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Adeus às Armas


Godfrey de Ibelin

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Oi,eu acompanho ;-) Qualquer dia passo o que penso sobre ela por MP, bom trabalho continue.

 

Opa! Estou mandando o próximo capítulo agora mesmo =D ! Depois comente o que vc está achando :p!

 

Boa tarde a todos! À seguir capítulo 13.

Editado por Godfrey de Ibelin
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Capítulo 13: O Exílio – Parte 2.

 

 

Ao sairmos de Prontera, um novo ciclo da minha vida havia começado. Seria um ciclo curto, com muito aprendizado e esforço. Odiei esta fase tanto quanto a morte de minha família, mas acho que estou vivo até hoje graças ao que aprendi a partir do momento que saímos daquela cidade.

No fundo eu sabia que passaria pelo inferno em um futuro próximo, mas custaria imaginar o que poderia me acontecer. Se eu teria medo? Não, não tive oportunidade de ter este sentimento: a raiva e o rancor me devoravam há algum tempo. Quanto ao pavor da morte, esse sim, era algo mais físico, mais presente. Um exemplo foi o que aconteceu com a minha família. Mas sentia segurança na figura de minha tia.

Após estarmos longe da cidade, perto do deserto de Sograt, Joan perguntou a mim:

- Muito bem rapazinho, quantos anos você tem?

- Quase sete anos...

Pediu pra eu sentar. Olhou-me de cima abaixo. Comecei a ficar constrangido.

- Muito bem, faltam apenas um ano para seu teste de Aprendiz... – Fez uma pausa – O que você mais deseja agora?

- Eu queria ser Templário... Meu vovô até me deu uma espada... – Da minha mochila mostrei a Lâmina e o Escudo com Thara.

- Pois bem... – Joan pegou a Lâmina e fez um corte na palma de sua mão – HNNG... É uma Lâmina muito boa! – Imediatamente usou uma poção branca e falou:

- Você sabia que o segredo de um bom Templário é aguentar muita pancada?

- Não...

- Pois bem, Godfrey. Até o seu teste de aprendiz lhe darei algumas lições para se tornar um ótimo Templário. Tenho certeza que passará rápido pela fase de Espadachim se fizer o que eu lhe ensinar a fazer...

Sua mão sangrando devolveu-me a Lâmina. Agora o inferno iria recomeçar...

 


Treinar com a minha tia... Sua mão sangrando já simbolizou bem o sofrimento pelo qual iria passar. A sua ambição seria me transformar em um exército de um homem só enquanto ela vivesse. Para isso ela teria que me preparar bem, embora fosse apenas um garoto.

Joan sabia que seria necessário sacrificar os últimos resquícios de inocência que eu ainda tinha por ser criança, e ficava pesarosa neste pensar. Mas sabia também que eu seria o único capaz de reintegrar o trono de meu pai, e fazer cada um dos meus inimigos pagarem caro por terem estragado minha vida. Por isso, o treinamento seria árduo. Não importa o quão brilhante fosse um plano, não importa o quão importante seria o aprendizado de um exercício teórico: Sem minha preparação física a dor, nada disso adiantaria.

- Godfrey, você tem raiva do que aconteceu? – Joan começou bem sua didática, pois só de fazer menção à tudo eu sentia a dor e a revolta da perda. – Faria qualquer coisa para fazer justiça?

Obviamente lembrei-me de minha mãe, de meu avô, de minha madrinha... Uma raiva surda percorria por minha mente. Peguei a Lâmina e parti uma pedra ao meio... Comecei a gritar, a xingar palavras que eu nem pensei fazer ideia de que existiam em meu íntimo...

Joan me segurou, mas gostou do que viu:

- Acalme-se garoto. Que tal fazer isto com quem realmente merece?

- Grrr! Ahrrrgrr! EU QUERO JUSTIÇA! EU QUERO PEGAR AQUELA RAINHA! – Comecei a perder a razão, os sentidos. Desvencilhei-me dela. Golpeava o ar, a sombra, tudo. Joan não conseguiu me controlar e me apagou com uma pedrada.

 


Já era noite, e acordei com uma dor tremenda na cabeça:

 

- Dormiu bem? Sente-se melhor... – Joan perguntou...

 

Confuso, respondi:

 

- Porque me ‘tacou’ pedra titia?

Joan respondeu:

 

- Você não sabe canalizar sua raiva, e vai aprender a se concentrar do meu modo. Espero que esteja preparado. Vou lhe ensinar aptidões que você nem imagina. Nestes primeiros meses eu tenho quase certeza que você irá me odiar, mas lhe garanto que valerá a pena.

Joan falou isso com a maior calma que alguém poderia ter para uma situação igual a nossa.

 

- Aproveite e descanse mais. – Falou em seguida. – Nesta semana você dormirá bem pouco...

 


- Quero que decore este mapa em 60 segundos! – Joan me deu um mapa detalhado do Reino de Rune Midgard. – Se responder errado as minhas perguntas lhe farei uma surpresa...

 

Tive tempo de apenas canalizar os locais principais de Prontera e Payon, vendo pelo mapa. Joan arrancou o mapa de minha mão e começou a falar.

 

- Gosta de correr? – Joan perguntou.

 

- Err... Como assim?

 

- Gosta de correr ou não gosta? Se não gostar, vai aprender a gostar na marra agora!

 

- Pra mim tanto faz...

 

Péssima resposta. Aliás, qualquer resposta seria péssima...

 

- Vi que pesa 40 kg e separei algumas pedras nesta pilha. Farei um total de 40 perguntas, e para cada resposta errada adicionarei uma pedra em sua mochila. Independente da quantidade de erro terá que fazer o que eu mandar.

Começou as perguntas. Imaginaria algo a respeito das grandes cidades, mas minha tia perguntou algo bem além da minha imaginação:

 

- Quantas kafras têm em Aldebaram? – Mal me dava tempo para responder, e mesmo que eu respondesse estaria errado.

 

- Qual o caminho mais curto a ser feito de Morroc a Alberta?

- Qual a distancia entre Juno e Prontera viajando em linha reta?

 

- Izlude é uma Ilha?

 

- Em qual cidade os Magos se graduam Bruxos: Geffen ou Comodo?

Etc, etc. Respondi só duas certas: A cor da coroa dourada do Rei Tristam, e onde fazia a Mascara Feliz. Joan sorriu e disse:

 

- Pronto agora você esta com uma carga de 38 kg nas costas e correrá comigo até Payon! É melhor não ficar para trás, a floresta de Payon é assustadora à noite e dentro de 3 horas escurece. Quer o mapa?

 

Custando carregar a mochila peguei um mapa, com um X na nossa localização: estávamos em um mapa cheio de poporings, drops e porings. Fiz menção de protestar.

 

- Não, não. Sem choro... Templários não choram...

 


Cheguei esbaforido em Payon. Meu corpo inteiro doía e Joan perguntou:

 

- Quer descansar? Eu paguei a estalagem. Quero que vá pra sua cama.

 

Pensei que não poderia ser pior e fui louco de vontade para a cama querendo dormir.

 

- Não se empolgue muito: Dentro de 4 horas lhe acordarei...

 

Não sabia se eu xingava ou dormia... O cansaço me venceu.

 


Fui despertado com um copo de água fria na cara.

 

- Pronto, agora que você já se lavou, com certeza está pronto pra próxima etapa.

Praguejando, desci as escadas e vi que ainda era madrugada. Joan tinha passado a noite em claro e estava me levando para um local que conhecia muito bem:

 

- Lhe ensinarei a utilizar um terreno de batalha de forma correta. – Chegamos a uma clareira, com uma pequena pista de obstáculos. – Quero que você simplesmente atravesse estes arames e pule aquele muro. Depois toque aquela campainha que esta no final da pista.

 

Parecia muito fácil: era só rastejar por baixo de alguns arames e pular um muro de minha altura. No final parecia ter um sino em cima de um pedestal.

 

Tomei posição. Já estava ficando esperto a certas situações. Quando Joan disse “já” corri para mostrar que finalmente iria aprender alguma coisa.

 

Deitei-me e comecei a me rastejar. Senti minha roupa ficar úmida e um cheiro doce e ferroso invadiu minhas narinas. Estava tudo escuro, mas percebi o que era: Sangue.

 

Olhei para os lados e comecei a apalpar a escuridão em desespero. Que brincadeira de mau gosto para um garotinho de sete anos! Comecei a choramingar e tentei levantar: um choque me fez mudar de idéia. Com certeza, Joan pagou algum mago para energizar os arames. Acostumei-me a escuridão e vi o motivo de tanto sangue: Havia vísceras de peco peco por toda parte. Fiquei aterrorizado.

 

- Vamos pequeno? Mostre do que você é capaz para sair desta situação!

 

Do terror passei a raiva em instantes. Queria a minha casa, o meu lar, e relembrei de minha família. Tentei ordenar a minha caótica cabeça e adotei um rumo e seguir em frente. Dor, angústia, impaciência... Uma pequena pista de 30 metros tinha que ser percorrida. Devia estar lá há uma hora, porém:

 

- Quatro minutos ainda Godfrey? Já vi aprendizes mais rápidos!

 

Quatro minutos? Somente quatro minutos? Aprendi que os pesadelos passam lentamente pela mente humana. Encorajei-me e cheguei finalmente ao murinho. Subi-o, e fui correndo até o sino. Meu corpo enrijeceu: Uma armadilha congelante.

 

Joan sabia que isso podia ocorrer e começou a rir. Atacou uma pedra na minha bela estatueta e quebrou o gelo enrijecido na grotesca forma que fiquei. Estava quase em convulsão de tanto frio:

 

- Sua... MALUCA! PORQUE FAZ ISSO?

 

- Acalme-se sobrinho. É seu primeiro dia.

 


Dentre os treinamentos que eu mais detestava era o de resistência física e mental. Eu sabia que estaria por vir quando minha tia falava:

 

- Hora do banho Godfrey!

 

Meu mundo ruía ao ouvir isso. Geralmente isso significava ficar a madrugada dentro de um lago, de roupa, com água fria até o pescoço, durante a noite inteira. Joan me dava força nesses momentos: Ela mesma entrava na água com seus trajes e equipamentos para mostrar que não era tão difícil assim. Se eu cochilasse, ela me despertaria chacoalhando-me. Houve um dia que ela mesma não agüentou por muito tempo. Era inverno e tinha se arrependido de molhar sua roupa e suas botas para me manter acordado. Foi assim que eu aprendi a nadar: Com escudo, espada e roupa de batalha...

 

Se havia algo que eu gostava, ou melhor, que eu menos odiava, eram as aulas teóricas. Adorava ver as explicações de minha tia sobre técnicas de evasão, invasão, interceptação, ataques surpresas. Aprendi sobre as qualidades e defeitos em todas as profissões de aventureiros em Rune-Midgard. Ela me mostrava em quais pontos do corpo humano doíam mais, sobre pequenas lesões, sobre o peso de equipamentos e poções enfim, sobre quase tudo que alguém só aprenderia ao chegar à fase adulta.

 

Ela me deixava perguntar e ficava satisfeita. Após quase um ano estava aprendendo muito bem. Para Joan, seria apenas uma questão de tempo para que treinássemos juntos. Em seus cálculos, precisaria de poucos anos de treino para que eu passasse de Espadachim à Templário. Reparei que os treinos duros arrefeceram mais.

 

- É pra você aprender o significado da dor física, Godfrey! – Essa era a resposta de minha tia. Aos poucos nos tornamos mais íntimos, e vi que por trás de toda dureza em seu coração, ela era uma pessoa que sofria muito pelas ações tomadas no passado.

 


Certo dia, vi uma carta velha em sua mochila a respeito de uma comemoração de aniversário antiga: Eu descobri que ela faria aniversário naquele mesmo dia. Junto à velha carta, tinha uma foto dela com o Felps, no mirante de Geffen, com uma dedicatória ao voto de noivado feito no dia desta lembrança. Joan estava pescando fazia algumas horas e voltou ao nosso esconderijo perto da vila dos Orcs, em uma pequena cabana abandonada.

 

Ela fazia 22 anos naquele dia. Em seu rosto havia marcas de uma mulher que deixou a beleza juvenil para uma aparência mais madura, porém ainda bela. Olhando detalhadamente a ela, notei parte da afeição de minha mãe. Realmente era uma pena, uma mulher jovem, guardar um luto tão triste por um amor que se foi tragicamente.

 

Fiz um presente a ela. Minha tia estava calada assando os peixes. Fiz uma minúscula escultura de argila com o barro do rio e deixei secando ao sol. Fiz um cordão em volta e coloquei uma pedrinha dourada no meio da pequena estatueta: Fiz uma mercenária tentando moldar minha tia.

 

Estava triste. Com certeza se lembrou do dia que esteve no Mirante de Geffen. Pensei em lhe dar o presente:

 

- Titia, Feliz Aniversario! Muitos anos de vida!

 

Não fazia muito sentido o que eu falei, pois a vida pouco valia depois de tudo o que aconteceu. Mas minha tia sorriu, e sentiu seus olhos marejarem de lagrimas...

 

- Como você sabia garoto?

 

Fiquei pálido, azul, cinza, verde... Sabia que seria repreendido e com certeza ganharia um novo “banho”:

 

- Eu... vi a carta... quando fui pegar a Lâmina! Desculpa-me titia! PelamordeOdin!

 

Joan riu e se emocionou. Acho que ela estava descobrindo o que era ser tia de um garoto de sete anos. Sem entender a reação dela, eu estava prestes a ouvir uma das histórias de vida mais surpreendentes que eu poderia escutar durante toda a minha vida:

 

- Relaxe meu sobrinho. Pegue um pedaço de peixe que eu vou lhe contar uma história...

 

 

(Continua...)

Editado por Godfrey de Ibelin
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Parabéns pelo belo trabalho, continue assim!

 

 

Obrigado! Sempre que puder, me poste o que está achando da leitura, ou faça alguma crítica. Quero que esta leitura esteja à altura do gosto literário de vocês :o ! Obrigado pelo incentivo :p !

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O q aconteceu com o Site Ragnatales?

 

Boa tarde DionyBiguZ

 

Eles eram ótimos. Tinham a melhor calculadora de habilidades, muito melhor q a do IROWIKI (Ela é meio confusa)

 

Foi um fim meio triste... O Leafar desistiu de jogar Ragnarok depois da decepção do RBC cancelado no ano passado... Todos os amigos deles kittaram, inclusive ele. E ele simplesmente apagou o fórum... Disse que não teria mais porquê sustentar um fórum se ninguém mais estava jogando com ele...

 

Acho que ele se esqueceu dos participantes e leitores que estavam lá no Ragnatales... Tinha MUITA gente legal lá que jogava...

 

Esta Fanfiction estava lá, e quando o fórum foi desativado eu meio que desanimei na época - tanto de jogar quanto de escrever... Mas superei este pedaço, voltei pro Ragnarok (nove anos de jogatina hahahah'!) e terminarei esta fic (que terá mais ou menos 25 capítulos)...

 

Espero que esteja gostando da leitura Diony... O que acha desta fic?

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Pessoal, estou estudando a possibilidade de ilustrar a fanfic com alguns traços meus... Estou aprendendo a desenhar, então dentro de alguns dias eu me arriscarei a ilustrar cada capítulo... O que acham da ideia?

 

Em breve, Capítulo 14. Pra quem estiver lendo, deixe críticas, elogios e/ou sugestões :p !

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