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O mestre do jogo


~JuhZ

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(Esse era um conto antigo, original de RPG, que eu não consegui achar em lugar nenhum para postar aqui. O conto da ~JuhZ me lembrou dele. Adaptei para o Ragnarok e fiz uma versão reescrita para compartilhar com vocês)

 

***

 

Era tarde da noite nos arredores de Geffen. Como tenho feito nos últimos meses, tenho apenas vagado sem rumo, levando apenas o essencial: um punhado de poções, algumas asas de mosca e minhas fiéis espadas.

 

Que horas deviam ser? Quatro, cinco da manhã? Não me lembro. Mas vi aquele grupo de garotos, todos esperançosos, entrando pelos portões de Glast Heim. Por um momento, um raro momento, pude me ver neles. Eles iam morrer, era fato. E ainda não entendo porquê fui atrás deles. Não sei que lado meu me obrigou a seguir eles.

 

Sei que os alcancei quando mal tinham entrado e avançado alguns metros. Foram recepcionados por um Cavaleiro do Abismo e seus dois companheiros Khalitzburgs. Beleza de sorte a deles. Um golpe de lança, o primeiro, um mercenário, tombou ferido. Outro ataque, a templária foi ao chão. O noviço se ajoelhou e rezou.

 

E me pergunto: por que eu faço esse tipo de coisa?

 

Corri igual a um condenado e atraí a atenção dos monstros. Com um movimento do polegar, empurrei a espada para fora da bainha. O som dela sendo desembainhada ainda me causa arrepios, apesar de tudo. Um golpe, dois, três, dez, vinte... apenas uma Rédea ficou no chão. E mais meia dúzia de cicatrizes em mim.

 

Duas folhas de Ygg, um pouco de poção, e pronto, ganhei novos amigos. Mas tenho que admitir: eu não queria fazer amigos. Eu só queria ir embora, antes que algum deles me reconhecesse. Mas não fui rápido o suficiente.

 

- Essa espada é a Masamune, não?

 

Maldito noviço. Eles sempre são inteligentes e observadores. Sim, era a Masamune. Por isso que o monstro mal me arranhou. Por isso que eu era tão rápido sem ter recebido suas magias. E pude notar a admiração neles. Fiquei de pé. Tudo que eu queria era ter usado uma asa de borboleta e sumido, mas não se faz mais isso. Somos responsáveis por quem salvamos. Temos a obrigação de ensinar. E Glast Heim, sem dúvida, não era lugar para eles estarem. Eu tinha que tirá-los dali, e se tivesse sorte, não me reconheceriam.

 

- O senhor... o senhor é o Cavaleiro Azul, não é?

 

M.é.rda. Sentei de novo. Meu silêncio confirmou suas suspeitas. E o silêncio prosseguiu por muito tempo, enquanto todos nos recuperávamos. Eu podia ler nos olhos deles a curiosidade. Eu não queria responder nada, não queria tocar no assunto. Mas de novo ele, o maldito noviço, insistiu.

 

- Foi o senhor quem ganhou aquele presente dos deuses, não foi?

 

- ......................... foi – eu demorei pra conseguir falar.

 

Mais silêncio. Eles ficaram me olhando. Parecia que tinham todo o tempo do mundo. Eles queriam me ouvir. Eu não iria falar nada. Não gostava de tocar no assunto.

 

- O senhor foi o primeiro cavaleiro de sua geração a alcançar o nível máximo. Foi concedido um desejo ao senhor, não foi? O senhor encontrou ELE, não encontrou?

 

Suspirei e levantei. Dei um tapinha no ombro do noviço e peguei minhas coisas. Enquanto eu me arrumava, eles pararam na minha frente. A templária e o mercenário se ajoelharam junto com o noviço.

 

- Pelo quê devemos lutar, senhor? Responda isso então, por favor!

 

- Lutem pelo que acreditam ser o certo. Cuidado em sua jornada. Adeus.

 

Resisti à tentação de teleportar e saí andando. Eles não me seguiram. Pude notar a decepção em seus olhos.

 

Não era isso que queriam ouvir.

 

Mas era impossível. Impossível dizer que fui o melhor cavaleiro de todos, o mais bem equipado e o mais forte. Impossível dizer que encontrei os tais GMs, e que eles me deram, em um momento único, a oportunidade de escolher qualquer coisa – qualquer coisa que eu quisesse. Eu não tinha como dizer para aqueles meninos que, ao invés de pedir por poder infinito, eu pedi apenas um encontro com uma única pessoa. E que, depois de dias, finalmente me foi concedido.

 

Eu conheci o Criador.

 

Nossa conversa não durou mais que dez minutos. Juro que tentei perguntar mais coisas – coisas como “por que o Bafomé sempre volta?” e “quando acontecerá o Ragnarök?”, mas as coisas que ele me falou foram tão esclarecedoras que minhas perguntas não tinham a menor necessidade de serem feitas. E ele me mandou de volta para este mundo.

 

O que eu ia dizer para aqueles garotos? A verdade? Que somos um de cinco “personagens” que outras pessoas, nossos mestres, controlam, em um de três “servidores”? Que nosso único propósito é upar, e que tudo isso é apenas um JOGO?

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Que bom que gostaram! Obrigado!

 

Mas Magus, Usuário... ela não continua! [^o)]

 

É um conto só, um tiro! Não faz sentido dar sequência a isso. Seria sempre o cara falando no final que é tudo apenas um jogo e que nada faz sentido para a "vida" dele.

 

Draken, nos RPs, os GM são os "Grandes Mestres", avatares dos deuses! Depois posto algo com isso! A Wyla me salvou de um caso de burrice minha, onde quase pedalei em um moooonte de itens, e acabamos fazendo a personagem virar NPC em várias partidas do passado! :)

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O que eu ia dizer para aqueles garotos? A verdade? Que somos um de cinco “personagens” que outras pessoas, nossos mestres, controlam, em um de três “servidores”? Que nosso único propósito é upar, e que tudo isso é apenas um JOGO?

A verdade?

Não sei porque, mas essa história me lembrou ''Matrix''. [/hmm]

 

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Faz você pensar...

Por sinal, eu ja vi o que significa MvP nos seus RPs, "Monstro Veneravelmente Poderoso", mas o que significa GM? E, em ON qual o papel deles?

 

Desculpem se estou sendo estúpida ou qualquer coisa, mas "Monstro Veneravelmente Poderoso" é muito pra minha cabeça x_X'

 

@Rafa

belo conto ^^

gostei da referência à minha estória *-*

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Que bom que gostaram! Obrigado!

 

Mas Magus, Usuário... ela não continua! [^o)]

 

É um conto só, um tiro! Não faz sentido dar sequência a isso. Seria sempre o cara falando no final que é tudo apenas um jogo e que nada faz sentido para a "vida" dele.

 

Draken, nos RPs, os GM são os "Grandes Mestres", avatares dos deuses! Depois posto algo com isso! A Wyla me salvou de um caso de burrice minha, onde quase pedalei em um moooonte de itens, e acabamos fazendo a personagem virar NPC em várias partidas do passado! :)

 

infelizmente, se ela continuasse eu SEI que sua criatividade a tornaria muito boa... quem mais aqui conseguiu atrair tanta gente com uma fic de COMÉDIA?

 

=D

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