Conto de Pipper: Exposição Concurso "Monstros Fantásticos e Onde Habitam"

[Hela]

O tédio me corroía por dentro. O quarto daquela estalagem era confortável, com uma cama cheirosa e lençóis tão macios quanto pelo de Picky recém-nascido, mas nada como a Catedral. E por que eu não estava lá, você me pergunta? Simplesmente por derrubar uma estátua de Odin montado em Slepnir e acabar desmembrando os coitados. Pfff, que besteira. Uma escultura a menos não vai despertar a fúria do Deus dos Deuses, mas talvez sim do Bispo Tomas, que resolveu me afastar por um mês até que eu me tornasse “menos desastrada”. Dá para acreditar?

Só percebi estar resmungando em voz alta quando uma batida soou na porta e a estalajadeira apareceu com seu rosto rechonchudo e vermelho, parecendo enraivecida.

— Os hóspedes não aguentam mais você reclamando — ela disse, encarando-me sem que deixasse espaço para falar. — Por que ao invés de ficar aqui reclamando, você não vai ajudar a Corporação Kafra a catalogar os monstros?

Minha feição de indagação deixou bem claro de que eu não sabia do que ela estava falando. Depois de me explicar, ela saiu do quarto, provavelmente para atender outros clientes, enquanto eu fui em busca da minha própria aventura.

 

Comuniquei-me com Everton, o mais novo treinador dos cavaleiros de Prontera, por meio de cartas. Como ele estava ocupado demais para auxiliar a Gihkorita, acabou aceitando a minha ajuda e fui atrás dos monstros.

Arrependi-me amargamente da missão logo depois de ler a descrição do primeiro monstro. Uma barata... Aquilo era sério? Entretanto, não podia deixar o cavaleiro na mão. Certifiquei-me de não comer nada antes de enfurnar-me naquele esgoto fedorento repleto de insetos peçonhentos.

Mesmo na entrada, já conseguia ver uma dúzia de guerreiros preparados para tomarem sua recompensa contra o lendário Besouro-Ladrão Dourado, que ninguém tinha certeza se realmente existia. Mas nenhum deles tinha a minha magia ao favor deles: Teleporte! Passando na frente de todos, o dourado reluziu em minhas pupilas. Ele era mesmo real e, para minha sorte, não parecia interessado em me atacar. A fotografia saiu perfeita! (Talvez um pouco tremida por causa dos ratos tentando me atacar!)

 

 

A palavra “bode” destacada na descrição da segunda criatura me causou arrepios. Aquele monstro horrendo já tentara me retirar do caminho de Odin quando tornei-me sacerdote, oferecendo-me riquezas e tudo o mais. Felizmente, minha convicção é maior que meu desejo. Depois de me perder umas quatro ou cinco vezes naquele Labirinto da Floresta, cheguei à presença dele. Sua aura demoníaca me paralisou e quase não consegui bater a foto antes de moer uma asa de borboleta e retornar à cidade.

 

O último monstro seria, na teoria, mais fácil do que os outros. Talvez tenha sido, não sei. É que foi diferente do que eu esperava. O grupo de grilos cantantes não me recepcionou com uma música de boas vindas ou algo do tipo. Praticamente fui espancada por esses delinquentes! Tive que trocar a lente da câmera, que saiu quebrada de toda essa confusão.

 

Apesar de todas as desavenças, não posso mentir que adorei a aventura! Graças a Odin, meu tempo de reclusão da Catedral acabou e posso voltar às atividades normais, mas já disse ao Everton que, caso precise, estou sempre à disposição para ajudar no que der e vier!