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A princesa e o plebeu


Ayame_Star

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CAP I : A solidão se acaba  

Eram quase cinco da tarde. Já se conseguiam avistar algumas carruagens. De todas elas, saiam homens, mulheres e crianças, trajando ternos, vestidos, roupas a rigor. Bem próximo a aquela cena, um vulto corria em desabalada carreira para tentar não se atrasar.

            Em vão.

            Uma linda moça era a atenção naquele momento. Trajava um vestido longo, que cobria os pés, branco com detalhes em azul. Em sua cabeça, uma coroa de brilhantes, que contrastava com seus bem tratados cabelos cor de neve e seus olhos azuis celeste. Em suas mãos, um pequeno, mas não menos chamativo terço. Era dia dezesseis de maio, dia que Michiko Hizuma faria seu aniversário de quinze anos de idade. A igreja estava toda decorada. Michiko era a herdeira ao trono, e seus pais, donos do Palácio da Colina, no Feudo de Payon. Apenas pessoas da alta realeza compareceram a aquela festa.

            A missa foi realizada com sucesso. Agora, todos se dirigiram para o palácio, que estava em festa. Lá de tudo havia um pouco : bebidas, comida, e todas as pessoas trajavam belíssimas roupas. Ao longe, conseguimos ver uma pessoa correndo, trajando um simples terno negro, que era da cor de seus olhos e de seus cabelos. Aquele era Raul, irmão da aniversariante.

-          Está atrasado, Raul. – Disse uma lindíssima mulher de cabelos negros e orbes azuis, que trajava um belíssimo vestido verde com detalhes em flores brancas. Aquela era Suzume, mãe de Michiko e Raul. – Perdeu a missa, e seu pai não está nada contente.

-          Desculpe, mamãe. Tive problemas para resolver na guilda dos arqueiros, então me atrasei um pouco.

-          Um caçador de grande renome não deve se atrasar para a festa de sua irmã. Isso não faz jus ao nome de nosso clã. O clã Legends of World não pode tolerar mais isso. – Falou, em um tom sério, que depois tornou-se sereno ao ver a feição triste de seu filho. – Agora vá se divertir com sua irmã. Ela está dançando com as amigas. E que isso não se repita de novo.

            Raul tinha pouco mais de vinte anos de idade, e era super protetor com a irmã. Era um caçador cujo nome era conhecido por toda Payon, e pertencia a uma das famílias mais ricas da mesma. Não muito longe dali, uma linda moça com um vestido azul marinho se divertia, e ele não ousaria a interromper. Mudou o rumo, e notou um homem se embebedando e se empanturrando de comida, enquanto conversava com outros donos de clã.

-          Eu te disse, Sotta, minha filha é a mais linda da cidade.

-          Com certeza! Meu filho a achou encantadora. – Disse o homem que trajava um terno escuro com uma coroa de Deus Sol na cabeça, apontando para um garoto loiro de olhos verdes que conversava com outros.

            Sotta era líder do clã Innova, que era atual dono do Arima, em Geffen. Tinha apenas um único filho, cuja mãe morreu na guerra.

            Eram meia noite em ponto, quando todos se puseram a sentar nas cadeiras que havia no meio do salão. Não muito tempo depois, perceberam que ao longe estava Michiko, que agora usava um vestido azul bebê, que cobria pouco abaixo dos joelhos, sapatilhas brancas e um lindo cordão prata com uma pedra azul. Seus cabelos estavam presos, e ela esbanjava uma beleza nunca vista antes. Raul orgulhava-se da beleza da irmã, e era praticamente inimaginável que uma menina em seus quinze anos de idade já se tornara uma sacerdotisa muito experiente. Ela dançava uma valsa, acompanhada de um menino cujos cabelos eram azuis e possuía orbes cor de mel. Aquela concerteza era uma festa que qualquer pessoa faria o possível e o impossível para entrar. Ao término da mesma, restaram apenas Sotta e seu filho, que ainda conversavam com o rei. Michiko havia subido com sua mãe para se arrumar, e Raul foi para fora do castelo ficar com seu falcão. Foram dormir às cinco da manhã, quando alguns mercadores já saiam para trabalhar.    

            No dia seguinte, Michiko acordou meio dia. Almoçou e foi passear. Foi escoltada por quatro guardas até Prontera, cidade que ela sempre ia para comprar vestidos, jóias e afins. Ela usava seu uniforme de sacerdotisa, e andava calmamente pelas ruas. Quando sem querer, alguém a esbarra.

-          Ai!

            Caiu por cima de uma pessoa. Dois de seus guardas a ajudaram a levantar, enquanto os outros seguraram os braços do elemento. Notaram um pequeno passarinho azul bicando os guardas, que logo foi chutado. Michiko se encantou com os olhos verde esmeralda do rapaz.

-          Desculpe-me, senhorita. Não a machuquei?

-          Não, não. Foi apenas um tombo. E você, machou-se?

-          Não. Só esses guardas estão me deixando em uma situação constrangedora.

            Michiko deu uma gargalhada mandou-os soltar a pessoa. Este agradeceu, tirando seu Elmo de Osso da cabeça e revelando cabelos dourados pouco tratados.

-          Esses caras são bem fortes... – Disse passando a mão pelos pulsos.

-          Haha... São mesmo. E então, não vai se apresentar?

-          Opa, desculpe-me. – Disse o homem, levando uma das mãos até a nuca. – Chamo-me Danilo, e sou um alquimista.

-          Percebi isso pelo seu fillir que foi...

-          Chutado pelos seus amiguinhos.

            Michiko deu uma pequena risada e dispensou os guardas. Mandou-os esperarem por ela na entrada do Feudo das Valquírias.

-          Não é a primeira vez que te vejo por aqui.

-          Realmente. Venho aqui apenas para fazer compras.

-          Entendo... A propósito, ainda não sei seu nome. – Danilo pegou o pequeno passarinho e derramou uma poção branca, fazendo-o se recuperar.

-          Me chamo Michiko Hizuma, do clã Legends of World.

-          Aquele que governa o palácio da colina?

-          Isso mesmo.

-          Ora, que pecado meu não reconhecer a herdeira mais linda de todos os castelos. – Disse Danilo, fazendo uma reverência. Michiko apenas riu, corou um pouco e mandou-o levantar-se.

-          E você, o que faz por aqui?

-          Eu trabalho aqui. Ajudo meu pai fazendo poções e outras coisas. Moramos em uma casa aqui por perto, caso queira me visitar. – Danilo disse isso em um tom sarcástico.

-          Claro que venho, mas terá que ir me visitar também.

-          Bom... Acho que é mais fácil o meu pai conquistar um castelo sozinho que eu encarar aqueles guardas do seu.

-          Haha, é mesmo.

            Danilo era de uma família pobre, que trabalhava vendendo em Prontera. Tinha dezesseis anos de idade e apesar de tudo, era uma pessoa gentil e brincalhona. Ele estava indo entregar uma encomenda próxima ao feudo das Valquírias, então Michiko decidiu acompanhá-lo até o destino.

-          Bom. – Falou Michiko. – Acho melhor eu ir. Ainda tenho que resolver umas coisas no Feudo de Luina, e se eu me atrasar, meu pai me mata!

-          Tudo bem... Nos vemos de novo?

-          Claro que sim. Amanhã, neste mesmo lugar, às três horas... Está bom para você?

-          Sim. Amanhã, às três horas.

-          Bom, vou indo. Até mais.

-          Até. – Disse Danilo, dando um leve beijo em sua mão.

            Michiko dirigiu-se a seus guardas, e logo desapareceu naquela ponte. Danilo apenas observava, descrente do que acabara de acontecer. Virou-se para o pequeno humunculo e disse:

-          Esse mundo ta perdido mesmo... Quem diria. EU conhecer uma pessoa tão... Linda... – Tapou a boca assim que falou essa palavra. O humunculo apenas o olhava, não entendendo muito o que acabara de acontecer.   

            Eram oito e meia da noite. Ao longe, notamos cinco pessoas se aproximando, sendo que quatro montavam Peco-pecos e escoltavam uma pessoa. Raul vai até elas e começa a gritar.

-          MICHIKO !? ONDE VOCÊ PENSA QUE ESTAVA ?!

-          Em Prontera, resolvendo umas coisas. Porque ?

-          Porque ?! PORQUE !? Já viu a hora ?

-          Já, e daí ?

-          Sabia que minha mãe ta desesperada por sua causa ?

-          Eu disse a ela que iria demorar.

-          MAS NÃO TANTO !

-          Ta, ta... – Disse Michiko, dando as costas para o irmão. – E tente não ser tão escandaloso de vez em quando!

-          ESCANDALOSO !?

            Ele foi ignorado pela menina, que sorria sem motivo algum. Aqueles olhos verdes não saiam de sua mente, e o nome Danilo estava a deixando sonhar. Tanto foi que mal percebeu quando quase quebrou um vazo. Foi para seu quarto, trocou de roupa e deitou-se. Teria que estar bem descansada para amanhã.   

-          Aiaiai, vou me atrasar ! – Gritava a menina dona de orbes cor de céu, que vestia-se e corria por todos os cantos do castelo. Eram duas e quarenta e sete da tarde, e ela chegaria atrasada em Prontera.

            Passou pelos guardas e recusou a escolta. Buscou seu Chapéu de Verão e colocou suas orelhas de anjo. Queria estar bonita para se encontrar com o dono dos cabelos dourados. Corria pelo Feudo até chegar a cidade, e esbarrou mais uma vez em alguém.

-          Opa, desculpe-me, senhorita.

-          Desculpe-me você, e se me permite, estou atrasada!

-          Ei, você não é a filha mais nova de Shinji, Michiko Hizuma ?

-          Isso mesmo.

-          Bom... Sou Ralf, filho de Sotta, dono do clã Innova e do castelo Arima, em Geffen.

            Mal percebeu que a menina já estava a metros dali, deixando-o falar sozinho. Ele fez uma cara emburrada e continuou andando. Ralf tinha vinte e três anos, e era herdeiro único do clã Innova. Era um cavaleiro muito poderoso, embora seu pai diga que ele ainda é muito novo para se envolver em guerras. Andava apressado por ali, pois tinha que resolver alguns assuntos com Shinji e Suzume.   

            Pouco longe dali, um menino com olhos verdes e cabelos dourados, aparentando estar em seus dezesseis anos de idade, corria apressado por Prontera falando sozinho, coisas do tipo “Legal, vou me atrasar.”. Nem havia reparado seu filir que foi deixado para trás. O que não sabia é que, alguns metros atrás, vinha uma linda menininha, dona dos orbes cor de céu, correndo como nunca para chegar na ponte sem se atrasar.

            Também em vão.

            A reconheceram.

            Eram pessoas de todas as idades e tamanhos, a cercando. Alguns falavam coisas que não se entendia direito, outros apertavam a mão dela, outros davam-na um bebê para segurar. Parecia uma deusa no meio de tanta gente. Foi aí que ela teve uma idéia.

-          Teleporte !! – Ela gritou. Em poucos segundos, desapareceu em meio a tanta gente, ficando próxima do portão oeste de Prontera. Até que, em fim, ela chegou. E ele também, exatamente na mesma hora.

-          Eu... Me atrasei ? – Disse, respirando forte.

-          N-não. Nem um pouco. – Falou Michiko, sorrindo, e com certa dificuldade para respirar.

-          Te trouxe um presente. – O jovem agora estendia uma pequena caixinha de seda para a menina, que logo a abriu. Nela, foi revelada uma pequena gargantilha de prata.

-          Ora... Não precisav...

-          Gostou ?

-          É linda. Obrigada. – E sorriu. Colocou a gargantilha no pescoço e agradeceu mais uma vez.

            Andavam por muito tempo por Prontera. Já eram quase sete da noite quando repararam. Mas não estavam ligando muito. Até que um vulto, aliais, dois vultos cortam a noite.

-          MICHIKO ! QUE PENSA ESTAR FAZENDO ? ENDOIDASTE ?

-          Não estou fazendo nada, papai. – Disse, se referindo a um homem musculoso de cabelos brancos e olhos negros. Era Shiji, o mestre. E a seu lado, um cavaleiro poderoso, loiro dos olhos verdes. – Só estou conversando com meu amigo, Danilo.

            O menino fez uma reverência, que foi rejeitada pelo pai.

-          Como sai assim sem sua escolta ? Sabe-se lá o que esse menino quer com você !

-          Ele é meu amigo, papai.

-          E o que é isso no seu pescoço ?

-          É um presente de Danilo para mim. Porque se preocupa tanto ?

-          E não era para me preocupar ?

-          Estranho... Você nunca se preocupa comigo, só gosta de me exibir para as outras pessoas. É realmente estranho que você esteja se “preocupando” comigo. – Michiko fez questão de frisar essa parte.

-          C-com licença... Melhor eu ir embora.

-          Não, Danilo, você fica. – Falou Michiko, puxando-o pelo braço.

            Seu pai, muito raivoso, soltou um “nos resolveremos em casa” e foi embora, bufando. Enquanto isso, Ralf apenas observava a cena.

-          O que tanto olhas ?

-          Sua beleza...

-          Quer ver ela sumir rapidinho ?

-          Impossível... – Disse ele, com uma voz tentadora.

-          Nada é impossível... – Sorriu maliciosamente Michiko, respirou fundo e... – AQUIII ! RALF, O HERDEIRO DO CLÃ INNOVA ! ELE É LINDOOOOO !!

            Caos. Pessoas pararam tudo o que estavam fazendo para ver o que acontecia. Umas trinta pessoas atacaram Ralf, enquanto as outras apenas observavam. Michiko e Danilo aproveitaram para fugir bem rapidinho dali.

-          Você é má.

-          Não... Só sei usar as armas certas nas horas certas ! – Michiko ria e soluçava diante da cena.

            Danilo também ria, e olhava atentamente a moça em sua frente.

-          Aiai... Acho que meu pai vai me matar.

-          Você não devia ter falado aquilo.

-          Mas é a verdade... Ele nunca olha para mim como filha, e sim como troféu. Como se eu fosse um prêmio. Já perdi a conta de quantas festas ele deu em minha homenagem, apenas para me mostrar. Parece que quer que as pessoas babem por mim. E eu odeio isso... – Disse a menina, desviando o olhar.

-          Que ruim...

-          Err... Acho melhor eu ir embora. Já está ficando tarde, e meu pai vai falar a noite toda. Se não for cedo, não durmo hoje.

-          Ta certo... Que dia nos vemos de novo ?

-          Amanhã tenho que ir a uma reunião no feudo de Britoniah... Não vou poder encontrar-me com você. Já sei! Depois de amanhã, às duas da tarde, em frente a Izlude. Não vai ser fácil meu pai me encontrar lá, até porque, ele odeia Izlude.

-          Então... Até.

-          Até.

            E foi. Danilo sorria incessavelmente. Parecia uma criança de cinco anos de idade, enquanto Michiko suspirava. Ambos não conseguiam tirar o nome do outro da cabeça.

 

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