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Hallergeist II


Yutsuo

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H A L L E R G E I S T

 

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(clichê detected)

 

 

 

Parte 1 - O Relatório de Jydall

Verteidiger

 

 

 

"Existia um livro, escrito há mais

de seiscentos anos, que recebeu o humilde nome de Livro dos Ritos. Nele estão

agregados diversos fundamentos, rituais e procedimentos, frutos de décadas de

estudo e pesquisa. Diversas crenças e superstições são tratados, examinados e

explicados de forma científica. O conhecimento contido nele fala de viagens

entre os planos e as criaturas que os povoam, a estrutura e composição do

corpo, mente e espírito de um ser vivo, de como demônios aparecem no plano

material e como são seus métodos para se apoderar de almas vivas e o uso que

fazem delas.

 

 

 

Este mesmo livro também se usa de

escrituras sagradas da Ordem no entendimento, criação e manipulação de portais

extraplanares, rituais e técnicas para exorcismo, comportamento e ação de

demônios e criaturas de planos inferiores.

 

 

 

Alguns capítulos tratam também de

necromancia, ou seja, a manipulação da vida. Poderosíssimos rituais de

ressurreição, purificação, criação e destruição de mortos vivos, manipulação da

alma e da energia vital contida em todos os elementos.

 

 

 

Por ter tantos materiais considerados

pagãos, e misturados com escritas sagradas e códigos do próprio dogma da

Igreja, esta considera o Livro de Ritos uma ferramenta herege e sua leitura é

considerada blasfêmia.

 

 

 

A ironia é que tal ferramenta foi criada

por um Sacerdote pertencente ao mais alto nível hierárquico do clero de

Rune-Midgard. Sua função era justamente de procurar e extinguir quaisquer focos

de portais, possessões e ataques demoníacos.

 

 

 

Seu nome era Abdul

Hakim Bahir.

 

 

 

Pouco é conhecido a respeito de Hakim

antes de ele se unir à Igreja, e mesmo os mais secretos arquivos da Ordem de

Prontera não possuem menção alguma a respeito dele antes de sua comunhão. Mas é

fato que tão logo Hakim assumiu seu posto como responsável dos chamados

“assuntos fechados”, que ele tornou-se rapidamente conhecido e respeitado por

entre seus irmãos.

 

 

 

A presença de Hakim em determinado lugar

também era motivo para temor. Quando o Cardeal Hakim aparecia, era sinal de

algo grave estava em andamento. Grave o suficiente para que as espadas e

escudos dos poderosos cavaleiros e templários da Ordem fossem considerados

inúteis para enfrentar a situação.

 

 

 

Apesar da grande resistência da Igreja em

usar os conhecimentos proibidos de Hakim, por diversas vezes ela se viu

obrigada a abrir mão secretamente de seu dogma para que tivesse sucesso em

conter ataques de demônios e morto-vivos. Quando muitos sacerdotes falhavam em

exorcizar os espíritos malignos, Hakim era chamado, pois nesses casos não eram

demônios comuns, mas criaturas de outros planos ou outras bestas mágicas com as

quais os rituais convencionais não surtiam efeito. Hakim agregava em seu Livro

dos Ritos conhecimentos de todos os tipos para enfrentar da melhor maneira

possível tais ameaças.

 

 

 

Hakim era líder de uma facção dentro da

Igreja de Prontera que defendia que todo o conhecimento deveria ser usado para

combater o mal, e que não permitir a distribuição de seus conhecimentos entre a

Ordem por superstição tinha um preço muito alto, pois muitas vidas eram

perdidas por culpa da ignorância de uma instituição tão importante.

 

 

 

Publicamente esta facção não era

conhecida, pois a Igreja fazia de tudo para ocultar sua presença e seus

conhecimentos da estrutura social de Rune-Midgard. Hakim e seus discípulos eram

uma força secreta conhecida apenas pela inteligência da Coroa e pelos níveis

hierárquicos mais altos do clero.

 

 

 

O Livro era considerado uma arma

poderosíssima. Suas capacidades excediam àquelas usadas por Hakim. Com ele em

mãos e os materiais necessários, até a manipulação do tempo e espaço seriam

possíveis.

 

 

 

Exatamente por isso, muitos indivíduos,

tomados pela ambição, desejavam ter posse do Livro e perseguiam Hakim para

isso. Alquimistas, sábios, bruxos e mesmo outros sacerdotes por diversas vezes

tentaram obter o poder do conhecimento proibido. Mas os mortais eram a menor

preocupação do Sacerdote Exorcista. Demônios e criaturas de outros planos

também perseguiam o Livro em busca do poder de dominar os demais seres.

 

 

 

Para defendê-lo, Hakim contava com dois

discípulos que lhe eram muito próximos.

 

 

 

O primeiro se chamava

Alexander Von der Klinge.

 

 

 

Alexander era lenhador em Mjolnir, quando

Altos Elfos, enganados e corrompidos por um astuto demônio Deviruchi, desceram

em um ataque contra uma vila próxima. O objetivo do Deviruchi era sujar as

almas dos elfos com sangue inocente. Com isso ele iria criar mais tarde um

ritual para matá-los e depois transformá-los em Injustiçados.

 

 

 

O ataque infelizmente teve sucesso, e

muitos amigos e conhecidos de Alexander foram mortos, tanto elfos quanto

habitantes da vila. Sua noiva estava entre as vítimas.

 

 

 

Hakim chegou ao local um pouco tarde. A

batalha já havia terminado e os elfos já haviam partido. O Exorcista encontrou

Alexander abraçado ao corpo da noiva. Ele gritava e blasfemava contra todos os

deuses.

 

 

 

O que ocorreu a seguir é apenas cantado

por bardos e tido como absoluta lenda nos dias atuais. A Igreja nega

completamente o ocorrido, e de fato não há provas materiais que confirmem o

acontecido.

 

 

 

Mas naquele dia, Hakim executou um dos

mais poderosos rituais contidos do seu Livro. A informação que se tem é que se

uma pessoa amar suficientemente a uma outra, é possível usar a alma do amor em

vida para resgatar a do amor que acaba de morrer, considerando certas condiçõvel usar a alma do amor em vida para resgatar

a do amor que acaba de morrer, considerando certas condiçontra todos os deuses.

 

 

es que não são conhecidas.

 

 

 

E assim sendo, é dito

que Hakim ressuscitou a noiva de Alexander.

 

 

 

Posteriormente, ajudado por Alexander,

Hakim encontrou o Deviruchi e reverteu o ritual que estava sendo feito para

matar os elfos. Alexander esmagou o demônio com as próprias mãos, e a força

vital dele foi definitivamente destruída por Hakim. Após isso, o lenhador se

disse em débito e ele tornou-se noviço, posteriormente um Sacerdote da Ordem.

Sua especialidade? Combate. Alexander fazia parte da seleta divisão de

Sacerdotes de Batalha, que causam admiração e temor até mesmo entre os

cavaleiros e templários.

 

 

 

A segunda tinha o

nome de Cibele Firstdawn.

 

 

 

Vinda de um clã de sábios em Juno, Cibele

aos quatorze anos recebeu um chamado que não pôde recusar, quando durante a

Grande Guerra, cuidou dos feridos que lutavam sem cessar por um mundo de paz.

Ela tinha um grande dom para curar ferimentos e enfermidades, e trabalho

durantes muitos anos como médica em postos avançados e comunidades

necessitadas.

 

 

 

Ao conhecer o trabalho de Hakim, movida

pela curiosidade, ela passou a andar junto com o Exorcista e seus discípulos, e

acabou convencida de que Hakim era uma pessoa a frente de seu tempo, digno de

confiança. Hakim também viu o valor da Sacerdotiza pura e nobre, e a tinha como

conselheira para assuntos delicados, pois Hakim era muito prático e frio, mas

tentava com ela aprender a ser um pouco mais humano.

 

 

 

Alexander e Cibele eram guardiões, amigos

e confidentes de Hakim. Para todas as missões Hakim contava com a ajuda de seus

dois companheiros.

 

 

 

Hakim e seus guardiões tinham muitos

inimigos, tanto mortais quanto criaturas mágicas e dos planos inferiores. Um

desses inimigos era especialmente perigoso. Trata-se da Succubus, Yrilahmorins.

 

 

 

Por diversas vezes ela tentou se apossar

do Livro de Ritos, sempre sem sucesso. Sem querer, em uma de suas maquinações,

ela acabou por descobrir que muitos dos rituais Hakim se recusava a fazer por

que ele não se permitia destruir almas que fossem puras. Aproveitando-se desse

conhecimento ela criou um grande plano para fazer uma armadilha onde Hakim não

poderia escapar por causa de seus próprios princípios.

 

 

 

Tal armadilha teria sido um completo

sucesso não fosse um pequeno detalhe, no qual ela não havia sequer considerado.

 

 

 

O nome desse detalhe era Nicholas

Vorhang. Um garoto filho de um poderoso guerreiro, que por conta própria quis

formar-se noviço e seguir os passos de seu tutor, Hakim.

 

 

 

Quando Hakim, Alexander e Cibele estavam

controlados pelo poder de Yrilahmorins, Nicholas, com uma página arrancada do

Livro de Ritos reverteu o ritual que a Succubus fazia para abrir um portal

direto dos poços infernais e selou o ritual destruindo o foco de recepção do

mesmo. O foco era uma garota. A única informação sobre ela é que seu nome era

Anna. Seu corpo jaz enterrado atrás da Catedral, em Prontera.

 

 

 

Por resultado da liberação de uma

quantidade tão grande de energia contida numa única alma. Nicholas Vorhang

ficou completamente cego.

 

 

 

Submetido ao conselho do Alto Clero,

Vorhang foi sentenciado a passar pela chamada "Sala do Julgamento".

Lugar onde dizem, o Santo em pessoa é o juiz, júri e executor daquele que

estiver entre suas paredes.

 

 

 

Nicholas Vorhang foi

colocado lá, e as portas foram seladas.

 

 

 

O que aconteceu a seguir é desconhecido,

e nada foi documentado sobre esse caso. O fato é que Vorhang retornou por conta

própria desta sala após 20 anos. Completamente transformado e com a alcunha de

Hallergeist.

 

 

 

Hallergeist é considerado por muitos o

herdeiro de Hakim. Dizem que ele possui todos os conhecimentos do Livro de

Ritos, mas em sua mente. Pois ele não possui o Livro de Ritos em si. Na

verdade, o Livro foi deixado com Nicholas Vorhang secretamente na Sala do

Julgamento, mas ele nunca mais foi encontrado.

 

 

 

Segundo consta nos documentos analisados,

Hallergeist não é humano. A partir da idade que ele tinha ao sair da Sala do

Julgamento, não envelheceu mais. Nicholas Vorhang tinha 36 anos na época.

Então, a julgar pelos dias atuais ele teria 536 anos de idade. Adicionalmente,

ele ainda mantém a cegueira, mas por algum mecanismo que não é possível

descrever ou visualizar, ele é capaz de enxergar a força vital dos elementos e

as almas que os contém ou são contidas por ele, dando-lhe uma espécie de visão

especial.

 

 

 

Todos os dados sobre Hallergeist são

guardados nos mais secretos arquivos da Ordem. A maior parte da sociedade e até

mesmo grande parte da Ordem não sabem da existência de Nicholas Vorhang.

 

 

 

A Igreja protege a identidade do Cardeal

para sua própria proteção. Hoje ela tem uma consciência maior de que ele é

necessário tanto para a Igreja e para o mundo, porém, embora seus conhecimentos

e atitudes sejam tolerados, os ensinamentos de seus rituais não o é.

 

 

 

Recentemente, as ruínas de Geffen,

conhecido pelo antigo nome élfico de Geffenia, foi tomada pelo demônio

conhecido Doppelganger. Subestimando a força da poderosa criatura, a Ordem de

Prontera despachou um pequeno destacamento com o objetivo de neutralizar a

ameaça.

 

 

 

Todos os soldados destacados para a

missão foram exterminados, exceto por uma jovem Sacerdotisa da divisão de

Aldebaran com o nome de Haruka, que consta no arquivo 5891A do registro

eclesiástico da Biblioteca Noroeste. Aparentemente, ela não sabe o que

aconteceu. Observadores destacados pela guilda de mercenários informaram que um

de seus agentes viu Hallergeist lutando contra o Doppelganger. Foi informado

que a desvantagem do Cardeal Vorhang frente ao adversário era óbvia, mas que de

repente algum estranho ritual foi feito e ambos desapareceram o local de

batalha.

 

 

 

Com

todos estes dados em mãos, eu fui chamado de Juno pela Ordem de Prontera para

organizar e executar uma investigação da qual este relatório é parte. O objetivo

final é descobrir qual foi o ritual realizado no momento do desaparecimento,

quais são suas conseqüências. Baseado nisso, verificar se Nicholas Vorhang, o

Hallergeist, está vivo, e em caso positivo, trazê-lo de volta.

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clichê ainda está aqui)

 

 

 

Parte 2 – A visão caótica de Vorhang

 

 

 

 

 

           

 

            –

Morra, verme exorcista!

 

 

 

            O

Doppelganger avançou furiosamente na direção do Sacerdote, cambaleando com sua

espada empunhada. Hallergeist estava de joelhos, buscando forças para respirar,

seu sangue ainda escorria dos diversos ferimentos que havia recebido do

demônio. Seus olhos, completamente brancos fitavam o nada. A dor era

imensurável, mas precisava ser ignorada. Ele precisa manter o ritual sagrado a

todo custo, permanecer consciente, ignorar a dor.

 

 

 

            –

Maldito! MALDITO! O que você fez! Estou enfraquecendo...! – bradava o demônio

translúcido, cuja imagem era a de um guerreiro quase onipotente que teve sua

alma engolida por uma força maligna muito poderosa, dando origem ao terrível

Doppelganger. Ele cambaleou e caiu de joelhos, há dez passos de Hallergeist.

Sua espada caiu no chão.

 

 

 

            –

Eu...não...consigo me levantar! Que magia é esta! O que você fez!?

 

 

 

            Hallergeist

não conseguia responder. Suas forças também estavam esgotadas. O exorcista caiu

para a sua frente. O sangue continuava a escorrer. Os dois estavam isolados num

estranho lugar, tudo o que se via era uma forte luz branca, e um turbilhão de

luzes e sons. Cânticos sagrados misturados com brados de guerra, cantar de

pássaros misturado com rugidos, como se todo o tempo, todo o espaço, presente,

passado, futuro, fossem apenas um.

 

 

 

            O

Doppelganger também caiu ao chão. A fúria deu lugar ao desespero. O demônio

usou todas as suas forças para pegar a espada, e então ele colocou-se a

arrastar na direção do sacerdote. A cada movimento, o guerreiro maldito grunhia

e praguejava.

 

 

 

            – Eu

vou matar você! Vou matar você! E depois eu vou voltar! De algum modo, e matar

todos os exorcistas! TODOS ELES! MALDITOS!

 

 

 

            Arrastar

pelo chão era uma tarefa cada vez mais penosa. A espada parecia estar ficando

cada vez mais pesada. Finalmente ele chegou aonde estava Hallergeist, que jazia

imóvel no chão. O Doppelganger usou todas as forças que lhe restavam para virar

o corpo do exorcista.

 

 

 

            –

Olha pra mim, verme! Quero ver essa sua cara cega idiota quando eu dilacerar

seu coração com minha espada!

 

 

 

            Como

se tentasse levantar uma montanha com as mãos, o demônio ergueu a espada e a

mirou para o peito de Hallergeist. No meio da dor o Doppelganger tentou

arriscar um sorriso, que rapidamente se contorceu para a expressão de dor e

fraqueza que estava sentindo. Ele tentou mais uma vez, mas mal conseguia

segurar.

 

 

 

            Foi

então que a espada do Doppelganger começou a brilhar com um branco intenso. O

demônio urrou de dor de jogou a espada no chão.

 

 

 

            –

Você não vai tocar nele!

 

 

 

            Completamente

exausto, o Doppelganger deitou-se para o lado e olhou para a direção que vinha

a voz. Seus olhos arregalaram de espanto.

 

 

 

            –

Não pode ser! Não pode ser! Você!

 

 

 

            Quase

inconsciente, o demônio observou enquanto mãos femininas empunhavam sua espada,

que agora brilhava. A figura alada, de espada em punho. Observava Hallergeist e

o Doppelganger. O Sacerdote também estava quase inconsciente. O ritual estava

quase completo. Hallergeist não conseguia mais enxergar nem mesmo sentir nada

ao seu redor. Estava muito cansado. Tudo o que ele desejava era acabar aquilo,

e descansar.

 

 

 

            –

Nicholas, você fez o impossível. Eu sou muito, muito grata a você. É hora de

retribuir o favor.

 

 

 

            Dizendo

isso, ela se aproximou do Doppelganger. Com uma de suas mãos ela o segurou pelo

pescoço e o ergueu facilmente acima do chão. Seus longos cabelos vermelhos

contrastavam muito com suas vestes brancas e suas asas, preenchidas de penas

macias em tons brancos e marfins. Seus olhos vermelhos fitavam o demônio, que

se contorcia inutilmente. Sua outra mão segurava a espada do Doppelganger,

purificada pelo poder divino.

 

 

 

            –

Sua ... sua cadela! Você nos ... traiu!

 

 

 

            –

Vindo de você, isso é um elogio. - disse com um sorriso nos lábios - Eu não vou

deixar que ele morra. Eu devo minha alma a ele, e vou pagar. Agora.

 

 

 

            O

Arcanjo então proferiu palavras místicas. Palavras estas que Hallergeist ouviu.

E sabia para que serviam. Erguendo o braço com o máximo de força que podia

fazer, Hallergeist tateava o ar, enquanto tentava dizer algo.

 

 

 

            –

Não...não faças isso... Tu não deves desperdiçar sua alma, pois Hallergeist já

fez a sua oferenda...

 

 

 

            –

Vorhang, por séculos eu observei você. Você é um campeão. Você foi condenado a

ser um campeão, a vagar sem nunca morrer num mundo de crueldade, e tudo por

culpa minha. Eu devo tudo a você, e sou a culpada de tudo, eu preciso fazer

isso, ou nunca terei verdadeira paz. Adeus, Nicholas, e muito, muito obrigada.

 

 

 

            Ela

então terminou de proferir as palavras místicas, e arremessou o Doppelganger.

 

 

 

            O

demônio começou a gargalhar, e ficou de pé com facilidade. Suas forças estavam

voltando.

 

 

 

            –

Ah, a vadia resolveu cooperar?

 

           

 

– Sim, com a sua morte.

 

 

 

O Doppelganger correu na direção do

Arcanjo, ainda bastante debilitado pelo poderoso ritual que ainda não estava

terminado, mas alterado agora. O Arcanjo voou na direção do guerreiro demoníaco

com as espada em punho. Com um golpe, o Arcanjo atravessou o peito do adversário

com a espada sagrada.

 

 

 

– Cadela! - disse o Doppelganger enquanto

engasgava com uma substância escura - Eu simplesmente voltarei! Meu espírito

renascerá!

 

 

 

– A minha alma, eu ofereço, para destruir

a sua.

 

 

 

– O que disse? Não...espere!

 

 

 

Ambos combatentes brilharam intensamente,

uma luz cegante. E esta luz começou a consumi-los pouco a pouco. Em alguns

instantes os dois desapareceram por completo, com um grande rugido, e a luz

outrora grande e intensa, foi diminuindo até se transformar numa pequena gota

de luz, que caiu suavemente no chão.

 

 

 

Ainda no plano criado pelo ritual, numa

poça de sangue, estava Hallergeist, fraco demais para se mexer. Tudo o que ele

fez foi colocar as mãos no rosto e sussurrar...

 

 

 

...Yrilahmorins...

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Returns (olá, eu sou um clichê)

 

Parte 3 – Ruas de Prontera

 

 

    Juste corria apressadamente por entre as ruas de Prontera. O jovem noviço movia-se um tanto desajeitado por carregar dois grandes e pesados livros antigos. No caminho, aventureiros pediam por cura, como ocorria normalmente, principalmente naquele horário. Mas Juste não parava para nada. Precisava chegar à Biblioteca o quanto antes. Ele já estava atrasado.

 

    Com aqueles livros grandes na sua frente, e sabendo que a Biblioteca de Prontera era um tanto isolada das ruas movimentadas, Juste correu sem olhar. Os pesados livros ficavam na sua frente. Seus rápidos passos foram interrompidos por um sutil toque em um de seus pés. O que foi suficiente para arremessá-lo bem a frente.

 

    – Ae, noviço.

 

    – Ai não! Os livros! - Juste se levantou rapidamente e foi empilhar os dois livros largados no chão. - Puxa vida! Quem foi que fez...

 

    Juste parou o comentário quando resolveu observar em volta. Quatro gatunos o rodeavam.

    – Sim? O que vocês querem? – perguntou Juste enquanto se levantava com os livros.

 

    – E ae noviço, beleza? - disse um dos malandros - Libera um ritual de cura ae pra nóis.

 

    Juste observou rapidamente os quatro que estavam o rodeando. Eles pareciam muito sadios e sorridentes para precisarem de cura.

 

    – Pessoal, eu adoraria ajudar, mas estou atrasado!

 

    – Qualé chefia? Tu estuda uma pá de anos ae pra fica santo e quando os cara vem pedir os favor tu vai negá?

 

    – Vocês parecem muito bem para mim. Comprem uma poção.

 

    – Aí que tá colega - um dos gatunos se aproximou mais enquanto os outros fechavam o cerco. – A gente tamo sem grana e agora a gente vamos precisar de uma ajuda sua, sácumé...

 

    Disse isso com um sorriso sarcástico e sacou uma brilhante adaga. A luz do sol de fim de tarde refletia um reflexo avermelhado nos olhos assustados de Juste. Ele não tinha sido treinado para combate. Os outros gatunos em seguida sacaram também as suas lâminas.

 

    – Esses livrinho ae deve valer uma graninha né não? - disse o gatuno líder, que não tirava o sorrisinho sarcástico e tom cínico. – A gente vamo levar essa bagaça também ae.

 

    Juste estava muito aflito. Pensava irritado, em como poderia aquilo estar acontecendo logo com ele, e onde estavam os guardas da cidade. “Isso que dá querer evitar as ruas movimentadas, gênio”, dizia a si mesmo, irritado.

 

    Foi então que Juste olhou para o lado e teve uma visão no mínimo inusitada. Debaixo de uma sombra formada pelo muro de proteção da parte interna da cidade estava estirado no chão um monge, que dormia encolhido como se fosse um bebê. Estava tão silencioso que até o momento não havia sido notado.

 

    Juste não pensou duas vezes. Pegou um dos livros, e enquanto o outro caía no chão, arremessou-o na direção do monge.

 

    – Ae, tá loko rapá? Ae, ae, tu. Tu pega o livro que caiu ae. - disse o líder, gesticulando para os seus colegas.

 

    O outro livro caiu em cheio no monge, que acordou num pulo.

 

    – O que! O que!? Eu já limpei o dojo! Que inferno! Deixa eu dormir Hee-Tae! Mas que saco! Er...

 

    O Monge olhou em volta, coçando a cabeça. Então ele viu o livro caído no chão. Depois ergueu a cabeça, e viu Juste, rodeado pelos gatunos.

 

    – ...Eita. Que que é isso? - disse o monge num tom alto de voz, que depois Juste descobriu que era o tom normal dele.

 

    Ele pegou o livro e se levantou. Bocejando, caminhou até o pequeno grupo.

 

    – Eeeeeeeeei, o que está acontecendo aqui? - disse enquanto dava um outro bocejo e se espreguiçava caprichosamente.

 

    O noviço apavorado olhou desesperadamente para o monge. Este por sua vez o olhou de volta. Os dois piscaram. Depois olharam de novo. E piscaram, de novo.

 

    – Peraí, você é o...

 

    – Ah, o senhor é...

 

    – JUSTE!

 

    – YUTSUO!

 

    Os dois gritaram de espanto em uníssono. Prontera toda ouviu, principalmente Yutsuo. Os gatunos se entreolharam, confusos.

 

    – O que aconteceu com você? - disse Yutsuo se aproximando. – Quem são esses caras?

 

    – Ae chefia. - interrompeu o líder com a adaga a mostra. – Tu ta atrapalhando um servicinho nosso, ta sabendo?

 

    Yutsuo tinha um rosto moreno muito jovem. As feições de seu rosto eram quase infantis. Mas elas contrastavam e muito com o seu corpo muitíssimo treinado e forte. Mas isso nada impedia o julgamento errado das pessoas. Sempre o julgavam pelo rosto. Certa vez, Yutsuo disse que o rosto de criança dele era a sua mais poderosa arma. Talvez ele estivesse certo.

 

    – Er...Juste. Eles estão te roubando ou eu tou ouvindo mal? - disse isso e fez uma cara de quem está tentando entender.

 

    – É isso mesmo Yu! - respondeu Juste, que de repente estava calmo outra vez. - Eles querem me roubar e levar os livros que o Supervisor me pediu!

 

    – Ah é? – o monge olhou para os quatro gatunos em volta. - Vocês magrelos não vão roubar ninguém na minha frente!

 

    – Aí chefia, tu é forgado! Tu é um só, malandrão. Ae galera, vamo fura esse monge otário ae!

 

    Os gatunos se aproximaram de Yutsuo, adagas em punho, sorrisos sarcásticos montados em seus rostos. O monge foi recuando até chegar numa árvore, apoiando as mãos em seu tronco.

 

    – Olha só, eu vou ser bonzinho com vocês. Guardem as adagas agora, e eu garanto que ninguém sai machucado.

 

    – Heh, tu tá brincando né malandrão. A gente vamos te furar até tu virar uma peneira, saco?

 

    – Ainda não, vou sacar agora.

 

    Os dedos das mãos do monge pressionaram a árvore. Com um rugido, e com uma certa facilidade que fez com que os gatunos arregalassem os olhos o máximo que lhes era permitido, Yutsuo retirou a grandiosa planta do chão. O líder ia dizer algo, mas enquanto gaguejava, Yutsuo o interrompeu.

 

    – Bom, tchau!

 

    Com uma pancada feita como se o monge estivesse jogando ”baseball”, os quatro gatunos voaram na direção do céu já poente da cidade.

 

    – Lá vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai gatuuuuuuuuuno! - e gargalhou alto com o tronco nas costas.

 

    Totalmente paralizado e boquiaberto, Juste ficou observando o monge que gargalhava como se o tronco que estava nas costas dele fosse uma simples vara de pescar.

 

    – Tudo certo agora, Juste? - disse Yutsuo após terminar as gargalhadas.

 

    – Sim...sim! Muito obrigado Yu! Oh meu Deus! – exclamou quando olhou em volta e viu que já havia escurecido. - O Supervisor vai me matar!

 

    Apressadamente pegou os livros com certa dificuldade.

 

    – Tenho que ir! Tchau Yu!

 

    – ESPEEEEEEEEEEEEERA!

 

    Mais uma vez Prontera inteira ouviu.

 

    – Sim?

 

    – Eu vim aqui mesmo pra falar com você. - falava enquanto colocava a árvore no lugar do melhor jeito que podia. – Tenho que entregar uma coisa pra você levar pro Supervisor.

 

    – O que é?

 

    Yutsuo procurou nos bolsos e tirou uma carta, selada. E a colocou no meio de um dos livros, que estavam entre os braços de Juste.

 

    – Isso aí é a minha carta de alforria que o Mestre Haller me deu.

 

    – Alforria?

 

    – Ah? Eu disse alforria? - Yutsuo tapou a mão com a boca – Oh, droga...de novo. Não não. É uma carta que ele me deu quando me liberou do treinamento. Ele disse que não era para eu abrir nunca, a menos que eu sentisse que fosse precisar ajudar alguém que estivesse “em grande perigo, pois Hallergeist nem sempre estará aqui para defender o mundo, pois nem tu, nem Hallergeist sabe o dia de amanhã”. – disse essa última parte gesticulando e imitando a voz de seu antigo mestre.

 

    – Mas então, por que você não abriu?

 

    – Não tive coragem.

 

    – Não teve coragem?

 

    – Não.

 

    – Você usa troncos de árvores como se fossem varetas e não tem coragem de abrir uma carta?

 

    – EU TENHO MEDO DE TUDO QUE É DO HALLER!

 

    Os dois se fitaram em silêncio. Yutsuo ficou olhando, com a boca aberta. Depois a tapou com a boca.

 

    – Droga, de novo...

 

 

*                        *                        *

 

 

 

Num lago a oeste de Prontera. Valentes e honrados guerreiros se reuniam.

 

Um alto cavaleiro de longos cabelos dourados estava no meio deste lago, conversando pausadamente com seus companheiros. Estava totalmente concentrado e disciplinado em sua missão de passar um plano de ação para sua Ordem de guerreiros. Por esse motivo, ele não viu os quatro gatunos caindo em sua cabeça. Um após o outro.

 

O líder gatuno se levantou, tonto. Depois olhou para os lados e viu os rostos atônitos dos Dragões. Então olhou para baixo, e viu Leafar, fitando-o com uma expressão nada simpática.

 

– E aí chefia...! Cumé que tá as parada...?

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