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Desventuras num passado distante...parte4


DiegoMaxuel

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A velocidade do vento vai arrancando as folhas das árvores, estas, por sorte, tem raízes bem fortes e fincadas no chão, mas seus galhos se inclinam conforme a direção do vento, estalando como se estivessem quebrando, a impressão era de que o vendaval destruiria todas as copas das árvores.

A criatura tenta mais uma vez manejar sua espada, presa no ombro da musa, mas Rodrigus ainda segura fortemente o braço de Atroce. A dor é tão incômoda e o medo é tão intenso, que a musa não quer nem olhar para trás e nem ao menos tentar se mexer, mas com o pouco esforço que pode fazer, usa uma de suas mãos para puxar de sua cintura um pequeno objeto. Primeiro se vê o cabo de madeira, e ao retirá-lo por completo, um metal que não era afiado em nenhum dos lados, porém era pontiagudo, dava para espetar em algo. Ela solta o objeto levemente para trás, caindo no pé de Rodrigus.

Esse entende na hora se tratar de uma “rondel”, um punhal raro de se encontrar. Mas não podia soltar o braço do monstro, então decide fazer um movimento arriscado, precisaria de velocidade e destreza para executá-lo. Luka grita ao longe:

- Faz como o Poporing Rodrigus!!! (Disse Luka)

Era realmente essa lembrança que se passava na cabeça de Rodrigus, na infância ele gostava de enganar Luka, certo dia ele chamou-o para ver como ele sabia executar com perfeição embaixadinhas com a bola, só que a bola era um Poporing, e por óbvio era o bichinho de estimação que ajudava no movimento.

Desejando que aquilo não espetasse sua cara, Rodrigus começa: primeiro do pé ao joelho e agora...do joelho em direção ao rosto! Rodrigus abre a boca e morde o cabo de madeira, jogando com força sua cabeça no braço do bicho, espetando-o, que solta a espada. Luka salta impedindo que a musa caísse no chão. Atroce dá um safanão em Rodrigus, que não soltou seu braço e se manteve firme. Pegando a rondel, Rodrigus tenta perfurar Atroce, que desviava de todas as suas tentativas.

Belzebu estava desolado, como se algo tivesse dado errado, a aparição de Atroce evidentemente não estava em seus planos e Luka, com a musa em seus braços, já havia percebido isso, Belzebu não ajudava e nem atrapalhava a luta de Rodrigus e Atroce, mas Luka sentia receio de ir ajudar o amigo, pois assim a colega estaria à mercê de Belzebu. Ela não sangrava mais, mas seu corpo estava gelado, Luka encosta a cabeça dela em seu ombro e afaga seus cabelos. Belzebu desperta de seus pensamentos.

- Então deu tudo errado e eles estão mortos...não faz mais sentido essa missão. Quelle dommage. Lamentável. (Disse baixinho Belzebu)

Atroce puxa o braço com força e Rodrigus solta-o, fazendo com que o bicho se desequilibrasse. Dando um salto e duas giratórias no ar, Rodrigus pega impulso e chuta a cabeça de Atroce, que ainda assim resiste em tombar, só recuando. Arremessando a rondel por dentre as pernas do monstro, o punhal cai pouco atrás dele. Enquanto Atroce acompanha com os olhos sem entender o movimento, Rodrigus se arremessa de imediato, mas abraçando a cintura da fera, fazendo com que ambos caíssem nos arbustos onde estava a rondel.

Um ninho de Jiboias, serpentes que não faltavam na floresta de Payon, acordam ofensivas abaixo deles, mordendo tudo o que estava pela frente, Atroce e Rodrigus são severamente picados, sobrou até para a rondel, que agora estava banhada de veneno inoculado das serpentes. Rodrigus pega-a e perfura o pâncreas de Atroce. A dor é violenta, ainda mais com o veneno agindo.

- Vocês improvisam imprudentemente mas até que é divertido de se ver ein, Ha Ha Ha!!! (Belzebu gargalhava, gostara da cena)

Inesperadamente as Jiboias envolvem o pescoço de Atroce, várias adentram pela boca, ele as morde, e algumas ficam entaladas em sua garganta, dificultando-lhe o respirar. Atroce recua olhando agressivamente para Belzebu, e foge.

Luka ouve um balbuciar da musa em seu ombro, ele estava no ponto de pedir ajuda a Belzebu, pois afinal, se ele queria num primeiro momento levá-la com ele, ele precisaria dela viva. Mas uma melodia vinda daqueles lábios é familiar a Luka, parecia algo que ela já havia recitado antes. A musa recupera aos poucos sua vitalidade, e para surpresa se Luka, ela se reergue sem sua ajuda.

- Você é incrível e eu ainda nem sei seu nome. (Disse Luka)

Ela empunha a espada de Atroce, que estava no chão, era parecida com uma espada Zanbatô.

- Onde esta sua ética menina? À sua classe é proibido o uso de espadas. (Disse Belzebu)

- Meu avô era um notável Gatuno, e meu ex-companheiro um Lord, não sou o tipo de garota que anda com os homens para ficar frescando, eu sou observadora e aprendo rápido. (Disse a musa)

Rodrigus se junta aos três, que ficam enfileirados.

- Então, o punhal era do seu avô? Estava gravado um nome no cabo. (Pergunta Rodrigus para a musa)

-Sim. (Ela responde laconicamente)

Belzebu olha para os três, sem vontade de continuar com aquilo:

- Olha, vocês até que são esforçados e tem a sorte ao seu lado. Quem sabe tenham mais sorte do que eu. (Disse Belzebu)

- Hã??? (Os três não entendem)

- Não posso mais levar a moça comigo, o que me aguarda é a inexistência, e ela teria mesmo destino. Ouçam atentamente, pois não posso ser repetitivo, talvez tenha um pouco de tempo. (Disse Belzebu)

- 1 O presente esta em transição, então vocês não deveriam voltar, mas se forem até o espaço dimensional nada lhes acometerá.

2 Luka você pode escolher concluir ou não sua missão, a diferença vai influir infimamente no presente.

3 Rodrigus, uma das coisas que você escondeu nesse tempo lá deve permanecer. Como não és de confiança não vou dizer-lhes o que é.

4 Impeçam que Verus entre em ruínas, o que só será possível indo a um tempo muito mais antigo que o atual.

5 Consuma seu casamento com Sarah, Rodrigus, ela será contato com uma determinada bruxa que lhes será de grande valia.

6 Não achem que porque eu vos oriento agora que outros como eu farão o mesmo, não sejam ingênuos a ponto de acreditarem em Ifrit, Valquíria Randrigs e o Senhor das Trevas, talvez Doppelganger, Flor do Luar e Kiel mantenham uma postura neutra, já Morroc sempre foi enigmático.

7 Por final, esse é um desabafo, já que vocês provavelmente serão os últimos a me ouvirem, existem uns que anseiam pela destruição indiscriminada de tudo, o que não compatibiliza com o desejo de outros como eu, que queriam governar o que existe nessa terra, e não há como governar o que foi reduzido ao nada. Quando nos demos conta disso, só eu restei. Fazer a diplomacia entre os poucos heróis de seu tempo, dos tempos que vocês percorrerão, e de alguns inimigos seus, será o diferencial que nos faltou. Adieu!!! E que não sejam fracassadas suas desventuras! (Finaliza Belzebu)

Detrás dele, linhas horizontais e verticais cortam a vista do cenário ao fundo, que se distorce num vórtex vermelho e preto, no qual não se pode diferenciar nada de nada. Belzebu anda de ré em direção àquele caos, sem parar de olhar para os três. A fenda que distorceu o espaço se fecha, e os três conseguem novamente observar a floresta ao fundo. As nuvens escarlate somem.

- Esse é o momento que nos despedimos. (Disse Luka para a musa, tocando em seus braços com as mãos)

- Vou seguir meu próprio caminho quando for a hora, mas doravante seguirei com você. (A musa retira as mãos de Luka de si)

- Não sou uma aventureira que dependa da proteção dos outros, não ouviu o que eu disse antes? Além disso, tem uma ligação de meu avô e Verus que preciso desvendar e que pode ser útil. (Disse a musa)

- Ei, calma aí! Foi dito que uma das coisas que eu guardei não deve ser descoberta não? Não seria o caso de nós reforçarmos a segurança dela, quer dizer, eu posso não ter escondido direito...(Disse Rodrigus)

- Na verdade foi dito que lá essa coisa deve ficar, tem uma diferença sutil. Você tá doido para saber o que é né? (Disse a musa)

- Me entenda bem amiguinha, imagina que eu morra no futuro ou que eu seja capturado e forçado a dizer o que eu não quero, não seria melhor vocês também terem conhecimento da localização dos bens que peguei? Pense bem, não ficarão escondidas por toda a eternidade, o que pode causar problemas futuros. (Disse Rodrigus)

Parecia um papo muito bem intencionado para alguém como Rodrigus, Luka desconfia:

- Eu prefiro nunca saber, vou passar 24 horas por dia te vigiando para você não fazer besteira! (Disse Luka)

-24 horas? Que decepção ein Lula. (Disse a musa cruzando os braços e sorrindo)

- Não, é que ele é meu amigo, é maneira de falar só! (Disse Luka, lembrando-se do seu lance com a musa)

-Ai Luka que fofo! (Disse Rodrigus, levantando a perna direita para trás e cruzando as mãos ao rosto, com um sorriso de lagarto)

-Besta, não invente baboseiras! Conversaremos depois, não ouse envolver mais ninguém. (Disse Luka para Rodrigus)

- Mas aposto que ela já ouviu falar dos fragmentos do adorno de cabeça da Shaman Sierra, receptáculo da deusa Freya em uma de suas tentativas de voltar a esse mundo por aquela seita… (Disse Rodrigus)

-Chega!!! Essas informações tem de ficar como mitos no imaginário popular! (Disse Luka)

- E você Luka não quer saber sobre o relatório de missão de Lord Seyren, eu interceptei o Peco-Peco dele após o seu desaparecimento...(Disse Rodrigus)

- E acompanhado do relatório havia o quê? (Pergunta Luka)

- Não digo...venha comigo e vamos ver juntos amigo! (Disse Luka)

Fiel a uma das 7 famílias reais, Luka sabia que tudo o que envolvesse a missão de Lord Seyren na República de Schwartzwald, a respeito do desaparecimento do rei Tristan III, era de interesse da monarquia de Rune-Midgard. Contudo, lembrou que Rodrigus havia dito que o único lugar ao qual não visitara foi justamente o território de Schwartzwald. Sendo assim, provavelmente era uma mentira apenas para convencê-lo, mas, ainda assim, se Rodrigus estava disposto a ir tão longe nessa mentira…

- Luka, não foi dito que era melhor deixar essas coisas onde elas estão?! (Repete a musa)

- Acontece que não posso passar a vida inteira no encalço de Rodrigus, vamos até elas, e nos certificar que nem ele e mais ninguém tomarão elas para si. Acredito que se deixarmos onde estão, mas com melhores garantias de proteção e ocultação, não infringiremos a regra estabelecida por Belzebu. (Disse Luka)

- É isso aí! (Disse Rodrigus)

- Posso conversar com você a sós? (Disse a musa para Luka)

- Claro! Me leva aonde preferires. (Disse Luka)

De volta ao vilarejo de Payon, os dois sentam em bancos de madeira abaixo de uma grande árvore, cujos galhos pareciam querer cobrir todo o céu, tudo era aconchegante, as pessoas conversavam sobre as vestes do noivo e da noiva, o casamento, os mimos que o casal ganhou.

- Sempre tive vontade de romper as barreiras do espaço dimensional e ir muito além das missões que lá existem, conhecer o mundo o investigar o passado de minha família. Meu nome é… (Falava a musa)

- Se você prefere não falar seu nome tudo bem, pode se preservar se preferir. (Luka olha ternamente para ela)

A musa toca o rosto de Luka, suas mãos estavam geladas, mas Luka gostou da sensação em sua face, estava abafado o clima. Naquele momento ele não queria perguntar nada sobre a família dela.

- Quer tomar um Chá Gelado de Siroma? Eu pego e trago num minuto para nós. (Disse Luka)

Na verdade quem estava com calor era ele, mas ela aceita por educação. Luka se levanta e anda feliz entre as pessoas, procurando entre as bancas dos mercadores o tal chá, ele aproveita e também compra Queijo Gratinado com Tentáculos, pois o mercador disse que era uma novidade irresistível originária de outra cidade.

Ao voltar, ela aguardava cheia de graça, as pernas entrecruzadas fizeram com que ele diminuísse o passo, querendo aproveitar cada instante daquela visão. Ela ri, Luka havia comprado uma quantidade exagerada do queijo gratinado.

- Isso tudo é para você ficar fortinho né? Porque eu acho que só aguento uma pontinha de um pedaço de queijo. (Disse ela, que se surpreende com o sabor ao degustar)

- É, eu aguento mais um tantinho. (Concluiu a musa, ela não queria “dar o braço a torcer”)

- Você toca algum instrumento musical? Na batalha não vi nenhum. (Pergunta Luka)

- Ah, eu tenho dedos bem habilidosos e versáteis. (Disse a musa)

Ela então, por debaixo da mesa, toca a perna de Luka com a ponta dos pés. Ele se contém para que ela não perceba os arrepios que ele sentia.

- Quer me convidar para dançar num ritmo de bolero? (Ela pergunta para ele)

Ao longe, Rodrigus estava tentando interpretar pela linguagem labial o que eles diziam. Então chama três arqueiros aspirantes a bardo para perto de si.

- Vão até aquela mesa e se esforcem para tocar a música que eu e a Sarah gostamos de dançar. (Ordena Rodrigus para os três)

Luka e a musa são surpreendidos ainda sentados pelos três, que já chegam ensaiando as notas musicais, com “sorrisos amarelos” no rosto. Luka levanta e pede a mão da musa para dançar.

- Deixa de ser bobo! (Ela aceita)

A perna esquerda para frente, passa o peso para a perna direita, volta, a direita para frente, passa o peso para a esquerda, volta, ele esta com o corpo dela colado a si, com a mão na cintura dela, um avança, o outro recua, vice e versa. Tum, tum, pausa, tum, tum, pausa… Contorno com as mãos, ela vira de costas, com o braço esquerdo esticado para frente, ele puxa-a e ela pisa com a direita para trás, ele junta os pés e logo após faz um leque com a perna direita pela frente dela...”

Rodrigus estava mais querendo saber do promissor beijo, conjecturando como seria, quanto tempo duraria, quais seriam as palavras ditas logo após. Sarah era carinhosa, mas por vezes ela brincava de formas estranhas, numa mudança de personalidade.

Ele sente alguém por trás a morder o lóbulo de sua orelha com força, ele não pode falar nada, pois sua boca estava coberta por uma mão fina. Era Sarah Irine, sua noiva...

(final da parte 4, continua...)

Criado por Diego Maxuel (um dos meus pseudônimos).

Comentários e sugestões para incrementar na história sãos sempre bem-vindos.

 

parte 4.png

Editado por DiegoMaxuel
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