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Errende Ebecee


Hong Wang

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Editado: 15/04 - Segundo capítulo postado

 

    Certo, antes de mais nada, vou falar da proposta dessa fanfic. Recentemente li a fanfic Laboratório de Somatologia, do autor Peliz Feliz. Admito que a fanfic me deixou em uma posição um tanto desconfortável, inicialmente perguntei-me o que tinha na mente do autor em torturar os personagens de tal forma, depois perguntei-me porque os leitores gostavam da fanfic. Com várias opiniões e muita reflexão, passei a notar que algumas pessoas não conseguem se colocar na situação do personagem por estarem presos a visão médica.

 

     Minha proposta é reescrever o capítulo referente ao Errende Ebecee (Último capítulo da fanfic do autor Peliz Feliz) com as minhas palavras e interpretação. Vou utilizar apelo emocional para tornar o personagem mais humano e exibir os medos e angustias dele com base na visão que tive ao ler..

 

     Antes de mais nada, não tenho a permissão do autor para escrever essa fanfic (Se ele conceder, me fará feliz). O texto não foi betado (Erros ortográficos corrigidos, além de ter sido escrito no bloco de notas, então vários erros de concordância e digitação passaram batidos também) e pode haver erros em relação a espaço/tempo, pois o meu char mais forte de ragnarok ainda não consegue entrar no laboratório sem gastar 100 poções brancas por monstro (Ou seja, não consegui concluir a quest de Lighthalzen, apesar de ter feito a da amizade e a do acesso ao laboratório).

 

     Caso alguém leia, ficarei feliz em receber comentários e publicar novos capítulos.. Porém, se ninguém ler, mantenho o plano de enviar para determinadas pessoas a história e pedir uma nova interpretação delas sobre a situação do Errende Ebecee na fanfic do Laboratório de Somatologia.

 

~ Capítulo 1

Era mais uma manhã quente de verão em Prontera. Crianças brincavam nas proximidades da cidade, correndo pelo campo sem compromissos, divertindo-se. Entretanto, três delas agiam diferente das outras, discutindo em vez de brincar. Os adultos nas proximidades ignoravam, achando que era "briga de criança", porém, caso olhassem atentamente, perceberiam que a discussão estava causando grande desconforto para um dos pequenos.

 

- Você não pode brincar com a gente! - dizia um menino determinado, cruzando os braços e batendo o pé no chão com força.

 

- Sim, sim! - concordou uma menina um pouco menor, tentando imitar o gesto do outro.

 

- Posso sim! Idiotas! - retrucou o garoto que estava sendo excluído, visivelmente irritado.

 

As vestes do garoto excluído do grupo eram visivelmente inferiores, com um tecido gasto de tanto ser lavado e folgadas para o corpo do mesmo. Os outros dois vestiam-se bem e eram confiantes, possivelmente líderes dos demais garotos da área.

 

- Nos chamou de idiotas.. - falou a menina em um misto de surpresa e indignação, agarrando-se nas vestes do companheiro com um pouco de medo.

 

- Grr.. - o menino rugiu, principalmente após a reação da amiga. - Você não pode mais brincar conosco, Christopher Wilbard! - falou o nome todo do outro, quase como se anunciasse uma sentença.

 

- Ora, seu.. - Christopher fechou os punhos, pisando com força na direção do outro, com intenções claras de machucá-lo.

 

Entretanto, antes que pudesse fazer qualquer coisa, um baque suave foi sentido na cabeça das outras duas crianças, fazendo todos virarem-se para saber quem era o responsável. Atrás do grupo estava um jovem noviço de seus recém completados dezessete anos, usando sua bíblia como arma para bater na cabeça das crianças insolentes que causavam problemas logo cedo.

 

- Errende! - pronunciaram em unissolo.

 

- Tsc.. Como podem brigar desse jeito? - perguntou, visivelmente irritado pela confusão.

 

- Errende, eles não querem me deixar brincar! - falou Christopher, indo as pressas na direção do noviço e puxando a mão dele, implorando para que ele resolvesse o problema.

 

- Anabela, Jones.. - no mesmo momento o rapaz olhou para as outras duas crianças, focando a irritação neles. - Por que estão fazendo isso?

 

As outras duas crianças desviaram o olhar, hesitantes diante a desaprovação do Errende. Como resposta, o noviço ergueu a bíblia como se fosse atingi-los novamente, fazendo-os ficarem alertas e cederem.

 

- Não bate! Eu digo!! - disse Jones, movendo os braços como se pedisse mais tempo. - Anabela tinha um bonequinho novo e o Christopher ficou de olho nele! Aí ela deixou no chão para ir brincar de pique e, quando voltou, ele não estava mais lá. Todo mundo sabe que foi o Christopher, porque ele foi o único que não brincou de pique e ele é pobre.

 

Os pulmões do jovem noviço se encheram de ar, dando um longo suspiro em seguida. Estavam acusando o Christopher de ladrão? Será que eles não tinham ideia do quão grave era fazer uma acusação daquelas? Sabia que simplesmente repreendê-los não resolveria os problemas que Christopher estava tendo por ser excluído, então precisaria conversar de forma madura de um modo que eles entendessem.

 

Abaixou-se, apoiando a bíblia nos joelhos e ficando quase sentado no chão, olhando para os dois pequenos fixamente. Era possível vê-los tremendo, como se fosse fazer algo terrível com eles, como contar aos bispos de seu comportamento - coisa que, apesar de ameaçar, nunca tinha coragem de fazer. Deu um leve sorriso para tranquilizá-los, negando com a cabeça.

 

- Não façam isso com o Christopher, é errado. Só porque os pais dele não podem comprar mais brinquedos para ele, não significa que ele seja pobre.. "Pobre", na verdade, é uma palavra muito feia, não acham? Vocês três não tem ideia do quão afortunados são.

 

- Até o Christopher..? - perguntou Anabela, confusa.

 

- Claro! - respondeu Errende com certa animação. - Ele tem pais amorosos que se esforçam todos os dias para dar um almoço gostoso para o Christopher comer, não é? Todos vocês tem uma mãe gentil que os abraçam quando vocês se machucam e um pai preocupado que os orienta sobre o certo e o errado. Para os Deuses, ser amado é ser afortunado, vocês acham que está errado?

 

Um pequeno silêncio surgiu, havendo uma breve reflexão do grupo. Um pequeno sorriso surgiu nos três, concordando com o que Errende dizia. Se os Deuses diziam isso, não havia como discutir. E, acima de tudo, confiavam no Errente, que trabalhava justamente para os Deuses.

 

- Ótimo! - exclamou o noviço, levantando-se e ajeitando a batina. - Então brinquem todos juntos, está bem? Não fiquem mais brigando dessa forma.. Amizade é uma dádiva e não devemos desperdiçá-la.

 

- Uhm.. - Jones aproximou-se de Christopher, visivelmente desconfortável. - Pode brincar com a gente.. Se você quiser, é claro.

 

O sorriso dos lábios do rapaz se alargaram, afastando-se do grupo de crianças e indo para os portôes da cidade. Era nesses momentos que sentia-se bem em ser adulto, conseguindo a atenção das crianças sem grande esforço. Ajeitou os cabelos loiros, empurrando-os suavemente para trás da orelha. Queria ter tido algum adulto que interferisse em seus problemas quando criança, mas agora podia evitar que a situação que enfrentou se repetisse.

 

- Brincar com vocês? Ah.. Vou pensar no caso, mas, diferente de vocês, tenho mais o que fazer! - respondeu Christopher com deboche em um tom quase exagerado, correndo em direção do noviço em seguida.

 

- Christopher, o que pensa que está fazendo? - indagou Errende, tendo sido capaz de ouvir as palavras do menino mesmo quando tomou distância.

 

- Vou para casa, daqui a pouco é o almoço.. Enquanto isso, eu te levo até a igreja! - respondeu o menino com um sorriso de orelha à orelha

 

- Mas os seus amigos.. - hesitou, voltando o olhar para o campo antes de atravessar os portões e começar a andar pelas movimentadas ruas de Prontera.

 

- Você é o meu amigo - respondeu o menino, ainda sorrindo. - Você vai rezar hoje?

 

- Ah? - Errende não pode ocultar a surpresa vinda da afirmação, sentindo-se estranhamente feliz por ouvir tais palavras. Logo depois veio aquela pergunta um tanto fora de foco, fazendo-o rir discretamente. - Sim, irei sim.

 

- Por que você reza todos os dias? Rezar é chato - comentou, chutando a primeira pedrinha que apareceu no caminho.

 

- Você acha chato? - perguntou, levando uma das mãos ao queixo e voltando o olhar para a rua, pensativo. Para as crianças rezar deveria ser um pouco cansativo, não era? Mas, estranhamente, sempre considerou uma oração algo reconfortante. - Eu gosto de fazer as minhas preces, deixa-me mais próximo dos Deuses. Você não gosta? Saber que não está sozinho e poder ser amigo de algo grandioso.

 

- Não, não gosto - respondeu com simplicidade. - Como vou ser amigo dos Deuses se eles não vão sair para brincar comigo? Que coisa idiota..

 

Dessa vez Errende riu de forma mais exagerada, precisando deixar as mãos nos lábios para se conter e não chamar a atenção dos mercadores da rua. É, talvez parecesse idiota com as palavras que havia usado. Crianças eram tão sinceras, chegava a ter um pouco de inveja delas nesse ponto.

 

- Hahaha, desculpe-me - pediu quando sentiu maior controle sobre suas risadas, voltando a olhar para o Christopher. - Mas tente fazer suas preces. Não precisa fazer orações completas, apenas converse com os Deuses, eles são capazes de te ouvir.

 

- Ah.. - Christopher ficou olhando para Errende com um ar de desconfiança, ele falava sério? Os Deuses o ouviam? Ou estava brincando consigo? Ficou meio descrente depois de vê-lo rir daquele jeito. - Vou tentar.. - respondeu, ainda na defensiva.

 

- Chegamos. - disse Errende, ajeitando a postura e a bíblia de baixo do braço. Já podia avistar a catedral no final da rua, então não era necessário que Christopher continuasse o acompanhando. -Vá para casa com cuidado, está bem?

 

- Certo! - e a animação de Christopher voltou, remexendo os bolsos e tirando um pequeno boneco de pano colorido deles, entregando-o ao noviço. - Para você, por ter me ajudado hoje - falou, sequer esperando uma resposta e correndo pela outra rua. - Até amanhã, Errende!

 

- ...

 

Um sentimento indiscritível tomou conta do noviço enquanto fitava aquele pequeno brinquedo em mãos.. Então o Christopher havia mesmo o roubado, não era? Céus, o que podia fazer com aquela criança? Perdeu a pose, dando um suspiro e jogando os ombros para a frente, pelo visto teria trabalho com aquele menino, além de precisar inventar uma desculpa para Anabela, pois devolveria a ela o brinquedo sem querer acusar Christopher do roubo.

 

- Vejo que ainda não consegue ser imparcial, Ebecee - falou um sacerdote de cabelos ruivos, que levava alguns livros em mãos enquanto caminhava na direção da igreja.

 

- Sacerdote Praupin! - exclamou o garoto, olhando-o surpreso. Ele sabia de alguma coisa?

 

- Continua generoso com os orfãos e pobres.. Se me permite dizer, generoso até demais - falou, arqueando uma das sobrancelhas e fitando-o com um ar irônico.

 

- Mas.. Eles são os que mais precisam de nossa ajuda, pois dificilmente recebem atenção de outro - respondeu, abraçando a bíblia contra si. Seus métodos eram inadequados? Só queria ajudar os necessitados.

 

- E acha justo bater em duas crianças apenas quando três estão brigando? - manteve a mesma posição, rindo internamente por ter colocado o menino na mesma posição que antes ele colocou os pequenos.

 

- Ah?! Você viu?! - indagou, atordoado. - Desculpe-me, mas é que o Christopher é um bom menino, só precisa de atenção e orientação. Os pais dele trabalham muito e não tem tempo de olhá-lo, então eu pensei.. - antes que pudesse concluir seu comentário, Praupin começou a rir, só parando quando quase desequilibrou os livros que levava. - Sacerdote Praupin?

 

- Ops! - fez uma manobra exagerada, mas conseguiu manter os livros em mãos, sorrindo. - Não estou te repreendendo, Ebecee.. Você simpatiza com aquele garoto, não é? Entendo que queira ajudar as pessoas que passam o mesmo que você passou, só tome cuidado para não cometer injustiças, certo? Se bem que eu confio em sua capacidade de julgar o certo e o errado - disse o sacerdote, seguindo andando por já estar cansado de carregar os livros daquele jeito.

 

- Sim, sacerdote - concordou Errende, seguindo-o. - É.. Sacerdote Praupin, precisa de ajuda? - perguntou com certa preocupação, ele parecia começar a correr com medo de derrubar aqueles livros.

 

- Ah, não, tudo bem! Preciso só levar isso para o bispo e depois levar mais mil coisas para o mosteiro.. Tsc, não sei de quem foi a ideia de reformarmos o velho mosteiro, nunca vamos utilizar aquele local mesmo.

 

- Certo, então irei para a cozinha verificar como está o preparo da refeição - falou, afastando-se e tomando um outro caminho. Sabia que a reforma do mosteiro estava causando muitos problemas para a igreja, mas apenas os sacerdotes estavam sendo requisitados para auxiliar nesse trabalho, deixando os noviços incapacitados diante a hierarquia.

 

Errende continuou seus afazeres diários, ajudando que o almoço fosse servido, limpando os salões da catedral e fazendo - junto com outros noviços - a manutenção do cemitério. Ao terminar seu trabalho, direcionou-se para o interior da igreja, sentando-se na biblioteca local e iniciando seus estudos diários . Foi quando mexeu em sua bíblia que recordou-se do item que carregava no bolso, retirando o brinquedo e fitando-o pensativo. Anabela deveria estar a procura dele, não era? Fitou a janela, ainda era dia, talvez encontrasse as crianças brincando nos arredores da cidade novamente.

 

Deixou a bíblia de lado, caminhando pela cidade naquele fim de tarde, carregando apenas o boneco em mãos. Diria que ele foi encontrado por um dos soldados dos portões e deixado na igreja para que o seu dono fosse localizado, sabia que mentir não era correto, mas seria melhor do que colocar Christopher em uma situação difícil. Saiu da cidade, caminhando pela grama verde que parecia brilhar diante do pôr do sol, dando uma agradável sensação de tranquilidade.

 

- Onde será que estão? - perguntou para si mesmo, segurando o bonequinho com mais força e olhando por todos os lados, na dúvida sobre em qual direção seguir.

 

Errende teve de conter sua respiração por um momento, sentindo uma estranha dor em suas costas, cambaleando um pouco e virando-se, buscando a causa de tal desconforto. Seu sangue gelou quando avistou uma flecha em suas costas, sendo atingida por uma segunda flecha, próxima a anterior.

 

- O que é is.. - não teve tempo sequer de concluir a frase, uma terceira flecha atingiu o seu braço.

 

Olhou para a vegetação próxima, querendo saber quem fazia isso e o porquê. Sentiu sua visão ficar embaçada, não conseguindo focalizar direito o que havia entre as plantas, mas avistando uma pequena movimentação das folhas. Uma quarta flecha atingiu-o, deixando sua mente nublada cair na escuridão.

 

~Fim do primeiro capítulo.

 

Observações:

- Como desconheço o tempo que ocorreram os fatos, criei uma suposição de que são entre trinta à cinquenta anos anteriores aos dias atuais. O sacerdote Praupin é um NPC que encontra-se no mosteiro, imagino-o na história como um jovem sacerdote que desacredita na utilização ativa do velho mosteiro - o que seria uma irônia, pois futuramente ele será o responsável pelo local, que é a área onde ocorrem treinamento de jovens noviços e monges.

 

- Evitarei descrições físicas dos personagens pelos seguintes pontos: Os personagens serão descontinuados - não terão novas aparições - e desconheço a existência de NPCs ou imagens referentes aos demais personagens do laboratório.

 

 

~ Capítulo 2

 

O corpo de Errende estava pesado, como se acabasse de despertar de um longo sono após uma exaustiva jornada. Remexeu-se, sentindo os lençóis em seu corpo e segurando-os , buscando meios de se envolver ainda mais com eles. Estava cansado e tudo o que queria era dormir, acomodando-se e buscando recuperar o sono temporariamente perdido.

 

Um odor de álcool chegou as narinas do noviço, fazendo-o hesitar em abrir os olhos e buscá-lo. Não havia como álcool ser colocado nos dormitórios dos noviços, visto que toda a limpeza era feita com água e sabão. Apesar de não ser necessária uma grande reflexão, buscava várias outras respostas para fugir da lógica, meios de se justificar e não precisar aceitar um fato simples: não estava no dormitório.

 

Um som de passos a distância fez com que o jovem enfrentasse todos os seus medos, abrindo os olhos e erguendo-se da cama, buscando a pessoa que se aproximava. Foi quando seus olhos se encontraram com os de um homem vestido roupas pretas, que abriu parte da grade do quarto em que estava e depositou uma bandeja sobre uma escrivaninha. Apesar de desejar perguntar onde estava e o que acontecia, toda aquela situação deixou-o confuso e, consequentemente, mudo.

 

O som da grade batendo e do trinco sendo fechado, quando o homem se retirou, foi o alarme para que Errende reagisse, esfregando os olhos com as costas da mão e erguendo-se da cama onde estava deitado. Vagou momentaneamente por aquele quarto que possuía uma parede de grades - era um quarto ou uma cela? Existia uma cama simples - com dois lençóis, uma coberta e um travesseiro -, uma escrivaninha e uma cadeira - onde estava a refeição entregue -, uma pia e uma latrina - sinal de que não poderia fazer sua higiene básica em um local privativo.

 

- Desculpe-me - falou as pressas, correndo até as grades e olhando para o longo e escuro corredor que seguia-se em ambos os lados, quase como se fosse um presídio com todas as demais celas vazias. - Há alguém aí? - indagou, dando um longo e pesado suspiro.

 

Em passos lentos, chegou a cadeira e sentou-se nela, olhando para a comida servida. Parecia saborosa, que irônico.

 

Havia sido sequestrado? Improvável, não tinha uma família e nem posses que pagassem o resgate, além de considerar impossível que criminosos tivessem um espaço tão grande disponível para mantê-lo preso. Será que era algum teste de noviço? Tinha ouvido dizer que o teste para sacerdotes era uma situação que enfrentava pressão física e psicológica, só que não lembrava de ter pedido para participar do teste - nem tinha concluído seus estudos de noviço.

 

Começou a repensar todos os ocorridos antes de acordar ali. Estava indo entregar o boneco de pano de Anabela, mas não achava-a e.. Ergueu-se rápido, indo até a cama e puxando a coberta, localizando o brinquedo na cama. Não tinha entregado? Então algo havia ocorrido para impedi-lo, correto? Respirou fundo, segurando o boneco com ambas as mãos e pensando com calma. Estava buscando-a e sentiu uma dor nas costas, quando virou-se.. Mordeu os lábios, lembrava-se de tudo, havia sido atingido várias vezes até a sua mente ser tomada pela escuridão.

 

Errende passou as mãos pelos locais atingidos, fazendo uma leve pressão sobre as roupas. Não havia mais nenhum ferimento, isso só podia significar que, ou havia dormido demais e alguém tratou de si nesse meio tempo, ou um sacerdote tinha usado o poder divino para curá-lo. Suas mãos deslizaram pelo tecido da batina, não sentindo as perfurações no tecido ou sequer o estado gasto que ela tinha - no momento do ocorrido usava suas vestes de trabalho.

 

- Então isso é mesmo um teste? - perguntou-se com um ar tedioso, falando sozinho para livrar-se do incômodo silêncio. - Não há o que fazer, não é? - deu um leve sorriso, voltando para a cadeira.

 

Seria mentira se falasse que não estava assustado, mas era melhor apoiar-se em frágeis ideias de que as razões para estar ali eram meros testes para o sacerdócio do que enfrentar o desconhecido. Ainda com o sorriso nos lábios, uniu as palmas das mãos e entralaçou os dedos, fitando o prato de comida.

 

- Balder, filho de Odin e Frigga, que seus pais dêem vossa benção a todo homem de bom coração. Peço suas graças ao prato diante de mim, permita-me não passar fome ou enfrentar enfermidades - pediu, ajeitando-se e começando a comer.

 

Era saboroso, isso não havia dúvida. Foram poucas às vezes na vida que teve o prazer de experimentar algo semelhante - na igreja os encarregados das refeições eram os noviços e constantemente os sacerdotes encaravam-os quando a carne ficava queimada ou o peixe cru.

 

Na solidão o tempo passa de forma diferente, às vezes cinco minutos é uma eternidade, outras vezes horas percorrem como se fossem segundos. Já havia passado dias em exílio para mostrar sua fé, mas o tempo disponível ali fazia-o pensar e enquanto pensava, suas dúvidas surgiam e suas ideias de que era uma situação temporária tornavam-se cada vez mais frágeis. Seu único entreterimento era o bonequinho de Anabela, que forçava-o a recuperar seus instintos infantis e brincar com ele.

 

Deitou-se quando começou a sentir fome novamente, dormindo mesmo que sem sono para que o tempo voltasse a passar. Em meio ao seu sono frágil, pode encontrar-se no vazio e recordar-se de suas lembranças mais delicadas.

 

-

 

Era só uma criança orfã, com muitas outras que vagavam pelos becos da cidade e alimentavam-se do lixo dos outros. As pessoas que passavam pela rua olhavam-os com pena, mas Errende enrolava-se na velha manta que o cobria e fechava-se para o mundo da mesma forma que as oportunidades fechavam-se para ele.

 

Com os seus pés descalças, caminhava pelo sujo e frio chão a noite, o único horário onde podia sair das vielas sem ser capturado por um guarda e expulso da cidade - onde não havia comida e nem um sono seguro graças aos monstros. Separando-se de um grupo de crianças sem nome, Errende arrastava sua manta pelo chão em busca de algum alimento.

 

Foi em uma fria noite de inverno que encontrou-o, parando seus lentos passos e deixando os seus castanhos claros focalizarem naquele cavaleiro.. não, lorde! Que olhava-a de forma vazia, sem pena ou indiferença. A mente de Errende agitou, imaginando que alguém havia finalmente olhado para si, só que logo sua agitação passou, percebendo que estava na frente dele, possivelmente impedindo o seu caminho. Abaixou o olhar para o chão, recuando para o lado e cedendo passagem para que ele prosseguisse.

 

- Ei.. - disse a forte voz do homem enquanto passava próximo a Errende.

 

Sem qualquer explicação, Errende fitou-o e recebeu uma quantia de zenys em mãos, não podendo esconder a surpresa enquanto via o lorde sumir na noite. Segurando com força o dinheiro recebido, apertou os olhos com os punhos, querendo impedir-se de ficar abalado e chorar.

 

- Obrigado - sussurrou de forma fraca, imaginando que aquele homem já não poderia ouvi-lo.

 

No dia seguinte acordou pouco depois do amanhecer, caminhando em direção ao mercado para utilizar o dinheiro recebido. Planejava comprar algo gostoso para que ele e as demais crianças comessem - não que fossem amigas, na rua era cada um por si, mas sabia que elas também sentiam fome.

 

Só que, mesmo com o dinheiro em mãos, os mercadores não queriam lhe vender nada, dizendo que não aceitariam dinheiro roubado de uma criança como aquela. As pessoas no mercado empurravam-o como se ele não fosse nada e agiam com frieza, mostrando que aquele não era o seu lugar.

 

- Por favor, venda-me! Eu posso pagar - pediu Errende a um mercador de maças, mostrando o dinheiro que tinha em mãos.

 

- Tsc.. - o mercador já ia recusar novamente até que avistou a quantia razoável que ele carregava, tomando-a das mãos do menino. - Você roubou isso? Não vou permitir que um garoto como você fique com todo esse dinheiro, seria um crime para economia!

 

- Mas.. E as maças? - perguntou Errende, assustado. Se ele havia tomado o seu dinheiro, deveria ao menos ceder-lhe o produto.

 

- Que?! Vai querer roubar-me também? Saia daqui antes que eu chame os guardas! - falou em um tom forte, querendo chamar a atenção ao seu favor.

 

- Mas.. - os olhos de Errende vagaram as pessoas próximas que olhavam-no com desaprovação, possivelmente achando que ele tentava estorquir o mercador.

 

- Não acho que seja um crime para economia, senhor.. Até porque, você já conseguiu o valor e o lucro com as maças ao tirar o dinheiro dele, não é? - indagou uma bela sacerdote que aproximou-se, já tendo observado a discussão a distância.

 

- Err.. Senhorita Sorin..! - falou o mercador, ficando aflito diante a autoridade clériga.

 

- Dê as maças ao garoto, tio! - disse um noviço próximo a sacerdotiza, batendo um punho contra o outro.

 

- Tenha modos, Praupin.. - falou Margareth, a sacerdotiza.

 

Um sorriso doce surgiu nos lábios da mulher, olhando atentamente para o mercador. Odiava esses mercadores que aproveitavam-se do engano dos jovens para lucrar, ainda mais quando faziam-no de forma extremamente injusta, como este fazia.

 

- Deve-se dizer, por favor.. Dê as maças ao garoto - pediu, mantendo o sorriso, mas falando com severidade ao mercador.

 

- Certo! Droga, tome logo essas maças e saia daqui! - disse o mercador, jogando uma quantidade razoável de maças em um saco de papel e quase atirando-o na direção do Errende.

 

- Vamos, Praupin - chamou a sacerdotiza, afastando-se junto do noviço.

 

- Ei! - Errende apressou-se para segui-los, eles haviam o ajudado, não era? Deveria ao menos agradecê-los.

 

- O que quer, garoto? - perguntou o noviço, parando de caminhar e colocando uma mão na cintura, agindo com grande confiança.

 

- Não precisa nos agradecer - disse a mulher, rindo baixinho.

 

- Eu faço questão - disse Errende com convicção, curvando-se e fazendo uma reverência ao grupo. - Muito obrigado.

 

A surpresa de Sorin e Praupin foi visível, pois a sacerdotiza havia dito tais palavras com certo sarcasmo - nunca esperaria ouvir agradecimentos de um menino que mais parecia um gatuno. A jovem aproximou-se do menino, colocando uma das mãos no ombro dele e olhando-o com ternura.

 

- Qual é o seu nome, menino? - perguntou.

 

- Eu.. - Errende engoliu a seco, era a primeira vez que perguntavam-lhe isso desde que havia perdido sua mãe e virado mais um orfão que vagava pelas ruas. - Ebecee, meu nome é Errende Ebecee.

 

Praupin não escondeu o espanto, até onde sabia, esses meninos dificilmente tinham um nome - ou se apresentavam, pois não queriam ser conhecidos como ladrões. Pela forma carinhosa que Margareth se apresentava, ela deveria achar a mesma coisa, julgando aquele garoto diferente dos demais.

 

Errende pela primeira vez pode contar sua história, dizer que seu pai havia falecido quando muito novo e sua mãe, uma mulher frágil, trabalhou duro para sustentá-lo, mas havia falecido há pouco mais de um ano. No início tentou trabalhar como aprendiz na cavalaria, mas sua pouca idade e excesso de tolerância impediram-no de prosseguir. Como toda criança, ele não sabia administrar e foi enganado diversas vezes, perdendo o pouco que sua mãe deixou.

 

Margareth e Praupin guiaram-no até a igreja, pedindo para que o bispo falasse com ele e tentasse ajudá-lo. Errende começou como aprendiz no local, ajudando na manutenção, mas em pouco tempo encontrou sua verdadeira vocação, entrando na igreja e utilizando de tal status para ajudar quem precisava.

 

-

 

Seu sono foi cortado com um som no corredor, fazendo com que se levantasse e arrumasse a cama. Os passos prosseguiram vindo em sua direção, até que apareceram dois enfermeiros no local, fazendo-o estranhar a presença dos mesmos. Ficou imóvel na cela, esperando alguma reação deles, que logo vieram em sua direção.

 

- Acompanhe-nos - pediu um deles, já segurando o braço do noviço e puxando-o.

 

- Está bem - disse, não resistindo e deixando-os que o guiassem. - Poderiam dizer-me para onde estão me levando? - perguntou, seguindo pelo corredor com dezenas de celas iguais as suas.

 

- O doutor Linthol quer vê-lo - respondeu um dos enfermeiros que o seguravam de forma fria.

 

Aquilo era mesmo um teste da igreja? Por que precisava ver um médico? Não estava doente, achava até que tinha uma saúde boa - raramente ficava doente. Seguiu-os sem resistência, não insistindo nas perguntas por saber que eles estavam ali apenas para fazer o próprio trabalho e não desejavam discutir a respeito do que ocorreria consigo.

 

Ele foi levado para uma sala de cirurgia, onde sua batina foi substituída por uma camisola branca, quase como se fosse um paciente de um instituto médico. Alguns novos enfermeiros e médicos surgiram, mas sempre que tentava falar com eles, era friamente ignorado.

 

- Coloquem-no na maca - pediu uma mulher que arrumava um par de luvas enquanto preparava uma série de instrumentos cirurgicos.

 

- Desculpe-me, mas o que farão comigo? - Errende insistiu em perguntar, olhando com seriedade para a mulher.

 

Ela sequer deu trabalho de fitá-lo diretamente nos olhos - estranhamente, ninguém ali fazia isso, às vezes sentia até que eles não eram capazes de vê-lo. Mesmo com sua tentativa de resistir, dois enfermeiros surgiram e seguraram-o pelos braços, puxando-os na direção da maca e jogando-a em cima dela.

 

- Soltem-me! - exigiu Errende, finalmente revelando o seu medo diante daquela situação. - Não deitarei-me antes de receber explicações!

 

Mesmo que o noviço tentasse se debater, seu físico mirrado não ajudou muito, tendo facilmente os braços presos por uma algema de aço de mais de dez centímetros de largura. Toda a suspeita que tinha brotou, seu medo converteu-se em pavor e tentou puxar os braços para achar um modo de se soltar - coisa que não encontrou.

 

- O que é isso? Soltem-me! - falou com uma falsa confiança.

 

A mulher que pediu para que ele fosse deitado na maca, aproximou-se, depositando uma bandeja próxima de si. Suas mãos e corpo tremeram quando avistou os itens. Eram aqueles bisturis pequenos e afiados, uma espécie de tesoura que parecia também uma pinça e.. Aquelas outras coisas eram afastadores, não é? Separavam a pele e os ossos.

 

Iriam cortá-lo? Por quê? Não estava doente para que algo precisasse ser tirado, estava saudável e bem. Era uma prova para sacerdote, não era? Nenhum membro da igreja permitiria que algo fosse tirado, certo? Deveria apenas estarem buscando meios de assustá-lo, impossível as pessoas machucarem as outras dessa forma, seria muita loucura se o fizessem.

 

Um médico surgiu na sala, mas pela posição em que Errende estava deitado, o reflexo das lâmpadas do teto impediram que focalizasse sua face. Pode ouvi-lo dar algumas instruções, dizendo para que preparassem as bolsas de poção branca e injetassem em si. Logo depois a mulher prendeu uma agulha em sua veia de seu pulso, onde um líquido caia de uma sacolinha erguida - nunca havia estado em um hospital, mas imaginava ser a bolsa de poção branca.

 

- Como trabalharemos sem o Halotano e o Seficiol? - falou o homem, exaltado. - Nossa verba está cada vez menor.. Houve resistência da última vez com Irotebiol, correto? - indagou, mexendo em uma prancheta.

 

- Segundo o histórico, ele passou muito tempo nas ruas, pode ter adquirido resistência com os demais gatunos - comentou a médica, afastando-se do noviço e indo até o outro médico.

 

- Utilizem 0,30 g/mL, será o suficiente para iniciarmos os procedimentos - falou o médico, deixando a ficha com outro enfermeiro e aproximando-se de uma mesa com outros medicamentos.

 

- Com licença.. - pediu um dos enfermeiros que até então não havia se manifestado. - Mas Irotebiol não é anestésico, o 006 pode acabar despertando - comentou, apreensivo.

 

- Não há estimativa para reabastecimento de Halotano e Seficiol, além de não podermos dispor de mais tempo perdido - falou a médica com frieza, aproximando-se do noviço.

 

Errende, ao vê-la por perto, moveu a cabeça de forma negativa, mexendo os lábios como se pedisse para que ela não fizesse aqui. A mulher, porém, fingiu não ver o gesto, adicionando o medicamento junto do tubo já injetado em si. Diferente da primeira vez, que teve tempo de pensar, dessa vez fora quase instantâneo, ficando com a mente vazia e perdendo a consciência.

 

Fim do capítulo 2.

 

Considerações:

Admito ter ficado hesitante sobre colocar um passado para o Errende - ainda mais como coloquei -, só que seria necessário para o desenvolvimento de capítulos futuros. Espero não decepcionar possíveis leitores com esse passado tão "trájico" (Sim, com "j" para mostrar o nível da tragédia).

O próximo capítulo o tema vai ficar um pouco pesado, então não recomendarei a leitura se a pessoa não se sentir totalmente preparada.

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Que ótimo! Pode deixar que irei acompanhar, acho muito legal a sua proposta, contudo, teve uma coisa que não entendi bem, você vai fazer a sua com base na fic de outra pessoa? Tome cuidado com o plágio, e observe os direitos autorais. Seria legal você tentar falar com o dono da outra fic, de qualquer forma, se não entendi certo, desculpe.No mais,irei acompanhar aqui sim.Até,Kay.

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 A fanfic que estou utilizando como base para a criação é essa:

http://sites.levelupgames.com.br/FORUM/RAGNAROK/forums/t/78853.aspx

 

Mais especificamente a cobaia #006, presente na última página do tópico e primeiro post. O autor não se apresenta no fórum desde o final de 2010 e desconheço outras formas de contata-lo, por isso é meio difícil avisá-lo sobre a minha proposta.

 

Como diz o nome, é uma fanfic (Criação de um fã, no caso, enquadro-me como fã do Peliz Feliz).

 

Basicamente o autor postou a fanfic com o personagem Errende Ebecee (Monstro http://www.ragnadb.com.br/monstros/1655/errende-ebecee.html presente no primeiro nível do Laboratório de Lighthalzen), utilizando uma visão mais fria dos fatos, narrando em forma de relatórios médicos. Estou reescrevendo os fatos descritos na fanfic dele com a minha visão - em narração tradicional de terceira pessoa.

 

Não sei se isso pode ser enquadrado como plágio (Visto que o Peliz Feliz utilizou uma base já existente para escrever e eu utilizei da mesma base, além de uma releitura da história já escrita dele), pois não há fins lucrativos.. Mas caso o autor apresente-se e desgoste da ideia de eu reescrever um capítulo da história dele utilizando a minha interpretação, eu vou respeitar e removê-la do fórum.

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Eu entendi a sua proposta, apenas acho que é um pouco complicado isso. Se for analisar que ele tomou por base uma história do jogo e montou a dele, todas as fanfics são plágio, mas não é isso que eu digo, o que eu falo é que ele criou a história dele, não sei se seria correto um fã utilizar a base da história dele para de repetente, montar a sua ou aperfeiçoar. Bom, não sou eu quem resolvo isso.

Li a sua fic e gostei, não tem erros de português, a leitura é dinâmica, continue postando.

@edit-> a questão de fins lucrativos também não vem ao mérito do caso, afinal, o que se refere é a cópia ou não de algo feito por alguém. O lucro ou não (sem fim lucrativo) é consequência.

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 Sim, eu compreendo o que está dizendo. Já ocorreu comigo algo do gênero - mas no caso, traduziram e postaram uma história minha na internet sem dar os devidos créditos, utilizando as mesmas palavras.

 

E como disse no primeiro post, vou entender se o autor aparecer e pedir para eu remover a história - o que eu farei sem questionar. Só que no momento tornou-se inviável eu contatá-lo, pois o mesmo encontra-se ausente do fórum - e eu não o conheço para fazê-lo -  e quero muito reescrever o capítulo da história em questão com uma nova perspectiva.

 

Meu objetivo principal não é montar uma história nova, mas sim buscar opiniões sobre os leitores da história original - que é a dele - e saber se através de uma mudança de narração, eles mudam as próprias perspectivas. É que na história anterior, ao pedir para que amigos lessem, ouvi vários comentários sobre "Foi um sacrifício por um bem maior para a ciência" ou "Não aconteceu nada demais".. E eu não concordo, achei a fanfic extremamente sádica e quero provar minha visão expondo uma situação onde torna-se quase que obrigatório que a pessoa se visualize no lugar do personagem.

 

Em todo caso, devo postar novos capítulos até que o autor se manifeste - seja permitindo a publicação ou pedindo para que ela seja retirada. E não teve erros ortográficos? Milagre.. Quando eu fui escrevendo uma hora me dei conta que chamei o Errende de Kiku (Hábito de RPG em jogar com um personagem chamado Kiku), pensando que haveria coisas piores no texto (Mas a preguiça não me permitiu revisar).

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