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Yutsuo

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  1. Yutsuo

    Hallergeist II

    H A L L E R G E I S T Returns (olá, eu sou um clichê) Parte 3 – Ruas de Prontera Juste corria apressadamente por entre as ruas de Prontera. O jovem noviço movia-se um tanto desajeitado por carregar dois grandes e pesados livros antigos. No caminho, aventureiros pediam por cura, como ocorria normalmente, principalmente naquele horário. Mas Juste não parava para nada. Precisava chegar à Biblioteca o quanto antes. Ele já estava atrasado. Com aqueles livros grandes na sua frente, e sabendo que a Biblioteca de Prontera era um tanto isolada das ruas movimentadas, Juste correu sem olhar. Os pesados livros ficavam na sua frente. Seus rápidos passos foram interrompidos por um sutil toque em um de seus pés. O que foi suficiente para arremessá-lo bem a frente. – Ae, noviço. – Ai não! Os livros! - Juste se levantou rapidamente e foi empilhar os dois livros largados no chão. - Puxa vida! Quem foi que fez... Juste parou o comentário quando resolveu observar em volta. Quatro gatunos o rodeavam. – Sim? O que vocês querem? – perguntou Juste enquanto se levantava com os livros. – E ae noviço, beleza? - disse um dos malandros - Libera um ritual de cura ae pra nóis. Juste observou rapidamente os quatro que estavam o rodeando. Eles pareciam muito sadios e sorridentes para precisarem de cura. – Pessoal, eu adoraria ajudar, mas estou atrasado! – Qualé chefia? Tu estuda uma pá de anos ae pra fica santo e quando os cara vem pedir os favor tu vai negá? – Vocês parecem muito bem para mim. Comprem uma poção. – Aí que tá colega - um dos gatunos se aproximou mais enquanto os outros fechavam o cerco. – A gente tamo sem grana e agora a gente vamos precisar de uma ajuda sua, sácumé... Disse isso com um sorriso sarcástico e sacou uma brilhante adaga. A luz do sol de fim de tarde refletia um reflexo avermelhado nos olhos assustados de Juste. Ele não tinha sido treinado para combate. Os outros gatunos em seguida sacaram também as suas lâminas. – Esses livrinho ae deve valer uma graninha né não? - disse o gatuno líder, que não tirava o sorrisinho sarcástico e tom cínico. – A gente vamo levar essa bagaça também ae. Juste estava muito aflito. Pensava irritado, em como poderia aquilo estar acontecendo logo com ele, e onde estavam os guardas da cidade. “Isso que dá querer evitar as ruas movimentadas, gênio”, dizia a si mesmo, irritado. Foi então que Juste olhou para o lado e teve uma visão no mínimo inusitada. Debaixo de uma sombra formada pelo muro de proteção da parte interna da cidade estava estirado no chão um monge, que dormia encolhido como se fosse um bebê. Estava tão silencioso que até o momento não havia sido notado. Juste não pensou duas vezes. Pegou um dos livros, e enquanto o outro caía no chão, arremessou-o na direção do monge. – Ae, tá loko rapá? Ae, ae, tu. Tu pega o livro que caiu ae. - disse o líder, gesticulando para os seus colegas. O outro livro caiu em cheio no monge, que acordou num pulo. – O que! O que!? Eu já limpei o dojo! Que inferno! Deixa eu dormir Hee-Tae! Mas que saco! Er... O Monge olhou em volta, coçando a cabeça. Então ele viu o livro caído no chão. Depois ergueu a cabeça, e viu Juste, rodeado pelos gatunos. – ...Eita. Que que é isso? - disse o monge num tom alto de voz, que depois Juste descobriu que era o tom normal dele. Ele pegou o livro e se levantou. Bocejando, caminhou até o pequeno grupo. – Eeeeeeeeei, o que está acontecendo aqui? - disse enquanto dava um outro bocejo e se espreguiçava caprichosamente. O noviço apavorado olhou desesperadamente para o monge. Este por sua vez o olhou de volta. Os dois piscaram. Depois olharam de novo. E piscaram, de novo. – Peraí, você é o... – Ah, o senhor é... – JUSTE! – YUTSUO! Os dois gritaram de espanto em uníssono. Prontera toda ouviu, principalmente Yutsuo. Os gatunos se entreolharam, confusos. – O que aconteceu com você? - disse Yutsuo se aproximando. – Quem são esses caras? – Ae chefia. - interrompeu o líder com a adaga a mostra. – Tu ta atrapalhando um servicinho nosso, ta sabendo? Yutsuo tinha um rosto moreno muito jovem. As feições de seu rosto eram quase infantis. Mas elas contrastavam e muito com o seu corpo muitíssimo treinado e forte. Mas isso nada impedia o julgamento errado das pessoas. Sempre o julgavam pelo rosto. Certa vez, Yutsuo disse que o rosto de criança dele era a sua mais poderosa arma. Talvez ele estivesse certo. – Er...Juste. Eles estão te roubando ou eu tou ouvindo mal? - disse isso e fez uma cara de quem está tentando entender. – É isso mesmo Yu! - respondeu Juste, que de repente estava calmo outra vez. - Eles querem me roubar e levar os livros que o Supervisor me pediu! – Ah é? – o monge olhou para os quatro gatunos em volta. - Vocês magrelos não vão roubar ninguém na minha frente! – Aí chefia, tu é forgado! Tu é um só, malandrão. Ae galera, vamo fura esse monge otário ae! Os gatunos se aproximaram de Yutsuo, adagas em punho, sorrisos sarcásticos montados em seus rostos. O monge foi recuando até chegar numa árvore, apoiando as mãos em seu tronco. – Olha só, eu vou ser bonzinho com vocês. Guardem as adagas agora, e eu garanto que ninguém sai machucado. – Heh, tu tá brincando né malandrão. A gente vamos te furar até tu virar uma peneira, saco? – Ainda não, vou sacar agora. Os dedos das mãos do monge pressionaram a árvore. Com um rugido, e com uma certa facilidade que fez com que os gatunos arregalassem os olhos o máximo que lhes era permitido, Yutsuo retirou a grandiosa planta do chão. O líder ia dizer algo, mas enquanto gaguejava, Yutsuo o interrompeu. – Bom, tchau! Com uma pancada feita como se o monge estivesse jogando ”baseball”, os quatro gatunos voaram na direção do céu já poente da cidade. – Lá vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai gatuuuuuuuuuno! - e gargalhou alto com o tronco nas costas. Totalmente paralizado e boquiaberto, Juste ficou observando o monge que gargalhava como se o tronco que estava nas costas dele fosse uma simples vara de pescar. – Tudo certo agora, Juste? - disse Yutsuo após terminar as gargalhadas. – Sim...sim! Muito obrigado Yu! Oh meu Deus! – exclamou quando olhou em volta e viu que já havia escurecido. - O Supervisor vai me matar! Apressadamente pegou os livros com certa dificuldade. – Tenho que ir! Tchau Yu! – ESPEEEEEEEEEEEEERA! Mais uma vez Prontera inteira ouviu. – Sim? – Eu vim aqui mesmo pra falar com você. - falava enquanto colocava a árvore no lugar do melhor jeito que podia. – Tenho que entregar uma coisa pra você levar pro Supervisor. – O que é? Yutsuo procurou nos bolsos e tirou uma carta, selada. E a colocou no meio de um dos livros, que estavam entre os braços de Juste. – Isso aí é a minha carta de alforria que o Mestre Haller me deu. – Alforria? – Ah? Eu disse alforria? - Yutsuo tapou a mão com a boca – Oh, droga...de novo. Não não. É uma carta que ele me deu quando me liberou do treinamento. Ele disse que não era para eu abrir nunca, a menos que eu sentisse que fosse precisar ajudar alguém que estivesse “em grande perigo, pois Hallergeist nem sempre estará aqui para defender o mundo, pois nem tu, nem Hallergeist sabe o dia de amanhã”. – disse essa última parte gesticulando e imitando a voz de seu antigo mestre. – Mas então, por que você não abriu? – Não tive coragem. – Não teve coragem? – Não. – Você usa troncos de árvores como se fossem varetas e não tem coragem de abrir uma carta? – EU TENHO MEDO DE TUDO QUE É DO HALLER! Os dois se fitaram em silêncio. Yutsuo ficou olhando, com a boca aberta. Depois a tapou com a boca. – Droga, de novo... * * * Num lago a oeste de Prontera. Valentes e honrados guerreiros se reuniam. Um alto cavaleiro de longos cabelos dourados estava no meio deste lago, conversando pausadamente com seus companheiros. Estava totalmente concentrado e disciplinado em sua missão de passar um plano de ação para sua Ordem de guerreiros. Por esse motivo, ele não viu os quatro gatunos caindo em sua cabeça. Um após o outro. O líder gatuno se levantou, tonto. Depois olhou para os lados e viu os rostos atônitos dos Dragões. Então olhou para baixo, e viu Leafar, fitando-o com uma expressão nada simpática. – E aí chefia...! Cumé que tá as parada...?
  2. Yutsuo

    Hallergeist II

    H A L L E R G E I S T Returns (o clichê ainda está aqui) Parte 2 – A visão caótica de Vorhang – Morra, verme exorcista! O Doppelganger avançou furiosamente na direção do Sacerdote, cambaleando com sua espada empunhada. Hallergeist estava de joelhos, buscando forças para respirar, seu sangue ainda escorria dos diversos ferimentos que havia recebido do demônio. Seus olhos, completamente brancos fitavam o nada. A dor era imensurável, mas precisava ser ignorada. Ele precisa manter o ritual sagrado a todo custo, permanecer consciente, ignorar a dor. – Maldito! MALDITO! O que você fez! Estou enfraquecendo...! – bradava o demônio translúcido, cuja imagem era a de um guerreiro quase onipotente que teve sua alma engolida por uma força maligna muito poderosa, dando origem ao terrível Doppelganger. Ele cambaleou e caiu de joelhos, há dez passos de Hallergeist. Sua espada caiu no chão. – Eu...não...consigo me levantar! Que magia é esta! O que você fez!? Hallergeist não conseguia responder. Suas forças também estavam esgotadas. O exorcista caiu para a sua frente. O sangue continuava a escorrer. Os dois estavam isolados num estranho lugar, tudo o que se via era uma forte luz branca, e um turbilhão de luzes e sons. Cânticos sagrados misturados com brados de guerra, cantar de pássaros misturado com rugidos, como se todo o tempo, todo o espaço, presente, passado, futuro, fossem apenas um. O Doppelganger também caiu ao chão. A fúria deu lugar ao desespero. O demônio usou todas as suas forças para pegar a espada, e então ele colocou-se a arrastar na direção do sacerdote. A cada movimento, o guerreiro maldito grunhia e praguejava. – Eu vou matar você! Vou matar você! E depois eu vou voltar! De algum modo, e matar todos os exorcistas! TODOS ELES! MALDITOS! Arrastar pelo chão era uma tarefa cada vez mais penosa. A espada parecia estar ficando cada vez mais pesada. Finalmente ele chegou aonde estava Hallergeist, que jazia imóvel no chão. O Doppelganger usou todas as forças que lhe restavam para virar o corpo do exorcista. – Olha pra mim, verme! Quero ver essa sua cara cega idiota quando eu dilacerar seu coração com minha espada! Como se tentasse levantar uma montanha com as mãos, o demônio ergueu a espada e a mirou para o peito de Hallergeist. No meio da dor o Doppelganger tentou arriscar um sorriso, que rapidamente se contorceu para a expressão de dor e fraqueza que estava sentindo. Ele tentou mais uma vez, mas mal conseguia segurar. Foi então que a espada do Doppelganger começou a brilhar com um branco intenso. O demônio urrou de dor de jogou a espada no chão. – Você não vai tocar nele! Completamente exausto, o Doppelganger deitou-se para o lado e olhou para a direção que vinha a voz. Seus olhos arregalaram de espanto. – Não pode ser! Não pode ser! Você! Quase inconsciente, o demônio observou enquanto mãos femininas empunhavam sua espada, que agora brilhava. A figura alada, de espada em punho. Observava Hallergeist e o Doppelganger. O Sacerdote também estava quase inconsciente. O ritual estava quase completo. Hallergeist não conseguia mais enxergar nem mesmo sentir nada ao seu redor. Estava muito cansado. Tudo o que ele desejava era acabar aquilo, e descansar. – Nicholas, você fez o impossível. Eu sou muito, muito grata a você. É hora de retribuir o favor. Dizendo isso, ela se aproximou do Doppelganger. Com uma de suas mãos ela o segurou pelo pescoço e o ergueu facilmente acima do chão. Seus longos cabelos vermelhos contrastavam muito com suas vestes brancas e suas asas, preenchidas de penas macias em tons brancos e marfins. Seus olhos vermelhos fitavam o demônio, que se contorcia inutilmente. Sua outra mão segurava a espada do Doppelganger, purificada pelo poder divino. – Sua ... sua cadela! Você nos ... traiu! – Vindo de você, isso é um elogio. - disse com um sorriso nos lábios - Eu não vou deixar que ele morra. Eu devo minha alma a ele, e vou pagar. Agora. O Arcanjo então proferiu palavras místicas. Palavras estas que Hallergeist ouviu. E sabia para que serviam. Erguendo o braço com o máximo de força que podia fazer, Hallergeist tateava o ar, enquanto tentava dizer algo. – Não...não faças isso... Tu não deves desperdiçar sua alma, pois Hallergeist já fez a sua oferenda... – Vorhang, por séculos eu observei você. Você é um campeão. Você foi condenado a ser um campeão, a vagar sem nunca morrer num mundo de crueldade, e tudo por culpa minha. Eu devo tudo a você, e sou a culpada de tudo, eu preciso fazer isso, ou nunca terei verdadeira paz. Adeus, Nicholas, e muito, muito obrigada. Ela então terminou de proferir as palavras místicas, e arremessou o Doppelganger. O demônio começou a gargalhar, e ficou de pé com facilidade. Suas forças estavam voltando. – Ah, a vadia resolveu cooperar? – Sim, com a sua morte. O Doppelganger correu na direção do Arcanjo, ainda bastante debilitado pelo poderoso ritual que ainda não estava terminado, mas alterado agora. O Arcanjo voou na direção do guerreiro demoníaco com as espada em punho. Com um golpe, o Arcanjo atravessou o peito do adversário com a espada sagrada. – Cadela! - disse o Doppelganger enquanto engasgava com uma substância escura - Eu simplesmente voltarei! Meu espírito renascerá! – A minha alma, eu ofereço, para destruir a sua. – O que disse? Não...espere! Ambos combatentes brilharam intensamente, uma luz cegante. E esta luz começou a consumi-los pouco a pouco. Em alguns instantes os dois desapareceram por completo, com um grande rugido, e a luz outrora grande e intensa, foi diminuindo até se transformar numa pequena gota de luz, que caiu suavemente no chão. Ainda no plano criado pelo ritual, numa poça de sangue, estava Hallergeist, fraco demais para se mexer. Tudo o que ele fez foi colocar as mãos no rosto e sussurrar... – ...Yrilahmorins...
  3. Yutsuo

    Hallergeist II

    H A L L E R G E I S T Returns (clichê detected) Parte 1 - O Relatório de Jydall Verteidiger "Existia um livro, escrito há mais de seiscentos anos, que recebeu o humilde nome de Livro dos Ritos. Nele estão agregados diversos fundamentos, rituais e procedimentos, frutos de décadas de estudo e pesquisa. Diversas crenças e superstições são tratados, examinados e explicados de forma científica. O conhecimento contido nele fala de viagens entre os planos e as criaturas que os povoam, a estrutura e composição do corpo, mente e espírito de um ser vivo, de como demônios aparecem no plano material e como são seus métodos para se apoderar de almas vivas e o uso que fazem delas. Este mesmo livro também se usa de escrituras sagradas da Ordem no entendimento, criação e manipulação de portais extraplanares, rituais e técnicas para exorcismo, comportamento e ação de demônios e criaturas de planos inferiores. Alguns capítulos tratam também de necromancia, ou seja, a manipulação da vida. Poderosíssimos rituais de ressurreição, purificação, criação e destruição de mortos vivos, manipulação da alma e da energia vital contida em todos os elementos. Por ter tantos materiais considerados pagãos, e misturados com escritas sagradas e códigos do próprio dogma da Igreja, esta considera o Livro de Ritos uma ferramenta herege e sua leitura é considerada blasfêmia. A ironia é que tal ferramenta foi criada por um Sacerdote pertencente ao mais alto nível hierárquico do clero de Rune-Midgard. Sua função era justamente de procurar e extinguir quaisquer focos de portais, possessões e ataques demoníacos. Seu nome era Abdul Hakim Bahir. Pouco é conhecido a respeito de Hakim antes de ele se unir à Igreja, e mesmo os mais secretos arquivos da Ordem de Prontera não possuem menção alguma a respeito dele antes de sua comunhão. Mas é fato que tão logo Hakim assumiu seu posto como responsável dos chamados “assuntos fechados”, que ele tornou-se rapidamente conhecido e respeitado por entre seus irmãos. A presença de Hakim em determinado lugar também era motivo para temor. Quando o Cardeal Hakim aparecia, era sinal de algo grave estava em andamento. Grave o suficiente para que as espadas e escudos dos poderosos cavaleiros e templários da Ordem fossem considerados inúteis para enfrentar a situação. Apesar da grande resistência da Igreja em usar os conhecimentos proibidos de Hakim, por diversas vezes ela se viu obrigada a abrir mão secretamente de seu dogma para que tivesse sucesso em conter ataques de demônios e morto-vivos. Quando muitos sacerdotes falhavam em exorcizar os espíritos malignos, Hakim era chamado, pois nesses casos não eram demônios comuns, mas criaturas de outros planos ou outras bestas mágicas com as quais os rituais convencionais não surtiam efeito. Hakim agregava em seu Livro dos Ritos conhecimentos de todos os tipos para enfrentar da melhor maneira possível tais ameaças. Hakim era líder de uma facção dentro da Igreja de Prontera que defendia que todo o conhecimento deveria ser usado para combater o mal, e que não permitir a distribuição de seus conhecimentos entre a Ordem por superstição tinha um preço muito alto, pois muitas vidas eram perdidas por culpa da ignorância de uma instituição tão importante. Publicamente esta facção não era conhecida, pois a Igreja fazia de tudo para ocultar sua presença e seus conhecimentos da estrutura social de Rune-Midgard. Hakim e seus discípulos eram uma força secreta conhecida apenas pela inteligência da Coroa e pelos níveis hierárquicos mais altos do clero. O Livro era considerado uma arma poderosíssima. Suas capacidades excediam àquelas usadas por Hakim. Com ele em mãos e os materiais necessários, até a manipulação do tempo e espaço seriam possíveis. Exatamente por isso, muitos indivíduos, tomados pela ambição, desejavam ter posse do Livro e perseguiam Hakim para isso. Alquimistas, sábios, bruxos e mesmo outros sacerdotes por diversas vezes tentaram obter o poder do conhecimento proibido. Mas os mortais eram a menor preocupação do Sacerdote Exorcista. Demônios e criaturas de outros planos também perseguiam o Livro em busca do poder de dominar os demais seres. Para defendê-lo, Hakim contava com dois discípulos que lhe eram muito próximos. O primeiro se chamava Alexander Von der Klinge. Alexander era lenhador em Mjolnir, quando Altos Elfos, enganados e corrompidos por um astuto demônio Deviruchi, desceram em um ataque contra uma vila próxima. O objetivo do Deviruchi era sujar as almas dos elfos com sangue inocente. Com isso ele iria criar mais tarde um ritual para matá-los e depois transformá-los em Injustiçados. O ataque infelizmente teve sucesso, e muitos amigos e conhecidos de Alexander foram mortos, tanto elfos quanto habitantes da vila. Sua noiva estava entre as vítimas. Hakim chegou ao local um pouco tarde. A batalha já havia terminado e os elfos já haviam partido. O Exorcista encontrou Alexander abraçado ao corpo da noiva. Ele gritava e blasfemava contra todos os deuses. O que ocorreu a seguir é apenas cantado por bardos e tido como absoluta lenda nos dias atuais. A Igreja nega completamente o ocorrido, e de fato não há provas materiais que confirmem o acontecido. Mas naquele dia, Hakim executou um dos mais poderosos rituais contidos do seu Livro. A informação que se tem é que se uma pessoa amar suficientemente a uma outra, é possível usar a alma do amor em vida para resgatar a do amor que acaba de morrer, considerando certas condiçõvel usar a alma do amor em vida para resgatar a do amor que acaba de morrer, considerando certas condiçontra todos os deuses. es que não são conhecidas. E assim sendo, é dito que Hakim ressuscitou a noiva de Alexander. Posteriormente, ajudado por Alexander, Hakim encontrou o Deviruchi e reverteu o ritual que estava sendo feito para matar os elfos. Alexander esmagou o demônio com as próprias mãos, e a força vital dele foi definitivamente destruída por Hakim. Após isso, o lenhador se disse em débito e ele tornou-se noviço, posteriormente um Sacerdote da Ordem. Sua especialidade? Combate. Alexander fazia parte da seleta divisão de Sacerdotes de Batalha, que causam admiração e temor até mesmo entre os cavaleiros e templários. A segunda tinha o nome de Cibele Firstdawn. Vinda de um clã de sábios em Juno, Cibele aos quatorze anos recebeu um chamado que não pôde recusar, quando durante a Grande Guerra, cuidou dos feridos que lutavam sem cessar por um mundo de paz. Ela tinha um grande dom para curar ferimentos e enfermidades, e trabalho durantes muitos anos como médica em postos avançados e comunidades necessitadas. Ao conhecer o trabalho de Hakim, movida pela curiosidade, ela passou a andar junto com o Exorcista e seus discípulos, e acabou convencida de que Hakim era uma pessoa a frente de seu tempo, digno de confiança. Hakim também viu o valor da Sacerdotiza pura e nobre, e a tinha como conselheira para assuntos delicados, pois Hakim era muito prático e frio, mas tentava com ela aprender a ser um pouco mais humano. Alexander e Cibele eram guardiões, amigos e confidentes de Hakim. Para todas as missões Hakim contava com a ajuda de seus dois companheiros. Hakim e seus guardiões tinham muitos inimigos, tanto mortais quanto criaturas mágicas e dos planos inferiores. Um desses inimigos era especialmente perigoso. Trata-se da Succubus, Yrilahmorins. Por diversas vezes ela tentou se apossar do Livro de Ritos, sempre sem sucesso. Sem querer, em uma de suas maquinações, ela acabou por descobrir que muitos dos rituais Hakim se recusava a fazer por que ele não se permitia destruir almas que fossem puras. Aproveitando-se desse conhecimento ela criou um grande plano para fazer uma armadilha onde Hakim não poderia escapar por causa de seus próprios princípios. Tal armadilha teria sido um completo sucesso não fosse um pequeno detalhe, no qual ela não havia sequer considerado. O nome desse detalhe era Nicholas Vorhang. Um garoto filho de um poderoso guerreiro, que por conta própria quis formar-se noviço e seguir os passos de seu tutor, Hakim. Quando Hakim, Alexander e Cibele estavam controlados pelo poder de Yrilahmorins, Nicholas, com uma página arrancada do Livro de Ritos reverteu o ritual que a Succubus fazia para abrir um portal direto dos poços infernais e selou o ritual destruindo o foco de recepção do mesmo. O foco era uma garota. A única informação sobre ela é que seu nome era Anna. Seu corpo jaz enterrado atrás da Catedral, em Prontera. Por resultado da liberação de uma quantidade tão grande de energia contida numa única alma. Nicholas Vorhang ficou completamente cego. Submetido ao conselho do Alto Clero, Vorhang foi sentenciado a passar pela chamada "Sala do Julgamento". Lugar onde dizem, o Santo em pessoa é o juiz, júri e executor daquele que estiver entre suas paredes. Nicholas Vorhang foi colocado lá, e as portas foram seladas. O que aconteceu a seguir é desconhecido, e nada foi documentado sobre esse caso. O fato é que Vorhang retornou por conta própria desta sala após 20 anos. Completamente transformado e com a alcunha de Hallergeist. Hallergeist é considerado por muitos o herdeiro de Hakim. Dizem que ele possui todos os conhecimentos do Livro de Ritos, mas em sua mente. Pois ele não possui o Livro de Ritos em si. Na verdade, o Livro foi deixado com Nicholas Vorhang secretamente na Sala do Julgamento, mas ele nunca mais foi encontrado. Segundo consta nos documentos analisados, Hallergeist não é humano. A partir da idade que ele tinha ao sair da Sala do Julgamento, não envelheceu mais. Nicholas Vorhang tinha 36 anos na época. Então, a julgar pelos dias atuais ele teria 536 anos de idade. Adicionalmente, ele ainda mantém a cegueira, mas por algum mecanismo que não é possível descrever ou visualizar, ele é capaz de enxergar a força vital dos elementos e as almas que os contém ou são contidas por ele, dando-lhe uma espécie de visão especial. Todos os dados sobre Hallergeist são guardados nos mais secretos arquivos da Ordem. A maior parte da sociedade e até mesmo grande parte da Ordem não sabem da existência de Nicholas Vorhang. A Igreja protege a identidade do Cardeal para sua própria proteção. Hoje ela tem uma consciência maior de que ele é necessário tanto para a Igreja e para o mundo, porém, embora seus conhecimentos e atitudes sejam tolerados, os ensinamentos de seus rituais não o é. Recentemente, as ruínas de Geffen, conhecido pelo antigo nome élfico de Geffenia, foi tomada pelo demônio conhecido Doppelganger. Subestimando a força da poderosa criatura, a Ordem de Prontera despachou um pequeno destacamento com o objetivo de neutralizar a ameaça. Todos os soldados destacados para a missão foram exterminados, exceto por uma jovem Sacerdotisa da divisão de Aldebaran com o nome de Haruka, que consta no arquivo 5891A do registro eclesiástico da Biblioteca Noroeste. Aparentemente, ela não sabe o que aconteceu. Observadores destacados pela guilda de mercenários informaram que um de seus agentes viu Hallergeist lutando contra o Doppelganger. Foi informado que a desvantagem do Cardeal Vorhang frente ao adversário era óbvia, mas que de repente algum estranho ritual foi feito e ambos desapareceram o local de batalha. Com todos estes dados em mãos, eu fui chamado de Juno pela Ordem de Prontera para organizar e executar uma investigação da qual este relatório é parte. O objetivo final é descobrir qual foi o ritual realizado no momento do desaparecimento, quais são suas conseqüências. Baseado nisso, verificar se Nicholas Vorhang, o Hallergeist, está vivo, e em caso positivo, trazê-lo de volta.
  4. Yutsuo

    Hallergeist - I

    H A L L E R G E I S T Parte 1 - Crepúsculo O sol começava a desaparecer no horizonte. Três sacerdotes organizavam os grupos de noviços que se dirigiam para o pequeno vilarejo ao norte de Prontera, como haviam sido informados pela Igreja. Hakim, Alexander e Cibele andavam na frente, apreensivos. Atrás deles os nove noviços caminhavam a passos largos. Em sua volta, alguns Cavaleiros garantiam a escolta até o lugar de destino. - Nicholas, ainda está pensando no sonho de ontem? -Raphael deu dois tapas amistosos nas costas do noviço- Relaxa, sonhos ruins não acontecem quando você conta, e estamos com os sacerdotes mais poderosos de Rune-Midgard! - É...eu sei... -Nicholas respondeu com um olhar apreensivo- Eu...eu não estou preocupado... - Estou vendo! Imagine se estivesse! Já estaria mijando nas calças de tanto medo! Medroooooso!!! - Pare de me atormentar, Raphael, eu não tenho medo! Hakim olhou para trás ao ouvir o tom alto da conversa. - Vocês dois. Eu peço encarecidamente que não me envergonhem durante nossa missão. -Disse com a voz firme. - Sim senhor! -os dois noviços disseram em coro. Hakim voltou-se para a frente novamente -Nicholas Vorhang, quando é que você vai parar de se preocupar? O Senhor caminha conosco, quem estará contra nós? - Ni...ninguém, mestre Hakim... Nicholas ia dizer algo, mas foi interrompido pela cena que estava vendo ao fim do planalto. Cibele cobriu a boca com as mãos, horrorizada. -Meu Deus!O que houve aqui?? O Vilarejo estava em chamas bem altas que podiam ser observadas a uma distância bem grande. Vários vultos se arrastavam em todas as direções; zumbis obviamente eram habitantes da vila - agora, servos do mal. Nicholas Vorhang apertou seu crucifixo pendurado em volta de seu pescoço. -O que é isso?- Perguntou quase sem voz olhando para Hakim, que permanecia passivo enquanto caminhava impetuosamente na direção da vila. - Isso é o mal, Vorhang, e é o que viemos exterminar. -Parou e virou-se para o grupo- Todos já sabem o que fazer. Cavaleiros, destruam os zumbis, eles não tem mais salvação; Noviços, dêem seu suporte; Raphael e Nicholas, venham conosco! Os cavaleiros deram gritos de guerra e adentraram a toda a velocidade na vila com seus valentes Pecos. Atrás iam os noviços encarregados do seu suporte. Hakim, Alexander e Cibele entraram em seguida nas chamas, com Raphael e Nicholas atrás. Nicholas estava apavorado. E cada vez que ele se lembrava do sonho, se apavorava ainda mais. H A L L E R G E I S T Parte 2 - Sangue Brados de guerra e o som de metais se misturavam com o calor do fogo que crepitava entre as casas do vilarejo. Nicholas observava atônito os três sacerdotes que destruíam os zumbis com uma facilidade assustadora. Hakim era impetuoso e destemido, Alexander, sempre muito centrado e quieto, e Cibele dando suporte aos dois. - Precisamos encontrar a fonte disso! -bradou Hakim, que suava muito devido ao calor- Alexander, não consegue enxergar nada? Alexander parou onde estava e começou a observar em volta. Segundos depois voltou a olhar para Hakim, balançando a cabeça negativamente. - Temos que continuar procurando, não podemos deixar que o mal se espalhe daqui! -disse Cibele, apreensiva. Nicholas olhou em volta. No meio da confusão ele não viu mais Raphael. - Raphael? Raphael? - Nicholas! Aqui! Venha rápido! O noviço olhou na direção dos gritos, Raphael estava ajoealhado, com as mãos no rosto. - Raphael? O que aconteceu? Fale comigo! - Nicholas, eu sei que está preocupado, seu sonho...está acontecendo mesmo, não está? O Jovem noviço segurou a respiração. Um frio percorreu todo o seu corpo. - Si...sim... - Eu lhe disse que os sonhos ruins não acontecem se você contar... - Raphael tirou as mãos do rosto - Mas, infelizmente, você contou seu sonho para o cara errado... Seus olhos estavam vermelhos, como sangue. Uma expressão demoníaca surgiu no rosto de Raphael. Nicholas levantou-se, horrorizado. - Raphael??? Raphael??? O que aconteceu com você? - Nada, Vorhang, eu apenas vi...a luz!!! Raphael levantou-se numa velocidade aterrorizante e segurou o pescoço de Vorhang com as mãos. -Venha Nicholas, una-se a mim! MOOOOORRA!!! As mãos de Raphael esmagavam o pescoço de Nicholas enquanto este tentava desesperadamente gritar por ajuda. De repente, uma aura branca começou a circular o corpo de Raphael. Então, uma explosão luminosa, e o corpo de Raphael caiu sem vida ao chão. Nicholas caiu de joelhos, buscando recuperar o fôlego. Sentiu então uma mão sobre seu ombro. Olhou rapidamente, assustado. Alexander olhava para ele, passivo. - Está bem, frei Vorhang...? - Si...si...Sim... - Não tema por Raphael, ele já estava corrompido... Alexander ia dizer algo, mas parou. Virou-se e chamou Hakim. O Sacerdote veio apressadamente, junto a ele vinha Cibele. - O que houve Alexander? Alexander apenas se virou e apontou o dedo da direção do poço central da vila. Todos olharam junto. - ...é ela. Uma garotinha estava sentada em cima do poço com uma boneca de pano. Sorria alegremente, e não parecia que estava numa vila em chamas no meio da noite cheio de zumbis. - Não pode ser. Esta garotinha? - Cibele olhou desconfiada. - Não questione, Cibele. -Hakim tirou o livro de Ritos do manto.- Vamos destruí-lo e voltar pra casa. A garotinha gargalhou. -Ahhhhhhh, Hakim...eu esperava mesmo vê-lo! Hakim parou. -Impossivel... A menininha pulou do poço e correu para longe, Alexander saiu em disparada atrás dela, seguido de Hakim e Cibele. Nicholas ficou parado observando. Até Hakim gritar. - Vorhang! Que está esperando? Venha logo!!! O noviço colocou-se de pé e correu na direção dos três sacerdotes, que se dirigiam para a Igreja local... H A L L E R G E I S T Parte 3 - Armadilha - Mestre Hakim, quem é ela? Como ela sabe o seu nome? -Cibele perguntou ofegante enquanto tentava acompanhar os passos rápidos de Hakim. Hakim parou em frente a Igreja. O Fogo, o calor e os sons de guerra entre as hordas malignas e o combatentes da Ordem de Prontera continuavam. O Sacerdote abriu o Livro de Ritos e começou a folhear apressadamente. - Yrilahmorins... Alexander ergueu uma sombracelha. - A Succubus? Não acha um pouco estranho ela estar no corpo de uma garotinha e não com algum homem bonito como de costume? -Cibele perguntou ainda desconfiada. - Cibele eu já disse, não questione. De fato é um comportamento descomunal para uma succubus, deve haver algo mais por aqui, mas não vou perder meu tempo tentando compreender o raciocínio desta criatura dos poços infernais. Hakim fechou o livro e começou a proferir versos que havia acabado de ler no livro, apontando o dedo para a porta da Igreja, agora fechada. - Ich bin der Gott-Krieger, Hakim! Zum licht Ich befehl sie! Hakim cerrou o punho enquanto prosseguia proferindo suas palavras. Cibele e Alexander observavam, vigiando em volta. Nicholas estava imóvel, nem mesmo piscava. Nunca tinha observado os rituais de purificação de Hakim. Uma luz tênue começou a circular Hakim, ficando mais forte em seguida. Então a porta da Igreja iluminou-se também, ao mesmo tempo que começava a ranger. De repente um estrondo, e horrorizado, Nicholas viu várias figuras monstruosas sendo arremessadas para fora da Igreja. E ao fazê-lo, eram desintegradas pela luz que emanava do Sacerdote que fazia os ritos. Hakim suspirou. - Pelo menos ela continua previsível como sempre...desta vez vou baní-la deste plano para sempre! Vamos! O Sacerdote central seguiu firmemente para a porta da Igreja abrindo e então desaparecendo na escuridão. Alexander e Cibele foram em seguida. Nicholas foi por último, tremendo. Segurava com força o crucifixo em seu peito. Ele estava apavorado, seu sonho estava acontecendo, mas ele não lembrava como ele terminava... Um silêncio mortal imperava no interior da Igreja, os gritos de guerra, os sons de batalha e o barulho agora eram sussurros abafados pela pesada estrutura do local. Hakim se dirigiu rapidamente até o altar, onde a menina estava sentada, segurando sua boneca de pano como se estivesse mimando-a. Alexander e Cibele se colocaram em posições distintas e ficaram alertas para o perigo. Nicholas Vorhang, parado um pouco depois da porta, tremia. - Hakim!!! -a menina tinha voz de criança, mas sua entonação era a de uma mulher- Porque demorou tanto, meu querido, estava com saudades do cheiro delicioso do seu corpo... - Calada, cria das trevas. Com um rápido movimento das mãos, Hakim fez gestos ritualísticos e uma rajada de luz branca saiu de seus dedos, alcançando a menina. Mas o que aconteceu a seguir, nem Hakim, nem os outros dois Sacerdotes puderam prever. Nicholas, boquiaberto, se aproximou para observar melhor. A garotinha absorveu completamente a luz, e ficou lá, sorridente olhando para Hakim. - Meu lindo, doce Sacerdote. Você fez tudo do jeito que eu imaginei que faria... O Sacerdote deu um passo para trás, pasmo. Cibele e Alexander se entreolharam. - O que está planejando!? - Ora, pensou mesmo que eu simplesmente tomei a forma desta linda garotinha? - Ela levantou-se e deu uma volta. Seu vestidinho rodado movimentou-se graciosamente - Eu possuí esta garotinha! Hakim cerrou os punhos. - Maldita! Tirar a vida de uma criança para seu bel prazer! O que você quer, afinal!? - Calma, calma, Hakimzinho...tudo a seu tempo. E eu não tirei a vida dela... - O...que? - A alma dela está aqui, comigo, porque preciso dela... O Sacerdote, Hakim, levou a mão ao peito, e cerrou os dentes numa expressão de fúria. - Maldita! Não pode ser! Então é por isso que você fez tudo o que vimos aqui? A garotinha gargalhou profundamente. Nicholas sentiu um arrepio que congelaria até a alma naquela emanação maléfica. - Realmente! Você entende muito dos rituais, até dos proibidos! Alexander e Cibele olharam para Hakim, confusos agora. - Mestre Hakim, do que ela está falando? - perguntou Cibele - Ohhhhh "mestre" Hakim! - Ela riu alto novamente - Você não compartilha seus conhecimentos secretos com ninguém, não é? Eu lhe digo, queridinha. Existe um ritual que, se completado, dára passagem completa dos planos inferiores para o reino mortal! Não é uma maravilha? Cibele colocou as mãos sobre a boca. - E para isto preciso de muitos sacrifícios, algumas guerrinhas, e uma alma pura de uma menina que possa ser usada como chave...nham, deixa eu ver o que mais... Hakim guardou o livro de Ritos rapidamente. - Alexander, Cibele. CORRAM! Temos que sair daqui! Mexa-se, Vorhang! Hakim partiu em disparada em direção à porta, a qual se fechou com um estrondo antes que ele chegasse até ela. - ...Ah é... - continuou a garota - E três sacerdotes capazes de realizar os ritos de abertura das fendas entre os planos, e do Livro de Ritos... Alexander olhou com desdém para a Succubus. - Não lhe ocorreu que nós não estamos dispostos a lhe ajudar, Yrilahmorins? - Não seja bobo, tolinho. Não preciso da sua boa vontade, só das suas almas! De repente, diversos Andarilhos apareceram das sombras, com suas espadas em punho, alertas. - E o meu grande senhor, Baphomet, já me ensinou tudinho o que preciso para concretizar os ritos! - apontou para Hakim - E Vocês já estão onde eu desejava que estivessem, e alma da criança já está pronta! Nicholas Só observava. Ele não sabia o que poderia fazer para ajudar; ele mal podia compreender o que estava se passando naquele momento. Todas as suas energias estavam sendo gastas em suportar o terror que tentava dominá-lo. O Livro de Ritos mais uma vez estava na mão de Hakim. - Monstro, eu não deixarei que conclua seu plano vil! Vou expulsá-la de seu corpo e devolver a paz a este lugar santo! H A L L E R G E I S T Parte 4 - Alma Mais gestos foram feitos por Hakim enquanto segurava o Livro. Uma luz forte emanou do Sacerdote, fazendo com que os andarilhos levassem as mãos ao rosto. Com outro movimento ele empurrou Yrilahmorins, que caiu na direção do altar. Uma luz a envolveu, e ela começou a se debater. - Me solte! Solte-me! -gritou ela enquanto tentava sair do lugar ao qual ela estava presa- Andarilhos, matem! MATEM! A luz que mantinha os Andarilhos cautelosos diminuiu. Hakim concentrava-se em prender a Succubus em seu campo sagrado. Ele abriu o livro e começou a folhear enquanto continuava repetindo versos em uma língua desconhecida. Alexander tirou as duas maça-espadas de seu manto. O Sacerdote era descomunal para um Eclesiástico. Era alto, e extremamente forte e musculoso. Mesmo os Cavaleiros da Ordem de Prontera tinham medo de desafiá-lo para duelos amigáveis. Ele simplesmente olhou para Cibele, que acenou positivamente com a cabeça. Então, fazendo o gesto da cruz com a mão direita, Alexander partiu em combate contra os Andarilhos. Cibele começou a usar todos os seus poderes dando seu suporte para o poderoso Sacerdote de Batalha. Completamente boquiaberto, escondido num canto, Nicholas observava a força de Alexander. Com um poderoso golpe de sua maça na mão direita ele jogava um Andarilho para longe, enquanto com a outra bloqueava ferozmente o ataque de outro. Um terceiro andarilho conseguiu acertar um golpe em cheio, mas Alexander nem sentiu, pois Cibele o guardava com seu Kyrie Eleison. Com as duas maças em punhos, Alexander fez um só golpe que desmantelou o Andarilho atacante fazendo-o em pedaços. Sem se mover, Hakim fechou o Livro por um instante. Dois Andarilhos vinham em sua direção em grande velocidade. - Vorhang! VORHANG! Venha! Nicholas fez um esforço sobre humano para controlar seu medo e correr na direção de seu poderoso mestre enquanto os Andarilhos faziam sua investida. - Pegue! -Hakim virou-se rapidamente e jogou o Livro de Ritos para a mão de Nicholas. Nicholas pegou o livro e permaneceu parado.- Vorhang aconteça o que acontecer não entregue esse livro. DEVORE-O se for necessário! O Sacertode proferiu algumas palavras e criou um campo em torno de si. Nicholas observava enquanto os andarilhos atacavam sem parar o Sacerdote, mas não conseguiam ferí-lo. Hakim abaixou a cabeça por um instante, se concentrando. De repente um turbilhão de luz o envolveu e aos Andarilhos, e sob o comando de Hakim "Magnus Exorcismus!", os Andarilhos se desfizeram frente ao poder sobrenatural do Exorcista. Impressionado, Nicholas não viu o Andarilho se aproximando por trás dele. - Vorhang! -Hakim gritou e colocando a mão no chão num movimento rápido fez uma luz percorrer o caminho até o Andarilho, onde explodiu numa luz branca, fazendo o Andarilho subir e cair com um estrondo. Ao se levantar, Alexander já preparava o golpe final. Os Andarilhos tinham sido derrotados. - Esse descuido vai custar a sua alma, Hakim... Hakim virou-se, surpreso. A garota pulou num abraço apertado que pareceria normal de uma garotinha, não fosse a situação, e o que ela fez a seguir, beijando-o na boca, o qual Hakim tentava com todas as forçar se livrar. Com um movimento brusco, Hakim arremessou a criança no chão. Mas em seguida, Hakim também caiu. levando as mãos ao peito... - Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh... -suspirou a garota em um gesto de satisfação, passando a língua nos lábios- Tanto tempo esperei por isto... Jogando as maças ao chão, Alexander correu ao encontro de Hakim. Cibele veio logo atrás. Nicholas não se movia. - ...não...não...Afastem-se de mim! Hakim ergueu-se de supetão e bateu com força as palmas das suas mãos. Uma poderosa onda de poder percorreu a sala, arremessando Alexander e Cibele para os bancos da Igreja. - Tarde demais queridos Sacerdotes. -Disse Yrilahmorins, passando os dedos maliciosamente nos lábios.- Esta garotinha tem a alma pura, e ela está comigo, Hakim não pode pôde fazer nada para impedir o meu controle sobre ele. Tão simples...e eu nunca soube disso... Alexander levantou-se rapidamente segurando um dos bancos da Igreja e prontamente o arremessou na direção do Altar onde estava a garotinha. Hakim virou para eles e com um gesto, parou o banco no ar, que caiu em seguida ao chão. Seus olhos estavam vermelhos, e ele suava muito, como se estivesse se esforçando para fugir do controle da Succubus. Levantando-se com dificuldade, Cibele olhou horrorizada para Hakim e depois para Alexander. -Mestre Hakim! Resista! Não permita que ela o domine! - Não queridinha...ele é meu! E vocês também! Hakim, acabe com eles! Cerrando os punhos, Hakim fez com que Alexander e Cibele voassem em sua direção, derrubando os bancos e castiçais que enfeitavam a Sacristia. Com alguns gestos Hakim criou campos em volta dos dois, que desesperadamente tentavam se desprender, em um esforço vão. - Obrigado Hakimzinho querido -andando serelepe, a garotinha foi na direção de Alexander, que olhava furioso para ela.- Bons sonhos, meu lindo e forte garotão... -e dizendo isto, escalou Alexander para alcançar sua boca, e o beijou. Depois, desceu, e cantarolando, foi na direção de Cibele. Ela não se movia, mas seus olhos azuis mostravam todo o horror que estava sentindo naquele instante.- Não gosto de fazer isso mas, bem, é a vida! Adeus! -e também a beijou. Yrilahmorins começou a cantar e dançar em volta dos três sacerdotes que permaneciam imóveis. Nicholas Vorhang tremia, suava frio, encolhido num canto. - Bem, tenho minha alma pura, tenho as almas dos três sacerdotes...hum...noviçoooooooooo, onde está você querido? Venha, não tenha medo, eu posso ter só 9 anos, mas eu beijo muito bem! -Disse isto e riu alto. Segurando o Livro de Ritos, Nicholas chorava baixo. Agora ele se lembrava. O sonho dele terminava ali. E ele não sabia mais o que iria acontecer. H A L L E R G E I S T Parte 5 - Escolha - Apareça, doce noviço, eu não tenho todo o tempo do mundo! Encolhido nas sombras, Nicholas, abraçando o Livro de Ritos contra o peito, tentava imaginar alguma maneira de resolver a situação. Controlando o seu medo e seu pranto, o jovem frei Vorhang perguntava-se se este seria o fim. - Ah,já sei. -Disse Yrilahmorins em tom infantil- Você quer brincar de esconde-esconde? Muito bem...tá comigo! O noviço olhou para o chão. Pedaços de alguns bancos, destruídos durante a batalha estavam espalhados. Pegou um dos pedaços e atirou na direção das pesadas portas que estavam trancadas. O som fez a Succubus imediatamente correr para aquela direção. - Não adianta querer fugir, tolinho, a porta não poderá ser aberta! Nicholas instintivamente correu para onde os três sacerdotes estavam. Alexander e Cibele estavam imóveis, seus olhos não focavam nada, como que mortos. Então Nicholas olhou para Hakim. Também imóvel, Hakim tinha um olhar distante, e seus olhos estavam vermelhos como sangue, tal como Raphael estava antes. Neste momento ele se lembrou do que Alexander lhe dissera antes: "Ele já estava corrompido...". - Não! -pensou ele em desespero- Mestre Hakim! Não pode ser! - Ahhhhh então aí está você queridinho... Ele olhou para trás e no meio do corredor estava a garotinha, que caminhava lentamente com a bonequinha na mão, dando passadas brincalhonas e saltitava, contente. - Não adianta, seus dois amigos noviços estão praticamente mortos, suas almas estão presas ao corpo apenas por um capricho meu, para que eu possa fazer o ritual. E o seu grande mestre Hakim, bem, ele está com um nível mínimo de conciência, eu apenas separei a maior parte da alma dele, para que ele possa fazer o servicinho sujo para mim. E o melhor é que ele estará ciente de tudo! Não é maravilhoso!? Dando um passo para trás, Nicholas já tinha perdido qualquer esperança de salvação naquele momento. Então ele se lembrou também do Hakim havia lhe dito. Abriu o Livro de Ritos e agarrou com a mão algumas páginas fazendo menção de arrancá-las. Yrilahmorins riu baixo, com a mão na boca, de modo sarcástico. - Que acha que vai fazer? Hakim!? Me dê o livro, por favor? Num movimento rápido, Hakim segurou Nicholas pelo Escapulário com uma só mão e o ergueu, fitando-o. Nicholas desesperadamente tentou arrancar pelo menos a página que estava segurando, mas foi impedido pela outra mão do Sacerdote. - Mestre! Por favor! Por favor! Não faça isso! Não permita isso!!! Não!!! -Nicholas começou a chorar novamente, ele não conseguia mais controlar suas emoções. - Hakim? O Livro! Aproveite e mate logo o garoto, não agüento mais o choro dele! Hakim arremessou Vorhang na direção de uma das colunas. Nicholas bateu forte com as costas e caiu ao chão. Hakim dirigiu-se rapidamente para ele. Com a mão esquerda, Hakim segurou o Livro, e com a direita colocou a mão sobre a cabeça de Nicholas. Nicholas já ouvira falar que um dos rituais proibidos que Hakim utilizava era o de destruição da alma. E que para iniciá-lo, o Sacerdote tinha que estar com a mão sobre a cabeça e outra sobre o Livro de Ritos. Nicholas fechou os olhos, enquanto fazia o máximo de força que conseguia para tirar o livro da mão de Hakim. - "Nicholas Vorhang, escute com atenção." -Era a voz de Hakim que ecoava na mente de Nicholas. Nicholas ia abrir a boca para falar, mas a mão de Hakim que estava sobre sua cabeça fez força contra a coluna. - "Não abra essa maldita boca." O noviço tremia, confuso. - "Agora preste atenção." -Hakim continuava falando na mente de Nicholas- "Você pegará esta página que estou colocando em sua mão" -Hakim puxou o Livro de Ritos num movimento rápido, depois o segurou pelo lado e deixou o lado das páginas ao contato dos dedos de Nicholas- "Minha alma já está perdida, assim como a deles. Mas a alma da garota pode ser salva. Vorhang, eu vou entregar o livro para Yrilahmorins. Deixe ela fazer o ritual até que toda a energia das almas esteja canalizada junto com a alma da garota. Você saberá quando isto irá acontecer. Este ritual é base para muitos outros. Por isso, quando acontecer o momento que lhe disse, você lerá o conteúdo desta página em voz alta. Com isto o processo será alterado e o Portal do Julgamento será aberto em vez dos planos inferiores. Neste momento, você deverá libertar todas as almas aprisionadas no corpo da menina, inclusive a dela própria." Uma aura cobriu Nicholas e Hakim o tirou do chão, arrastando-o para cima na coluna. - "Para fazer isto, você deve matar a menina num só golpe. Estou encantando sua maça para que você possa fazer isso." O noviço se debatia enquanto a aura em torno do seu corpo aumentava. - "Eu disse que a alma da garota poderá ser salva, mas nada poderá ser feito quanto ao seu corpo. Vorhang, a escolha é sua. Deves fazer o que eu lhe disse e matar a menina para que Yrilahmorins não consiga concretizar o que ela quer, se permitir isso, eu jamais o perdoarei. Minha alma não tem mais forças. Adeus, Vorhang." Uma explosão de luz, e Nicholas caiu ao chão. Hakim virou-se e entregou o Livro para a Succubus. - Sim!!! Finalmente! -Yrilahmorins segurava o Livro com força, rodando e cantarolando- Vamos logo com isso! Hakim, vá para o seu lugar! A passos lentos, Hakim dirigiu-se para o Altar. Os três sacerdotes formavam um triângulo no lugar onde estavam. A garotinha caminhou para o meio deles. Então ela abriu o Livro de Ritos, indo direto para as páginas que desejava. Sem mais demora ela começou a ler em voz alta os versos do livro. Então uma luz tênue começou a cobrir a garotinha, e os três sacerdotes. Nicholas lentamente se movia do chão até que ficasse sentado. Olhou para sua frente, e viu um turbilhão de várias luzes se formar em torno dos sacerdotes que então entravam no corpo da garotinha. - "São as almas de todos os que morreram aqui!" -pensou Nicholas- "A alma pura daquela criança é o receptáculo para todas elas." - Ai...que delícia!!! -Yrilahmorins suspirava alto entre os versos recitados- Tanto poder! É maravilhoso! Então, todas as luzes entraram no corpo da criança. Um brilho intenso tomou conta do seu corpo. Yrilahmorins virou a página e começou outra parte do ritual. Todos os quatro começaram então a flutuar do chão, enquanto um campo de energia percorria a todos. Símbolos arcanos feitos de luz começavam a aparecer no chão abaixo deles. Nicholas levantou-se com certa dificuldade. Todo o seu corpo doía. Sua respiração estava pesada. - "É agora, eu tenho que escolher... não, eu não tenho escolha!" Ergueu-se e pegou a página que estava em sua mão. Olhou-a por alguns instantes e então, usando todas as suas forças, começou a recitar os versos que haviam naquela página o mais alto que podia. O chão começou a tremer. Um verdadeiro furacão de luz apareceu no lugar onde os quatro componentes do ritual estavam. Yrilahmorins começou a olhar para os lados, apavorada. - O que está acontecendo? Não era assim que deveria ser! Onde eu errei! Não! Procurando por algo, Yrilahmorins viu Nicholas de pé, recitando alto. - Não!!!!! você!!!!!! A Succubus correu para onde Nicholas estava, mas foi impedida pelo furacão de luz. - Maldito corpo de menina! MALDITO noviço chorão!!! Eu vou estraçalhar sua alma!!!! O Furacão ficava mais intenso a medida que Nicholas recitava os versos. Então, de repente, o tempo parou. Toda a escuridão da Igreja fora tomada por uma luz branca intensa. Campos de energia mantinham os três sacerdotes imóveis. Outro campo surgiu e prendeu Yrilahmorins. Nicholas jogou o papel no chão e deu alguns passos para frente. Olhou o corpo de Hakim, agora apenas uma caixa de sua alma separada. Depois olhou para a garotinha. Lágrimas começaram a cair do rosto de Nicholas. Nunca, em toda a sua vida, Nicholas tinha matado alguém, e agora tinha a pesada tarefa de matar uma garota inocente. Ele correu para onde Yrilahmorins estava. Ela o olhava com ódio. Seus olhos brilhavam um vermelho intenso. De repente, ela fechou os olhos. Então quando ela abriu, Nicholas estremeceu ao ver um olhar inocente, olhando confusa para os lados. - Hmm? Tio? Tio? Onde eu estou? Tio, eu não consigo me mexer! Me solta tio! Com a maça na mão, Nicholas tremia e suava frio. Ele olhava para a garotinha com desespero e culpa. - Tio??? Por que está chorando? Por que está chorando?? Nicholas ergueu a maça. - Me solta tio, por favor. Lágrimas caíam Nicholas, que começava a chorar convulsivamente. Ele deu uma última olhada para Hakim. - Me solta tio! Me tira daqui, eu estou com medo! - Sim... Eu libertarei você! Me perdoeeeee!!!! HWAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! Uma grande explosão seguiu-se ao golpe de Nicholas Vorhang. O noviço foi jogado metros para trás. O lugar agora é uma confusão de luzes. A garota caiu ao chão, numa poça de seu próprio sangue. Os corpos dos sacerdotes foram arremessados para longe. Uma aura vermelha surgiu da menina, e a Succubus, Yrilahmorins, materializou-se em sua forma real. Era uma mulher muito linda, olhos vermelhos, longos cabelos ondulados vermelhos que iam até sua cintura, duas grandes asas de morcego abriam-se atrás desta bela mulher que encontrava-se nua. - Seu maldito! Olhe só que você fez! -Disse ela com uma voz muito bela mas furiosa. Vorhang jazia ajoelhado, aos prantos, tateando o chão.- Agora eu vou matar você! E depois que você morrer, vou picar sua alma de dar aos cães do Inferno! Um buraco abriu-se no que deveria ser o teto desta grande sala branca. Uma luz saiu de lá, e todas as luzes começaram a ser sugadas por esta grande luz que apareceu. Espantada, Yrilahmorins olhou para cima. - O Portal do Julgamento! Então era isso o que você fez! Eu vou cuidar para que eu não vá sozinha, noviço! Yrilahmorins investiu ameaçadoramente dando um grande salto e então mergulhando com suas asas abertas, suas mãos na direção da cabeça de Nicholas, então, quando estava para alcançá-lo, ela caiu ao chão. Nicholas ouviu com surpresa a voz da menininha. - Me solte sua peste! - Não tia! Não machuca ele!!! Você é uma pessoa má! Não pode mais ficar aqui! A Succubus segurou a menina pelas costas e a ergueu. - Insolente! Você não tem mais utilidade para mim sem seu corpo! - ...A única insolente aqui é você, Yrilahmorins... Uma mão apareceu por trás agarrando o pescoço da criatura vil. Hakim a segurava com força. Yrilahmorins largou a garota e tentou virar-se para encará-lo. Então Alexander apareceu, e segurou o braço direito dela. Cibele estava do outro lado e prendeu seu braço esquerdo. A garotinha levantou-se e correu para segurar suas pernas. - Você não vai escapar do seu Julgamento, Succubus! Nicholas chorava alto com as mãos no rosto, ajoelhado, com a cabeça baixa. - Vorhang, não sinta culpa! -Hakim gritou imperativamente- Você fez o que deveria ser feito, e não poderia ser feito de nenhuma outra forma! Nicholas só conseguia pensar em uma pergunta: "Será mesmo?". - Argh, seus idiotas! Me soltem!!! Ahhhh!!! - Obrigado Nicholas Vorhang! Você fez o certo! Nunca duvide disso! -Gritou Cibele, com lágrimas- Nunca duvide de sua força, você pode muito mais do que você imagina, adeus Nicholas! - Tio! Não se preocupe comigo! Eu estou bem! Não doeu! Tá bom? A grande luz sugou todos eles e todas as outras luzes que vagavam. Yrilahmorins entrou na luz com os sacerdotes e a garotinha aos berros. Um grande clarão de se fez e de repente, Nicholas estava de novo no chão da Igreja. O silêncio então era absoluto. Desesperado, Nicholas tateava o chão. Colocou a mão sobre o Livro de Ritos e o reconheceu imediatamente. O livro estava todo ensangüentado. Nicholas abraçava o Livro e chorava alto. - Não!!! Eu não queria isso! Eu não queria!... As portas da Igreja se abriram num forte estrondo. Dois cavaleiros adentraram alertas. - O que houve aqui? Por Odin! Os cavaleiros, atônitos, viram os corpos dos três sacerdotes no chão, uma grande poça de sangue estava na frente do altar. Nela, estava o corpo de uma garotinha, com uma boneca de pano em sua mão esquerda. A alguns passos a frente, estava Nicholas Vorhang que chorava sem parar, segurando o Livro. Ao seu lado estava a maça, suja de sangue. - Frei Vorhang, o que houve? O que aconteceu aqui? - Eu...eu não queria...eu não queria fazer isso! Tem que acreditar em mim! Os dois cavaleiros se entreolharam, confusos. - Venha Vorhang, levante-se. Vamos sair daqui. -E estendeu a mão para Nicholas, que chorava sem parar. Mas parecia que Nicholas nem se moveu quando o cavaleiro lhe estendeu a mão. - Nicholas, segure minha mão! - ...Não sei onde ela está! O outro cavaleiro fez uma cara de espanto. - O que disse, Nicholas! - ...Não consigo ver! Estou cego! -Chorou Nicholas, enquanto com sua mão esquerda tateava o ar em busca da mão do cavaleiro da Ordem de Prontera. H A L L E R G E I S T Parte 6 - Julgamento - ...então, foi isto o que aconteceu? Murmúrios eram ouvidos pelo grande salão dos Cardeais. O Sumo Sacerdote coçava o queixo enquanto observava o noviço, que estava encolhido em sua cadeira. Nicholas Vorhang estava muito nervoso. Os murmúrios pareciam cair sobre sua cabeça como pedras, atiradas por caluniadores. - Vorhang está escondendo algo! -bateu com o punho na mesa um dos anciões.- Matou a criança apenas porque Hakim lhe ordenara? O que o nosso Senhor diria sobre isso? Obviamente antes de ficar cego fisicamente, você ficou cego ao não enxergar as opções e o poder que o Senhor entrega para que você triunfe sem cometer...uma heresia! - Não! Eu não tinha escolha! Eu não tinha! Era o único meio! Mestre Hakim me disse! - Mas você não procurou outro meio! -resmungou outro ancião. - Mas...mas se houvesse outro meio, mestre Hakim me contaria! Ele jamais permitiria que a vida de alguém inocente fosse tirada se ele soubesse de outra forma! -Nicholas gaguejava um pouco, e se controlava para não chorar enquanto falava sobre o ocorrido. Seus olhos, sem foco, mostravam uma expressão de angústia. - Hah, Vorhang. Hakim sempre foi um herege! Seus rituais sempre foram condenados pelo nosso conselho! São poderosos demais para que um mortal os manipule. E veja só o que aconteceu! Centenas de vidas perdidas por um descuido imprudente! Tragam o Livro! Um cavaleiro a passos largos trazia o Livro de Ritos de Hakim numa bandeja de prata. O Livro ainda estava sujo de sangue. Ele o colocou na frente de Nicholas, ao alcance de suas mãos. Então pegou uma mão do noviço e o colocou sobre o Livro. - Reconhece este livro, Vorhang? - Sim senhor... - O próprio Hakim o escreveu. Por décadas ele fez estudos HEREGES sobre todo o tipo de ciências proibidas! -o cardeal levantou-se, dirigiu-se a onde Nicholas estava e tomou-lhe o livro.- Este livro é uma afronta à nossa Ordem! Hakim teve o fim que merecia pela sua heresia! - Não!!! Está errado!! -Nicholas gritou indignado, e colocou-se de pé com certa dificuldade. - O que disse? - Mestre Hakim sempre foi muito bom! Ele não fez tudo isto para ele mesmo, mas para o mundo! Vocês falam que muitos morreram, mas graças ao esforço e sacrifício de meu mestre, suas almas estão salvas! Meu mestre sempre me disse! Vocês se escondem atrás das regras da nossa Ordem! São covardes e egoístas! - Seu...seu...seu pirralho insolente! Quem você pensa que é para julgar nossas leis sagradas!? Você está seguindo os ensinamentos daquele herege! Pois deve ter o mesmo destino dele! O Sumo Sacerdote bateu com o martelo de madeira maciça em sua mão na mesa. - Cardeal Verus, por favor, sente-se. O cardeal olhou furiosamente para o noviço, depois virou-se e andou resmungando de volta ao seu assento. Mais murmúrios eram ouvidos. Nicholas tremia como se pudesse ver a hostilidade demonstrada. Erguendo a mão, o Sumo Sacerdote esperou o silêncio, olhando fixamente para Nicholas. Então, quando os cardeais se calaram, o ancião central pôs as mãos juntas, entrelaçando os dedos. Respirou profundamente e depois começou a falar, pausadamente. - Frei Nicholas Vorhang, por favor, sente-se. O jovem noviço sentou-se, tateando a cadeira. - Muitos de nós pensamos que os rituais de Hakim, seus estudos e ensinamentos, eram uma afronta contra a Ordem de Prontera. Muitos de nós, como você observou, acredita que Hakim seja um herege. O ancião fez uma pausa, para observar a reação do noviço. - Estamos aqui para julgar o que você fez. Mas depois do que nos contou...eu não creio que nós tenhamos o direito de julgá-lo. Murmúrios indignados percorriam o grande salão. Mais uma vez o Sumo Sacerdote ergueu a sua mão com a palma aberta, aguardando o silêncio. Depois continou: - Conhecia muito bem o Cardeal Hakim, assim como conheço você, desde que era pequeno. Não consigo entender como você seria capaz de fazer o que fez. E não foi encontrada nenhuma marca nem em Hakim, então parece óbvio que não foi você quem tirou a vida deles. Contudo, só você viu o que aconteceu lá, só você saiu com vida daquele lugar, e só temos a sua palavra como prova. Portanto, nós não vamos julgar você. Uma expressão confusa surgiu no rosto de Nicholas. - ELE o julgará. A Surpresa era ouvida em todo o recinto. Vozes murmurantes discutiam sem parar. - Você será levado ao Templo do Julgamento, e então, Vorhang, você será julgado pelo nosso Senhor, porque só ele sabe o que aconteceu, só ele sabe quem é culpado, e quem é inocente. Somos apenas humilde seguidores de nosso Senhor, e o que ele decidir, nós acataremos. - Mas Sumo Sacerdote! -Cardeal Verus ergueu-se indignado- Vai permitir a entrada deste herege num lugar tão santo!? - Isto não caberá a nós decidir, cardeal Verus. Sente-se. O ancião lançou um olhar de desaprovação sobre o Cardeal, que sentou-se, em silêncio. - O Frei Vorhang será julgado pelo nosso Senhor no Templo Sagrado do Julgamento, nas profundezas desta Catedral. Que esta sentença seja executada agora, e declaro este Julgamento, humano, encerrado. Cavaleiros, levem-no. Deu três batidas com seu martelo na mesa, e os cavaleiros guiaram Vorhang para fora do salão, cheio de murmúrios intrigados. Nicholas Vorhang não conseguia pensar em nada embora ele se esforçasse para focar sua mente em algo. - Tem certeza sobre isto, Sumo Sacerdote? Nosso Deus julgará Vorhang? - Se um dia ele sair de lá, Cardeal Verus, você saberá... H A L L E R G E I S T Parte 7 - Veredicto Os Cavaleiros abriram as pesadas portas de bronze maciço. No seu interior, o chão, as paredes, o teto, tudo era feito de bronze puro, em alto relevo com imagens de anjos lutando contra demônios e escrituras e runas sagradas eram observadas em todo o lugar. Nicholas Vorhang, porém, não via nada. Karla é sobrevivente de uma guerra acontecida há 10 anos que engoliu toda Rune Midgard. Nela, Julian Belmont sacrificou sua vida e a lendária Ordem do Dragão para pôr um fim num mal que iria destruir a todos. Agora ela era uma noviça preparando-se para se tornar sacerdotisa. O Sumo Sacerdote a incubiu da tarefa de levar Nicholas para o Templo do Julgamento. Ela tinha 18 anos. Nicholas Vorhang tinha apenas 16. - Nicholas, venha. -pegou pela mão de Nicholas e o guiou até o centro da estranha sala. Nicholas dava passos tímidos e desajeitados, os desenhos em relevo no chão confundiam seus pés. - Minha nossa, que lugar incrível... -Karla ficou boquiaberta ao observar a estranha beleza do lugar.- Aqui Nicholas, chegamos. Sente-se aqui. - Karla...você acredita em mim? - Claro que acredito, Nicholas! -amigavelmente, Karla acariciou os cabelos loiros de Nicholas.- Eu sei que o Senhor vai lhe considerar inocente, e você vai sair são e salvo! Nicholas não falou mais. Apenas abaixou a cabeça. - Vamos Karla. -chamaram os cavaleiros- Temos de nos apressar. - Sim, sim. -Karla levantou-se enquanto Nicholas permanecia imóvel- Não se preocupe Nicholas, estarei aqui para lhe ver quando você voltar! Levantou-se e saiu da sala. Os cavaleiros então empurraram as portas pesadas, que fecharam com um estrondo. O Sumo Sacerdote acabara de chegar lá, a passos apressados. - Ele está lá? - Sim Vossa Santidade. -responderam os cavaleiros. - Bom, muito bom. Tranquem a porta. - Trancar? -perguntou Karla, estranhando- Mas aí ele não poderá sair. - Sim, minha criança. Vorhang só sairá de lá por vontade divina. - Mas ele não vai precisar comer, beber? - Vorhang já está de jejum há 3 dias para o Julgamento. E ele só sairá de lá quando o Senhor desejar. Jamais abra estas portas enquanto Nicholas Vorhang estiver lá dentro, não importa o tempo que leve, pois elas se abrirão sozinhas quando o julgamento estiver terminado. O Sumo Sacerdote deixou o lugar. Com os mesmos passos apressados que veio. O Cavaleiros apenas observavam enquanto Karla colocava o rosto de lado nas geladas portas de metal. No eco, ela ouviu o choro de Nicholas, sozinho, naquele chão gelado, em total e absoluta escuridão. Agarrada à porta, lágrimas caíam do rosto triste de Karla. Que murmurava: - Você não teve culpa, Nicholas, não teve culpa... * * * Nicholas não conseguia mais se mexer. Não tinha mais a menor noção do tempo e nem do espaço. Deitado no chão, ele não tinha mais forças para fazer qualquer movimento. Tinha muita fome, e muita sede. Um esforço para levantar-se, inútil. Caiu no chão pela tontura e pela fraqueza. Algumas horas depois, Nicholas fechou os olhos. Ele não os abriu mais. * * * - ...Nicholas... O noviço não se mexia. - Nicholas. Ele ouvia a voz, mas estava fraco demais sequer para abrir a boca. - Nicholas! De repente, Nicholas Vorhang reconheceu a voz. Lágrimas escorregavam de seu rosto pálido. Juntando toda a força que lhe restava, O noviço balbuciou, gaguejando: - M...mãe...mãe... Vorhang não podia enxergar, mas sentiu mãos macias e quentes agarrando seu corpo debilitado. Ele sentiu um abraço apertado mas gentil que fez com que ele se derretesse em lágrimas. Sentiu o cheiro dos cabelos loiros e ondulados sempre bem cuidados. sentiu amor como a muito tempo não experimentava. - ...mãe...eu...não queria fazer aquilo...me perdoa...mãe...me perdoa...por favor...eu não queria...eu... A voz do noviço não saía mais, suas lágrimas e sua fraqueza não permitiam mais nada. - Shhhhhhhhhh...calma meu anjo. -Disse com a voz gentil e amorosa.- Vim aqui cuidar de você. Tome, coma devagar. Nicholas sentiu o cheiro do pão fresquinho. No colo da gentil mulher que estava sentada no chão, Nicholas tentou comer o mais rápido que podia, mas acabou obedecendo a voz porque não tinha forças para comer rápido. Ela também ofereceu água fresca num pequeno jarro de cerâmica, que Vorhang também bebeu avidamente. Depois ela voltou a abraçá-lo. Acariciando a cabeça do noviço, ela começou a cantarolar baixinho uma canção de ninar. Do lado de fora das portas do Templo do Julgamento, nada se ouvia. - Mãe...por que está aqui? - Vim lhe preparar para seu encontro com Ele. - ELE virá falar comigo mãe!? - Sim. -Ela falava baixo enquanto ainda acariciava os cabelos de Nicholas.- Filho, o que você fez naquela cidade...você fez o que achava certo, você acreditou no seu mestre até o fim, teve fé nele, porque você sabia que o Senhor estava do lado de Hakim. O rosto de Nicholas fez uma expressão de reflexão, enquanto as lágrimas voltavam a aparecer. - Se você tivesse duvidado dele por um só instante, você não estaria aqui hoje, Rune Midgard estaria totalmente devastada, não haveria mais esperança. Ela se levantou. Segurou nas mãos de Nicholas com as dela, e o ergueu suavemente. - Venha filho, vamos ao encontro dEle. Nicholas não podia enxergar, mas notou que ele não estava mais no Templo do Julgamento, seus pés não estavam mais pisando em metal, porque era macio, e tinha cheiro não de um lugar fechado, mas de...grama. Com a a mão apoiada no braço de sua mãe, Nicholas percorria distâncias com certeza maiores que o tamanho da sala. Mesmo assim ele estava assustado, na sua incapacidade de entender o que estava acontecendo. - Tem mais uma pessoa que gostaria de lhe ver. - Quem, mãe? Nicholas ouviu passos apressados e rápidos na sua direção e virou-se para onde eles vinham. - ...Tio? Tio Nicholas! Instintivamente um sorriso largo formou-se na boca de Nicholas, que mais uma vez sem se controlar começou a chorar. Ele ajoelhou-se e abriu os braços. A menininha, correndo com seu lindo vestido vermelho, o abraçou forte. - Tio! Essa moça é a sua mãe! Ela é muito bonita! Ela é legal! Cuidou de mim quando eu cheguei! - Me perdoa! Por favor me perdoa! Eu não fiz por mal! Eu não queria machucar ninguém! - Tio...não chora Tio Nicholas, eu te adoro! Você me salvou! Sua mamãe me disse, mas eu já sabia! Você é bom! Não chora tio! Controlando o choro, mas sem parar o abraço, Nicholas respirou fundo. - Qual é o seu nome? - Anna! Meu nome é Anna! Não peça perdão tio! Eu que tenho que dizer, muito obrigado! Muito Obrigado tio! A garotinha, Anna deu um beijo no rosto de Nicholas e o abraçou mais uma vez. - Tio Nicholas, continue sendo bom como você sempre foi! Agora eu vou brincar, tá bom? - Está bem, tchau Anna! Divirta-se! Nicholas procurou a mão de sua mãe. Segurou-a e os dois prosseguiram seu caminho. Andaram por mais alguns minutos, e então subiram uma grande escada. Ao fim dela, a mãe de Nicholas o levou até Duas grandes portas abertas, de um majestoso Castelo. - Nicholas, eu devo deixá-lo aqui. Tudo o que você deve fazer agora é seguir em frente. - Sim...mãe. Muito...muito obrigado. - Você sempre será o meu orgulho Nicholas, sempre. Sua mãe te ama mais do que tudo. Agora vá, siga em frente, sempre para frente! A bela mulher deu um beijo da testa de Nicholas e pôs se a observar enquanto Nicholas caminhava cautelosamente para o interior do Castelo. As portas se fecharam lentamente. Silêncio. De repente, uma voz foi ouvida nos quatro cantos no Castelo. Era uma voz forte e profunda, e ecoava majestosamente aos ouvidos de Nicholas. - Quem sois vós? - Ni...Nicholas Vorhang. - Ah...tu és aprendiz de Hakim, o Exorcista? - Sim meu Senhor, sou eu. - Sabes por qual propósito estás aqui, noviço? -perguntou a voz. - Para que tu me julgues. -respondeu Vorhang com veemência. - Hum...Venha para que eu possa ver-te. - Mas...não sei onde está, Senhor. - Não sabes? Por que não sabes? - Porque não enxergo, meu Senhor. -disse Nicholas olhando de forma vazia a sua frente- Sou cego. - O que me dizes é a verdade? Então apenas caminhe para frente, estou aqui a sua espera. Sem dizer uma palavra o noviço caminhou com passos decididos a frente. De repente, teve uma sensação estranha. Então parou. - Por que paraste? Nicholas abaixou-se e tateou o chão a sua frente. Ele caiu para trás, assustado, ao perceber que sua mão não tocava nada. Havia um precipício a sua frente. - Mas...Não há chão para ser pisado aqui! - Confie em mim, noviço, venha. A Lembrança de Hakim apareceu em sua mente. "O Senhor caminha conosco", era o que ele sempre dizia quando Nicholas demonstrava medo ou dúvida. Nicholas ergueu-se, e respirando profundamente, deu um passo a frente. E mais um passo, e mais um passo. e mais outro até que a voz lhe comandou: - Pare. Nicholas parou no mesmo instante e ali permaneceu, com o olhar vazio a frente. - Tu és um homem de fé. És cego, mas o Senhor viu que tu enxergas mais do que os outros. O noviço ajoelhou-se. - Não és culpado de nada, não cometeste crime algum. -continuou a poderosa voz- Porquanto não há por que julgar a ti. Pois não se encontra dentro de ti iniqüidade alguma. O que fizeste, fizeste porque sois humano, e mortal, e não tens o poder de redimir as almas nem de derrotar o mal sem sair ileso. Vorhang apoiou as mãos sobre seus joelhos. - Tu não és criminoso, pelo contrário. Naquele dia, tu salvaste todas aquelas almas, e destes a Yrilahmorins o Julgamento que ela sim, merecia. - Meu Senhor, isso não muda o fato de que eu matei aquela criança. -Nicholas levantou a cabeça- Ela morreu porque eu não tinha o poder para salvá-la de outra forma! Eu não quero voltar e matar mais alguém inocente para salvar-lhe apenas sua alma! Silêncio seguiu-se a declaração de Vorhang. Depois de alguns momentos a voz voltou a falar. - Queres o conhecimento e o poder para livrar o mundo do Mal tal como o seu mestre? - Sim. - Pois eu te darei mais se aceitares. Tu terás o conhecimento sobre os planos, sobre os anjos, sobre os demônios, sobre os deuses e sobre os mortais. Tu terás a missão, se aceitares, de destruir o Mal onde ele surgir. Lhe darei o poder, o conhecimento, e uma vida longa, e quando tu sairdes daqui, serás meu guerreiro. Aceitas? Nicholas ponderou. Há dois anos ele entrou na Ordem de Prontera após a morte de sua mãe por uma doença. Seu pai, um guerreiro valoroso, estava em terras distantes comandando a reconstrução de Rune Midgard após a grande guerra. Nicholas entrou na Ordem por vontade própria, queria ajudar tal como o seu pai com a reconstrução mas das almas destruídas daqueles que saíram da guerra vivos. Então ele conheceu Hakim, que além de exercer o Sacerdócio pregava que a Igreja não deveria ser tão opressora, e que todos os meios deveriam ser usados para conter e destruir o mal. Hakim sempre contava em como a igreja o impedia de fazer grandes coisas pelas pessoas, e quantas vezes teve que sacrificar vidas para não permitir a entrada e criaturas inferiores neste mundo. Nicholas viu então a chance de se redimir pelo crime que ele cometeu pois ele mesmo ainda não havia se perdoado. E ao mesmo tempo, uma oportunidade de levar adiante o sonho justo de Hakim. - Eu aceito meu Senhor. Nicholas sentiu uma mão forte segurar seu punho, puxando-o para levantar-se. - Nicholas Vorhang, tu estudarás aqui, e eu lhe darei poder, e quando sairdes, será outra pessoa, forte e capaz de enfrentar os obstáculos que tu terás de ultrapassar. * * * - Então Lars, me diz de novo, por que nós temos que ficar aqui mesmo? - Mas de novo essa pergunta? Quando o julgamento do frei Vorhang for terminado, essa porta -disse gesticulando com os braços apontando as portas de bronze- vão se abrir sozinha e... - E...? - E não sei... -Lars sentou-se de novo, suspirando. - Mas ele está aí há vinte anos já! - Vai entender essas coisas cósmicas... - O que vou dizer pra minha esposa? "Você está em alguma missão importante querido?", "Sim! Estou guardando duas portas idiotas de bronze que não se movem há duas décadas!". - Controle seu temperamento. - O Frei Vorhang é cego né? - Sim. - Ah, então estamos aqui pra guiá-lo quando ele sair né? As portas deram um estrondo. - Por Odin! -Lars ficou com a espada em punho. Uma a uma, as trancas das portas foram abrindo. Os dois companheiros ficaram alertas. Com um grande rangido as portas se abriram. Os dois cavaleiros, estupefatos, observaram o homem q saída de lá com um manto branco. era alto, e tinha cabelos brancos. - ...frei...Nicholas? -perguntou Lars, tentando não gaguejar. - Já fui chamado por este nome. -respondeu o homem, com o olhar vazio. Lars foi estender a mão para guiá-lo, pois sabia de sua cegueira, mas o homem seguiu em frente, andando naturalmente. - Er...Lars, o que foi isto? E ele não era cego? - Mas ele é...não é? * * * O Salão dos Cardeais abriu-se com um rangido. Entrou então um homem com um manto branco, mostrando a todos seu olhar vago e sem foco. - Madre, ele insistiu em vir, eu nunca vi este homem antes! Karla colocou os óculos para observar melhor quem entrava. De repente, levantou-se, assustada, com a mão no peito e correu ao encontro daquele que se encontrava entre as portas. - Nicholas! Nicholas! Correu e pegou em suas mãos. O homem a fitava, imóvel. Momentos depois sua boca lentamente se abriu. - Sim, eu sou Nicholas Vorhang. A ti sou grato por que tivestes fé em mim. Lágrimas caíram enquanto ela abria um largo sorriso. - Nicholas! Eu sabia! Você era inocente! Os cardeais se entreolharam, todos muito nervosos. - Sumo Sacerdote Verus, veja! É Vorhang. Verus observava-o com absoluto silêncio. - Então... -finalmente começou a falar- És Nicholas Vorhang? Então o Senhor não encontrou culpa em ti. - ...Tu és o único culpado, Verus. -Disse Vorhang, apontando o dedo para ele. - Por acaso você se curou de tua cegueira? - Não, mas vejo tua alma. Tu não me enganas mais. Não és humano. Murmúrios altos eram ouvidos no recinto. Karla olhava para Nicholas, apreensiva. - Nicholas, que está dizendo? - Não sou mais Nicholas. -Disse em voz alta Vorhang -Em sua presença encontra-se Hallergeist, a arma do Senhor. E este que está aí no lugar do falecido Sumo Sacerdote, Verus, não é um servo de nosso Senhor! Com um gesto, Hallergeist fez um círculo de luz percorrer o corpo de Verus. Cerrando o punho, Hallergeist fez outro comando e uma explosão de luz se seguiu no corpo do ancião. Todos olharam, horrorizados, a criatura com asas de morcego e a o rosto deformado que apareceu no lugar do velho. - Grrrrrrrr. Como descobriu? - Onde o Mal estiver, ali estará Hallergeist para destruí-lo! -bateu palmas uma vez e uma forte onda de energia percorreu a sala, prendendo a criatura. Fazendo gestos ritualísticos, Hallergeist fez um comando de voz e destruiu instantaneamente a criatura, que desmanchou no ar com um grito de dor. Discussões e murmúrios eram ouvidos na Sala, um odor de enxofre emanava do lugar onde estava sentado o Sumo Sacerdote. - És Nicholas Vorhang, aquele que foi julgado por Deus? - Sim. Este é Nicholas Vorhang, mas agora, vós e todos aqueles que vierem depois de vós, irão me chamar Hallergeist, a arma do Senhor. Porquanto onde o Mal estiver, Hallergeist irá à busca, e trará a luz para as almas por ele corrompidas. Hallergeist fitou Karla, que mantinha um olhar perplexo. - Não temas. Pois eu sou um novo ser. E levarei minha missão para onde eu for necessário. Tu cuidarás da Igreja, e tua descendência a manterá, e eu verei e orientarei a todos como eu puder. Porém esta Ordem nada deve a Hallergeist, e Hallergeist também não deves nada nem a ti nem a tua Ordem. Pois eu sou agora servo unicamente do Senhor, não da Ordem de Prontera. Virou-se na direção da porta, e deu passos firmes para fora do recinto, sob os olhares espantados e atônitos de todos os cardeais e de Karla. * * * A Catedral de Prontera. Um dia ensolarado. Alegres sons de uma cidade movimentada eram ouvidos. Mas atrás da Catedral, um silêncio reconfortante, quebrado de mansinho pelos pássaros. Um Sacerdote de cabelos brancos e expressão fria fitava um dos túmulos que se encontra atrás da Catedral. Uma flor estava em sua mão, vermelha. Na lápide, uma inscrição incomum: “Aqui jaz o corpo de Anna, aquela cuja alma era pura, e foi salva.” Vagarosamente, Hallergeist colocou a flor sobre o túmulo. E se colocou a observar esta flor em absoluto silêncio... ...até alguém quebra-lo. - Mestre? Quem está aí? - ... - Quem está enterrado aeeeeee mestre! - Imagino que você saiba ler. - Ta, Anna, alma pura, bla bla bla bla. Mas o senhor a conhece mestre? - Sim, Hallergeist a conheceu. - Mas me disseram que ela está aí há mais de quinhentos anos! Como o senhor pode... - Yutsuo -cortou Hallergeist secamente- Pensei ter dito trezentas flexões, você só fez duzentas. - Ah...tá bem... -Yutsuo saiu resmungando- Velho idiota... - Disse alguma coisa Yutsuo? - ...ops... - Trezentas flexões com a ponta dos dedos... - Ah isso eu agüento! - ...e meia hora de meditação. - Nããããããããããããããããããão!...
  5. Yutsuo

    Hallergeist - I

    Olá. Jogo Ragnarok Online (tento jogar ultimamente, heh) há 3 anos. Fiz muitos amigos aqui, e embora eu experimente diversos jogos novos (e até "tento" jogar EVE Online, paralelamente), é no RO que fiz amigos dos quais lembrarei para sempre. Esta história é uma ficção de um personagem que criei no jogo apenas para me divertir. Normalmente, esta é a única razão pela qual eu crio um personagem. Eu sei que parece meio óbvio, mas muitas vezes criamos personagens com outros objetivos em mente. Eu não consigo pensar assim. Eu era membro (muito feliz de estar lá, na maior parte do tempo) da Ordem do Dragão, uma guilda cujos membros são praticantes de Role Play In Game (RPIG, boa...melhor registrar isso). Como que possuído por vontade própria, o meu personagem, Hallergeist, que nem era o char recrutado na OD, criou em torno de si e de seus companheiros todo um ambiente, toda uma história que fez com que eu o evoluísse cada dia mais, tanto na história quanto nos pontos de experiência. Então criei este fic, explicando a origem desse personagem, pois até eu mesmo fiquei curioso de saber de onde surgiu esse personagem tão frio, mas tão bom de coração. Esta ficção já foi postada em diversos fóruns, em diversas ocasiões, mas no momento não há nenhum lugar disponível. Então estou postando aqui. Pois o meu maior objetivo é compartilhar essa história com todos os que ajudaram para que ela fosse criada, direta ou indiretamente. E principalmente com quer estiver interessado em conhecer o Haller-Mala. :-) Agradeço muito aos membros da Ordem do Dragão (pelo menos os que se lembram do Yutsuo) por lerem minhas piadas e acharem graça, por me darem força, por participarem da minha história, e principalmente pela amizade, pelas noites adentro jogando, interpretando e conversando. Especialmente ao Leafar, que fez o favor de parar sei-lá-o-que-estava-fazendo na época e revisar meu texto. Apresento a vocês, Hallergeist. PS: Existe uma continuação para essa história, mas infelizmente ela está incompleta, não tenho mais tempo de me dedicar a escrever, snif, nem tempo para jogar consigo mais. Vou conseguir forças para fazê-lo, contudo. OutroPS: Ordem do Dragão, Leafarlisson, o irlandês, Mia (vc eu "vejo" todo dia :-] ), Viso, Rei, Fy-chan, Kuruka, saudades de vocês. MaisumPS: Ficou longo né, desculpem.
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