Conto de Wait: Exposição Concurso "Monstros Fantásticos e Onde Habitam"

[Hela]

Seguem os relatos encontrados nos manuscritos da renomada bioquímica Wait and Bleed:

"Dia 10. Estava em uma de minhas expedições às pirâmides de Morroc, em busca de receitas de poções antigas, com a esperança de encontrá-las em algum papiro ou nas diversas artes deixadas nas paredes dos que construíram tais edificações, até me deparar com uma Múmia. No entanto, não era uma múmia qualquer, era notável que pelos farrapos de suas bandagens, ela estivera muito tempo habitando o interior de tais construções faraônicas. Decidi catalogá-la como "Múmia Anciã", e como o adjetivo dado aponta, pude descobrir a composição de fórmulas que há muito tempo tinham sido esquecidas. A múmia no começo, pareceu intimidada com minha presença em seu lar, mas logo nos entendemos melhor. Dividi meus conhecimentos científicos atuais, e além das informações que já citei, fiquei sabendo de um rumor tão antigo quanto a múmia que me contara.

A existência de uma criatura que perambulava há muitos anos no deserto me chocou, pois, a múmia além de me contar de tal monstro, me informou que jamais alguém tinha presenciado e escapado ileso das garras do monstro em questão. A curiosidade logo me consumiu, e após agradecer a Múmia Anciã, voltei para meus aposentos visando descobrir alguma forma de encontrar tal criatura exótica.

Após revirar livros e livros sobre monstros do deserto, encontrei a possível solução: uma espécie de inseto, o qual andava sempre em bando, que era um ótimo rastreador dos territórios arenosos. Sem mais delongas, arrumei meus preparativos e saí para os desertos de Morroc. Após algum tempo de busca - o que não foi tão demorado devido ao fato de eu outrora ter desenvolvido um líquido nutritivo que atrai facilmente os insetos -, me deparei com um bando de moscas, que apesar de estarem catalogadas como "pequenas", tinham o tamanho acima da média. Tirei de meu carrinho o "Aparato Futurista Nº 087 - Monstradutor 2.0", a atualização do meu experimento para poder compreender e dialogar com monstros que não tinham a capacidade de falar a minha língua nativa. Assim que o equipei, pude entender que a mosca que estava liderando o bando (cataloguei seu nome como Libélula), estava interessada em meu líquido nutritivo. De fato, eu não precisava do meu Mostradutor 2.0 para perceber isso. Foi então que me aproveitei do fato de possuir uma moeda de troca (o líquido), para perguntar para a Libélula sobre a existência da criatura mencionada pela múmia que encontrei nas pirâmides. A Libélula em primeiro plano não entendeu do que eu estava falando, até que uma mosca que a estava seguindo disse ter ouvido histórias, passadas por gerações dentre as criaturas do deserto, sobre a existência de uma criatura incomum. Após um certo tempo - e muitas promessas de líquido nutritivo para todas -, consegui convencê-las de me ajudar a procurar o monstro.

 

Dia 11. Após um dia inteiro sem pausas, vagando e vagando pelo deserto (com a ajuda da Libélula e suas subordinadas), encontrei possíveis vestígios da criatura: uma presa, maior do que a das criaturas que costumam habitar os desertos de Morroc, e ainda parecia "fresca", como se o desencontro da boca tivesse sido recente. Alertei à Libélula sobre a minha descoberta, e a mesma logo repassou as informações da presa para suas seguidoras, tais como o cheiro, formato e tamanho.

Seguimos investigando cada grão de areia dos desertos, até que fui alertada por uma das moscas que ela havia encontrado o provável local de descanso da criatura misteriosa. Agradeci à todas moscas pela valiosa ajuda e as recompensei com o resto de meu líquido nutritivo. A Libélula até me deu uma Presilha como lembrança de nossa pequena aventura.

Após acampar furtivamente perto do possível esconderijo da besta, aguardei algum sinal da mesma. Fiquei algumas horas analisando de longe, estava exausta do deserto e não sei quanto tempo levaria para minha sanidade ficar comprometida se eu continuasse lá. De repente, quando menos esperava, do chão do deserto eu pude sentir uma vibração. Os ruídos foram aumentando, até uma criatura surgir da areia e junto dela, vários Hodes - monstros particularmente comuns da área em questão -. Fiquei espantada com o tamanho e a forma do monstro. Jamais tinha visto algo daquele jeito, e eu teria que me aproximar mais para ter a chance de interagir melhor com a besta (a qual eu nomeei de Freeoni).

Prontamente, saquei meu Monstradutor 2.0 e me aproximei vagarosamente de Freeoni, que já parecia sentir minha presença. Assim que comecei a me aproximar para dialogar, a criatura entrou em uma fúria que eu não saberia colocar em palavras. Fiquei aterrorizada, derrubando meu único meio de compreender as palavras da criatura. Porém, não se fazia necessária tradução alguma para saber que ela não me queria viva. Quando menos esperei, fui cercada por Hodes e a criatura conseguiu me ferir gravemente com uma mordida em meu braço direito. Pensei que sua boca gigante iria me engolir inteira, e se não fossem as atualizações em meu carrinho para que eu pudesse me movimentar mais rápido, isso teria realmente acontecido. O único registro além da presa do monstro que eu consegui ter, foi uma foto tirada pelo meu "Aparato Futurista Nº 013 - Droning", minha máquina voadora que pode filmar e registrar imagens de minhas pesquisas (tudo isso na forma de um Poring).

Após chegar novamente em meus aposentos, concluí que nunca mais voltaria para o deserto, apenas divulgaria as informações que consegui coletar, para que alguém mais preparado (e destemido) pudesse saber mais sobre Freeoni. Dessa aventura, guardo apenas as fotos tiradas da Múmia Anciã, Libélula e Freeoni. Encerro minha busca de monstros fantásticos e onde eles habitam aqui. ”