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Entre a Promessa e a Flor


Nÿmuë

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Eu tinha lido essa fic no Prontera. Realmente, muito boa. Uma das melhores que ja li. Você conseguiu me fazer enxergar as situações e sentimentos. É sempre bom ter uma boa história disponível aqui no board de fanfics. =3

Quem gosta de fic n tem futuro....Os cara ficam querendo tirar os chars de Ragnarok e por na vida real ROFL...Mas ta boa a fic, melhor que muitos por ai.. Olhos vermelhos cof cof

Eu discordo, caro amigo. Escrever fanfics é um exercício de criatividade. Não é uma questão de "tirar do Ragnarok e por na vida real", é uma questão de visão. Enquanto você vê um spritezinho 2D nós vemos uma personagem esférica, com histórias, sentimentos, emoções, objetivos e desejos. Nós conseguimos pegar um amontoado de zeros e uns e transformar em uma história. Não sei em que área você pretende trabalhar no futuro, mas na minha área, design de games, os contadores de história estão em falta. Note que os jogos hoje em dia se apoiam muito em gráficos e não tem uma história coerente. Resultado: você joga meia hora e cansa, porque não tem nada que te prenda ao jogo. É só uma coisa bonita que você olha e pronto. O mercado de games precisa desesperadamente de contadores de histórias. E isso é só um dos exemplos. Pense um pouco e você verá que nós, os "fanfiqueiros sem futuro" temos um mundo a conquistar. Desde as redações do vestibular até best-sellers nas vitrines das livrarias.

Ah, e se você tem uma crítica para "Olhos Vermelhos", peço que a poste no tópico do fanfic, e não fique babando veneno no tópico dos outros. Isso me pareceu uma tentativa fútil de gerar flame, o que é totalmente ridículo, já que nós não costumamos fazer competições de e-penis para ver qual fic é melhor. Pelo contrário, queremos que todos sejam bons, já que gostamos de boas histórias.

Concordo plenamente, eu não arranjaria um jeito mais fiel para descrever a situação.

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Eu tinha lido essa fic no Prontera. Realmente, muito boa. Uma das melhores que ja li. Você conseguiu me fazer enxergar as situações e sentimentos. É sempre bom ter uma boa história disponível aqui no board de fanfics. =3

Quem gosta de fic n tem futuro....Os cara ficam querendo tirar os chars de Ragnarok e por na vida real ROFL...Mas ta boa a fic, melhor que muitos por ai.. Olhos vermelhos cof cof

Eu discordo, caro amigo. Escrever fanfics é um exercício de criatividade. Não é uma questão de "tirar do Ragnarok e por na vida real", é uma questão de visão. Enquanto você vê um spritezinho 2D nós vemos uma personagem esférica, com histórias, sentimentos, emoções, objetivos e desejos. Nós conseguimos pegar um amontoado de zeros e uns e transformar em uma história. Não sei em que área você pretende trabalhar no futuro, mas na minha área, design de games, os contadores de história estão em falta. Note que os jogos hoje em dia se apoiam muito em gráficos e não tem uma história coerente. Resultado: você joga meia hora e cansa, porque não tem nada que te prenda ao jogo. É só uma coisa bonita que você olha e pronto. O mercado de games precisa desesperadamente de contadores de histórias. E isso é só um dos exemplos. Pense um pouco e você verá que nós, os "fanfiqueiros sem futuro" temos um mundo a conquistar. Desde as redações do vestibular até best-sellers nas vitrines das livrarias.

Ah, e se você tem uma crítica para "Olhos Vermelhos", peço que a poste no tópico do fanfic, e não fique babando veneno no tópico dos outros. Isso me pareceu uma tentativa fútil de gerar flame, o que é totalmente ridículo, já que nós não costumamos fazer competições de e-penis para ver qual fic é melhor. Pelo contrário, queremos que todos sejam bons, já que gostamos de boas histórias.

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Eu discordo, caro amigo. Escrever fanfics é um exercício de criatividade. Não é uma questão de "tirar do Ragnarok e por na vida real", é uma questão de visão. Enquanto você vê um spritezinho 2D nós vemos uma personagem esférica, com histórias, sentimentos, emoções, objetivos e desejos. Nós conseguimos pegar um amontoado de zeros e uns e transformar em uma história. Não sei em que área você pretende trabalhar no futuro, mas na minha área, design de games, os contadores de história estão em falta. Note que os jogos hoje em dia se apoiam muito em gráficos e não tem uma história coerente. Resultado: você joga meia hora e cansa, porque não tem nada que te prenda ao jogo. É só uma coisa bonita que você olha e pronto. O mercado de games precisa desesperadamente de contadores de histórias. E isso é só um dos exemplos. Pense um pouco e você verá que nós, os "fanfiqueiros sem futuro" temos um mundo a conquistar. Desde as redações do vestibular até best-sellers nas vitrines das livrarias.

Ah, e se você tem uma crítica para "Olhos Vermelhos", peço que a poste no tópico do fanfic, e não fique babando veneno no tópico dos outros. Isso me pareceu uma tentativa fútil de gerar flame, o que é totalmente ridículo, já que nós não costumamos fazer competições de e-penis para ver qual fic é melhor. Pelo contrário, queremos que todos sejam bons, já que gostamos de boas histórias.

Concordo plenamente, eu não arranjaria um jeito mais fiel para descrever a situação.

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Entre a Promessa e a Flor

 

7 - Visões Diferentes do Amor

Era bem cedo e dois noviços caminhavam pela ala de dormitórios dos sacerdotes em Prontera. Pararam a porta de um quarto e um deles bateu na porta de madeira, não obtendo resposta.

 

- Ele saiu? - perguntou o outro.

- Não o vi passar.

 

Voltou a bater na porta com um pouco mais de força e então ela abriu-se. Tendo como obrigação falar com aquele sacerdote, o noviço que batera na porta a empurrou e olhou para dentro. Uma lufada de ar apodrecido bateu em seu rosto, o fazendo ficar enjoado. Afastou-se da porta contendo o enjôo e o outro noviço olhou para dentro do quarto, abrindo totalmente a porta.

 

- Pelo Grande e Poderoso Odin... - murmurou.

 

Dentro do quarto simples, sob um tapete, estava o corpo de Dommenicus escuro, apodrecendo a luz matinal. O quarto estava revirado e as roupas que pertenciam a ele estavam jogadas no chão. Com um olhar rápido, o noviço notou que apenas a túnica que o sacerdote utilizava no Alto Conselho não estava ali. Ao que parecia, ele estava morto a dias, embora ninguém tivesse dado sua falta ou sentindo o cheiro que agora estava pesado no corredor. Aquele noviço achou estranho, porque ontem ele havia dado um recado a Dommenicus, em pessoa.

 

Ele virou-se para o outro noviço, que ainda apertava o estômago.

 

- Vá avisar o Conselho que o sacerdote se foi... que há algo errado!

 

O outro nem esperou segunda ordem para sair dali, indo correndo avisar os superiores. O noviço que ficara cobriu o rosto com o braço e entrou no quarto, passando pelo corpo e abrindo as janelas. Quando se virou para sair dali, ficou estático ao ver uma mensagem escrita na parede, com uma tinta vermelha que ele sabia ser sangue. Sangue de Dommenicus.

 

"Vermelho cobre o meu corpo, da carne morta eu vivo, o poder da vida e da morte, sou eu quem decido."

 

 

Atrius moveu-se na cama, aconchegando Florette perto de si. Não queria acordar e toda vez que percebia que o faria, apertava os olhos com força e voltava a dormir. Fazia anos que ele não utilizava essa técnica, desde quando era pequeno. Sempre levantava cedo, não se importava com o fato de muitas manhãs o Sol nem sequer dar sinais no céu. Logo cedo comia e fazia as primeiras orações a Odin. No santuário a Odin de Prontera, as atividades começavam cedo para que o dia fosse longo. Geralmente logo que o Sol sumia no horizonte, a maioria dos noviços e sacerdotes voltara a dormir.Os lábios adquiriram um sorriso satisfeito quando se viu sonhando com Florette em seus braços.

 

Quando acordou, o Sol já estava alto e pássaros cantavam próximo as janelas. O perfume das flores que emanava do jardim espalhava-se pelo quarto sutilmente. Ele virou-se e abraçou Florette contra si, sentindo-se muito bem por te-la com ele, por poder acordar com ela e por ter tido um sonho tão real com ela. Beijou-lhe os cabelos e fechou os olhos, lembrando do sonho, sentindo o corpo despertar febril e o sangue correr rápido por suas veias como se fosse lava. Se ao menos ela pudesse corresponder... ele seria um novo homem pela manhã. Afagou as costas dela e a puxou o quanto pode para si, sentindo a pele macia fria.

 

Enquanto a matinha perto de si, Atrius abriu os olhos e fitou a cota no chão. Lembranças passaram por sua mente, como lampejos de luz, cada cena representando aquele que ele tinha de mais precioso em sua vida. Eram em momentos como aquele, que ele podia se dar ao luxo de pensar em sua vida, sem que tivesse os pensamentos lidos pelo Alto Conselho de Prontera. Ficou ali, durante algum tempo como os olhos fixos na cota, a mente longe, levada por lembranças.

 

Voltou ao presente quando ouviu os sons de uma animada conversa no andar inferior. Ele afastou Florette para poder olhá-la, tocou o rosto sentindo a pele quente e macia, descendo para contornar os lábios bem desenhados e macios. Um sorriso apareceu em seus lábios e ele beijou a testa dela.

 

Tantas vezes ele havia imaginado aquela cena, desejado poder estar ali. Agora queria que Florette estivesse bem, para poder desfrutar da mesma sensação que ele, que correspondesse a ânsia que ele sentia. No entanto, era apenas um desejo. E ele havia se esquecido de tudo por ela. De tudo o que prometera e do que ele representava.

 

”Em nome de Odin”, pensou ele olhando para os lábios dela, “me perderia em um beijo”. Aquele pensamento não o assustava, mas a vontade que tinha de se perder nela que o fazia ficava arrepiado por antecipação. Seriam momentos maravilhosos, pensou ele extasiado depois, mergulhado em antigas e quentes memórias, tão vivas quanto seu último sonho.

 

A estreitou em seus braços, sentindo seu próprio calor passar para o corpo dela, desejando aquela proximidade mais do que qualquer coisa no mundo.

 

- Flor?

 

A chamou, sentindo a doçura do nome dela, a voz rouca a visão do corpo aninhado ao seu, quente. As pernas enroscadas, as mãos dela apoiadas em seu peito. A apertou contra si, não ficando satisfeito por ela parecer uma boneca sem vida em seus braços. Afastou-a para olha-la melhor, e parecia que Florette dormia tranqüilamente ignorando a presença dele e a luxúria causada pela aquela situação.

 

Como alguém poderia entender o que ele sentia? Era um misto de confusão, paixão e apreensão. Ele a queria, e Florette parecia ligada a um lugar no qual ele não podia entrar para tê-la só para si. Podia sacudi-la e sabia que seria difícil ela acordar, e que de alguma forma algo precisava ser feito para que ela pudesse voltar a seus braços.

 

A seus braços?

Não, claro que não!

 

Acariciou o rosto dela, como que querendo visualizar cada centímetro e guarda-lo como seu maior bem. Não podia ficar com ela. Havia a promessa e ele era portador da Cota de Odin. Ela iria somente distrai-lo. Poderia coloca-la em perigo, um perigo que ele sempre sentia, mas que nunca conseguia ver, algo presente que sempre o circundava. Era sabido que muitos desejavam o poder da Cota e se achassem o guardião, teriam a chance que queriam. Como poderia por Flor em risco por sua promessa? Não, ele a amava demais para isso, e preferia viver sem ela a vê-la ferida. Da mesma maneira que se encontrava agora.

 

- Oh meu amor - murmurou ele.

 

Ao que parecia fora uma boa idéia dormir com ela, pois ela estava quente, aquele frio a abandonara. Sacudiu-a um pouco e não houve resposta. Voltou a sacudi-la e ela acabou por estremecer e abriu um pouco os olhos. Ele ficou angustiado de vê-los brancos, ainda cobertos por uma espessa camada pastosa. O desejo sumiu, varrido por uma terrível sensação de preocupação por ela.

 

- Flor... - murmurou arrasado.

 

Ele a abraçou com força.

 

- Estou aqui, pode me ouvir? Diga que me escuta querida - pediu ele.

- Aham...- gemeu ela.

- Não querida, fique comigo... acorda Flor.

 

E antes mesmo de Atrius terminar a frase, Florette já estava adormecida novamente. Tristemente Atrius constatou que ela se achava em Glast Heim ainda, e ainda pedia sua ajuda. A solução de tudo seria acabar com o causador de todo aquele sofrimento. Era o único jeito.

 

A contragosto ele se levantou, vestiu-se com uma roupa limpa que Lier havia lhe dado no dia anterior, e lavou o rosto. Parado junto a bacia com água limpa, ele secou o rosto em uma toalha felpuda e olhou para Florette e depois para a cota jogada no chão. Com um gesto de mão, a cota voou para o pulso dele e enroscou-se sozinha. Voltou seus olhos para ela, e sentiu aquela angustia crescer. Seus olhos verdes então se fixaram na figura do espelho, e Atrius quase não se reconheceu, preenchido pela energia viva da Cota, as roupas brilhantes e sedosas, o cabelo em desalinho. Uma energia circundava seu corpo em forma de inúmeras bolinhas prateadas invisíveis a outros olhos.

 

Sentiu-se bem com ela, e porque aquela energia era tudo o que ele precisava para derrotar aquele inimigo. Ajoelhou-se fechando os olhos, e orou para Odin, para que sua sabedoria o abençoasse e que ele pudesse ver entre a escuridão o caminho mais correto a seguir. Que ele ficasse velando por Florette.

 

Levantou-se e voltou para Florette, beijando-lhe os lábios com suavidade. Abriu os olhos e fitou o rosto adormecido que esfriara. Ele levantou o lençol e observou o corpo dela, não com olhos desejosos, mas com um olhar carregado de preocupação. Grande parte das manchas haviam mudando de tom adquirindo uma coloração mais clara, e reunindo todo seu conhecimento divino, Atrius começou a trata-la e só parou quando todas as manchas haviam sumido. A cobriu depois com carinho, tendo um sorriso triste nos lábios.

 

- Vou te tirar daí meu amor... eu prometo.

 

Desceu para o outro andar, onde já ouvia as vozes de Lier e Zanzar Ten. Eles o olharam quando ele apareceu na escada e foi na direção deles.

 

- Como ela está? - perguntou Lier ficando de pé. Tinha os cabelos ruivos soltos, molhados sobre os ombros, usava uma camisa branca, aberta no peito, feita de um fino tecido. Lier sempre se cercava do melhor, e deixava isso claro naquela casa, onde tudo era fino, delicado, detalhado e caro. Não escondia de ninguém a vida que levava e sempre afirmara que conseguira o que conseguiu com muito esforço. Ninguém duvidava da palavra dele, embora seu apelido falasse o contrario... - Eu ia vê-la, mas ouvi você rezando e decidi esperar.

 

Atrius agradeceu silenciosamente. Se Lier tivesse entrado no quarto enquanto ele cuidava de Florette certamente acharia que ele estava se aproveitando da situação que ela se encontrava e estaria apalpando o corpo dela.

 

- Presa em Glast Heim - disse Atrius visivelmente triste e abatido. - Não sei mais o que posso fazer. A única idéia que me ocorre é irmos lá e terminar a minha missão.

- Vic não está aqui - disse Zanzar, comendo um pedaço de pão preto sem dar a mínima para o que Atrius acabara de falar. Atrius encarou o Bruxo vendo que ele usava uma túnica azul, ricamente decorada. Os cabelos estavam presos em uma trança muito bem feita. A falta de compaixão dele era conhecida, e aquilo magoou ainda mais o sacerdote porque não estavam falando de uma pessoa qualquer e sim de Florette, que tinha Zanzar como um grande amigo, talvez o melhor. Ela falava muito dele, sobre ele e sobre tudo no que ele pudesse ser mencionado. A principio ele ficara com ciúmes do carinho que ela tinha pelo Bruxo, mas depois compreendera que Zanzar ajudara Florette em muitas ocasiões e que estranhamente, ele era carinhoso e brincalhão com ela, tirando aquele ar inconseqüente do rosto.

 

Uma das primeiras vezes que os vira juntos, Zanzar dera a Florette uma tiara de antenas verdes e juntos ficaram por horas rindo de alguma piada particular. Sempre quando o Bruxo tinha algo em mente, contatava Florette e logo ela estava pronta para ir ajuda-lo. Dizia ela que Zanzar fora um dos melhores mestres que ela já tivera e que achava sempre que o Bruxo era solitário demais e que um pouco de companhia não lhe faria mal. Para os demais, Zanzar Ten beirava a loucura... se já não fosse louco...

 

- Vic foi para Izlude. Pediu para a esperarmos - disse Lier, corrigindo a falha de Zanzar. - Você conseguiu dormir naquela cadeira? - perguntou depois, vendo que apesar de triste, Atrius estava muito disposto.

 

O sacerdote corou até a raiz dos cabelos e uma chispa cruzou os olhos vermelhos de Lier. Zanzar gargalhou.

 

- Dormi do lado de Florette - respondeu Atrius sem jeito. - Qual a importância disso agora?

- Toda! - esbravejou Lier. - Espero que tenha dormido no chão sacerdote, pois se souber do contrario, assim que terminarmos isso, jamais voltara a ser bem vindo no quarto da minha irmã.

 

Zanzar gargalhou novamente.

 

- Florette está doente e você pensa nisso?

 

Zanzar parou de rir de repente e assumiu um ar sério.

 

- E quanto a Wild Bill? - perguntou ele.

- Quem é Wild Bill? - perguntou Atrius com uma voz sombria.

- O que fez a minha irmã? - perguntou Lier num rosnado.

- Bom dia pra vocês também - disse Jack entrando na cozinha e vendo a calorosa discussão. Ainda vestia o roupão. Desde que Vic fora embora, ele não conseguira mais dormir. Quase rira daquela situação absurda logo pela manhã.

- Quem é Wild Bill? - Atrius olhou para Jack.

 

Ele por sua vez olhou para Zanzar, que tinha uma expressão indiferente e depois para Lier que estava ficando vermelho de raiva.

 

- É o namorado da Florette - respondeu Zanzar, gargalhando depois - ao menos foi o que ela me disse ontem.

- Namorado? - gritaram Atrius e Jack juntos.

- É ué!

- Como assim namorado? - a voz de Atrius foi suavizando, enquanto olhava diretamente para Zanzar. - O que ela disse? Ela disse que estava com alguém? O que ela disse Bruxo?

- Qual é a importância disso também? - Lier falou bravo - você dorme com a minha irmã e depois pergunta do namorado dela?

 

Atrius endireitou o corpo e olhou para Lier.

Namorado?

 

Uma estranha sensação se apoderou dele e no instante seguinte, Atrius estava odiando e morrendo de inveja do namorado dela. Não era possível! Ele era o amor dela! Todo mundo sabia disso! Ela não podia te-lo trocado... não por um homem que se chamava "Wild Bill"... Wild Bill... que diabos de nome era esse? Não! Nenhum outro homem podia tocar no que era seu, e Florette lhe pertencia, pois ela mesma sussurra no seu ouvido isso naquela noite que eles se amaram. Ela pedira para ser dele e agora tinha um tal de Wild Bill?!

 

Respirou fundo e tentou dispersar os sentimentos. Estava se corroendo de ciúmes...com muito ciúmes! Engoliu em seco e olhou para a cota no seu pulso. Não sabia o que dizer. Nem sabia quem era Wild Bill e já o odiava. Ficou confuso depois.

Zanzar Ten gargalhou.

 

- Ela estava com ele na noite que eu a chamei para ir a Geffen - explicou Zanzar, tendo aquele olhar doentio focalizado em Atrius. Era como se soubesse que ele estava se corroendo de ciúmes e o pensamento parecia agradável ao Bruxo.

 

O sacerdote não pode acreditar! Aquilo era... incrível. Uma idéia passou por sua mente e ele recusou-se a acreditar nela! Não, Florette fora vê-lo porque estava com saudades e não... não porque ia contar que estava com outra pessoa. Ela jamais faria isso com ele!

 

- Pela última vez Atrius - Lier o despertou de seus pensamentos e encarou o mercenário - aonde você dormiu?

- Sua irmã estava gelada e dormi com ela. Não fiz nada a ela, que não fosse aquece-la e cura-la. Ela está da mesma forma que a viu pela última vez, intocada - Atrius disse, escondendo todo o seu ressentimento. A voz dele soou dura e a expressão que ele tinha era de seriedade.

 

Aquilo foi suficiente para Lier, que sorriu e afastou o cabelo do rosto, parecendo mais tranqüilo. Olhou para Zanzar que parecia alheio a conversa tomando chá e olhando pela janela.

 

- Vamos buscar Vic em Izlude e vamos para Glast Heim.

- Com que armas? - perguntou Lier com sua voz calma, a discussão sumiu e a tensão desapareceu.

- Vic tem uma coleção na casa dela segundo o que Anakin falou. Ela deve ter armas para todos - respondeu Atrius fazendo um esforço para parecer indiferente. - Devemos partir o mais rápido possível. Aquele Druida tem que ter o que merece - E alguém chamado Wild Bill também, pensou raivoso.

 

Nele surgiu uma necessidade de resolver logo a situação para que pudesse esclarecer pessoalmente com Florette a outra situação.

 

 

[OFF]

Eh eu demorei... ¬¬ sou preguiçosa.

Mas já q tem comentário, melhor eu postar... /heh

 

Pois é, a tentativa de flame deu errado... pois sou da mesma opinião que a Tenko - quanto mais fanfics boas, melhor.

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Parte 2

 

Vic mal podia acreditar que antes do final da tarde ela estava em Izlude. As patas fortes do PecoPeco que pertenciam a Lier a deixaram abismada tanto em força como em velocidade. Ela adorava andar de PecoPeco e jamais antes havia andado em um que corria como aquele. Era seu dia de sorte, pensou depois, quando adentrou os arcos de Izlude e comandou o Peco em direção a sua casa. O serviço Kafra de Teleportes havia atendido ela com agilidade e o beijo ainda queimava em seus lábios e mesmo não sendo o primeiro trocado entre eles, para ela, todos os beijos de Jack tinham importância.

 

Desmontou do Peco e amarrou as rédeas na cerca da varanda, depois subindo os quatro degraus e entrando na casa. Sua surpresa ainda foi maior quando ouviu a voz do pai falando alguma coisa sobre o Alto Conselho de Thor. Ela caminhou até a sala de estar e o pai recebia o jovem Mestre Espadachim Leon. Ele levantou-se assim que a viu, e Vic afastou o capuz dos cabelos loiros e evitou o olhar cheio de ressentimento do homem. Fixou-se seu olhar no pai, e ele deu um sorriso cálido a ela, estendendo a mão. Em sinal de total respeito, Vic beijou a mão estendida e fez uma mesura para Leon, que se sentara novamente.

 

Angus Pendragon fez um sinal com a cabeça para que Vic sentasse a seu lado, e ela o fez, tendo as mãos do pai entre as suas.

 

- E então, o que sugere? - perguntou Leon. Angus o olhou com seriedade e depois de ficar um pouco em silêncio, respondeu com sua voz grossa e potente, que poderia fazer um exército tremer.

- Vá falar com o Cavaleiro Honroso – disse ele - o Grã Mestre Espadachim deve ter uma solução para o caso, e terá sua resposta caso o Conselho de Thor venha a procura-los. É muito grave o que aconteceu e espero de vocês o máximo do empenho para resolver o caso.

- Certamente meu senhor - Leon deixou alguns pergaminhos sobre a mesa de centro e levantou-se depois, o gesto sendo seguido por Angus e Vic. - Aqui estão os pergaminhos que me pediu, isso é tudo o que temos de informação na Academia.

- Será o suficiente, senhor Leon.

 

Leon fez uma mesura e lançou um último olhar para Vic. Sentindo um leve aperto de mão, ela olhou de relance para o pai e Angus fez um imperceptível sinal que Vic acompanhasse Leon até a porta. De má vontade ela atendeu a vontade do pai, seguindo Leon pelos corredores e abrindo a porta para ele depois. O espadachim saiu e sem dar mais um passo, olhou para o PecoPeco e depois para ela, ironicamente.

 

- Um PecoPeco Pena Preta... foi ele que deu pra você? - perguntou com a voz carregada de sarcasmo. - É um ótimo Peco de corrida, e bastante caro... como um gatuno como ele pode ter tanto dinheiro?

- Mesmo isso não sendo de sua conta, o Peco não é de Jack.

- Ah... Jack... fala o nome dele como se pronunciasse o nome sagrado de Odin. Ainda está apaixonada por ele Vic? Foi por isso que desistiu de nosso noivado?

- Você sabe porque eu desisti...

- Claro que eu sei... Jack Golpe de Adaga também sabe... alias, acredito que ele saiba mais do que eu!

- Leon por favor - pediu Vic sem nenhuma paciência.

 

De fato ela fora noiva de Leon, ele prometera cuidar dela, porque sabia que havia algo errado com ela. A brutalidade dos golpes de Vic e sua agilidade quando estava na Academia de Espadachins de Izlude chamou a atenção de Leon. O homem era apaixonado por ela, e Vic gostaria muito de sentir algo por ele que não fosse uma simples compaixão. Mas surgira Jack e ela não podia controlar o seu coração inquieto, e amara o gatuno assim que o virá mesmo sendo ele irônico e provocativo. Leon soubera disso e certa noite, durante um jantar, Vic encontrava-se com os pensamentos distantes e Leon perguntou a ela se o amava e se realmente queria casar com ele. A resposta não foi a que ele esperava e saiu do lugar bufando, a deixando sozinha na mesa e com a conta para pagar.

 

Quando Leon acalmou-se, foi falar com Vic e a encontrou na companhia de Jack. Odiara o homem no mesmo instante e mesmo Jack sendo o mais simpáticos dos homens, sentiu-se ofendido - e sem razão aparente - pelo espadachim, dizendo a Vic que ela deveria escolher melhor os homens com os quais se relacionava. Fora a gota d'água e Leon lançou-se sobre ele para dar-lhe uma surra. Sem entender nada do que estava acontecendo, Jack defendeu-se dos golpes furiosos do homem, sem ao menos questionar porque estava sendo atacado. Foi então que ele viu algo curioso... a forma que o homem olhava para Vic e a aliança que ela tanto escondia... percebeu tudo, e sem dizer nada, saiu do lugar, deixando que eles se entendessem.

 

- Isso é tudo? - perguntou Vic.

- Claro - Leon abaixou o olhar - você sabe que ele vai machuca-la. Está fazendo isso somente para me machucar, para dizer a todos que pode ter suas próprias escolhas. Ainda está escondendo segredos, como escondeu de todos que era filha de Angus Pendragon. Nada pode sobreviver onde existem segredos, você sabe disso, da mesma forma que eu sei. Não pode esconder para sempre todos os seus segredos e duvido que Jack o faça também.

- Do que está falando? - ela odiou-se por deixar escapar a pergunta, totalmente cega por algo que Leon sabia e não queria dizer a ela.

- Por que não pergunta a Jack? - ele perguntou suave, dando as costas a Vic, metendo as mãos sobre a capa que usava.

 

Ela mordeu-se de raiva, e fechou a porta com força, encontrando o olhar de Angus no corredor.

 

- Desculpe - murmurou ela.

- Está tudo bem, querida. Esse rapaz gosta mesmo de você, heim? Não me surpreendo mais com isso... tantos homens caíram de amor por você, poucos me pediram sua mão, quando descobriram que era milha filha, a maioria desistiu.

 

Vic sorriu.

 

- Sua mão é do homem que tiver coragem de terminar um assunto comigo.

 

E poucos conseguiam. Vic não estava mais aborrecida e encarou o pai com amor, notando que apesar de ter vivido mais de quarenta e cinco outonos, Angus Pendragon era um homem bonito, charmoso e de presença marcante. Fora isso que o levara a ser general da tropa mais organizada de toda Rune Midgard, a cavalaria de Prontera. O pai vestira uma túnica e uma saia comprida, e estava distante de ser visto assim por qualquer um de seus homens, sempre sendo visto com sua reluzente armadura e a capa vermelha com o brasão de Prontera as costas. Os longos cabelos estavam molhados e presos numa trança feita as pressas, e reluziam em um dourado tão brilhante quando o dela, onde fios grisalhos mesclavam-se e sumiam com facilidade. A cicatriz que ele exibia com orgulho no queixo era agora uma fina faixa branca, em contraste com a pele queimada de sol. Os olhos eram cinzentos, poderosos e perigosos. Bastava um olhar de Angus para soldados desviarem de suas intenções de ataca-lo.

 

Vic e Anakin não o temiam. Conheciam o homem bom e amoroso por trás de toda aquela pose militar que ambos carregavam. Vic conhecia o homem apaixonado e que no fundo ainda suspirava por Saité, o único amor de sua vida.

 

Ela foi até ele e o abraçou com força, sentiu um beijo do pai nos cabelos dela.

 

- Minha pequena - disse ele, puxando-a para a sala e mostrando os pergaminhos, então a olhou e sorriu com o canto dos lábios - deve estar cansada. Irei aquecer água para você, vá descansar que já levo a água para a tina. Ani foi buscar algumas coisas no mercado e peço para ele fazer um chá para você.

 

Sem ter como agradecer a atitude do pai, Vic assentiu e foi tirar o pó do corpo com um banho quente relaxante. Quando terminou, ficou feliz de encontrar Anakin. Depois de se alimentar, viu que a noite já caia como um manto sobre Izlude. Voltara para a sala com o pai e ele ficou sério quando pegou os pergaminhos e os analisou.

 

- O que faz aqui em Izlude pai? - perguntou Anakin que não tivera oportunidades de conversar com o pai pois ele já chegara na companhia do Mestre Leon.

- Vim resolver alguns problemas - murmurou Angus tendo os olhos fixos nos pergaminhos - além do mais aquela casa é imensa e sua mãe está em Al de Baran.

 

Ficaram em silêncio e então Angus suspirou e entregou os pergaminhos a Vic, que junto com Anakin passou os olhos por cima dele, sentindo um arrepio percorrer o corpo.

 

- Sabia disso Vic? - perguntou o pai, assim que ela ergueu o olhar para ele.

- Não... - murmurou ela.

- Estou tentando descobrir quem é o Guardião da Cota de Odin - começou Angus - mas essa informação foi para o túmulo junto com o antigo Sumo Sacerdote da Ordem de Odin de Prontera. Ele era o antigo portador da Cota e a passou para alguém, ampliando a missão. A Cota não somente serve para aprisionar sua mãe e leva-la de volta a Geffenia, mas também como prender aqueles que são frutos dela. Em outras palavras, você. O Portador da Cota está atrás de você!

 

Vic ficou pálida.

 

- Você possui parte dos poderes de Saité... eles tem medo de que seja seduzida por eles e que se torne tão cruel quanto afirmam que sua mãe é.

- Ela é pai... os aventureiros desaparecidos é obra dela. Existe um Druida Vermelho em Glast Heim invocado por ela. Eu o vi pai e senti o poder dela.

- Pelo poderoso Thor... temos que localizar o Portador da Cota e impedi-lo de lhe fazer algum mal.

- Não acho que isso seja possível pai... ele prometeu. E mesmo que ele seja confuso às vezes, ele sempre cumpre o que promete.

 

 

 

[OFF]

continuação do capítulo 7. falta mais uma parte, posto hoje a noite se eu conseguir de atualizar.

Publicar tudo de uma vez, já foi terminada mesmo... ¬¬

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Parte 3

 

Lier abriu a porta do fundo de sua casa e olhou para o céu.

 

- Vic já deve ter chegado em Izlude. Podemos partir agora Atrius - disse olhando para o sacerdote que ficou mau-humorado durante todo o dia.

- Onde está Paganini?

- Já deve estar chegando... ele vai cuidar de Florette enquanto estivermos fora. Já combinei com ele.

 

Atrius não disse nada e ouviu uma batida na porta da casa, Lier olhava-se no espelho, verificando o estado de sua roupa de aventura. Atrius revirou os olhos quando a batida se repetiu e foi atender a porta. O narcisismo de Lier era conhecido entre os amigos, e tudo o que ele tocava para arrumar ficava perfeito aos olhos de todos, menos aos dele.

 

Abriu a porta e deu-se com um homem loiro com um buquê de flores na mão. O visitante sorriu e o olhar de Atrius ficou gelado. Não devia ter mais idade do que ele, e uma sombra de barba estava marcada no queixo. Era franzino e de olhos aguçados. Era um arqueiro.

 

- Oi... a Flor está?

 

Flor?

 

O sacerdote apertou com força a porta, até sentir o nós dos dedos ficarem esbranquiçados. Como aquele homem se atrevia a chamar sua Flor de Flor? A pergunta que fez a seguir era só pra constatar o fato que ele sabia. Era ele...

 

- Quem é você?

- Sou Wild Bill.

- O que você quer com a Florette? - a voz era baixa e perigosa. Wild Bill ergueu as sobrancelhas o mais alto que pode e fez uma expressão de quem dizia "o que você tem com isso?". Não pareceu preocupado com a expressão zangada que o homem lhe lançava, curioso para saber quem era aquele que o impedira de ver Florette.

- Eu vim falar com ela... somente com ela.

- Essas flores são para ela?

- Sim... as favoritas dela - disse o homem com voz sonhadora.

- Eu sei disso - com um gesto brusco tirou o maço de flores da mão do arqueiro e impediu que ele entrasse na casa - Florette está indisposta hoje, deixarei o recado para ela.

- Por favor, diga que eu vim vê-la... é importante o que tenho a tratar com ela.

- Claro, darei o recado.

- Obrigado... e só mais uma coisa...

 

Bateu a porta na cara do homem, e bufando, ele passou pela ampla sala sem olhar para trás, deixando o buquê sobre uma mesa qualquer, achando que seria exagero de sua parte jogar fora, embora tivesse vontade de fazer isso. Livrar-se daquelas flores seria algo bom, porque ele não ficaria pensando a todo momento que aquele rival havia tido a paciência de comprar flores e leva-las para Florette. Aquelas eram suas favoritas e muitas vezes Atrius a encontrara sentada entre as flores, o olhar perdido, pétalas espalhadas por todos os lados, presas a roupa dela e em seus cabelos. Ela sorria, sempre sorria de um jeito que fazia o coração dele disparar no peito. Sentava-se ao lado dela e sem dizerem nada, ficavam de mãos dadas olhando os campos perfumados e desfrutando da companhia um do outro.

 

A lembrança se desfez, quando ele fixou seus olhos nas flores bonitas e frescas. Como Florette podia ter se envolvido com outro homem? Voltou a pensar que ela havia ido a Prontera naquele dia para contar-lhe isso e que não sabia como faze-lo. Mas se fosse por isso, porque ela o beijara também? A culpa era dela, que era tão atraente e que ficou conversando sobre assuntos alheios não foi direto ao ponto para dizer que tinha outro homem. Não, estava errado. Nenhuma mulher apaixonada por outro homem poderia beijar daquela maneira intensa e de total entrega. Havia algo errado em toda essa história. Ao menos, era o que ele esperava.

 

Ficara pensando nisso a tarde inteira e sentado na cadeira ao lado da cama de Florette, ele olhava para ela esperando que acordasse e jurasse amor eterno novamente a ele. Mas a cada instante, ela ficava mais fria, mais distante, longe demais num lugar onde ele não podia ir. Deixa-la era terrível, mas não havia outra escolha. Não queria acreditar que aqueles lábios roxos de frio pudessem ter beijado outra pessoa que não fosse ele.

 

Ele estava sendo egoísta e sabia disso. Mas como não desejar aquela mulher somente para ele? Não havia mais razão dele procurar alguém, porque tudo estava nela. Tudo o que ele precisava e tudo o que ele queria. Não sentira mais ciúmes enquanto ficara com ela, pois ela estava ali, somente com ele.

 

Isso até ele descer e ver aquele arqueiro. Queria acreditar numa versão dos fatos que tudo não passava de um mal entendido... assim pelo menos doeria menos.

 

Mas então por que esse arqueiro surgira para visita-la com flores? Era porque havia algo entre eles... e havia algo com ele também! Não! Ele não queria nada disso. Pegou as flores e as amassou e então se deu conta do que fazia.

 

Por que ela não poderia ter outra pessoa? Ele mesmo dissera a ela que não havia esperanças entres eles, que havia uma promessa no meio e algo a ser feito e a ser protegido. Fora ele que a afastara, a repelira em sua tentativa de ficar com ele. Quem era culpado dela ter outro homem era ele, que não quisera o seu amor.

 

Se Wild Bill era namorado de Florette, ele era uma pessoa de sorte. Tanto porque Atrius nunca havia chegado a ser alguma coisa dela, talvez amante, mas nada mais do que isso. Eles tinham um relacionamento silencioso. Ambos se gostavam e tinham planos de ficarem juntos, cada um a sua maneira. Sabiam que se amavam, e isso fora revelado na noite que passaram juntos, mas ele devia desconsiderar totalmente aquela noite. Ele nunca podia imaginar que um dia ele ficaria tão inebriado de paixão e que poder acariciar o corpo de Florette pudesse ser tão prazeroso. Ela havia jurado ser dele para sempre e falara isso de boa vontade, embora Atrius começasse a desconfiar que ela falara isso porque estava extasiada em seus braços.

 

Ele soltou as flores.

 

Será que ela havia feito algo... com ele? Ele teria provado a pele macia dela e ouvido os suspiros? Ela teria ficado lânguida e ansiosa para recebe-lo? Assim como ficara para ele? Os olhos brilhando de antecipação, os braços dela em torno do seu corpo, puxando-o para perto, suspirando, as pernas enroscando-se em sua cintura, o instigando a continuar, para ficar totalmente dentro dela.

Não, aquilo era torturante demais!

 

Pegou as flores e as arremessou pela sala, acertando em cheio Jack que passava por uma porta. As flores bateram nele e as pétalas romperam por todos os lados. O perfume familiar espalhando-se pelo ambiente, deixando ele consciente do estado de luxúria que se encontrava.

 

- Meu Odin - disse Jack limpando o pólen da roupa e olhando intrigando para o sacerdote que estava arfante e corado. - Ficou louco?

- Bah - murmurou o sacerdote, se recompondo.

- Não pode ficar atirando flores por aí... ainda mais essas tão bonitas... nossa... não são as favoritas da Florette? Por que está matando as plantas dela? É por causa de Wild Bill?

 

Atrius cruzou os braços e fingiu que não sabia do que Jack estava falando.

 

- Ela vai ficar triste quando acordar e ver que você andou destruindo o jardim dela.

- Eu não destruí nada... isso é daquele... daquele...

 

Jack se aproximou, olhando Atrius com curiosidade, esquecendo de remover as pétalas presas a seu cabelo.

 

- Daquele...? - ecoou.

- Do namorado dela - disse seco.

- Ah, o namorado dela veio trazer flores e você as arremessa pela sala? O que há com você? Por que não as colocou num vaso? Lier tem tantos e...

- Ela não vai receber flores de ninguém!

- Não? E por quê?

- Porque eu não quero!

- Ah, por que você não quer? Mas pelo o que eu sei, você não tem nada com a Florette, afinal a dispensou depois daquele festival de Payon do ano passado. Por que ela não pode ter outra pessoa? Por acaso não acha que está sendo egoísta?

 

Egoísta? Era só o que faltava ele escutar! Ele já sabia que estava sendo egoísta, mas não tinha como evitar.

 

- Eu e a Flor... nós... nós...

- Vocês o quê?

- Nós... por que tem que se meter nisso? - perguntou bravo.

- Você está fervendo de ciúmes... e está atirando flores pela sala.

- Eu atiro o que eu quiser e se você ficar me questionando eu vou atira-lo para as profundezas para os braços de Hel.

- Grande Odin... - murmurou Jack espantado com o ciúmes do amigo. - Bem - Jack começou recuperando o bom humor - você não tem nada com ela e por isso ela pode se envolver com quem quiser. E antes de ficar por aí atirando flores nos outros, devia se perguntar se é certo ou justo o que está fazendo.

 

Atrius não falou nada, extremamente zangado.

 

- Nunca sentiu ciúmes de Vic?

 

Jack apagou o sorriso do rosto.

 

- Não sei do que está falando...

- Nunca sentiu ciúmes dela? Nunca?

- O que eu acho que você deve fazer é esfriar um pouco essa sua mente torturada de imagens e ligações que não existem. Vamos salva-la e então você poderá ver com ela se existe outra pessoa. Mas não posso deixar de avisar que quem desperdiçou tudo foi você. Todos sabemos o quanto Florette é apaixonada por você, o único que parece que não viu isso foi você...

 

Jack mudara de assunto de forma instantânea como se a pergunta de Atrius nunca tivesse sido feita.

 

Olharam para a porta quando Paganini entrou por ela e tirou a bolsa que carregava a deixando no chão da sala. Olhou para Atrius e depois para Jack sem sorrir. Focalizou os olhos nas pétalas espalhadas e voltou a olha-los.

 

- Tia Florette não vai ficar feliz em saber que estavam destruindo o jardim dela.

- Era o que eu dizia Paganini - comentou Jack.

- Eu não destruí nada - resmungou Atrius - ainda não...

- Sei... - ele tirou uma maçã da bolsa e esfregou a casca na roupa - mas alguém destruiu.

- Eu não acredito! O homem vem aqui e ainda destrói o jardim dela? - Atrius quase gritou. Olhando para as flores viu que ele tinha terminado com tudo. Que perfeito tolo fora agora. Devia ter deixado as flores num vaso ao lado da cama dela.

- Que homem? - Paganini perguntou curioso.

- Aquele... aquele...

- Wild Bill - respondeu Jack sorrindo do ciúmes de Atrius. Ao menos isso significava que ele ainda amava Florette.

- Ah - disse o garoto sem muita vontade, mordendo um pedaço da maçã - ele sempre está aqui visitando minha tia. Não sei como ela o suporta.

 

Os olhos de Atrius brilharam, interessados.

 

- Como assim?

- Ele está tentando chama-la para ir ao Festival. Mas acredito que ele tenha sentimentos por ela... um dia eu vi ele tentando beijar a minha tia e fiquei com muito nojo.

 

O sangue de Atrius voltou a ferver, imaginando aquele arqueiro pressionando Florette para beija-lo, forçando a boca dele sobre a dela, tocando os lábios dela. Fechou os punhos e trouxe sua mente para o presente.

 

- ... e ela disse que não pode gostar de mais ninguém.

- É mesmo? - perguntou Jack.

- Sim... coitada, ela é tão triste. Meu pai diz que ela fez escolhas erradas, mas não fala nada porque a tia Florette é mais velha do que ele. Ele sempre me diz pra não ficar perguntando nada pra ela... pra ela não ter que ficar lembrando dele.

- O que está falando?

- Do homem que a tia Florette gosta.

- Que homem?

- Não sei, ela nunca fala o nome dele.

 

O sacerdote desconfiou que se tratava dele, mas não falou nada, não a esse respeito.

 

- E quanto ao Wild Bill? Eles são namorados?

- Namorados? - Paganini riu alto, atraindo a atenção de Lier. - acho que ele gostaria de ser. Mas ele é feio e minha tia é bem bonita... devia ter uma pessoa bonita como ela.

 

Atrius sentiu um enorme alivio com aquela confissão. Deu um suspiro alto e sorriu sozinho. Ninguém tinha roubado ela dele, embora estivessem tentando. Ele mostraria de quem era Florette, assim que ela estivesse boa. Mostraria a todos que a amava e que ela era sua, unicamente sua. Que todos os seus pensamentos e seu corpo pertenciam a ela, que ele nada mais era do que um escravo a vontade dela, seja ela qual fosse.

 

- E o que você acha dele? - Jack perguntou apontando o polegar na direção do sacerdote e Paganini olhou para Atrius.

- Você gosta da minha tia? - perguntou o garoto.

- Bem... eu... eu gosto.

- Olha, eu não acho que você seja bonito, mas vai que a minha tia gosta de você? Ela pode ser feliz pelo menos...

 

A ingenuidade do menino preencheu Atrius com uma pureza que ele achava que não teria naquele dia. Olhou para a cota em seu braço e soube que agora estava pronto para salvar sua Florette. Não haveria distrações em sua mente, só haveria ela, e o amor que moveria a cota.

 

Pensou em tudo o que fizer e sentiu-se um tolo por ter sido movido por seu ciúmes. Devia ter tratado todos mal, sem falar do próprio Bill, embora esse ele não desse muita atenção. Não podia gostar de um rival, mesmo sabendo que aquele garoto não podia se comparar a ele. Era apenas um garoto e Florette devia ter dez ou onze anos a mais que ele.

 

Não entendeu porque Zanzar havia falado que eles namoravam, mas discutiria isso depois com ele.

 

- Filho - Lier passou a mão nos cabelos de Paganini - vamos indo então. Cuide de sua tia está bom?

 

Todo sabiam que Lier tratava Paganini como se fosse um filho. Havia encontrado o menino na rua e lembrando-se do seu próprio passado, acolhera e cuidara dele para ser um bardo. Mas ao que parecia o menino havia manifestado um outro dom que não era a música. E Lier concordou em deixar o menino ser um mercador. Florette cuidava dele quando Lier não estava, e eles se davam muito bem. Ele sempre estava ajudando-a a cuidar dos animais que Florette levava para casa. Mas ao que parecia, Paganini adorava a outra irmã, a ovelha negra, Raposa Noturna.

 

- Vou ver como ela está e já vamos - disse Atrius, afastando-se para vê-la. O coração aos pulos renovado por uma esperança de ainda ser o único na vida de Florette.

 

Quando chegou ao quarto, viu Zanzar Ten sentado na cadeira, em total silêncio. Ele tinha os olhos fechados e uma mão sua segurava a dela. Era uma cena inusitada e nem mesmo o barulho proposital feito por Atrius o fez despertar.

 

- Está certo - murmurou o bruxo, abrindo os olhos e fitando Atrius, como se soubesse o tempo todo que ele estava ali observando. - Eu sei onde ele está.

 

Zanzar levantou-se, e o som produzido por sua roupa lembrando ventos fortes que cercavam Geffen. O manto prateado brilhando a luz das velas acesas pelo quarto, o poderoso cajado em uma mão e um livro grosso que flutuava a seu lado. O Bruxo passou por ele com sua expressão séria, e Atrius não falara nada, indo segurar as mãos de Florette sentindo-as fria novamente. Ela mexeu-se e seus lábios se abriram. Murmurou algumas coisas desconexas e apertou a mão de Atrius com força, parando no instante seguinte, abrindo os olhos.

 

- Frio...sei que está aí... muito frio... vem me tirar daqui...vou congelar... meu corpo dói tanto... vem aqui... por favor.

 

 

[OFF]

Pronto, esse é o capítulo 7 ¬¬

a parte mais legal dele é quando o Atrius taca as flores no Jack *rindo*

 

@Fratus -> Obrigada ^^

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[OFF]

 

Que se pode dizer dessa fic, hummm, simplesmente demais grande guru, sabe que adoro suas cenas de ação ( grande Zanzar ), continue escrevendo desse jeito moça

 

Ps: Esperando a melhor char da tia entrar em ação ( Rap, Rap, Rap, Rap )

 

Ah e é claro, preciso ir porque está ta na Hora do Show, fuii

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“... E uma lenda se

torna mito quando um Deus faz sua escolha. Poucos são os mitos, pois os Deuses

apadrinham os lendários, mas pouco fazem por eles. Quando escolhido, você pode

contar com o fator surpresa da ajuda deles. Mas há algo que deve ser lembrado sempre,

um Escolhido tem obrigações e elas devem ser cumpridas. Sempre...” -

murmurado pela Grande Dama do Lago, Serena Mayfair, enquanto contava essa

história para sua filha Wendy-Yin Mayfair.

 

8 - O Corvo Reluzente e a Luz de Odin

 

 

Atrius, o sacerdote de Odin, olhou para Glast Heim a sua frente. O lugar

encontrava-se deserto aquela hora da noite, e pudera, quem iria pra lá? Os

seres noturnos escapavam dos olhos do grupo, produzindo seus sons e sumindo na

escuridão que cercava os jardins-labirinto do castelo. O luar iluminava o

caminho, quando não sumia, engolfado por nuvens espessas e escuras, carregadas

com uma fúria que iluminava os céus cruzando em clarões repentinos que chegavam

ao chão produzindo um som ensurdecedor.

 

 

- Se continuarmos aqui, seremos atingidos - disse Zanzar Ten com uma voz séria,

tomando a liderança do grupo, seguindo com o seu cajado em punho e aquele livro

flutuante a seu lado. Zanzar parecia perturbado. Ninguém se atreveu a falar

nada, embora estivessem curiosos a respeito. Passara parte da tarde com

Florette, “procurando por ela”, fora o que dissera.

 

 

Era difícil vê-lo naquele estado, quando parecia são e focado no que queria.

Geralmente era visto como alguém que não tinha todas as propriedades mentais em

ordem. Diziam que era a magia... a magia de Geffen que o deixara assim. Na

verdade, ninguém sabia o que havia com ele e estavam habituados a suas

constantes mudanças de humor e suas decisões mágicas que explodiam inimigos a

distâncias invejáveis.

 

 

- Ele está certo - comentou Vic, ainda aborrecida - já que não puderam esperar,

que entremos logo para resolver a situação.

 

 

Seguiu o bruxo com sua pose militar altiva, a reluzente capa de veludo vermelho

as costas, uma cota de malha sobre os cabelos loiros, uma armadura completa de

cor vermelha escura. Carregava duas espadas a bainha, uma de cada lado do

corpo. Uma delas era sua espada flamejante, a outra eles desconheciam. Atrius

havia notado que Vic parecia inquieta e que evitava olha-lo nos olhos. Talvez

tivesse brava por eles terem aparecido em sua casa e ordenando que fossem logo

a Glast Heim.

 

 

O sacerdote seguiu-os, e os dois mercenários vieram atrás, mas graças a

agilidade com que se moviam, tomaram a frente do grupo e passaram pelo jardim,

achando a porta que levava ao salão do castelo. Lier olhou para a katar presa a

seu braço, a lâmina negra, as runas escritas nela detalhadamente talhadas. A

arma não pesava nada e ele jamais tinha visto um trabalho como aquele em arma

alguma. Jack Diovanni parecendo compartilhar da mesma admiração do amigo,

mostrou a ele as trezes adagas de lâminas negras que Vic havia emprestado para

a jornada. Havia as mesmas runas, o mesmo brilho. Para sua segurança, Jack

carregava presa ao braço uma katar que ele esperava não usar.

 

 

Zanzar Ten abriu a porta dupla com força, fazendo um estrondo que ecoou por

todo o castelo. Se haviam pensado em elemento surpresa, este já não mais

existia. Não se importou com os olhares lançados pelos amigos e avançou em

direção a escada que ficava escondida a sombra das pedras. As velas de Glast

Heim estavam acesas, e todos os castiçais e lustres sempre mantinham as chamas

das velas eternamente acesas.

 

 

- O Bruxo quer se matar - murmurou Lier irritado, seguindo Zanzar de perto.

Assim que chegaram ao andar, o bruxo manifestou sua arte mágica e criou uma

armadura para si, olhando para Lier com superioridade e extremamente ansioso. -

agora que ele sabe que estamos aqui, por que não vamos com cautela?

 

- Ele já sabia que estávamos aqui - disse Vic. - Vamos procura-lo e acabar logo

com isso.

 

 

Atrius assentiu com a cabeça, sem ao menos notar que quando Vic passou por ele,

a cota em seu braço adquirira um brilho dourado, antes de voltar ao normal.

 

 

Procuraram pelo andar, indo até a torre onde Florette estava presa. A maga e

Alice continuavam ali presas na magia. Não havia ninguém, e o silêncio de Glast

Heim era interrompido pelos passos deles, o farfalhar das roupas e pelo vento

que uivava pelas janelas anunciando a tempestade.

 

 

Desceram e procuraram no outro andar, chegando a sala onde os noviços

apareceram para ajudar, eles ficaram estarrecidos ao vê-los presos a parede.

Estavam desacordados e as cabeças tombadas davam sinais daquele frio que todos

presos por ali pareciam sentir. Enquanto todos examinavam os noviços, Vic dava

passos em direção ao centro do salão, olhando para todos os lados, a espada

flamejante em punho.

 

 

Ela parou e encarou o Druida Vermelho escondido dos olhos dos outros. O ser

tinha aquela aparência repugnante e um glorioso sorriso nos lábios finos e

cortados. Antes que Vic pudesse avisa-los, o Druida passou por ela e avançou

escondido para atacar seus amigos. Ele segurou Lier e Jack pelos ombros e os

lançou para trás num único golpe. Mostrando-se aos olhos deles, Zanzar defendeu

o ataque mexendo o cajado no ar, atraindo uma chama de uma das velas do lustres

e criou uma barreira de fogo e fugiu para o lado. Atrius ergueu a mão e tocou

as vestes do Druida.

 

 

- Cura!

 

 

A divina magia de Odin fez o Druida gritar de dor e ficar desnorteado por

breves segundos. Suficientes para que os mercenários levantassem e o atacassem.

As lâminas negras passavam por ele sem feri-lo. O Druida virou-se e gritou,

aquele grito emitindo uma onda que os empurrou para trás novamente.

 

 

Daquela vez ele estava mais poderoso e preparado. As marcas feita pela cota em

sua mão ficaram visíveis, quando ele segurou Atrius pelo pescoço, ameaçando

enforca-lo. Os pés já não tocavam o chão e Atrius estava ficando sem ar,

segurando as garras do Druida que envolviam seu pescoço, tentando abri-las. A

Cota brilhou e ficando dourada, agiu sozinha, atacando o Druida fazendo-o

soltar o sacerdote que caiu sentado no chão.

 

 

Ele voou pelo ar, afastando-se. O manto voltou a sacudir como na primeira vez

que eles se encontraram e os olhos vagos do ser tornaram-se vermelhos. Vic sentiu

o chão estremecer e percebeu o que ele ia fazer.

 

 

Jack querendo impedir que o Druida carregasse sua magia, levantou-se e

lançou-se sobre ele com velocidade. Conseguiu cravar as adagas na pele dele e

ficou pendurado no ar, forçando a arma a entrar na carne. O Druida urrou de

dor, e sacudiu-se, atirando o mercenário na direção que Zanzar estava. Caindo

ao lado do Bruxo, Jack o olhou.

 

 

- Faça alguma coisa!

 

 

Zanzar colocou o cajado a sua frente e o livro grosso que o seguia, abriu-se,

buscando sozinho a página que o bruxo queria. Calmamente, ele começou a ler

alguma coisa sem dar importância ao que o mercenário tinha falado ou o fato de

estarem no meio de uma batalha.

 

- Zanzar? Zanzar?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Era obviamente ignorado. Jack se pos de pé ao ver uma imensa marca mágica

aparecer, tendo Zanzar no centro.

 

 

 

 

 

- Zanzar? - murmurou.

 

- Você pode calar a boca? - Zanzar olhou para ele bravo e Jack deu-lhe as

costas e voltou a batalha.

 

 

Uma explosão de luz se deu onde estava o Druida. Fragmentos vermelhos cruzaram

a sala como lâminas, indo em todas as direções. Atrius levantou um escudo

sagrado em sua frente com um gesto de mão, Lier desviou dos objetos com saltos

e manobras ágeis, Jack usou suas adagas para desviar e quebrar os que foram em

sua direção, Vic abaixou-se e cobriu-se com a capa, e Zanzar nem os viu, os

objetos passaram por ele sem atingi-lo. Uma poeira avermelhada pairou sobre o

chão e o Druida ergueu-se novamente no ar com um zumbido agudo.

 

 

Lier correu até ele e saltou. Cravou a katar nas costas dele e utilizando o

peso do corpo, rasgou o manto e a pele do Druida, caindo no chão com cuidado. O

Druida virou-se num golpe violento e o atingiu com suas garras, lançando Lier

para trás.

 

 

Concentrado no mercenário, o Druida não viu quando Atrius surgiu ao seu lado e

o tocou. A magia divina de Odin fora convertida em uma poderosa arma, e passou

ao corpo sem vida numa corrente elétrica poderosa suficiente para sacudi-lo, o

brilho esverdeando o deixando zonzo. Quando acabou, Atrius ainda o segurava

para aplicar novamente a “cura”, e não conseguiu escapar quando a mão imensa do

Druida segurou-lhe a cabeça. A pressão foi intensa, a dor aguda.

 

 

Atrius nem sentiu quando o Druida o empurrou para trás, ocupado agora com um

ataque de Vic. O corpo do sacerdote caiu no chão, a consciência perdia nas

sombras.

 

 

 

“Atrius?”, a voz suave o chamava. Ele

abriu os olhos e encarou Florette. Estava num campo de Aloés com ela, sua

cabeça deitada no colo dela, aquele sorriso iluminando os lábios dela.

Acariciava seus cabelos com carinho e embora não abrisse a boca, Atrius

escutava bem a voz dela. “Acorde!”.

 

 

- Flor... - ele murmurou.

 

 

Ela parecia diferente. Os cabelos violetas pareciam leves e suaves, dançando

com o vento perfumado. A pele alva parecia ainda mais delicada e fina, as

feições levemente alteradas, para uma face longa e olhos afilados, de pestanas

longas, desenhos escuros marcando o canto da face, como marcas de um guerreiro.

Ela usava uma roupa azul de tecido transparente, onde se via com perfeição o

corpo dela. As mãos eram longas e de dedos compridos, assim como as orelhas,

levemente pontudas e altas demais para um ser humano. Estava tão diferente,

como se nem ao menos fosse a Florette que ele estava acostumado a ver. Ainda

assim, ele estava feliz.

 

“Você tem que acordar” ouviu ela falar

“tem que ajudar a todos nós”.

 

 

- Não quero acordar. Quero ficar aqui com você.

 

 

Ele virou-se e beijou a barriga sobre o tecido transparente. Procurou as mãos

dela e notou outras marcas desenhadas nos dedos longos. Beijou a palma da mão e

as deixou contra seu rosto.

 

 

Ela sorriu. “Tem que acordar e nós

ajudar. Você pode prender esses espíritos. Pode ajudar nossos amigos a acabar

com esse sofrimento” a voz melódica dela fez Atrius lembrar-se dos

enigmáticos seres que viviam nas florestas para protege-las. Seres que tinham o

nome de elfos.

 

 

- Nunca devia ter ido embora - ele murmurou - nunca devia te-la deixado.

 

 

Atrius fechou os olhos, quando os dedos dela tocaram-lhe os lábios. Quando

voltou a abri-los, sentiu que flutuava no ar. Florette estava de pé, uma estranha

armadura sobre seu corpo, um elmo com a forma de um falcão na cabeça, e

delicadas asas de cisnes as suas costas. Carregava num imenso arco dourado e

uma aljava estava caída a seu lado.

 

 

- Não vá embora - ele pediu.

 

“A muito negara o pedido de Odin. Mas

dentro de seu coração, ficou semeado o poder de justiça que ele infligiu e suas

ordens. Não havia como negar que você tivesse o mesmo direito que foi dado a

eles, o direito de poder cumprir as ordens de Odin. Mesmo não pertencendo a

esse seleto grupo, o poder de Odin flui em você, pois é sacerdote de sua ordem”,

Florette olhou para ele parecendo triste “Não

ignore as ordens que sente dentro de você. Tem que voltar e sabe disso”,

então, ao lado dela, a imagem de cada um dos companheiros dele foi surgindo,

vestindo roupas de tecidos leves e brilhantes, armaduras reluzentes. As

mulheres apareceram ao lado de Florette, usando armaduras parecidas com a dela,

com elmos diferentes, as mesmas asas. O contraste era incrível. Realmente

Florette parecia um elfo e não um humano. “Volte

agora, pois ainda é um Seguidor de Odin, e nenhum Seguidor de Odin desiste tão

facilmente”.

 

 

[OFF]

Oh demora!

Mas por fim, a parte 1 do capítulo 8. estava sem acesso a minhas histórias e agora tudo está certo novamente.

 

Sancho - beijos!!!!!!!!!!!!!!! em breve a Raposa!

Fratus - obrigada pela paciência.

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Parte 2

Longe de Glast Heim, em Prontera, uma reunião de emergência

fora marcada pelo Alto Conselho. Os Altos Sacerdotes da Ordem de Odin estavam

alarmados com o assassinato de Dommenicus dentro de suas instalações, fato que

não acontecia há anos. E o pior, se Dommenicus estava morto, quem era que

estava com eles durante todo esse tempo?

 

 

O Sumo Sacerdote acompanhava os passos vigorosos de Angus Pendragon, que fora

chamado as pressas, com certa dificuldade. O General não era mais moço, mas

ainda assim tinha um físico de invejar qualquer um. Munido de uma espada longa

e uma alabarda na outra mão, Angus olhava de vez em quando para trás, para ter

certeza que o Sumo Sacerdote estava de fato o seguindo.

 

 

- Senhor General - pediu o velho cansado - podemos ir mais devagar?

 

 

Angus fez um aceno com a cabeça e diminui a marcha, postando-se do lado do

homem.

 

 

- Perdoe-me senhor.

 

- Não há nada com o que se desculpar... são essas minhas velhas pernas. Oh

senhor Angus, estou tão triste pelo incidente com Dommenicus!

 

- É realmente lamentável, senhor. Ainda mais que tenha ocorrido em Prontera, a

capital do reino, o lugar mais seguro que se conhece.

 

- Sim... o rei já sabe?

 

- Sim, eu o colocarei a par dos acontecimentos assim que a reunião do Conselho

terminar.

 

- Tem sido um bom homem para nós senhor Angus. Todos esses anos tem trabalhado

muito para que Prontera seja o que é hoje e devemos muito ao senhor. Odin lhe recompensara

muito em Valhalla por sua lealdade e coragem.

 

 

Angus voltou a acenar com a cabeça. Valhalla? Não, ele não acreditava que tinha

futuro em Valhalla. Havia libertado uma das mais poderosas inimigas de Odin.

Quem poderia quere-lo? Ao ver o quarto, soube que era ela. Blood Raven era seu

nome, o sangue que ela tinha nas mãos fazia sua magia, e o ódio em seu coração

sua força. E porque ele ainda insistia em amá-la? Tinha Angela, não precisava

de mais nada. Mas não conseguia esquece-la e a simples idéia de poder vê-la, o

enchia de uma tola esperança, que ele vinha a anos tentando sufocar.

 

 

- Senhor Angus... tenho medo do que seja Blood Raven!

 

- Senhor - Angus começou devagar - se for quem acham que é, o mal já está

feito. De alguma forma Bloody Raven pode ser aprisionada novamente e de alguma

forma, alguém tem o poder para isso.

 

 

O Sumo Sacerdote o olhou de relance, um olhar estranho e desconfiado. Mas nada

disse. Logo Angus o deixou na porta do e ali ficou postado como um soldado e

não o general que era. Naquele caso, ele não se importava, a segurança de

Prontera estava em jogo. E enquanto esperava, podia armar o quebra cabeça de

pistas que tinha em sua mente e entender como Vyctory podia saber quem era o

Portador da Cota e não o teme-lo. Angus tinha medo que sua filha já tivesse se

entregado sem ao menos lutar. Talvez o fardo dela fosse maior do que ele

supunha...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Glast Heim fora a capital de Rune Midgard há muitos anos atrás. Mas algo

aconteceu e então todo aquele luxo e evolução foram transformados em sombras e

maldade. As almas que vagavam por aquele imenso castelo viviam da vitalidade

dos que ali iam para afugenta-las. Agora, nem mesmo essas almas perdidas

caminhavam por Glast Heim. Algo maior e mais sombrio dominava o lugar, invocado

pela única necromante de Rune Midgard. Uma criatura que tinha em mente se

apoderar da energia dos que ali habitavam.

 

 

 

Essa criatura, um terrível ser chamado Druida Vermelho. Aquele que fora

condenado por fazer sacrifícios em nome de uma das mais famosas lendas de Rune

Midgard. Condenado as sombras, ele somente poderia ser invocado por outra

criatura condenada. Ela existia, e todos a temiam, o nome de Blood Raven foi

sussurrado pelos anos e agora ela era uma ameaça real a todos.

 

 

 

Enfrentando a temível criatura estavam um grupo de amigos liderados por um

sacerdote de Odin, que em busca de cumprir a missão que lhe foi dada, sabia que

o Druida Vermelho estava com a alma daquela que ele amava. Com ele estavam um

poderoso Bruxo, uma valiosa guerreira e dois ágeis e espertos mercenários.

 

 

 

 

 

 

 

O fogo da espada de Vic deixava um rastro brilhante no ar e quando atingiu o

Druida, atravessou a sua carne num corte cirúrgico. Ela ainda o atacou duas

vezes enquanto ele somente se defendia. Afastou-se voado para trás, e tirou de

dentro de seu manto esfarrapado uma adaga de lâmina torta e vermelha. Foi para

cima dela e duelando, conseguiu atingi-la no braço. O corte queimava e toda a

região foi tomada por uma ardência louca, fazendo o corpo sacudir-se num

espasmo de dor. Ela soltou a espada e tocou o ferimento, sentindo as lágrimas

vindo aos olhos.

 

 

 

- Prove do seu próprio veneno, filha de Raven - murmurou o Druida,

aproximando-se dela. Vic ficou paralisada e não pode defender-se quando ele

tocou o rosto e um sorriso pálido pairava nos lábios cortados. - Uma virgem -

ele parecia fareja-la e seus olhos adquiriram um brilho cruel.

 

- Eu vou acabar com você - ela murmurou em resposta, corada.

 

- Tente - o Druida endireitou-se e ficou de costas a ela, lançando novamente

aqueles projeteis na direção de Lier e Jack. Os dois conseguiram desviar, e

seguindo para o fundo do salão, bateram numa barreira invisível que parecia

isolar Zanzar Ten.

 

 

 

Não havia forma de distrair o Bruxo, e ele calmamente concentrava-se para um

grande feito. Zanzar Ten era dado a mistérios e pouco falava de suas intenções

em uma batalha. Geralmente lutava com ferocidade, mas naquela em especial, ele

parecia mais preocupado em concentrar-se do que se atirar no meio dela com suas

poderosas magias. Quem o visse bem, veria sua expressão serena, os olhos

atentos, estava com o corpo relaxado e a mente vagava por regiões onde somente

ele poderia estar.

 

 

 

Então algo aconteceu.

 

 

 

Glast Heim tremeu.

 

 

 

Um solavanco fez o lustre balançar, os dois

mercenários caírem sentados no chão, o Druida olhar em todas as direções e

depois fixar o pior dos olhares na direção do Bruxo. Lascas de pedra soltaram

das paredes e as pedras do chão ajeitaram-se melhor. Agora, Zanzar o encarava e

sorria maliciosamente.

 

 

Girou o cajado e o colocou em pé na sua frente. Seus lábios moveram-se num

murmúrio, e ele fechou a mão livre, para depois abri-la com uma pequena chama

flutuante na palma. Aproximou-a do cristal do cajado e a luz penetrou nele, e

começou a ficar cada vez mais brilhante. Ele alargou o sorriso e mirou sua

concentração mágica sobre o Druida. Um círculo vermelho surgiu debaixo dele,

caindo pelo ar como uma poeira mágica incômoda, afetando-lhe a vista e deixando

o ar com cheiro de sândalo.

 

 

Jack e Lier ficaram de pé e olharam para Zanzar, felizes. Finalmente o Bruxo ia

fazer alguma coisa. E eles esperavam que fosse algo bom, porque aquele inimigo

estava difícil de vencer. Nunca em suas vidas haviam se deparado com um inimigo

tão forte e violento como aquele.

 

 

Atrius despertou com o cheiro de sândalo, lamentando-se por não estar mais com

Florette. Sentou-se e observou como as coisas estavam. Usou sua magia divina em

Vic e depois nele próprio. Sentiu-se infinitamente melhor e levantou-se animado

para a batalha. Apontou a mão para Zanzar quando notou que ele estava

concentrando uma magia e o abençoou com o poder de Odin, que o Bruxo como

seguidor dele, certamente ficaria ainda mais poderoso. Foi até Vic com rapidez

e a ajudou a ficar de pé, a guerreira sem forças, tomada por uma dor intensa no

braço, que a fazia lacrimejar.

 

 

O ar dentro da sala ficou estático, e carregado da energia mágica que emanava

do corpo do bruxo como uma corrente de ar, perfumada e perigosamente instável.

Os olhos de Zanzar haviam adquirido aquele brilho sagaz, o cabelo e o manto

começaram a se sacudir cada vez com mais força. Ele apontou o cajado na direção

do Druida, que vinha para ataca-lo e os mercenários meteram-se na frente,

impedindo que ele alcançasse o Bruxo e o fizesse perder sua concentração. Com a

mão livre, Zanzar fez um gesto no ar e trouxe o grimório para seu lado. Começou

a murmurar frases de incrível rima, tornando-se um cântico letárgico e

maravilhoso de se ouvir.

 

 

- Luz de Odin!

 

 

A magia o envolveu e ele fechou os olhos por um instante, sentindo que seu

corpo não tocava mais o chão ou fazia parte daquele mundo por poucos segundos.

Abriu os olhos e eles brilhavam de forma intensa. Apontou o cajado novamente na

direção do Druida. Um estrondo correu pela sala e um imenso raio saiu do

cristal e atingiu o Druida com violência, envolvendo-o em uma luz forte. Lier,

Jack, Atrius e Vic olharam fascinados enquanto aquela magia atingia o Druida em

vários pontos, sua luz o cegava, e o empurrava para trás com força. Então

acabou, a luz das velas voltando a iluminar a sala, o som da tempestade do lado

de fora batendo com força contra as paredes do castelo. Zanzar abaixou o cajado

e observou com gosto o que tinha feito.

 

 

Sua gargalhada rompeu os instantes de silêncio que se seguiram depois, enquanto

eles esperavam pela reação do Druida. O ser estava caído no canto do salão e

mal conseguia se por de pé. Eles três olharam para Zanzar, enquanto ele

gargalhava, parecendo feliz ao mesmo tempo que ria da desgraça do inimigo.

 

 

- Trovão de Júpiter!

 

 

Lier ignorou o ataque mágico de Zanzar Ten, e foi para cima do Druida, a katar

de lâmina negra brilhante a parca luz. Uma energia vermelha envolveu o Druida e

ele levantou-se, parecendo muito irritado e bem mais forte. Lier desviou dos

ataques dele, e investiu com sua katar nos mantos, rasgando os tecidos e imaginando

onde estava a carne suja daquele inimigo que ele tinha atingido. O Druida por

fim, acertou-lhe o rosto e ele foi arremessado para trás com grande velocidade.

Assim que atingiu o chão, Atrius o curou e olhou para o Druida, com as palavras

de Florette na cabeça.

 

 

- Vamos acabar logo com isso - murmurou Vic erguendo-se num esforço, e

cambaleante, ficando de pé sozinha.

 

 

Atrius ainda tinha a imagem de Florette em sua mente, aquela imagem estranha

dela, como se ela fosse alguma espécie de elfo da floresta. Nem soube quando a

Cota ficou dourada e cresceu muitos centímetros, ficando a seus pés como se

tivesse vida própria. Ele recolheu-a e a sacudiu no ar como um chicote.

 

 

- Lance-a Atrius - disse Vic, o olhando com um rosto cansado de dor.

 

 

O Druida o olhou e avançou voando, sacando novamente a adaga.

 

 

- Barreira de Fogo! - Zanzar utilizou sua magia e criou uma muralha de fogo

entre o Druida e Atrius. O Druida tentou avançar, e acabou incendiando-se com

aquele fogo mágico. Era a chance que Atrius precisava, ele sacudiu a Cota e a

lançou na direção do ser maligno.A Cota o envolveu e brilhante, começou a

queimar a pele dele, enquanto movia-se sem ter fim, enrolando-o e apertando com

força.

 

 

Jack aproximou-se e começou a desferir golpes rápido e violentos nele, Lier

chegou logo depois e fez a mesma coisa. Agora as lâminas acertavam a carne

dele, arrancando um sangue escuro e de cheiro forte. Vic, cambaleante,

aproximou-se, e utilizando o braço ferido, sacou a espada que levava na bainha

com as duas mãos. Zanzar invocou raios, puxando energia da tempestade, deixando

o Druida enfraquecido.

 

 

- Mande lembranças a Hel - murmurou Atrius, intensificando com a mente o poder

da Cota, fazendo que ela apertasse cada vez mais o ser.

 

 

Vic aproximou-se dele e com um único golpe, cortou a cabeça do Druida. A lâmina

brilhante fez suas inscrições acenderem-se como o pavio de uma vela. A Cota

recuou para o pulso de Atrius e os amigos olharam espantados com a precisão

dela. O corpo caiu no chão e Vic caiu para trás, sentindo-se fraca demais para

ficar em pé. Atrius e Jack correram para ajuda-la, enquanto Lier observava

Zanzar aproximar-se com o grimório debaixo do braço.

 

 

Glast Heim tremeu novamente e o corpo do Druida começou a zumbir, uma energia

fúnebre tomou conta do lugar em segundos. O ar pesado causava-lhe enjôo e o

cheiro de sangue ficou pungente. Uma energia poderosa saiu do corpo do Druida e

atingiu Vic com força, fazendo Jack e Atrius serem atirados para trás. Uma a

uma, as almas começaram a fugir do corpo do ser, vagando como fantasmas por

Glast Heim. Vic estava envolvida numa energia poderosa demais, e sem forças

para resistir, a absorveu, recuperando-se dos ferimentos e ficando encantada

por aquele poder.

 

 

Atrius ficou de pé, quando a Cota brilhou em dourado e olhando Vic, ele

entendeu. Ela era parte de sua Promessa.

 

 

[OFF]

Só um pequeno detalhe - Blood(y) Raven é de Diablo II. É que o nome é mesmo muito legal /heh

 

 

Fratus - não não, não tem como desistir da história. ela já está escrita. o que me falta é tempo e paciência pra vir aqui e mexer.

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Parte 3

“Quando chegar a hora

você saberá o que fazer”.

 

 

A voz do antigo Sumo Sacerdote rodopiava na cabeça de Atrius e ele não tinha a

menor idéia do que fazer. Saberia se sua Promessa não fosse sua amiga.

Observando-a, viu Vic erguer-se do solo e levitar a centímetros dele. As almas

que libertadas do Druida Vermelha rodopiavam pela sala, agora rodopiavam a

volta dela, como se a protegessem da ameaça que ele representava.

 

“Mestre espere”, Atrius quase corria

atrás do Sumo Sacerdote, que com passos rápidos dirigia-se para a Biblioteca

dos Sábios em Prontera.

 

 

Olhando-a de olhos fechados, Atrius sabia que ela estava sendo manipulada. Como

especialista naquela Arte Divina, sentia uma outra força agindo e também a

força de Vic nisso tudo. Mal podia acreditar que Vic era Bloody Raven. Aquilo

que lhe parecia tão distante era quase um sonho, depois de tantos anos de

treinamento e de ter abdicado de seu grande amor, ele se via incapaz de agir

contra ela. Mesmo sabendo que essa era sua missão e seu dever.

 

“Niflheim, a Terra da Neblina, é onde

mora Hel, a Grande Deusa da Morte. Ela alimenta-se com doenças, fome e a

velhice. É delas as almas não escolhidas pelas Valkirias e por Freya. É dela e

tudo é sofrimento em seu reino gelado. Antes pior fosse ir para seus braços...

mas há algo pior, muito pior. Chama-se Blood Raven, o Corvo Sangrento que

alimenta seu mana com os espíritos perdidos. É dela todos os piores males que

alguém pode causar a uma alma. É ela, que você tem que impedir”, disse o

Sumo Sacerdote a Atrius.

 

 

- Impeça-a - ouviu Zanzar Ten gritar por causa da lamúria alta dos espíritos.

Olhou surpreso para o bruxo. - Impeça-a - ele repetiu - antes que seja tarde.

 

 

- O que vai fazer?

 

 

Atrius olhou para Jack que segurou seu braço com força. Encarando os olhos

azuis viu a preocupação de Jack com tudo aquilo. Ficara tão claro o amor que

ele sentia por aquela mulher, que agora era uma evidente ameaça a todos.

 

“Escuta Atrius, escuta minhas palavras...

cada alma perdida a Blood Raven é uma alma que nunca encontrara a paz”.

 

 

- Faça o que tem que fazer - disse Zanzar com uma voz firme - é o Portador da

Cota de Odin. Sabe o que fazer não?

 

 

Olhando novamente para o Bruxo, Atrius não entendeu como ele sabia da Cota.

Ficara claro a todos que Atrius carregava uma Cota com poderes divinos, não

muito diferente das demais cotas carregadas por outros sacerdotes. A cada pedra

da Cota tinha uma runa de Odin, feitas por ele mesmo, segundo dizia a lenda.

Como Portador da Cota, Atrius tinha obrigações e como parte da promessa que

fizera, era aprisionar a geração de Bloody Raven, a bruxa imortal. Mas como

poderia faze-lo se era sua amiga? Como poderia enfrenta-la, tendo em mente

todos os bons momentos que passara com ela? Aquilo de certa forma não parecia

justo, porque mesmo Vic sendo sua amiga, ela agora estava com o controle da

alma de Florette.

 

“Utilize o poder do amor, oras! Que tipo

de pergunta é essa? Não lhe disse que a Cota se move por esse poder? É triste,

talvez doloroso, mas necessário. Grave minhas palavras, seu avoado! Pra onde

está olhando afinal?”.

 

 

- Do que estão falando?

 

 

- Vamos homem, não hesite! - falou Zanzar com uma voz forte.

 

 

Indiferente a tudo, Lier tinha os olhos cravados na safira que tinha nas mãos.

Ela cairia do corpo do Druida Vermelho logo após ele ter perdido a cabeça. Era

uma Safira de Odin. O azul único da gema parecia encanta-lo, da mesma forma que

o fazia lembrar de seu lar, tão distante daquelas terras. Agora sentia que

estava mais próximo de casa e a cada safira ele tinha a chance de poder voltar.

O azul refletia tão forte quanto o vermelho escarlate do seu anel, e olhando

para o Olho de Astarte, ele lembrou-se que ali em RuneMidgard ele estava a

salvo das maldições que perseguiam sua alma e mesmo carregando aquele anel que

era o sinal maior de todas as maldições, ele estava livre delas. Com bom grado,

Lier teria tirado o anel do dedo, se ele saísse.

 

 

Ergueu os olhos quando viu Vic o olhar. Os olhos vermelhos dela lembraram de

uma maldade que ele conhecia. E sem poder desviar do ataque, foi lançado para o

outro lado da sala pelos espíritos que a circundavam.

 

 

- Barreira de Fogo!

 

 

Zanzar Ten invocou a barreira antes que os espíritos os atacassem. Deu um passo

para trás sabendo que aquela magia não os seguraria por muito tempo. Não sabia

o que Atrius estava esperando para segurar Vic, mas sentia que de alguma forma

aquilo era errado.

 

 

Atrius por fim pareceu acordar e deu um passo a frente.

 

 

- Blood Raven - chamou-a num grito e Vic o olhou com escárnio. - Liberte essas

almas!

 

 

Jack não se moveu, tomado por um horror imenso. Ela era Blood Raven? Mas... em

nome de Odin, o que estava acontecendo? Zanzar Ten havia reconhecido o nome

logo que fora pronunciado, e um ato rápido espalmou a mão sobre seu grimório e

o livro abriu-se sozinho e folhou-se em busca de uma página. Nela um inusitado

desenhado de uma mulher, a Bruxa Imortal. Aquele desenho não batia com a

descrição de Vic, mas Zanzar nunca havia se encontrado com ela. Jamais poderia

saber.

 

 

- Saia da minha frente, sacerdote - a voz de Vic soou, poderosa como um trovão

e tão distorcida quanto.

 

 

- Não! Irá devolver essas almas! E o fará agora!

 

 

Lançando a Cota de Odin no ar, ela voou passando pelo escudo de espíritos até

enroscar-se no braço de Vic. A principio nada mais do que isso. Depois, ela

brilhou em dourado e como uma cobra, começou a comprimir a armadura vermelha de

Vic. Ela trincou e então começou a cair esmigalhada, deixando a mostra o braço

de Vic. Seu rosto mostrava sua dor, e sua raiva. Com a outra mão livre, ela

segurou a Cota e puxou Atrius na direção dela. Uma disputa de poderes foi

formada, e Atrius sentia-se arrastado na direção dela.

 

 

A força acabou quando Vic rompeu a Cota com um gesto poderoso no mesmo momento

que era atacada pelo Trovão de Júpiter invocado por Zanzar Ten. O raio caiu

sobre ela e o grito de dor ecoou tão alto quanto o som dos espíritos e Jack

desesperou-se.

 

 

- Atrius! - lançou-se sobre o sacerdote, para impedi-lo de machucar Vic, no

momento que os espíritos formavam um novo ataque. Foi atingido nas costas e

caiu no chão quase morto. Atrius nada sofrera e a Cota espatifada rolava pelo

chão. Nunca vira ninguém romper a Cota e ela conseguira. Num único gesto!

 

 

- Rajada Congelante! - Zanzar não desistia do ataque, mesmo tendo consciência

da situação. A magia congelante percorreu o solo e surgiu debaixo de Vic, a

congelando por um instante, antes que ela rompesse com a luz avermelhada de sua

armadura.

 

 

- Maldito seja - bradou ela, a voz monstruosa não tendo nada da meiga Vic -

Filho do Leste!

 

 

- Barreira de Fogo! - criou uma barreira para impedir de ser atacado

diretamente - Atrius, rompa o Corvo Reluzente!

 

 

Atrius olhou para ele e depois para a cota.

 

“Falhar? Não, impossível! Só existe uma

única chance e é dela que fazemos nossas oportunidades. A Cota só acabara se o

amor que existe dentro de você se extinguir. Você é melhor qualificado do que

eu, jovem Atrius. Ama tanto essa mulher que daria sua vida por ela.

Infelizmente eu sou egoísta e... sim, você tem razão. Talvez eu nunca tenha amado

de verdade”.

 

 

A imagem de Florette surgiu na mente de Atrius tão forte como se ele tivesse

acabado de vê-la. Aquela armadura e aquelas asas, aquele olhar apaixonado e

triste, sua incrível semelhança com os seres encantados da noite. Como poderia

viver sem saber se ela estava bem? Como poderia viver sabendo que condenara a

alma dela? Que Vyctory pudesse lhe perdoar depois, pois agora ele não a

perdoaria.

 

 

Ele levantou-se rápido e invocou Cura sobre Jack. A cota despedaçada renovou-se

com a força que emanava de seu Portador. E mesmo sem estar junta, ergue-se no

ar, ao redor dele como pequenas esferas brilhantes.

 

 

Vic cessou seu ataque a Zanzar Ten e encarou Atrius com ódio renovado. Ele

abriu os braços e invocando alguma prece rápida, fez as esferas a atacarem,

cruzando seu escudo de almas e atingindo sua armadura, quebrando-a onde era

tocada.

 

 

- Tempestade de Relâmpagos - ela falou e uma magia formou-se sobre Atrius e o

atingiu com precisão. Erguendo a mão no ar, a espada mágica voou até ela, com a

mão livre ela lançou um surpreso Zanzar Ten para o outro lado da sala junto

Lier. Ela moveu-se com a espada em punho na direção de Atrius.

 

- Vic... Vic espere!

 

 

A voz fraca de Jack saiu como um apelo, quase não ouvida pela fúria dela. Como

mágica ela estacou e o olhou, parecendo surpresa. Ele tentou ficar de pé, e

tudo o que conseguiu fazer foi virar o rosto e olhar para ela. O poder do olhar

dele fez algo com ela, fez ela revoltar-se contra aquela dominação desejosa.

Ela soltou a espada assim que seus pés tocaram o chão, e o Corvo Reluzente

perdeu seu brilho, quando ela abaixou-se ao lado dele.

 

 

Como se hesitasse, ela tentou tocar o rosto dele, e então desistiu. Os olhos

azuis encheram-se de lágrimas e Jack continuava mantendo-a cativa em seu olhar,

sem dizer uma única palavra.

 

 

- Não... - ela murmurou a voz saindo fraca e dolorosa. - Você não...

 

- Luz Divina - Atrius invocou apreciando o momento de distração dela. Vic foi

atingida e sua linda armadura trincou inteira. As almas que a rodeavam se

dispersaram e começaram a voltar para seus corpos, abandonando a invocadora.

 

 

Ela ficou de pé olhando sempre para Jack e depois desviou o olhar e observou

Atrius com o rosto banhado em lágrimas. Tirou o elmo e o jogou no chão.

 

 

- Vyctory Pendragon, como autoridade de Odin e Portador da Cota, devo dizer que

terá que me acompanhar. Ou melhor, obrigou-a a me acompanhar Blood Raven.

 

- Não sou Blood Raven - respondeu ela baixinho - eu nunca quis ser.

 

- O que está dizendo?

 

- Que sou... desculpe-me Atrius por tudo o que eu fiz e pelo o que vou fazer.

 

 

Vic correu até a janela e saltou por ela, Atrius correu atrás e o que viu foi

ela caindo com os braços abertos, as pernas flexionadas, e tão calmamente

transformou-se num corvo vermelho e sumiu nas brumas misteriosas que envolviam

Glast Heim. Ele entendeu que ela estava possuída por alguma força, pois Vic era

uma guerreira e não uma bruxa, e soube que deveria avisar a família dela sobre

esse incidente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

... e os corações solitários

 

O amor uniu

 

A donzela da floresta e do rio

 

O senhor do fogo e do céu.

 

 

Florette despertou do pesadelo, acordando em sua macia cama em Payon. Olhou em

volta para ter certeza que estava acordada e viu tudo em seu lugar, e aquela

bela voz élfica cantando uma famosa música de Astor, sua terra. Com frio, ela

cobriu-se e olhou para a janela, onde Raposa estava sentada com um alaúde em

mãos, os olhos fechados, cantando docemente.

 

O Primeiro Grande Dragão

 

Por uma mortal se apaixonou

 

E em sua forma humana

 

A amada enganou

 

 

Glast Heim parecia longe agora. Terrivelmente longe. Hórus estava sentado no

galho e abriu as asas quando a viu despertar. Apertando as cobertas contra o

corpo, Florette voltou a deitar, estremecendo de frio. Sua mente vagava pelos

horrores vividos, pela a tortura de sua alma, pelo medo que sentira. Não, ela

sabia que Odin não a abandonaria. Ela tinha um acordo com ele, havia se tornado

filha dele, nunca seria abandonada. De alguma forma ele a salvara...

 

Nos braços da senhora das matas

 

Ele se encontrou

 

E de todo o carinho que sentiam

 

A Escolhida nasceu.

 

 

Florette olhou para Raposa, e ela parecia concentrada demais naquela canção

para notar que ela despertara. Ela continuava cantando tão magnificamente bem

quanto Florette podia se lembrar, a voz cristalina e apaixonada, pois Raposa

sempre gostara dessas baladas e sabia cantar uma porção delas. Quando vieram

para Rune Midgard, ela perdera o gosto pelas baladas até conhecer as dessa

terra e voltar a cantar quando estivesse distraída. E raramente era encontrada

distraída. Ela não costumava pensar muito em Raposa, pois mal a via, já que a

outra nunca parava em lugar algum.

 

 

Sentiu-se bem por estar em casa e com a meia irmã ali. Era como se estivesse em

casa, ouvindo uma música tão típica de sua terra natal, na companhia de elfos.

 

Linda e dourada

 

Litan era seu nome

 

A grande guerreira amada

 

Draguen era a sua alma

 

 

Raposa parou de cantar e abriu os olhos, fitando Florette. Saiu da janela e

aproximou-se da cama, trazendo o alaúde nas mãos com delicadeza.

 

 

- Então eles conseguiram... - murmurou ela.

 

- Padma...

 

 

A ladina sentou-se na cadeira que fora ocupada por Paganini, que agora estava

dormindo a dois quartos dali, e olhou bem nos olhos de Florette. Não havia nada

que pudesse ser lido nos olhos brilhantes de Raposa, nada. Ela era um mistério

depois do que houvera com seu marido em sua festa de casamento. Raposa não era

mais a mesma, e talvez nunca mais seria. Aquela elfa feliz fora substituída por

uma casca de vingança e ódio.

 

 

- Estou tão feliz que esteja aqui - Florette segurou a mão livre dela com força

e Raposa apenas ergueu uma sobrancelha para o gesto, sem afastar a mão ou

retribuir o gesto. - Não queria acordar sozinha... estava com tanto medo.

 

- Medo? Do quê?

 

- De nunca sair de lá.

 

- Não seja tola Florette. Era certo que seus amigos iam te resgatar. Ou acha

que ele ficaria aqui contemplando sua morte lenta?

 

Ele!

 

Atrius!

 

 

Ele então esteve ali. Ela encheu-se de alegria, desejando poder vê-lo

novamente. Mas só de saber que ele esteve ali, ela ficou cheia de animação, e

imaginou se ele teria cuidado dela. Era claro que havia sido ele que a tirara

de Glast Heim. Como o amava! A simples menção do nome fazia o corpo dela reagir

instantaneamente, como se a qualquer minuto ele fosse entrar naquele quarto e a

tomar nos braços. Como desejava isso!

 

 

- Vejo que ainda gosta do sacerdote...

 

 

A voz de Padma era desprovida de carinho. Parecia um golem falando. Florette

arrepiou-se com o olhar gelado dela, sentindo que todo aquele calor que a

envolvera, sumira levado por uma forte nevasca.

 

 

- Não percebe que é perda de tempo? Você abandonou nossa causa por ele...

 

- Não Padma, não diga isso!

 

- Digo o que eu vejo. E desde que se apaixonou por esse mortal, esqueceu-se

completamente que não somos desse lugar e que vagamos como espíritos por aqui.

O que será Florette? O que será quando você o ver envelhecer? Ainda vai amá-lo?

Ele nem ao menos pertence a nossa casta, nem ao menos sabe o que é um Vanir!

 

 

Florette nada disse. Sabia que Padma nunca aceitara Atrius ou Beauty. Ela não

gostava de sacerdotes de qualquer espécie, tanto porque fora um que atravessara

a Espada Sentimentus no marido. E ela o vira morrer agoniante a sua frente,

enquanto a magia divina do clérigo a segurava contra a parede.

 

 

- Padma - Florette murmurou cheia de carinho.

 

 

Ela levantou-se rápido, como aquele murmúrio a tivesse acordado de seu ódio.

Ela olhou para o chão e depois para a irmã mais velha. Talvez outra pessoa já

estivesse em lágrimas naquele instante, mas ela não.

 

 

- Avise a Sun que quero a Safira. Pouco me importo quem está com ela. Quero que

Sun a traga para mim.

 

 

Dizendo isso, saiu do quarto em silêncio, deixando Florette triste.

 

 

 

 

Angus estava guardando a porta do Alto Conselho quando um noviço apareceu,

viera correndo e estava todo vermelho e desarrumado. Ao encontrar os olhos

sérios do general, ele parou e tomou ar, antes de entrar com postura e olhar

para ele.

 

 

- O que houve?

 

- Vim dar um recado, enviado de Glast Heim, pelo sacerdote Atrius.

 

- Fale logo garoto.

 

- Senhor Atriu manda avisar que... o Druida Vermelho foi destruído e as pessoas

presas estão sendo resgatadas por noviços.

 

- Fico aliviado em saber - disse Angus que nada disso sentia. - Vou avisar o

Alto Conselho.

 

- E tem um recado para o senhor... - Angus olhou para o noviço e ele

encolheu-se diante do olhar - ele manda dizer que sua filha sumiu.

 

 

 

[OFF]

Bom, final do capítulo 8. eu gosto muito dessa parte final do capítulo, ficou meio "desesperado" pro Atrius, tadinho dele ^^

A idéia das Safiras de Odin (omg, Saint Seiya!) e o acordo dos elfos com Odin será explicado em outra fanfic minha - Memórias de Raposa Noturna (quando e se eu vier a publicar).

Essa música que a Raposa está cantando é uma das mais famosas lendas da terra deles - Astor. Que é um reino criado pra mestrar nossas campanhas de D&D (sim, Florette, Raposa e Lier são personagens de D&D e por isso as referências perdidas deles - como a música, as safiras e o anel do Lier). E ela sempre é azeda assim... ninguém sabe como o Tiberius atura ela /heh

Quanto a Zanzar ser o "Filho do Leste" que as musas me inspirem pra escrever a história do Zanzar... o primeiro Seguidor de Odin!

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Bravo! Vc joga D&D? O que acha dos Beholders? E dos Ilitides? Bem, isso são perguntas para outra ocasião, mas a historia esta otima. Responda, isso foi um RP que vc e seus colegas fizeram (duvido, complexo demais pra ser, mas não custa perguntar).

 

Eu amo Beholders *-*

 

Não, na verdade essa história é minha mesmo - como vc mesmo disse, complexa demais pra ser um RP. Meus amigos de clan só me ajudaram em alguns aspectos de seus personagens e ações. Havia duvidas minhas quanto a forma de procederem, e eles me auxiliaram. ^^

Os Rp's (dos Seguidores) que fizemos estavam no fórum do Prontera e como ele saiu do ar, se perdeu as histórias.

Mas é comum me ver em RP de outros clans, uma vez que nem todo os Seguidores faziam RP fora do clan.

 

Que bom que gostou da história ^^

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Parte 3

“Quando chegar a hora

você saberá o que fazer”.

 

 

A voz do antigo Sumo Sacerdote rodopiava na cabeça de Atrius e ele não tinha a

menor idéia do que fazer. Saberia se sua Promessa não fosse sua amiga.

Observando-a, viu Vic erguer-se do solo e levitar a centímetros dele. As almas

que libertadas do Druida Vermelha rodopiavam pela sala, agora rodopiavam a

volta dela, como se a protegessem da ameaça que ele representava.

 

“Mestre espere”, Atrius quase corria

atrás do Sumo Sacerdote, que com passos rápidos dirigia-se para a Biblioteca

dos Sábios em Prontera.

 

 

Olhando-a de olhos fechados, Atrius sabia que ela estava sendo manipulada. Como

especialista naquela Arte Divina, sentia uma outra força agindo e também a

força de Vic nisso tudo. Mal podia acreditar que Vic era Bloody Raven. Aquilo

que lhe parecia tão distante era quase um sonho, depois de tantos anos de

treinamento e de ter abdicado de seu grande amor, ele se via incapaz de agir

contra ela. Mesmo sabendo que essa era sua missão e seu dever.

 

“Niflheim, a Terra da Neblina, é onde

mora Hel, a Grande Deusa da Morte. Ela alimenta-se com doenças, fome e a

velhice. É delas as almas não escolhidas pelas Valkirias e por Freya. É dela e

tudo é sofrimento em seu reino gelado. Antes pior fosse ir para seus braços...

mas há algo pior, muito pior. Chama-se Blood Raven, o Corvo Sangrento que

alimenta seu mana com os espíritos perdidos. É dela todos os piores males que

alguém pode causar a uma alma. É ela, que você tem que impedir”, disse o

Sumo Sacerdote a Atrius.

 

 

- Impeça-a - ouviu Zanzar Ten gritar por causa da lamúria alta dos espíritos.

Olhou surpreso para o bruxo. - Impeça-a - ele repetiu - antes que seja tarde.

 

 

- O que vai fazer?

 

 

Atrius olhou para Jack que segurou seu braço com força. Encarando os olhos

azuis viu a preocupação de Jack com tudo aquilo. Ficara tão claro o amor que

ele sentia por aquela mulher, que agora era uma evidente ameaça a todos.

 

“Escuta Atrius, escuta minhas palavras...

cada alma perdida a Blood Raven é uma alma que nunca encontrara a paz”.

 

 

- Faça o que tem que fazer - disse Zanzar com uma voz firme - é o Portador da

Cota de Odin. Sabe o que fazer não?

 

 

Olhando novamente para o Bruxo, Atrius não entendeu como ele sabia da Cota.

Ficara claro a todos que Atrius carregava uma Cota com poderes divinos, não

muito diferente das demais cotas carregadas por outros sacerdotes. A cada pedra

da Cota tinha uma runa de Odin, feitas por ele mesmo, segundo dizia a lenda.

Como Portador da Cota, Atrius tinha obrigações e como parte da promessa que

fizera, era aprisionar a geração de Bloody Raven, a bruxa imortal. Mas como

poderia faze-lo se era sua amiga? Como poderia enfrenta-la, tendo em mente

todos os bons momentos que passara com ela? Aquilo de certa forma não parecia

justo, porque mesmo Vic sendo sua amiga, ela agora estava com o controle da

alma de Florette.

 

“Utilize o poder do amor, oras! Que tipo

de pergunta é essa? Não lhe disse que a Cota se move por esse poder? É triste,

talvez doloroso, mas necessário. Grave minhas palavras, seu avoado! Pra onde

está olhando afinal?”.

 

 

- Do que estão falando?

 

 

- Vamos homem, não hesite! - falou Zanzar com uma voz forte.

 

 

Indiferente a tudo, Lier tinha os olhos cravados na safira que tinha nas mãos.

Ela cairia do corpo do Druida Vermelho logo após ele ter perdido a cabeça. Era

uma Safira de Odin. O azul único da gema parecia encanta-lo, da mesma forma que

o fazia lembrar de seu lar, tão distante daquelas terras. Agora sentia que

estava mais próximo de casa e a cada safira ele tinha a chance de poder voltar.

O azul refletia tão forte quanto o vermelho escarlate do seu anel, e olhando

para o Olho de Astarte, ele lembrou-se que ali em RuneMidgard ele estava a

salvo das maldições que perseguiam sua alma e mesmo carregando aquele anel que

era o sinal maior de todas as maldições, ele estava livre delas. Com bom grado,

Lier teria tirado o anel do dedo, se ele saísse.

 

 

Ergueu os olhos quando viu Vic o olhar. Os olhos vermelhos dela lembraram de

uma maldade que ele conhecia. E sem poder desviar do ataque, foi lançado para o

outro lado da sala pelos espíritos que a circundavam.

 

 

- Barreira de Fogo!

 

 

Zanzar Ten invocou a barreira antes que os espíritos os atacassem. Deu um passo

para trás sabendo que aquela magia não os seguraria por muito tempo. Não sabia

o que Atrius estava esperando para segurar Vic, mas sentia que de alguma forma

aquilo era errado.

 

 

Atrius por fim pareceu acordar e deu um passo a frente.

 

 

- Blood Raven - chamou-a num grito e Vic o olhou com escárnio. - Liberte essas

almas!

 

 

Jack não se moveu, tomado por um horror imenso. Ela era Blood Raven? Mas... em

nome de Odin, o que estava acontecendo? Zanzar Ten havia reconhecido o nome

logo que fora pronunciado, e um ato rápido espalmou a mão sobre seu grimório e

o livro abriu-se sozinho e folhou-se em busca de uma página. Nela um inusitado

desenhado de uma mulher, a Bruxa Imortal. Aquele desenho não batia com a

descrição de Vic, mas Zanzar nunca havia se encontrado com ela. Jamais poderia

saber.

 

 

- Saia da minha frente, sacerdote - a voz de Vic soou, poderosa como um trovão

e tão distorcida quanto.

 

 

- Não! Irá devolver essas almas! E o fará agora!

 

 

Lançando a Cota de Odin no ar, ela voou passando pelo escudo de espíritos até

enroscar-se no braço de Vic. A principio nada mais do que isso. Depois, ela

brilhou em dourado e como uma cobra, começou a comprimir a armadura vermelha de

Vic. Ela trincou e então começou a cair esmigalhada, deixando a mostra o braço

de Vic. Seu rosto mostrava sua dor, e sua raiva. Com a outra mão livre, ela

segurou a Cota e puxou Atrius na direção dela. Uma disputa de poderes foi

formada, e Atrius sentia-se arrastado na direção dela.

 

 

A força acabou quando Vic rompeu a Cota com um gesto poderoso no mesmo momento

que era atacada pelo Trovão de Júpiter invocado por Zanzar Ten. O raio caiu

sobre ela e o grito de dor ecoou tão alto quanto o som dos espíritos e Jack

desesperou-se.

 

 

- Atrius! - lançou-se sobre o sacerdote, para impedi-lo de machucar Vic, no

momento que os espíritos formavam um novo ataque. Foi atingido nas costas e

caiu no chão quase morto. Atrius nada sofrera e a Cota espatifada rolava pelo

chão. Nunca vira ninguém romper a Cota e ela conseguira. Num único gesto!

 

 

- Rajada Congelante! - Zanzar não desistia do ataque, mesmo tendo consciência

da situação. A magia congelante percorreu o solo e surgiu debaixo de Vic, a

congelando por um instante, antes que ela rompesse com a luz avermelhada de sua

armadura.

 

 

- Maldito seja - bradou ela, a voz monstruosa não tendo nada da meiga Vic -

Filho do Leste!

 

 

- Barreira de Fogo! - criou uma barreira para impedir de ser atacado

diretamente - Atrius, rompa o Corvo Reluzente!

 

 

Atrius olhou para ele e depois para a cota.

 

“Falhar? Não, impossível! Só existe uma

única chance e é dela que fazemos nossas oportunidades. A Cota só acabara se o

amor que existe dentro de você se extinguir. Você é melhor qualificado do que

eu, jovem Atrius. Ama tanto essa mulher que daria sua vida por ela.

Infelizmente eu sou egoísta e... sim, você tem razão. Talvez eu nunca tenha amado

de verdade”.

 

 

A imagem de Florette surgiu na mente de Atrius tão forte como se ele tivesse

acabado de vê-la. Aquela armadura e aquelas asas, aquele olhar apaixonado e

triste, sua incrível semelhança com os seres encantados da noite. Como poderia

viver sem saber se ela estava bem? Como poderia viver sabendo que condenara a

alma dela? Que Vyctory pudesse lhe perdoar depois, pois agora ele não a

perdoaria.

 

 

Ele levantou-se rápido e invocou Cura sobre Jack. A cota despedaçada renovou-se

com a força que emanava de seu Portador. E mesmo sem estar junta, ergue-se no

ar, ao redor dele como pequenas esferas brilhantes.

 

 

Vic cessou seu ataque a Zanzar Ten e encarou Atrius com ódio renovado. Ele

abriu os braços e invocando alguma prece rápida, fez as esferas a atacarem,

cruzando seu escudo de almas e atingindo sua armadura, quebrando-a onde era

tocada.

 

 

- Tempestade de Relâmpagos - ela falou e uma magia formou-se sobre Atrius e o

atingiu com precisão. Erguendo a mão no ar, a espada mágica voou até ela, com a

mão livre ela lançou um surpreso Zanzar Ten para o outro lado da sala junto

Lier. Ela moveu-se com a espada em punho na direção de Atrius.

 

- Vic... Vic espere!

 

 

A voz fraca de Jack saiu como um apelo, quase não ouvida pela fúria dela. Como

mágica ela estacou e o olhou, parecendo surpresa. Ele tentou ficar de pé, e

tudo o que conseguiu fazer foi virar o rosto e olhar para ela. O poder do olhar

dele fez algo com ela, fez ela revoltar-se contra aquela dominação desejosa.

Ela soltou a espada assim que seus pés tocaram o chão, e o Corvo Reluzente

perdeu seu brilho, quando ela abaixou-se ao lado dele.

 

 

Como se hesitasse, ela tentou tocar o rosto dele, e então desistiu. Os olhos

azuis encheram-se de lágrimas e Jack continuava mantendo-a cativa em seu olhar,

sem dizer uma única palavra.

 

 

- Não... - ela murmurou a voz saindo fraca e dolorosa. - Você não...

 

- Luz Divina - Atrius invocou apreciando o momento de distração dela. Vic foi

atingida e sua linda armadura trincou inteira. As almas que a rodeavam se

dispersaram e começaram a voltar para seus corpos, abandonando a invocadora.

 

 

Ela ficou de pé olhando sempre para Jack e depois desviou o olhar e observou

Atrius com o rosto banhado em lágrimas. Tirou o elmo e o jogou no chão.

 

 

- Vyctory Pendragon, como autoridade de Odin e Portador da Cota, devo dizer que

terá que me acompanhar. Ou melhor, obrigou-a a me acompanhar Blood Raven.

 

- Não sou Blood Raven - respondeu ela baixinho - eu nunca quis ser.

 

- O que está dizendo?

 

- Que sou... desculpe-me Atrius por tudo o que eu fiz e pelo o que vou fazer.

 

 

Vic correu até a janela e saltou por ela, Atrius correu atrás e o que viu foi

ela caindo com os braços abertos, as pernas flexionadas, e tão calmamente

transformou-se num corvo vermelho e sumiu nas brumas misteriosas que envolviam

Glast Heim. Ele entendeu que ela estava possuída por alguma força, pois Vic era

uma guerreira e não uma bruxa, e soube que deveria avisar a família dela sobre

esse incidente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

... e os corações solitários

 

O amor uniu

 

A donzela da floresta e do rio

 

O senhor do fogo e do céu.

 

 

Florette despertou do pesadelo, acordando em sua macia cama em Payon. Olhou em

volta para ter certeza que estava acordada e viu tudo em seu lugar, e aquela

bela voz élfica cantando uma famosa música de Astor, sua terra. Com frio, ela

cobriu-se e olhou para a janela, onde Raposa estava sentada com um alaúde em

mãos, os olhos fechados, cantando docemente.

 

O Primeiro Grande Dragão

 

Por uma mortal se apaixonou

 

E em sua forma humana

 

A amada enganou

 

 

Glast Heim parecia longe agora. Terrivelmente longe. Hórus estava sentado no

galho e abriu as asas quando a viu despertar. Apertando as cobertas contra o

corpo, Florette voltou a deitar, estremecendo de frio. Sua mente vagava pelos

horrores vividos, pela a tortura de sua alma, pelo medo que sentira. Não, ela

sabia que Odin não a abandonaria. Ela tinha um acordo com ele, havia se tornado

filha dele, nunca seria abandonada. De alguma forma ele a salvara...

 

Nos braços da senhora das matas

 

Ele se encontrou

 

E de todo o carinho que sentiam

 

A Escolhida nasceu.

 

 

Florette olhou para Raposa, e ela parecia concentrada demais naquela canção

para notar que ela despertara. Ela continuava cantando tão magnificamente bem

quanto Florette podia se lembrar, a voz cristalina e apaixonada, pois Raposa

sempre gostara dessas baladas e sabia cantar uma porção delas. Quando vieram

para Rune Midgard, ela perdera o gosto pelas baladas até conhecer as dessa

terra e voltar a cantar quando estivesse distraída. E raramente era encontrada

distraída. Ela não costumava pensar muito em Raposa, pois mal a via, já que a

outra nunca parava em lugar algum.

 

 

Sentiu-se bem por estar em casa e com a meia irmã ali. Era como se estivesse em

casa, ouvindo uma música tão típica de sua terra natal, na companhia de elfos.

 

Linda e dourada

 

Litan era seu nome

 

A grande guerreira amada

 

Draguen era a sua alma

 

 

Raposa parou de cantar e abriu os olhos, fitando Florette. Saiu da janela e

aproximou-se da cama, trazendo o alaúde nas mãos com delicadeza.

 

 

- Então eles conseguiram... - murmurou ela.

 

- Padma...

 

 

A ladina sentou-se na cadeira que fora ocupada por Paganini, que agora estava

dormindo a dois quartos dali, e olhou bem nos olhos de Florette. Não havia nada

que pudesse ser lido nos olhos brilhantes de Raposa, nada. Ela era um mistério

depois do que houvera com seu marido em sua festa de casamento. Raposa não era

mais a mesma, e talvez nunca mais seria. Aquela elfa feliz fora substituída por

uma casca de vingança e ódio.

 

 

- Estou tão feliz que esteja aqui - Florette segurou a mão livre dela com força

e Raposa apenas ergueu uma sobrancelha para o gesto, sem afastar a mão ou

retribuir o gesto. - Não queria acordar sozinha... estava com tanto medo.

 

- Medo? Do quê?

 

- De nunca sair de lá.

 

- Não seja tola Florette. Era certo que seus amigos iam te resgatar. Ou acha

que ele ficaria aqui contemplando sua morte lenta?

 

Ele!

 

Atrius!

 

 

Ele então esteve ali. Ela encheu-se de alegria, desejando poder vê-lo

novamente. Mas só de saber que ele esteve ali, ela ficou cheia de animação, e

imaginou se ele teria cuidado dela. Era claro que havia sido ele que a tirara

de Glast Heim. Como o amava! A simples menção do nome fazia o corpo dela reagir

instantaneamente, como se a qualquer minuto ele fosse entrar naquele quarto e a

tomar nos braços. Como desejava isso!

 

 

- Vejo que ainda gosta do sacerdote...

 

 

A voz de Padma era desprovida de carinho. Parecia um golem falando. Florette

arrepiou-se com o olhar gelado dela, sentindo que todo aquele calor que a

envolvera, sumira levado por uma forte nevasca.

 

 

- Não percebe que é perda de tempo? Você abandonou nossa causa por ele...

 

- Não Padma, não diga isso!

 

- Digo o que eu vejo. E desde que se apaixonou por esse mortal, esqueceu-se

completamente que não somos desse lugar e que vagamos como espíritos por aqui.

O que será Florette? O que será quando você o ver envelhecer? Ainda vai amá-lo?

Ele nem ao menos pertence a nossa casta, nem ao menos sabe o que é um Vanir!

 

 

Florette nada disse. Sabia que Padma nunca aceitara Atrius ou Beauty. Ela não

gostava de sacerdotes de qualquer espécie, tanto porque fora um que atravessara

a Espada Sentimentus no marido. E ela o vira morrer agoniante a sua frente,

enquanto a magia divina do clérigo a segurava contra a parede.

 

 

- Padma - Florette murmurou cheia de carinho.

 

 

Ela levantou-se rápido, como aquele murmúrio a tivesse acordado de seu ódio.

Ela olhou para o chão e depois para a irmã mais velha. Talvez outra pessoa já

estivesse em lágrimas naquele instante, mas ela não.

 

 

- Avise a Sun que quero a Safira. Pouco me importo quem está com ela. Quero que

Sun a traga para mim.

 

 

Dizendo isso, saiu do quarto em silêncio, deixando Florette triste.

 

 

 

 

Angus estava guardando a porta do Alto Conselho quando um noviço apareceu,

viera correndo e estava todo vermelho e desarrumado. Ao encontrar os olhos

sérios do general, ele parou e tomou ar, antes de entrar com postura e olhar

para ele.

 

 

- O que houve?

 

- Vim dar um recado, enviado de Glast Heim, pelo sacerdote Atrius.

 

- Fale logo garoto.

 

- Senhor Atriu manda avisar que... o Druida Vermelho foi destruído e as pessoas

presas estão sendo resgatadas por noviços.

 

- Fico aliviado em saber - disse Angus que nada disso sentia. - Vou avisar o

Alto Conselho.

 

- E tem um recado para o senhor... - Angus olhou para o noviço e ele

encolheu-se diante do olhar - ele manda dizer que sua filha sumiu.

 

 

 

[OFF]

Bom, final do capítulo 8. eu gosto muito dessa parte final do capítulo, ficou meio "desesperado" pro Atrius, tadinho dele ^^

A idéia das Safiras de Odin (omg, Saint Seiya!) e o acordo dos elfos com Odin será explicado em outra fanfic minha - Memórias de Raposa Noturna (quando e se eu vier a publicar).

Essa música que a Raposa está cantando é uma das mais famosas lendas da terra deles - Astor. Que é um reino criado pra mestrar nossas campanhas de D&D (sim, Florette, Raposa e Lier são personagens de D&D e por isso as referências perdidas deles - como a música, as safiras e o anel do Lier). E ela sempre é azeda assim... ninguém sabe como o Tiberius atura ela /heh

Quanto a Zanzar ser o "Filho do Leste" que as musas me inspirem pra escrever a história do Zanzar... o primeiro Seguidor de Odin!

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Bravo! Vc joga D&D? O que acha dos Beholders? E dos Ilitides? Bem, isso são perguntas para outra ocasião, mas a historia esta otima. Responda, isso foi um RP que vc e seus colegas fizeram (duvido, complexo demais pra ser, mas não custa perguntar).

 

Eu amo Beholders *-*

 

Não, na verdade essa história é minha mesmo - como vc mesmo disse, complexa demais pra ser um RP. Meus amigos de clan só me ajudaram em alguns aspectos de seus personagens e ações. Havia duvidas minhas quanto a forma de procederem, e eles me auxiliaram. ^^

Os Rp's (dos Seguidores) que fizemos estavam no fórum do Prontera e como ele saiu do ar, se perdeu as histórias.

Mas é comum me ver em RP de outros clans, uma vez que nem todo os Seguidores faziam RP fora do clan.

 

Que bom que gostou da história ^^

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9 - Entre a Promessa

e a Flor

 

Dois dias depois que Glast Heim foi limpa e o Druida

Vermelho sumira da face de Rune Midgard, Atrius caminhava pelo santuário de

Odin em Prontera, sem vestir um dos uniformes de sacerdote, optando por uma

roupa sombria, fazendo seus cabelos verdes realçarem em todo aquele negro. O

santuário estava silencioso, ninguém costumava ir lá aquela hora da manhã.

 

 

 

Ele dividia-se em uma parte aberta que saia num jardim bem

cuidado, onde havia espalhados bancos de mármores por todos os lados e uma

estatua de Odin sentado em seu trono. Do lado coberto, seguia um teto alto,

segurado por imensas colunas rodeadas por flores. Bancos estavam dispostos

entre pequenas estatuas dos deuses Asgardianos.

 

 

 

Ali estava toda a calma que Atrius procurava para seu

espírito. Escolheu um banco estratégico no jardim aberto e sentou-se nele,

colocando ao lado uma caixa ricamente decorada ao lado. Observou o jardim, sem

ver nada a sua frente.

 

 

 

Sua mente rodopiava com os últimos eventos vividos e seu

coração pesava, carregado de um pesar que ele nunca sentira antes. Parecia

sufocado e as palavras engasgadas em sua garganta.

 

 

 

Inclinou-se subitamente pra frente e cobriu o rosto com as

mãos.

 

 

 

Era sua culpa! A culpa era toda sua!

 

 

 

Blood Raven estava com Vic. Havia se apoderado do corpo de

sua amiga, de sua companheira de armas. E ele? Ele não fizera nada! Sendo

especialista na Arte do Exorcismo, ele nada fizera! Deixara Blood Raven tomar

conta dela, fazer seus gestos os dela e fazer com que ela fugisse. Ela podia

estar em qualquer lugar naquele momento e aquele mal nunca pararia.

 

 

 

Sua obrigação... sua promessa perdera-se no momento que ela

saltara pela janela e num imenso corvo se transformara. A Cota estava

destruída. Tudo havia sido em vão.

 

E nesse meio tempo que ele se preparava para ser aquele que

carregaria a Cota de Odin, havia abdicado do amor de Florette por algo que

agora não tinha mais importância. Ele falhara e nem mesmo de sacerdote ele

devia ser chamado. Não havia mais aquela responsabilidade e com a Cota

destruída, não havia mais a Promessa. A Promessa perdera todo o seu brilho e

nada mais era agora do que um objetivo vago e distante. Sem a Cota, nenhum

mortal poderia conter o poder de Blood Raven, e mesmo agora, ele acreditava que

poderia ter sido parada.

 

 

 

 

 

As armas fabulosas que Odin dera a Rune Midgard perderam-se

pelo tempo e a Cota era mais uma delas. Depois que viu que falhara em sua

Promessa, perdera todo o poder e agora não controlava mais a Cota. Ninguém mais

poderia. A arma que fora forjada para aprisionar Blood Raven de nada servira,

pois em um único gesto, ela partira a Cota e desativara a habilidade mágica da

arma.

 

 

 

Blood Raven que tinha uma necessidade crescente de obter

poder para novamente enfrentar Odin, agora era uma inimiga que estava solta.

Assassinara Dommenicus com facilidade e depois mais três noviços foram

encontrados mortos, com mais dizeres de sangue na parede. Ela era cruel e não

tinha nenhum sentimento. Ela não podia ser detida.

 

 

 

Quando estava treinando para fazer valer sua Promessa, o

antigo Sumo Sacerdote havia lhe dito que se a Cota fosse destruída, a única

maneira de parar Blood Raven era que sua cria se voltasse contra ela, ou que os

Guerreiros do Ulster fossem invocados. E então ele sorriu maldoso embora os

olhos fossem pura candura e disse com uma voz calma: “isso claro, se Odin

não proibisse Invocação como Arte”. Os Filhos do Ulster poderiam deter

Blood Raven, mas o custo era muito alto. Desprezar as ordens de Odin era se

voltar contra ele e seus filhos e filhas, era ter que enfrenta-lo frente a

frente. E os Filhos do Ulster só poderiam ser invocados se a terra bebesse o

sangue de uma virgem pura, como dizia a lenda. Se tivessem sorte na Invocação,

a deusa Cathain Mayfair, a Dama do Lago, seria invocada.

 

 

 

Mas ele não considerava essa opção. Havia entrado para a

Ordem de Odin para segui-lo e sabia de todas as punições desse e do outro mundo

por tal ofensa as regras de Odin. Não, estava claro para ele que invocar

Ulsters não era uma idéia nem ao menos a ser considerada.

 

 

 

E quanto a cria de Blood Raven, havia boatos que tal pessoa

existia, mas Atrius não acreditava nisso. Se houvesse alguém com poderes como o

de Blood, certamente teria sido notada em meio aos humanos. Mas ninguém fora

notado e mesmo assim, sua Promessa incluía aprisionar tal pessoa.

 

 

 

O que ele faria agora?

 

 

 

Como diria ao pai de Vic que não fora poderoso o suficiente

para salva-la? Como poderia voltar a encarar os Altos Sacerdotes e contar a

eles que falhara? Por sorte, ou não, eles ainda se encontravam fechados na sala

do Alto Conselho, recebendo mensagens de fora através de Angus Pendragon e nada

mais. Ninguém sabia o que eles tanto faziam ou o que tanto discutiam, mas era

claro que o assunto era Blood Raven.

 

 

 

Ela devia ser temida por todos os sacerdotes de Odin, que se

tornavam inúteis frente a ela. E era de conhecimento de todos que ela tinha

paixão em acabar com vidas dedicadas a Odin.

 

 

 

Um som no jardim chamou sua atenção e Atrius ergueu os olhos

marejados para ver Beauty parada a sua frente. Ele sentiu vergonha por estar em

lágrimas, e desviou do olhar dela, olhando para o lado. Ouviu ela se mover e

sentar ao seu lado depois, tocando seu ombro e depois suas mãos juntas que se

apertavam com força.

 

 

 

- Que a Paz de Frigga caia sobre você meu amigo – a ouviu

dizer.

 

 

 

Paz? Quando poderia encontrar isso? Sentia-se tão mal, tão

culpado... tantos anos e tudo o que conseguira fora um fracasso total. Tanta

dedicação e crença de seu mestre e para quê? Para ver Vic pulando por uma

janela e se transformando num corvo? Estava errado, ele não precisava de paz,

ele precisava de uma punição por ter falhado.

 

 

 

Beauty deitou a cabeça contra o braço dele e nada mais

falou, ficando ali com ele durante tempo indefinido. Ele não conseguia tirar da

mente a cena de Vic pulando pela janela. O olhar incredulidade de seus amigos,

o olhar arrasado de Jack. Ele que o havia salvado da morte certa, mostrando a

Vic como se sentia em relação a ela, como acreditava que ela podia dominar

aquela “coisa”.

 

 

 

Pobre Vic... teria a alma condenada por Odin por fazer

conspiração com Blood Raven. E nem ao menos teria como se defender de sua ira.

 

 

 

- O tempo pode melhorar tudo. Teremos conhecimento, teremos

paz, teremos noticias – murmurou Beauty com a voz embargada – por favor Atrius,

diga que ainda acredita que podemos melhorar isso!? Que minha esperança não é

falsa...

 

 

 

O silêncio dele foi a resposta para as palavras dela. Não

condizia com a verdade ele afirmar que ainda tinha esperanças. Pois não tinha.

Nenhuma. As palavras perderam-se, sem sentido aos olhos dele. Queria ele poder

explicar tudo a ela. Dizer como se sentia, como estava sendo para ele.

Sentia-se tão perdido...

 

 

 

- Odin vai cuidar dela. Eu acredito nisso...

 

 

 

Atrius por fim olhou para ela. Viu um olhar de crença total

nas palavras ditas, tão forte, que ele teve que exibir um sorriso triste.

 

 

 

- Assim espero, Beauty.

 

 

 

O som de passos sobre a grama chamou a atenção de ambos que

viram um noviço acompanhado por Angus.

 

 

 

- Atrius – Angus o cumprimentou com tom frio.

 

 

 

O sacerdote apenas acenou com a cabeça. E usando de sua

técnica de esconder sentimentos, escondeu-se atrás de uma máscara de frieza e

nada falaria até que fosse realmente necessário. Não gostava de se revelar

naquele estado que se encontrava, muito menos para pessoas como Angus que

pareciam desprovidos de sentimentos.

 

 

 

 

 

 

 

- Você está bem? – por fim, o cavaleiro perguntou.

- Estou um pouco...

- Abalado, eu diria – Angus comentou e deu um sorriso franco

que durou segundos.

- Você ficara bem – disse Beauty, a voz saindo num sussurro.

Ela se levantou e sorriu, e Atrius nem olhou em sua direção quando ela

desapareceu.

 

 

 

Assim que ela se foi, Angus Pendragon  permaneceu. Atrius não tinha coragem para

olha-lo. Ficaram em um silêncio incomodo depois. Atrius sentia-se

desconfortável na presença daquele homem poderoso e então voltou a apertar suas

mãos no colo.

 

 

 

- Senhor Atrius, não ficarei aqui prolongando meu

tempo curto com o senhor. Portanto serei direto: o que você fez com a minha

filha?

 

 

 

[OFF]

Agradeço ao Sobek por ter apagado meu post errado... eu fiz confusão e não coloquei essa parte antes.

Nha, tinha um personagem maravilhoso na história, mas faço questão de apagá-lo... era o 07 (zero sete). Tive que cortar/modificar as partes que ele aparece.

Ah sim, a Beauty é um "ispritu", digamos assim...

Cathain Mayfair e os Ulsters são de outra história, a da família Mayfair (o nome não é meu, é da Anne Rice, mas a gente copia né? [/heh] ). Cathain é de uma música do Buffalo Lee - maravilhosa! a história dos Mayfair era contada no fórum do Prontera... mas agora já foi!

 

Valorian - obrigada \o/

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Deixa eu ver então. O capitulo que vc pôs antes é depois desse?

E qual a historia dos Ulsters?

Vai sair a historia do Zanzar?

O cara se chamava 07 mesmo? O que ele era?

As respostas para essas e outras perguntas no "[OFF]" do proximo capitulo... ou no proximo post dela mesmo, tanto faz.

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-> Draken...

Sim sim... eu troquei as partes dos capítulos - malditos caps enormes. Eu vi um aqui e coloquei. Dai eu estava vendo que estava curto demais pra ser um único capítulo, e então notei que não coloquei o começo do cap. ¬¬" por sorte o Sobek apagou pra mim, já que o edit não funciona de maneira apropriada, e eu arrumei, agora segue tudo certo.

 

Os Ulsters eram personagens citados numa outra fanfic, que não vou continuar. A idéia era que Ulster era um lugar próximo de GH, que sumiu do mapa. Como sumiu por razões desconhecidas e o povo era mágico, existe a lenda que é citada em minhas fanfics que com o sangue de virgens vc pode chamar os Guerreiros Mágicos de Ulster para lidar com males que magias atuais não podem - no caso a Bloody Raven. (Ulster é da mitologia celta, assim como vários elementos da família Mayfair - eu misturei tudo... pra variar [/heh])

 

Quando houver tempo, eu escrevo a história do Zanzar Ten. Eu tenho que terminar as memórias da Raposa Noturna, e ai quem sabe eu escrevo sobre ele. pelo menos eu já tenho um monte de anotações, assim fica mais fácil. assim que terminar aqui, eu vou colocar as memórias da Raposa, que está no livro 1 ainda (a previsão são 5 livros) [/aiai]

 

Então... o Cesar07 era o primeiro lider dos Seguidores de Odin - muitos jogadores de RP da época chegaram a conhecer. Mas por razões que não compensam ser lembradas, houve diferenças entre os jogadores e ele desrespeitava muitas das regras que criamos pro clan (que era formado originalmente por meus amigos, iamos numa lan jogar ragnarok desde o beta). Quando eu comecei as fanfics, ele era líder e haviamos desenvolvido uma personalidade misteriosa pra ele, uma aura magnifica pro personagem. Mas como eu disse, houve diferenças entre os jogadores, e por isso eu faço questão de apagá-lo das histórias - mesmo porque ele não merece nada, nem mesmo um personagem maravilhoso como esse. Ele era cavaleiro. Não que o enredo do personagem dele tenha se perdido, eu pretendo usá-lo depois, afinal, sempre existiram muitos Seguidores de Odin, um deles pode reviver o personagem com novo nome e roupagem ^^

 

Por isso a demora pra postar os caps, eu tenho que apagar os vestigios dele da história e ajeitar pra que não fique sem sentido.

E uma errata, Balad Of Cathain é do Grant-Lee Phillips... é uma alusão perdida de mitologia celta e também é trilha de um seriado chamado Witchblade ( =^;^= )

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Parte 2

Aquela era a pergunta que Atrius estava se preparando para responder, mas ao

olhar para Angus e vê-lo olhar com impaciência em sua direção, tudo o que havia

ensaiado sumiu de sua mente. Como poderia enfrentar aquele homem se nem ao

menos ele conseguia se enfrentar? O que poderia dizer?

 

 

- Senhor Angus - começou Atrius incerto - perdoe-me por não ter conseguido

ajudar sua filha. Não me sinto honrado o suficiente para tratar desse assunto

agora.

 

- Ajudar? O que quer dizer com isso rapaz?

 

- Ela foi envolvida pelo mal de Blood Raven meu senhor. Não pude ajuda-la. Não

pude liberta-la daquela prisão mágica... sinto-me tão mal por isso. Vyctory é

minha amiga e saber que não consegui ajuda-la me parte o coração.

 

- O que houve com ela então?

 

- Blood Raven a dominou e antes que eu pudesse expulsa-la, ela fugiu com o

corpo de Vic, transformando-se num corvo.

 

 

Para surpresa de Atrius, Angus Pendragon apenas suspirou como se estivesse

aliviado por isso. O sacerdote ficou confuso por alguns instantes. Havia

contado algo horrível ao pai de Vic e ele ficara aliviado? Algo estava errado.

Ele poderia ter ficado aliviado por Vic não estar morta. Mas do que adiantaria?

Agora ela era um zumbi... um simples instrumento da maldade de Blood Raven.

 

 

- Não entendo senhor como pode ficar aliviado. Eu não a salvei do que pode lhe

acontecer, ela pode estar em qualquer lugar agora e pode estar fazendo alguma

maldade. O senhor sabe que foi Blood Raven que assassinou o senhor Dommenicus e

aqueles noviços... Vic tem uma habilidade sobrenatural com a espada e imagino o

que ela pode estar fazendo agora já que não a impedi.

 

- Há coisas que fogem de seu conhecimento senhor Atrius - Angus falou, mantendo

o tom de voz baixo - grandes segredos. Cuidarei pessoalmente para que minha

filha seja trazida de volta. E agradeço por não ter feito nada a minha pequena.

 

- Mas senhor... como pode me agradecer por não ajuda-la?

 

- É o que eu digo senhor Atrius, conhecimentos que lhe fogem... fico feliz por

sua ação. É tudo o que deve saber e suas respostas aliviam o sofrimento do meu

coração. Encontre-se em paz e mantenha a calma - Angus por fim deu um rápido

sorriso. Cumprimentou Atrius com um leve aceno de cabeça e tocou a testa,

virando-se e deixando o sacerdote as sós novamente.

 

 

Segredos?

 

 

Todos tinham os seus. E aquele homem acabara de revelar que havia alguma coisa

naquilo tudo. Ter deixado Vic escapar era algo terrível de suportar, e saber o

que havia coisas por trás disso tudo o deixava ainda mais arrasado. O quanto

teriam que esconder até que essa verdade viesse a tona?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Certamente não muito, pois assim como Odin não tolerava as

trapaças de Loki, nenhum de seus sacerdotes suportaria algo parecido.

 

 

E agora que pensava nisso, via todos os segredos velados envolvendo os amigos.

A curiosidade abateu-se sobre ele tão forte quanto sua dor pelo fracasso e perda

de uma amiga. Os conhecimentos que lhe fugiam... Lier e sua adoração por

vermelho, aquele imenso anel em seu dedo sempre brilhante e o rubi de lapidação

perfeita. Vic e sua coleção de armas elementais forjadas em um estranho metal

negro gravadas com runas. Raposa Noturna e sua estranha rejeição a sacerdotes

de todos os tipos, a raiva que era sentida a cada olhar, a cada gesto e a cada

palavra não pronunciada. Zanzar Ten e sua magia que ultrapassava os

conhecimentos dos mais sábios magos e feiticeiros da atualidade de Rune

Midgard.

 

 

 

 

Ao que parecia todos tinham seus segredos. Era justo te-los. Ao mesmo tempo que Atrius pensava que por

eles, as coisas nunca seriam totalmente claras. Mas quem era para falar alguma

coisa? Ele tinha seus segredos. Aquelas coisas que ele tentava sufocar, queria

poder esquecer. Os seus segredos.

 

 

Sua mente foi para Florette e a estranha visão que ele tivera com ela. As asas

de penas leves, as feições delicadas, o olhar sobrenatural. Era como se por um

breve instante, ela não fosse humana e pertencesse a algo... algo que ele não

podia compreender. Era uma linda visão, aquela mulher em roupas de tecidos

transparentes que insinuavam as formas do corpo, revelavam em uma sombra os

detalhes.

 

 

Sentiu-se perdido no momento seguinte.

 

 

Ele estava pensando em muitas coisas. Seu coração estava pesado e saudoso. E

ele totalmente perdido.

 

 

 

 

Era de noite quando Atrius levantou-se entorpecido. Ficara ali o dia todo,

pensamentos povoando sua mente, estranhas sensações pelo corpo. Não podia fazer

nada quanto a isso e estava incomodado pela fragilidade que se encontrava. E

com todo isso, ele não parava um só minuto de pensar em Florette e de como

queria vê-la.

 

 

Achava bobo, mas estava com medo.

 

 

O amor que sentia por ela parecia ser a coisa mais importante depois de um dia

de reflexões. Sabia que só encontraria as respostas se pudesse deitar a cabeça

no colo dela e sentir os dedos dela acariciando seus cabelos.

 

 

Tudo havia desmoronado e agora ele precisava de um lugar seguro para ficar. E o

único lugar que sabia ser seguro era com ela. Assim, tirou uma gema azul do

bolso e observou a pedra a luz da Lua. Considerou o que ia fazer e porque o

faria, mas acabou não se dando explicações suficientes porque tudo o que

conseguia pensar era que queria estar com ela, ficar com ela, poder vê-la.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Utilizou a gema e abriu um portal para Payon.

 

 

Parado a porta da casa de Lier, ele observou as luzes de velas acesas, colocou

as mãos no bolso e sentou-se numa raiz de arvore do outro lado da trilha que

passava ali. Olhou para a varanda do quarto de Florette, lembrando que ela

havia escolhido aquele quarto porque ficava de frente ao jardim e a janela do

lado dava para uma frondosa árvore que parecia crescer em harmonia junto a

casa.

 

 

Respirou fundo o perfume das flores noturnas e encostou a cabeça na árvore, sem

tirar os olhos do quarto escuro.

 

 

Ele sabia que seria mais fácil entrar na casa do que ficar ali fora esperado

poder vê-la, mas sentia uma culpa tão grande pelo o que havia acontecido que

somente vê-la já lhe faria bem.

 

 

O tempo passou e ele ficou ali. Nem notou quando Raposa Noturna desceu de uma

árvore sem fazer nenhum ruído e parar a frente dele. Olhou para a ladina e ela

colocou as mãos na cintura aborrecida.

 

 

- O que está fazendo aqui?

 

 

Ele não respondeu. Sabia que Raposa não gostava de sacerdotes e que se dissesse

alguma coisa, poderia se complicar com ela. E tudo o que não queria no momento

era mais problemas. Raposa abaixou-se na frente com um movimento delicado e

preciso.

 

 

Os traços de parentesco com Florette eram poucos. A mesma suavidade das

expressões era notada, os olhos levemente afilados. Mas nada mais era parecido.

Raposa era rígida, os olhos dela expressavam desdém enquanto conversava com ele

quando não estavam cheios de ódio.

 

 

- Você deveria ir embora e esquecer tudo isso - disse Raposa com o silêncio

dele. - Embora pouco me importe com seu sofrimento, não gosto de ver minha irmã

triste por um sacerdote.

 

- Se eu não fosse um, faria alguma diferença pra você?

 

 

Ela o olhou de cima a baixo com um olhar apreciativo.

 

 

- Talvez...

 

- Sua irmã não sabe que estou aqui.

 

- Eu sei, pois se soubesse, certamente a tola estaria aqui fora com você - ela

se pós de pé e o olhou como se fosse algum ser superior, Atrius a ignorou

totalmente, estava acostumado aquelas situações com ela. - Esqueça tudo

sacerdote, é o melhor que tem a fazer.

 

 

Com um movimento rápido, Raposa saiu da frente dele e quando ele olhou, ela

entrava na casa.

 

 

Se ele pudesse esquecer de tudo seria muito bom... esquecer? Porque não havia

pensado nisso antes? Uma idéia surgiu em sua mente e embora ela fosse dolorosa,

era a mais correta a se tomar. Levantou-se e seguiu para Alberta, onde poderia

encontrar a pessoa perfeita para ajuda-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

[OFF]

Tia Flor preguiçosa... ¬¬

Agora sim a história tá certa.

E em breve o Cap 10, o último.

 

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