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[Oneshot]Crepúsculo das Espadas


Willen

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O

som de aço se chocando ecoava e transmitia o choque do impacto para as

areias na praia de Hugel. A areia jogada ao vento viajava conforme a

brisa que passava por entre os dois homens que estavam travados frente a

frente, com as suas lâminas pressionando uma sobre a outra. As ondas do

mar se chocavam nas pedras e molhavam os pés dos dois, encobrindo até a

canela de ambos.

 

O mais alto, de cabelos longos e negros

amarrados em um rabo de cavalo, olhava para seu oponente com uma

ferocidade espantosa. Usava nada mais do que um sobretudo bege por cima

da camisa negra , suas jeans escuras e seu coturno para se proteger,

enquanto seu adversário lutava usando toda a armadura de combate dos

Cavaleiros Rúnicos.

 

Era ruivo, com uma cicatriz no queixo por de

baixo de sua barba rala. Tinha no olho esquerdo, um tapa olho meio roxo.

Sua feição era de seriedade, mas com um pequeno sorriso que se formava

do gosto pela luta. Assim como o seu rival, tinha o cabelo preso na

nuca, ainda fosse mais curto que os cabelos negros do oponente.

 

Os

dois forçaram suas espadas e ambos foram jogados para trás pelo

impulso, caindo em suas bases de combate. A espada do ruivo era quase do

tamanho de quem estava a empunhando, uma lâmina arroxeada com uma

esfera amarela na base da lâmina, onde era mais larga. Rapidamente, a

esfera amarela se abre, revelando um globo ocular com íris esverdeada,

dando um ar maléfico à espada que era semelhante à legendária Terror

Violeta.

 

- “O que há de errado com você? Está com medo?” - Uma voz sussurrada saia da espada, mas somente o ruivo que a segurava podia ouvir.

 

- Não é nada não. Ele só é um pouco diferente, mas dou conta. – Ele falava confiante, encarando seu adversário.

 

À

frente dele, o guerreiro empunhava uma espada fina, de lâmina negra e

comprida. Sorriu, afinal, pois estava lutando contra um guerreiro à sua

altura. Baixou a guarda da espada e a deixou com a lâmina apontada para

baixo, segura apenas pela mão direita.

 

- O que foi Luke? Achei que viríamos para treinar, não para ficar analisando minha beleza. – O debochou.

 

- Só estou curioso, Kaliel. Onde está sua Executora? – Luke perguntou, sem sair de sua guarda.

 

Kaliel

então brandiu então sua Masamune negra e ficou com ela apontada para o

ruivo, então correu e saltou para frente, girando de forma espantosa a

lâmina negra na direção do seu oponente. Luke defendeu-se rapidamente,

erguendo a sua lâmina roxa e deixando-a na horizontal à sua frente.

 

- Não se preocupe, ela está aqui e você vai vê-la. – Kaliel faval enquanto as espadas se chocavam no ar. - Ou não, talvez.

 

- Ta brincando? Você não faria isso com seu miguinho, né? – O ruivo forçou a espada de Kaliel para trás e girou a sua para acertar um corte baixo, na altura das coxas.

 

 

O

rúnico saltou para trás antes que o ruivo acertasse um golpe em suas

pernas. Ao tocar o solo, foi dando passos para trás, pois Luke retornou a

sua lâmina na posição e a brandiu novamente, desta vez soltando um

golpe de vento cortante na direção de Kaliel. Ele esquivou-se

sobrenaturalmente para o lado e a lamina passou reto. Luke brandiu de

novo, mas bateu a sua lâmina roxa montante no chão, criando uma onda de

choque na areia que estava para encobrir o seu oponente.

 

Kaliel

avançou de modo excepcional e atravessou a onda de areia, usando a

espada como divisor e proteção. Quando a poeira havia abaixado, só havia

Luke na sua frente. O ruivo sorria e mantinha a mesma posição de

combate. Então o rúnico apontou a fina lâmina para seu oponente,

mantendo-a com uma mão.

 

- É, vou ter que começar a usar meus brinquedos.

– Ele brande sua Masamune de lâmina negra para o lado, então sombras a

rodearam e ela cresceu rapidamente, tomando a forma da grandiosa

Executora.

 

- Eita! Como você fez isso? – O ruivo franziu a testa, indignado.

 

- É por que minha espada é feita com a foice de Bafomé, seu tapado. – Kaliel falou bravo para o amigo. – E

com a força dele eu posso usar as formas da Executora e Masamune com

ela. Mas eu prefiro essa mesmo, da pra arrancar algumas cabeças mais

facilmente.

 

Luke gargalhou. O olho que sua espada possuía

revirou e cerrou a pálpebra. A lâmina roxa tombou de súbito na areia,

surpreendendo até mesmo seu dono, e uma onda de gelo saiu da ponta da

espada, percorrendo o caminho até Kaliel. O rúnico teve seus tornozelos

presos em blocos de gelo.

 

- Mas que... – Falou, tentando se libertar.

 

- Eita! Myrkur é esperto. – Luke sorriu e ergueu a espada. Encarou Kaliel e então começou a andar em sua direção, sem tirar sua postura de guarda.

 

- “Kaliel...seu saco de tripas ambulante...” – Uma voz grave ressoou na mente do rúnico.

 

- “Que foi dessa vez bode?”

– Kaliel fechou os olhos e em sua frente não era mais Luke que andava

em sua direção, mas havia um enorme Bafomé, com várias correntes presas

em seu corpo e em cima de um pentagrama, mas ele não parecia estar

“preso”.

 

- “Se era para vocês terem essa despedida de solteiro na forma de luta, é melhor lutar a sério.” – Bafomé parecia sério ao falar com seu vassalo. – “Ele é idiota o suficiente para te matar sem querer.”

 

- “Vou ver o que posso fazer.”

– Kaliel abriu os olhos e viu Luke levantando a espada, pronto para

descê-la contra o rúnico. Ergue rapidamente a sua Executora e bloqueou o

golpe vertical do ruivo. – Aí, vamos lutar a sério um pouco...

 

Luke

não pareceu entender o que Kaliel havia dito. Quando percebeu, o rúnico

sorria para ele. Myrkur arregalou os olhos e seu olho brilhou. Acima

deles, vários meteoros se formaram e começaram a cair no campo.

 

- “Luke, para trás seu maluco! Para trás!” – A voz de Myrkur parecia agitada.

 

 

- Que nada! Ta mó legal essa luta... –

Luke não deu atenção à sua espada, mas então percebeu o porquê da

agitação. Kaliel sorria de forma insana, exibindo um par de chifres que

lembrava Bafomé. Seus olhos estavam mais finos, e um pentagrama brilhava

em sua testa. Os meteoros estavam caindo enquanto os dois pressionavam

ambas as espadas no golpe. O ruivo sentiu o tremor de uma enorme rocha

cair ao lado, e começou a ser empurrado para trás. Ele estava sendo

arrastado pela força renovada de Kaliel, que estava encarando-o de modo

assassino. Luke firmou o pé esquerdo para trás e forçou o corpo contra

sua espada, conseguindo manter a força igualada.

 

- Você que pensa que só por que é corno tá mais forte que eu! – O ruivo riu por trás das lâminas.

 

- Vamos ver se essa sua espadinha encapetada é mais noiada que o bode que tenho que ficar ouvindo todo dia! – Respondeu Kaliel.

 

Luke

deixou a lâmina negra da Executora escorregar para o lado e avançou

usando o peso do próprio corpo, mas Kaliel havia se soltado do gelo em

suas pernas e virou o corpo para manter as espadas em contato e ergue a

perna para chutar o ruivo, que deu alguns passos para trás.

 

Ambos

se encararam, até que Kaliel foi o primeiro a atacar. Girou sua espada,

criando um arco transversal no ar, que foi defendido pela lâmina roxa

de Luke. O ruivo forçou a arma para o lado e girou o tronco para

contra-atacar, fazendo sua espada cair pesada contra o alvo, mas Kaliel

se defendera, esquivando e deixando Myrkur pender ao lado. Os dois

trocaram golpes por algum tempo, mantendo ataque e contra-ataque com as

espadas ou com a velocidade.

 

- Você parece muito descontraído para um cara que acabou de casar... – Kaliel provocou o amigo, enquanto dava mais um golpe de baixo para cima com sua Executora.

 

- Mas claro! – Luke defendeu e relaxou um pouco. – Eu e a Maloro tivemos uma ótima noite brincando de colocar o peco peco no celeiro. – Disse ele sorridente, fazendo um sinal em V com seus dedos.

 

- “Você

quer parar de ser tão ridículo? Como pode alguém ser tão ingênuo a

ponto de parar de lutar pra ficar contando histórias de lua de mel?” – A voz de Myrkur ressoou para ele.

 

- Você nunca colocou o peco peco no celeiro? – Luke puxou a espada para perto, falando com o olho da lâmina. – Nem cavalgou o peco peco?

 

- “Esses dois são realmente estranhos...” – Bafomé falava para Kaliel em sua mente.

 

- Aí! Luke! Presta atenção! – Kaliel girou a espada para acertar Luke, que se defendeu rapidamente.

 

- Ta, ta, calma.

– Ele segurou a espada com uma mão depois de se defender e puxou algo

de uma pequena bolsa que carregava. Seu amigo ficou olhando curioso. – Vou te mostrar um negócio...

 

 

O

ruivo mostrou pequenas pedras brancas marcadas com runas e um frasco

com um líquido vermelho. Enquanto escolhia as pedras, seu corpo começou a

brilhar em dourado, Myrkur começou a ficar translucida e depois bebeu

todo o conteúdo do vidrinho, deixando seu corpo se arrepiar de leve.

Mostrou quatro pedras para Kaliel e começou a estourar uma por uma.

 

- Vou lhe mostrar...

– Estourou a primeira, e seu corpo começou a ficar escamado com algumas

pequenas garras estranhas saindo dela, lembrando uma centopeia. – O que eu consigo fazer... – Com a segunda, três garras grandes e maleáveis saíram de seu pulso, prendendo a empunhadura de sua espada. – Depois de descobrir algo sobre meu Olho de Hellion!

– Com a terceira e a quarta, a espada pareceu vibrar rapidamente, mas

não houve nenhuma outra aparição medonha. Luke tirou seu tapa olho,

revelando o Olho de Hellion que lhe fora implantado há muito tempo.

 

- Bah! Você ta parecendo uma larva, ou uma centopeia gigante... – Kaliel estava enjoado com a visão do ruivo.

 

- É! – Luke sorriu e coçou atrás da nuca. – Eu sou um Centopeiaman! – Ele ergueu os dois braços e vibrou. Kaliel apenas deu um tapa em sua própria testa .

 

- Então vamos ver o que vai fazer, seu projeto de inseto!

– Kaliel correu na direção de Luke com a espada pronta para atacar, mas

ele foi parado por algo que saia de baixo da areia, e foi arremessado

para trás. Caiu no chão de costas e se levantou rapidamente, segurando

sua espada. – Mas que diabos...Filho da Mãe!

 

À sua frente, Luke

estava rindo dele, mas entre os dois uma enorme carapaça de uma

centopeia estava contornando o ruivo. O inseto gigante havia saído de

dentro da terra, protegendo o seu invocador do ataque do rúnico, e

voltava lentamente para baixo.

 

- Minha Berkana é muito maneira! – Luke colocava as mãos na cintura e gargalhava.

 

- Você está repulsivo Luke... – Kaliel levantava-se, limpando o seu enorme casaco.

 

- Mas eu não tenho chifres pelo menos. – O ruivo respondeu.

 

Luke

continuava rindo, mais foi forçado a se defender quando Kaliel

reapareceu na sua frente com a espada quase lhe acertando.

Surpreendeu-se com o choque de espadas e a velocidade aumentada do

amigo, então deixou a espada segura apenas com uma mão e com a outra

segurou a lâmina negra do rival.

 

- Sabe, o legal é que essa centopeia aqui pode derreter sua arma.

– Luke falou confiante, enquanto segurava ambas as espadas. Porém,

arregalou os olhos quando percebeu que a Executora estava intacta e

Kaliel ria.

 

 

 

- Esqueceu? Essa espada não é normal. Pense nela como se tivesse a essência de Randgris nela.

– O moreno gargalhou ao mesmo tempo em que seus chifres alcançaram um

tamanho monstruoso. As suas unhas cresceram mais, sua pele começou a

ficar parecida com as escamas de um dragão negro, e em seu queixo

formou-se uma barba espessa e preta.

 

- Eita! Você tem estilo... – Luke se firmou, segurando Myrkur com as duas mãos novamente. – Mas não é mais bonito que eu.

 

- Eu acho que sou... – Kaliel, usando também os mesmos efeitos das runas, pressionava a Executora para frente. – A Débi concorda...

 

Os

dois se soltaram do choque de espadas e ficaram se encarando. Ambos

sorriam, estavam usando o máximo de suas habilidades e testando um

contra o outro. Luke brandiu a sua Myrkur e novamente uma lâmina de

vento foi disparada contra Kaliel, mas a magia foi barrada por uma

enorme barreira feita com ossos humanos que vinham da terra.

 

- A sua centopeia gigante te protege com tanto estilo quanto os ossos das pessoas que já matei? – Kaliel estava feroz, olhando para o amigo.

 

- Vish, tem todo mundo aí? Tem certeza? – O ruivo provocou de volta.

 

A

barreira feita de ossos caiu no chão e desapareceu rapidamente por

baixo da areia. Kaliel ergueu sua Executora e partiu para cima de Luke. O

ruivo estourou outra runa e sua espada rebateu contra a de Kaliel, e

uma sombra de centopeia surgiu atrás dele, como se o golpe fosse feito

por uma cabeçada de uma centopeia gigante. O rúnico foi jogado para trás

com a força do golpe, mas rapidamente se pôs de pé, correndo velozmente

contra o ruivo.

 

Deixou que a Executora tocasse o chão e

arrastasse a ponta da lâmina por cima da areia, ganhando mais peso.

Porém, antes de se aproximar o suficiente para acertar Luke, segurou a

espada com firmeza e fez um corte de baixo para cima, arrastando areia

contra os olhos do ruivo. Com um novo giro, Kaliel cravou a espada no

solo e urrou. Luke percebeu o que aconteceria e pulou para trás, mesmo

sem poder enxergar direito. Uma enorme explosão de fogo tomou conta da

área. O Impacto Flamejante de Kaliel fez com que a areia se tornasse

escaldante, e tornou o cenário um misto de areia e vidro, tamanho o

calor do seu ataque.

 

Luke conseguiu escapar, mas teve a capa um

pouco chamuscada pelo ataque. Limpou os olhos e correu na direção do

outro rúnico. Kaliel tirou a espada da areia e se preparou para atacar.

Os dois estavam com botas grossas, e o ruivo ainda tinha uma proteção

metálica por cima, o que fazia com que a areia aquecida não afetasse

diretamente os dois, embora grudasse um pouco a sola que derretia

lentamente.

 

Novamente houve um choque de espadas e troca de

golpes. A luta estava em um nível muito alto, com a velocidade de ambos

sendo absurda, assim como os ataques. Quando os golpes não podiam ser

esquivados, defendiam-se aparando os ataques ou usando suas defesas da

runa Berkana como ultimo recurso. Por fim, Luke berrou e puxou Myrkur

para trás, e uma aura vermelha começou a rodear sua espada. Kaliel

saltou para trás e fez o mesmo movimento, mas a aura que envolvia sua

Executora era negra. Os dois concentraram suas forças no movimento que

trazia as espadas com a ponta para frente, e a aura girando velozmente

ao redor.

 

 

- Perfurar em Espiral!

– O grito de ambos foi solto em uníssono. O ar ao redor das duas

espadas girou de tal forma que o ataque perfurante parecia dividir o

vento entre eles. O choque das espirais arremessou os dois para trás,

fazendo-os cair deitado na areia.

 

Os dois gargalharam e ficaram

um tempo no chão, olhando para o alto enquanto o sol perdia seu brilho

no horizonte pouco a pouco.

 

- Quem diria que a gente iria lutar assim. – Kaliel olhava para o alto, sereno. Sentia-se feliz pela luta e via já os primeiros sinais da noite, junto das estrelas.

 

- Meu irmão, lutar faz bem ao coração. – Luke riu, balançando as pernas na areia, mas também olhava para o alto e exibia um olhar tranquilo.

 

Os

dois fitaram o céu. A mescla das cores laranja e azul tornava aquela

cena belíssima, e ambos começaram a se lembrar da vida que tiveram, dos

momentos que passaram.

 

- Tudo que eu sempre quis foi honrar meu pai, mesmo ele não sendo presente... – Falou Kaliel, deixando escapar um suspiro.

 

- Não é o único que tem um objetivo movido pela família. – Luke retrucou e ficou pensativo. O mapa era ainda um peso a ser lembrado.

 

Kaliel

ergueu a mão livre e fechou o punho ao alto. Ainda se lamentava por

muitas coisas que já tinha feito, mas então veio à sua cabeça a imagem

de uma jovem loira, bela e sorridente para ele. Riu e abaixou o braço,

parecendo conformado com seu estado atual.

 

Enquanto isso, Luke

colocou o braço embaixo da cabeça e ficou observando os primeiros

brilhos das estrelas ao alto. Casara há apenas um dia, ainda estava

pensando sobre o que isso significaria na sua vida, mas gargalhou ao

pensar no motivo. Tudo era divertido de se fazer, e gostava muito das

pessoas com quem convivia.

 

O silêncio tomou conta da praia.

Apenas o vento e o som do mar rebatendo nas rochas podiam ser ouvidos.

Cada um sentia o bater do coração no peito, pondo à prova as habilidades

adquiridas depois de anos de vida, tantas coisas que aconteceram e

marcaram a existência dos dois.

 

- Como é que eu pude virar amigo de um emo que nem você? – Luke, por fim, riu ao lembrar-se do dia em que ele e Kaliel foram atrás de cultistas em Hugel.

 

- Ta reclamando do que? Não vai querer ficar preso em uma sala mágica né? – Revidou o moreno.

 

- Nossa. Aquilo foi mó divertido.

 

- Hehe, tem muito que aprender ainda Luke. – Kaliel sorriu.

 

- Eu? Você é que tem que aprender a viver, seu desconhecido. – Luke rebateu uma verdade. – E você ainda quis apostar comigo, só por que agora eu sou casado e você ainda tá aprendendo a lidar com as mulheres.

 

- Que? Se fosse antes de te conhecer, teria arrancado sua cabeça sem pensar duas vezes. – Kaliel retrucou.

 

- Mas então, ainda acha que pode ganhar de mim?

 

- Bah, eu não vou perder essa Luke. – Kaliel se levantou e reativou suas habilidades de combate. – Só por que essa é uma despedida de solteiro não significa que eu é que vou sair perdendo.

 

- Mas já que escolhemos lutar por causa disso, vamos terminar e ver quem ganha. – Luke se levantou, sorrindo para o amigo e também renovou suas habilidades de combate.

 

Os

dois gargalharam, ficaram em silêncio depois e tudo tremeu. Ambos

estavam usando o máximo de suas técnicas e acionavam a habilidade máxima

dos Lordes, o frenesi. Era tanta força e poder que a água do mar

evitava chegar perto dos dois. O sol já estava se pondo, deixando seu

brilho alaranjado cobrir o cenário da pacífica Hugel, enquanto as areias

se erguiam diante o poder máximo dos dois guerreiros. Kaliel brandiu

sua espada furiosamente e partiu para cima de Luke, que aguardava com

Myrkur em posição. Estavam em frenesi absoluto pela luta, cada um usando

o seu conhecimento sobre as runas e tomando a forma que lhes davam a

sua aparência temida. Mas acima de tudo, estavam felizes com o combate.

As espadas se chocaram, o aço ressoou o impacto pela praia de Hugel, e o

sol estava se pondo.

 

 

Hugel...

 

 

A

noite caia serena em Hugel. Muitos viajantes estavam indo pra a taverna

da cidade, onde eram servidos pratos quentes, bebida gelada e a música

divertiam os pagantes. Alguns conversavam sobre duas pessoas que estavam

lutando na praia ao longe, mas gargalhavam dizendo que não acreditavam

em tal coisa. Porém, as portas se abriram e dois homens entraram muito

feridos, um sendo apoiado pelo ombro do outro. As pessoas pararam de

conversar para olhar os dois, um tanto preocupados pelo que teria

deixado eles daquele jeito, pingando sangue, alguns cortes e hematomas

pelo corpo.

 

Os dois sentaram nos bancos do balcão da taverna.

Kaliel vestido com seu típico sobretudo, que estava rasgado e

amarrotado, e Luke usando sua armadura de combate completa, mas faltando

alguns pedaços e amassados terríveis em outros. O taverneiro,

preocupado com a situação dos dois, se aproximou.

 

- Vocês estão bem? – Perguntou.

 

Os

dois, que estavam cabisbaixos, ergueram a cabeça com um sorriso enorme e

começaram a rir. O taverneiro levou um susto e ficou alarmado com eles.

 

- Não acredito que não descobrimos quem é o mais forte. – Luke dava risadas e apertava o pescoço de Kaliel com seu braço.

 

- Sai daí, eu sei que eu desmaiei depois de você. – O moreno revidou fazendo um cafuné na cabeça do ruivo.

 

- Mas afinal, do que é que estão falando? – O dono do bar coçava a cabeça, meio bravo por conta do susto.

 

Kaliel

parou de socar a cabeça do amigo e se virou confiante para o homem, e

Luke bateu na mesa com seu punho, soltando o amigo do abraço e cruzando

os braços.

 

- Nós disputamos por uma noite inteira de rodadas de bebida!

– Kaliel falou, certo das palavras que usava e Luke concordava com a

cabeça, sorrindo. O taverneiro revirou os olhos, voltou a limpar as

canecas e balançou a cabeça. Todas as pessoas da taverna estranharam os

dois. Estavam feridos, mas por que lutaram por uma rodada de bebidas.

Alguns riram, outros lamentavam a falta de decência, mas o que sobrou na

noite foram as gargalhadas dos dois que tinham vidas novas e enchiam a

cara por conta disso. Pagaram por suas canecas de cerveja e hidromel e

se divertiram a noite toda, contando seus feitos, rindo das burrices e

falando sobre as garotas com quem saíram. Acima de serem guerreiros,

eram bons amigos.

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