uns tempos pra cá comecei a praticar Taek-won-do nas

horas vagas.

Se existe alguma pessoa nesse planeta que merece ser conhecida como

“Mestre de Armas”, – Disse Wolfwood, sorrindo. – Esta pessoa é Delong.

- …E porque diabos uma pessoa como você virou acólito?

Wolfwood riu baixinho e escondido. “Essa é a melhor parte…”, cochichou para si mesmo.

-Meu teste de vocação disse que eu gostava de ajudar as pessoas, e

eu vi que era verdade. Aí resolvi virar um acólito. – Delong sorriu.

Tiberius ficou petrificado. Era a primeira vez que via alguém não só

fazer o teste de vocação do centro de aprendizes sem manipulá-lo, mas

ainda por cima ouvir a sugestão que foi dada.

“-A melhor parte é que, por ser de uma família muito pobre que não

tinha dinheiro para sustentar os filhos na escola, ele não sabe ler

muito bem.” – Tiberius ouviu a voz de Wolfwood em sua cabeça, o que

queria dizer que ele estava discretamente utilizando a Conexão Mental.

Esse encantamento, baseado em uma runa mágica que é tatuada na pele de

todo aprendiz, permite que ele possa se comunicar diretamente com outra

pessoa que ele a conheça e esta deseje estabelecer contato. – “Logo,

ele ainda não terminou de ler a Bíblia cristã, nem conhece fatos e

lendas do mundo, nem é muito bom com qualquer coisa que necessite

pensar. Em poucas palavras, ele é um sumo sacerdote aculturado.”

“- Um sumo sacerdote…?”

Tiberius olhou novamente o rosto de Delong. Os poucos instantes em

que haviam parado de conversar haviam sido o suficiente para o sumo

sacerdote virar-se para a água e se distrair com “peixinhos bonitos”.

Wolfwood riu alto, e Ellayhm o encarou com um olhar de reprovação que

foi sumariamente ignorado. O monge balançou a cabeça, tentando apagar

tudo aquilo do cérebro. Retomou a conversa.

-Você ainda não me explicou porque precisa de uma arma com lâmina…

-Contudo, mesmo que consideremos os mortos-vivos como vivos, eles

não sangram porque o sangue já parou de fluir. – Disse Delong,

virando-se novamente para Tiberius.

-Mas só existem mortos vivos em cavernas amaldiçoadas, como a da

vila dos Orcs, a de Payon e as ruínas da antiga capital, Glast Heim…

-Mas eu tenho uma sensação – explicou Ellayhm, intrometendo-se de

leve na conversa. – que os mortos vão invadir nosso reino em breve. E,

por algum motivo, eu não costumo estar errada.

—————————————————“————————————————-

Payon estava em chamas. Os monstros da caverna que se localizava

abaixo do feudo haviam, de alguma forma, quebrado a barreira sagrada

que os impedia de sair e começaram a matar pessoas. A cena era

assustadora: corpos decapitados, fragmentos de braços e pernas, feridos

implorando por socorro e uma legião cada vez maior de mortos-vivos

avançando sobre a cidade. Em meio ao caos, a única voz que parecia

calma era o chamado compassado de uma menina.

-Mãe?

A pequena menina, de cabelos longos e loiros, olhos azuis

claríssimos, nariz delicado e pequeno, não parecia ter mais de doze

anos. A face, suja das cinzas, trazia pequenos arranhões; um rasgo na

blusa, na altura do ombro, revelava a tatuagem de uma palavra em tinta

negra: oro.

-Mãe!

Uma mulher com algo em torno de seus 40 anos, de cabelos loiros,

olhos verdes, queixo arredondado e nariz fino, atirava para todos os

lados com uma destreza inacreditável, utilizando um arco adornado,

conhecido popularmente como Gakkung. Cada vez que atirava uma flecha,

um monstro caía; para cada monstro que caía, seu corpo emitia um brilho

azul da Aura da Verdade.

-Alicia!

Um general esqueleto, uma espécie de esqueleto morto-vivo que, de

tão antigo, possui os ossos amarelados, surgiu atrás da menina, uma

adaga enferrujada em cada mão. Desferiu um golpe na menina, que a mãe

bloqueou pulando sobre a arma e utilizando o próprio ombro esquerdo.

-Mãe! – Gritou Alicia, desesperada.

A mulher, antes de tocar o chão, atirou uma única flecha que

destruiu o crânio do general. Alguns dos inimigos próximos se

desmontaram, sem motivo aparente. Parecia satisfeita consigo mesma.

-Tese confirmada. Se matarmos os generais, as tropas mais fracas se

desmontam… Argh! – Ao tentar erguer-se, colocando o peso do corpo sobre

a mão esquerda, resmungou. Não conseguiria mais lutar com as duas mãos.

-Mãe, a senhora está bem? – Perguntou a menina, aflita.

-Filha, você deve sair daqui. Deve ir até Izlude e pedir socorro.

Avise a Ichigo Zangetsu que Payon está sendo atacada, e que a líder da

Guilda dos Arqueiros está pedindo ajuda.

-E a senhora?

-Uma Atiradora de Elite só sai de seu posto quando não há mais

inimigos – Pegou uma das adagas do General morto com a mão boa. Fitou

profundamente a filha. Suspirou. – Eu suponho, então, que isso seja

necessário…

Tirou do bolso um colar com uma maçã e uma flecha atravessada nela, e, arfando de dor enquanto mexia o braço machucado, disse:

-Pelo poder concedido a mim pelo Rei Tristan III, eu, Alessandra

Dusko, líder da Guilda dos Arqueiros de Payon, nomeio você, Alicia

Dusko, a mais nova integrante de nossa fraternidade. – Colocou então o

colar no pescoço da menina, e lhe entregou um arco que um esqueleto

arqueiro derrubara poucos momentos antes.

-Mãe!

-Minha filha, eu ainda considero você ainda muito nova para ser uma

Arqueira, mas a situação torna isso necessário. O futuro das pessoas de

nossa vila está em suas mãos. Corra, e não olhe para trás.

A menina começou a chorar, e a mãe a abraçou.

-Sentirei sua falta, minha filha…

Outro general se aproximou para esfaquear a atiradora de elite, mas

Alessandra se virou, bloqueou o ataque com a adaga e com o pé quebrou

sua coluna. Outro pequeno bloco de inimigos desmontou-se.

-Fuja!

A garota então, com arco em mãos, se embrenhou na floresta. A mãe a

acompanhou com o olhar. Ao virar-se novamente para frente, percebeu que

uma pequena fileira de generais começava a lhe fazer frente. A linha

expandiu-se e, quando percebeu que seria cercada, já era tarde demais.

Eles não faziam menção de atacar, mas isso só a deixava mais insegura.

Foi quando grandes esferas flamejantes começaram a chover ao seu redor.

“Bolas de fogo? Mortos – vivos mal sabem atacar! O que em nome de

Odin…” – Seu pensamento foi interrompido quando um dos ataques caiu ao

seu lado, a área de dano do impacto forte o suficiente para deixá-la

inconsciente. A chuva de magias cessou.

O círculo dos esqueletos se abriu, e dois vultos adentraram a

formação: um deles era grande e gordo, o outro era pequeno e magro.

Ambos tinham orelhas pontudas no topo da cabeça.

-Uma guerreira valiosa, a líder dos arqueiros de Payon. O Mestre

certamente ficará muito satisfeito. – Disse o vulto maior, uma voz

grossa.

-Sabe moço, – disse o vulto menor, com uma voz de menina. –

deveríamos ter nos unido bem antes para destruir esta cidade. Eles

atrapalhavam minha diversão…

-De certa forma, você tem razão – concordou o outro.. – Mas eu nunca

pensaria em me aliar com uma garotinha se ninguém me dissesse que valia

a pena.

O vulto menor cerrou a mão em punho.

-Melhor que parecer um bichinho de pelúcia gordo…

Os dois começaram a murmurar um encantamento em uma língua estranha,

e um ponteiro com um círculo ao redor apareceu no chão. A seta girava

como uma bússola que, depois de balançada, procura o norte. Após

fixar-se em uma direção, transformou-se em uma estrela de sete pontas.

O símbolo emitiu uma forte luz branca, e os vultos desapareceram, junto

com a atiradora de elite. O brilho apagou-se, os Generais Soldados se

dispersaram pela cidade e tudo que se podia ouvir era o cricrilar dos

grilos na floresta.

—————————————–“———————————————–

-Bem, – disse Tiberius, enquanto descia no porto de uma cidade

pequena – nos separamos aqui. Vou seguir meu caminho e tentar absorver

mais um pouco de energia, então farei meu teste para Mestre, coisa que

não deve ser tão difícil considerando o tipo de pessoa que anda sendo

aprovado nele. Mandarei notícias.

-Eu espero ouvir falar de você – disse Ellayhm, e depois murmurou para Delong. – morto e sepultado.

O sumo sacerdote pensou em censurá-la, mas entendia seus motivos: o monge era, sendo muito suave com o adjetivo, um boçal.

- É, parece que vamos ter de passar o restante da noite por aqui… –

Comentou vagamente Ellayhm, observando a embarcação que agora caía aos

pedaços.

“Provavelmente Ellayhm está sentindo esse poder. Isso deve estar

deixando-a cada vez mais preocupada com Seyryu.” – Pensava Tom Delong,

enquanto olhava para a arquimaga. Imaginou como ela ficaria se o amigo

morresse. Essas idéias se misturaram com muitas outras associações

estranhas e lembranças desagradáveis, e ele não sabia mais o que estava

pensando. Balançou a cabeça, apagando tudo.

-É a vida. – Suspirou a arquimaga. – Vamos arranjar um canto pra dormir, amanhã continuamos a viagem.

 

P.S.1: Obrigado pelo comment, andarilho '-'. Desculpa não ter dito nada antes, mas é que eu venho aqui com pouca frequência, pois ninguém nunca comenta mesmo...P.S.2: Pra quem estiver lendo, no http://ragnafanfics.wordpress.com eu já estou no capítulo 10. Atualizações quinta e domingo =P.P.S.3: Em todo caso, continuarei postando aqui uma vez longe da outra '-'. Afinal, acho que aqui ainda é a maior seção de fanfics de rag em português.

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Capítulo 7

 

O barco partiu cedo da pequena cidade e logo chegou a Izlude.

Ellayhm, um tanto nervosa, deixou os homens cuidando do pagamento do

barco e das provisões e combinou de encontrá-los na saída da cidade

quando estivessem terminados. Enquanto a arquimaga afastava-se,

Wolfwood choramingava para o amigo.

-Meu dinheiro...

-... São apenas 50 zenys, a gente recebeu desconto graças ao ataque

– Comentou Delong, virando-se com uma cara de incredulidade diante da

reação do mestre-ferreiro. - E quem tá pagando sou eu...

-Mas você vai descontar dos meus 85 milhões, eu sei que vai... Agora

são apenas 84 milhões, 999 mil e 950 zenys. É muito pouco, eu quero uma

revisão de contrato!

-...

Izlude estava com sua grande, porém organizada, movimentação

habitual. O maior destaque da principal cidade-satélite de Prontera era

a Guilda dos Espadachins de Izlude, cujo líder, Ichigo Zangetsu, era

conhecido por ser um dos mestres de espada do imperador Tristan III.

Além disso, a Grande Feira, que acontecia toda manhã na praça

principal, valia-se do posicionamento estratégico da cidade e de seu

porto para reunir itens dos mais variados cantos do planeta.

Não que alguma dessas coisas interessasse à arquimaga, sentada em um

banco próximo à entrada da cidade, observando ao longe as muralhas da

capital.

“Logo estaremos chegando a Juno”, pensou. “Espero que ele esteja apenas ferido, ou alguma coisa do gênero…”.

Suspirou. Não lhe agradava a idéia de um Seyryu machucado e

inconsciente em algum lugar. As outras opções, entretanto, eram o seu

namorado morto ou a traindo e, de certo modo, levariam à mesma tristeza

profunda e necessidade de se enterrar um corpo.

Perdida em ponderações, demorou a perceber um pequeno ponto ao longe

se aproximando em alta velocidade. O ponto foi crescendo e tomando a

forma de uma pequena menina de cabelos loiros e longos, que carregava

um arco nas costas e balançava freneticamente os braços. Parecia tentar

dizer alguma coisa, e Ellayhm levantou-se para ouvi-la.

-Soc… o! - A menina gritava, ao longe.

-O que?

-SOCORRO!

Foi quando a arquimaga percebeu o grupo de Pés-Grandes. Essa espécie

de urso da floresta, bípede, é usualmente calma e prefere se esconder

em seu habitat natural do que atacar humanos incautos. Não que tal

definição se encaixasse àqueles, que perseguindo a garota. Pareciam

fora de si, como se precisassem realmente agarrar a menina.

Acompanhando de uma distância razoável havia um tigre gordo e

ofegante. Ele alternava olhares entre a frente e o chão, corria em duas

patas, segurava um cachimbo em uma das patas livres e uma cartola na

outra. Tentava alcançar o bloco da frente. Ellayhm fechou os olhos e

estendeu o braço direito, abrindo a mão.

-Moça! Socorro!- A menina implorava, fugindo na direção da maga.

Quando abria um pouco de vantagem de distância dos ursos, girava de

costas, disparava uma flecha na esperança de reduzir a velocidade dos

inimigos e voltava a correr.

-Como… Essa… Moleca… Corre! – dizia o tigre para si mesmo, entre uma

arfada e outra. Ao erguer a cabeça por um instante, percebeu a mulher

no topo da colina. Quando a baixou novamente, pôde ver seu rosto

refletido na grama azulada. - O que…?

O tigre e os ursos escorregaram e caíram de costas em sincronia na

camada de gelo que apareceu sob seus pés, enquanto a menina escapava. A

temperatura despencou rapidamente, e havia neve. O tigre ainda tentou

levantar-se, mas não conseguiu se equilibrar em pé e despencou de novo.

-Nada bom.

O gelo enrijeceu-se ao ponto de tornarem a fina lateral dos flocos

de neve extremamente cortante. As correntes de ar se intensificaram, a

neblina tornou-se mais densa.

Ellayhm abriu os olhos.

-Nevasca!

Os pés-grandes foram caindo um a um, soterrados pelas camadas de

neve. O tigre encolheu-se em posição fetal, logo sendo coberto pelo

gelo. A garota chegou até Ellayhm e alegremente pendurou-se na mulher.

-Obrigada, moça! - Disse a menina, sorridente, abraçada na cintura da arquimaga como um macaquinho apegado ao dono.

-Calma, calma… Não foi lá grande coisa...

Mas a criança a apertava cada vez mais forte, e a cintura de Ellayhm começava a doer.

-Ahn... Garota?... Sério… isso tá incomodando…

-Obrigada, obrigada, obrigada!

Terminada a tempestade, a neve transformou-se imediatamente em

vapor. Tudo o que restava era um grupo de Pés Grandes mortos e um

grande tigre congelado, para a estranheza da arquimaga.

“Ele congelou, sinal que ainda está vivo… isso quer dizer que…”

A arquimaga escaneou a presença do monstro. Percebeu um padrão de

energia similar ao de Drake e do General Tartaruga. Estendeu

imediatamente as mãos em direção ao oponente e carregou uma esfera de

raios, disparando-a contra o monstro.

-Trovão de Júpiter !!

Antes que o ataque pudesse atingir o inimigo, o gelo rachou-se em

duas metades. O tigre saltou com inesperada agilidade de dentro do

bloco e, com um tapa, rebateu a esfera de energia para longe.

- Maldita… Me pegou desprevenido – Reclamou, enquanto erguia os

olhos para observar a oponente. A garotinha sobressaltou-se com a voz.

Soltou-se de Ellayhm e escondeu-se atrás de suas pernas.

-Bem forte para um tapete de pele! - satirizou Ellayhm, enquanto

tentava estabelecer contato mental com Delong e Wolfwood, que ainda

estavam na cidade. - Quem é você?

-Eu sou Eddga, o Tigre da Floresta, e você está atrapalhando minha

refeição. - disse Eddga, voltando a olhar para a garotinha, e também

tentando estabelecer contato psíquico. Bruxos lhe davam calafrios.

-Ellayhm Houten, arquimaga. - respondeu, impaciente por não receber

resposta dos companheiros. - Prepare-se para conhecer seu fim.

 

-O QUÊ? 50 zenys em um pedaço de carne desse tamanho?! Nem em

pesadelo! - se exaltava Wolfwood. Os presentes na feira olhavam

assustados para o homem.

-Acalme-se, meu senhor… - O açougueiro impacientava-se, vendo os possíveis clientes afastando-se de sua loja.

-Nunca, não mesmo, nem pensar!

-O melhor que eu posso lhe fazer é lhe ceder um desconto…

-Pago 38.

-Como?

-Mais que 38 zenys, sem negócio.

-Certo, então. Sem negócio, seu maluco. 24% de desconto eu não faço nem pra minha mulher.

-Tudo bem, eu entendo… - Virou de costas para a barraca e começou a

falar alto, para quem quisesse ouvir. – Cobrar um preço absurdo desses

por uma carne de baixa qualidade!

-Senhor…

-A variedade de carnes limitadíssima, a carne moída feita de carne de minhocas Hodes…

-Senhor…

-O cheiro de podre é mais azedo que o do esgoto de Glast Heim…

-BASTA! – Exaltou-se o açougueiro, erguendo a faca ensangüentada que

utilizava para cortar a carne. As pessoas ao redor assustaram-se,

algumas mães cobriram os olhos dos filhos. O vendedor envergonhou-se. -

Tudo bem, eu lhe dou seu maldito desconto! Mas pare de espantar meus

fregueses!

-É sempre bom fazer negócios com você. - Disse Wolfwood para o

vendedor, com um sorriso tão natural quanto o ódio estampado no rosto

de seu interlocutor.

“… odeio fazer compras com esse cara”, pensava Tom Delong,

caminhando ao lado de Wolfwood, que puxava seu carrinho cheio de

compras. “Ele faz isso em todos os cantos… Qualquer dia desses alguém

ataca.”

Percebeu então que alguém tentava comunicar-se em conexão mental.

“Hmm, deve ser a Ellayhm com pressa...”. – Ignorou a chamada.

Cutucou o ombro do amigo. - Vamos terminar logo com essas compras,

Nicholas, a Ellayhm já começou a pertubar…

Sem problemas! – Respondeu o mestre ferreiro. – Só faltam o leite e as poções brancas. Em meia hora a gente resolve tudo.

Continuaram a caminhar por entre as barracas.

 

Longe dali, nas ruínas de Payon, uma garotinha vestida com uma roupa

de pele de raposa amarela e carregando um imenso sino farejava o ar,

concentrava-se por alguns instantes e apontava para algum arbusto ou

árvore na floresta. As raposas de nove caudas que dançavam ao seu redor

corriam com destreza, pulavam e invariavelmente abatiam um humano

escondido. A menina comemorava discretamente a cada novo morto.

Percebeu a tentativa de conexão mental, mas não quis receber. Pouco

tempo depois, outro pedido, e outro, e mais outro. Uma veia pulsou em

sua testa.

Aceitou a conexão mental, resmungou um sonoro “Não enche agora, tô ocupada!”, encerrou a conexão e voltou a coordenar a busca.

 

“… eles me ignoraram…”, pensava Ellayhm. “Se esse bichano chamar reforços vou ter um grande problema…”

“…Raposa mimada, projeto de pré-adolescente irritante, se acha muito

importante...”, amaldiçoava mentalmente Eddga. “Se essa maguinha chamar

reforços vou ter um grande problema…”

Tiveram a mesma idéia, ao mesmo tempo.

-Proponho um duelo! - Disseram em uníssono, apontando o dedo um para

o outro, e continuaram. - Um contra um, sem reforços. - Perceberam que

estavam dizendo as mesmas coisas, e mudaram para um tom jocoso, ainda

em sincronia. – O que lhe faz pensar que eu chamaria reforços? Para

enfrentar um verme fraco como você? Eu aceito seu desafio! Hahahahaha!-

A risada dos dois soou tão falsa que a garotinha se assustou e

afastou-se de Ellayhm alguns passos.

Eddga silenciou-se subitamente, começando a correr em direção a

Ellayhm, que, cerrando o punho direito, fechou os olhos e pisou com

força no chão à sua frente.

-Rajada congelante!

Erguendo-se do chão logo em frente ao pé da arquimaga, uma trilha de

pequenos espinhos de gelo saiu em direção a Eddga, que pulou para se

esquivar. Os espinhos se expandiram subitamente até ultrapassar sua

altura, tentando perfurá-lo e o imobilizar, mas o tigre esquivou-se

agilmente dos objetos. Aterrissou e reparou na esfera de energia que se

concentrava em frente das mãos de Ellayhm.

-Trovão de Júpiter !!

Eddga jogou seu peso para o lado, e a esfera atingiu seu braço de

raspão. Ele caiu apoiado nas quatro patas, e com um rápido pulo partiu

para cima de Ellayhm. A arquimaga fez uma espécie de gancho com a mão

direita aberta, como um bardo pedindo apoio do público em uma música

particularmente empolgante.

-Barreira de Gelo!

Uma imensa muralha de espinhos de gelo compacta ergueu-se logo em

frente a Eddga, que chocou-se violentamente e caiu, levemente machucado

pelo impacto. Levantou-se rapidamente, mas sentiu as patas afundarem na

terra. Era tarde demais.

-Pântano dos mortos!

A grama embaixo dos seus pés transformou-se em lama, e ele afundou

até os joelhos, sem conseguir mais se mexer direito. Andava

vagarosamente, tentando sair da poça, mas percebeu que não havia como

fugir quando a temperatura começou a cair.

----------------------------------------------“-----------------------------------------------------

Ellayhm murmurava as palavras mágicas de invocação da nevasca,

quando detectou uma magia se aproximando em velocidade e

desconcentrou-se. Ainda teve tempo de ver a bola de fogo descendente,

mas não de esquivar-se. Atingida, foi arremessada para trás com a força

do impacto, aterrissando em um ângulo estranho. Ergueu-se com

dificuldade, apenas a tempo de ver o Tigre da Floresta pulando em sua

direção. Tentou girar para trás, mas sentiu as garras afiadas

perfurarem seu ombro direito e o sangue escorrer pelo braço. O monstro

não parou a investida, e com a outra garra lacerou a barriga da

arquimaga, que recuou mais dois passos. Desferiu um terceiro ataque,

diretamente em seu peito, utilizando a palma da pata, ato que fez

Ellayhm sair voando alguns metros, e rolando outros. A mulher,

contorcendo-se de dor, não levantou-se; Eddga aproximou-se e ergueu-a

pelo tronco utilizando as duas patas, observando seu rosto enquanto

tentava esmagá-la.

-Mais fácil que eu pensei. Acho que assim eu provo quem é o verme, não?

-É... - Ellayhm respondeu, erguendo os olhos para observá-lo. Com esforço, levou a mão direita à testa. – Congelar !!

 

Como uma explosão, uma onda de gelo saiu do corpo da arquimaga,

congelando tudo em um raio de dez metros dela, incluindo o tigre. Bateu

com o cotovelo na mão do oponente, que se despedaçou e libertou-a. Caiu

apoiada nas mãos e joelhos.

-E é assim que EU provo... Quem é o verme. -Encostou as palmas das mãos na altura da barriga do tigre. - Trovão de Júpiter !!

Uma esfera de eletricidade explodiu o monstro congelado,

transformando-o em uma fina nuvem de neblina. A menininha aproximou-se

novamente de Ellayhm, preocupada com seu estado. Ajoelhou-se ao seu

lado, apoiando a mão em suas costas e a chamando.

-Moça, você tá bem? Moça?

-Ele me pegou de jeito… - disse Ellayhm, e virou o rosto sorridente para a arqueira. - Mas eu venci, certo?

A força sumiu de seus braços, e ela cedeu à dor. Caiu inconsciente.

P.S.1: Comentários são bem-vindos, mesmo os da Whisper =P (Brincadeira linda, você mora no meu

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Estava tudo escuro. Seu estômago doía, e ela sentia o sangue jorrar

de seu corpo. Ainda assim, Ellayhm ouvia o som inconfundível de metais

chocando-se.

-Droga, esse besouro dourado é muito forte! -Disse uma voz.

-Bênção! Aumentar Agilidade! Angelus! – disse outra voz. – Alguém

tira esse besouro macho daqui? Preciso estancar o ferimento da Elly com

uma folha de Yggdrasil antes que ela morra!

- Mammonita! – Disse uma terceira voz, seguida de pequenos sons de

moedas. – Será que esse bicho não pára de por ovos? Porque diabos a

gente provocou esse besouro gigante mesmo?

-VOCÊ provocou o besouro quando tentou arrancar a antena dele pensando que era uma barra de ouro! – Reclamou a segunda voz.

-Calem a boca, vocês dois! Tom, usa logo a droga da folha na Ellayhm!

Ellayhm percebeu alguém se ajoelhando ao seu lado e passando

suavemente sobre o machucado um objeto que lembrava uma esponja que

estivesse anteriormente imersa em água gelada. Ela sentiu as pálpebras

mais leves, e abriu os olhos. Um noviço encarava-a, a expressão

visivelmente preocupada.

-Você está melhor agora? – Perguntou Delong.

Ellayhm acenou que sim com a cabeça. O noviço passou novamente a mão

sobre a ferida, agora coberta com uma espécie de pasta verde e

cicatrizando-se rapidamente. Murmurou um pequeno encantamento,

cochichou “Curar !!” e, ao ver a ferida fechar, levantou-se.

-Fique parada, tudo bem? A gente dá conta desse negócio sozinho. – Virou-se para frente e gritou novamente “Curar !!”.

Ellayhm desviou o olhar do noviço e olhou ao redor, sua memória da

situação voltando aos poucos. Esgotos de Prontera, quarto piso.

Wolfwood havia sugerido o último andar depois de um mês aventurando-se

em andares superiores, pois as suas fontes mencionavam uma jazida de

ouro escondida em algum lugar. A verdade é que o ouro encontrado no

andar não passava de antigas carapaças de uma criatura mítica, o

Besouro-Ladrão Dourado, uma espécie de inseto gigantesco com o

exoesqueleto feito completamente do metal precioso. Encontrar um

monstro desses era uma raridade. Derrotá-los era ainda mais difícil,

principalmente para aventureiros iniciantes como eles.

À sua frente, utilizando a espada para repelir as investidas do

besouro assassino, permanecia Seyryu. O besouro investiu com força, e o

garoto precisou apoiar a lâmina com a mão e posicionar um pé atrás como

apoio para impedir que o monstro o derrubasse. Delong, gritando, sacou

uma vareta de dentro da batina e a enfiou com força em um dos olhos do

inimigo, os únicos pontos visivelmente vulneráveis. O besouro ficou

enfurecido e virou-se para o noviço, deixando o espadachim em paz.

“Ele me protegeu de novo…”, pensou ela, ainda sem forças para se levantar. “Seyryu…”

—————————————————“—————————————————–

-Nicholas! Socorro! Ajuda! – Gritou Delong, enquanto fugia do

besouro ensandecido e um exército de besouros-ladrões machos, de

carapaça azulada, que apesar de menores eram grandes o suficiente para

causar um bom estrago no garoto com uma patada.

-O que você quer que eu faça, ora bolas? Perguntou Wolfwood,

afastado, observando a lâmina destruída e cega do machado que estava em

sua mão.

- Sei lá! Que tal ATACAR? – Delong pulou sobre um riacho de dejetos, os besouros também.

-Ele já quebrou cinco machados meus com essa carapaça de ouro! Eu não vou gastar mais dinheiro nesse bicho, não vale a pena.

-Pois ataca com a droga do carrinho, que é mais barato! – Entocou-se

em uma saída de esgoto estreita, e os besouros não conseguiam

alcançá-lo. Ainda assim, o maior deles tentava arrancar um pedaço de

seu braço, e ele tentava empurrar seu oponente com a vareta.

-Sei não, pode danificar a estrutura do carrinho. Já pensou se a minha rodinha fica solta?…

-EU PAGO A DROGA DO CARRINHO! AJUDA!

-Bem, se você paga… – Wolfwood levantou-se, segurou o carrinho com

uma mão e tomou pontaria. Girou e lançou. – Cart Termination !!

O objeto voou em direção ao besouro-ladrão maior, que percebeu a

manobra e virou-se, o engolindo. As feições de Wolfwood mudaram de

confiança para incredulidade, e desta para ódio, em pouco menos de dez

segundos.

-ELE ENGOLIU MEU CARRINHO! ESSE CARRINHO CUSTOU 800 ZENYS E AINDA POR CIMA TAVA CHEIO DE ITENS! DEVOLVEEEEEEEE!

O mercador ergueu o machado sem fio de corte, a única arma próxima,

e correu em direção ao oponente gritando incoerências. Os

besouros-ladrões machos pularam em sua direção, tentando proteger seu

mestre, mas Wolfwood os repelia com chutes, cabeçadas e, no caso

especial de um que grudou em seu braço, para o desgosto de Ellayhm, com

dentadas. Alcançou o besouro dourado e começou a golpear repetidamente

sua cabeça, as pancadas ressoando como os sinos da igreja de Prontera.

O besouro até revidava, mas o mercador simplesmente ignorava a dor.

Delong, ainda oculto na fenda, trabalhava duro para fechar as feridas

de seu aliado.

De tanto atingir um mesmo ponto, Wolfwood abriu uma fenda na

armadura de seu oponente. Enfiou o machado na rachadura, pulou sobre o

besouro e correu puxando a arma, rasgando-o ao meio, de uma ponta à

outra. O besouro agonizou e, dividido em dois, cedeu. Não que isso

impedisse o mercador de continuar batendo.

-Maldito! Devolve! Meu! Carrinho! DROGA!

-Nicholas, você precisa se acalmar… – tentou Delong, mas foi ignorado.

Seyryu aproximou-se de Wolfwood e segurou seu braço decididamente.

-Nicholas, não adianta mais. O carrinho foi destruído.

-Mas, mas…

-Acontece. Em todo caso, graças ao seguro do carrinho, a Corporação Kafra irá repor seus itens.

Wolfwood largou a arma.

-Dentro do carrinho tinha um tesouro único para mim… Vocês sabem, a pedra…

-Aquela ali? – Delong perguntou, apontando para uma pedra vermelha e brilhante, presa a um pingente a alguns metros do monstro.

-Minha Granada da Sorte! – Exclamou Wolfwood, surpreso. Apanhou

apressadamente a pedra no chão, como que com medo que outra pessoa

aparecesse e a levasse. Guardou-a no bolso. – Você a achou, Tom! Valeu!

-Ora, não foi nada! – Respondeu o noviço, com um sorriso.

———————————————-“————————————————

Percebendo que tudo havia acabado bem, Seyryu virou-se e se aproximou de Ellayhm, preocupado. Ajoelhou-se ao seu lado.

-Você está bem? Consegue andar?

Ellayhm balançou a cabeça, negativamente.

-Então deixa que eu te ajudo.

Colocou Ellayhm nas costas e chamou os outros membros do grupo para

sair do esgoto. Tom resmungou algo como “Eu seguro o dragão e ele salva

a princesa, assim é muito fácil…”, e juntou-se a Seyryu.

 

-Agora vai ficar tudo bem. – Disse Seyryu, e sorriu para ela.

 

“Eu acredito em você”, pensou Ellayhm, encostando a cabeça em seu ombro e adormecendo.

Ellayhm abriu os olhos e viu um teto. Estava deitada em

uma cama e, por algum motivo que não entendia, estava de pijama.

Virou-se para o lado e topou com o rosto de Delong, também de pijama,

dormindo. Ela o acordou com um grito de susto e com um poderoso soco,

que o fez atravessar o quarto e atingir a parede do outro lado.

- MUITO boa sua idéia, Nicholas… – chorou o sumo sacerdote para o

amigo, que entrava no quarto pela porta localizada na mesma parede

contra a qual Delong havia se chocado.

-Seu… seu… TARADO! – gritava Ellayhm, em pânico, fazendo amplos movimentos com os braços.

-Shh! Vai acordar a Alicia! – sussurrou Wolfwood, apontando para algum lugar nas costas de Ellayhm.

 

-Acordar quem? – perguntou a arquimaga, virando-se.

Só então ela percebeu a garota de antes, deitada ao seu lado. Ela

tinha longos cabelos loiros, nariz fino e pequeno e lábios rosados.

Abriu lentamente seus olhos azuis marinhos, despertando lentamente do

sono.

A arquimaga lembrou-se da briga com o Tigre da Floresta. As feridas

arderam, confirmando que aquilo não havia sido um sonho. Olhando por

dentro do pijama, viu algumas ataduras feitas com ervas medicinais de

diferentes cores.

-O que aconteceu com o Eddga?

-Então era esse o nome daquele bicho? – Perguntou Wolfwood,

sorrindo. – Não sobrou nem pó, pelo que a Alicia disse. Deve ter sido

um baita Trovão, o seu.

O que é uma pena – Comentou Delong, interrompendo o amigo enquanto

se recompunha. – Dizem que patas de tigre são bons afrodisíacos… – e

começou a babar, perdido em pensamentos.

Ignorando seu amigo, Ellayhm se voltou para a menina ao lado, com um sorriso que expressava o máximo possível de serenidade.

-E então, seu nome é Alicia?

-Sim, Alicia Dusko – Confirmou a menina, balançando a cabeça. – Tenho 12 anos. Muito prazer.

-Dusko? – Interrogou Wolfwood, atraído pelo nome familiar. – Não é o

sobrenome da líder da Guilda dos Arqueiros de Payon, Alesssandra Dusko?

-Sim, essa é a minha mãe.

-Você é filha da líder da guilda? – Perguntou Delong, surpreso. – E

porque você virou uma Arqueira tão cedo? Quer dizer, sua mãe não deve

ter problemas com dinheiro, e nem de cuidar de você considerando que

ela não pode sair da cidade…

Alicia permaneceu em silêncio. Parecia estar segurando o choro.

-O que houve, Alicia? – Perguntou Ellayhm, apreensiva.

-É que… minha mamãe… Não consigo falar com ela… Desde que a gente se separou quando ela defendia a cidade.

Houve um instante de silêncio depois da frase, no qual todos

processavam as palavras da garota. O único som da sala era o soluçar

baixo da menina.

-PAYON FOI ATACADA? – Perguntaram, em uníssono.

-Não… Foi destruída.

Novo silêncio.

-COMO É QUE É? – Novamente, em coro. – E quando isso ocorreu?

-Ontem à noite. Mamãe me transformou em Arqueira e me mandou pra cá

chamar reforços para resgatarem os sobreviventes que fugiram para a

floresta. Ainda têm muitos monstros andando na cidade, e os cidadãos

não conseguem se reagrupar.

Ellayhm ouviu cuidadosamente a história, ponderou por um instante e por fim, virando-se para os amigos, manifestou-se.

-Vamos à Payon?

-Você tem certeza disso? – Perguntou Wolfwood. – Você sabe que as

chances de Seyryu ficam menores quanto mais tempo nós demoramos…

-Sim, eu tenho plena consciência disso. Mas existem mais vidas em

risco aqui do que onde quer que o Sey esteja. – Falava decidida, mas

apertava com força o lençol da cama.

Wolfwood acenou com a cabeça.

-Bem, em todo caso precisamos notificar a Guilda dos Espadachins –

disse Delong. – Se, como a Alicia disse, houver um exército de mortos

vivos, não teremos chance sozinhos. Alguém sabe qual o nome do líder da

guilda?

- Ichigo Zangetsu. – Disse Alicia. – É um tio muito legal, mas bebeu

demais no churrasco dos líderes de Guildas ano passado e passou vexame

fazendo alguma coisa que a mamãe tapou meus olhos pra eu não ver…

-Ah, eu lembro disso! – Disse Delong, batendo as mãos. – Saiu até no ‘Diário’, parece que ele…

Wolfwood aplicou um tapão na nuca do sumo sacerdote, e depois o encarou com um olhar de desaprovação. Delong entendeu.

-Bem, então é isso… Deixe-me apenas me trocar – Disse Ellayhm, se

levantando. Quando pisou no chão, sentiu como se suas pernas fossem de

gelatina, e só não caiu porque Delong a segurou.

-Calma lá, menina – disse o sacerdote. – Você não está em condições

de se mexer ainda. Eu sobrecarreguei o seu corpo com energia sagrada

para curar o ferimento, mas você perdeu sangue demais e ainda deve

estar fraca…

-Ela teria perdido menos sangue se você não tivesse passado cinco

minutos arrastando a Alicia pela feira e oferecendo docinhos, seu padre

safado – comentou Wolfwood.

 

-… E ainda menos se você não tivesse perdido quinze minutos tentado

negociar um desconto de 50% caso comprasse 150 quilos de banana, seu

ferreiro mão-de-vaca – Respondeu Delong, desconversando. – Alicia, você

vem também, já que conhece o velho melhor do que a gente.

-Tá, tio. – Concordou a menina, pulando da cama, pegando o arco que

estava encostado na parede e saindo do quarto, seguida por Wolfwood.

Delong estava saindo do quarto quando ouviu a voz levemente envergonhada de Ellayhm o chamando. Parou sobre a soleira.

-Tom… Bem, eu queria agradecer por ter cuidado de mim, e pedir desculpas pelo soco.

-Somos um grupo, compartilhamos alegrias e tristezas. Só não me bata

com tanta força da próxima vez, você tem a mão pesada… – Disse o sumo

sacerdote, sorrindo. Saiu sem se virar.

Ellayhm permaneceu olhando para a porta algum tempo. Ajeitou-se nas cobertas e voltou a dormir.

O som de uma pessoa se engasgando rasgou o ar da floresta de Payon. Amanhecia.

-Com esse, já foram 37 humanos eliminados. E o gatinho ainda não

voltou… – Disse a menina, tirando a mão de dentro do pescoço do homem

que acabara de matar. Como que respondendo à sua reclamação, um portal

abriu-se a poucos metros de distância. -Até que enfim, já estava na

hora…

Então outros 3 portais se abriram ao lado do primeiro. A menina riu.

-Gatinho incompetente… Generais, agrupar! Nove Caudas, agrupar!

O batalhão de esqueletos e raposas fez um círculo ao redor de onde

os portais brilhavam, e esperaram. Não muito tempo depois, guerreiros

das mais variadas classes, em especial espadachins, cavaleiros e

lordes, começaram a se materializar na região. Iam agrupando-se em

pequenos blocos, todos de costas uns para os outros. Os três últimos a

sair foram Wolfwood, Delong e um senhor de aproximados 55 anos, cabelos

azuis e curtos com muitas mechas brancas, um nariz de batata e orelhas

grandes. Portava uma espada clássica da região de Amatsu, conhecida

vulgarmente como Kataná, com um pequeno detalhe de customização: Sua

lâmina era negra.

-Eu sou Ichigo Zangetsu, líder dos Espadachins de Izlude – Anunciou

em voz alta, apontando a espada para a menina. – Vim aqui para resgatar

os humanos. E você, garotinha, quem é?

Os portais se fecharam.

- Flor do Luar, a Princesa Raposa, e essa é a minha Ciranda dos

Mortos. – Respondeu a menina, sorridente. Entrou em posição de combate

com seu sino posicionado às costas, e seu sorriso alegre se transformou

num esgar maligno. – Vim aqui para matar os humanos. Temos um impasse,

né?

 

 

P.S.1: Eba, já tenho 3 leitores aqui =P (BTW, eu acho que só umas 2

pessoas leram essa história no prontera. Na verdade, eu tenho quase

certeza u.u).P.S.2:

Pra quem quiser ler mais na frente, a versão do http://ragnafanfics.wordpress.com já está em seu capítulo 12 (quer

dizer, 2/3 do capítulo 12, mas ainda assim no 12) ^^.P.S.3: Feliz dia dos pais, se houver algum aqui xD.

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Oi!

Payon estava em chamas. Os monstros da caverna que se localizava

abaixo do feudo haviam, de alguma forma, quebrado a barreira sagrada

que os impedia de sair e começaram a matar pessoas. A cena era

assustadora: corpos decapitados, fragmentos de braços e pernas, feridos

implorando por socorro e uma legião cada vez maior de mortos-vivos

avançando sobre a cidade. Em meio ao caos, a única voz que parecia

calma era o chamado compassado de uma menina.

Cara, você é sanguinolento, viu? E É ISSO QUE EU MAIS ADORO NAS FANFICS! [/mal]Tá de parabéns pelo enredo e nenhum erro de português (não que eu tenha percebido).Sacer de lança? Iradasso.Falous e que você continue escrevendo assim.[/ok]

Tem ou quer criar um Insurgente? Dê uma olhadinha aqui: [Guia] Aço, pólvora e caos

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Capítulo 9

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-Agrupar! Expandir! – Comandou o velho de cabelos azuis.

Os humanos se uniram em uma formação circular compacta, dividida em

três camadas: as duas mais externas, compostas de guerreiros; a mais

interna composta por sacerdotes, bruxos e arqueiros. Formação pronta, o

círculo começou a se expandir. As linhas de frente eliminavam

facilmente os esqueletos azuis que avançavam, mas não conseguiam chegar

aos esqueletos amarelados. Pouco a pouco, foram ganhando terreno.

A Flor do Luar permanecia praticamente imóvel, sorrindo. A única

coisa que mexia suavemente era o braço direito, fazendo o sino amarrado

no bastão ressoar de leve. Os grupos de esqueletos giravam em pequenos

anéis, como em uma ciranda infantil.

-Eu não entendo… – Comentou Ichigo a esmo, enquanto esmigalhava um

crânio de esqueleto soldado com o punho esquerdo. – Ela está confiante,

até demais. Que tipo de plano…

Parou um instante e olhou para trás. Viu o círculo dos magos e sacerdotes agrupado, ao centro do anel. E entendeu.

-Atenção, todos! Parem de expandir agora! Reagrupar!

Apesar da ordem não ter feito muito sentido de início, logo os

guerreiros entenderam o problema. O círculo não podia mais se expandir,

pois não havia guerreiros suficientes para manter uma linha de frente.

A garota, ainda sorrindo, segurou o seu sino com as duas mãos e o

apontou para frente, fazendo-o ressoar três vezes.

-Generais, invocar Comandados!

Os esqueletos amarelados avançaram e conjuraram dezenas de

esqueletos soldados e arqueiros nas costas dos guerreiros, que além de

flanqueados haviam perdido o contato com o grupo de suporte, agora

atacado.

————————————————–“———————————————————–

-Opa, que beleza! – Comemorou Delong, apesar do olhar reprovativo de

alguns sacerdotes próximos. – A oportunidade de inaugurar a lança! –

Desatou a Bardiche das costas e pulou em direção ao primeiro inimigo

que viu, desmontando sua coluna com um golpe da lâmina. Sua destreza

era invejável: ele conseguia manejar a enorme lança com apenas a mão

direita e realizar curas, tanto em aliados quanto em inimigos, com a

esquerda. Logo ele havia aberto uma pequena clareira de esqueletos, e

chamado suas atenções.

-Podem vir! – Disse, girando a arma e a apoiando sobre os ombros.

Os esqueletos soldados atacaram por todos os lados ao mesmo tempo.

Delong bateu no de trás com o cabo da lança, perfurou o crânio do da

frente com a ponta, cravou a arma no chão e chutou o cabo flexível. A

arma virou uma espécie de pêndulo, que estraçalhava os esqueletos que

entravam em sua área de movimento. Girando ao redor da arma e

golpeando-a com as costas da mão, o sacerdote mudava a direção na qual

a Bardiche oscilava. Com os pés, utilizando golpes precisos e potentes,

destruía outros inimigos.

———————————————“—————————————————————-

-Eles não param de vir! Como vamos detê-los?- Exclamou Wolfwood

lutando ao lado de Ichigo, que gritava ordens enquanto esmigalhavas

três, às vezes mais, monstros com apenas um ataque.

-Eu realmente não sei, garoto! – Gritou o comandante. Olhou para

trás, para avaliar a situação das forças de suporte. Surpreendeu-se com

Delong e sua Bardiche, mas a quantidade de inimigos estava grande

demais para apenas um guerreiro.

-Seu nome é Wolfwood, não é isso? Você parece razoavelmente

capacitado… Preciso de ajuda para manter a formação aqui enquanto eu

abro caminho até o suporte. Posso contar com você?

-Sim, senhor! – Gritou o mestre ferreiro, girando o machado e

abrindo um corte na lateral de uma Nove Caudas. – Farei o possível!

Ichigo acenou com a cabeça e recuou, gritando e eliminando os

esqueletos azuis a cotoveladas e tapas, quase como se nadasse em um mar

de mortos-vivos. Em poucos instantes o mestre-ferreiro estava sozinho.

-Mantenham a formação! Avancem lentamente!

Girou um de seus machados de duas mãos sobre a cabeça e dividiu uma

raposa em duas. Enquanto recuperava-se do movimento, um esqueleto

general avançou com uma Gladius, pronto para perfurar seu pescoço.

Sacou um machado mais leve com a mão esquerda e bloqueou a adaga.

Girando o restante do corpo para remover o machado de duas mãos do

chão, destruiu o monstro com facilidade, empunhando as duas armas ao

mesmo tempo.

-Ha. Eu uso dois machados, trouxa.

Foi quando reparou algo estranho.

Poucos metros à sua esquerda, em meio a uma multidão de esqueletos

de formas, estados e cores diferentes, um arqueiro inimigo desmontou-se

sem nenhum motivo aparente.

Passou alguns instantes parado, pensando se não passava de uma

ilusão. Alguns instantes depois, contudo, um grupo de dois soldados e

um arqueiro, todos razoavelmente próximos entre si, também se

desfizeram. Olhou para as proximidades: um assassino havia acabado de

destacar a cabeça de um dos esqueletos Generais com um golpe de adaga.

Parou em pleno campo de batalha, olhando rapidamente ao redor.

Vários casos semelhantes aconteciam, geralmente em meio à horda

inimiga; destruído um esqueleto amarelado, alguns azuis simplesmente

desapareciam.

Resolveu testar a teoria. Investiu contra o primeiro general que

viu, destruindo-lhe a clavícula com uma machadada. Olhou ao redor: dois

esqueletos azuis desmontaram-se. Sorriu.

-Atenção, todos! Ataquem os Gene… Argh!

Sentiu uma pancada na nuca que o levou ao chão, a visão embaçada.

Largou as armas e levou as mãos à cabeça, em parte para esfregar o

ponto da pancada, em parte para segurá-la e parar de tremer. Sentiu um

segundo ataque nas costas, e teve a sensação de que sua coluna iria

partir.

-Tio ferreiro malvado, querendo estragar a brincadeira! – Disse a

Flor do Luar, girando o sino no ar e investindo em um terceiro ataque.

Wolfwood esquivou-se rolando para o lado e levantou-se de um pulo,

observando fixamente a inimiga. Os inimigos ao seu redor foram se

afastando aos poucos, até abrir um espaço em pleno campo de batalha.

-Uma piveta. – Suspirou o mestre-ferreiro. – O monge quebra um

pirata zumbi e uma tartaruga gigante, a arquimaga arrebenta um tigre

gordo e forte… E eu fico com a piveta de 10 anos.

A garotinha cruzou os braços e fez uma cara de birra.

-Num me chama de piveta que eu não sou, seu bobão! – Mostrou a

língua para o ferreiro. – Além de mais de 1200 anos, eu tenho um sino

mágico dourado que manipula os mortos vivos e uma tropa de raposas que

se curvam ao meu poder assombroso. E você?

-Eu pareço maior de idade – Completou a frase com um sorriso sarcástico e os polegares estendidos para o alto.

Uma veia pulsou na testa da garota.

-Ora seu… Seu… Não faça pouco de mim!

Atacou o ferreiro com um golpe perfurante usando o cabo do sino, que

Wolfwood evitou com um único passo para trás. A garota cravou a ponta

da arma no chão e a utilizou para realizar uma espécie de salto com

vara, completando o movimento com uma voadora que o ferreiro bloqueou

utilizando as duas armas. A garota apertou as armas com os pés para

prender-se, desencaixou o sino do chão e o girou, desferindo um ataque

frontal. Seu inimigo, com as armas imobilizadas pelo pé da garota, não

conseguiu desviar-se e o sino maciço o atingiu pela terceira vez, no

ombro esquerdo, fazendo-o largar os machados.

Antes que pudesse se recuperar, a menina pulava em sua direção, os

olhos vermelhos reluzindo de ansiedade e os dentes pontudos como os de

uma raposa expostos para o ataque. Wolfwood colocou o braço à frente e

foi mordido. Aplicou-lhe um soco no rosto, e a garota saiu girando para

trás. Apanhou o sino pelo cabo enquanto girava e agilmente aterrissou

em pé.

-E aí, ainda sou uma pirralha? – Enxugou os lábios do sangue do ferreiro.

-O fato de você lutar bem não muda o fato de que você ainda nem

entrou na puberdade, menina. – Ironizou Wolfwood, pegando o machado de

duas mãos do chão.

- Humano tolo…

Investiram um contra o outro, em sincronia.

———————————————————————————————————-

Ellayhm estava deitada na cama de pijamas, escrevendo em um caderno

róseo com um cadeado na capa, quando alguém bateu à porta. Fechou o

livro, trancou-o com uma chave e murmurou palavras apressadas. O lacre

sumiu e as páginas diminuíram em quantidade.

-Venha, está aberta! – Disse, escondendo a capa embaixo do travesseiro.

A menina entrou no quarto, timidamente. Curvou-se levemente, como se pedisse desculpas.

-Ah, é você, Alicia. E os garotos?

-Quando eu saí, eles estavam falando qualquer coisa sobre as

estratégias de combate – Suspirou, chateada. – O pior é que eles não me

levaram a sério…

- Como assim?

- É que a mamãe descobriu que os esqueletos azuis são invocados

pelos esqueletos amarelos, e que enquanto você não destruir os amarelos

os azuis não param de reaparecer… O problema é que esses esqueletos

comandantes ficam em uma linha mais na retaguarda, e você tem meio que

abrir caminho até eles, mas eles não sabem disso porque não me deixaram

contar. Disseram que guerra era coisa de gente grande.

-Quer dizer que se eles ficarem parados vão continuar brigando até cansar e morrer?

-Bem, não acho que seja tão difícil para eles repararem nisso. Até

porque o tio Delong ficou responsável pelo comando do grupo de suporte

já que ele era a pessoa com mais experiência de campo quando terminaram

de montar os grupos… Tenho certeza que ele vai notar num instante!

Alicia sorriu, relaxada. Ellayhm tentou imaginar Delong notando alguma coisa. Talvez se um dos tais esqueletos usasse lingerie.

-Isso pode ser um problema… – Disse Ellayhm, fechando os olhos e se deitando.

——————————————————————————————————————-

-Recuem e reagrupem! – Gritavam, em coro, Delong e Ichigo. –

Desistam de tentar avançar! Detenham-lhes aqui para proteger os bruxos!

O sacerdote ouviu um grito de terror vindo da direita, e viu um

ferreiro soterrado por esqueletos. Girando a lança ao redor do corpo

enquanto girava, abriu caminho entre os inimigos até alcançar o jovem.

Criou rapidamente uma pequena área, arremessou a arma para o alto e

ajoelhou-se, recitando o canto memorizado.

-Ecce Crucem Domini! Fugite partes adversae! Vicit Leo, Radix Divinum! Alleluia! Magnum Exorcismus !!

A terra tornou-se branca como neve e uma coluna de energia sagrada

incinerou os esqueletos, deixando apenas o jovem estirado ao chão. O

sacerdote curou-o rapidamente e o ajudou a levantar.

-Não exagere, eles são muitos. Fique perto do comandante que ele pode lhe proteger.

-Obrigado! – Agradeceu o ferreiro, e correu para perto de Zangetsu.

Delong ainda acenava quando sentiu que alguém tentava estabelecer uma conexão mental. Concentrou-se. Era Ellayhm.

“-Ellayhm, o que você quer? Estou ocupado!”

“ -Tom, rápido, avise ao senhor Zangetsu! O ponto fraco das tropas

são os Esqueletos Generais! As tropas mais fracas são invocadas e

controladas por eles!”

“-…Hein?”

“-Os esqueletos amarelos, Tom! Não têm um bocado de esqueletos amarelos por aí?”

“-Como você sabe disso? Você veio? Onde você tá?” – Ergueu a cabeça e olhou ao redor, procurando pela companheira de grupo.

“-Eu não estou aí! Será que você pode se concentrar no problema? Uma horda de esqueletos, lembra?!”

Delong abaixou-se novamente, concentrando-se apenas no diálogo.

“-Muito obrigado pela informação. Podia ter chegado antes de eu

estar morrendo de cansado, mas em todo caso, obrigado. E a menininha?”

“Quem?”

“-Uma garotinha que usa uma roupa amarela, parece pele de raposa…

Ela é bem forte e parece estar no comando dos esqueletos amarelos e das

nove caudas.”

“-Nove Caudas? As raposas demônio?”

“-Sim, e… Ai! Valeu pela informação, falo contigo depois.” –

Concluiu Delong, encerrando a conexão e balançando a perna para tentar

tirar a raposa que mordia seu pé. O balançar frenético fez o monstro

soltar-se, e o sumo sacerdote completou a ação acertando um chute na

raposa, jogando-a longe. “Se essas coisas fossem mortos vivos…”

-Comandante, o ponto fraco das tropas são os esqueletos generais! – Gritou o sumo sacerdote de onde estava. – Os amarelinhos!

- Entendido! – O lorde confirmou que ouvira acenando com a mão, pois

havia guardado a espada para evitar que esta perdesse o fio de corte e

eliminava os inimigos na base dos socos. -Ataquem os esqueletos

amarelos!

-Senhor, sim, senhor! – Foi o coro de resposta.

E começaram a escavar pelos esqueletos azuis em busca dos amarelos.

—————————————————–“———————————————————

A Flor do Luar olhou para trás. Havia bem menos esqueletos do que instantes antes.

-Droga, eles descobriram – Resmungou, voltando-se para um Wolfwood

ofegante à sua frente. – E é culpa sua! Vou arrancar esse sorrisinho

sarcástico da sua cara!

-Que chato ser você, ter de utilizar essas frases batidas de vilão

de historinha em quadrinhos o tempo todo… – Respondeu o ferreiro,

guardando o machado de duas mãos às costas, e recolhendo o machado

simples do chão. – Axe Termination!

Girou e arremessou o machado na direção da menina, que se esquivou

com um salto mortal para trás. Caiu agilmente com os joelhos

flexionados, guardou o sino nas costas e começou a correr em direção ao

oponente, apoiada nas quatro patas.

- Mammonita !!

Wolfwood puxou uma sacola de dinheiro e a arremessou para o alto,

sacou o machado e a cortou, criando uma chuva de moedas na direção da

Flor do Luar.

- Mammonita !!

Rapidamente ergueu as mãos, sacou a arma e a girou no ar. O sino

desprendeu algo que lembrava uma nuvem de ouro em pó, que colidiu com

as moedas e cancelou ambos os ataques. O mestre ferreiro saltou do meio

da nuvem, machado erguido pronto para o corte. A menina colocou o sino

em posição de defesa para segurar o movimento. Seu inimigo sorriu e

soltou a arma.

-Golpe estilhaçante !!

As mãos de Wolfwood assumiram uma tonalidade incandescente, e o

ferreiro caiu com uma das mãos no centro do bastão, puxando-o, e outra

tentando segurar o rosto da inimiga. Por reflexo, a garota largou a

arma e recuou dois passos para evitar a mão incinerante. Seu bastão foi

ao chão, partido em dois.

-Percebe a vantagem de ser maior de idade? Membros longos. – Acertou um soco no sino dourado, que o despedaçou.

-Não! Meu sino!

No mesmo instante, os esqueletos generais desapareceram. As raposas,

que pareciam sair de um transe, correram e se dispersaram pela

floresta. Os outros guerreiros, inicialmente surpresos, começaram a

gritar comemorando a vitória. Delong aproximou-se de Wolfwood.

-Precisa de ajuda? – Perguntou.

-Não, aqui não tem nenhum problema, só uma garotinha mimada… – Respondeu Wolfwood.

-Hm, eu ando sem garotinhas ultimamente… Posso levar essa pra casa?

-… Doente.

Uma veia apareceu na testa da menina.

-Eu não sou uma garotinha! – Esbravejou. – Eu tenho mais de… Ah,

esqueçam. O mestre não vai ficar nada contente comigo e é culpa de

vocês.

Mostrou a língua para os garotos e se teletransportou. Wolfwood caiu sentado, ofegante.

-Por Odin, o que era aquilo? Demônio forte…

-Pelo menos era bonitinha… – Disse Delong. – Melhor que eu, que

passei a manhã com um monte de cavaleiros suados e esqueletos mofados.

-…

-Que foi?

-… Esquece. Me ajuda aqui. – Estendeu a mão ao sumo sacerdote, que o

ajudou a levantar. – Vamos, precisamos informar o comandante Zangetsu.

—————————————————-“——————————————————–

-Meu Mestre, eu falhei, me perdoe… – Disse a Flor do Luar a dois

vultos: um alto e volumoso, sentado em um trono, e outro menor, em pé,

ao seu lado.

-Os fracos e malogrados devem perecer, e você não será exceção. – Disse o vulto do trono.

-Mas, Senhor… – Implorou a Flor do Luar.

-Hmpf.

O vulto moveu a mão distraidamente. Quatro colunas de pedra ergueram-se ao redor da menina, aprisionando-a.

-Mestre, não…!

-Coluna de pedra. – Disse, sem emoção, cerrando a mão.

As pedras chocaram-se, silenciando o ambiente. O vulto chamado

Mestre abriu a mão, e as colunas de pedra desceram para o subsolo

novamente.

-Como eu tenho azar com esses demônios recrutas. E você, conselheiro, o que me sugere fazer?

-Acho que estamos atacando o alvo errado. Os civis não atrapalharão

nossos planos. Temos que destruir suas forças verdadeiras, obliterar

seus clãs. – Disse o vulto menor.

-Faz sentido, não entendo como tal idéia não me veio antes. Prepare alguns Generais imediatamente, e os envie.

-Sim, senhor – disse o vulto menor, enquanto ia se retirando.

-E mais uma coisa.

-Senhor? – Perguntou o servo, quando saiu das sombras. Era um Lorde,

de cabelos ruivos e rabo-de-cavalo, e carregava uma Mystellainn nas

costas.

-Não sei qual deles você é ao certo… Vocês são essenciais para o objetivo, mas passam o tempo mudando… Quem é você?

-Se você precisa tanto de um nome – respondeu o lorde, com um sorriso no rosto. – me chame de Seyryu. Seyryu Renji.

P.S.1: Feedback =P.P.S.2: Oi solzinha, quanto tempo ^^. Você postou a fanfic aqui? Aonde?P.S.3: Sim, Guidon, eu gosto de sangue tanto quanto de romance, mas as fanfics de rag que eu faço são mais sangrentas mesmo por natureza =P. Não dá pra falar de nada baseado em mitologia nórdica que não seja bruto.P.S.4: http://ragnafanfics.wordpress.com/ pra quem quiser ver os capítulos mais novos ^^.

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Capítulo 10

O sol se punha no feudo de Luina. Ellayhm mal conseguia acreditar na

coincidência: havia passado no teste de Bruxa no dia de seu

aniversário. Admirava as cores do céu, encostada à muralha da frente de

Acrux, castelo pertencente à Einheriars, clã do qual agora fazia parte.

O líder do clã, Loki Fergulson Junior, era um Algoz jovem, conhecido da

família de Seyryu, e aceitou a proposta do garoto de chamá-la para

tê-lo no clã. Eles então a ajudaram a ganhar experiência de batalha

suficiente para se tornar bruxa e ser de alguma utilidade nas Guerras

do Emperium.

 

Estava perdida em pensamentos quando Seyryu chegou ao seu lado, timidamente.

-Ah, oi Sey – Disse Ellayhm, um pouco assustada. Não havia percebido-o chegando. – Você também gosta de olhar o céu?

 

Seyryu parecia um tanto encabulado.

 

-Bem, sim… Mas não é por isso que eu estou aqui…

 

Ellayhm o encarou com um olhar interrogativo, o que o deixou ainda mais encabulado.

 

-Bem, é que hoje é seu aniversário… – Continuou ele. – E eu… Err… Comprei um presente para você.

 

Ellayhm ficou enrubrecida, igual seu amigo.

 

-Ahn… Não precisava comprar nada… Você já me ajudou demais me treinando para o teste de bruxa…

 

-Mas é que eu realmente queria comprar um presente pra você… Não é grande coisa, mas…

 

Entregou uma caixa de presente para ela, que o abriu com cuidado. Era

um boneco de Bafomé Jr. de pelúcia, extremamente bem trabalhado. Ela o

admirava, com interesse.

 

-Que bonequinho engraçadinho! – Ela disse, sorrindo. – Muito obrigada, Sey!

 

Mas este nada respondeu. Estava concentrado, segurando uma caixinha

preta na mão. A iluminação do Sol havia desaparecido por completo no

céu.

 

-Elly… – Disse Seyryu, muito vermelho. – Bem, também tenho isso para você… Quer dizer, não é bem um presente, é mais um pedido…

 

Ellayhm estava confusa.

 

-Um… Pedido?

 

Seyryu abriu a caixinha. Era um anel de prata.

 

-Elly… Você… Err… Eu… Err… Nós… Você gostaria de namorar comigo? –

Gaguejou Seyryu, dizendo a sentença importante o mais rápido possível.

Parecia a ponto de entrar em combustão espontânea.

 

Ellayhm ficou vermelha.

 

-Eu… Eu… Eu…

 

Não conseguiu terminar a frase; Abraçou-o e o beijou.

 

A lua cheia surgiu no horizonte.

—————————————”————————————–

Colado à muralha do castelo, um sacerdote de cabelos brancos,

estranhos para sua idade, com um buquê em uma mão e uma caixa de

chocolates brancos na outra, observava toda a cena. Quando os dois se

beijaram, soltou os objetos, como se lhe faltassem força nas mãos;

Apanhou os itens no chão e os jogou no cesto de lixo mais próximo.

Passou o resto da noite no bar de Al de Baran.

—————————————”————————————–

Delong acordou, assustado. Tivera um pesadelo, mas não conseguia recordar-se como era.

 

Estava em algum lugar da floresta de Payon, acampando com Wolfwood.

Esqueceu-se de salvar um portal na Marina e voltou por último porque o

ferreiro, sob o pretexto de “enterrar os bravos soldados caídos”,

resolveu pegar objetos deixados pelos monstros e humanos mortos. Nas

palavras do ferreiro, “não vão mais precisar deles”.

 

“É por essas e outras que, às vezes, ele me dá medo…”.

Foi quando começou a sentir um cheiro agradável vindo da direção da

fogueira, e percebeu que seu amigo estava acordado, assando uma batata

doce.

 

-Nicholas, você está…

 

-Shhh!

 

-O que…?

 

-SHHHHH!

 

Quando a batata estava bem assada, ele a tirou do fogo e a colocou no

chão, próximo de onde estava. Só então Delong percebeu a movimentação

dos arbustos: um bebê fumacento, que estava a algum tempo rondando o

acampamento, aproximou-se lentamente da comida.

 

-Vamos garoto… – disse Wolfwood para o Fumacento, com um tom levemente paternal. – Não precisa ter medo…

 

O filhote chegou bem perto e começou a comer da batata doce. O homem

moveu a mão cautelosamente e lentamente começou a afagar sua cabeça.

Inicialmente, o fumacento recuou, mas o ferreiro manteve-se sorrindo,

com a mão estendida. Com o tempo o animalzinho aproximou-se novamente e

continuou a comer, dessa vez aceitando os afagos do garoto. Quando

acabou a batata, já completamente à vontade, encarou Wolfwood,

aparentemente satisfeito. Wolfwood sorriu.

 

-Você é um bichinho fofinho, sabia? – Disse Wolfwood, fazendo cócegas

na barriga do fumacento com o dedo. – Vou te levar comigo, se você

quiser vir.

 

O bebê olhou para a cara dele com um olhar de interrogação.

 

-Tem mais daquelas batatas…

 

Os olhos do fumacento brilharam, e ele acenou com a cabeça, depois

lambeu o rosto de Wolfwood, que riu. Tom simplesmente observava a cena,

meio que surpreso.

 

“É, ele consegue ler os pensamentos de qualquer ser vivo mesmo…”

 

-Sim, o que você queria mesmo? – Perguntou Wolfwood.

Delong olhou com um ar de interrogação para o amigo.

-Você disse “Nicholas, você está…”.

 

-Ah, claro. Queria saber se você estava sem sono, assim a gente podia apresar a caminhada para Izlude.

-Sim, sim… De fato, ainda faltam umas boas 4 horas de viagem a pé com o aumento de agilidade. Falando nele…

Delong acenou com a cabeça, e conjurou a habilidade em ambos.

Wolfwood colocou o fumacento sentado em cima do carrinho que havia

feito usando pedaços de madeira das casas destruídas de Payon. Quando

interrogado por Delong porque ele não simplesmente alugava um carrinho

novo, respondera “800 zenys em uma coisa que eu mesmo posso fazer? Não,

obrigado.”

 

-Cuide das minhas coisas e se segure.

 

O Fumacento bateu continência, como um perfeito soldado.

 

-Você não vai por um nome nele?

 

-É, eu acho que sim. Já sei!

 

Tirou do carrinho um Chapéu do Velho Oeste e um Lenço Vermelho, amarrou

o lenço no pescoço do Fumacento e colocou-lhe o chapéu na cabeça.

 

-Vai se chamar Billy, The Kid. Billy para abreviar.

 

-… Como aquele Pistoleiro lendário de Einbroch?

 

-É.

 

-… Por quê?

 

-Por que não? Eu gosto de Einbroch. Tem muita gente rica, um dia eu

ainda me mudo pra lá e fico mais rico. – Fixou o olhar nos olhos do

animalzinho. – Seu nome de hoje em diante é Billy, tudo bem? Se você

entendeu, segure-se na borda do carrinho porque eu vou começar a correr.

O Fumacento apertou a borda do carrinho. Wolfwood sorriu. Virou-se para o sacerdote.

-Aposto 150,000 zenys como consigo manter o pique de corrida por mais tempo que você.

-Claro, sonhar faz bem.

Saíram em disparada pela trilha na floresta.

 

————————————————————-

Alicia havia decidido treinar sua pontaria. Ellayhm aceitou sua

permanência no grupo, depois de muita insistência, com a condição de

que a menina treinasse e ficasse logo forte para tornar-se uma

Caçadora. Então lá estava ela, matando Pupas e Porings na entrada de

Izlude. Enquanto atirava flechas em uma pupa, percebeu ao longe um

grupo de três espadachins brincando de quebrar “galhos secos”. Esses

galhos, extraídos da árvore Yggdrasil, eram ressecados por servirem de

residência a algum espírito incapaz de fazer a ida ao mundo dos mortos.

Ao quebrar tais galhos, o espírito era liberado, e alguns aventureiros

se uniam para matá-lo.

 

“Isso é perigoso de ser feito…”, pensou Alicia. “Essa área é de

aprendizes e o conselho de Administradores do Rei vem avaliando a

possibilidade de proibir isso, pois alguns inimigos muito fortes podem

aparecer…”.

Quase que como para confirmar seus receios, os três quebraram outro

galho seco, espalhando uma nuvem de neblina. No interior da névoa,

vultos giravam em profusão, e eram audíveis sussurros e cochichos

fantasmagóricos, que murmuravam ameaças de tortura e morte. Um vulto

colossal e disforme, posicionado exatamente ao centro da nuvem de

fumaça, começou a disparar projéteis mágicos para o alto, gerando uma

espécie de chuva mágica, atacando todas as criaturas que estavam

próximas. Os garotos, assustados, sacaram asas de borboleta do bolso,

desenharam rapidamente com o pé um círculo com uma cruz ao centro,

murmuraram as palavras de ativação do encantamento e apertaram as asas

com a mão, soltando-as. Os restos da asa tocaram o círculo, que emitiu

momentaneamente uma luz azul e desapareceu, levando os meninos consigo.

Não tendo mais alvos próximos, a nuvem começou a expandir-se, aproximando-se perigosamente da garota.

 

“… Eu devo possuir um magnetismo para atrair monstros fortes…”, pensou,

e começou a correr. Desatenta enquanto olhava para trás, prendeu o pé

em uma poça do muco pegajoso de uma das pupas que havia destruído

momentos antes. Caiu no líquido viscoso, ficando presa.

-… É muito azar pra uma pessoa só. – Resmungou, sem conseguir se mexer, pregada ao chão. – Socorro! Alguém me ajuda!

 

A nuvem aproximava-se em sua direção, mas a pressa e o medo

dificultavam sua movimentação. Estava quase desistindo quando sentiu

uma brisa apressada. Percebeu um vulto pequeno pulando por sobre a

poça, a espada reluzente ao sol. A sombra investiu em direção à nuvem.

Virando o rosto para enxergar o que se passava, viu o vulto erguendo

a espada sobre a cabeça, girando-a e a cravando no chão. Ouviu as

palavras finais de conjuração da habilidade.

-Impacto Explosivo !!

Uma cortina de fogo envolveu a névoa, dissipando-a imediatamente. Os

monstros foram revelados: pequenos espíritos redondos embrulhados em

retalhos finíssimos de lençol. Eles sussurravam e cochichavam

ininterruptamente, mas não assustavam tanto quando era possível vê-los.

Ao centro, o espírito de um monstro da raça dos porings, também

embrulhado em um lençol. Era bem menor sem a névoa que o envolvia. Em

frente ao monstro, um jovem garoto loiro, utilizando o uniforme dos

espadachins, removia a própria espada do chão e a apontava em direção

ao monstro. O fantasma pareceu se assustar, e teleportou-se junto de

seus capachos.

O guerreiro, virando-se lentamente, aproximou-se da menina. Seu

rosto aparentava não mais de 15 anos. Os cabelos eram curtos, adornados

com um topete. Possuía olhos verdes, nariz levemente curvo para o alto,

lábios finos. Não utilizava armadura alguma, e a roupa marcava os

músculos do braço precocemente desenvolvidos.

-Você está bem? – Perguntou, fazendo um círculo com a espada ao

redor da garota presa, cortando o muco. A menina, meio envergonhada,

acenou que sim com a cabeça. Levantou-se. O cabelo, o rosto e a roupa

estavam imundos de gosma verde, e ela se sentiu constrangida.

-Ghostring, um monstro fantasma. – Disse o espadachim, tirando um

lenço do bolso e limpando a espada distraidamente. – Assusta muito mais

do que realmente faz. É possível espantar ele facilmente, bastando

apenas um ataque elemental para atingi-lo. Isso, claro, desde que você

saiba com o que está lutando.

A menina acenava com a cabeça enquanto o garoto falava. Não que

realmente estivesse ouvindo, mas não queria parecer desinformada.

Sentia-se levemente desconfortável com a possibilidade de passar mais

vergonha do que já havia. O menino olhou para os lados, procurando por

pessoas próximas.

-Você está sozinha?

 

-Bem, mais ou menos… – respondeu a garota. – Eu estou treinando

sozinha, mas agora faço parte do grupo de uma arquimaga forte chamada

Ellayhm.

 

-Que pena… – Disse, guardando a espada. – Não me sinto confortável em andar sozinho, estava com vontade de arranjar um grupo…

Alicia olhou para o semblante do garoto. Apesar da aparência jovem,

ele parecia emanar uma aura de confiabilidade e segurança, além de algo

mais que não sabia explicar. Sentia uma vontade, quase uma necessidade

de conhecer aquele menino.

-A gente pode pedir para ela lhe deixar entrar no grupo, ela é super

legal e vai entender! – Disse para o garoto, apressadamente,

gesticulando com as mãos.

 

-Sério? – Perguntou o garoto, contente. – Que legal! Espero que eles gostem de mim!

Pareceu subitamente lembrar-se de algo importante. Abaixou humildemente a cabeça.

-Esqueci de me apresentar, que falta de educação da minha parte. –

Tornou a erguer o rosto, e estendeu a mão. -Meu nome é John Blaze,

Espadachim da Guilda de Izlude. Tenho 15 anos e acabei de ser aceito na

guilda. Encantado em conhecê-la.

 

-Eu sou Alicia Dusko, 12 anos, da Guilda dos Arqueiros de Payon. Também

me inscrevi recentemente na Guilda – Respondeu a arqueira, um pouco

envergonhada com o excesso de formalidade. Apertou a mão do rapaz.

 

-Encantado – O garoto ajoelhou-se e beijou a mão da garota. A face da

menina assumiu uma tonalidade avermelhada. – Onde está o seu grupo?

 

-Bem, – Disse Alicia, controlando a respiração e tentando aparentar

calma enquanto o menino se levantava. O cumprimento informal do garoto

parecia mais um pedido de casamento. – tia Ellayhm está no hotel daqui

de Izlude, e o tio Nicholas e o Tio Tom estão a caminho de Payon.

-Entendo… Nós precisamos conversar com a senhorita Ellayhm. Então, você já pode soltar minha mão? – Perguntou, rindo.

A menina soltou o garoto como se tivesse levado um choque.

—————————————–“————————————————–

-Ai, ai, tá virando creche… – Disse Ellayhm, coçando a cabeça. – O

que é que eu posso fazer? Já aceitei você mesmo, tem tanta opinião como

qualquer outro membro. – Virou – se para o espadachim. – Ellayhm Von

Houten, é um prazer.

 

-Muito obrigado. – respondeu o menino, polidamente. – John Blaze.

Ellayhm ergueu uma sobrancelha. Não se lembrava de já ter ouvido alguém de sobrenome Blaze.

 

-De onde você é?

-Sou de Lightalzen, Senhorita Ellayhm. – Respondeu. – Mais

exatamente da zona pobre da cidade, você não deve ter ouvido falar da

minha família.

-Hm… Pensei que os moradores de Lightalzen não tivessem vínculo algum com a magia.

-Ah, senhorita…

-Dispense as formalidades. Basta Ellayhm.

-Desculpe-me. Ellayhm, não é porque a maior parte de nós não tem

capacidade de conjurar magias que elas não nos fascinam. Acredite em

mim, conheço muitas pessoas que fariam tudo para conseguir o que aqui é

feito tão naturalmente.

-Entendo. Então…

A porta do quarto escancarou-se. Delong e Wolfwood entraram,

apressadamente, e encostaram a porta. O sumo sacerdote sacou uma gema

azul do bolso, e a soltou no chão.

- Ellayhm, estamos de volta! Já se sente melhor? Tem forças para

viajar? – Disse Wolfwood, ofegante. Reparou no garoto. -… Quem é ele?

 

- Novo membro do grupo. John Blaze, espadachim, amigo da Alicia.

O garoto acenou com a mão. O mestre-ferreiro suspirou.

-Ih, tá virando creche… – Coçou a cabeça. Recuperou a linha de raciocínio em instantes. – Precisamos partir agora mesmo.

Delong bateu com o cabo da Bardiche na gema azul. Um portal abriu-se.

-… Pra que tanta pressa?

- Ren mandou uma mensagem. – Disse o sumo sacerdote.

-Sério? O que houve?

-Loki está convocando todos os membros da Einheriars imediatamente para Geffen. O Feudo está sob ataque.

 

P.S.1: Faz teeempo...P.S.2: ... E eu não sei se eu voltei =P. Mas estou tentando.P.S.3: Comentários são bem-vindos ^^.

P.S.4: Para capítulos mais recentes, basta acessar http://ragnafanfics.wordpress.com/ e dar uma checada de vez em quando =P.

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