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Dynamo+

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Tudo que Dynamo+ postou

  1. Dynamo+

    OverPower!1!

    O Arquimago tinha que chama Wizz_of_Darkness JhSAUhASuASHaSOIajssaOIJASsAuASHu hmm, falando em nomes... "Fuvity" seria um trocadilho com "Full Vit"?
  2. Tem um dragão bem na entrada também, mas eu não consegui um bom ângulo pra tirar a SS dele. Mimimi, queria tanto postar uma SS com título de Dungeons and Dragons. [/pif]
  3. Gente, como vocês conseguem inclinar tanto a câmera?
  4. Arktisch upando? Ja viu? SS! To zuando, Bino =B
  5. Dynamo+

    Thanatos: A Origem

    Acabei de ler o capítulo 1. Muito bom, Aka, mais tarde vou ler e o outro e faço meus comentários sobre o enredo.
  6. Muito boa, menina de vidro Hyalina (desculpe, não resisti a fazer esta piada /heh), vou acompanhar.
  7. Muito boa, menina de vidro Hyalina (desculpe, não resisti a fazer esta piada /heh), vou acompanhar.
  8. Agora sim eu vou vencer a preguiça e ler essa fic.
  9. Agora sim eu vou vencer a preguiça e ler essa fic.
  10. Não foi chupada, foi uma paródia. [/heh]
  11. Pode sim, mas não ponha créditos por favor.[/heh]
  12. Ae Lefrae, olha a música que eu compositei pra ser tema do capítulo 2: Torre do Thanatu eh ruim de invadi Nóis com a OD vamo se diverti Porque no Thanatu eu vo dizê come ki eh Aqui naum tem mole, nem para os WoEr Pa subi aqui na torre até a Ruína treme Não tem mole pros tutor, Satã, nem pra GM Aewlz, gostou kra? kkkkkkkkkkkkkkkkkk
  13. Opa, essa eu vou ler. Quero vê essis roliplêier entra na torre do thanatu!!1
  14. Não foi chupada, foi uma paródia. [/heh]
  15. Pode sim, mas não ponha créditos por favor.[/heh]
  16. Ae Lefrae, olha a música que eu compositei pra ser tema do capítulo 2: Torre do Thanatu eh ruim de invadi Nóis com a OD vamo se diverti Porque no Thanatu eu vo dizê come ki eh Aqui naum tem mole, nem para os WoEr Pa subi aqui na torre até a Ruína treme Não tem mole pros tutor, Satã, nem pra GM Aewlz, gostou kra? kkkkkkkkkkkkkkkkkk
  17. Opa, essa eu vou ler. Quero vê essis roliplêier entra na torre do thanatu!!1
  18. PintinhoPatoO formato do bico não deixa dúvidas: aquilo é um pinto.[/heh]
  19. Dynamo+

    Tempestade Divina

    A chuva fria abriu o primeiro dia de tensão entre os dois inimigos. Rune-Midgard parecia estar disposta a não dar boas-vindas aos seus invasores. Embaixo dos pés dos árabes, a grama e a terra molhada se tornaram terrenos difíceis e encharcados, o que atrapalhava o movimento das tropas. E lá em cima dos muros de Prontera, Kain agradecia pela ajuda. As tropas de Arunafeltz já estavam à vista da cidade. Não deixaram se seduzir pela aparente vulnerabilidade da capital. Em cima dos muros do feudo, eram visíveis apenas alguns poucos arqueiros e uma dezena de cavaleiros, uma defesa que, do lado de fora, parecia ser extremamente escassa. Isso porque, do lado de dentro, sentados no chão e de costas para o parapeito do muro, estavam a maioria dos atiradores de elite, de modo que os inimigos não podiam vê-los. Portanto, a defesa de Prontera poderia aumentar para mais do triplo, caso recebesse o sinal de seu comandante. Kain, por sua vez, estava junto com os cavaleiros, aguardando aos lados dos portões. E também do lado de dentro, estavam Guy e Siegfried, cada um com sua tropa de cavaleiros e templários, e um Sumo-Sacerdote de Juno, que estava preparando os sacerdotes para proteger os civis e cuidar dos feridos. Na frente da cidade sitiada, os arunafeltianos já começavam a gritar suas palavras de escárnio e provocação. Os soldados, a maioria montados em hienas, um monstro natural de sua região, vestiam suas bonitas armaduras douradas, típicas dos árabes. A tropa inimiga não ousava se aproximar dos muros. Além de temer a já prevista defesa de arqueiros que já estava preparada para atacar, eles estavam separados do muro por um fosso razoavelmente fundo, onde foram colocadas varas pontiagudas como lanças, de modo que o homem que caísse estaria ferido de morte. E o primeiro dia de guerra continuou daquele jeito. Parecia que iria passar sem nenhuma luta. Kain, que estava satisfeito com a situação, subiu até os muros para falar com Harald, ficando bem à vista dos sitiantes. Criou-se um pequeno alvoroço entre a tropa quando viram o lorde e o atirador vulneráveis, mas o comandante árabe mandou que eles sossegassem e não fossem se meter em armadilhas. – O primeiro dia transcorreu bem. Se conseguirmos manter os nossos inimigos à distância, logo eles terão que lidar com lobos e outros animais selvagens e ficarão sem mantimentos. – Disse o lorde. Harald fez cara de quem compreendia e concordava. – Mas hoje, Kain, vai haver um morto. Apenas um. – Respondeu. – E eu posso saber quem é? Não entendi direito o que você quis dizer com isto, mas se estiver seguro do que vai fazer, faça. – É um homem um pouco mais jovem que nós, que embora seja corajoso, é também um pouco tolo. Você vai saber em breve. – Falou o atirador, com nenhuma clareza nas palavras. – Está bem. – Respondeu Kain, desistindo de entender o amigo – Agora eu vou descer e ir descansar. Mandei metade das minhas tropas ir descansar e comer. Recomendo que você também mande alguns dos seus. Quando a primeira metade já estiver pronta, a outra vai. Siegfried estará cuidando do portão para nós. Agora, me dê licença, preciso ir. Os dois se despediram e o lorde desceu do muro, voltando para o interior da cidade. Por sua vez, os arunafeltianos também já começavam a armar suas barracas para dormir. Porém, entre eles, um pequeno grupo, cerca de cinqüenta, se reuniu e começou cautelosamente a se aproximar dos muros de Prontera. Harald já estava alerta e já tinha ao seu lado um barril cheio de flechas para atirar em seus inimigos. Quando o grupo ainda estava longe, o líder dos atiradores olhou para o lado de baixo dos muros e chamou Siegfried. Ele fez um sinal, pedindo alguma coisa. Seu pedido foi atendido e um templário de cabelos curtos e pretos foi mandado para cima do muro. – Muito bem, templário. Quando aquele grupo de atacantes estiver se aproximando de nós, me proteja pelo lado esquerdo com seu escudo. O templário acenou afirmativamente. Os árabes agora já estavam a pouco mais do que a distância de um tiro de flecha. Eles se alinharam em cinco filas, como se quisessem atacar em ordem. Mas somente o primeiro da primeira fila começou a cavalgar para perto dos muros. Ele veio a toda velocidade e reduziu a marcha logo em seguida. Tirou as duas mãos das rédeas e puxou pelo seu arco. Harald, o alvo previsto do tiro, nem precisou se desviar. O tiro passou longe. O arunafeltiano deu a volta e retornou para junto dos seus. Nesse instante, outro soldado veio, da mesma maneira que o primeiro. O tiro passou zunindo pela cabeça de Harald, mas não representou muito perigo. O terceiro soldado, por sua vez, foi muito melhor em seu tiro que os outros. Mas o templário foi ligeiro e, sem dificuldade, defendeu a flecha com seu escudo. Harald olhou para a tropa inimiga e deu uma risada, provocando os homens que olhavam enraivecidos pelas tentativas falhas de atingir o atirador. Um deles, que parecia ser um líder o grupo, então, se aproximou a uma distância que ele julgava segura e começou a gritar qualquer coisa na língua de Arunafeltz. O pouco que Harald entendia daquela língua o fez entender que ele estava tentando ofender Rune-Midgard, chamando-os de covardes ou falando qualquer coisa sobre um rei morto ou algo do tipo. O atirador se satisfez ao perceber que sua estratégia estava fazendo efeito. – Me cubra com seu escudo, templário. O templário obedeceu e o cobriu, de modo que os inimigos agora não podiam ver Harald. O homem dirigiu a mão ao barril de flechas e preparou um tiro. Quando estava pronto, ele ordenou que o templário desobstruísse sua visão, e assim foi feito. O tiro foi tão rápido e tão certeiro que a maioria da tropa inimiga mal teve tempo de entender o que aconteceu quando seu líder teve uma flecha atravessada pela boca e saindo pela nuca. O árabe caiu de sua hiena, morto antes mesmo de tocar o chão. O resto dos soldados ficou assustado, recuando um pouco e batendo em retirada logo em seguida. – Esses homens deveriam ter um pouco mais de respeito. Esse tiro foi bom para fazê-lo parar de dizer besteiras. O templário ao seu lado concordou, em silêncio. – Agora, jovem cavaleiro do templo, você pode descer e ir dormir, assim como eu farei. – Disse Harald, enquanto se preparava para descer. – Amanhã nós teremos muito mais, pelo que parece. O homem, assim como Kain, não entendeu direito as palavras malucas do atirador, mas obedeceu a sua ordem e se dirigiu para o interior da cidade para descansar. Harald sentia uma imensa sensação de triunfo. O primeiro dia de guerra estava terminado, com vitória, ainda que simbólica, de Prontera.
  20. Dynamo+

    Tempestade Divina

    O primeiro golpe do fantasma foi mais um teste que um ataque de verdade. Siegfried bloqueou com o escudo e jogou o atacante para trás, sem dificuldade. O fantasma olhou para suas presas e gargalhou da preocupação que eles demonstravam. Ele parecia querer brincar mais do que lutar de verdade. Cecília e Siegfried se olharam, parecendo não entender a qual ponto seu inimigo queria chegar. Então, o fantasma pegou Lucien e o pelo pescoço, balançando ameaçadoramente. O coração de Cecília disparou quando ela viu o noviço, e ela se desesperou. - Siegfried, ele não pode matar o garoto... A suma-sacerdotisa se ajoelhou e lágrimas escorreram de seus olhos. Ela estava totalmente impotente diante daquela situação. Foi então que ela sentiu a mão de Siegfried tocar seus ombros. O toque foi firme. Ela sentiu todo o medo se seu coração se dissipar em um instante, expurgado pela coragem que seu companheiro sentia. - Levante-se, Cecília. O medo é a arma usada pelos covardes. A suma-sacerdotisa se levantou, determinada. As duas mãos se uniram e seus lábios, tremendo, murmuraram uma prece. Um brilho iluminou toda a sala e a mulher foi envolvida por uma aura de luz. - Esconjurar! Pela primeira vez o sorriso malicioso sumiu da face do cadáver. Uma força incalculável parecia estar amarrando seu corpo, tamanho era o pavor que ele sentia. O corpo de Lucien caiu no chão, desacordado e o fantasma recuou. Mas em seu lado, Cecília também estava começando a dar sinais de desgaste. - Eu estou ficando esgotada. Então, de repente o brilho sumiu. A mulher colocou a mão no peito, arfando de cansaço. Quando o fantasma, aos poucos, começou a recuperar o controle de si mesmo, ele levantou o dedo indicador inquisitoriamente para Siegfried e depois para Cecília. Seus olhos ardiam de raiva. Desta vez, ao invés da luz, as trevas tomaram conta da biblioteca. O fantasma levantou seu cajado e tornou ao baixá-lo em seguida. Quando terminou seu ritual, não menos do que cem demônios apareceram e subitamente atacaram seus inimigos por todos os lados com suas garras e dentes afiados. Este era, sem dúvida, aquele que chamavam de Julgamento do Inferno. Os olhos de Cecília vacilaram. Ela estava mais ferida do que em qualquer outra vez em sua vida. Mas, no momento que ela pensava ter sido derrotada, novamente ela sentiu as mãos de Siegfried chamando-a para a luta. - Eu preciso de você. Não posso vencer sozinho. Ela passou a mão no rosto, tirando o cabelo dos olhos, e manteve-se de pé. Siegfried caminhava destemidamente contra seu inimigo, determinado a acabar de vez com ele. O fantasma levantou seu cajado novamente, mas antes que pudesse terminar o movimento, o escudo do paladino o atingiu com tamanha força que ele cambaleou por um instante. Os dois inimigos, agora a pouquíssima distancia ficaram se encarando, rodeando a sala, esperando para se combaterem até que um dos dois não pudesse mais viver. O paladino avançou e atacou com a espada, e foi contra-atacado. Os dois se agrediram com toda a força, sem preocupação em defender as próprias vidas. O fantasma aos poucos foi sendo encurralado entre duas estantes, mas ao mesmo tempo, Siegfried também parecia estar no fim de suas forças. Era como se seu braço estivesse pesado e a espada ficasse lenta. As duas armas se encontraram no ar e então, no ultimo suspiro de sua energia, Siegfried conseguiu apenas levantar seu escudo antes de cair no chão. Mas a vitória já estava em suas mãos, ele sabia. Cecília estava novamente envolvida pela aura branca, mas desta vez ela era mais forte. A suma-sacerdotisa levantou a mão para Belzebu, pronta. - Magnus Exorcismus! A luz que encheu a sala foi tão forte que todos tiveram que fechar os olhos. O fantasma soltou um gemido medonho e seu corpo cadavérico se distorceu e se desfez, completamente vencido. A coroa dourada em sua cabeça caiu. Siegfried levantou-se com esforço e, com um suspiro de alívio, destruiu o objeto com um golpe da espada. A alma o rei estava livre. Que ele descanse em paz, foi o que desejaram. Os dois companheiros olharam-se e sorriram. Estavam mais feridos do que nunca, mas haviam vencido. E juntos, apoiados um no outro, os dois se seguraram e, sem trocar mais palavras, foram para o salão da Catedral. Depois da vitória, vinha o descanso. * Kain chegou ao castelo de Prontera às quatro horas da tarde do dia seguinte, obedecendo à convocação do regente, Guy de Lusihan. Ele se dirigiu para a sala de reunião, onde esperava encontrar outros convocados. Quando chegou, viu que estavam presentes apenas o regente e um outro homem, alto e de longos cabelos louros, um atirador-de-elite. Guy olhou para o Lorde com seu habitual ar de antipatia e acenou, convidando-o para se sentar. – Boa tarde, Kain. Vejo que você merece a fama de ser pontual. Kain deu um sorriso falso, fingindo ter entendido o deboche como um elogio. – Mas bem, nós não estamos aqui para falar sobre você. Eu o chamei para lhe dar uma notícia e para, primeiro, apresentar o meu convidado. Esse é Harald, o mestre da guilda dos caçadores. – Disse, indicando o homem louro. Os dois homens se levantaram e apertaram as mãos amistosamente. – Nós já nós conhecemos, senhor. – Respondeu o lorde. – Já combatemos muitas vezes juntos em nome de Rune-Midgard. – Que bom. Pois, em segundo lugar, eu gostaria de lhe informar nós estamos escolhendo alguns de nossos membros mais experientes para comandar nossas tropas. E você, é claro, está na lista. Arnaud acabou de me enviar um documento assinado, garantindo que duzentos templários e oitenta paladinos virão nós ajudar. E junto do documento, ele mandou uma recomendação sua. Parece que ele gosta bastante de você e do seu irmão. – Certamente. Nós mantemos uma ótima relação, exatamente da maneira que sempre deveria ser entre todos nós que servimos a Prontera e a Rune-Midgard. Guy ignorou a crítica subliminar. – Então, como eu estava falando, você vai comandar trezentos e sessenta cavaleiros e eu, pessoalmente, comandarei mais cento e cinqüenta. No entanto, como você sabe, eu vou estar de olho em todo o nosso exército. – Está bem. Se for essa a notícia que o senhor queria me dar, então está dada. Tem mais algo para mim, senhor? O regente respondeu negativamente com a cabeça. – Então, com licença, preciso voltar para meus afazeres. Boa sorte para todos nós. E lamento a brevidade do nosso encontro, Harald. Logo teremos tempo para botar nossa conversa em dia. Kain apertou novamente a mão de seu amigo foi-se embora, despedindo-se de Guy com apenas um aceno de mão. O lorde estava contente de ter sido chamado para ser comandante. No entanto, por outro lado, estava um pouco temente. Guy era um cavaleiro conhecido pela total falta de bom senso em campo de batalha e pela má-fama que tinha entre os homens de bem. Além de tudo, não tinha nem metade do tempo de serviço de Kain. Sabe-se lá como foi parar onde estava hoje. Mas que não foi por bons caminhos, isso era certo. * Na manhã de mais um dia, Cecília acordou, sentindo uma maravilhosa sensação de paz interior. Ela ainda descansava em sua cama para se recuperar dos ferimentos que havia sofrido dois dias antes. Alguns minutos depois, alguém bateu na porta e foi convidado a entrar pela abadessa. Uma sacerdotisa entrou trazendo uma bonita bandeja de café da manhã, e atrás dela, Siegfried vinha junto. Ele cumprimentou a suma-sacerdotisa e a ajudou a se levantar para comer. – Olá. – Disse animada. – Parece que você se recuperou numa velocidade fantástica. Pelo visto, já até retomou a rotina de treinamento. – É verdade, eu tenho uma capacidade de recuperação considerável. E o Lucien também já está muito bem, conseguiu lutar sem nenhuma dificuldade. E por falar nele, meu irmão passou aqui agora a pouco e o levou para dar um volta. – Que bom. Eu fiquei preocupada com vocês. Ele comentou com você algo sobre o que aconteceu? – Comentou. Ele ficou receoso, mas tocou no assunto durante o treinamento. Não se lembrava com clareza do que viu, mas eu pedi para que ele mantivesse silêncio e ele me prometeu que o faria. Portanto, você não precisa se preocupar com esse assunto. Cecília sorriu aliviada e deu uma mordida um pedaço de pão com geléia. – Mudando de assunto, eu preciso falar com você sobre um assunto um pouco desagradável. Quando terminar de comer, gostaria você desse uma olhada nestes documentos que eu trouxe. – Pediu o paladino. Siegfried remexeu numa bolsa que trazia e colocou uma pilha de papéis sobre a mesa. A abadessa deu uma última mordida no pão, pegou o documento, curiosa, e leu. Ela buscou uma pena e um tinteiro e começou a trabalhar. E o trabalho se estendeu pelo resto da manhã. * Nos planaltos do Monte Mjolnir, três pessoas caminhavam pelo belo tapete de grama. Kain observava seus dois alunos. O noviço lutava com uma mandrágora como se aquilo fosse a coisa mais divertida no mundo, enquanto o espadachim lutava contra argiopes, demonstrando ser consideravelmente mais experiente que seu companheiro. O lorde interferiu quando uma mandrágora um pouco mais esperta enrolou as pernas e Lucien e o derrubou no chão. Ele puxou pela espada e rachou a planta no meio com um único golpe. – Cuidado, cuidado. Quando você luta contra um inimigo com raízes, é preciso manter um olho no chão e outro no alvo. O noviço balançou a cabeça, envergonhado pelo tombo. – E você, Odo, precisa prestar mais atenção também. Uma ferroada dessas pode te envenenar. – Disse para o espadachim. Poucos minutos depois, um estranho barulho foi ouvido ali do alto do monte e a terra começou a tremer. Kain tentou acalmar seu aflito Peco Peco e foi até a beirada do planalto, onde podia ver com clareza o que acontecia lá embaixo. O lorde viu não menos de quinhentos homens de turbante na cabeça, empunhando cimitarras e marchando pela encosta acima a toda velocidade. Com um grito de desespero, o mestre ordenou que seus dois discípulos parassem imediatamente o que estivessem fazendo e montassem na garupa de seu Peco Peco. Eles haviam chegado antes do esperado, pensou o lorde.
  21. Dynamo+

    Tempestade Divina

    Lucien abriu os olhos lentamente quando ouviu a voz de Cecília o chamando. O noviço estava meio tonto e demorou algum tempo para perceber que estava em seu alojamento, deitado em sua cama. Demorou mais um tempo para se lembrar do que tinha acontecido antes de ele perder a consciência. – Senhorita Cecília, o que aconteceu ontem a noite? – Perguntou com voz fraca. – Você desmaiou, Lucien. Devia estar morto de sono, pela hora. – Respondeu a abadessa, tentando desviar a pergunta. – Mas eu vi uma coisa na biblioteca, e depois te vi caída no chão. A suma-sacerdotisa fez cara de desentendida e balançou a cabeça negativamente, negando aquilo que Lucien disse ter acontecido. O noviço não voltou a contestar. Duvidar da palavra de sua superior era contra o Regulamento. Olhando melhor, o garoto viu que os irmãos Kain e Siegfried e a noviça Leonore também estavam o observando. – Olá. Ouvi falar que você estava doente e vim visitá-lo. Justo hoje que seria o primeiro dia de treinamento comigo. – Falou Kain, em tom de brincadeira. Lucien sorriu, demonstrando simpatia. Depois olhou para Siegfried, que acenou em silêncio. – Bem, Lucien, eu e os senhores Siegfried e Kain vamos até a minha sala para conversar. Leonore ficará aqui com você. Nós passamos por aqui apenas para ver como você estava, mas se precisar pode chamar. Os três se despediram e desceram até o salão principal. Foram para a sala de Cecília e se sentaram todos à volta de uma mesa retangular de madeira. – Eu chamei vocês aqui para conversar exatamente sobre aquilo que Lucien falou. Quando ele perguntou sobre aquilo que supostamente viu ontem a noite ele não estava delirando. De fato, a suspeita da qual eu havia lhes falado outro dia, de que o Rei Tristan havia voltado para a catedral de Prontera, procedia. – Contou a abadessa. Siegfried pareceu pensativo por um instante sobre o que tinha ouvido. – Se um fantasma volta é porque ele tem algum motivo para não querer abandonar a vida mundana. No entanto, eu não consigo dar um bom palpite sobre o que o rei poderia estar procurando aqui, uma vez que ele sempre esteve em paz nesta catedral. – Alguns de nossos emissários afirmam com toda a certeza que viram com os próprios olhos o corpo morto do rei Tristan, no monastério amaldiçoado da Ilha Esquecida. – Disse Kain. Quando Siegfried ouviu isso, era como se o quebra-cabeça estivesse começando a se montar em sua mente. – Se, de fato, ele tiver morrido no monastério, então eu posso explicar o que deve estar acontecendo. Assim como os que morrem em Niflheim têm suas almas tomadas para Hel, aqueles que morrem no monastério têm suas almas escravizadas. E neste caso, quem escraviza é aquele que os Arunafeltianos chamam de Ba'al Zebúb, o senhor das moscas, e que nós, em nossa linguagem simples, chamamos de Belzebu, um demônio que alguns dizem que é próprio Satanás. Com a alma do rei ele teria o passaporte para entrar nesta catedral, uma vez que um ser destes jamais teria autorização para por os pés neste local sagrado. A hipótese causou uma onda de medo na sala. Cecília olhou para o alto e juntou as mãos, como se pedisse um conselho para Deus. – O que parece estranho nisso tudo é que o fantasma poderia ter me matado a mim e ao Lucien quando quisesse, mas não o fez. – Falou a suma-sacerdotisa, retomando um pouco da calma. – Matar provavelmente não é o que ele quer. – Explicou Siegfried. – Talvez esse não seja o objetivo principal dele, mas instaurar o caos seria muito mais lucrativo. Imagine o que aconteceria se o povo de Rune-Midgard acreditasse que nem mesmo o local mais sagrado do mundo está livre dos demônios? Portanto, é necessário que você e os que o virem mantenham a boca fechada sobre esse assunto, por favor. – Aconselhou. Cecília balançou a cabeça afirmativamente, concordando com o paladino. – Então eu gostaria de lhe pedir, Siegfried, que você volte aqui a noite, ainda hoje, às oito e meia. Eu mesma irei exorcizar a alma do rei, se puder contar com a sua ajuda. Ele e nós precisamos de paz. – Tudo bem. Eu virei a noite, mas tome providências para garantir que todos os noviços estejam em suas camas quando chegar a hora. Se fizer isso, não acredito que teremos grandes problemas. – Eu tomarei. Quanto a isso, fique tranqüilo. – Respondeu a suma-sacerdotisa, como que dando por encerrado a reunião. – Então, até a noite. Siegfried e Kain se despediram da amiga e então partiram, cada um para os deveres que lhes cabiam. * Leonore pegou uma bonita almofada de seda e sentou-se ao lado do amigo, que ainda estava deitado. Ela estava curiosa para ouvir dele a história sobre a noite anterior. Inicialmente o noviço ficou em dúvida se deveria ou não falar sobre isso, uma vez que sua superiora já havia negado aquela versão, mas Leonore o convenceu que aquilo não seria nada demais. Então, ele contou exatamente o que acreditava ter visto. Quando terminou de ouvir a história, sua amiga ficou um tanto amedrontada. – Me prometa que de agora em diante você vai passar a vir dormir mais cedo. – Pediu a noviça. – Se a senhorita Cecília mandar que seja assim, será. Não vou desobedecer, mas caso ela não nos proíba de sair a noite, eu vou manter meus hábitos. – Teimou Lucien. – Um noviço de verdade não tem medo de demônios ou do que quer que seja aquilo. – Desde quando um garoto que se tornou noviço a um mês é um noviço de verdade? Lucien não respondeu. Ele sabia que ela estava certa, embora não tivesse abandonado a sua vontade de desvendar aquele mistério que parecia ter saído da enciclopédia de Midgard. Acreditando que tinha convencido o amigo, Leonore se levantou e se aproximou da cama, dando um beijo de despedida no rosto do garoto. – Vou dar uma volta pelo jardim. Até mais. * Já eram dezoito quando Siegfried chegou à cavalaria. Kain havia o chamado porque precisava falar com ele, era um assunto inadiável. O paladino então se dirigiu para a sala do seu irmão. Os dois se saudaram quando se encontraram e não fizeram rodeios antes de chegarem ao ponto principal daquela visita. – Eu acho que você já deve estar sabendo da tarefa que a cavalaria secular está responsável por executar. Nós recebemos agora a pouco uma mensagem com notícias de Al De Baran, avisando que nosso tempo está se estreitando. – Falou Kain. – Estou sabendo. – Pois bem. Acontece que nós temos um número bem reduzido de cavaleiros aqui em Prontera, e, portanto, o substituto provisório do falecido rei, Guy, pediu para que eu falasse com você sobre uma possível ajuda da parte dos templários. A guilda dos caçadores já nos enviou cento e cinqüenta caçadores e quarenta atiradores-de-elite. – Quanto a isso você não precisa se preocupar, meu irmão. Nosso grão-mestre, Arnaud, certamente não abandonará o reino de Rune-Midgard, embora ele não goste muito de Guy. – Ele tem motivos de sobre para isso. Confesso que me amedronta ter um patife incompetente como Guy comandando nossas tropas. – Amanhã mesmo eu providenciarei o documento de convocação, assinado pelo grão-mestre. Passe no castelo às nove horas, se for possível. Agora me dê licença, preciso ir cumprir um outro dever. Os irmãos se abraçaram e se despediram. Kain continuou em sua sala lendo documentos e SIegfried foi para o castelo de Prontera, onde precisava pegar seu equipamento antes de ir para a catedral. * Após a missa diária das dezenove horas, a suma-sacerdotisa Cecília reuniu alguns dos sacerdotes da catedral e eles se empenharam em mandar os seus alunos para os alojamentos mais cedo naquela noite. Quando os noviços perguntavam qual era o motivo para aquela decisão extraordinária, os abades apenas respondiam que suas ordens não deviam ser questionadas. Acontece que naquela noite Lucien não havia ido para a missa, uma vez que se sentiu mal ao tentar se levantar da cama. Sendo assim, nenhuma ordem foi dada a ele para que não saísse, embora fosse esperado que ele não fizesse devido ao seu estado de saúde. Mas a curiosidade do noviço foi além da responsabilidade e ele se levantou, ainda que com muito esforço, calçou seus sapatos e desceu para a biblioteca. Ele foi até uma estante e pegou um livro intitulado A filosofia da Luz, que ficou lendo enquanto espiava ao redor, esperando que algo acontecesse. Siegfried chegou à catedral no horário exato em que tinha marcado. No silêncio total que se fazia no salão principal, ele, Cecília e mais quatro sacerdotes caminharam sem se falarpelo corredor que conduzia à biblioteca. Quando chegaram à porta, os sacerdotes que acompanhavam o grupo pararam e voltaram para o salão, dando boa sorte àqueles que continuariam. Quando Lucien ouviu os passos dos que entravam, ele largou o livro em cima da mesa e correu, procurando um esconderijo. Achou um lugar entre as estantes e se agachou. Apurou os ouvidos para ouvir quem estava vindo, e então escutou a voz de Siegfried. – Ele deve estar por aqui, ou já deve estar chegando. A suma-sacerdotisa ativou sua magia de Revelação, na tentativa de descobrir alguma coisa. No seu canto, Lucien se encheu de medo, pensando que eles só podiam o estar procurando. Mas a sensação de medo aumentou ao ouvir a próxima frase. – Se o espírito de Belzebu realmente estiver presente, ele não vai demorar parar aparecer. E assim foi. Mais adiante, quase ao fundo do aposento, os dois ouviram barulhos de correntes se arrastando no chão, criando um som provocativo. Correram para lá, mas ao invés do rei, os dois encontraram apenas uma Banshee, queimando como fogo. Os olhos brancos da Banshee penetraram nos olhos castanhos de Cecília, deixando-a hipnotizada. Mas o transe foi cortado assim que o monstro, desprevenido, recebeu um golpe de Siegfried e desapareceu no ar. Quando Siegfried e Cecília olharam novamente pelo caminho que vieram, finalmente encontraram o que procuravam, mas de uma maneira bem pior do que esperavam. No meio do corredor, olhando para seus alvos encurralados, estava um monstro humanóide de barbas brancas e com o corpo totalmente apodrecido, exalando uma neblina de odor insuportável. Mas apesar da aparência deplorável, a coroa em sua cabeça e a capa vermelha em suas costas não deixava dúvidas, aquele era o falecido rei Tristan III. Ele tinha um sorriso em seu rosto que um morto-vivo comum jamais poderia ter. E pendurado em braço esquerdo estava o noviço Lucien. O monstro jogou seu refém no chão e caminhou lentamente para seus inimigos. A hora havia chegado.
  22. O pequeno noviço estava assustado e ao mesmo tempo deslumbrado quando chegou à capital do reino, Prontera. Os cheiros estranhos de especiarias, carne crua, couro queimado, tecido e metais atingiram o olfato do visitante, nada acostumado com eles. Lucien olhou à sua volta e viu uma multidão de mercadores que gritavam feito loucos, de uma maneira que o garoto jamais teria feito em seu claustro. –Quem são essas pessoas, senhor Kain? – Questinou o garoto. Kain era um jovem lorde de cabelos curtos e azuis, um homem experiente e tranqüilo que foi designado para acompanhar o visitante até o seu destino. –São mercadores. Eles levam tudo quanto há de um lado para o outro e tentam vender para os outros. Você vai ter que aprender a lidar com eles, mais cedo ou mais tarde. – Explicou. Lucien não compreendeu a resposta, mas não voltou a fazer perguntas. A curiosidade dele agora estava presa à música de um bardo que tocava pelas ruas e a outras tantas novidades que surgiam pelo caminho. –Já estamos chegando. Olhe lá. – Disse Kain, apontando para uma construção. O noviço olhou para onde foi indicado, e pela primeira vez reconheceu o que viu. Uma cruz despontava no alto de uma bela construção de pedras. –Como é linda a catedral de Prontera! – Exclamou o menino, sem palavras. –Sim, Lucien, ela é linda. Os dois se aproximaram da grande porta de metal da e bateram, chamando alguém para atendê-los. Ouviram passos de alguém vindo, e então, as portas se abriram. Uma suma-sacerdotisa de longos cabelos louros atendeu a porta. Ela usava óculos rosa, combinando com a roupa, o que lhe dava um ar de seriedade e, ao mesmo tempo, jovialidade. –Bom dia, Kain. Bom dia, Lucien. Vejo que fizeram uma boa viajem. –Bom dia, Cecíla. Sim, fizemos uma boa viajem. O pequeno Lucien estava ansioso para conhecer o lar de Deus. –Que bom. Venha cá, Leonore, temos um convidado. – Chamou a abadessa. Em alguns instantes uma pequena noviça de cabelo rosa chegou correndo. –Leve nosso convidado para conhecer nossa catedral. De agora em diante ele será seu amigo e vocês aprenderão juntos. Leonore segurou na mão de Lucien e tentou puxá-lo. No início o garoto ficou tímido, mas acompanhou a menina quando Kain acenou com a cabeça, aconselhando que ele o fizesse. –Os monges acham que será melhor para Lucien se ele for orientado no lar de Deus, enquanto noviço. Quando chegar a hora, ele voltará para o monastério e se tornará um monge. – Disse Kain. –Está certo. Ele sairá daqui como um verdadeiro noviço deve ser. –Eu e o meu irmão, Siegfried, mestre-de-armas dos templários, viremos aqui para ensiná-lo a lutar, para que ele não se torne uma negação em combate. Eu também virei uma vez por semana para acompanhá-lo pela cidade e para ensiná-lo sobre o mundo fora dos mosteiros. Espero que você não tenha alguma objeção contra isso, Cecília. – Continuou o lorde. –Esta bem. Então nós poderíamos marcar os encontros para quarta-feira, seis horas da manhã. –Certo, está combinado. Quando Siegfried vier, marque com ele o horário das aulas. Agora preciso ir, meu deveres estão me esperando. Tenha um bom dia. Kain e Cecília se despediram com um beijo de cada lado do rosto e o lorde partiu, enquanto a suma-sacerdotisa fechou as portas da igreja. * No dia seguinte, sete horas da manhã, alguém bateu na porta da catedral de Prontera. Quando Cecília atendeu, ela viu um paladino de olhos determinados e cabelos azuis, exatamente como os de seu irmão Kain. Ele levava no braço direito da armadura uma cruz vermelha com uma faixa preta, indicando seu posto na Ordem dos Templários. –Bom dia, Siegfried. Há quanto tempo não nós vemos. –Bom dia. É verdade, minha amiga, faz tempo. Mas agora acredito que agora irei vê-la com bastante freqüência. Aliás, falando sobre isso, espero que meu irmão tenha lhe avisado sobre meu treinamento com o noviço. –Ele avisou. – Respondeu a suma, e então virou-se para uma noviça que estava por perto. – Agnes, acompanhe o senhor Siegfried até o pátio. – Ordenou – Em alguns minutos Lucien estará lá para treinar com você, Siegfried. O paladino fez um gesto de concordância e seguiu a noviça encarregada de acompanhá-lo. Alguns minutos depois o pequeno Lucien chegou, vestido com uma batina apropriada para combates. Seu novo tutor tratou de apresentar-se, estendendo a mão para seu aluno. Lucien retribuiu o gesto e também se apresentou. –Bem, eu acredito que você já tenha combatido algumas vezes. Estou certo? –Sim, senhor. –Assim é melhor. Hoje nós treinaremos alguns golpes novos e ganharemos mais um pouco de resistência. No entanto, os combates de verdade ainda terão que esperar. Siegfried foi até onde havia deixado sua bolsa de couro e pegou uma espada e um escudo para ele mesmo e uma maça para Lucien. Em respeito aos votos de não derramar sangue feito pelos noviços, a espada não tinha fio e sua ponta era arredondada. –Mostre para mim o que você pode fazer com essa maça. Estou esperando seu ataque. Imediatamente o noviço empunhou sua arma, de maneira desastrada, e avançou sem qualquer sentido, contra seu alvo. Siegfried derrubou o garoto no chão com seu escudo e deu uma pancada em seu braço com a espada, deixando um roxo no lugar. –Você não pode agir feito um bárbaro em combate. Não adianta ficar furioso e vir me bater com toda a sua força se você nem sequer pode me acertar. Tente de novo. Lucien se levantou e atacou novamente. E assim fez várias vezes, até estar com o corpo doído o suficiente para se negar a tentar novamente. Siegfried estendeu a mão e ajudou seu aluno e ficar de pé. –Bem, as aulas de hoje terminaram. Descanse bastante e trate de seus ferimentos. Lucien olhou para seu professor com cara de quem estava com vergonha. –Fui muito mal, não é? –Não, não. As primeiras tentativas foram realmente horríveis, mas você melhorou gradativamente. Na verdade, aprender a apanhar é a primeira e mais difícil parte do treinamento de qualquer guerreiro. E você se saiu muito bem, agüentou um bom tempo antes de desistir. O garoto ficou contente com as palavras ouvidas. Sem falar mais sobre o treinamento, o mestre puxou o aluno e eles voltaram para a catedral, dando por encerrado o encontro. * À medida que o tempo passou desde que Lucien tinha chegado ao lar de Deus, ele e a garota Leonore, a noviça, foram se tornando amigos mais próximos. Ele descobriu que a biblioteca era um dos lugares mais interessantes daquele lugar. Passava praticamente todo o seu tempo livre revirando páginas de livros sobre diversos assuntos. Na segunda semana, Lucien começou a ler um livro sobre o reino de Rune-Midgard e seus vizinhos, cujos mistérios prendiam sua atenção. Mas de todos esses mistérios, os que mais lhe agradavam eram aqueles sobre a invasão do mundo das trevas sobre Midgard. Durante um desses momentos de leitura, o garoto ouviu tocar o sino das dezoito horas, convocando todos para a missa. Obedecendo à convocação, deixou o livro em cima da mesa e correu para o salão de orações de catedral, onde encontrou sua amiga Leonore e a senhorita Cecília, entre outros, sentadas nos bancos. Ele se sentou ao lado das duas. Assim que fizeram a comunhão e o último canto, a missa terminou. Na hora de saída, Lucien chamou Leonore. –Leonore, quer ir comigo para a biblioteca? Estou lendo um livro muito bom sobre Midgard. A noviça fez uma cara de desânimo. Ela normalmente preferia passar o tempo livre nos belos jardins da catedral, mas não queria desagradar o amigo. –Tudo bem, Lucien. Eu vou com você lá. Mas não poderemos ficar lá por muito tempo. Você sabe que devemos estar em nossos alojamentos até as nove horas. –Não se preocupe, eu me lembro das regras. Até as nove estaremos em nossos quartos. Com as últimas palavras do Noviço, os dois foram para a biblioteca. Lucien retomou sua leitura da enciclopédia de Midgard e Leonore foi até a estante e pegou um livro sobre ervas e outros tipos de plantas, que era o assunto que mais lhe agradava. Quando chegou às oito horas, a menina soltou um suspiro de cansaço e deitou a cabeça sobre o livro fechado. Lucien reparou no gesto da amiga. –Vá para o seu alojamento, Leonore, você precisa descansar. –Você não vai ficar chateado se eu for? – Perguntou a noviça – Então eu vou. Não se esqueça da hora, a senhorita Cecília não gosta de nos ver perambulando por aí a noite. –Não se preocupe comigo. Não vou ficar chateado e nem vou me demorar aqui. Boa noite. A noviça se levantou e deu um beijo de despedida no rosto de Lucien. Distraído em sua leitura, o garoto só se lembrou do horário assim que percebeu que a biblioteca estava extremamente vazia. Ninguém mais além dele estava ali. Consultou o relógio que estava na parede da biblioteca e se assustou ao perceber que já era dez horas da noite. Apressadamente ele fechou a enciclopédia e correu até a estante para guardá-la. Quando Lucien estava indo embora pelos corredores, um gemido doente quebrou o barulho rítmico de seus passos. Instintivamente o noviço olhou para o lado direito, onde ouvira o barulho e então viu algo que fez seu coração acelerar e seu corpo tremer. Entre as estantes da biblioteca, estavam dois olhos cinzentos brilhando no escuro. Lucien não manteve os olhos na criatura tempo suficiente para reparar em mais detalhes. Ele apressou o passo, tentando conter a sensação horrível de medo que tinha tomado conta dele. Quando ele estava chegando ao final daquele corredor que pareceu ser um caminho infinito, ele olhou para trás para ver se os olhos estavam o seguindo, e viu que não estavam. No entanto, quando ele tornou a olhar para frente, seu coração voltou a gelar. Quase na saída da biblioteca, caída no chão e com o rosto empalidecido, estava a suma-sacerdotisa Cecília.
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