Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Olá! Sou o paladino Glenn®, do clã Chrono Triggers (CT), e jogo Ragnarok desde 2005. Em janeiro deste ano comecei a escrever uma fanfic no fórum do CT. Pensei logo em publicar neste espaço, mas tive receio de que a história não estivesse à altura de tantos outros excelentes trabalhos que vejo por aqui, como os do Leafar e do Ryu Jr. Demorou um pouco para sentir que valia a pena compartilhar esses escritos com toda a comunidade deste fórum, só possível devido aos incentivos de meus amigos do CT. Sem mais delongas, segue abaixo a fic, que mistura o universo de Ragnarok e o jogo de Snes, Chrono Triggers. Mais explicações, se necessárias, serão feitas entre os capítulos. Obrigado! ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------GATILHOS DO TEMPO: A HISTÓRIA DOS CHRONO TRIGGERS (fan fic baseada no universo dos jogos Ragnarök e Chrono Trigger) by Glauco de Q. (Glenn®) Capítulo 1 - Glenn, não pára! Continue a correr em círculos! - Mata logo, estou ficando sem fôlego! - Merd...Acabaram minhas flechas!!! - Sai da frente, Akero! Lanças de fogo!!! O caçador mal teve tempo de se jogar no chão e chamas ardentes caíram do céu, bem em cima do monstro que estava prestes a dar um golpe fatal no pobre Glenn. O tiro certeiro reduziu o monstro a cinzas. O autor do disparo, um bruxo do cabelo verde despenteado, resmungou: - Relógios. São fracos contra fogo. Não esqueçam disso. Akero e Glenn balançaram a cabeça. - Sim, Tenerife, da próxima vez eu trago flechas de fogo – disse o caçador. - E você, Glenn – O bruxo olhou para o espadachim – Precisa treinar essa sua agilidade. Mesmo que decida investir mais na sua vitalidade, haverá vezes em que terá que correr pra salvar sua vida. O pequeno espadachim balançou a cabeça de novo. Era de poucas palavras, mas aprendia rápido. Tinha acabado de entrar no clã e não queria fazer feio. - Vamos andando, ainda temos muitos monstros pra matar. Vamos subir mais um nível da torre – ordenou o bruxo. * * * Enquanto andavam e subiam compridas escadas da Torre do Relógio de Al De Baran, Glenn rememorou mais uma vez os acontecimentos da manhã do dia anterior. Sob uma frondosa árvore, nos arredores da capital do reino de Rune Midgard, sua amiga Ayla o apresentou para o vice-líder do clã Angueroules. - Tenerife, esse é o Glenn, meu amigo de infância, de quem lhe falei outro dia. Fala pouco, mas é gente boa – disse sorrindo uma pequena gatuna. - Muito prazer – disse o espadachim, quase sem deixar sair a voz. O bruxo fez uma cara de quem não gostou. - Olha Ayla, nós, Angueroules, temos uma regra: só aceitamos quem já tem certa experiência de luta. Não somos uma creche. Mas, como é teu amigo, vou abrir uma exceção. Estamos precisando mesmo de cavaleiros. - Mas eu vou ser templ... – a gatuna deu um beliscão no espadachim. E disse: - Ele vai ser um ótimo cavaleiro, pode deixar! Glenn olhou para Ayla, que deu uma piscadinha. - É, não vejo a hora de tornar-me um cavaleiro... Tenerife franziu a testa. Mas logo outra coisa veio na cabeça. - Ok! Deixemos de conversa. Ayla, quero que fique mais um tempo pela região e tente recrutar mais gente. Depois, consiga um sacerdote pra te dar suporte e treine mais um pouco, sei que está prestes a se tornar uma mercenária. Partirei com Glenn e o caçador que recrutei ontem para Al De Baran. Preciso treiná-los. - Quando vamos para a guerra? – quis saber a gatuna. - Não posso decidir sobre isso agora. Precisamos aguardar o retorno da nossa líder, Sayoko Bizen. Ela partiu há alguns meses para mais um dos seus treinamentos intensivos. Numa hora dessas deve estar atirando flechas que nem uma metralhadora naqueles monstros sinistros da prisão de Glast Helm. Aquele lugar me dá arrepios... O bruxo fez uma pausa, como se estivesse colocando a mente em ordem. - Vamos, Glenn, tira essa bunda do chão. Vamos até o mercado comprar alguns mantimentos. Será uma longa viagem até Al De Baran. Akero já está esperando na cidade. Mal falou isso e saiu andando a passos rápidos. Enquanto ajeitava suas coisas, o espadachim olhou de soslaio para Ayla. - Eu disse para você que quero ser um templário, e não um cavaleiro. - Está bem, está bem, eu sei. Mas o Tenerife não vê com bons olhos essas classes pouco conhecidas. Para ele, espadachim tem que virar cavaleiro e ponto final. - Ai, ai. Essa história não vai dar certo... - Vai por mim, depois ele acaba entendendo – disse a gatuna, com um sorriso nos lábios – Agora vai. Olha, o Tenerife já está longe. De fato, o bruxo era agora apenas um pontinho no horizonte. - Que moleza, Glenn! Vamos logo! Meio desajeitado, o espadachim saiu correndo, enquanto a gatuna, parada, acompanhava-o com os olhos. - Hi, hi. Coitado. Vai passar maus bocados nos próximos dias. Mas sei que está em boas mãos. Virou-se e saiu andando rumo a Izlude, a cidade dos espadachins. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 2 A franja de cabelos verdes grudava na testa, por onde escorria o suor. “Realmente, ficar mais ágil foi uma boa dica”, pensou Glenn, enquanto tentava distrair um enorme monstro em forma de relógio, para que Akero o matasse com suas rajadas de flechas. O espadachim já conseguia esquivar-se de alguns golpes e corria melhor. Também aprendeu a manejar melhor a espada de uma mão e o escudo agora parecia menos pesado. Passaram-se alguns dias e os três aventureiros continuavam na Torre do Relógio, treinando. Tenerife era rigoroso e parava pouco pra descansar. “Aff, como será que desliga esse cara?”, perguntava vez ou outra o caçador. Glenn levantava os ombros como quem dizia: “e você vem perguntar justo pra mim?”. Encontrar equipes de outros clãs era um verdadeiro estresse. O vice-líder do Angueroules quase sempre perdia a calma quando tentavam atacar um monstro contra o qual seu grupo já havia começado a atacar. Palavrões que Glenn nunca imaginou existir eram pronunciados sem dó. “O chefe tem pavio curto”, limitava-se a dizer Akero, bem-humorado. Este também tinha melhorado bastante e errava menos suas flechadas. Nos poucos momentos de descanso, o bruxo ensinava outras coisas que não fossem as características dos monstros ou exercícios para melhorar a concentração e o condicionamento físico. Falava da situação política do país e porque tinham que treinar tanto. Em todo o planeta – e Rune Midgard não era exceção – dominava o caos. Há alguns anos uma série de cataclismos como maremotos, terremotos, furacões e erupções vulcânicas começaram a ocorrer sem explicação aparente por toda a superfície. Várias cidades estavam em ruínas e viviam em situação de constante emergência, sobretudo nos lugares mais afastados e mais pobres, onde a ajuda demorava a chegar. Era como se todo o planeta estivesse agonizando. A vida nos campos tornou-se difícil, devido à proliferação de animais e monstros de toda espécie, que se tornaram agressivos e violentos. A produção de alimentos caiu: havia poucas terras cultiváveis. Muitos migraram paras as cidades em busca de alguma esperança, engrossando as levas de mendigos e pedintes. Conseqüentemente, aumentou a criminalidade em todos os centros urbanos. A situação agravou ainda mais a desigualdade social. Em Rune Midgard, especialmente, enquanto a maior parte do povo ficava à margem, uma minoria, acoplada a um governo corrupto, aproveitou-se do caos para assumir o controle, usufruindo regalias e gozando de segurança dentro dos castelos. Dona das poucas terras cultiváveis e com o controle dos exércitos, essa “nobreza” vivia em um mundo à parte. Com tanta gente nas cidades, havia mão-de-obra em abundância, e muitos trabalhavam um dia inteiro em troca de um pedaço de pão. Trabalhar para garantir a segurança da nobreza tornou-se uma opção de vida para muitos. Arregimentados nos castelos, soldados de todas as classes eram contratados freqüentemente para impedir que hordas de monstros chegassem até às cidades. Infelizmente, a maioria deles se aventurava sem o mínimo de treinamento necessário. Muitos jamais retornavam das expedições. Outros viviam de caçar itens retirados ou caídos dos monstros. No entanto, somente os melhores guerreiros se davam bem, visto que os tesouros mais raros e valiosos se encontravam em locais afastados e perigosos. Praticamente toda a economia girava em torno da arte da guerra. Semanalmente, os governantes promoviam uma espécie de torneio chamado “Guerra do Emperium”, que além de selecionar os grupos de guerreiros mais fortes para proteger os castelos e cidades, servia para entreter as massas e evitar o surgimento de revoltas e movimentos contra o Estado. Aqueles que eram contra o sistema, desapareciam misteriosamente e eram tratados como traidores. - Eu não entendo como o nosso rei, antes tão bom, deixou-se dominar por esse bando de sugadores do povo – comentava constantemente Tenerife. Glenn ouvia o bruxo contar aquilo tudo e ao mesmo tempo se lembrava porque tinha se tornado um guerreiro. Nascera em uma pequena cidade do interior do reino e sua família vivia de cultivar um pequeno pedaço de terra. Nunca faltara nada, nem os meios necessários pra sobreviver, e muito menos o carinho dos seus pais, até começarem os cataclismas. Se pudesse, teria passado a vida inteira naquela vidinha pacata. Sua vizinha e amiga de infância, Ayla, pensava o contrário. Não gostava muito da vida no campo, dizia que queria uma vida cheia de emoções, queria conhecer outras pessoas, outros lugares. Loira e espevitada, vivia inventando aventuras pelas florestas e cavernas das redondezas. Sempre que podia levava o amigo junto. No final, os resultados de tais desafios eram quase sempre os mesmos: muitos sustos, hematomas e o castigo dos pais quando retornavam. Logo após as terras de suas famílias ficarem incultiváveis depois de uma invasão de louva-a-deus e argiopes, Ayla resolveu fugir de casa. Ao se despedir do amigo, disse: - Glenn, vem comigo. Aqui não temos futuro. O mundo está diferente. Quero descobrir o que está acontecendo, quero fazer alguma coisa pra sair dessa situação. - Mas, Ayla. Não posso sair daqui. Não posso deixar meus pais sozinhos. Quem vai cuidar deles, das plantações? - Olhe ao seu redor, moço. Essa terra está devastada. Você vai ficar aqui parado, impotente, vendo as coisas acontecerem? Glenn não sabia o que responder. Depois de uma pausa, perguntou: - Pra onde você vai agora? - Vou tentar ser aceita na guilda dos gatunos, em Morroc. Lá eles podem me ensinar a lutar. Sem saber lutar, a gente não é nada nesse mundo. Vamos? - Não, Ayla. Não gosto de lutar. Prefiro reunir minhas forças para tirar da terra o mínimo de comida antes que os monstros devorem tudo. Ayla sorriu. - Mentira. Já o vi treinando escondido com uma espada. - Eu treino só o bastante pra tentar manter os monstros longe das plantações. - Então, que assim seja – concluiu a menina - Desejo-lhe sorte. Se um dia mudar de idéia, provavelmente estarei em Morroc. Abraçou o amigo e foi embora, sem virar para trás, saltitando e cantarolando. - Que menina esquisita – pensou Glenn – Parece que está feliz por estar indo de encontro ao perigo. E, pensativo, retornou aos seus afazeres. * * * Um frio intenso acordou Glenn de suas lembranças. Olhou para o lado e viu um grupo de uns dez mímicos congelados. Tenerife havia acabado de castar uma nevasca. - Acorda, Glenn! Pôrr..., tem hora que você some, parece que fumou uma erva! Corre se não quiser morrer! Era muito difícil fugir dos mímicos, uma espécie de caixa mágica, habitada em seu interior por um estranho ser das sombras. Apesar de fracas fisicamente, eram rápidas e seu ataque doía bastante. Unidas, poderiam matar alguém em segundos. Felizmente todas elas congelaram e Akero conseguiu matar uma a uma com sua rajada de flechas. - Olha só – apontou o caçador – Uma velha caixa azul caiu de um dos mímicos. A gente abre ou vende sem abrir mesmo? - Glenn, abre você, eu sou muito azarado – disse Tenerife. Expectativa. O espadachim abriu: - Um Escudo Espelhado! E olha, tem espaço pra uma carta! Tenerife arregalou os olhos. - Glenn, seu merd...Tu é cagado! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Hum, quando o Crono entra na história? Tua história tá boa, chamou a atenção. É mesmo uma leve fusão entre Ragnarok e Chrono Trigger. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 3 Ayla estava há alguns dias rondando Izlude, a cidade que mais parecia um bairro de Prontera. A maioria dos seus cidadãos morava no local e trabalhava na capital. Até aquele momento, a gatuna não havia conseguido recrutar nenhum novo espadachim. De certa forma, ela já esperava por isso, uma vez que, geralmente, os espadachins eram meio bitolados com essa questão de honra, dignidade, orgulho etc, e não gostavam de andar com gatunos. “Puro preconceito”, pensou Ayla. O máximo que conseguiu foi recrutar um mercador que lhe chamou bastante a atenção. Com o tempo, as pessoas em Rune Midgard, outrora cordiais, tornaram-se retraídas e mau-humoradas. Mas este mercador, em especial, foi o único que, com sua lojinha aberta bem na entrada da cidade, disse-lhe um sonoro “bom-dia”, bastante sincero. Conversa vai, conversa vem, Ayla comprou algumas poções e convidou o mercador para o clã. Ele disse que se chamava Cacos e sonhava em ser alquimista. Imaginou que no futuro as habilidades de um alquimista seriam muito úteis para o clã. - Que vamos fazer agora? Bora matar um MVP! Vamos, vamos! – disse o empolgado mercador. - MVP? Que é isso? – perguntou a loira. - É como o pessoal chama os chefes, os monstros mais fortes como o Eddga, o Phreoni, o Bafomé.Vamos? - Está doido? Do jeito que somos fracos ainda, um sopro deles e a gente cai duro. O mercador não perdeu o bom humor. - Está bem. Mas um dia a gente vai, promete? Com um leve sorriso a gatuna selou a promessa. Resolveram então que iriam caçar na Vila dos Orcs. Tentaram contratar um sacerdote ou noviço para ajudar, dos poucos que se encontravam disponíveis em Izlude, mas nenhum quis ir com eles. Só queriam saber de fazer grupos com cavaleiros ou bruxos. Puseram o pé na estrada. Passando um pouco ao sul de Prontera, Ayla contemplou ao longe a imensidão do deserto que fazia fronteira com a cidade. Deserto que era muito conhecido por ela, pois havia sido um dos seus primeiros locais de treinamento assim que se tornou uma gatuna, alguns anos atrás. Por um momento, sentiu saudades daquela época e lembrou-se de um velho companheiro, também gatuno, com quem compartilhava o treinamento naqueles tempos. “Essa pessoa não existe mais, melhor pensar noutra coisa”, disse para si mesmo, enquanto Cacos caminhava na frente, recolhendo qualquer coisa que achava no chão, desde um simples jellopy a ervas das mais variadas cores. Ainda com o olhar perdido nas areias do deserto, lembrou de quando conhecera Tenerife. Estava treinando sozinha, matando Hodes, um monstro comum nas imediações de Morroc. A luta com esses bichos ajudava a treinar outros sentidos como a audição, já que os Hodes andavam por baixo da terra. Era preciso muita atenção, pois poderiam aparecer a qualquer momento sob os pés do viajante incauto e atacar de surpresa. Estava tendo bastante trabalho com três deles a atacando ao mesmo tempo. Apesar de se considerar bem rápida, ainda não tinha agilidade suficiente para esquivar-se de todos os golpes e já tinha apanhado muito. As poções vermelhas que levou também estavam acabando. “Droga, Ayla, sempre se superestimando”, disse para si mesma. Tinha se afastado um bocado de Morroc, por isso, gritar por socorro não adiantaria muita coisa. Foi quando ouviu alguém dizer: - Eca, esse bicho parece um pinto. Que mau gosto. A gatuna olhou de lado e viu um bruxo sentado num montinho de areia, com um sorriso zombeteiro. - Quer ajuda? – ele perguntou. O bruxo do cabelinho verde, no entanto, nem esperou ela responder. - Lanças de fogo! – e chamas caíram do céu sobre os monstros, enquanto Ayla, ao perceber o movimento do bruxo, saltou rapidamente para trás antes de também ser atingida. E os Hodes viraram minhoca assada. - Obrigada – agradeceu Ayla – Mas, de onde você surgiu? - Por sorte eu estava passando por aqui. Estou procurando a guilda dos mercenários. Sabe onde fica? - Dizem que fica mais ao sul e que é bem difícil chegar lá. Mas que assuntos um bruxo teria no covil dos mercenários? - Quero recrutar alguns para o meu clã. Acho muito doidos esses mercenários, com seus katares e técnicas utilizando venenos. A propósito, depois de terminar seu treinamento de gatuna, vai ser o que? - Quero ser mercenária – disse Ayla, resolutivamente. - Hummm. Legal. Vi alguns dos seus movimentos. Acho que você tem futuro. Quer entrar para o meu clã? Naquele momento, a gatuna achou que não tinha razão para recusar a proposta. Depois de tanto tempo treinando sozinha, seria bom começar a andar em grupo e aprender algumas coisas novas. - Ok. Aceito. Meu nome é Ayla – disse, guardando a adaga que estava utilizando para combater os pin..., quer dizer, os Hodes. - Sou Tenerife. A propósito, de novo, percebi que sua adaga não é elemental. - Como assim? - Você não sabia? É possível forjar armas com minérios de cada um dos elementos: fogo, água, vento, terra. Daí ela se torna mais efetiva contra monstros em que o ponto fraco é o elemento contrário à sua natureza. Por exemplo: o Hodes é da propriedade terra, portanto, se você usar uma adaga de fogo, poderá derrotá-lo mais facilmente - ensinou o bruxo. - E como eu faço pra conseguir uma? - Sorte sua mesmo ter me encontrado, hein? – afirmou Tenerife, com ar de sabido - Tenho um amigo ferreiro, o Alfred, que pode forjar umas armas pra você. Só conseguir os materiais necessários. Foram embora conversando e logo a gatuna percebeu que realmente tinha dado sorte em conhecer Tenerife. O cara sabia muita coisa e, ainda por cima, não era egoísta: tinha prazer em ensinar. Após andarem alguns metros, Ayla observou. - Estamos indo para o norte. Você não queria ir à guilda dos mercenários? Tenerife sorriu. - Que nada! Não preciso mais, já consegui o que eu queria. 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Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 4 Ayla e Cacos pararam diante de uma placa que dizia: “Prezado aventureiro. Cuidado: a partir daqui começa o território dos orcs”. - Chegamos – disse a gatuna – Fique atento, Cakitos, os orcs não são tão burros quanto parecem. Andaram mais um pouco e encontraram outra placa: “Não insista. Lugar perigoso. Vá embora”. Eles riram. Ainda existia gente com senso humor no mundo. Mais à frente, outra placa: “Este é o último aviso. Não tem medo de morrer?”. - Uhauhauhauha! – Cacos deu risada de novo – Que besteira, não tenho medo de nad... Disse isso e sentiu um ventinho de leve perto da sua orelha esquerda, seguida de um barulho surdo de algo fincando na madeira. Olhou pra trás e viu um enorme machado de orc preso a uma árvore. - Aff! Que é isso? De onde veio essa coisa? - Se esconda Cacos! Esconderijo! – gritou Ayla. E desapareceu da vista do mercador. Cacos ficou parado, sem reação, enquanto via um enorme orc azul se aproximando. Enquanto ele vinha em sua direção, o mercador, pego de surpresa e sem olhar para trás, enfiava a mão dentro do carrinho onde carregava todos os seus itens, em busca de uma arma qualquer, que não achava. O monstro estava para atacá-lo quando, repentinamente, soltou um urro e parou. Cambaleou, caiu de joelhos e se esparramou no chão, fazendo com que fosse revelado o motivo daquilo tudo: com um golpe surpresa de uma adaga fria como o gelo, Ayla havia derrotado o bichão. - Grand Orcs. Fracos contra gelo. Demos sorte, pois consegui me esconder a tempo. Vamos ficar atentos. Cacos recolheu alguns itens que o monstro deixou cair e segurou firme a sua espada. Em silêncio, seguiu a menina. * * * Na Torre do Relógio, vários relógios são interligados a um relógio principal. O Guardião do Relógio, Benjamin Hall, o chamava de “Sistema de conexão por Teleporte”. Glenn lembrou de ouvir algo a respeito do próprio guardião, enquanto esperava por Tenerife e Akero na porta da torre, antes de entrarem. O bruxo e o caçador foram comprar poções, carnes e outros mantimentos no mercado de Al de Baran. - Embora os pontos de teleporte da Torre do Relógio sejam interligados, existem alguns dispositivos de teleporte aleatório, que podem levar vocês a lugares desconhecidos. Se vocês e seus amigos pretendem visitar a torre, tenham cuidado com esses dispositivos – disse Benjamin Hall, para uma platéia de uns dez aventureiros que se cercaram em torno dele para obter informações. Glenn era um deles. - Se é tão perigosa, porque simplesmente não fecham a torre? – perguntou um ferreiro. Benjamim respondeu: - É o que eu vivo dizendo, mas o governo defende que a torre é um local importante para os guerreiros que vão defender o reino dos monstros, para que possam treinar suas habilidades. Não posso impedir ninguém de entrar, apenas sigo ordens. Glenn se lembrava das informações repassadas pelo guardião enquanto Tenerife desesperadamente conjurava barreiras de fogo para impedir o avanço de uma dúzia de monstros conhecidos como Alarmes. Pareciam enormes relógios de parede, com pernas e braços bem fortes. Akero os atingia com suas flechas e havia conseguido também prender dois ou três com armadilhas que foi colocando enquanto recuavam. O espadachim percebeu que foram recuando de tal forma que atrás deles não havia outra saída que não fosse um desses portais aleatórios. A situação era crítica. - Minha energia espiritual está acabando. Não posso segurá-los por muito tempo – gritou Tenerife – Que merda! Uma frase de Akero indicou que as coisas podiam piorar. - Estou ficando sem flechas. É melhor fazermos alguma coisa, e bem rápido! Tenerife olhou sério para o caçador e abriu a boca pra dizer algo: - Ok. Usem suas asas de m... Mas antes que conseguisse terminar a frase, o bruxo sentiu alguém segurá-lo pelo braço. Era Glenn, que o empurrou para o portal, e se jogou em seguida. - Não, Glenn!!! – teve tempo de gritar Akero, antes de sacar do bolso uma asa de mosca. Fechando-a sobre a mão, concentrou-se e desapareceu milagrosamente. * * * Uma luz de cor azul intensa impedia o espadachim de abrir os olhos. Na fração de segundos em que conseguiu mantê-los abertos percebeu que viajava numa espécie de túnel. Seu corpo flutuava e sentiu que se deslocava rapidamente em alguma direção, impossível saber se para frente ou para trás. Não soube precisar por quanto tempo durou essa “viagem”. Por um momento imaginou ouvir a voz de Tenerife proferindo algum palavrão e perguntando por que não havia usado uma asa de mosca para fugir dos Alarmes. Mas logo a voz foi sumindo, sumindo, até desaparecer por completo. Porque não usou a asa de mosca? “Fui precipitado”, analisou. Mas, naquele momento crítico, não pensou em outra coisa que não fosse se jogar no portal. E imaginou que talvez a história que o Benjamin contou tenha lhe impressionado demais. Começou a sentir medo. “Para onde será que esse portal me levará? Será que o Tenerife vai aparecer no mesmo lugar que eu? Posso aparecer em algum lugar perigoso”, pensou, certificando-se que sua espada estava firme na bainha. Estava. Já estava ficando acostumado às batalhas. Ayla estava certa quando disse que não é nada nesse mundo quem não sabe lutar. Infelizmente, aprendeu isso da pior forma possível. Dias depois de Ayla fugir de casa, nada havia mudado em sua terrível condição. O espaço cultivável que restava limitava-se a poucos metros de circunferência da casa onde morava com os pais. O resto das terras estava infestado de monstros, que não conseguia enfrentar sozinho. Aquele pouco espaço que lhes servia de abrigo, Glenn defendia com as poucas técnicas de luta que conhecia. Quase todas, havia aprendido de um velho templário que tempos atrás passou por aquelas bandas. Um dia estava trabalhando sob o sol forte do meio-dia, quando percebeu ao longe um Grand Peco caminhando lentamente até a sua direção. Fez o animal parar e viu que estava selado, mas sem o dono. Olhou ao redor até achar um homem caído alguns metros adiante. Estava muito ferido e parecia exausto, como se tivesse viajado sem descanso por vários dias. Voltou para buscar o Grand Peco e colocou o templário sobre ele. E, caminhando devagar, levou-o para casa. Com a ajuda dos seus pais cuidou do ferido por vários dias. Misterioso, Cyrus falava pouco, limitando-se a agradecer com sinceridade a ajuda que lhe ofereciam. Pela imponência da sua armadura e vestimentas, dava a impressão de ser alguém importante. Um dia, quando Cyrus já conseguia caminhar, embora com dificuldade, disse: - Garoto, o vejo todos os dias trabalhando de sol a sol, afugentando monstros e correndo pra lá e pra cá. Não acha que é muita coisa pra apenas um menino? Porque insiste em permanecer por aqui? - E deixar para os monstros esse lindo lugar onde nasci e cresci? Não, senhor, eu e minha família preferimos continuar em nossa terra, onde há muitos anos meu avô e o pai do meu avô viveram e construíram tudo o que temos hoje. Há muito suor e belas histórias acumuladas neste chão. - Pelo jeito não conseguirei levá-lo comigo. Queria que me acompanhasse em minha jornada, para treiná-lo. Tenho certeza que seria um guerreiro acima da média. Tem força, vitalidade e obstinação. - Obrigado pela preocupação. Mas, como o senhor mesmo disse, eu recusaria sua proposta. - Entendo. Mas isso não me impede de tentar ensiná-lo algumas coisas antes de partir. - Não precisa se incomodar, eu não gosto de lutar. - Humm – o velho coçou o queixo – Nem que fosse para manter mais longe os monstros que ameaçam a sua segurança e a de seus pais? Glenn foi obrigado a reconhecer que aprender a manejar a espada e o escudo poderia ter sua utilidade. - Está bem. Por onde começamos? Por vários dias Cyrus passou tudo o que podia ao garoto. Além de ensinar a atacar e defender-se com armas como espadas de uma mão, adagas e escudos, ensinou a usar sua força espiritual para concentrar toda a sua força em um único golpe. - Chamo isso de Golpe Fulminante. Tenha a certeza que vai usar muito essa técnica. Quando Cyrus caminhava sem ajuda, decidiu que era hora de partir. - Fique mais um pouco, senhor. Ainda não está completamente curado – pediu Glenn. - Não posso, ainda tenho uma importante missão a cumprir. Tome, fique com isto, como lembrança deste nosso encontro – disse o templário entregando um pequeno medalhão, com algumas letras entalhadas nele. - Obrigado. Espero que nos encontremos novamente um dia. - Partirei com essa esperança – disse Cyrus, enigmaticamente, já montado em seu Grand Peco. Percorreu alguns metros, parou e acenou de longe. Glenn acenou de volta e o velho seguiu seu destino. * * * Ayla nunca conheceu Cyrus. O espadachim lembrou que naquele período ela fora passar alguns meses com um parente na capital do reino. Quando voltou, preferiu não comentar nada com a amiga. Certamente ela não largaria do seu pé para que ele se inscrevesse na guilda dos espadachins em Izlude, coisa que ele não queria. Três dias depois que a garota foi embora com destino a Morroc, aconteceu algo que mudou sua vida. Naquele dia precisou ausentar-se de casa mais tempo que o costume. Havia ido até uma vila próxima, atrás de um ferreiro para consertar algumas ferramentas danificadas pelo tempo de uso. Estava feliz, pois havia conseguido fazer bons negócios. Como era um dos únicos agricultores da região que conseguia colher alguma coisa, pagou com os alimentos que levara todo o serviço do ferreiro. E ainda tinha sobrado um dinheiro para comprar uma bota novinha em folha. Quando estava se aproximando de casa, no entanto, a alegria deu lugar ao desespero. Viu muita fumaça subindo aos céus e sentiu um cheiro de morte no ar. Largou no chão tudo o que carregava e correu feito louco. Diminuiu os passos ao mesmo tempo em que seus olhos se encheram de lágrimas. O fogo terminava de devorar sua casa, que agora era um monte de cinzas. Ao redor, tudo o mais estava destruído: o celeiro, a pequena carroça, animais domésticos todos mortos. Entrou em casa chamando pelos pais. Não precisou procurar muito: logo encontrou dois corpos carbonizados. - Deuses! Quem fez isso? – desabafou. Desolado e sem ter com quem compartilhar sua dor, apagou o que restava do fogo e enterrou os corpos. Mesmo perturbado e com a mente a mil por hora, raciocinou que aquilo não poderia ter sido obra de simples monstros. Decidiu percorrer a região em busca dos assassinos. Descobriu na vila que horas antes um grupo de guerreiros, formado por gatunos e arruaceiros, havia passado por ali perguntando se alguém conhecia um templário chamado Cyrus. Glenn lembrou que chegou a comentar com pessoas da vila sobre a presença do templário em sua casa. - Droga, é por isso que Cyrus parecia tão angustiado em querer partir. Estava fugindo. Como não o encontraram, fizeram o que fizeram. Malditos! – pensou o espadachim, com os olhos fixos em algum ponto distante no horizonte. Voltou para suas terras, pegou o que ainda restava de valor e trocou por armas e suprimentos para uma longa viagem pelo deserto. - Gatunos e arruaceiros, certo? Então, já sei o meu destino. Infelizmente, terei que lutar. Ayla, estou indo – disse, antes de colocar-se a caminho. * * * Em meio às lembranças, Glenn percebeu que há algum tempo seu corpo não mais flutuava e nem se deslocava no espaço. No entanto, não conseguia mover-se e nem abrir os olhos. Apenas escutava intermináveis tique-taques e algumas vozes, sem conseguir entender o que era dito. As vozes foram ficando mais fortes com o passar dos minutos, mas não pôde descobrir o que eram. Adormeceu antes. Quando acordou, sentiu que podia mover o corpo. Estava sobre uma cama. “Quanto tempo será que dormi?” – pensou. Aos poucos foi conseguindo abrir os olhos, se acostumando com a claridade. Um barulho de metal cortando o ar, no entanto, fez com que saltasse num pulo. Uma enorme espada fincou-se no leito vazio. - Beleza de movimento, garoto. Vejo que não se limitou ao treinamento que eu lhe dei. Aquela voz era familiar. - Cyrus!!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Reencontro único. O que será que o Glenn quer com o Cyrus, abraçar o cara ou matar ele? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 5 - Isso mesmo. Fique aí quietinho. Aproveita e vai estudando. Ayla dirigiu essas palavras ao Cacos, enquanto ela dava cabo, com facilidade, de um pequeno grupo de Senhoras Orcs. A gatuna havia feito um trato com o mercador: percebendo o pouco jeito dele na luta corpo a corpo com os orcs, achou que seria melhor se ele gastasse seu tempo estudando para ser um alquimista. Só procurava não se afastar tanto, a fim de protegê-lo, caso algum monstro resolvesse atacá-lo. Cacos não gostou no início, mas depois achou brilhante a idéia. Guardou suas armas no carrinho e montou um laboratório improvisado próximo à entrada de uma pequena caverna, escondido da vista dos fedorentos orcs, e dedicou-se a fazer experiências com ervas, tinturas, gemas e outras substâncias que colecionava. A gatuna lutava um tanto angustiada. Seu sexto sentido dizia que alguma coisa não estava bem com os seus companheiros em Al De Baran. E embora estivesse curtindo muito a companhia do novo amigo, lamentava-se por não ter conseguido um noviço ou sacerdote para ajudá-la. Na verdade, se sentia capaz de passar no teste para ser aceita na guilda dos mercenários há muito tempo, mas como não queria ser apenas mais uma entre tantos mercenários medíocres e medianos, queria antes esgotar todas as possibilidades de aprendizagem enquanto fosse uma gatuna. Estava nisso quando ouviu uma voz feminina gritando: - Mata! Mata! Mata! Correu para um espaço pouco à frente de onde estava e viu um bolinho de Grand Orcs massacrando alguém. Era esse alguém que gritava: - Tô falando com você mesmo, sua buchuda! Ajuda aqui, minha energia espiritual está acabando! Só então Ayla percebeu uma sacerdotisa em meio aos orcs, sendo atacada e se curando como uma louca pra não morrer. Era impressionante como conseguia suportar tantos monstros a golpeando ao mesmo tempo e como conjurava a magia com tanta destreza. - Você me chamou do que mesmo? - Isso mesmo que você ouviu, sua buchuda! Ajuda que depois te dou uns buffizinhos. Ayla sentiu vontade de deixá-la entregue à própria sorte. “Quem ela pensa que é?”. E olhou para a própria barriga. “Será que estou mesmo gorda?”. Mas resolveu agir. - Iurruuuú! Seus orcs fedidos! Estou aqui! Venham me pegar! – provocou a garota, atirando pedras nos monstros. Algumas acertavam bem na cabeça e faziam um barulho – bléin, bléin – ao chocarem-se com os toscos capacetes de metal mal forjados e baratos que eles usavam. Irados, os orcs partiram pra cima da nova oponente. Ayla se esquivava e golpeava com fúria, aparentemente feliz por poder mostrar suas habilidades. Os inimigos, no entanto, eram muitos e um deles conseguiu acertar sua cabeça com um escudo, deixando-a momentaneamente atordoada. Indefesa, começou a receber sucessivos golpes. A sacerdotisa nada podia fazer: estava prostrada no chão, provavelmente sem energias para intervir. Seria derrotada, não fosse por um fato que certamente os Grand Orcs não esperavam. - Cavalo de pau!!! Cacos surgiu do meio do matagal empurrando seu carrinho e o girando e gritando enlouquecidamente. A cada giro acertava vários orcs de uma vez, derrubando e os deixando desacordados. Alguns segundos depois e já não havia nenhum deles em pé. As duas garotas esbugalharam os olhos. - He, he! – riu o mercador, sem fôlego – Tão achando o que? Mercadores também têm os seus truques... * * * Glenn estava espantado. - Mas como pode ser....O senhor parece tão bem, tão...no...no...novo... – balbuciou. Um jovem Cyrus, aparentemente no auge dos seus trinta e poucos anos, encarou o espadachim com curiosidade. Após uma pausa, disse: - Vejo que desconhece a sua condição e, por isso, entendo a surpresa. Eu também estou perplexo, ainda, com essa situação. Coçou a espessa barba castanha, a qual Glenn conhecia bem alva. “Será que ele pintou?” – riu em sua mente, apesar da expressão continuar séria. “Mas como explicar a pele sem rugas e tudo o mais...”, intrigou-se. - Sente-se – ordenou o templário – Como aconteceu comigo, o que vou lhe dizer agora não será fácil digerir. Glenn obedeceu e só então percebeu que o medalhão, que antes estava preso ao seu pescoço, estava na mão esquerda de Cyrus. Não se importou, afinal, o medalhão havia sido presente do próprio Cyrus. Na mão direita, segurava, na ponta dos dedos, um pedaço de papel bem amassado, que parecia ter sido antes dobrado e redobrado várias vezes. - Teria te machucado seriamente não fosse esse medalhão. Não é todo dia que uma pessoa surge do nada na sua frente. Achei que fosse um gatuno, tentando levar alguma coisa de valor da Torre do Relógio, até ver esse objeto contigo... “Então, ainda estou na Torre”, pensou o garoto. Imaginou que o portal o teria levado para algum local aleatório e Cyrus deveria tê-lo salvado, mantendo-o sob seus cuidados em alguma sala secreta da própria Torre. Mas isso não explicava como o homem deixou de ser um velho. Seria alguma magia desconhecida? - Impressionou-me ainda mais o fato de que jurava ser este objeto o único existente nesse mundo, o qual só uma pessoa poderia carregá-lo: eu mesmo – continuou o templário. Apontou para o próprio peito, mostrando um medalhão idêntico pendurado no pescoço – É uma peça única, que está em minha família a várias gerações. Compenetrado, Glenn tentava entender onde ele queria chegar. - Como você estava desacordado, o trouxe para esta enfermaria. Tomei a liberdade de tomar-lhe o medalhão e certifiquei-me que era idêntico ao meu, exceto por uma coisa. Pegou o medalhão que estava em sua mão e acionou uma espécie de mecanismo, que o garoto não conhecia. O objeto foi aberto, revelando um pequeno espaço embutido, que caberia perfeitamente, se bem dobrado, o papel que segurava na outra mão. - Exceto por isso. Abandonou o medalhão e elevou o papel à altura dos olhos. - Minha letra, minha assinatura. Mal pude acreditar. EU escrevi as palavras impressas nesse papelzinho! – e soltou uma sonora risada. Por um momento, o espadachim achou que Cyrus estava perdendo a razão. Este percebeu e disse: - Está certo. Vou acabar com o mistério. Vou ler em voz alta, para você, o conteúdo que escreverei para mim mesmo daqui a trinta anos. - O quê!? * * * A voz do jovem Cyrus soou pela sala, forte e nítida. Prontera, 11 de dezembro de 1179. Cyrus, Certamente, achará isto uma piada, mas acredite: eu sou você no futuro. Escrevo esta carta no ano de 1149. Pelos meus cálculos, provavelmente você a está lendo no ano de 1117. Conheço-te muito bem e sei que não gosta de rodeios. Por isso, irei direto ao assunto, pedindo para que absorva bem essas palavras. Neste ano em que vive, 1117, um grave acontecimento mudará o destino do planeta, que ameaçará o futuro de toda a humanidade. Tudo está relacionado à “Quinta Essência”. Como você mesmo sabe, os sábios e alquimistas do reino ainda não conseguiram até esta data manipular essa energia – também conhecida como o “Quinto Elemento” – devido à elevada força espiritual que ela exige. Concluíram que apenas um ser “iluminado” teria poder para isso, devido à sua complexidade. É uma forma de energia pura, considerada a causa e a origem dos outros quatro elementos. Partindo do conceito de que tudo na natureza tem o seu contrário, ou complemento oposto, deram outro rumo à pesquisa, até descobrirem outra forma de energia, aparentemente tão poderosa quanto o Quinto Elemento. Essa energia – chamada de “Anti-Elemento” ou “Anti-Essência” – mostrou-se ser mais fácil de manipular, com o porém de que trazia sérios efeitos colaterais, causando um desequilíbrio emocional perigoso às pessoas que tentavam controlá-la, libertando seus instintos mais primitivos. Em suma, essas pessoas se tornavam violentas, egoístas, orgulhosas ao extremo. Por isso, decidiram abandonar essa veia da pesquisa, retornando aos estudos com o Quinto Elemento. Até aqui, tudo o que relatei é do seu conhecimento. Agora vem a parte que ainda está para acontecer. Cyrus fez uma pausa e encarou Glenn, certificando-se que o espadachim estava prestando atenção. Este parecia hipnotizado, olhando fixamente para o seu interlocutor. O templário respirou fundo e continuou a leitura: Um dos estudiosos mais brilhantes do grupo, um sábio chamado Dr. Lagus, não concordando com o encerramento das pesquisas com o Anti-Elemento, continuou a fazer secretamente suas experiências. Utilizando a si próprio como cobaia, aprendeu a manipular com perfeição essa energia, obtendo um poder sobre-humano. Cego pela ambição, utilizou-se desse poder para dominar Rune Midgard, subjugando o rei e todo o povo, tornando a vida em Rune Midgard um verdadeiro inferno. Não bastasse isso, aparentemente, o abuso que ele faz dessas energias vem causando desequilíbrios na natureza de toda ordem. Nenhum ser vivo, até o momento, pôde fazer par à sua força. É por isso que os sábios e alquimistas de Sua Majestade, o Rei Tristan III, secretamente, desenvolveram uma forma de viajar no tempo, enviando um emissário com o objetivo de impedir que Dr. Lagus continue suas pesquisas. Eu, Cyrus, chefe da guarda real e fiel à Sua Majestade, fui designado para essa importante missão. No entanto, nossos objetivos foram descobertos, motivo pelo qual tive que fugir, após difícil batalha com assassinos enviados pelo Dr. Lagus. Escapei, e, ferido, teria sucumbido não fosse a ajuda de um garoto chamado Glenn, a quem confiei, sem o mesmo saber, a chave para viajar no tempo, escondida nesse medalhão. Calculei que os subalternos do terrível doutor me encontrariam a qualquer momento, e tive que partir, a fim de evitar mal maior aos meus benfeitores. Deixei a chave com ele, temeroso das conseqüências funestas caso o inimigo pusesse as mãos nela. Se agora lê essas palavras, quer dizer que eu não consegui voltar para buscar o medalhão e que o próprio Glenn, ou alguém que o tenha encontrado, entendeu a nobreza de nossa causa e deu seguimento à minha missão. Por precaução, ensinei a ele algumas técnicas de luta, de forma que ele pudesse ser-lhe útil em batalha, embora ainda tenha muito a aprender. Ah! Quase me esqueço: para retornar ao presente, basta que o portador da chave entre novamente em um dos portais aleatórios da Torre do Relógio. Esses portais emitem ondas de energia de freqüência mágica que reagem especificamente com o material com que é feito a chave. Mais detalhes peço que pergunte aos criadores do mecanismo, pois eu mesmo pouco sei. Que tenham sucesso em sua missão! Cyrus Glenn estava boquiaberto. - Quer dizer que...estou no passado? – perguntou, sem querer acreditar na resposta que já sabia. Isso explicaria a juventude de Cyrus. - Li e reli isso dezenas de vezes. Se a minha letra foi copiada por alguém, então essa pessoa é profissional. - Onde estou, senhor, afinal de contas? - Está na Torre do Relógio. - Eu estava na Torre do Relógio antes de cair em um portal. Mas era muito diferente desse lugar aqui. Cadê os monstros? - Monstros? As coisas no futuro realmente estão mesmo estranhas. A Torre do Relógio é hoje o maior centro de pesquisas em ciência e tecnologia de Rune Midgard. Aqui não há monstros. Sou o oficial especialmente encarregado, pelo rei, de cuidar da segurança deste local. Milhões de zennys estão aqui investidos. Cyrus coçou o queixo. E disse: - Faz sentido. O meu eu do futuro sabia que eu estaria aqui, por isso mandou você para esta data. - Então foi muita sorte eu cair justamente nesse portal aleatório. Como o Cyrus do futuro poderia saber que eu um dia eu viria para a Torre? - Ele não sabia. Lembre-se: a missão era dele. Como forma de prevenir-se contra uma falha, ele deixou contigo o medalhão imaginando que um dia você descobrisse seu segredo – disse o templário, apontando para a carta – Mas você não descobriu e mesmo assim veio parar no passado, fato que, aí sim, eu atribuiria à sorte. - Como me achou? - Fácil. Você apareceu do nada no meio de um dos laboratórios. Os seguranças me chamaram e eu trouxe você para a enfermaria. O espadachim baixou a cabeça e suspirou. Era muito pra sua cabeça. “Tenerife tem razão”, pensou. “Sou mesmo cagado!”. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Huxley Skyjack Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Eita, Gleen... que legal.. É estranho ver personagens que eu conheço in game aparecendo por aqui.. Tá ficando muito legal a fic, cara.. não pare.. Abraços, Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Valeu, Zero e Huxley, pelos comentários. Ainda tem muita história pra contar e, Huxley, mais personagens conhecidos aparecerão ^^ Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Começou a viagem no tempo. Agora será viagem entre passado, presente e futuro de Midgard. Você, como eu, deve ter jogado Chrono Trigger e Cross de cabo a rabo, então espero que faça um bom trabalho descrevendo o planeta inteiro através das eras! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 6 Mansão em Prontera. Em uma ampla e luxuosa sala de jantar, um homem, parcialmente coberto por uma capa negra e vastos cabelos brancos como a neve, fazia a última refeição da noite. De forma animalesca comia um pedaço de carne mal passada, que segurava com as mãos, causando um sinistro contraste com a mesa elegantemente decorada e fartamente disposta. De súbito, ele parou, deixando cair no prato a carne, que ainda escorria sangue. Fechou os olhos e congelou a face, como se estivesse tentando captar o menor ruído que ecoasse no ambiente. Segundos se passaram e um sorriso com um canto da boca antecedeu algumas palavras: - Sei que está aí. Então foi você quem deu cabo do traidor. Não imaginava que as poucas migalhas que ofereci de recompensa fossem te interessar. Uma voz fria soou de algum ponto da sala. - Não fiz por causa da recompensa. Aproveitei para resolver um assunto antigo que estava pendente. - Entendo. Encontrou o objeto? - Não estava mais com o velhinho. O homem mexeu-se na cadeira, demonstrando contrariedade. - Continue procurando. Não admitirei qualquer falha. Seria desagradável ter que eliminar o meu melhor guarda-costas. - Vou dar um jeito nisso. Um quase imperceptível movimento seguido de um silêncio profundo indicou que o homem estava novamente a sós. Encarou o pedaço de carne sobre o prato e voltou a comê-lo. * * * Durante várias horas Cyrus permaneceu ao lado do pupilo, tentando obter o máximo de informações sobre o futuro e sobre esse tal de Lagus, de quem nunca ouvira falar. Glenn pôde ajudar muito pouco, pois quase nada conhecia do mundo fora das terras de sua família. Contou sobre a sua vida, tão tranqüila no campo até chegarem os tempos difíceis, o encontro com o Cyrus do futuro, a fuga de Ayla, a morte de seus pais. Contou também o que aconteceu após abandonar sua terra natal. Disse ter atravessado o deserto rumo a Morroc, com o objetivo de encontrar-se com Ayla, mas acabou se perdendo no caminho. Estava para morrer de fome e sede quando foi recolhido por uma caravana de mercadores, que o levou até Izlude. Em Izlude, tentou conseguir um guia que o levasse até Morroc, mas todos cobravam muito caro. Resolveu, então, aconselhado por aventureiros que passavam pela cidade, embarcar num navio até a ilha de Byalan, onde, disseram, havia uma caverna que levava até o fundo do mar. Se soubesse lutar, poderia conseguir itens dos monstros derrotados e vendê-los na cidade para juntar o dinheiro que precisasse. O espadachim permaneceu vários meses na ilha até juntar o suficiente para pagar o guia. Voltando a Izlude, contratou um mercador que disse conhecer bem o caminho. No entanto, no meio da viagem, enquanto dormia, o mercador levou todo o seu dinheiro e desapareceu. Conseguiu voltar a Izlude e, decepcionado, enfurnou-se novamente na ilha de Byalan, desta vez, não para juntar dinheiro, mas para treinar, porque resolveu que o melhor a fazer seria praticar bastante até ter condições para atravessar o deserto sozinho. Tornou-se arredio e, desconfiado, rejeitava qualquer ajuda. - Ás vezes eu ia até Izlude, para vender alguns itens, comprar mantimentos e novos equipamentos. As pessoas me chamavam de eremita, bicho do mato. Crianças mexiam comigo. Mas eu não ligava, não precisava delas pra nada – lembrou Glenn. - E conseguiu chegar até Morroc? – perguntou Cyrus. - Na verdade, jamais estive lá. Quando achei que tinha condições de vencer o deserto, simplesmente fui, mas, acredite se quiser, encontrei Ayla no meio do caminho, matando Golens. Contei pra ela tudo o que aconteceu. - E os assassinos de teus pais? - Ayla me desaconselhou a ir atrás deles sozinho. Sugeriu que eu entrasse no clã a que pertencia, de um bruxo amigo dela, que eles poderiam me ajudar um dia a encontrá-los. Glenn finalizou a história, explicando como fora parar na Torre do Relógio. O templário permaneceu pensativo por alguns minutos. Então, disse: - Estou convencido de que toda essa história é verdadeira e estou disposto a ajudá-lo na missão. Eu realmente tenho conhecimento da existência das pesquisas envolvendo a Quinta Essência e o Anti-Elemento. Mas preciso investigar o paradeiro desse Dr. Lagus. Fique aqui, eu já volto com mais informações. Cyrus fez menção de retirar-se quando um dos guardas da segurança entrou correndo, esbaforido. - Senhor! Senhor! Por favor, venha rápido! - O que houve homem, desembuche! - Apareceu outra pessoa, vinda não sei de onde, no laboratório 12. - E para quê tanta balbúrdia? Traga-a até a minha presença. - Impossível, senhor! É um bruxo maluco, não aceita que toquemos nele. Está destruindo tudo no laboratório! Cyrus olhou para Glenn. - Deve ser o teu amigo. - Só pode... – respondeu o garoto, encabulado. E saíram correndo da enfermaria. * * * Sentado em um banco de praça em Al De Baran, Akero parecia desconsolado. Sentada ao seu lado, uma simpática monja lhe fazia companhia. - Obrigado pela ajuda, Angel. Pena que não adiantou de nada. - Desanima não, Akero. Eles devem estar lá em algum lugar. Amanhã continuaremos nossa busca. Tenerife é safo, não deve ter acontecido nada sério com eles não – disse a monja. - Não estou tão seguro disso. Porque eles ainda não usaram as asas de borboleta? Sempre carregamos uma de emergência. Com esse item eles seriam teletransportados automaticamente para fora da Torre. - Talvez eles tenham esquecido de levar – argumentou Angel, sempre otimista – De qualquer forma, já mandei uma mensageira, minha amiga, atrás de Ayla, para que ela nos ajude. - É, você tem razão, quanto mais gente melhor. * * * Uma gatuna, um mercador e uma sacerdotisa conversavam sentados na relva, nos arredores da cidade de Geffen. - Está fora de forma, dona Ayla – provocou a sacerdotisa – Quantos pedaços de pizza comeu ontem? - Deixa eu ver: um, quatro, seis....Ei!!! Como você sabe meu nome? - Angel me mandou atrás de você. Uma gatuna com a sua descrição não é difícil de encontrar. - Angel, a monja? O que ela quer comigo? – Ayla sobressaltou-se. - Não sei bem. É algum problema com Tenerife e o novo membro, o Glenn. Parecem ter se perdido na Torre do Relógio. Angel pediu que eu viesse buscar você para ajudar a encontrá-los. - Só se for agora! Você tem portal para Al De Baran? - Claro que tenho! - Pode abrir, então. Qual é mesmo seu nome? - Bruna. Mas você pode me chamar de Bruninha. - E eu, posso lhe chamar de “meu amor”? As duas garotas entreolharam-se e perceberam ao lado um Cacos com uma cara de Don Juan apaixonado. Ignorando o mercador, Bruninha concentrou-se e um enorme círculo de luz branca surgiu no chão. O círculo deu lugar a uma espécie de cilindro, também feito de luz. Apressada, Ayla correu para o meio da luz e desapareceu, seguida pela própria Bruninha. - Que gatinha... Ei! Não me deixem pra trás! O mercador correu e entrou no portal antes que este se fechasse. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Hehehehe... Caco safado ^^ O tal Lagus está atrás do artefato, tenho certeza. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Hehehehe... Caco safado ^^ O tal Lagus está atrás do artefato, tenho certeza. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 7 Ao ver Glenn entrar no laboratório acompanhado de um imponente paladino, Tenerife se deteve. Os guardas aproveitaram a chance e o agarraram. - Ei, tira a mão daí, seu idiota! Apesar disso, o bruxo demonstrou certo alívio na face: - Glenn, meu rapaz, está vivo! Achei que tinha batido as botas. Mas que merda de lugar é esse? Cyrus ordenou que os guardas o largassem e pediu que o bruxo, juntamente com o espadachim, o acompanhasse até a enfermaria. Uma vez a sós, Cyrus narrou toda a história. Por incrível que pareça, Tenerife pareceu gostar do que ouviu. - Enfim, vejo um fio de esperança! Podemos tornar nosso presente um lugar melhor pra se viver. Vamos, Cyrus e Glenn, vamos chutar o traseiro desse tal de Lagus f.d.p.! Cyrus fez que sim com a cabeça, mas permaneceu sério. - Vamos nos concentrar em tentar impedi-lo de continuar suas pesquisas. E uma coisa muito importante: vocês devem aparecer o mínimo possível. Apesar de que só o fato de vocês estarem aqui já tenha mudado o passado de alguma forma, vamos evitar que suas ações gerem alterações no tempo que fujam demais do nosso controle. - O que, por exemplo? – perguntou Tenerife. - Uma coisa simples de entender: imagine se algo no passado for mudado, Tenerife, que impeça seus pais de se conhecerem. Simplesmente você deixaria de existir. - Putz, será que isso seria mesmo possível? - Não saberia dizer com certeza, mas já que não sabemos, é melhor não arriscar. Outra coisa: vamos evitar que pessoas que vocês conhecerem neste tempo reconheçam vocês no futuro, quando voltarem. Cyrus caminhou alguns passos até um guarda-roupa, que se encontrava a um canto da enfermaria. - Tomem, vistam isso. Tentem não mostrar tanto o rosto. Atirou duas capas escuras, ambas com capuzes que cobriam toda a cabeça. Vestiram-se. - He, he! – riu o bruxo – Estou achando é que vamos acabar chamando mais atenção ainda com isso. Mas ficou doido. - Agora, sigam-me. Vamos ver o que conseguimos descobrir com os cientistas da torre. Se Lagus participou das pesquisas com o Quinto Elemento, ele trabalha ou já trabalhou por aqui. Enquanto percorriam um enorme corredor, Tenerife virou-se para Glenn. - Sinto muito por seus pais, Glenn. Não sabia da história. - Não esquenta – disse o espadachim, sem olhar para o lado. - Escuta. Vou ajudá-lo a acabar com a raça de quem fez isso. Pode contar comigo. Mexeu com amigo meu, mexeu comigo. Glenn sorriu. Era boa a sensação de poder contar com um amigo. * * * Pararam diante de uma porta, que parecia ser a entrada de um laboratório. Um guarda na entrada afastou-se para a passagem de Cyrus, mas impediu os dois viajantes do tempo. - Deixe-os passar, estão comigo – ordenou o templário. - Mas, senhor, as regras não permitem a entrada de estranhos... – balbuciou o guarda, estranhando aquelas inusitadas figuras com capas pretas. - Ousa questionar minhas ordens? Vamos, homem, saia do caminho. Ainda hesitante, o guarda obedeceu. Dentro do laboratório, Glenn e Tenerife mal puderam acreditar no que viram. Uma ampla sala, repleta de balcões dispostos, paralelamente entre si, e alquimistas e sábios trajando jalecos brancos. Sobre os balcões, dezenas, ou melhor, centenas de bastões de vidro, condensadores, frascos, tubos de ensaio, pipetas e outros apetrechos. Chamava a atenção, no entanto, um estranho aparelho, no centro da sala. Era formado de quatro recipientes, dos quais, de cada um, saía um tubo transparente. Dentro deles havia quatro pedras diferentes: uma translúcida, de tons azulados; uma vermelha amarelada, como uma chama; outra verde intensa; e outra azul arroxeada. Entenderam de imediato que se tratava de pedras elementais. Os tubos se encontravam em um único recipiente, maior. Lá dentro, as energias que eram extraídas das quatro pedras elementais se misturavam e davam lugar a uma espécie de névoa acinzentada. - Mas que diabos é isso? – perguntou Tenerife, boquiaberto. Após um sinal de afirmativo de Cyrus, um sábio de barbas brancas e aspecto nobre, que havia se posicionado ao lado do templário, respondeu: - Trata-se da energia condensada e unida dos quatro elementos: água, fogo, terra e ar. - Quem é você? – quis saber o bruxo. Cyrus adiantou-se: - Este é o chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia de Rune Midgard, Baltasar. - Essa névoa é a tal de Quinta Essência? - arriscou-se Glenn. Baltasar surpreendeu-se pelo fato do garoto saber aquilo e olhou novamente para Cyrus. Este apenas sorriu e fez sinal para que continuasse. - Não. Falando em termos menos técnicos, é preciso mais um processo para separar essa substância em outras duas. Observem. O sábio caminhou alguns passos e disse algumas palavras, sem que eles pudessem ouvir, a outro homem de jaleco que se encontrava mais perto. Este se dirigiu ao centro da sala, moveu uma pequena alavanca e afastou-se. Um barulho como o de um motor funcionando começou. Era algo como um gerador de energia. Após poucos segundos a névoa cinza começou a se dividir em duas formas distintas. Uma mais etérea, que mantinha o estado gasoso e brilhava intensamente, como uma luz fosforescente. Aparentemente mais leve, tomou lugar na parte superior do recipiente. A outra parte, de aspecto negro e viscoso, parecia mais pesada e desceu para a parte inferior. Baltasar explicou o que parecia óbvio para os dois garotos, naquele instante: - A substância mais clara e luminescente tem uma energia incrível. É o que nomeamos Quinta Essência, tomando por base ensinamentos de antigos alquimistas. É esta energia que noviços aprendem a usar. Os sacerdotes e templários a utilizam com mais facilidade, mas creio que o potencial dela é bem maior do que eles mesmos imaginam. Um religioso que eu trouxe aqui outro dia a chamou de poder da “fé”. - Então, podemos dizer que o senhor materializou a fé – constatou Tenerife – Isso é muito intrigante. Mas porque acha que o potencial dela é bem maior? - Segundo alguns testes que fizemos com altos sacerdotes da Igreja de Prontera, descobrimos que quanto mais elevada espiritualmente é uma pessoa, mais facilidade ela tem de controlar essa energia. Eu imaginei o quanto seria poderosa essa força se utilizada por um anjo... Tenerife riu. - Ah, ah, ah! E desde quando um sábio acredita em anjos? - Existe muito mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia, senhor – respondeu Baltasar. * * * O bruxo fez uma cara feia, mas depois relaxou. E mudou de assunto: - E aquela outra coisa preta nojenta? Desta vez foi Cyrus quem explicou. - Aquela é a energia que restou. É grosseira, mas pode ser bastante poderosa, dependendo de como é usada. Está ligada aos nossos instintos, à nossa animalidade. - É verdade – completou o sábio – Tudo leva a crer que se trata da mesma energia utilizada por magos negros, há muitos séculos, conforme antigos manuscritos encontrados por aventureiros nas ruínas de Glast Helm. - Já estudei isso nos livros da escola... – falou Glenn. - Eu também – disse Tenerife – Não tem a ver com uma guerra e uns feiticeiros muito poderosos? Baltasar fez que sim com a cabeça. - Isso mesmo. Estes feiticeiros tinham conhecimentos de magia negra e tentaram tomar o poder em Rune Midgard há muito tempo. Porém, foram derrotados e, desde então, esse tipo de prática foi proibida em todo o reino. - Provavelmente eles foram tomados pelo efeito colateral que acomete quem usa isso. Vimos que causa um desequilíbrio no corpo da pessoa... – Cyrus comentou. - Sim – confirmou Baltasar – Aparentemente, qualquer um pode utilizar essa energia, que amplifica as capacidades de controlar outros elementos. Mas, ela torna o portador mais suscetível à ação dos instintos. E o homem de hoje já não precisa tanto disso. Ele encontrou outros meios de sobreviver, proporcionados pela sua inteligência. - Isso mostra que os sacerdotes têm sua razão ao afirmarem que por meio da fé o homem encontra o verdadeiro poder – disse Cyrus. Todos ficaram calados, pensando em tudo o que foi dito. De repente, ouviram um grito: - AHHHHHHHHHH!!! Todos olharam assustados para o autor da ópera. - O que foi, Tenerife? – perguntou Glenn com a voz trêmula – Viu alguma coisa? O bruxo cruzou os braços e sorriu. - Nada não...Só estava incomodado com esse silêncio todo. E virou para o templário. - Como é? Vamos agir ou ficar aqui contando historinhas? (continua...) 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Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Luz e trevas. E o Baltasar uma hora vai parar num futuro desolado......... Sei lá, opinião minha. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 8 Cacos montou sua banquinha do lado de onde costumava ficar o Papai Noel, em Al De Baran. O mercador resolveu não subir a Torre do Relógio com Ayla e os outros, pois esperava vender alguns itens para os viajantes que de hora em hora pegavam carona com o bom velhinho para ir à Lutie. O próprio Papai Noel incentivava essas visitas à sua cidade, pois contava com a ajuda dos aventureiros para controlar a infestação de monstros que havia tomado conta da fábrica de brinquedos nos últimos tempos. A idéia de Cacos era, além de faturar uns trocados, ficar atento às informações que poderiam vir de alguém da cidade sobre os dois membros do clã desaparecidos, Glenn e Tenerife. A notícia do sumiço já circulava toda a cidade, embora nem todos dessem real importância ao fato: afinal, naqueles tempos era comum pessoas não voltarem das caçadas. Depois de algum tempo eram dadas como mortas e não se falava mais nisso. O mercador se ocupava em dispor seus itens quando percebeu que havia alguém parado em frente à sua banca. Levantou os olhos e assustou-se quando viu que era um arruaceiro. Discretamente, por baixo do balcão, segurou uma adaga e ficou esperando o pior. - O que deseja, senhor? - sorriu forçadamente. O arruaceiro, cabelos louros meio caídos no rosto, dirigiu-lhe um olhar frio e arrogante. - Você é amigo daquelas pessoas que estão procurando os desaparecidos na Torre? - Sou, sim. Porque quer saber? Tem alguma informação pra dar? - Não. Só gostaria de ajudar. Diga-me pra que lugar da Torre eles foram. Cacos achou estranho um arruaceiro querer ajudar. “Certamente vai querer cobrar alguma coisa depois, esse safado”, pensou. Mas respondeu à pergunta: - Não sei bem, moço, mas disseram algo sobre uns portais aleatórios. - É o bastante. - Só isso? Não estaria interessado em comprar essa linda bota equipada com uma carta zumbi? - Não me interessa. A propósito: é melhor guardar essa adaga que segura escondida em sua outra mão. Não vai querer se machucar. Cacos sobressaltou-se com a perspicácia do arruaceiro e preparou-se pra retrucar. - Mas, mas, como você...Ué? Cadê ele? O arruaceiro havia sumido como que por encanto. * * * Cyrus, Glenn e Tenerife aguardavam sentados o retorno de Baltasar, que foi atrás da lista de empregados da Divisão de Ciência e Tecnologia. Alguns minutos se passaram e o sábio surgiu, andando devagar, procurando com o dedo alguma coisa escrita em meio a um rolo de papel. - Lagus, Lagus, Lagus... Aqui está! Foi demitido ontem! Mas, porque? Não consta nos registros...Agüentem aí, vou chamar o responsável pelo setor onde ele trabalhava. E lá se foi o sábio novamente. - Isso não é bom... Neste exato momento esse mau elemento já pode estar lascando com o nosso futuro... - desabafou Tenerife. - Tenha paciência, meu jovem. As coisas acontecem no seu devido tempo – contemporizou Cyrus. Logo Baltazar chegou com uma pessoa. Vestido com a indumentária típica dos alquimistas, o rapaz cumprimentou-os com uma sutil reverência. - Este é o Roger. O tal Lagus que vocês procuram trabalhou com ele. Vamos, diga a eles o que você me contou. - Aconteceu tudo ontem, quando veio ordem de cima para interromper as pesquisas com aquilo que chamamos anti-elemento. Não sei o que deu no Lagus, pois quando ele soube teve um ataque de fúria, ficou descontrolado e quebrou tudo no laboratório 16. Logo, ele, tão reservado, quase não falava com ninguém... - Notou se algo foi roubado do laboratório? - perguntou Cyrus. - Não notamos a falta de nada. Cyrus insistiu: - Sabe dizer o quanto ele estava envolvido nas pesquisas? - Bastante envolvido. Sou responsável por esta frente da pesquisa e Lagus era meu braço direito. Ele me ajudou a desenvolver a máquina que vocês viram no laboratório principal, aquela que extrai a energia das pedras elementais. Diria que é um sábio muito competente. O templário coçou a barba. - Mais uma pergunta: como fazem para manipular o anti-elemento? Tenerife interrompeu: - Gostaria mesmo de saber, isso muito me intriga. Tipo, o que se faz com aquela coisa preta? Come, cheira ou coloca no meio de um papelzinho e faz um baseado? - Bem, essa é uma resposta que não tenho por completo. Sei que todos a utilizamos em menor grau, de forma instintiva: é como se circulasse em nossas veias. - Hum, então é injetável essa merda. Só podia... - cochichou o bruxo para Glenn, que estava do seu lado. - Eu explico melhor - interviu Baltasar - Bom, para utilizá-la, é preciso ter conhecimento de magia negra. Quando digo magia, na verdade me refiro às técnicas de meditação e auto-controle mental, que permitem atingir um determinado estado de transe. Nesse estado, se você for um bruxo, por exemplo, conseguirá conjurar suas técnicas com mais poder. - Ainda continuo sem entender – reclamou Tenerife. - Calma, ainda não terminei. Você é muito impaciente... Cyrus olhou para Glenn e o espadachim deu um sorrisinho amarelo. Baltasar continou: - Aquela substância negra que vocês viram é apenas uma prova material do anti-elemento. Não quer dizer que se eu tomar banho daquilo, cheirar, fumar, beber ou qualquer coisa parecida eu vou ficar super poderoso. O indivíduo que detém as técnicas que mencionei consegue retirar do seu próprio corpo e da natureza essa energia, de forma imperceptível aos nossos olhos. - Entendi... – disse Glenn – Se assim fosse não haveria água benta o bastante no mundo pra abastecer os sacerdotes... - Exato. E você, Tenerife, entendeu? A pergunta do sábio ficou no ar: - Tenerife? Todos procuraram com os olhos e viram o bruxo estirado num sofá mais adiante. - Ora essa. Pegou no sono. Está até roncando, o fanfarrão... - balbuciou Baltasar. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Porque eu tô pensando que alguém vai querer enfiar isso dentro de si pra ficar superpoderoso? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Super dopping... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 9 Seguido por duas estranhas figuras encapuzadas e de capas pretas, um templário saiu pela entrada principal da Torre do Relógio. Era quase hora de o sol de pôr e fazia frio. “Até que essa capa veio a calhar”, pensou Glenn, cruzando os braços e encolhendo a cabeça dentro do capuz. Apesar da pouca luz, era possível visualizar bem o cenário que se descortinava à frente dos três companheiros. A Al De Baran do passado era muito parecida com a do presente. A cidade era composta por uma série de canais, dispostos de forma retangulares, que circundavam a torre, a principal construção. Ao redor, do outro lado do canal, eram dispostas as casas, a maioria feitas de paredes de pedras bem colocadas. Ao longe era possível ver o edifício sede da Corporação Kafra, uma instituição que prestava, em todo o reino, serviços de transporte, aluguel e armazenamento de itens. As águas que corriam pelos canais garantiam um clima mais ameno nos dias de calor. Em geral, as estações do ano naquela parte do planeta eram bem definidas. Tenerife observava, absorto, um casal que conversava animadamente sobre uma ponte, que ligava os arredores da Torre com o restante da cidade. - Não sei se percebeu, Glenn, mas, sei lá, essa Al De Baran é a mesma que conhecemos, exceto pela tranqüilidade das pessoas. O espadachim apontou a cabeça pra fora do capuz e entendeu o que o bruxo falava. A cidade era movimentada como no presente, mas as pessoas que passavam por eles e os mercadores, que àquela hora fechavam suas lojinhas, não tinham no rosto a expressão tensa ou melancólica que eles conheciam. A maioria sorria e conversava alegremente. Até mesmo os soldados da guarda real em seus postos pareciam não ter muitas preocupações. Não se viam pedintes nem guerreiros armados até os dentes. Glenn imaginou como seria bom viver num lugar assim. Cyrus percebeu o momento de ambos e permanecia calado. Até Tenerife perguntar-lhe: - Baltasar disse não crer que alguém nesse tempo possa utilizar magia negra. O que você acha? - Nós sabemos que ele está enganado, não é mesmo? Como Lagus teve acesso a esse conhecimento eu não sei, mas vamos dar um jeito de impedir. - Sabe onde encontrá-lo? – inquiriu Glenn. - Sim. Roger me deu a localização enquanto você tentava acordar seu amigo... Tenerife fingiu não entender a indireta. - Onde é? É longe daqui? - Algumas horas de caminhada. Não fica exatamente em Al De Baran. Ele mora num povoado que fica próximo à mina de carvão. - Existe gente morando num lugar assim? – admirou-se o espadachim. - Imagino que nesta época não existam monstros lá, certo, senhor templário? - È verdade, Tenerife. É um lugar movimentado, com muitos mercadores e mineiros que vão lá tentar a sorte. O bruxo se recusou a montar num peco-peco e tiveram que ir andando. Caminhada tranqüila, nada dos argiopes, argos e louva-a-deus tentando atacá-los, como era comum no presente. Um dia de caminhada foi o suficiente para chegarem ao seu destino. Era noite e a escuridão tomava conta da vila quando os três aventureiros pararam diante de uma casa simples, feita de pedra. - É aqui? - perguntou Glenn. Cyrus balançou a cabeça afirmativamente. - Então vamos entrar arrebentando! - Não, calma, Tenerife – interpôs-se o templário. E bateu levemente na porta. Silêncio. - Será que tem alguém em casa? – disse Tenerife, enquanto tentava espiar por um pequeno vão que existia entre duas pedras na parede. Glenn teve um mau pressentimento. Olhou para Cyrus, que parecia ter sentido algo parecido. - Vamos entrar – ele ordenou, por fim. Abriu a porta, que estranhamente não estava trancada. Um raio da luz da lua penetrou no interior da casa e deixou que vissem uma vela sobre uma mesa. Tenerife conjurou alguma magia à meia-voz e acendeu a vela com uma pequena chama que surgiu do seu dedo indicador direito. Pé ante pé foram avançando e, à medida que a vela iluminava, puderam perceber o ambiente: uma ampla sala, sem outros cômodos, com poucos móveis. Havia apenas uma tosca mesa de madeira e uma cadeira velha. Glenn, então, tropeça numa pequena saliência no piso. Cyrus examinou. - É a entrada de um porão. Começaram a descer por uma escada estreita, em espiral. Deram numa outra sala, ampla, repleta de estantes com livros velhos e embolorados. Havia também uma mesa comprida com vários objetos parecidos com os que viram nos laboratórios da Torre do Relógio. Cyrus moveu os braços chamando a atenção dos outros dois e apontou para um pequeno corredor, que dava para outro cômodo. A porta estava fechada, mas havia luz lá dentro. Subitamente, uma voz metálica ecoou na sala. - Parem onde estão! Todos voltaram os olhos para um canto escuro da sala, de onde vinha a voz, que repetiu: - Morram!!! * * * Presente. Era tarde da noite e Baltasar ainda trabalhava em seu laboratório. Era o mesmo homem que Glenn e Tenerife conheceram no passado. Porém, além da barba branca, era possível notar as muitas rugas que foram se acumulando em seu rosto no decorrer dos anos. Os olhos compenetrados sobre um pequeno objeto que girava em suas mãos deixava perceber, no entanto, que a lucidez e inteligência não havia se ido. Um pequeno barulho às suas costas fez com que levantasse a cabeça e dissesse, sem virar pra trás. - Roger, ainda está aí? Já falei que pode ir pra casa. Está tarde. Vou ficar mais um pouco. - Olá, velho Baltasar. A voz metálica e gutural despertou o sábio, que se virou rapidamente para trás. - LAGUS!!! Por Odin, o que faz aqui? Cadê o Roger? A capa preta escondia parte do rosto do vilão, que parou a poucos metros de Baltasar. - Você fala daquele seu pupilo puxa-saco? Por sorte não o encontrei na entrada, porque senão a esta hora estaria visitando o céu, ou o inferno. - O que você quer? - Eu já te admirei tanto, Baltasar. Você me ensinou quase tudo o que sei. Esforcei-me ao máximo para que pudesse ganhar o seu reconhecimento. Quantas horas acordadas estudando e fazendo experimentos, sem comer, sem dormir. Era o seu melhor aluno. Mas você preferiu Roger, aquele idiota. - O que você está falando? - Até hoje, mantive você vivo, acho que por consideração ao que me ensinou. Mas, agora, não posso perdoar-lhe. Sentindo o perigo, Baltasar preocupou-se. - Achou que eu não descobriria que você está com os traidores? Que estão tramando contra mim? Tenho olhos e ouvidos em todos os lugares, velho. - Lagus, foi você quem se afastou, ao seguir pelo mau caminho – disse Baltasar, tentando ganhar tempo. - Cale-se! Você nunca valorizou meu trabalho. Quando descobri o potencial do Anti-Elemento você o desprezou. Mas, quem é mais forte agora? Uma energia descomunal parecia percorrer o corpo de Lagus. Uma energia densa, que saía pelos poros da sua pele e formavam uma névoa negra em torno do seu corpo. - Meu filho, você não percebe o desequilíbrio que causa à natureza e ao seu próprio espírito ao utilizar essa energia? Aos poucos ela irá te consumir. - Poupe-me dos seus sermões. Não funcionaram antes e não vão funcionar agora. Reconheça que suas apostas no Quinto Elemento, ou seja lá como o chamam, foram em vãs. Faltou-lhes a coragem que eu tive, de ousar, de experimentar. - O que você quer dizer com isso? Lagus retirou a capa e capuz. Assombrado, Baltasar percebeu, pela pele extremamente alva do antigo pupilo, algo diferente de sangue correndo pelas veias estufadas. - Não me diga que.... - Sim! O anti-elemento agora corre em minhas veias! E com o conhecimento que adquiri do povo antigo, posso manipulá-la como eu quiser! Passada a surpresa, Baltasar baixou a cabeça, expressando o profundo desgosto que vinha do fundo da sua alma. - Vejo que reconheceu sua fraqueza. Então, vamos ao que me interessa. Sei que tentou enviar Cyrus para o passado com alguma invenção nova na qual esteve trabalhando. Demos um jeito naquele templário traidor, mas parece que ele conseguiu enviar alguém no lugar dele. Baltasar esbugalhou os olhos. “Cyrus estava... morto?”. - Sei o que vocês pretendem. Não pensem que conseguirão atrapalhar meus planos. Vamos, dê-me esse objeto que está em suas mãos. O sábio viu que não adiantava esconder nada. Aquilo em que estava trabalhando era uma versão aperfeiçoada da “máquina do tempo”. Não poderia deixar cair nas mãos de Lagus. - Você não terá isso! – gritou Baltasar, preparando-se para destruir o objeto. - Prisão de Teia! – num movimento rápido, Lagus conjurou instantaneamente uma magia que paralisou Baltasar. Caminhou tranqüilamente até o inimigo e retirou-lhe da mão o invento desejado. Lagus gargalhou, demonstrando intensa satisfação. - Muito fácil. Agora, se você me der licença, tenho assuntos a resolver no passado. Virou as costas e preparou-se para sair. Mas deteve-se. - Sinto muito ter que fazer isso, velho mestre. Mas você não me deu outra escolha. Disse isso e imediatamente bolas de fogo caíram sobre o laboratório. Sem virar para trás, Lagus retirou-se, deixando as chamas fazerem o seu trabalho. (continua, é claro...) Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Tenho permissão pra comparar seu Lagus com o Magus do Chrono Trigger? Pois essa história tá muito boa. PS: Só eu leio essa fic? Pelamordideuz, POSTEM AQUI!!!!!!!!!!! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Zero, mesmo sendo o único a comentar, já me dá mais ânimo para continuar a história ^^ E sobre o Lagus, junte LAG + Magus, he, he...Dois "vilões"... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Me anima saber que eu te motivo a continuar. A história é boa, realmente. Afinal de contas, o povo devia pensar mais em fundir mundos diferentes, como Chrono Trigger e Ragnarök. PS: O Johanne Garamus, um dos meus chars de RP, foi inspirado no Johan de SaGa Frontier 2. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Maxim Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Capítulo 10 Com um movimento rápido, Cyrus tomou a frente de Glenn e recebeu sozinho o impacto de uma enorme esfera de energia. Atordoado com o poder da magia invocada pelo desconhecido inimigo, caiu de joelhos. - Cura!!! Disse isso e curou a si mesmo. Como templário, havia adquirido essa habilidade junto aos sacerdotes da Igreja de Prontera. Recuperado, imediatamente reagiu com outra técnica: - Redenção!!! – e um raio de luz partiu do templário em direção a Glenn, conectando-se a ele. Fez o mesmo com Tenerife. Glenn já tinha visto aquela habilidade. Com ela, Cyrus receberia os golpes no lugar deles por um período de tempo. Virando-se para o lado de onde partiu a magia, Cyrus disse: - Apareça, demônio. Mostre-nos a sua cara! Com um passo adiante, a sinistra figura de Lagus surgiu na penumbra. - Inseto... – resmungou – Sempre atrapalhando meus planos. Que seja, matarei você outra vez. Fez menção de executar algum movimento, mas antes que pudesse, lanças de fogo surgiram sobre sua cabeça, atingindo-o em cheio. Uma barreira invisível, no entanto, evitou que as chamas atingissem Lagus, que se virou contrariado para o autor, Tenerife. Paralisado, o bruxo custava a acreditar que sua mágica não havia causado nenhum dano no inimigo. - Mais insetos... Farei questão de exterminá-los um por um! A pele extremamente alva e de veias estufadas de Lagus chamou a atenção de Glenn. O olhar injetado de ódio dava-lhe um aspecto ainda mais tenebroso. Cyrus advertiu: - Pessoal, esse é o Lagus do futuro! Seu poder não parece com nada que eu tenha visto. Muito cuidado. - Não pensei que um dia fosse descobrir um inseto pensante. Estou surpreso. Sim, eu vim do futuro para impedir que vocês interfiram no meu passado. Vocês não têm esse direito. Tenerife indignou-se. - Como não temos? Estamos aqui para lutar por uma vida melhor, salvar o mundo do inferno que você criou, seu grande pedaço de merda! Congelar! Disse isso e um lastro de energia gelada foi atirado em Lagus, que o bloqueou com apenas um movimento de mão. - Um fraco como você não merece viver num mundo que não seja para me servir. O planeta deve ser conduzido pelos mais fortes, assim é na natureza. O mais forte subjuga o fraco, o predador devora sua presa, o mais adaptado sobrevive. Uns nasceram para serem senhores, outros escravos. - Diga-me – interviu Cyrus – Como conseguiu chegar ao passado, como nos descobriu aqui? - Ora. Digamos que tenho métodos bem persuasivos e dolorosos para obter qualquer informação – respondeu Lagus, com um sorriso zombeteiro. Enquanto ele falava, Glenn percebeu que Cyrus fazia-lhe insistentemente um discreto sinal com o dedo indicador direito, que apontava para o corredor adiante, no fim do qual havia uma luz. Entendeu que o templário estava ganhando tempo e queria que ele agisse, dando cabo do Lagus do passado, enquanto eles distrairiam o Lagus do futuro. Olhou para Tenerife, que por sua vez acenou com a cabeça, mostrando que também havia entendido o plano. Glenn preparou-se para agir. Neste instante, o templário desfez a redenção nos dois viajantes do tempo e, num salto, colocou-se a poucos passos do inimigo. - Crux Magnum! Uma cruz feita de luz branca surgiu do solo e dispersou-se em torno de Lagus e do próprio Cyrus. Ouviu-se um gemido e um “Trovão de Júpiter”, nitidamente saído da boca de Tenerife, enquanto Glenn corria em direção à porta. No meio do caminho o espadachim assustou-se, ao escutar um inédito “Nevasca 10 Amplificada”. Em questão de centésimos de segundos, sentiu o ar ficando frio à sua volta. - Cuidado, Glenn!!! Sentiu um encontrão que o fez perder o equilíbrio e cair longe da área da nevasca. Caído, percebeu que toda a área em volta estava congelada e, em meio a flocos de neve, no lugar onde estava, havia um enorme bloco de gelo. - Não!!! O bloco era Tenerife que, agora congelado, havia sido o responsável pelo empurrão. Uma gargalhada sonora ecoou. - Picolé de bruxo – zombou Lagus. Preocupado, Glenn procurou Cyrus com os olhos. Arfando devido ao esforço feito pela execução do Crux Magnum, o templário não escondia a surpresa causada pelo fato de o seu golpe mais forte não ter surtido nenhum efeito considerável no inimigo. - Cyrus, parece que você ainda não entendeu. Repito: para mim vocês não passam de insetos. Reconheço que essa técnica em particular me causa bastante desconforto e antigamente poderia até ter me matado... Mas hoje, no nível em que você está, causou-me nada mais do que umas coceirinhas. Pena pra você, pois no seu caso não ocorreu o mesmo, não é verdade? Esse golpe deve ter consumido boa parte de sua energia vital. A situação não era nada confortável. Pensando nisso, Glenn colocou a mão no bolso e certificou-se que carregava uma asa de borboleta. Com esse item mágico, poderia se teletransportar até Al De Baran. Mas como poderia deixar Tenerife congelado e Cyrus enfrentando sozinho uma pessoa que mais parecia um monstro? Olhando novamente para o bruxo, depreendeu que o congelamento causado pela magia de Lagus não era comum, pois caso o contrário o gelo já teria derretido. Percebeu que Tenerife esforçava-se para mover os lábios. Aproximou-se e a muito custo conseguiu compreendê-lo. - Fuja... Glenn reagiu. - Não! Não posso deixá-los aqui, não sou nenhum covarde! Novamente fazendo enorme esforço para se mover dentro do bloco de gelo, Tenerife pronunciou algumas palavras. Sem conseguir ouvir, o espadachim leu seus lábios. - Fuja agora, Glenn, seu molóide! Um barulho de algo se chocando a um objeto metálico fez com que virasse sua atenção outra vez para Cyrus e Lagus. Com o escudo, o templário havia bloqueado um golpe de adaga do inimigo. O impacto com o escudo fez com que Lagus fosse empurrado para trás, instante que Cyrus aproveitou para se curar outra vez. - Glenn, fuja, use a asa de borboleta! – gritou o templário. “Droga, não vê que não posso fugir sem antes cumprir a missão que meu mestre Cyrus, no futuro, me confiou?”, pensou Glenn. Pela sua cabeça passaram flashes da sua vida, tranqüila antes da morte dos pais. “Meus pais poderiam estar vivos não fosse esse maldito Lagus”. Aproveitando-se da distração do adversário, encheu-se de coragem e retomou a corrida em direção ao seu objetivo. Abriu a porta e colocou-se em posição de ataque, esperando pelo pior. Era um quarto pequeno, aparentemente utilizado como local de estudo. Nas paredes, prateleiras com livros velhos, algumas velas acesas, uma mesa e uma cadeira. Estranhamente, no entanto, não havia ninguém ali. Onde estava Lagus? Precisava impedi-lo de continuar suas pesquisas, impedi-lo de usar o anti-elemento. Antes que fosse tarde demais. Então, uma idéia súbita percorreu sua mente. É claro! Era uma armadilha! Provavelmente do próprio Lagus. Deu meia-volta. - Cyrus, não havia ninguém lá! O templário arregalou os olhos. - Não pode ser! Seu maldito! - Caiu a ficha? Aqui será o seu túmulo! – disse Lagus. Percebendo que não tinha saída, Cyrus respirou fundo, como se tivesse acabado de tomar uma decisão muito difícil. - Escudo bumerangue! Num movimento rápido, atirou o escudo contra uma enorme pilastra, que sustentava o porão. Uma pequena, mas profunda rachadura começou a formar-se. - Lagus, este lugar poderá ser o meu túmulo, mas também será o seu! E dirigindo-se a Glenn: - Glenn, fuja agora! Falhamos em impedir o início de uma era de trevas, mas ao menos garantiremos o seu futuro de paz, a partir de agora, porque Lagus não voltará! - Mas, Cyrus, você não pode morrer! E Tenerife? Glenn pareceu ouvir uma voz, diretamente na sua consciência: “Confie em mim”. O teto começava a desmoronar. Logo aquele lugar seria soterrado. Angustiado, o espachim deu-se por vencido. Apertou a asa de borboleta na palma da mão e concentrou-se na cidade em que estivera pela última vez. Antes que um bloco de pedra desprendido do teto caísse em sua cabeça, desapareceu da vista de Cyrus e Lagus. - Isso foi inútil, Cyrus. Dito isso, a pilastra partiu-se em pedaços e blocos de pedra e terra desabaram em cima dos dois oponentes. * * * - Foi bem aqui, Ayla. Glenn e Tenerife entraram nesse portal e sumiram, escafederam-se. - Que estranho, Akero – intrometeu-se Bruninha – Está certo que esses portais levam a lugares aleatórios, mas sempre para algum lugar aqui mesmo na Torre. - E se eles caíram no meio de um ritual secreto de orcs e foram devorados vivos? - Vira essa boca pra lá, Akero – disse a sacerdotisa, fazendo o sinal da cruz. - Acho que devemos nos separar e procurar. Qualquer vestígio pode dar-nos uma idéia de onde foram parar. O que você acha, Ayla? – sugeriu Angel. Ela pareceu não ouvir. - Ayla? Está nos ouvindo? - O quê? Desculpe, não prestei atenção – respondeu, por fim, levantando a cabeça, como se estivesse farejando alguma coisa. Todos olharam para Akero. - Hei! Não fui eu! - Não é isso. Estou sentindo um cheiro que há muito tempo não sentia. Faz-me lembrar de alguém que não vejo há anos. - Hum... Sei... Namorado antigo, não é, sua safada? Isso é hora de pensar nisso? - Não – Ayla riu sem graça – É o cheiro de alguém que já morreu. Subitamente, um som estranho fez todos voltarem a atenção para o portal. - Preparem-se! Pode ser algum monstro! – advertiu a gatuna. Não era um monstro. E uma estranha figura surgiu bem na frente deles. - Quem é você? * * * A Catedral de Prontera estava luxuosamente decorada. Não era a decoração mais alegre do mundo, ou mais festiva, uma vez que flores de cores escuras e frias foram dispostas nos espaços entre um assento e outro, do lado em que faziam limite com o corredor central. O teto alto, estilo medieval, e janelas de mosaicos coloridos, contrastavam com o tapete vermelho disposto sobre o mesmo corredor, pelo qual vinha uma noiva, ao som da marcha nupcial. Assentos lotados de pessoas sérias, poucos sorrisos. A noiva também não sorria. Tinha um olhar triste e resignado, sem brilho. À frente, próximo ao altar, o noivo, encoberto por uma sombra, era o único que aparentava estar feliz, com uma expressão de desejo mal controlado. Não demonstrava ser o tipo romântico. A música era bem executada. O som vinha de um pequeno palco próximo ao altar, de onde também se formava o campo de visão dessa cena. Glenn percebeu, então, que ele era parte do cenário. Junto aos músicos que formavam a banda, percebeu que era um deles, equipado com um violão. Desconcertado, perguntou-se o que estaria fazendo ali. Olhou pra si mesmo. Vestia-se como um bardo. - Angus – sussurrou alguém – O que está fazendo? Concentre-se na música. “Angus? Hei, mas esse não é o meu nome!”, pensou. - Cala a boca e toca, quer estragar tudo? “Mas meu nome não é Angus. Meu nome é...”. - GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! GLENN! “O quê? Alguém me chama”. - Acorda! Você está bem? Parece que levou uma pancada na cabeça. “Que voz bonita”. - Vou levá-lo à Torre. “Levar-me onde? Que voz bonita. Lembra minha mãe”. - Está sangrando! Abriu os olhos, enfim. "Linda...". Era mesmo uma moça bonita, longos cabelos loiros caídos até os ombros, olhar penetrante. Por uns instante veio-lhe à mente a noiva do seu sonho. Tinha sido um sonho? É o que parecia. O que foi aquilo tudo? - Quem é você? - perguntou o ferido. - Não importa quem sou agora. Vamos, apóie-se em mim, você precisa de cuidados médicos. - Você me conhece? - perguntou o espadachim, levantando-se com dificuldade. - De vista. - Porque está me ajudando? - Digamos que apenas senti que era importante te ajudar. Além do mais, seria o dever de qualquer ser humano decente ajudar o próximo. Glenn apenas sorriu, ainda meio abobalhado. Olhou ao redor. - Estou em Al De Baran? - Sim. A consciência começava a voltar. - Onde me encontrou? - Te achei desmaiado próximo ao local onde costuma ficar a funcionária da corporação Kafra. Pelo jeito, você deve ter se teletransportado no último segundo antes de morrer. Em que esteve metido? Parece até que desabou um teto na sua cabeça. Esse corte na testa não é qualquer ferimento. “Teto? Desabamento?”. - Oh, não! Cyrus, Tenerife! Preciso ajudar meus amigos! Como chego na mina de carvão? - O que está falando? Hei, não corra, você não está em condições de... E o espadachim desabou no chão, a poucos metros dali, novamente desmaiado. 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Zero Dozer Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 Chegamos a Marle............ Será que Lagus sobreviveu à queda da mina? Será que Tenerife está vivo? Essas e outras respostas nos próximos episódios....... XD Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Fizban Posted August 1, 2012 Share Posted August 1, 2012 AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Já acabou? Quando continua? Você não fez o Glenn encontrar a própria mãe, ou fez? Quem é Marle? Nunca joguei Chrono Trigger. Ah, é claro, parabéns pela história. está muito legal. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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