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Uma Canção para Vocês


Valorian Endymion

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Capítulo 1 – A dama de ferro e o anjo sincero

 

E assim ela descobriu que aquilo era somente uma ilusão criada pelo demônio, aquela pessoa que era o motivo de sua felicidade na verdade não passava de um doce sonho acordado.”

 

“ Ela olhou em volta, a terra batida fazia daquele cômodo, seu trono era de barro e seus súditos eram aquelas pequenas criaturas, ela era uma rainha, que segurava uma coroa, uma coroa de lágrimas.”

 

Assim que terminou, o bardo fez sua típica reverência, a platéia satisfeita com a história agradeceu com palmas, logo em seguida todos saíram do local, alguns deixavam pequenas quantias de dinheiro, outras se retiravam somente comentado sobre a apresentação.

 

Este era o trabalho de Deja Vu, contar histórias, mesmo que elas não fossem verdadeiras, aquilo alegrava qualquer um que a ouvisse, e ao mesmo tempo ele gostava de esconder mensagens entre as entrelinhas.

 

Lugares exóticos, criaturas inacessíveis, pessoas interessantes, acontecimentos importantes, o trabalho de um bardo é de um mensageiro e de um ressuscitador, pois são eles que fazem com que as pessoas sejam eternas, fazem com que os outros possam sentir o que eles sentiram, o que presenciaram e o que nunca viram.

 

Deja Vu já tinha certa idade, um olhar afiado, rosto maduro, madeixas negras que preguiçosamente caíam na face, um sorriso alegre mas que as vezes parecia misterioso. Seu corpo tinha uma aparência frágil, de uma pessoa que já trabalhou muito mas que agora aproveitava o que a vida tinha que dar.

 

Suas roupas eram sempre amassadas, de tons amarelos e ocres, iguais as folhas de outono, uma camisa social que ficava por cima de uma de mangas longas, uma calça curta que ficava por cima de uma longa, sapatos elegantes que apresentavam certa idade, em volta do pescoço uma capa de mesma cor era amarrada.

 

Certamente bardos não gostavam de mostrar seu corpo, mas apesar disto eles tinham seu tom charmoso, como Deja Vu sempre dizia “Uma capa para efeitos heróicos”.

 

Todos os que seguiam esta profissão sabiam manejar um instrumento, o preferido do rapaz era um belíssimo violino com um som refinado, não era rara as vezes que se via ele tocando-a.

 

O sol brilhava com intensidade, era verão e o calor se fazia presente no ar. O céu, apesar de estar vazio, uma vez ou outra uma nuvem curiosa passeava no azul, o som das gaivotas e do mar era prazeroso, mesmo com o calor, a brisa marítima tratava de refrescar um pouco.

 

Deja Vu como sempre estava sentado na grande escadaria de Alberta, seus olhos se perdiam na grande imensidão azulada, talvez tentando buscar inspiração para um poema ou para uma canção, para ele naquele momento nada importava, somente o mar estava em seus pensamentos.

 

Distraído com sua musa, mal percebeu que o céu começara a se fechar, nuvens negras surgiam do nada e pequenas gotas caíram nervosas. O bardo bravo com esta interrupção, xingou o céu e logo em seguida foi procurar um abrigo, uma estalagem com telhado azul e paredes brancas.

 

Na placa da mesma estava escrito “Peixe dourado”, era um lugar agradável, com decorações exóticas e mesas de madeira polida, naquele momento estava movimentado por causa da chuva repentina.

 

Alguns riam-se, outros ficaram nervosos, verões só eram ruins por causa das chuvas sem aviso, que as vezes traziam certas desgraças para as cidades. Trovões explodiam entre a chuva e gotas caiam no chão com força, mesmo sendo intensa, logo ela ia embora.

 

Deja Vu observava o local com atenção, apesar da visão despreocupada que ele passava, o bardo era atento a vários detalhes por onde passava, mas o que ele sempre prestava mais atenção era nas pessoas.

 

Em um canto havia um grupo de marinheiros fanfarrões, em outro um grupo de estrangeiros desconfiados, Rune-Midgard era um bom lugar para ver todo tipo de etnia, cada um com sua vestimenta típica e uniformes de aventureiros.

 

E aventureiros era o que não faltavam naquele lugar, e foi em uma pessoa que seus olhos se pregaram. Esta usava uma armadura grande e parecia bem pesada, uma capa azulada e uma cruz em frente ao peito, um escudo enorme fazia parte da composição, assim com a espada grudada na cintura.

 

Seus olhos eram bondosos, “Ah! Que olhos” pensava Deja Vu, tão claros como um lago tranqüilo, suas madeixas douradas como de um anjo, “Um anjo guardião”, dizia ele, que segurava um escudo para proteger os outros.

 

Sem pensar muito, o bardo se dirigiu até aquela pessoa, lhe cumprimentou com uma bela reverência e se apresentou.

 

Ela sem graça, lhe falou seu nome, “ Ellise” disse ela.

 

“Um belo nome para uma dama de ferro”, e novamente a templária sorriu sem jeito.

 

Neste intervalo um jovem de cabelos verdes opacos, chegou no mesmo lugar em que ambos estavam, ele recebeu com um sorriso o bardo e beijou a templária.

 

Cabelos curtos e arrumados, típico de sacerdotes, um sobretudo negro com detalhes vermelhos e dourados, uma calça de mesma cor e sapatos bem tratados. Na frente de seu peito uma cruz, igual ao que Ellise usava.

 

Deja Vu respondeu com um sorriso sem graça, mas mesmo sabendo que a jovem já era comprometida, permaneceu ali, acompanhando o casal.

 

“Qual o seu nome?” perguntou Deja Vu.

 

“Sadjak” respondeu com um simpático sorriso. “Um belo nome para um anjo sincero” respondeu o bardo com o mesmo sorriso.

 

E enquanto chovia, o casal conheceu o bardo, ambos trocavam palavras e informações sobre si mesmos, a cada troca Deja Vu se via ainda mais atraído pela templária, cada vez mais ele se via apaixonado por ela.

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Capitulo 2 – Sentimentos

 

“Tieris tentou se arrastar

até sua oficina onde estava sua filha, mas era em vão, não tinha mais

forças, sentia sua vida ir em embora de seu corpo fraco, foi então que

Alice veio até Tieris e disse:

- Sim pai, o que deseja?

Alice viera até seu pai, ele não entendia aquilo, por que ela viera até lá por conta própria?

E então no último suspiro, a vida de Tieris deixa seu corpo, sobrando somente o corpo sem vida de um senhor que já foi um gênio.

Alice somente observou o corpo gélido e então uma lágrima rolou de seu olho.”

 

 

E mais uma vez Deja Vu contara uma história, desta vez não era para um público grande, mas sim para um privado.

 

Em

volta da fogueira estava o sacerdote e a templária, ambos escutavam com

atenção a prosa. Apesar do conto não ter fundamentos verdadeiros, era

gostoso como o bardo contava as histórias.

 

Geralmente eram

repletas de sofrimentos, de entes queridos que morriam até azares mais

brandos, nenhuma história de Deja Vu era salva de alguma tragédia, mas

ainda sim eles contiam algo que não se podia descrever.

 

Quando

terminou, o bardo olhou para Ellise e fixou seus olhos na dama.

Naqueles dias que viajou com o casal, mais e mais ele caia naquele

profundo poço chamado amor.

 

Ele não entendia bem o por quê de

ter se apaixonado na primeira vez que a viu, talvez fosse o destino?

Mas como pode uma coisa tão imprevisível estar escrita no futuro? Mas

uma coisa Deja Vu sabia, que toda vez que se aproximava de Ellise, seu

coração se apertava mais e mais, como se fosse amarrado por cordas

firmes.

 

“Bela história Deja Vu” disse o anjo, “Por acaso você se inspira em algo para escrevê-las?” questionou.

 

 

O bardo desviou os olhos para Sadjak, “Quanta grosseria” pensou, “Me

interropeu no meu momento de inspiração”, disfarçando a leve irritação,

o senhor deu um suspiro curto e respondeu.

 

“ Sim, claro meu caro, mas se eu fosse dizer quais as coisas, tenho certeza que passaríamos a vida inteira aqui!”

 

O sacerdote de cabelos opacos deu uma leve risada seguido de uma mordida no peixe que havia assado.

 

 

“Faz bastante tempo que viajamos não?” Disse a templária. “E que doce

tempo” pensou o bardo, para ele, quanto mais ele ficasse ao lado da

templária, melhor seria.

 

O grupo havia combinado que viajariam

até Einbech, uma cidade na República, seria um lugar interessante para

visitar, sem contar a mina que naquele momento estava infestada de

criaturas perigosas.

 

Não havia nenhum motivo muito especial,

não estavam em busca de recompensas, nem de fama, mas o casal fez um

voto de que ajudariam as pessoas não importa-se quem fosse.

 

 

Após dias, o trio chegou onde queriam, Einbech.

 

 

O ar próximo a cidade era pesado, o cheiro de ferro e química era forte

na atmosfera, os rios que rasgavam a terra era escura, o mesmo para a

terra, árvores calvas enfeitavam o terreno, as poucas plantas que se

faziam presente eram doentes.

 

Chaminés altas brotavam de dentro

da cidade, uma fumaça escura e espessa saiam delas, dentro de Einbech,

trilhos se cruzavam no chão, sons de trens eram ouvidos a vários

metros.

 

A população da cidade mostrava a mesma aparência das

árvores, mal tratadas, a maior parte era feita de homens, justamente

por causa do trabalho na mina do lugar, a vida naquele lugar não era

fácil, todos acordavam e seguiam para seus empregos, para esperar a

noite e ficar no bar, reclamando da vida ou somente por diversão, para

que mais uma vez no dia seguinte seguissem a mesma rotina.

 

Por

onde quer que passassem, todos os observavam com olhos estranhos,

principalmente a dama do grupo. Aventureiros não eram muitos aqui,

principalmente com a instalação de um aeroplano em Izlude, Einbroch e

Einbech havia virado somente um pólo industrial e nada mais.

 

“Bem, vamos lá, vamos até a mina, é lá que ajudaremos eles” Disse a templária.

 

 

E assim foram, até onde inicialmente queriam ir, apesar do perigo,

mineiros trabalhavam no local, em busca de minérios e pedras para as

indústrias locais.

 

Uma estrutura resistente, aquele local

mostrava ter sido usado várias vezes, uma trilha passava pelo corredor

por onde carrinhos podiam passar sem dificuldades.

 

O local era semelhante com a mina de carvão do monte Mnjonir, a única diferença é que a primeira não está abandonada.

 

Lâmpadas balançavam no teto de pedra, nada que indicasse algo perigoso, mas ainda sim o trio não baixava sua guarda.

 

 

Deja Vu, apesar de bardo, quando visitava tais lugares, ele usava seu

velho arco que havia recebido quando arqueiro, raramente o usava, mas

apesar de gasto,

ainda era útil.

 

Não precisou muito para

que encontrassem o motivo do caos da cidade, criaturas formadas por

gases tóxicos, pedras que não deviam andar o fazia e bichos de pelúcia

que eram mais mortíferos que um animal.

 

A batalha foi

complicada, mesmo aparentemente ingênuos, cada ataque fazia um dano

considerável na templária, e o que diziam era verdade, a mina era

infestada por estas aberrações.

 

A cada esquina um grupo médio

os esperavam, apesar de estarem acompanhados por um sacerdote, a força

deles não era o bastante, mas Ellise não queria sair de lá, queria

cumprir a missão de qualquer maneira.

 

Foi então que o sacerdote

exausto desmaiou, Sadjak havia utilizado todo seu poder e não havia

agüentado, não sobrando nenhuma alternativa, a templária decidiu que o

melhor era saírem de lá.

 

--

 

“Ele está bem?” perguntou a

dama, Deja Vu carregou o jovem até uma estalagem e o deixou em uma

cama, não era confortável, mas melhor que deixá-lo naquele chão imundo.

 

“Ele só desmaiou, logo estará bem” sorriu para Ellise.

 

A templária tentou disfarçar um pouco o nervosismo com um sorriso.

 

“Acho melhor você relaxar, eu fico aqui cuidado dele, não se preocupe milady”

 

Ellise ouviu as palavras, hesitou um pouco mas decidiu sair um pouco do aposento.

Deja

Vu ficou um pouco chateado, na verdade ele queria ficar com a dama, não

com o sacerdote, queria ter um momento somente com ela, para que

pudesse mostrar o quanto a amava.

 

O bardo olhou para o corpo estendido na cama, somente agora que ele o observou com atenção.

 

O rosto agora apresentava tranqüilidade, nada lhe parecia incomodar, “Um verdadeiro anjo” disse Deja Vu.

 

 

Sem perceber sua mão havia se dirigido ao rosto do sacerdote, um toque

delicado para não acordá-lo, sua pele era igual como todas as outras,

mas para o bardo, era algo diferente.

 

Por um momento seu rosto

corou, o senhor não havia entendido o por que daquilo, afinal, era por

Ellise que seu coração pertencia.

 

Mas ainda sim ele não

conseguia parar, “Como sua pele é quente”, logo acariciou a cabeça do

jovem adormecido e Deja Vu somente sorriu.

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Capitulo 3 – Um amor para toda a eternidade.

 

"Os olhos de Munak se encheram de lágrimas, ela não acreditava no que lia, sentia uma felicidade no seu coração, naquele momento tudo o que ela queria era estar do lado do Bongun para lhe dizer o mesmo.

 

E da penumbra escura da caverna, Bongun apareceu, mas desta vez ele possuía um estranho pergaminho em seu chapéu, Munak não se conteve, lágrimas rolavam em seu rosto, tentava ir na direção de Bongun, mas não conseguia, sua força havia se esvaído de seu corpo.

 

Bongun então a apóia em seu colo e diz sussurrando para Munak:

 

- Eu te amo!

 

Munak com um sorriso responde em doces palavras:

 

- Eu também!... eu também!... eu te amo... Bongun... Eu te amo!

 

E então os dois se beijaram, um beijo tão apaixonado que faria até um bardo sentir inveja, um beijo para toda a eternidade, um beijo de amor..."

 

 

 

Uma das primeiras histórias que o senhor havia feito e também a que mais gostava, ele se lembra de quando a escreveu, era em uma época que estava na primavera de sua vida, o nome desta estação era Lília, mas infelizmente um pouco tempo depois ela o deixou, com a desculpa de que o bardo era velho demais para ela.

 

Os versos que havia feito estavam carregados de profundos sentimentos, a cada linha que escrevia mais e mais ele as preenchia do amor que sentia. Poemas, músicas, prosas, quais não são assim? Inspirados por um sentimento e guiados por eles, pode-se dizer que a arte é a mais pura representação do coração humano.

 

Deja Vu não se lembrava mais de Lilia, para ele pouco importava agora, seus olhos agora só caçavam a imagem da Dama de Ferro, e curiosamente do Anjo Sincero.

 

Sadjak novamente estava cuidando de crianças que moravam em Einbech, mesmo após o último incidente, ele estava de pé como se nada tivesse acontecido, ele sorria para as crianças e tentava de algum modo entretê-las com algumas piadas, uma ou outra ria levemente, o que lhe dava uma ponta de alegria.

 

O bardo de certa forma admirava o sacerdote, era esforçado e tentava dar o melhor de si em tudo, mesmo que tivesse de se sacrificar pelos outros, realmente o título que havia dado o representava bem: “Anjo Sincero”.

 

Mas uma coisa lhe incomodava, tanto Ellise quanto Sadjak eram importantes para ele agora, pensava em ambos e quando o fazia seu coração acelerava, uma vontade de acariciar-lo novamente lhe recorria, aquele toque ele nunca mais esqueceu, na verdade o havia embebedado, e precisava mais disto para saciar seu vicio, o cheiro que havia sentido naquele dia era mais delicioso que o aroma de especiarias, como queria novamente se ver mais perto daquela pessoa, de tocá-la e senti-la.

 

Ele se perguntava se era igual com Ellise, se ela também tinha o mesmo toque macio, lábios apetitosos e um corpo delicado, que desejo ele sentia de poder, nem que fosse por alguns instantes, tocá-la, de poder deslizar suas mãos por seu corpo e de lhe trazer prazer.

 

Mas algo estava errado, amor não era algo reservado a somente uma pessoa? Então por que pensava daquele jeito com ambos? Aquele desejo ardente de poder acariciar tanto Ellise quanto Sadjak era intenso, Deja Vu não entendia o por que de gostar tanto dos dois.

 

Monogamia era algo que a igreja pregava em toda Rune-Midgard, uma tradição que remota os tempos mais antigos, tão antigo que as pessoas se esqueceram que aquilo foi empregado por eles.

 

A igreja disse que amar duas pessoas é crime, mas como pode amor ser um crime? Como pode algo que os próprios deuses pregam ser um pecado? Aquele sentimento era igual para ambos, ele não podia dizer quem era mais importante ou de quem ele mais gostava, Deja Vu não conseguia responder, nenhuma resposta era cabível naquela questão.

 

“Eu amo ambos”, disse para si mesmo, mas preferiu guardar para si mesmo tal afirmação, pois sabia que se disse-se, ambos Ellise e Sadjak iriam embora, o bardo preferia sofrer em silêncio a vê-los partir para sempre.

 

---

 

Novamente estava o trio em frente a entrada da mina de Einbech, Tanto Ellise e Deja Vu estavam preocupados com o sacerdote, sendo que o último disfarçava aquele sentimento, Sadjak não tinha uma saúde boa, tinha um corpo frágil e ficava doente facilmente, apesar dos poderes que tinha com o sacerdócio, isso não o prevenia das doenças.

 

A templária novamente perguntou se estava tudo bem, o jovem afirmou e pediu para continuarem, assim fizeram.

 

O local estava como deixaram da última vez mas com uma pequena diferença, estava vazia, nenhuma pedra mutante ou criaturas ferozes, somente o som vazio das lanternas oscilantes.

 

Apesar da serenidade, tanto a templária quanto o sacerdote estavam tensos, aquilo não era plausível, como uma caverna infestada por monstros poderia estar assim vazia?

 

A cada passo que davam, esperavam por algo, mas nada que mostrasse perigo real, somente pequenos porcellios que passavam aqui e ali em busca de minérios.

 

Foi então que em uma esquina eles se depararam com uma cena incomum naquela mina, um outro grupo de aventureiros, que provavelmente haviam limpado o local. Ellise ficou feliz, finalmente havia chegado pessoas para lhes ajudar, sem nenhum cuidado a jovem correu até o pequeno grupo que contava com três pessoas.

 

Mas algo parecia errado, quando Deja Vu piscou tinha certeza de ter visto somente duas, e antes disso havia mais uma, teria sido aquilo sua imaginação?

 

A Dama de Ferro disse uma recepção calorosa e de como estava feliz com a ajuda que prestaram, mas antes que pudesse terminar seu monólogo uma sombra surgiu por trás da moça, uma sombra roxa.

 

Tão rápido quanto se escondeu, o desordeiro a envolveu com seus braços e rapidamente lhe retirou sua armadura, este fiz um som metálico e pesado ao cair no chão, surpresa, ela não conseguiu se proteger do outro golpe que mirava seu braço, que fez inutilizar sua mão para carregar o pesado escudo, sem seu companheiro de batalhas a jovem estava desprotegida e só contava com sua espada.

 

Ambos surpreendidos, Deja Vu e Sadjak ficaram sem reação, quando o sacerdote tentou dar suporte a sua amada, ele foi atingido por uma fecha em seu olho direito, um caçador, um alquimista e um desordeiro, estes eram os que formavam aquele trio.

 

O Anjo no mesmo instante em que foi atingido gruiu de dor, apesar de possuir poderes curativos, ele não conseguia agüentar, o bardo tentou acalmar seu amigo para que se concentrasse, mas foi em vão.

 

Enquanto isso a Dama que agora se via sem sua proteção estava desesperada, tentava inutilmente atingir o desordeiro, mas seus golpes só cortavam o vácuo, o seu adversário no entanto só brincava com a jovem, assim como um gato brincava com um rato antes do final, em seu rosto um sorriso malicioso se desenhava na face já gasta pela idade.

 

E sem nenhum aviso o senhor lhe infligiu uma rasteira, Ellise tombou para trás com um som opaco, e como um raio o desordeiro lhe arrancou a espada, seu único objeto de proteção.

 

Ellise agora era tão frágil quanto um vaso de cristal, não tinha mais com o que se defender, e Sadjak havia sido atingido gravemente, em sua mente a idéia de que tudo havia acabado se repetia alucinadamente.

 

A sombra roxa a observou com olhos maliciosos, se aproximou do ouvido da jovem e sussurrou.

 

- Não irei te matar... ainda quero brincar com você minha doce dama...

 

A jovem entrou em estado de choque, quando havia se tornado uma templária pensava que nunca seria derrotada, que com aquela espada e aquele escudo ela poderia eliminar o mal e fazer aquilo que nunca fizeram em sua infância pobre, ajudar os outros.

 

Mas que recompensa foi aquela? Se perguntava, este era o prêmio em ajudar os outros? Era assim que tudo acabaria no fim? Sendo violada assim como sua mãe havia sido?

 

Antes que o senhor fizesse outro movimento, uma flecha de fogo perfurou seu braço, em fúria ele tentou procurar a origem da flecha, e seus olhos pousam sobre um bardo.

 

Sadjak ainda sentia dores, mas nada era tão terrível quanto ver aquela cena, ele agüentaria qualquer coisa para salvar sua amada, assim como Deja Vu, sem esperar mais um minuto o bardo sacou mais duas flechas e atirou contra o agressor, um tiro certeiro, mas não bom o bastante para parar ele.

 

Por trás da Sombra Roxa o caçador tentou atirar novamente no sacerdote, mas desta vez prevenido, ele fez uma prece e do chão surgiu uma luz branca com tons esmeralda, era o escudo sagrado.

 

Inutilizado, o caçador não poderia fazer nada, pelos menos só ele, o alquimista que aparentava vinte verões corria a toda velocidade em direção a dupla, Deja Vu desviou o arco de sua última vitima e mirou contra seu outro inimigo.

 

Posicionou duas fechas e as puxou para trás junto com a corda, o arco produziu um som tenso e jogou as setas contra seu novo agressor, uma atingiu o ombro e a outra simplesmente atingiu o nada.

 

Embora o golpe tenha infligindo certo dano, o alquimista não parou, ele era bem rápido para os de sua classe, algo raro de se ver, o bardo continuou a atirar as setas uma a uma, até que seu aljave ficou vazio.

 

No mesmo instante que se viu sem, o bardo resmungou um xingamento, Sadjak fazia de tudo para ajudar Deja Vu e Ellise, mas havia perdido muito sangue, sua visão começara a ficar turva, tentava inutilmente se manter acordado, mas a cada tentativa mais e mais sua consciência ficava envolta de uma neblina assustadora.

 

O corpo do sacerdote caiu no chão rude da mina, o bardo surpreendido olhou para trás e tentou acordar o Anjo, Deja Vu berrava um pedido para que ele despertasse, mas de nada adiantou, o rosto banhando em sangue ainda continuava desmaiado.

 

E neste descuido o senhor sentiu a lâmina fria lhe atingir sua espinha, o bardo fez uma expressão de dor e ao mesmo tempo de surpresa, seus olhos que antes observavam Sadjak se dirigiram para seu próprio ventre e lá estava a ponta prateada do sabre.

 

Pingo por pingo o sangue escorria contra o chão, naquela mina era a única música que perpetuava no ar, pingo a pingo, e antes que Deja Vu pudesse fazer algo, o alquimista retirou a espada do ventre com um corte lateral e lhe fincou na garganta.

 

O fio da espada estava quente com o último golpe, aos poucos o pulmão do bardo se enchia do líquido rubro e o ar que contia nele foi-se escapando, o senhor ainda podia sentir o corte em seu ventre, e ainda continuou consciente o bastante para ouvir os gritos desesperados da templária sendo estuprada.

 

Seus olhos vertiam lágrimas, não havia sido forte o bastante para poder ajudar os que amavam, o rosto de Sadjak era tão sereno naquele momento, não parecia que estava ocorrendo tal barbárie naquele lugar, era como se nada daquilo tivesse acontecido, que inveja ele tinha agora daquele rosto, como queria que aquilo fosse um bom pesadelo.

 

Após saciado, o desordeiro caminhou até o sacerdote, checou se ainda estava vivo e confirmou, chamou seus companheiros de equipe e mandou pegar ambos os corpos, o alquimista retirou a espada vagarosamente do corpo fraco e a guardou na sua bainha, chegou perto da Sombra Roxa e do caçador e posicionou o seu carrinho, ambos depositaram os corpos como se fossem sacos de lixo.

 

- Acho que devem dar um bom dinheiro lá no laboratório. - Disse o lider.

 

E assim todos saíram da mina, menos Deja Vu que permaneceu lá, deitado na superfície gelada daquele lugar maldito, os gritos de Ellise ainda ecoavam em sua mente já turva, com todas as suas forças ele tentava se arrastar pela mina para tentar salvar Sadjak e Ellise, mas era uma tentativa frustrada, a terra que entrava pelas feridas as fazia arder em fogo, mas aquilo era pouco com o que o casal iria defrontar futuramente.

 

A face já com certa idade estava encharcada de lágrimas, o bardo tentava gritar o nome de seus amados mas era em vão, só fazia sua dor se prolongar, em sua mente só martelava o pensamento de que aquilo era um pesadelo, de que logo acordaria e veria novamente os dois, a Dama de Ferro e o Anjo Sincero, de que poderia novamente acompanhá-los em uma nova viagem e que conversaria gostosamente com eles, mas não foi assim, aquela era a dolorosa realidade que estava sentido e que lhe estava sugando sua vida, momentos depois seu pulmão já havia se preenchido com seu próprio sangue, aquele era o fim, um fim de uma prosa de amor.

 

----

 

Fim

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Capítulo 1 – A dama de ferro e o anjo sincero

 

E assim ela descobriu que aquilo era somente uma ilusão criada pelo demônio, aquela pessoa que era o motivo de sua felicidade na verdade não passava de um doce sonho acordado.”

 

“ Ela olhou em volta, a terra batida fazia daquele cômodo, seu trono era de barro e seus súditos eram aquelas pequenas criaturas, ela era uma rainha, que segurava uma coroa, uma coroa de lágrimas.”

 

Assim que terminou, o bardo fez sua típica reverência, a platéia satisfeita com a história agradeceu com palmas, logo em seguida todos saíram do local, alguns deixavam pequenas quantias de dinheiro, outras se retiravam somente comentado sobre a apresentação.

 

Este era o trabalho de Deja Vu, contar histórias, mesmo que elas não fossem verdadeiras, aquilo alegrava qualquer um que a ouvisse, e ao mesmo tempo ele gostava de esconder mensagens entre as entrelinhas.

 

Lugares exóticos, criaturas inacessíveis, pessoas interessantes, acontecimentos importantes, o trabalho de um bardo é de um mensageiro e de um ressuscitador, pois são eles que fazem com que as pessoas sejam eternas, fazem com que os outros possam sentir o que eles sentiram, o que presenciaram e o que nunca viram.

 

Deja Vu já tinha certa idade, um olhar afiado, rosto maduro, madeixas negras que preguiçosamente caíam na face, um sorriso alegre mas que as vezes parecia misterioso. Seu corpo tinha uma aparência frágil, de uma pessoa que já trabalhou muito mas que agora aproveitava o que a vida tinha que dar.

 

Suas roupas eram sempre amassadas, de tons amarelos e ocres, iguais as folhas de outono, uma camisa social que ficava por cima de uma de mangas longas, uma calça curta que ficava por cima de uma longa, sapatos elegantes que apresentavam certa idade, em volta do pescoço uma capa de mesma cor era amarrada.

 

Certamente bardos não gostavam de mostrar seu corpo, mas apesar disto eles tinham seu tom charmoso, como Deja Vu sempre dizia “Uma capa para efeitos heróicos”.

 

Todos os que seguiam esta profissão sabiam manejar um instrumento, o preferido do rapaz era um belíssimo violino com um som refinado, não era rara as vezes que se via ele tocando-a.

 

O sol brilhava com intensidade, era verão e o calor se fazia presente no ar. O céu, apesar de estar vazio, uma vez ou outra uma nuvem curiosa passeava no azul, o som das gaivotas e do mar era prazeroso, mesmo com o calor, a brisa marítima tratava de refrescar um pouco.

 

Deja Vu como sempre estava sentado na grande escadaria de Alberta, seus olhos se perdiam na grande imensidão azulada, talvez tentando buscar inspiração para um poema ou para uma canção, para ele naquele momento nada importava, somente o mar estava em seus pensamentos.

 

Distraído com sua musa, mal percebeu que o céu começara a se fechar, nuvens negras surgiam do nada e pequenas gotas caíram nervosas. O bardo bravo com esta interrupção, xingou o céu e logo em seguida foi procurar um abrigo, uma estalagem com telhado azul e paredes brancas.

 

Na placa da mesma estava escrito “Peixe dourado”, era um lugar agradável, com decorações exóticas e mesas de madeira polida, naquele momento estava movimentado por causa da chuva repentina.

 

Alguns riam-se, outros ficaram nervosos, verões só eram ruins por causa das chuvas sem aviso, que as vezes traziam certas desgraças para as cidades. Trovões explodiam entre a chuva e gotas caiam no chão com força, mesmo sendo intensa, logo ela ia embora.

 

Deja Vu observava o local com atenção, apesar da visão despreocupada que ele passava, o bardo era atento a vários detalhes por onde passava, mas o que ele sempre prestava mais atenção era nas pessoas.

 

Em um canto havia um grupo de marinheiros fanfarrões, em outro um grupo de estrangeiros desconfiados, Rune-Midgard era um bom lugar para ver todo tipo de etnia, cada um com sua vestimenta típica e uniformes de aventureiros.

 

E aventureiros era o que não faltavam naquele lugar, e foi em uma pessoa que seus olhos se pregaram. Esta usava uma armadura grande e parecia bem pesada, uma capa azulada e uma cruz em frente ao peito, um escudo enorme fazia parte da composição, assim com a espada grudada na cintura.

 

Seus olhos eram bondosos, “Ah! Que olhos” pensava Deja Vu, tão claros como um lago tranqüilo, suas madeixas douradas como de um anjo, “Um anjo guardião”, dizia ele, que segurava um escudo para proteger os outros.

 

Sem pensar muito, o bardo se dirigiu até aquela pessoa, lhe cumprimentou com uma bela reverência e se apresentou.

 

Ela sem graça, lhe falou seu nome, “ Ellise” disse ela.

 

“Um belo nome para uma dama de ferro”, e novamente a templária sorriu sem jeito.

 

Neste intervalo um jovem de cabelos verdes opacos, chegou no mesmo lugar em que ambos estavam, ele recebeu com um sorriso o bardo e beijou a templária.

 

Cabelos curtos e arrumados, típico de sacerdotes, um sobretudo negro com detalhes vermelhos e dourados, uma calça de mesma cor e sapatos bem tratados. Na frente de seu peito uma cruz, igual ao que Ellise usava.

 

Deja Vu respondeu com um sorriso sem graça, mas mesmo sabendo que a jovem já era comprometida, permaneceu ali, acompanhando o casal.

 

“Qual o seu nome?” perguntou Deja Vu.

 

“Sadjak” respondeu com um simpático sorriso. “Um belo nome para um anjo sincero” respondeu o bardo com o mesmo sorriso.

 

E enquanto chovia, o casal conheceu o bardo, ambos trocavam palavras e informações sobre si mesmos, a cada troca Deja Vu se via ainda mais atraído pela templária, cada vez mais ele se via apaixonado por ela.

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Capitulo 2 – Sentimentos

 

“Tieris tentou se arrastar

até sua oficina onde estava sua filha, mas era em vão, não tinha mais

forças, sentia sua vida ir em embora de seu corpo fraco, foi então que

Alice veio até Tieris e disse:

- Sim pai, o que deseja?

Alice viera até seu pai, ele não entendia aquilo, por que ela viera até lá por conta própria?

E então no último suspiro, a vida de Tieris deixa seu corpo, sobrando somente o corpo sem vida de um senhor que já foi um gênio.

Alice somente observou o corpo gélido e então uma lágrima rolou de seu olho.”

 

 

E mais uma vez Deja Vu contara uma história, desta vez não era para um público grande, mas sim para um privado.

 

Em

volta da fogueira estava o sacerdote e a templária, ambos escutavam com

atenção a prosa. Apesar do conto não ter fundamentos verdadeiros, era

gostoso como o bardo contava as histórias.

 

Geralmente eram

repletas de sofrimentos, de entes queridos que morriam até azares mais

brandos, nenhuma história de Deja Vu era salva de alguma tragédia, mas

ainda sim eles contiam algo que não se podia descrever.

 

Quando

terminou, o bardo olhou para Ellise e fixou seus olhos na dama.

Naqueles dias que viajou com o casal, mais e mais ele caia naquele

profundo poço chamado amor.

 

Ele não entendia bem o por quê de

ter se apaixonado na primeira vez que a viu, talvez fosse o destino?

Mas como pode uma coisa tão imprevisível estar escrita no futuro? Mas

uma coisa Deja Vu sabia, que toda vez que se aproximava de Ellise, seu

coração se apertava mais e mais, como se fosse amarrado por cordas

firmes.

 

“Bela história Deja Vu” disse o anjo, “Por acaso você se inspira em algo para escrevê-las?” questionou.

 

 

O bardo desviou os olhos para Sadjak, “Quanta grosseria” pensou, “Me

interropeu no meu momento de inspiração”, disfarçando a leve irritação,

o senhor deu um suspiro curto e respondeu.

 

“ Sim, claro meu caro, mas se eu fosse dizer quais as coisas, tenho certeza que passaríamos a vida inteira aqui!”

 

O sacerdote de cabelos opacos deu uma leve risada seguido de uma mordida no peixe que havia assado.

 

 

“Faz bastante tempo que viajamos não?” Disse a templária. “E que doce

tempo” pensou o bardo, para ele, quanto mais ele ficasse ao lado da

templária, melhor seria.

 

O grupo havia combinado que viajariam

até Einbech, uma cidade na República, seria um lugar interessante para

visitar, sem contar a mina que naquele momento estava infestada de

criaturas perigosas.

 

Não havia nenhum motivo muito especial,

não estavam em busca de recompensas, nem de fama, mas o casal fez um

voto de que ajudariam as pessoas não importa-se quem fosse.

 

 

Após dias, o trio chegou onde queriam, Einbech.

 

 

O ar próximo a cidade era pesado, o cheiro de ferro e química era forte

na atmosfera, os rios que rasgavam a terra era escura, o mesmo para a

terra, árvores calvas enfeitavam o terreno, as poucas plantas que se

faziam presente eram doentes.

 

Chaminés altas brotavam de dentro

da cidade, uma fumaça escura e espessa saiam delas, dentro de Einbech,

trilhos se cruzavam no chão, sons de trens eram ouvidos a vários

metros.

 

A população da cidade mostrava a mesma aparência das

árvores, mal tratadas, a maior parte era feita de homens, justamente

por causa do trabalho na mina do lugar, a vida naquele lugar não era

fácil, todos acordavam e seguiam para seus empregos, para esperar a

noite e ficar no bar, reclamando da vida ou somente por diversão, para

que mais uma vez no dia seguinte seguissem a mesma rotina.

 

Por

onde quer que passassem, todos os observavam com olhos estranhos,

principalmente a dama do grupo. Aventureiros não eram muitos aqui,

principalmente com a instalação de um aeroplano em Izlude, Einbroch e

Einbech havia virado somente um pólo industrial e nada mais.

 

“Bem, vamos lá, vamos até a mina, é lá que ajudaremos eles” Disse a templária.

 

 

E assim foram, até onde inicialmente queriam ir, apesar do perigo,

mineiros trabalhavam no local, em busca de minérios e pedras para as

indústrias locais.

 

Uma estrutura resistente, aquele local

mostrava ter sido usado várias vezes, uma trilha passava pelo corredor

por onde carrinhos podiam passar sem dificuldades.

 

O local era semelhante com a mina de carvão do monte Mnjonir, a única diferença é que a primeira não está abandonada.

 

Lâmpadas balançavam no teto de pedra, nada que indicasse algo perigoso, mas ainda sim o trio não baixava sua guarda.

 

 

Deja Vu, apesar de bardo, quando visitava tais lugares, ele usava seu

velho arco que havia recebido quando arqueiro, raramente o usava, mas

apesar de gasto,

ainda era útil.

 

Não precisou muito para

que encontrassem o motivo do caos da cidade, criaturas formadas por

gases tóxicos, pedras que não deviam andar o fazia e bichos de pelúcia

que eram mais mortíferos que um animal.

 

A batalha foi

complicada, mesmo aparentemente ingênuos, cada ataque fazia um dano

considerável na templária, e o que diziam era verdade, a mina era

infestada por estas aberrações.

 

A cada esquina um grupo médio

os esperavam, apesar de estarem acompanhados por um sacerdote, a força

deles não era o bastante, mas Ellise não queria sair de lá, queria

cumprir a missão de qualquer maneira.

 

Foi então que o sacerdote

exausto desmaiou, Sadjak havia utilizado todo seu poder e não havia

agüentado, não sobrando nenhuma alternativa, a templária decidiu que o

melhor era saírem de lá.

 

--

 

“Ele está bem?” perguntou a

dama, Deja Vu carregou o jovem até uma estalagem e o deixou em uma

cama, não era confortável, mas melhor que deixá-lo naquele chão imundo.

 

“Ele só desmaiou, logo estará bem” sorriu para Ellise.

 

A templária tentou disfarçar um pouco o nervosismo com um sorriso.

 

“Acho melhor você relaxar, eu fico aqui cuidado dele, não se preocupe milady”

 

Ellise ouviu as palavras, hesitou um pouco mas decidiu sair um pouco do aposento.

Deja

Vu ficou um pouco chateado, na verdade ele queria ficar com a dama, não

com o sacerdote, queria ter um momento somente com ela, para que

pudesse mostrar o quanto a amava.

 

O bardo olhou para o corpo estendido na cama, somente agora que ele o observou com atenção.

 

O rosto agora apresentava tranqüilidade, nada lhe parecia incomodar, “Um verdadeiro anjo” disse Deja Vu.

 

 

Sem perceber sua mão havia se dirigido ao rosto do sacerdote, um toque

delicado para não acordá-lo, sua pele era igual como todas as outras,

mas para o bardo, era algo diferente.

 

Por um momento seu rosto

corou, o senhor não havia entendido o por que daquilo, afinal, era por

Ellise que seu coração pertencia.

 

Mas ainda sim ele não

conseguia parar, “Como sua pele é quente”, logo acariciou a cabeça do

jovem adormecido e Deja Vu somente sorriu.

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Capitulo 3 – Um amor para toda a eternidade.

 

"Os olhos de Munak se encheram de lágrimas, ela não acreditava no que lia, sentia uma felicidade no seu coração, naquele momento tudo o que ela queria era estar do lado do Bongun para lhe dizer o mesmo.

 

E da penumbra escura da caverna, Bongun apareceu, mas desta vez ele possuía um estranho pergaminho em seu chapéu, Munak não se conteve, lágrimas rolavam em seu rosto, tentava ir na direção de Bongun, mas não conseguia, sua força havia se esvaído de seu corpo.

 

Bongun então a apóia em seu colo e diz sussurrando para Munak:

 

- Eu te amo!

 

Munak com um sorriso responde em doces palavras:

 

- Eu também!... eu também!... eu te amo... Bongun... Eu te amo!

 

E então os dois se beijaram, um beijo tão apaixonado que faria até um bardo sentir inveja, um beijo para toda a eternidade, um beijo de amor..."

 

 

 

Uma das primeiras histórias que o senhor havia feito e também a que mais gostava, ele se lembra de quando a escreveu, era em uma época que estava na primavera de sua vida, o nome desta estação era Lília, mas infelizmente um pouco tempo depois ela o deixou, com a desculpa de que o bardo era velho demais para ela.

 

Os versos que havia feito estavam carregados de profundos sentimentos, a cada linha que escrevia mais e mais ele as preenchia do amor que sentia. Poemas, músicas, prosas, quais não são assim? Inspirados por um sentimento e guiados por eles, pode-se dizer que a arte é a mais pura representação do coração humano.

 

Deja Vu não se lembrava mais de Lilia, para ele pouco importava agora, seus olhos agora só caçavam a imagem da Dama de Ferro, e curiosamente do Anjo Sincero.

 

Sadjak novamente estava cuidando de crianças que moravam em Einbech, mesmo após o último incidente, ele estava de pé como se nada tivesse acontecido, ele sorria para as crianças e tentava de algum modo entretê-las com algumas piadas, uma ou outra ria levemente, o que lhe dava uma ponta de alegria.

 

O bardo de certa forma admirava o sacerdote, era esforçado e tentava dar o melhor de si em tudo, mesmo que tivesse de se sacrificar pelos outros, realmente o título que havia dado o representava bem: “Anjo Sincero”.

 

Mas uma coisa lhe incomodava, tanto Ellise quanto Sadjak eram importantes para ele agora, pensava em ambos e quando o fazia seu coração acelerava, uma vontade de acariciar-lo novamente lhe recorria, aquele toque ele nunca mais esqueceu, na verdade o havia embebedado, e precisava mais disto para saciar seu vicio, o cheiro que havia sentido naquele dia era mais delicioso que o aroma de especiarias, como queria novamente se ver mais perto daquela pessoa, de tocá-la e senti-la.

 

Ele se perguntava se era igual com Ellise, se ela também tinha o mesmo toque macio, lábios apetitosos e um corpo delicado, que desejo ele sentia de poder, nem que fosse por alguns instantes, tocá-la, de poder deslizar suas mãos por seu corpo e de lhe trazer prazer.

 

Mas algo estava errado, amor não era algo reservado a somente uma pessoa? Então por que pensava daquele jeito com ambos? Aquele desejo ardente de poder acariciar tanto Ellise quanto Sadjak era intenso, Deja Vu não entendia o por que de gostar tanto dos dois.

 

Monogamia era algo que a igreja pregava em toda Rune-Midgard, uma tradição que remota os tempos mais antigos, tão antigo que as pessoas se esqueceram que aquilo foi empregado por eles.

 

A igreja disse que amar duas pessoas é crime, mas como pode amor ser um crime? Como pode algo que os próprios deuses pregam ser um pecado? Aquele sentimento era igual para ambos, ele não podia dizer quem era mais importante ou de quem ele mais gostava, Deja Vu não conseguia responder, nenhuma resposta era cabível naquela questão.

 

“Eu amo ambos”, disse para si mesmo, mas preferiu guardar para si mesmo tal afirmação, pois sabia que se disse-se, ambos Ellise e Sadjak iriam embora, o bardo preferia sofrer em silêncio a vê-los partir para sempre.

 

---

 

Novamente estava o trio em frente a entrada da mina de Einbech, Tanto Ellise e Deja Vu estavam preocupados com o sacerdote, sendo que o último disfarçava aquele sentimento, Sadjak não tinha uma saúde boa, tinha um corpo frágil e ficava doente facilmente, apesar dos poderes que tinha com o sacerdócio, isso não o prevenia das doenças.

 

A templária novamente perguntou se estava tudo bem, o jovem afirmou e pediu para continuarem, assim fizeram.

 

O local estava como deixaram da última vez mas com uma pequena diferença, estava vazia, nenhuma pedra mutante ou criaturas ferozes, somente o som vazio das lanternas oscilantes.

 

Apesar da serenidade, tanto a templária quanto o sacerdote estavam tensos, aquilo não era plausível, como uma caverna infestada por monstros poderia estar assim vazia?

 

A cada passo que davam, esperavam por algo, mas nada que mostrasse perigo real, somente pequenos porcellios que passavam aqui e ali em busca de minérios.

 

Foi então que em uma esquina eles se depararam com uma cena incomum naquela mina, um outro grupo de aventureiros, que provavelmente haviam limpado o local. Ellise ficou feliz, finalmente havia chegado pessoas para lhes ajudar, sem nenhum cuidado a jovem correu até o pequeno grupo que contava com três pessoas.

 

Mas algo parecia errado, quando Deja Vu piscou tinha certeza de ter visto somente duas, e antes disso havia mais uma, teria sido aquilo sua imaginação?

 

A Dama de Ferro disse uma recepção calorosa e de como estava feliz com a ajuda que prestaram, mas antes que pudesse terminar seu monólogo uma sombra surgiu por trás da moça, uma sombra roxa.

 

Tão rápido quanto se escondeu, o desordeiro a envolveu com seus braços e rapidamente lhe retirou sua armadura, este fiz um som metálico e pesado ao cair no chão, surpresa, ela não conseguiu se proteger do outro golpe que mirava seu braço, que fez inutilizar sua mão para carregar o pesado escudo, sem seu companheiro de batalhas a jovem estava desprotegida e só contava com sua espada.

 

Ambos surpreendidos, Deja Vu e Sadjak ficaram sem reação, quando o sacerdote tentou dar suporte a sua amada, ele foi atingido por uma fecha em seu olho direito, um caçador, um alquimista e um desordeiro, estes eram os que formavam aquele trio.

 

O Anjo no mesmo instante em que foi atingido gruiu de dor, apesar de possuir poderes curativos, ele não conseguia agüentar, o bardo tentou acalmar seu amigo para que se concentrasse, mas foi em vão.

 

Enquanto isso a Dama que agora se via sem sua proteção estava desesperada, tentava inutilmente atingir o desordeiro, mas seus golpes só cortavam o vácuo, o seu adversário no entanto só brincava com a jovem, assim como um gato brincava com um rato antes do final, em seu rosto um sorriso malicioso se desenhava na face já gasta pela idade.

 

E sem nenhum aviso o senhor lhe infligiu uma rasteira, Ellise tombou para trás com um som opaco, e como um raio o desordeiro lhe arrancou a espada, seu único objeto de proteção.

 

Ellise agora era tão frágil quanto um vaso de cristal, não tinha mais com o que se defender, e Sadjak havia sido atingido gravemente, em sua mente a idéia de que tudo havia acabado se repetia alucinadamente.

 

A sombra roxa a observou com olhos maliciosos, se aproximou do ouvido da jovem e sussurrou.

 

- Não irei te matar... ainda quero brincar com você minha doce dama...

 

A jovem entrou em estado de choque, quando havia se tornado uma templária pensava que nunca seria derrotada, que com aquela espada e aquele escudo ela poderia eliminar o mal e fazer aquilo que nunca fizeram em sua infância pobre, ajudar os outros.

 

Mas que recompensa foi aquela? Se perguntava, este era o prêmio em ajudar os outros? Era assim que tudo acabaria no fim? Sendo violada assim como sua mãe havia sido?

 

Antes que o senhor fizesse outro movimento, uma flecha de fogo perfurou seu braço, em fúria ele tentou procurar a origem da flecha, e seus olhos pousam sobre um bardo.

 

Sadjak ainda sentia dores, mas nada era tão terrível quanto ver aquela cena, ele agüentaria qualquer coisa para salvar sua amada, assim como Deja Vu, sem esperar mais um minuto o bardo sacou mais duas flechas e atirou contra o agressor, um tiro certeiro, mas não bom o bastante para parar ele.

 

Por trás da Sombra Roxa o caçador tentou atirar novamente no sacerdote, mas desta vez prevenido, ele fez uma prece e do chão surgiu uma luz branca com tons esmeralda, era o escudo sagrado.

 

Inutilizado, o caçador não poderia fazer nada, pelos menos só ele, o alquimista que aparentava vinte verões corria a toda velocidade em direção a dupla, Deja Vu desviou o arco de sua última vitima e mirou contra seu outro inimigo.

 

Posicionou duas fechas e as puxou para trás junto com a corda, o arco produziu um som tenso e jogou as setas contra seu novo agressor, uma atingiu o ombro e a outra simplesmente atingiu o nada.

 

Embora o golpe tenha infligindo certo dano, o alquimista não parou, ele era bem rápido para os de sua classe, algo raro de se ver, o bardo continuou a atirar as setas uma a uma, até que seu aljave ficou vazio.

 

No mesmo instante que se viu sem, o bardo resmungou um xingamento, Sadjak fazia de tudo para ajudar Deja Vu e Ellise, mas havia perdido muito sangue, sua visão começara a ficar turva, tentava inutilmente se manter acordado, mas a cada tentativa mais e mais sua consciência ficava envolta de uma neblina assustadora.

 

O corpo do sacerdote caiu no chão rude da mina, o bardo surpreendido olhou para trás e tentou acordar o Anjo, Deja Vu berrava um pedido para que ele despertasse, mas de nada adiantou, o rosto banhando em sangue ainda continuava desmaiado.

 

E neste descuido o senhor sentiu a lâmina fria lhe atingir sua espinha, o bardo fez uma expressão de dor e ao mesmo tempo de surpresa, seus olhos que antes observavam Sadjak se dirigiram para seu próprio ventre e lá estava a ponta prateada do sabre.

 

Pingo por pingo o sangue escorria contra o chão, naquela mina era a única música que perpetuava no ar, pingo a pingo, e antes que Deja Vu pudesse fazer algo, o alquimista retirou a espada do ventre com um corte lateral e lhe fincou na garganta.

 

O fio da espada estava quente com o último golpe, aos poucos o pulmão do bardo se enchia do líquido rubro e o ar que contia nele foi-se escapando, o senhor ainda podia sentir o corte em seu ventre, e ainda continuou consciente o bastante para ouvir os gritos desesperados da templária sendo estuprada.

 

Seus olhos vertiam lágrimas, não havia sido forte o bastante para poder ajudar os que amavam, o rosto de Sadjak era tão sereno naquele momento, não parecia que estava ocorrendo tal barbárie naquele lugar, era como se nada daquilo tivesse acontecido, que inveja ele tinha agora daquele rosto, como queria que aquilo fosse um bom pesadelo.

 

Após saciado, o desordeiro caminhou até o sacerdote, checou se ainda estava vivo e confirmou, chamou seus companheiros de equipe e mandou pegar ambos os corpos, o alquimista retirou a espada vagarosamente do corpo fraco e a guardou na sua bainha, chegou perto da Sombra Roxa e do caçador e posicionou o seu carrinho, ambos depositaram os corpos como se fossem sacos de lixo.

 

- Acho que devem dar um bom dinheiro lá no laboratório. - Disse o lider.

 

E assim todos saíram da mina, menos Deja Vu que permaneceu lá, deitado na superfície gelada daquele lugar maldito, os gritos de Ellise ainda ecoavam em sua mente já turva, com todas as suas forças ele tentava se arrastar pela mina para tentar salvar Sadjak e Ellise, mas era uma tentativa frustrada, a terra que entrava pelas feridas as fazia arder em fogo, mas aquilo era pouco com o que o casal iria defrontar futuramente.

 

A face já com certa idade estava encharcada de lágrimas, o bardo tentava gritar o nome de seus amados mas era em vão, só fazia sua dor se prolongar, em sua mente só martelava o pensamento de que aquilo era um pesadelo, de que logo acordaria e veria novamente os dois, a Dama de Ferro e o Anjo Sincero, de que poderia novamente acompanhá-los em uma nova viagem e que conversaria gostosamente com eles, mas não foi assim, aquela era a dolorosa realidade que estava sentido e que lhe estava sugando sua vida, momentos depois seu pulmão já havia se preenchido com seu próprio sangue, aquele era o fim, um fim de uma prosa de amor.

 

----

 

Fim

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