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Forlog


Clay Ashtyer

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Hái dêr, pípou! =]

Er... Nem sei como resumir do que se trata a fic. 

Leiam os primeiros parágrafos para ter uma idéia. Perdoem-me a noobice. O_o''

Uma observação especial: ela abusará de termos difíceis, específicos da mitologia.

Por isso também estarei organizando mini-guias, anotações, observações, etc,

ao final de cada capítulo, caso necessário. 

Enfim, espero que gostem ^_^. Segue abaixo o texto:

----------

Prólogo

 

 

 

 

          “Agora, do sono

         As Nornas acordaram-me

         Com visões de terror, ...”

                         ( Gudrúnarkvida II – Edda Poética ) [1]

 

 

 

 

As verdades que dão forma às realidades podem ser muito mais complicadas do que se imagina. Para que tudo ocorra corretamente, a existência de algumas pessoas específicas é imprescindível. Aqui não trata-se apenas de famosos reis e heróis, notáveis influentes dos mundos. Trata-se de indivíduos cujas identidades mostram-se extremamente incertos. Eles planejam o rumo da história, às vezes até criam uma nova história, mas são esquecidos por ela. Cada único nome foi perdido.

 

 

Eles pertencem a um clã, uma organização, completamente envolta de mistérios. Na maioria das vezes, se auto-intitulam de Ordem de Völuspá [2]. Poucos ouvem falar dele, menos ainda conhecer sua real função. A ordem aparece quando for preciso, e desaparece junto com sua razão de existência, ou um grande evento dessa época.

 

 

Nossa história começa cerca de 1000 anos atrás, numa era em que sua participação teve uma importância nunca antes vista...

 

- - - - - - - - - -

 

 

Tyrsdagr, Thorri 29 [3], ano 962.

517 dias antes da Guerra de Geffenia.

Fonte de Sabedoria, base da raiz da Grande Árvore de Yggdrasil.

 

 

Uma bela mulher estava diante de uma pequena, mas graciosa fonte. Tinha cabelos longos e dourados, um pouco ondulados nas pontas, que combinavam perfeitamente com seu fino vestido branco e o elegante Chapéu de Verão. Mas o que mais chamava a atenção eram seus olhos. Seu olho esquerdo era azul, cor do esplêndido céu; já a direita possuía uma estranha coloração vermelha.

 

 

Ela já tinha vindo a este lugar algumas vezes, mas nunca se acostumara. Mostrava-se um pouco nervosa. Afinal, estava diante das próprias Nornas [4] em pessoa.

 

 

- Não compreendo. - ela argumentava. Sua voz suave parecia cantar. - De acordo com vocês, tudo não seria predestinado? Por que há a necessidade de ajustar a direção da história, e não deixar que nós, humanos, criássemos nossa própria? Se o destino realmente for tão frágil, por que os deuses não interferem pessoalmente, ao invés de utilizar nosso limitado poder?

 

 

Uma senhora de cabelos curtos, de idade extremamente avançada, a observava pensativa. Era Urd [5]. Finalmente, resolveu abrir sua boca:

 

 

- O destino é algo extremamente complicado, muito além da compreensão de vocês, mortais. Seu conceito, inclusive, é mais antigo do que o próprio fluir do tempo. Ele é absoluto, mas ao mesmo tempo precisa de ajustamentos. No passado foi assim, e sempre assim será.

 

 

- Para isso, em determinados momentos, convocamos os escolhidos pelo destino. É assim que funciona. - Verdandi [6], a Mãe, continuava o discurso de sua companheira – Então, damos o Olho a eles. Aquilo que vocês chamam de Olho de Valquíria.

 

 

A loura acariciou, inconscientemente, sua pálpebra direita. Tornou-se portadora do Olho há poucos meses, mas ainda não se conformou com isso.

 

 

Na superfície calma da fonte, formou-se lentamente a imagem de um jovem. Tinha cabelos e olhos ambos pretos. Físico mediano, estatura mediana. Não parecia ter alguma característica especial nele.

 

 

- Ele também vai se tornar um dos nossos? - perguntou, enquanto observava o rapaz.

 

 

As três deusas assentiram, abaixando suas cabeças em perfeita sincronia.

 

 

- Sua participação no evento que está por vir é de extrema importância. - desta vez, quem falava era Skuld [7], a Virgem – Você deverá fazê-lo juntar-se a nós, custe o que custar. A curto prazo, este será nosso último encontro. Enviaremos ordens quando for preciso. Com a ajuda de seu Olho, você sabe o que deve fazer.

 

 

Antes que a formosa mulher pudesse responder, uma suave luz azul a rodeava. Em instantes, ela foi teletransportada para longe desse local.

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Anotações:

 

 

Termos assinalados:

 

 

[1]

Agora, do sono

As Nornas acordaram-me

Com visões de terror, ...”

 

 

Traduzi de um poema. Abaixo a versão original em velho nórdico e inglês, respectivamente:

 

 

“Svá mik Nýliga

Nornir vekja

Vílsinnis spá, ...”

 

 

“Now from sleep

the Norns have waked me

With visons of terror, ...”

 

 

Trecho extraído no comecinho do poema Gudrúnarkvida II, que faz parte da Edda Poética. No poema, as Nornas informam Atli num sonho que sua esposa ia matá-lo. É um dos raros casos de intervenção direta delas no mundo.

 

 

[2]

Völuspá: A Profecia da Vidente. É o primeiro e mais notório poema da Edda Poética. Nele, Odin ressuscita uma Völva (vidente) e esta lhe conta sobre o início e fim do mundo.

 

 

[3]

Tyrsdagr: (Dia de Tyr) Terça-feira.

Thorri: (Mês de Thorri, deus do inverno) Janeiro.

 

 

[4]

Nornas: Clã de 3 deusas cuja função é controlar a sorte, o azar e a providência, quer dos homens quer dos deuses, e zelar pelo cumprimento e conservação das leis que regem as realidades dos homens, deuses, elfos, anões, dragões, etc.

 

 

[5]

Urd: Norna Guardiã do Passado. Dentro de suas obrigações está guardar os mistérios do passado e não metaforicamente não fornecer as chaves dos segredos antigos.

 

 

[6]

Verdandi: Norna Vigia do Presente. Representa o movimento, a continuidade.

 

 

[7]

Skuld: Norna Guardiã do Futuro. Detém o controle de uma das maiores forças do universo: o Destino.

 

 

 

 

Observações e Curiosidades:

 

 

[1]

Como tinha dito no outro tópico, é nesta fic que estarei explicando os mistérios não-resolvidos de Lumi. Ah sim, para quem acha que já entendeu quase tudo, saiba que não (xD). (E... Não! Lumi não é membro dessa Ordem! xP) A informação presente neste prólogo está muito incompleto ainda. Estarei explicando os detalhes ao longo da história.

 

 

[2]

Sobre o Olho de Valquíria, jus ao nome, tirei a idéia das imagens e retratos das valquírias. Vejam com atenção, todos os fanarts de Ragnarok Online e até mesmo algumas poucas artes sobre a própria mitologia nórdica apresentam uma valquíria com cor de olhos diferentes. Engraçado é que, um dos olhos é sempre vermelha (azul e vermelha, verde e vermelha, etc...). Quem quiser um pouquinho mais informação, veja as falas da bruxa de Niflheim no final do capítulo 7 de Lumi. Mas saiba que falta muita coisa ainda. De novo, a ser explicado ao longo da história.

 

 

[3]

O nome da fic, Forlog, quer dizer Destino ou Sorte em velho nórdico.

 

 

[4]

Acerca de data, como muitos fics que vejo escrevem suas datas em forma de 2007, 2008, direto, resolvi deixar os anos em D.C. também. Se não me engano, a Guerra de Geffenia ocorre cerca de 1000 anos atrás, segundo a história de Rune-Midgard. Mas aí surge um probleminha... O Völuspá foi escrito em torno do século 12 ou 13!!! xD

Neste caso, embora meio forçado, eu sei, suponham que o Völuspá que eu narro aqui seja o Völuspá “Primordial” que inventei em Lumi. >_

--------------------

 

Espero terem gostado dela.

Qualquer crítica ou sugestão é muito bem-vinda. =D

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Primeiro! =DPostando aqui após postar em Lumi. Bem, como eu te disse antes Rakesh, deixar o povo curioso owna, e mesmo que eles não postem, eles estarão anciosos pelo verdadeiro começo da história, assim como eu já estou! [/s]Só não demora muito beleza? [/lala]

- Não compreendo. - ela argumentava. Sua voz suave parecia cantar. - De acordo com vocês, tudo não seria predestinado? Por que há a necessidade de ajustar a direção da história, e não deixar que nós, humanos, criássemos nossa própria? Se o destino realmente for tão frágil, por que os deuses não interferem pessoalmente, ao invés de utilizar nosso limitado poder?

 Porque aí não ia ter graça nenhuma. [/s]
Na superfície calma da fonte, formou-se lentamente a imagem de um jovem. Tinha cabelos e olhos ambos pretos. Físico mediano, estatura mediana. Não parecia ter alguma característica especial nele.
 Ríírôôôôôôôuu!!!!
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uhuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!^_^

segundo a comentar!!!!!!!!!heheheh já ta bom....*olha pro lados pra ver se não tem mais ninguem aki*

ta meio estranha mais ta mto boa....to pensando até em usar esses nomes nórdicos em um dos meus chars.....acho que fica legal....

 ah!e naum vai ter mais dezenas de posts iguais tá![/desc]

 

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Primeiro! =D

Postando aqui após postar em Lumi. Bem, como eu te disse antes Rakesh, deixar o povo curioso owna, e mesmo que eles não postem, eles estarão anciosos pelo verdadeiro começo da história, assim como eu já estou! http://sites.levelupgames.com.br/FORUM/RAGNAROK/emoticons/emotion-90.gif">

Só não demora muito beleza? http://sites.levelupgames.com.br/FORUM/RAGNAROK/emoticons/emotion-64.gif">

Sorry, vai demorar... =X

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agora que o casamento do Leafar e da Bonnie já passou o Clube do Incentivo deve voltar as suas atividades normais

Saudades do casamento,tava tão bom lá!!

Bem agora vamos voltar ao flood incentivo do presunto Raquete

Raquete tu joga no ODIN né??

Se sim me passa teu horário...

Ps:Vo descobrir de qualquer forma porém se me fizer trabalhar mais vo fica bravo... capich?

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caraca, CADÊ O RAQUETE??! antes de ameaça-lo, só vou dizer uma coisinha: eu sou um idiota! eu não li "Lumi antes de vc termina-la, porque sei lá... n sei, uma vozinha dizia pra n ler =P eu comecei a ler a mais ou menos um mes ou dois, e terminei no primeiro dia. na verdade, eu acho que comecei e terminei de ler no mesmo dia em que você posto o capítulo final, pois no dia seguinte as imagens estavam atualizadas. * bate na cabeça com o atordoador por ser tão burro de não ler antes*. meus parabéns nesse tópico aqui, pois se eu lhe desse no outro poderia ser considerado ress topic e eu tomaria mmais um ban =P

agora podemos ir as ameaças agora que eu já tirei esse peso da consciência: CADE A FIC, HOMEM? a armada flooder não aguardará muito mais, pois agora que eu levei forlog pra pimeira página, eles vão floodar!

.../momento lunático off

sério, posta aí logo, pl0x*corre*

flow!

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aaaaa kd u raquete?????????Sera que perdeu a memória????Será que foi sequestrado??Banido???Fugiu de medo?????Foi usado pelo [insira aqui o nome de um tenista bom]???

Será que mudou de esporte???Será que virou taco de golfe?bola de futebol???

Enfim...procurem o raquete!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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aaaaa kd u raquete?????????Sera que perdeu a memória????Será que foi sequestrado??Banido???Fugiu de medo?????Foi usado pelo [insira aqui o nome de um tenista bom]???

Será que mudou de esporte???Será que virou taco de golfe?bola de futebol???

Enfim...procurem o raquete!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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aaaaa kd u raquete?????????Sera que perdeu a memória????Será que foi sequestrado??Banido???Fugiu de medo?????Foi usado pelo [insira aqui o nome de um tenista bom]???

Será que mudou de esporte???Será que virou taco de golfe?bola de futebol???

Enfim...procurem o raquete!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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aaaaa kd u raquete?????????Sera que perdeu a memória????Será que foi sequestrado??Banido???Fugiu de medo?????Foi usado pelo [insira aqui o nome de um tenista bom]???

Será que mudou de esporte???Será que virou taco de golfe?bola de futebol???

Enfim...procurem o raquete!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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aaaaa kd u raquete?????????Sera que perdeu a memória????Será que foi sequestrado??Banido???Fugiu de medo?????Foi usado pelo [insira aqui o nome de um tenista bom]???

Será que mudou de esporte???Será que virou taco de golfe?bola de futebol???

Enfim...procurem o raquete!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

caraca, essa foi f´lórida. RAGING QUADRUPLE BLOW!

no mais, cade o Raquete? alguém já tentou mandar pm pra ele in-game? o cara desapareceu... tomou ban ou simplesmente cabaram os créditos? Armada  Flooder! temos um escritor desaparecido. a missão é encontra-lo e tentar traze-lo vivo! se ele foi raptado e estão violando os direitos autorais de tortura, aí vocês podem fazer o que quiser. mandem um grupo de busca! *é engolido pela terra, sem nenhum motivo aparente*

mas sério, rakesh,(sim, RAKESH agora que te chamei pelo nome, aparece ) cade vc? o tópico é seu! não pode deixa-lo ir pras profundezas sem lutar!

nota: não é possível que o Rakesh estaja apenas curtindo as festas de final de ano? vamos dar pelo menos mais um tempo e ver se ele aparece.

flow, e feliz ano-novo! 

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Primeiro:Eu digo quando atacar gogeta,não me faça de humilhar no pvp/rp de novo

primeiro: meu char não é feito pra pvp, e eu sou meio pobre, loggo, mal tenho equips pro meu próprio up.

segundo: vc me humilhou no RP, admito, mas vc ganhou no /dice, aí eu acho que tira a graça da batalha, ganha quem for mais sortudo.

terceiro: acertar alguém nas partes baixas é golpe baixo, do mesmo jeito que acertar um golpe na cabeça. felizmente, já sofri ferimentos mais graves, então não foi difícil me curar durante o seu DC.

feliz ano-novo,(ou novo-ano, tanto faz)! as queimas de fogos aí foram boas?

flow!

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primeiro: meu char não é feito pra pvp, e eu sou meio pobre, loggo, mal tenho equips pro meu próprio up.

 

²

Maizena é PvE e o wizz que éra WoE tava sem equip(também so pobre)

segundo: vc me humilhou no RP, admito, mas vc ganhou no /dice, aí eu acho que tira a graça da batalha, ganha quem for mais sortudo.

Relamente ganhei no dice,porém dependendo do tipo de golpe execultado ou a ação feita,o nivel de dificuldade do dice almenta(no sundance ele tomo um critic no gogó)

Também não gosto muito do dice,mas se você me desse um asura e acertasse eu tmaria IK...

terceiro: acertar alguém nas partes baixas é golpe baixo, do mesmo jeito que acertar um golpe na cabeça.

 

Perdeu prai broi...

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Capítulo I

 

 

 

 

Mánadagr, Einmanudhr 2 [1], ano 962.

483 dias antes da Guerra de Geffenia.

Dormitório Real, 2o andar do Castelo de Glast Heim.

 

 

Jórvík XV tinha acabado de voltar do funeral de seu filho, outro lamentável vítima da Maldição de Gae Bolg. A rainha também tinha partido poucos meses atrás, devido a uma doença desconhecida e, portanto, incurável nesse tempo. O rei estava, mesmo, sozinho agora.

 

 

Ele queria voltar ao seu escritório. Queria trabalhar. Quem sabe assim esqueceria, pelo menos por um pequeno período de tempo, essa dor que o perturbava tanto e o sentimento solitário que vinha acompanhado-o. Porém seus secretários de Estado, e até mesmo o mais bravo de seus generais, o forçaram a descansar. Já havia trabalhado demais desde que sua esposa partira.

 

 

Observava o enorme quarto luxuoso. Fazia semanas que não pisara neste lugar. Isso porque, além de não poder continuar trabalhando aqui, o lugar o trazia lembranças. Involuntariamente, recordava o dia em que foi coroado, em que casou-se com a bela mulher, o nascimento de seu querido príncipe, ... Lembranças boas e felizes, mas que acentuavam mais ainda a tristeza e o vazio no seu coração.

 

 

Sentou-se na cama, e notou os dois travesseiros que estavam lá. O dele, e o da rainha. Aquilo o fazia sentir ainda mais frágil. Era a evidência clara de que, realmente, sua amada existiu um dia, e até poucos meses atrás, ainda adormecia-se ao seu lado. Como ele poderia conseguir esquecer de tudo isso?

 

 

Ele não pôde conter suas lágrimas. Chorava em voz baixinha, mostrando a face que nunca havia deixado ninguém perceber ou descobrir; o cansaço e fragilidade que nunca demonstraria para os outros, nem para os mais íntimos. A pessoa que estava ali, naquela hora, já não era o dono de um poderosíssimo reino, ou o símbolo do poder e realeza. Era apenas um simples homem que chorava pela perda de entes queridos.

 

 

De repente, uma voz o chamava. Uma voz forte e suave ao mesmo tempo, mas extremamente persuasiva. Porém, notava-se uma frieza que passava quase despercebida. Uma frieza tão natural, que não destinava-se a alguém em particular; ao invés disso, era mais uma característica do próprio caráter do dono dessa voz. O rei não notou isso. Aliás, percebeu, mas o conteúdo dessas frases chamava mais sua atenção. Cada palavra martelava sua mente e explorava os cantos mais profundos de seu coração destroçado.

 

 

 

 

- - - - - - - - - -

 

 

 

 

Após tantas eras de espera, finalmente conseguira uma chance de conseguir o que tanto buscou. O lugar onde ele pertence já tornou-se enjoativo demais. Ele queria mais. Muito mais. A barreira no local ainda era muito forte, mas não queria desperdiçar essa enorme oportunidade. Embora com considerável esforço, conseguiu transmitir apenas sua voz para o outro lado. Já era o suficiente.

 

 

Ele era mestre em manusear a mente de qualquer pessoa. Sabia exatamente como utilizar, usar alguém, com extrema eficiência, para conseguir seus objetivos. E com Jórvík XV não foi diferente. Afinal, era apenas um humano. E humanos possuem fraquezas. Fraquezas tolas, um tanto burras, somente à espera dele explorá-los ao máximo.

 

 

Perguntava-se como um homem tão fraco e estúpido poderia conseguir governar uma nação. Como esperava, não demorou muito para que o rei não resistisse à sua tentação e aceitasse a proposta. O pacto foi feito sem maiores dificuldades, o que foi um pouco entedioso. Não era de se esperar muito de uma raça tão ignorante mesmo. Do canto de sua boca, deu um pequeno mas macabro sorriso.

 

 

 

 

- - - - - - - - - -

 

 

 

 

Laugardagr [2], Einmanudhr 14, ano 962.

471 dias antes da Guerra de Geffenia.

Região Centro-Leste da Floresta de Payon.

 

 

- Aaaaaaaaaaaaaah!!

 

 

Isamu gritava. Embora já era adulto, sua cara trazia um pequeno ar infantil. Sua voz também. Caiu no chão. Seu traseiro doía um pouco. Mas seus olhos pretos continuavam vendo aterrorizadamente numa criatura à sua frente. Um Salgueiro.

 

 

- Q-quer dizer... lindo dia, não? - o rapaz forçou um sorriso, e levantou a mão esquerda, balançando-a, como se fosse cumprimentar o Salgueiro à sua frente – O-olá... er... eu p-poderia s-s-só cortar e-essa arvorezinha atrás de ti...? Só um p-pouquinho de lenha, p-por favor? S-sabe, o patrãozinho vai ficar nervosinho de novo e...

 

 

Mas o pequeno espírito de árvore aparentava não compreendê-lo. Aliás, começou a atacá-lo ainda mais furioso, enquanto Isamu tentava defender-se apenas com um mesquinho Machado.

 

 

( Ai, Buddha[3]... Por que essas coisas sempre acontecem comigo?! )

 

 

O Salgueiro deu mais um golpe, que errou aos poucos, acertando o chão. Isamu não se pôs a contra-atacá-lo. Ao invés disso, abandonou seu Machado e correu na direção contrária. E não parava de gritar, como se isso ajudasse em algo. Porém a fuga não obteve muito sucesso. O rapaz tropeçou-se, e caiu novamente. Sua cara estava suja de lama.

 

 

( Maldito Tronco! Só agora que você aparece?! E para me atrapalhar?! Aaaaaahh!! )

 

 

Quando tentou levantar-se, já era tarde demais. O Salgueiro parava-se a poucos centímetros à frente dele. O maior buraco no seu tronco, que provavelmente seria sua boca, entortou-se, como se estivesse dando uma gargalhada. Bem, pelo menos para Isamu, aquilo foi uma gargalhada; maligna por sinal. Fechou seus olhos, como se o monstro fosse sumir assim.

 

 

Isamu ouviu algo. Mas não conseguia definir o que era aquilo. Abriu seus olhos. Tudo parecia em câmara lenta. Os galhos, aliás, “braços” do Salgueiro aproximando-se dele, a boca do rapaz preparando-se para dar mais um berro, e... as nuvens do céu espalhando-se, “abrindo-se”, deixando um vazio no meio, de onde caíram algumas Lanças de Fogo em extrema velocidade, atravessando o pobre monstro, agora incendiado, até virar cinzas, poucos segundos depois.

 

 

- Você está bem?

 

 

Uma doce voz feminina o chamava. Virou-se para sua origem, e, apenas contemplando o que viu, quase parara de respirar. Lá estava uma mulher belíssima. Sua roupa tinha tão pouco tecido, expondo muita parte de seu corpo, que quase fazia Isamu virar sua cabeça para o lado, de vergonha. Tinha longos cabelos dourados, o que era raro naquele lugar. Talvez fosse uma ocidental? A mulher aproximou-se, vendo-o preocupada. Cada gesto dela era tão gentil, perfeita, que o deixava sem palavras. Seus olhos......

 

 

( ?! )

 

 

 

 

- - - - - - - - - -

 

 

 

 

- Você está bem? - perguntava Phoebe. Mas aquele rapaz não respondia. Preocupada, aproximou-se.

 

 

( ...? )

 

 

Sua cara... Não conseguia reconhecê-lo bem por causa da lama. Era difícil tirar alguma conclusão certa, pois ele tinha um rosto tão comum, tão padrão. Mas parecia que era ele mesmo. Aquele mesmo homem que as Nornas a mostrou na Fonte de Sabedoria.

 

 

( Ele? Um medroso desses que nem consegue se proteger direito de um Salgueiro? )

 

 

Perguntava-se se as Nornas haviam se equivocado. Improvável. Piscou seus olhos algumas vezes, tentando observar melhor essa pessoa caída no chão.

 

 

- Você...

 

 

Mas sua frase mal se formava e foi interrompida.

 

 

- O-o... o...o ôo-o – as palavras daquele rapaz eram praticamente impossíveis de se interpretar. Sua voz tremia, e seus olhos estavam aterrorizados. Seus lábios abriam e fechavam, fazendo sair “o”s em diferentes tons e graus, compondo uma melodia arrítmica.

 

 

- Oi?

 

 

- Oni!! [4]

 

 

- … Como?

 

 

( Oni? O que raios é isso? )

 

 

Mal percebia, e ele saía correndo, berrando tão alto, que seus ouvidos doíam. Já a loura pegou o Machado jogado no chão, e deu um pequeno suspiro.

 

 

- Já vi que vai ser difícil...

 

 

 

 

- - - - - - - - - -

 

 

 

 

Isamu corria. Mais por seu próprio instinto natural do que por medo. Tropeçou algumas vezes, mas não parava. Também não ousou olhar para trás. O olho direito daquela mulher tinha uma cor vermelha tão forte, tão brilhante e flamejante; uma cor que era impossível, que não pertenceria a um ser humano. Não havia outra explicação.

 

 

( Primeiro uma árvore ambulante assassina, agora uma Hanniya[5]!! O que eu fiz de errado para merecer isto?! )

 

 

Ele só parou de correr quando finalmente chegara em casa. Seus vizinhos, embora vendo sua atitude anormal, simplesmente ignoravam-o. Já estavam acostumados com o aspecto medroso do rapaz.

 

 

- Tio Isamu? - alguém o chamou, enquanto uma mãozinha delicada tocou suas costas.

 

 

- Aaaaaaaaahh!! - pulou de susto, quase batendo no telhado.

 

 

- Affe, tio! Sou eu! Emi!

 

 

Virou sua cabeça, ainda sem esconder seu olhar aterrorizado, quase chorando. Lá estava uma pequena garota, metade de sua estatura. Cabelos pretos, olhos pretos, assim como qualquer outra pessoa comum de Payon. Duas pequenas tranças bem arrumadas chegavam a seus ombros. Isamu deu um pequeno suspiro, de alívio, e sentou-se no chão, como se seus pés perdessem forças, de repente.

 

 

- Você está bem? O que foi?

 

 

- Ah, sim. Desculpa, Emi. É que tinha uma mulher de olho vermelho e...

 

 

- De novo, tio?

 

 

- H-hã? - ele a olhava com cara de espanto. A garota sabia de alguma coisa?

 

 

- Vez passada você confundiu um lençol com um fantasma. Da outra vez disse que o Tarou na cozinha tinha três metros e meio de altura. Ah sim, também tinha o caso do Fabre lilás voador comedor de Porings-purpurinas e...

 

 

- M-mas, Emi! Desta vez...

 

 

- Sim, sim, entendi. Calma, calma. Bom garoto. - ela sorria, enquanto passava a mão na cabeça de Isamu. Já não se sabia quem era o adulto e quem era a criança. - Vim te convidar pra brincar. A galerinha já tá te esperando.

 

 

Ele não pôde nem argumentar a não ser fazer um “sim” com a cabeça.

 

 

- Já já eu vou. Só vou arrumar umas coisinhas aqui. - respondeu, embora Emi já tinha saído antes que terminasse a frase.

 

 

Isamu ficou parado na frente da porta por alguns segundos. Passou a mão na própria cabeça, coçando e desarrumando os cabelos, ainda tentando se acalmar.

 

 

( Bom, Isamu. Felizmente, isto deve ser mais um engano seu. Vamos lá. Pensamento calmo e lógico. O desespero de ser atacado por um Salgueiro te deixou tão traumatizado, que imaginou coisas por aí. Afinal, não existem olhos vermelhos. Ainda mais, alguém com um olho vermelho e outro azul... Agora, vou só guardar o Machado e... cadê o Machado? Ah não. O patrão vai me dar uma bronca e tanto... )

 

 

Deu o n-ésimo suspiro desse dia, e entrou na pequena casa de madeira.

 

 

Tão logo fechou a porta, ouviu alguma voz feminina murmurar.

 

 

( Ah não... Acalme-se. Você está imaginando coisas de novo. Inspirar, Expirar, ... )

 

 

Mas essa mesma voz não sumiu. Falava muito rapidamente. O rapaz não conseguia compreendê-la. Não que ele quisesse...

 

 

( Líkami? Herda? o que ela falou depois? Steinn? [6] )

 

 

Começando das extremidades das mãos e pés, o tom de sua pele escurecia-se rapidamente, tornando-se duras. Tentou gritar, mas embora suas vozes lutavam para sair, morriam em sua garganta. Mal conseguiu reagir, já estava completamente imóvel.

 

 

Após alguns segundos, uma mulher apareceu num canto de sua linha de visão. Percebeu rapidamente, embora desesperado, que era a mesma pessoa que encontrara poucos atrás, na floresta. A loura começou a dar algumas voltas ao redor dele, examinando-o. Se não estivesse petrificado, Isamu estaria tremendo mais do que um Picky prestes a virar caldo. Sua cara estava um pouco vermelha, até roxa, por causa da dificuldade de respiração; como se tapasse a boca de alguém com asma. Do canto de seus olhos, apareceram algumas gotas de lágrima.

 

 

- Isamu? - perguntou a bela, após ter certeza de que ele realmente não conseguia se mexer.

 

 

( E-ela sabe meu nome?! P-por que?! Ela teve um trato com o próprio Yama[7]?! )

 

 

- Isamu. - repetiu ela, assentindo com a cabeça, como se ele havia respondido-a. Pensou um pouco, e continuou, com tom de autoridade – Vou ser direta. Venha conosco. Sem mais. Depois te explico.

 

 

( Ir com ela?! E eu sei lá o que ela vai fazer comigo?! E... “conosco”?! Tem mais algum outro monstro por aí?! )

 

 

O pequeno rapaz tentou balançar a cabeça, fazendo alguns “não”s, mas por mais que ele trema e o pescoço fique vermelho, não conseguia.

 

 

- Não adianta querer fugir. - continuou, enquanto dava uma pequena tacada na nuca de Isamu, que não sabia se isso o acalmava ou só piorava a situação – Quando o efeito da petrificação passar, fique quieto e me siga. E sem gracinhas.

 

 

E eles ficavam entreolhando-se. Ela o examinava mais algumas vezes, enquanto ele forçava sua cabeça a planejar alguns planos de fuga, sem sucesso. De repente, a estranha deu mais uma tacada, desta vez no centro de sua cabeça. Embora seu corpo estava endurecido, doeu um pouco. Gotas de lágrimas surgiam no canto de seus olhos, mais por desespero do que por dor.

 

 

- Affe! Eu disse pra não fazer gracinhas! E pára de chorar! - exclamou a “invasora”. Passou a mão esquerda nos cabelos, enquanto pisoteava o chão, sem motivo, como se isso ajudasse a aliviar sua insatisfação. Mas tudo isso só amedrontava mais esse camponês à sua frente. - Por que eu tenho que vir fazer isto?! Kavi faria bem melhor!! Depois se eu não fizer direito a culpa é toda minha!! Aaaaaah!!

 

 

Isamu a olhava, sem saber o que fazer, enquanto ela continuava queixando. Tentou fugir mais uma vez enquanto ela parecia estar “ocupada” no momento, mas rapidamente a loura o dava mais uma cajadada, encarando-o furiosa.

 

 

De repente, a mulher virou sua cabeça para trás. Desesperadamente, olhava ao redor também, como se tentasse procurar algum lugar para esconder-se, mas...

 

 

- Tio Isamu! Você está demorando muito!

 

 

Emi e mais um garotinho entraram juntos, e rapidamente ficaram calados. Os quatro pares de olhos se entreolhavam, quietos. Um minuto de silêncio. Literalmente. Até que...

 

 

- Aaaaaaahh!!

 

 

As duas crianças saíram correndo juntos.

 

 

- Aff!! Distração minha!! - murmurou a loura, e saiu correndo também pela porta.

 

 

( Ei!! E eu?! Tirem-me daqui!! )

 

 

 

 

- - - - - - - - - -

 

 

Sunnudagr[8], Einmanudhr 15, ano 962.

470 dias antes da Guerra de Geffenia.

Vila de Payon.

 

 

Isamu saiu de casa, mas logo se arrependeu disso. Era domingo, dia de folga, dia de descansar, mas todas as pessoas que encontrava pareciam estar muito sérias. Alguns, inclusive, murmuravam-se entre si, quando Isamu passava ao lado. Quando tentava aproximar-se e cumprimentá-los, simplesmente fugiam.

 

 

- Impressão sua. Impressão sua. - ele falava sozinho, tentando se animar. Será que todo mundo já ficou sabendo dos incidentes de ontem? Por que ele teria que tolerar atitudes assim? Afinal ele é o principal vítima, não?

 

 

- Tio Isamu... - Emi o chamou. Embora duvidosa, aproximou-se, mas parou no meio do caminho. Tentava dizer algo, mas não conseguia. Sua boca abria e fechava novamente. Outras crianças a chamavam, assustadas.

 

 

- Atenção!! Palavras do xamã!! - uma forte voz masculina quebrava o silêncio. Rapidamente, todos abaixavam-se, com um dos joelhos no chão e a cabeça olhando para baixo. - Isamu. - apontou para ele.

 

 

Seus ombros tremeram, mas fez um “sim” com a cabeça. Por que o xamã estaria procurando-o?

 

 

- Você foi acusado de relacionamentos duvidosos com um Youkai[9], suspeito a males contra Payon. - o mensageiro continuou.

 

 

- O que?! - Isamu gritou, de espanto. Mas o homem simplesmente o ignorou e continuou sua mensagem.

 

 

- Seus direitos como residente de Payon serão tirados, até que prove sua inocência. O julgamento será feito agora mesmo, no sagrado Templo de Payon.

 

 

Alguns guardas surgiam e agarravam suas mãos, deixando seus pés no ar. Mal houve tempo de lutar e já estava no meio da praça do templo. À sua frente, o velho xamã, encarando-o. Ao redor, quase toda a população de Payon.

 

 

- Isamu. O que tem a dizer sobre a acusação? - perguntou o velho, mas sua voz não tinha tom de pergunta.

 

 

- Eu...

 

 

- Nenhuma defesa própria?

 

 

- Eu não sei de nada!! Ela que veio me procurar!!

 

 

- Na sua casa?

 

 

- M-mas...

 

 

- Além de duas crianças, outros seis adultos viram o monstro saindo de sua casa.

 

 

- Sim, mas...

 

 

- Uma das crianças diz a respeito de um provável encontro entre você e a Youkai, pouco antes. Por que você não alertou ninguém sobre isso?

 

 

- … - Não queria, mas ficou calado. O xamã não o deixava argumentar.

 

 

- Você também não se explicou depois do incidente. Não saiu mais de casa. Estranho, não?

 

 

- Eu estava...

 

 

- Ainda não quer reconhecer seus pecados? Fale logo. O que você está planejando contra Payon?

 

 

- Nada!! Eu disse que não sei de nada!!

 

 

- … Ótimo. - sorriu pelo canto da boca, quase despercebido. - Você não está colaborando. - Virou-se para a multidão e gritou – Kukatachi[10]!!

 

 

Houve um silêncio. Pouco a pouco, algumas pessoas começaram a gritar a mesma palavra. Após alguns minutos, praticamente todos gritavam a mesma coisa, num ritmo único e apavorante. - Kukatachi!! Kukatachi!! Kukatachi!! - E não parecia ter um fim. Isamu avistou Emi, olhando-o, mas ao invés de fúria, como as outras crianças ao redor, parecia estar quase chorando.

 

 

Rapidamente, dois guardas vieram com um enorme caldeirão. Da água, nela contida, ainda saíam enormes bolhas. Parecia queimar-se só de se aproximar.

 

 

( Não... não... )

 

 

Os guardas pegaram suas mãos, e o forçou colocá-las na água. Gritou de dor. E isso só fez com que a multidão se agitasse mais ainda.

 

 

- Culpado!! - exclamou o xamã. - Culpado!! - repetiu, desta vez voltado para o povo. Virou para os guardas e continuou - Levem-o para a prisão. A data e tipo da pena será decidida amanhã.

 

 

Não precisava ser profeta para saber que pena teria que cumprir: a da morte.

 

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