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O Mundo Visto Através de Olhos Vermelhos


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 CAPÍTULO 2 - DESONRA PARA SUA FAMÍLIA   Logo

que nasceu, Tenko teve tudo do bom e do melhor. Tinha servas, tinha bons

vestidos de tecido fino, tinha mestres para ensiná-la a se portar como uma

dama. Mas ela não se interessava por servas, nem por vestidos, e muito menos

por aulas de postura, bordado e etiqueta.

 

Quando tinha cinco anos, Tenko ganhou um irmão. Caifás era seu nome. Ele era

troncudo e forte como o pai, tinha cabelos muito claros e olhos que puxavam

mais para o castanho do pai que para o vermelho da mãe. Como todos os homens da

família, Caifás foi treinado para ser um bravo cavaleiro. Mas o jovem Caifás

tinha tanto interesse na cavalaria quanto Tenko em vestidos de seda. Ele

brandia a espada como se fosse um pedaço de pau, não se dava bem com escudos

grandes e definitivamente era incapaz de arriar e muito menos de montar um

PecoPeco.

 

Lucius se remoia de vergonha. Veladamente, os outros nobres se riam da desgraça

do cavaleiro, com dois filhos tão fora do comum. Sua esposa também, a bela

Irina, não parecia se importar se Tenko sentava de pernas abertas ou se Caifás

caía do Peco. Mas a maior preocupação de Lucius, a que mais o incomodava

intimamente, era não ter um bom guerreiro na família.

 

Se o cavaleiro não fosse tão ligado às suas antiquadas tradições, se tivesse

prestado mais atenção, talvez o final dessa história fosse outro. Mas Lucius

era antiquado e retrógrado, e não chegou a perceber que o sangue guerreiro da

família não estava no filho. Estava na filha.

 

Aos 10 anos Tenko afanou de um dos guardas do palácio a chave do baú de armas

do castelo. O guarda estava bêbado, mas mesmo que não estivesse, Tenko era

silenciosa e tinha mãos leves.

 

Desde então, todas as noites a garota abria silenciosamente o baú de armas,

tirava uma de sua escolha e corria para a floresta. Tenko experimentou lanças

("pesadas e lentas demais para meu gosto"), espadas de duas mãos ("difíceis de

controlar"), machados (l"entos e grosseiros, não gostei"), espadas de uma mão

("estas são boas, mas um pouco lentas"), e por ultimo descobriu as adagas. Mais

leves e fáceis de manusear que as espadas, as adagas eram as armas preferidas

da filha de Lucius nos seus treinos proibidos. Tomou especial gosto por uma

bela Main Gauche de cabo trabalhado e lâmina nove vezes reforçada com fracon.

Não resistiu e tomou-a para si, escondendo a preciosa arma em uma gaveta do seu

quarto.

 

E assim os anos se passaram. Tenko estava cada vez mais forte, e estava se

tornando esguia e suas curvas despontando. Seu rosto havia se tornado mais

anguloso com a idade. Os sedosos e ondulados cabelos cor-de-luar ela mantinha

sempre soltos, caindo sobre os ombros até o meio de suas costas. Os olhos se

tornaram mais agudos e penetrantes. E ela havia se tornado um bom projeto de

guerreira. Com uma diferença marcante em relação aos seus familiares: Tenko

preferia a velocidade e a esquiva a suportar todos os golpes. Assim, também se

tornou veloz, tanto para se desviar quanto para bater.

 

Seu irmão por outro lado, apesar de estar se tornando forte e resistente, não

mostrava aptidão nenhuma para a cavalaria. E Lucius, ainda cego pelas antigas

tradições, não percebia o progresso da filha. E assim se passaram mais alguns

anos.

 

 

 

Começou com um cozinheiro. Ele foi visto andando descoordenadamente pelo

castelo, murmurando coisas sem sentido. Ignorava as pessoas a sua volta, não

respondia mais quando seu nome era chamado e seus olhos estavam sempre muito

abertos e vidrados. Estava empalidecendo e emagrecendo a olhos vistos.

 

Os melhores médicos de toda Rune-Midgard vieram ver o rapaz, mas não puderam

descobrir qual era a razão de sua estranha condição. Enquanto o cozinheiro era

tratado pelos médicos, apareceu um jardineiro nas mesmas condições. E depois um

copeiro, e um tratador de Pecos. Os quatro homens foram postos em quarentena

para impedir contaminação, mas já era tarde. Logo os guardas também

apresentavam sintomas da estranha doença. E quando os médicos concluíram que

apenas homens eram afetados, uma arrumadeira apareceu jogada nas escadarias do

castelo, babando e dizendo palavras desconexas.

 

Os médicos corriam de um lado pro outro, atordoados, sem saber o que fazer.

Tratamentos tradicionais para loucura não funcionavam. Tentaram tratamentos

alternativos criados pelos sábios de Juno, mas nada adiantava. O cozinheiro

faleceu durante a madrugada. Os empregados estavam todos em alvoroço,

desesperados e com medo uns dos outros. Uma semana depois, o tratador de Pecos

faleceu também. O caos tomou o palácio. Médicos corriam de um lado para o

outro, empregados não queriam trabalhar com medo de contaminação, guardas se

recusavam a ficar de sentinela com medo que o ar da noite os fizesse adoecer.

No palácio inteiro parecia haver apenas três pessoas que não estavam em

polvorosa: Reiko, Byakko e Lady Irina Renard. Os três riam a toa,

despreocupados. Irina parecia a mais alegre de todos, andando despreocupada

pelo palácio, sorrindo.

 

Um mês depois, um dos médicos adoeceu também. Os restantes desistiram de tentar

curar a doença e saíram do castelo o mais rápido que puderam. 

 

Lucius estava muito contrariado. As veias do seu pescoço pulsavam no esforço de

encontrar uma solução para o problema. Depois de muito esforço mental, concluiu

que se o problema não era de ordem física, era de ordem espiritual. Chamou dois

especialistas no assunto.

 

O primeiro era um sacerdote exorcista magro e com jeito sério. O outro era um

monge espiritualista parrudo e mal humorado. Os dois trouxeram rosários, água

benta, gemas azuis e outros artefatos do tipo.

 

Logo que entraram no castelo, acusaram a presença de espíritos malignos, e a

visão dos doentes só confirmou o pressentimento.

 

Como guiados pelo faro, os dois exorcistas andavam pelo castelo procurando algo

fora do comum. Abriam todas as portas, todos os armários e todas as gavetas,

jogando roupas pelo chão, desarrumando camas, em suma, fazendo uma tremenda

bagunça. De tempos em tempos o sacerdote supunha que o fogão da cozinha ou o

tapete da sala estavam possuídos, e começava a invocar magias divinas

enlouquecido, terminando com um teatral Magnus Exorcismus em cima do pobre

tapete. Mas pior ainda era quando o monge pensava ter visto um quadro antigo

mover os olhos, e disparava sem demora uma esfera espiritual em cima dele,

abrindo um rombo na parede.

 

Quando Lucius já estava vermelho de raiva e prestes a mandar os dois saírem da

casa dele e nunca mais aparecerem, o sacerdote disse sentir uma forte presença

demoníaca atrás de uma porta. Ele se aproximou da porta em questão, acompanhado

pelo monge e por Lucius. Lentamente, silenciosamente, forçou a maçaneta. Estava

trancada.

 

Acenou com a cabeça para o monge, que socou a porta com força. Nenhum dano

causado. A porta estava selada. Resolveram tomar medidas drásticas.

 

O sacerdote abençoou o monge, enquanto este invocava esferas espirituais. O

berro de "PUNHO SUPREMO DE ASURA!!" ecoou no castelo inteiro. A porta

caiu.

 

Atrás dela, os três homens encontraram Irina. Na cama. Com um soldado.

 

 

 

Antes do por do sol, Irina havia desaparecido do castelo. Não levou nenhum

pertence. Reiko e Byakko também desapareceram do mesmo jeito. Não levaram Pecos

nem deixaram pegadas que pudessem ser seguidas.

 

 

 

Estranhamente, depois da partida dos três, não houve mais casos de doença no

castelo dos Renard.  --------------------------------------------------------------------------------- Affe, esse fórum estupra a formatação dos meus textos!Não tenham pudor de postar. Estou aqui para ouvir as críticas e responder às perguntas. 

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Como bruxo não me dou ao direito de ser tão inssistente, até porque nem com Agi 10 eu corro muito.

Mas se nem com o "chamado" do Pdrk ela respondeu a coisa deve ser séria, e eu não quero estar por perto quando ela voltar aqui.

Já ouviram o que se diz sobre a fúria de uma mulher? Imagine então uma que sabe usar katares.

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outro capítulo ótimo... parabéns, e me lembor dessa parte: é agora que as encrencas começam de verdade. só mais uma coisa: o peco da "amazona" tem o nome de sigfried, não seria aquele sigfried, heroí nordico que matou o dragão fafnir, reforjou notung a espada perfeita e libertou uma valquíria transformada em humana do sono encantado presa em uma torre cercada de fogo??

oquei, agora foi demais... a fic está ótimo tenko, gogogo mais capítulos! *super ansioso*

flow!

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 CAPÍTULO 12 - O TEMPLO ENVOLVIDO EM TEMPESTADES DE AREIA

– PRIMEIRA PARTE

 

 

 

 

 

Apenas uma leve brisa soprava naquela manhã em Payon. O céu estava

limpo. “Um dia perfeito para treinar minha pontaria”, pensou Sethit Aintaurë

quando saiu de casa bem cedo, levando ao ombro seu Gakkung cinco vezes refinado

com Oridecon. Pernas levemente afastadas, olhos fixos no seu alvo: uma fina

vara de salgueiro cravada no chão a uma certa distância, que ela tentaria

fender ao meio com uma flechada. A brisa balançava suavemente as madeixas

castanhas da arqueira, e produzia um leve zumbido quando fazia vibrar a corda

do Gakkung. Horus, o falcão branco, observava em absoluto silêncio, pousado em

um galho de uma árvore próxima. Sethit puxou uma flecha da sua alijava e a

colocou no arco. Afastou mais as pernas, sem tirar os olhos da vara de

salgueiro. Puxou a corda. Os músculos de seus braços se contraíram e saltaram,

e era quase possível ouvi-los estalando. Ajustou a mira, em profunda

concentração. A vara de salgueiro era tudo que os olhos cor de mel enxergavam

agora. Soltou a flecha, que passou a poucos centímetros da vara de madeira.

Horus piou em desaprovação.

 

 

“Porque você não tenta atirar então, seu falcão bobo!”,

exclamou a arqueira. Em resposta, a grande ave saiu do galho onde estava e veio

pousar no antebraço de Sethit. A arqueira pousou o arco no chão e acariciou as

penas da cabeça do animal por alguns momentos. “Vou tentar mais uma vez, Horus.

Volte para a árvore, por favor”. O falcão alçou vôo, pousou no mesmo galho onde

estava antes, e voltou seus olhos ambarinos para Sethit. A arqueira retomou sua

concentração, puxou mais uma flecha e retesou os músculos outra vez. Fez a mira

cuidadosamente. Dobrou o Gakkung até ele começar a ranger. Puxou a corda até

onde era possível.

 

 

“SETHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIT!!!”

 

 

A flecha voou vários metros acima do alvo. Horus soltou um

longo e descontente pio. Sethit virou-se para trás, tentando não demonstrar

irritação. Deu de cara com Kuroi Yuri. A mercadora trajava ainda uma camisola,

e seus cabelos dourados caíam em cachos desgrenhados sobre os ombros. Os pés

descalços sujos de terra. Kuroi ofegava, e em suas mãos segurava um pedaço de

pergaminho.

 

 

“Sethit... Tenko... ela foi embora!”

 

 

“Como?”

 

 

A arqueira arregalou os olhos e correu até Kuroi, que lhe

entregou o pergaminho. Sethit leu cuidadosamente. “Aquela gatuna insana! Ela

vai morrer no deserto!”, bradou com raiva a filha dos Aintaurë. “Aquela Tenko é

totalmente louca, mas lhe devo a vida. É meu dever procurá-la! Além disso, Freya

parece gostar dela também...”. Sethit jogou o arco ao ombro. Botou dois dedos

na boca e assoviou. Horus pousou em seu antebraço. “Se lembra da gatuna insana

que conhecemos ontem, Horus? Pode encontrá-la?”. O falcão piou em resposta.

“Então vá. Me avise caso veja qualquer sinal dela”. A ave alçou vôo, e logo

desapareceu do campo de visão das duas jovens. “Vamos para casa, se vista e

iremos atrás da sua amiga sem juízo. Gostaria de contar com a ajuda de Freya,

mas ela saiu cedo hoje para resolver alguns assuntos na Catedral de Prontera.

Terei de pedir a ajuda dos meus pais.”

 

 

O campo de treinamento da arqueira ficava na floresta

próxima à casa dos Aintaurë, e em poucos minutos as duas já haviam chegado. Os

pais de Sethit, após as devidas explicações, forneceram suprimentos suficientes

para a busca. Recomendaram também que um ou dois dos caçadores da família às

acompanhassem, mas Sethit recusou.

 

 

“Ela não deve estar muito longe, meu pai. Não é necessário

mobilizar tanta gente. Voltaremos logo.”

 

 

“Se é assim que deseja, assim será”, respondeu o caçador.

“Mas mesmo curta, sua busca poderá ser difícil...” O velho Aintaurë se retirou

por um momento e voltou com um arco nas mãos. Era um Gakkung, como o de Sethit,

mas parecia muito mais antigo, e sua empunhadura estava envolta por bandagens

desgastadas. “Parece apenas um arco velho. Mas com este arco você raramente

errará uma flecha. Gakkung Ancestral Bi, é como é chamado, e há muito tempo

passa das mãos de Aintaurë para Aintaurë. Leve-o com você, e que suas caçadas sejam

sempre frutíferas, minha filha!”

 

 

Sethit agradeceu e beijou o pai e a mãe. “Estaremos de volta

em breve!”, disse ela ao sair de casa. Kuroi nada disse. Estava preocupada.

 

 

 

----------------------------------------------------------------------------------------------

 

 

 

Areia em suas vestes. Areia em sua boca. Areia em seu nariz.

Areia em seus olhos. Areia por todo canto. “Devo estar chegando perto.”, pensou

a gatuna. Andava com o nariz afundado na capa, mas isso não impedia a areia que

o vento carregava de penetrar por todos os buracos possíveis. Não sabia há

quanto tempo estava vagando no deserto. Não tinha idéia do caminho que devia

tomar. Apenas uma vaga noção. Tenko Kitsune seguia as tempestades de areia.

Tomava os caminhos onde o vento soprava mais forte. “Um templo envolvido por

tempestades de areia. Se eu encontrar o lugar onde o vento é mais forte,

chegarei aonde quero.” E convicta disso, ela andava sem parar, seguindo o

vento.

 

 

“Ei, gatuna! Você aí, de Sakkat! Gatunaaaaa, consegue me

ouvir?”

 

 

Tenko voltou-se na direção da voz, protegendo os olhos com a

mão. Era um outro gatuno. Tinha longos e sedosos cabelos louros, presos no alto

da cabeça por um rabo de cavalo. Usava uma espécie de tiara com um par de

pequeninos chifres pontiagudos. Tinha bochechas coradas, e da sua boca pendia

uma pequena flor vermelha. “Ei gatuna, quer me vender essas suas Jurs? Eu pago

trezentos mil zeny nelas!”

 

 

Além da Damascus, Tenko carregava na cintura o par de Jurs

que havia ganhado de seu irmão. Elas batiam contra suas coxas enquanto ela

andava e a lembravam de seu objetivo. Ser forte, vencer o exército de seu pai,

vingar Shi no Toge!

 

 

“Não quero vendê-las. Vou precisar delas quando for uma

assassina.”

 

 

O gatuno apontou o dedo grosseiramente para Tenko e caiu na

risada. “Você? Assassina? Só posso rir! Olha só pra você, nesses trajes velhos

e com esse Sakkat detonado na cabeça! Você não vai nem conseguir chegar no

Templo, quanto mais passar no teste! Deixa de ser besta e me vende essa Jur e

vai comprar pelo menos uma bota nova? Essa sua tá quase furando!”

 

 

“Não”

 

 

“Sua... sua pobre! Eu tenho pena de você! Mas tudo bem, eu

posso comprar quantas Jurs eu quiser! Quando eu for o melhor assassino de

Midgard eu te dou uma moedinha!”

 

 

Tenko virou as costas e foi embora, seguindo o vento. Não podia

desperdiçar energia com uma criaturinha tão desagradável. Como esse garotinho

mimado foi acabar se tornando gatuno, ela não sabia. Não interessava mesmo. A

Guilda dos Gatunos aceitava qualquer um, e ela esperava que a Guilda dos

Assassinos fosse um pouco mais rígida. Deixou o gatuninho gritando sozinho, até

que o barulho do vento cobriu sua voz. Estava cada vez mais forte.

 

 

Sentia sede e estava cansada. Relembrava as cenas do começo

de sua jornada como gatuna. Morroc, Shi, a forca, os soldados. A cada passo que

dava, sua ira crescia. Queria vingança! Ela encontraria os soldados que

enforcaram seu mestre e degolaria um a um com sua Jur! Mataram Shi no Toge, só

porque ele era livre! Só porque ele era um ladino!

 

 

“Hipócritas desgraçados! Como se não houvesse cavaleiros que

fazem coisas piores ainda que os ladinos! Covardes! Vou acabar com eles!”

 

 

Quantas horas já haviam se passado ela não sabia. Pela

altura do sol já devia estar no meio da tarde. Sentia-se exausta. “Como sou

estúpida! Mais uma vez me joguei no deserto sem saber pra onde ir!”. Mas dessa

vez se recusava a voltar. Seu orgulho falava alto. Encontraria o Templo ou

morreria tentando. De repente, Tenko parou, abismada. Não acreditava no que

via.

 

 

Os ventos carregados de areia convergiam todos para o mesmo

ponto, em espirais. Em

meio ao redemoinho, Tenko podia vislumbrar uma construção de pedra amarelada.

Uma pirâmide? Não... ela podia ver escadarias. Uma torre? Muito baixa. Parecia

mais...

 

 

“Um templo!”

 

 

Se Tenko confiasse em algum deus, ela se ajoelharia e

rezaria nesse momento. Mas Tenko era bastante cética. Tranquilamente, ela

começou a andar em direção ao redemoinho. Para sua surpresa, quando se

aproximou das espirais de areia, os ventos se voltaram todos contra ela,

empurrando-a violentamente e jogando-a ao chão. “Como? Ventos com vontade

própria?”, pensou a gatuna. Levantou-se e tentou atravessar correndo a

barreira. Quando pensou ter conseguido, foi engolfada pelas rajadas de areia e

jogada de volta. Estava pronta para tentar uma terceira vez quando notou, ao

seu lado, o gatuno que havia encontrado anteriormente, deitado no chão e

rodeado de abutres. Seu rosto estava pálido e não havia mais flor em sua boca.

A tiara com chifres semi-enterrada ao seu lado. Tenko sentiu um arrepio ao

olhar para o gatuno. Quase toda a sua roupa havia sido brutalmente rasgada, e o

corpo estava em carne viva. Alguma coisa havia esfolado aquele gatuno até a

morte. Os abutres olhavam para ela gulosamente. Puxou a adaga e espantou as

aves, mas elas logo voltaram. Havia muitas delas. “Então esse é o lendário

Templo Envolvido em Tempestades de Areia. É por isso que eu nunca ouvi falar

dele. Provavelmente muito poucos voltam daqui.”

 

 

Observou as espirais por algum tempo. Qual seria a origem

daquele vento? Quando em meio à areia, vislumbrou um rosto. Dois olhos e uma

boca. Depois dois rostos. Uma infinidade de rostos que apareciam e sumiam no

meio da tempestade.

 

 

Quando Tenko era uma criança seu pai havia lhe contado uma

história sobre o Povo da Areia, ou simplesmente “Arenosos”. Dizia-se que eram

monstros que se confundiam com a areia do deserto e atacavam os viajantes.

 

 

“Então vocês são o Povo da Areia”, pensou a gatuna. E em

seguida bradou: “Se estão vivos é porque podem morrer! Venham lutar!”, e puxou

sua adaga.

 

 

A espiral se deslocou e voltou-se furiosamente contra a

gatuna. Tenko dobrou os joelhos e deu um grande salto para trás, se esquivando

do impacto esmagador da torrente arenosa. A areia que estava no ar se juntou à

do chão, e logo a espiral subiu de novo, dessa vez em volta de Tenko. A gatuna

atingiu a areia com sua adaga. Sem efeito. “Não posso lutar contra uma

tempestade de areia”. Os rostos no vento surgiam e desapareciam, e suas

expressões eram furiosas. De repente, a areia se compactou e a atingiu como uma

pedra na boca do estômago, rasgando suas roupas e esfolando a pele de seu

ventre. O ataque foi inesperado. Tenko perdeu o ar e se dobrou para frente.

Outra massa de areia compacta a atingiu nas pernas, derrubando-a no chão. Em

seguida os Arenosos a atingiram diversas vezes enquanto ela estava caída. “Eles

são muitos!”, pensou a gatuna. “E estão todos juntos...”. Teve uma idéia.

Lutando contra a dor e o vento, Tenko alcançou em sua bolsa a sua garrafa de

veneno. É sempre útil ter uma quando se é um gatuno.

 

 

Tampando o nariz e a boca com uma das mãos esfoladas, Tenko

colocou a garrafa deitada no chão e, com a mão livre, quebrou-a com um soco.

Cacos de vidro penetraram em sua pele e imediatamente ela começou a sentir os

efeitos do próprio veneno. O Sol quente do deserto começou a evaporar o líquido

arroxeado no chão, fazendo o vapor tóxico subir. A medida que subia, era sugado

pelo redemoinho de areia. O vento foi ficando mais fraco.

 

 

“Funcionou!”

 

 

O redemoinho se desfez e o Povo da Areia assumiu sua forma

natural. Montes arredondados de areia compacta da altura de um homem, com rosto

e braços. Todos pareciam bastante afetados pelo veneno, fraquejando ao andar.

Tenko levantou-se com uma certa dificuldade. Sua pele estava em carne viva e

ardia, e ela podia sentir o veneno na sua corrente sanguínea, matando suas

células. Mesmo assim, colocou a mão ensangüentada dentro de sua bolsa e retirou

uma Poção do Despertar. Bebeu-a de uma vez, puxou a adaga e partiu para cima do

Arenoso mais próximo. Apunhalou furiosamente o monte compacto de areia, até o

ponto em que ele não se refez. Então foi para o próximo. E o próximo, e o

próximo, até que não havia mais sinal de vento no Templo dos Assassinos. Tenko

sorriu. E caiu na escadaria de pedra, consumida pelo próprio veneno.

 

 

--------------------------------------------------------------------------------------

 

 

Tenko olhou ao redor. Não sabia onde estava. Levantou-se, e

descobriu que todas as suas feridas haviam se fechado. Não estava mais

envenenada também. Sentiu uma presença ao seu lado, e se voltou para olhar.

Descobriu uma mulher muito alta e muito bela. Trajava armadura completa, e em

seu capacete havia asas. Carregava lança e escudo. A mulher sorriu para ela.

Tenko abriu a boca para falar qualquer coisa, mas foi interrompida pela dama de

armadura.

 

 

“Ainda não. Não é a hora. Hoje você vai voltar.”

 

 

---------------------------------------------------------------------------------------

 

 

A gatuna abriu os olhos. Seu corpo doía. Olhou ao redor e

descobriu que ainda estava no Templo dos Assassinos. Descobriu que estava nos

braços de alguém. Quando percebeu que havia aberto os olhos, a pessoa a abraçou

com força.

 

 

“Tenko! Você está viva! Pensei que não havia conseguido te

curar a tempo!”

 

 

Era uma voz feminina. Tenko olhou para sua salvadora. Era

uma jovem sacerdotisa. Tinha pele morena, cabelos verdes na altura dos ombros,

nariz empinado e sobrancelhas arqueadas. Seus olhos castanho-esverdeados

estavam cheios de lágrimas.

 

 

“Freya!”

 

 

Tenko a abraçou de volta. “Obrigada...”, disse a gatuna. E

ficaram as duas assim, por algum tempo, no meio das escadarias do Templo.

“Freya, como você me encontrou?”, perguntou ela um pouco depois.

 

 

“Foi um milagre! Fui essa manhã a Prontera, fazer o teste

para me tornar sacerdotisa. Estava voltando à casa dos Aintaurë quando apareceu

uma raposa branca no meio da estrada. Ignorei-a, mas ela me seguiu. Tentei

enxotá-la, e ela começou a morder e puxar minha batina. Bati nela com meu

cajado, mas ela não me largava. Parecia querer que eu a seguisse. Não sei

porque o fiz, Tenko, mas segui a raposa. Ela me trouxe até aqui, e eu te

encontrei caída no chão. Pensei que fosse tarde demais. Graças aos céus, você

está viva!”

 

 

Freya abraçou Tenko mais uma vez, apoiando sua cabeça no

peito da gatuna. Tenko tocou de leve os cabelos da sacerdotisa. Não costumava

gostar de contato físico, mas com Freya era diferente. De Freya ela fazia

questão de estar perto. Sentia-se imensamente feliz com a sacerdotisa nos

braços.

 

 

“Essa é a lendária Guilda dos Assassinos, não é, Tenko? Você

veio aqui fazer seu teste.”. Tenko assentiu. “Levante-se então. Você tem uma

tarefa a cumprir.”

 

 

Tenko levantou-se, e Freya ficou de pé à sua frente.

 

 

“Isso é para que você tenha forças para vencer sua provação!

Que caia sobre ti a benção dos céus. Os deuses dêem forças para teus braços e

pernas, destreza para que jamais erre o golpe, e astúcia para vencer o

inimigo!”

 

 

Tenko já conhecia os poderes divinos dos noviços. Pareciam

ainda mais poderosos em uma sacerdotisa.

 

 

“Isso é para que tenha agilidade para se esquivar de todos

os perigos! Que teus pés se tornem ligeiros como o vento e que teu corpo se

torne ágil!”

 

 

A gatuna sentiu seu corpo se tornar ágil e flexível. Adorava

essa sensação.

 

 

“E isso é para que tenha coragem...”

 

 

Freya segurou delicadamente o rosto da gatuna e beijou-lhe

os lábios. Tenko sentiu uma onda de calor invadir seu corpo, ao mesmo tempo em

que um arrepio percorria sua espinha. Sentiu-se perdida, confusa e

absolutamente feliz.

 

 

“... e para que não se esqueça de que eu amo você!”,

sussurrou a sacerdotisa em seu ouvido. “Agora vá, e boa sorte no seu teste!”.

Ainda confusa, Tenko andou em direção à porta do Templo. Antes de entrar,

virou-se para falar alguma coisa. Mas Freya havia desaparecido. 

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outro capítulo ótimo... parabéns, e me lembor dessa parte: é agora que as encrencas começam de verdade. só mais uma coisa: o peco da "amazona" tem o nome de sigfried, não seria aquele sigfried, heroí nordico que matou o dragão fafnir, reforjou notung a espada perfeita e libertou uma valquíria transformada em humana do sono encantado presa em uma torre cercada de fogo??

oquei, agora foi demais... a fic está ótimo tenko, gogogo mais capítulos! *super ansioso*

flow!

O Grande Siegfried era um Peco? [/heh]Quero "economizar" os capítulos até eu entrar em férias, aí posso escrever mais. 
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  Bom, passei um longo tempo sem creditar ragnarok e, consequentemente, sem poder comentar no fórum, mas finalmente essa semana voltei a jogar e eu realmente PRECISAVA deixar esse recado e declaração aqui.  Tenko, eu simplismente ADORO sua fanfic, passei minhas férias de julho(do ano passado ainda) colado aqui, lendo o antigo tópico, página por página, com todas as fofocas e discussões, aquele barraco todo. Depois que você mudou para o fórum prontera eu entrava TODA semana para saber por novidades e nada...Esse ano voltei a reler sua fic e fiquei animadíssimo com suas intenções de voltar a escrevê-la (e é uma pena que não tenha feito isso ainda, mas cada um tem suas obrigações, é compreensível!).  Só gostaria que você soubesse que é minha Diva. *---------*  Sério... Depois que comecei a ler a sua e a fanfic da Momo eu melhorei muito a minha narrativa, você é com certeza é meu esterco, só você consegue me deixar com a imaginação fértil!! XD *se mata pelo trocadilho idiota*   Estou escrevendo isso mesmo sem saber se você lerá... Mas... Mesmo assim, vale a tentativa. Muito obrigado por nos compartilhar sua incrível história. Espero novidades, obrigado!

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  CAPÍTULO 19 - VERDE E ESCARLATE  

 

 

 

 

Tenko abriu os

olhos subitamente. Ergueu-se na cama, ofegante. Havia acabado de sair de um

pesadelo. O mesmo pesadelo que a atormentava todas as noites nas últimas

semanas.

 

 

“Pesadelo?”,

pensou a assassina, deitando-se novamente e puxando as cobertas até o queixo.

Poderiam ser considerados pesadelos aqueles sonhos que a atormentavam há meses?

Começou como um único sonho. Um sonho que a fez acordar no meio da noite, com o

corpo encharcado de suor. Algum tempo depois, ele se repetiu. E de novo. E de

novo, e de novo, e de novo, até Tenko se deitar toda noite com a certeza de

sonhar a mesma coisa.

 

 

“Mas

poderiam ser considerados pesadelos?”, perguntava-se a assassina. Poderia

considerá-los pesadelos, se em seu íntimo ela os desejava ardentemente? Se

quando acordava no meio da madrugada, com o coração disparado e a respiração

corrida, tentava relembrar cada segundo de seus sonhos, saboreando-os

lentamente antes que seu cérebro desperto os anuviasse? Ah, deliciosos

pesadelos! Eles escancaravam para Tenko os seus pensamentos mais profundos e

proibidos. Aqueles em que ela não ousava tocar enquanto estava acordada.

Desejos que ela negava para si mesma, enquanto esperava a noite cair, ansiosa

para se deitar e saborear um pouco das terríveis e maravilhosas visões que ela

tanto repudiava. Ah, doce tormento!

 

 

Fechou os olhos, mas não

tinha mais sono. O sonho havia sido particularmente nítido esta noite. Suspirou

longamente e virou-se para o lado. Sentia calor. Abaixou as cobertas até os

quadris e permaneceu deitada, contemplando a Lua cheia emoldurada na janela.

 

 

- Tenko... você está

acordada?

 

 

De repente, Tenko se

lembrou de Freya, que dormia ao seu lado. Já havia alguns meses que voltaram a dormir lado a lado. Seu movimento súbito a havia

acordado. A sacerdotisa estava às suas costas, então resolveu fingir que estava

dormindo e ignorar o chamado.

 

 

- Eu sei que você está

acordada! Não me ignore!

 

 

Tenko ignorou. Freya

passou um braço por sua cintura. A assassina não deu importância e voltou a seu

estado contemplativo. Permaneceu assim por algum tempo. Freya parecia ter

voltado a dormir, e Tenko resolveu fazer o mesmo. Mas assim que fechou os

olhos, sentiu a mão da sacerdotisa deslizar para um de seus seios,

acariciando-o. A assassina se sentiu incomodada e sacudiu os ombros

nervosamente. Freya deslizou a mão para o ventre rijo da namorada, afagando com

as pontas dos dedos cada uma das numerosas cicatrizes no abdome da assassina.

Tenko se sentiu ainda mais incomodada. As carícias de Freya faziam as imagens

do sonho se dissiparem mais rápido. A sacerdotisa afagava lentamente a leve

penugem prateada de seu abdome, e quando esta ousou deslizar a mão para baixo

das cobertas, Tenko a agarrou pelo pulso.

 

 

- Não.

 

 

- Porquê não? -,

perguntou Freya, com uma sombra de irritação na voz.

 

 

- Não estou com vontade.

-, respondeu a assassina, sentando-se na cama. Freya sentou-se também e abraçou

Tenko com força, roçando seu corpo contra o da assassina e mordiscando sua

orelha. Tenko sentiu nojo. Levantou-se bruscamente, jogando a sacerdotisa para

trás.

 

 

- Freya, eu disse NÃO! -,

grunhiu rispidamente a assassina. Freya ainda tentou retrucar, chorosa:

 

 

- Você não me ama mais,

não é?

 

 

Era um melodrama barato e

Tenko sabia disso. No entanto, era verdade. Já havia algum tempo que aquilo era

verdadeiro. A traição havia envenenado seu amor por Freya. Ele havia agonizado

por meses, e agora estava morto. Os beijos da sacerdotisa a enojavam. Seu toque

era repulsivo. No entanto, Tenko não tinha coragem de admitir este fato para si

mesma.

 

 

“Covarde!”, insultou-se a

assassina, enquanto seus lábios murmuravam uma resposta:

 

 

- O que você acha?

 

 

Uma resposta ambígua.

Tenko era praticamente incapaz de mentir. Sua infância entre cavaleiros havia

lhe rendido essa característica, peculiar para uma assassina. Mas Freya

aparentemente ficou satisfeita com a resposta. Deitou-se, deu as costas para

Tenko e puxou as cobertas para cima da cabeça.

 

 

Tenko contemplou a Lua

outra vez. O enorme disco prateado estava exatamente no centro da janela,

descendo em direção ao horizonte, o que indicava que logo a manhã chegaria.

Suspirou outra vez. Sentia-se completamente perdida quando havia deitado na

cama na noite passada, nos braços de Freya Dellan. Mas agora algo havia

despertado dentro dela. Não sabia se a causa era aquele sonho tão nítido, a

brisa da noite ou aquele luar tão brilhante. Talvez fosse a súbita percepção de

que sua postura era covarde e desprezível. Tenko Kitsune estava ereta no meio

do quarto da estalagem, o luar banhando seu corpo. Baixou os olhos e observou

cuidadosamente cada centímetro dele. A pele clara refletia a luz prateada que vinha

da janela. Alongou os braços e as pernas, moveu os dedos, assistindo aos

movimentos suaves de seus músculos e tendões. Vislumbrou sua sombra esguia e

imponente. Mas, acima de tudo, observou cuidadosamente cada uma de suas

inúmeras cicatrizes. Cada uma com uma história. Um longo traço diagonal em sua

coxa direita, feito pelo machado de um Orc. Linhas finas em seu braço esquerdo,

pelos Esqueletos Soldados da Caverna de Payon. Punhaladas e cortes em seu

ventre, arranhões e mordidas em suas costas, marcas espalhadas todo seu corpo.

Marcas indeléveis, eternas, para que Tenko Kitsune jamais se esquecesse de quem

era. Uma assassina.

 

 

- Sou uma assassina.

Filha de Loki e do deserto. As sombras são meu refúgio. A morte é minha

companheira. A solidão é meu destino.

 

 

Murmurou Tenko, seu

sussurro se confundindo com a brisa noturna. Andou até a cadeira onde estava

seu equipamento. Sentou-se com as pernas cruzadas e tomou nas mãos uma longa

faixa de tecido. Cerimoniosamente começou a enfaixar o peito. Apertava mais que

o de costume, comprimindo os seios o mais que podia suportar. A cada puxão que

dava na faixa, sussurrava outra vez seu juramento.

 

 

“...as sombras são meu

refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.”

 

 

O destino de um assassino

é a solidão. Seu caminho é banhado em sangue. Um assassino não tem direito a uma vida

tranqüila. É o preço de se ter a morte como companheira. Como ela pode imaginar

que teria direito a um amor tranqüilo e uma vida pacífica ao lado de uma

mulher?

 

 

- Uma mulher!

 

 

A realidade desabou

subitamente sobre a cabeça de Tenko. Olhos fixos no busto enfaixado, ela se deu

conta de sua situação pela primeira vez. Ela era uma mulher que desejava outras

mulheres! Em algumas guildas, isso seria motivo de expulsão. Felizmente a

Guilda dos Assassinos não se importava com o gênero ou os desejos sexuais de

seus membros, contanto que eles fossem capazes de manejar armas. Lembrava-se de

sua infância, de ouvir os soldados e damas do castelo cochichando insultos e

rindo, falando sobre certa criada do castelo que fugiu para morar com uma bruxa

de Geffen. Lembrava-se do desprezo com que se referiam a elas. Desprezo e uma

ponta de temor. Afinal, as pessoas têm medo do que é diferente.

 

 

Tenko era três vezes

desprezada e três vezes temida. A primeira por amar mulheres, apesar de

pouquíssimas pessoas saberem deste fato. Pensando bem, nem mesmo Kuroi e Sethit

sabiam ao certo. Tenko nunca se deu ao trabalho de explicar.

 

 

A segunda por ser uma

assassina. Era temida e desprezada até mesmo entre os seus, por ser mais brutal

que a média. Tenko desconfiava que houvesse uma ponta de inveja também, por sua

eficiência em lutas e seu talento natural para o uso de do katar.

 

 

E finalmente, Tenko

Kitsune era desprezada e temida pela sua pele clara que nunca se queimava mesmo

sob o sol mais forte, pela sua voz gutural, e principalmente, pelos seus

ferozes olhos cor-de-sangue. As imponentes íris de tom escarlate já eram sua

masca registrada. Essa era a característica mais impactante de sua aparência. A

mais assustadora, talvez. Raros eram aqueles que podiam sustentar seu olhar. Em

suma, Tenko era diferente. Ela tinha plena consciência deste fato agora.

 

 

Cuidadosamente, vestiu

sua fina cota de malha, por cima dela, os trajes escuros e justos de sua

profissão. Calçou as botas de sola acolchoada e as luvas resistentes. Enfaixou

o ventre, os pulsos e tornozelos. Enfaixou também o pescoço e a parte superior

do torso, e ajustou as placas metálicas que protegiam seus ombros orgulhosos.

Colocou na cabeça a tiara com pequenos chifres pontiagudos. Por fim prendeu na

cintura a pequena bolsa de couro em que carregava seus venenos, enfiou algumas

facas de arremesso nas botas e prendeu nas coxas as tiras de couro que

seguravam as bainhas de suas preciosas jurs. Com um movimento rápido, desembainhou

as lâminas, cortando o ar à sua frente com a mão direita e perfurando com a

esquerda. O luar incidiu por um momento sobre as lâminas finas do katar de

Tenko, e a assassina viu nesse segundo seu próprio rosto refletido no metal.

Viu de relance as íris escarlates na face pálida. Seu rosto não tinha

cicatrizes. Era a única parte do seu corpo que não as tinha, pois apenas um

inimigo formidável é capaz de marcar o rosto de um assassino. Refletiu sobre

isto por alguns poucos segundos e guardou as armas nas bainhas. Pegou a velha

capa cinzenta na cadeira e jogou sobre os ombros. Largou um punhado de zeny em

cima de seu travesseiro e deixou a estalagem silenciosamente, em direção à

madrugada fria.

 

 

“...as sombras são meu

refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.”

 

 

Andou despreocupada até o

cais vazio e escuro. A maioria das pessoas evitaria a área dos portos no meio

da madrugada, por medo de assaltantes e marinheiros bêbados. Não Tenko. Um

gatuno chegou a se aproximar dela, mas Tenko simplesmente puxou a jur alguns

centímetros para fora da bainha, deixando a lâmina refletir o luar, e não foi

mais importunada pelo resto da noite.

 

 

Em meio à noite, com

apenas a Lua e as estrelas como espectadoras, Tenko Kitsune desembainhou suas

jurs e desferiu uma série de golpes contra o ar. Seus movimentos eram precisos

e velozes, atingindo os pontos vitais de inimigos imaginários. Perfurar o

coração e cortar a garganta. Perfurar os pulmões e cortar a coluna. Perfurar,

cortar, perfurar, cortar, perfurar, cortar... Movimentos calculados,

imprevisíveis e indefensáveis. Era a técnica ambidestra do assassino. Perfurar,

e no segundo em que o inimigo estava paralisado pela dor, cortar. E esquivar do

próximo ataque. Perfurar, cortar, esquivar. Uma vez que o inimigo é pego em uma

seqüência de golpes, raramente ele escapa. Assassinos são piedosos, jamais

deixam seus inimigos aleijados ou inválidos, para sofrer pelo resto da vida.

Simplesmente encurtam sua estadia em Midgard. Afinal, não é o sonho de todo guerreiro

ir para o Valhalla?

 

 

E o Sol da manhã

encontrou uma jovem assassina exausta, sentada no cais, de olhos fixos nas

ondas do mar. Ela havia exorcizado suas dúvidas e expurgado sua covardia. Sabia

exatamente o que deveria fazer, não sabia por onde começar. Mas estava consciente

de que não poderia esconder para sempre aquilo que pesava em seu peito. Na

verdade, sentia-se prestes a vomitar as palavras. Quando sentiu uma presença

atrás de si.

 

 

É difícil explicar o modo

como Tenko percebia as coisas ao seu redor. Ainda jovem, percebeu que seus

sentidos eram naturalmente apurados. O treinamento de assassina contribuiu para

apurá-los ainda mais. Sua visão não era especialmente aguçada para distâncias,

como a de um caçador, mas era ampla. Nenhum movimento escapava de sua vista,

por menor que fosse. Nenhum ruído passava despercebido por sua audição fora do

comum, fato que chegava até a irritar Tenko às vezes, já que qualquer assovio

ou tamborilar de dedos fazia seus tímpanos vibrarem. Até mesmo seu olfato era

anormalmente apurado, a ponto da assassina encontrar a trilha de monstros pelo

cheiro. E havia ainda mais um, que nem mesmo Tenko conseguia compreender

totalmente. Ela tinha uma espécie de sensor de proximidade, algo que a avisava

da aproximação de outros corpos. Não sabia como funcionava, apenas sabia.

Imaginava que fosse alguma herança de sua mãe. Tenko era consciente de que

havia recebido dela algo além de macios cachos prateados e um par de olhos

vermelhos.

 

 

Assim, todos os sentidos

de Tenko acusaram ao mesmo tempo a presença de alguém se aproximando às suas

costas. Os passos eram de humano. Um humano que não se incomodava em ser

furtivo, então a assassina deduziu que não se tratava de uma tentativa de

ataque. Além disso, a pessoa exalava um odor de fumaça que lhe era familiar.

Mesmo assim, a assassina voltou-se na direção do visitante imediatamente, com a

mão esquerda apoiada na cintura e a direita descansando displicentemente sobre

a empunhadura da jur.

 

 

- É impossível te pegar

de surpresa, não é? -, disse a garota de olhos verde-esmeralda, que agora

sorria para Tenko. Tinha cabelos dourados e lisos, enfeitados com um par de

guizos dourados. O rosto era redondo e muito sardento.Vestia shorts de

tecido áspero e camisa branca. No pescoço tinha amarrado um lenço vermelho.

Usava luvas grossas de couro, e tatuado em seu braço direito estava o

inconfundível caule negro. A garota abriu um sorriso largo e abraçou com força

a cintura de Tenko. A assassina retribuiu passando um braço por seus ombros.

 

 

- Senti muito sua falta,

senhorita Tenko! -, disse Kuroi Yuri, esticando os pontos e ficando nas pontas

dos pés para alcançar o rosto da assassina. Beijou carinhosamente a bochecha de

Tenko, recuou alguns passos para trás e colocou s duas mãos na cintura.

Observou a assassina de cima a baixo.

 

 

- Você mudou! Está mais

alta, e parece mais forte também! E você cortou o cabelo?

 

 

- Eu corto de vez em quando. Costumo

deixar um pouco abaixo do ombro, mas acho que exagerei desta vez. -, respondeu

a assassina, puxando uma mecha prateada e avaliando seu comprimento. – De

qualquer jeito, é difícil cortar com a jur. As pontas sempre ficam estranhas.

 

 

Kuroi riu. Ainda era a

mesma Tenko de sempre. Não duvidava que a assassina depilasse as pernas com uma

faca de arremesso envenenada.

 

 

- Mas o que você faz

aqui, Kuroi? Você e seus familiares se reconciliaram?

 

 

- Ahhh, senti saudades de

casa! Saudades do cheiro do mar, da brisa, das gaivotas... Sabe, Tenko, quando

você nasce perto do mar, você não consegue viver em outro lugar. Eu gosto de

olhar para o horizonte e ver aquela imensidão azul. Gosto de Payon, mas me

sinto um pouco presa lá. A floresta esconde o horizonte. Então quando a Sethit

resolveu ir caçar em Kunlun, eu vim até aqui com ela. E acho que vou continuar

aqui por algum tempo!

 

 

A ferreira abriu um largo

sorriso e suspirou. Era bom estar em casa.

 

 

- Eeeeh, Tenko! Sethit

vem de Kunlun para Alberta toda semana para negociar os espólios das caçadas, e

hoje é dia! Vem almoçar com a gente? -, disse Kuroi, sacudindo as longas

madeixas douradas. Tenko levantou uma sobrancelha, pensativa. Talvez fosse bom

jogar um pouco de conversa fora. Se distrair e esquecer seus problemas, beber

um pouco de chá em companhia de suas amigas. Há quanto tempo não fazia isso?

Ultimamente andava sozinha na maioria do tempo. Aceitou.

 

 

E de repente a vida

pareceu um pouco mais tranqüila. Kuroi havia alugado uma casa pequena na parte

norte da cidade e lá havia instalado sua forja. Pedaços de metal, pedras e

minérios se amontoavam nos cantos. Havia algumas lâminas recém-forjadas em cima

de uma mesa, esperando os toques finais. Alguns pedaços de couro enrolados em

um canto da mesa dividiam espaço com ferramentas de entalhe e uma bainha feita

pela metade. Kuroi era mais que uma simples ferreira, era uma artesã talentosa.

E também uma cozinheira exemplar.

 

 

Talvez fosse isso que

fizesse Tenko se sentir tão confortável naquele ambiente. Os talentos óbvios

não eram importantes em uma reunião de amigos como aquela, o que deixava espaço

para as habilidades ocultas florescerem. Podia-se ouvir Kuroi Yuri cantarolando

alegremente na cozinha enquanto um aroma sedutor emanava das panelas. De tempos

em tempos a ferreira aparecia na porta para checar sua visitantes, graciosa com

um avental na cintura, o lenço vermelho na cabeça, os cabelos dourados

amarrados na nuca e empunhando uma colher de pau.

 

 

Sethit não havia mudado

muito desde a última vez que Tenko a havia visto. Estava mais esguia, e suas

mãos estavam mais ásperas e calejadas. Começava a colecionar algumas pequenas

cicatrizes nas pernas. Mas continuava a mesma garota tímida e reservada que

Tenko havia conhecido em Geffen há tanto tempo. Tinha os mesmos olhos doces. A

caçadora estava sentada em um canto da sala, com as pernas elegantemente

cruzadas. Seu falcão de caça, Horus, havia atingido seu tamanho adulto e sua

aparência era imponente. O pássaro estava pousado no ombro da companheira,

ouvindo atentamente a melodia suave que Sethit tirava de uma pequena flauta de

madeira. Era um som delicado, que evocava imagens de florestas milenares e

criaturas fantásticas.

 

 

Tenko Kitsune também

tinha seus talentos ocultos. Era uma visão peculiar, até bela talvez, a

assassina rude empunhando um pequeno pedaço de carvão com as mãos calejadas de

manejar armas e desenhando no verso de um velho pergaminho que continha algum pedido

de forja. Traçava as linhas com cuidado, totalmente absorta na tarefa. De

quando em quando esfumaçava alguma parte do desenho com as pontas dos dedos, e

este ato era quase uma carícia. Tamanha era a concentração de Tenko que não

percebeu Kuroi Yuri às suas costas, carregando uma travessa.

 

 

- Desenhando o quê,

senhorita Tenko?

 

 

A assassina saltou como

se tivesse levado um choque, e rapidamente esfregou a palma da mão sobre o

pergaminho, transformando o desenho em um borrão acinzentado.

 

 

- Ehhh, abaixando a

guarda, Tenko? – disse a ferreira, piscando um olho. – Não se preocupe, não vou

fuçar nos seus pensamentos proibidos!

 

 

O rosto de Tenko corou

fortemente, e ela cruzou os braços e amassou o papel entre os dedos, nervosa.

Esticou o lábio inferior e bufou. A melodia da flauta foi interrompida por um

apito desafinado, denunciando a risada que Sethit havia tentado esconder. A

assassina voltou um olhar feroz para Sethit, enquanto limpava na coxa a mão

suja de carvão. Kuroi pousou a travessa na mesa e a fome terminou a discussão.

 

 

Era comum comer peixe em Alberta. Sendo uma

cidade portuária, Alberta recebia navios carregados de iguarias exóticas das

terras mais distantes. Mas o alimento mais barato, acessível para a população

de baixa renda e para aventureiros com dinheiro contado, era o peixe, trazido

toda manhã por um número de pescadores que rondavam o porto e a área próxima à

costa. Tenko já estava ficando farta de comer peixe todo dia e começando a

sentir saudades dos pássaros e roedores do campo assados no espeto, mas Kuroi

era uma cozinheira fora do comum. O peixe estava saboroso, e o chá também.

Tenko gostava de chá. Não conhecia essa variedade que a ferreira havia servido.

Perguntou:

 

 

- É uma erva que não

existe por aqui. Veio de Amatsu, negociei com uns marinheiros conhecidos meus,

como parte do pagamento de uma forja. -, respondeu a ferreira. Foi a deixa para

a jovem loura começar a falar, coisa que muito apreciava.

 

 

- Diga, Sethit, que tipo

de flauta é essa? Nunca vi uma flauta assim, e nem sabia que você tocava tão

bem!

 

 

A caçadora sorriu

timidamente. – É uma antiga flauta élfica, está na família há muito tempo. Meus

ancestrais trouxeram para Payon quando fugiram da guerra em Geffenia. Minha

mãe me ensinou a tocar. Ela tocava violino enquanto eu tocava a flauta. Tocava

muito bem. Ela dizia que na antiga Geffenia ela seria uma barda, mas em Midgard

são mal-vistas as mulheres que tocam violino e contam piadas. É uma pena, ela

teria sido uma ótima barda.

 

 

- Você é meio-elfa,

Sethit? -, perguntou a assassina, com o garfo pendurado na boca. Sethit negou

com a cabeça. – Não meio-elfa. Não existem mais elfos puros hoje em dia, e nem

meio-elfos. Sou uma descendente distante. Acho que grande parte da população de

Payon e Geffen tem algum sangue elfo, já que os que sobreviveram à guerra de

Geffenia acabaram se misturando com os humanos.

 

 

- Me disseram que talvez

eu possa ter um ancestral anão -, disse Kuroi, sem esconder uma ponta de

orgulho. – Isso explica minha imensa habilidade de forja!

 

 

- E a sua altura também

-, brincou Tenko, as palavras ecoando dentro da xícara. Kuroi levantou e olhou

feio para a assassina, do alto de seus cento e cinqüenta centímetros. – Olha

quem está emburrada agora! -, riu Sethit, oferecendo pequenos pedaços de peixe

a Horus. O falcão recusou, um tanto ofendido, e saiu voando pela janela em

busca de algo de sangue quente para comer. Kuroi sentou-se outra vez, ainda

olhando feio para a assassina. Tenko sorriu, e a ferreira não conseguiu mais

segurar a carranca, que se desfez no largo sorriso habitual.

 

 

- E você, Tenko? De onde

vieram esses olhos vermelhos? -, perguntou Kuroi.

 

 

- Já vi alguns pares de

olhos vermelhos em minhas caçadas -, comentou Sethit – mas costumam ser

resultado de magia, ou então só ficam dessa cor quando seu dono está nervoso ou

irritado. Olhos vermelhos de nascença, e permanentes, isso eu nunca vi.

 

 

- Minha mãe tinha olhos

assim -, disse Tenko, após pensar por um segundo. – Mas eu não cheguei a

conhecê-la muito bem. Ela foi embora enquanto eu ainda era muito jovem. É

estranho até, meu irmão não tem olhos vermelhos. Os dele são castanhos, como os

de meu pai. Só eu que nasci com eles.

 

 

“E este deve ser o motivo

pelo qual minha mãe e aquele odioso Primus estão atrás de mim”, pensou a

assassina, mas não o disse em voz alta.

 

 

A comida ia sumindo da

travessa, enquanto as três amigas conversavam sobre diversos temas amenos. Como

não poderia deixar de ser, o assunto foi parar em namoros e paixões. Afinal,

quando se trata da conversa entre três mulheres jovens, raramente este assunto

deixa de ser tocado.

 

 

- Então Sethit, já

encontrou seu galante caçador das florestas? -, provocou Tenko, sorrindo.

 

 

- Ahhh, Tenko, você sabe

que o único amor dela é o Horus! -, Retrucou Kuroi imediatamente. Sethit riu e

confirmou sacudindo a cabeça. – Exato! Horus é o homem da minha vida! -,

proferiu a caçadora, sorrindo docemente. – E você, Tenko? Como estão as coisas

com a Freya?

 

 

Tenko arregalou os olhos

e deixou a boca levemente entreaberta. Sentiu uma onda gelada descer pela sua

espinha. – Como vocês sabem? -, guinchou a assassina, com um certo desespero na

voz. Kuroi começou a gargalhar. Ela tinha esse hábito de começar a rir

convulsivamente quando a implacável Tenko Kitsune demonstrava sinais de

nervosismo. Era irritante. Mas a assassina sabia que ela não fazia por mal.

 

 

- Tenko, sempre foi

óbvio! Você olhava para a Freya e perdia toda essa sua pose de assassina

durona! -, disse a ferreira, segurando o abdome dolorido. – Mas não se

preocupe, apesar da minha família abominar esse tipo de coisa, eu acho a

relação de vocês muito bonita. O amor pra mim é sempre maravilhoso!

 

 

- Na sociedade da antiga

Geffenia o amor entre dois homens ou duas mulheres era tão válido e respeitado

quanto o amor entre um homem e uma mulher -, completou Sethit. – Eu fui criada

de acordo com esse conceito. Tenko, você tem todo o nosso apoio! Francamente,

você devia ter contado para nós! Somos suas amigas!

 

 

Tenko desabou sobre a

mesa, bufando. Aquele dia estava sendo extremamente confuso. Kuroi recomeçou a

rir. Sethit acariciou gentilmente os cabelos da assassina, que grunhiu algo

incompreensível e se sentou ereta na cadeira, cruzando as pernas e agarrando os

tornozelos. Abaixou a cabeça e resmungou.

 

 

- Eu e a Freya? Não está

dando certo. Não quero falar nisso.

 

 

Sethit e Kuroi se calaram

por um instante. Olharam uma para a outra, sem saber muito o que dizer. Por

fim, Kuroi Yuri tocou de leve o rosto da assassina e sussurrou em seu ouvido:

 

 

- O que importa,

senhorita Tenko, é a sua felicidade. Você tem que correr atrás dela.

 

 

Sethit voltou a mergulhar

os dedos na juba prateada da amiga, e disse apenas “faça o que achar correto”.

Tenko se manteve silenciosa. Seus pensamentos estavam confusos. Ela temia os

sentimentos proibidos que a invadiam. Ao mesmo tempo, os alimentava com sonhos

e devaneios. “Faça o que achar correto”, havia dito a caçadora. Tenko não tinha

certeza do que era correto. Sabia o que desejava, apenas isso. Ao mesmo tempo,

o juramento do assassino reverberava em sua mente.

 

 

“...as sombras são meu

refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.”

 

 

- E você Kuroi? Conte

sobre suas paixões secretas! -, disse Sethit, tentando quebrar a tensão do

ambiente. A ferreira fechou a cara.

 

 

- Não tenho paixões

secretas!

 

 

- Então para que você

foge para a floresta quando pensa que ninguém está olhando? Não creio que você

tenha clientes de forja lá! Pode contar, Kuroi, estamos entre amigos! É aquela

amazona com a capa de penas, que de vez em quando te visita? Eu percebi que

você fica bastante alterada na presença daquela dama!

 

 

A ferreira corou violentamente.

– O quê? Lady Brynhildr! Claro que não! Somos só amigas! Eu não sou

desse jeito! Quer dizer, nada contra, Tenko! Mas... não! Eu não tenho paixões

secretas, eu vou na floresta procurar cogumelos! Todo mundo sabe que às vezes

os cogumelos crescem em cima de veios de Sangue Escarlate! É, é isso, eu vou

procurar cogumelos na floresta! -, grasnou Kuroi, atropelando as palavras.

Sethit sorriu maliciosamente e cantarolou “quem é o seu amante secreto” em um

tom provocativo. Kuroi disse rapidamente algo que soou como

“euvoubuscarasobremesalánacozinha”. Tenko se levantou bruscamente.

 

 

- Pra mim não, Kuroi.

Estou de saída.

 

 

- Onde você vai? -,

perguntou Sethit.

 

 

- Fazer o que acho

correto.

 

 

Jogou a capa no ombro e

desapareceu rapidamente.

 

 

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Freya

Dellan gostava de passar a tarde na companhia de um grupo de cavaleiros que

costumavam sentar na praça central de Alberta e discutir suas batalhas e seus

feitos heróicos. Eram todos vassalos de clãs que participavam da Guerra do

Emperium e membros de uma mesma aliança. Podia-se ver isso pelos emblemas

pintados em seus escudos e bordados em suas capas. Freya considerava aqueles

homens divertidos e gostava de se manter perto deles. Além disso, tinha um

interesse especial por feitos heróicos. Especialmente aqueles que traziam

riqueza e poder. Foi com uma ponta de irritação que a sacerdotisa atendeu ao

chamado de Tenko, que havia aparecido subitamente no meio da reunião e pedia

uma conversa particular.

 

 

-

O que houve, Tenko?

 

 

A

assassina não respondeu. As duas haviam se sentado no cais, perto do ponto onde

o barqueiro que fazia a travessia para a Ilha das Tartarugas. Tenko gostava

daquele lugar. A brisa marinha acariciava seu rosto, e contemplar o horizonte

vasto a acalmava. Ela havia desenvolvido uma ligação emocional com aquele cais,

e com a Ilha das Tartarugas.

 

 

-

O que aconteceu, Tenko? -, rosnou Freya, a irritação na voz aumentando.

 

 

-

Freya, eu acho que nosso namoro não está mais dando certo.

 

 

Freya

congelou. Tenko mirou o rosto da sacerdotisa por alguns segundos. Viu a

expressão atordoada em seus olhos castanho-esverdeados. Desviou o olhar.

 

 

-

Mas porque, Tenko? O que eu fiz de errado? Eu posso mudar, eu juro! Eu vou

corrigir, o que quer que seja! Eu vou...

 

 

-

Não, Freya! -, interrompeu a assassina. – Você... você me traiu! Você não se

importa mais comigo, se é que um dia se importou!

 

 

-

Eu amo você!

 

 

-

Se me ama, porque me traiu?

 

 

Freya

silenciou. Tenko a atingiu mais uma vez.

 

 

-

Sua traição matou a maior parte do que tinha sobrado do meu amor por você. O resto você matou

com seu descaso. Do que adianta nós continuarmos juntas desse jeito? Não quero

mais ser usada por você!

 

 

Freya

concordou com a cabeça. Lágrimas escorriam lentamente por suas faces. E se fez

um longo silêncio, as duas observando as ondas. Tenko pensando em um modo suave

de proferir as próximas palavras. Ela era uma assassina rude, e não sabia ser

delicada. Mas fazia o melhor possível para não ferir os sentimentos de Freya.

Não mais que o necessário.

 

 

-

Tem mais uma coisa...

 

 

Freya

levantou os olhos e fitou o rosto da assassina. Tenko continuou olhando para as

ondas.

 

 

-

Tem mais um motivo...

 

 

-

Não diga. Eu já sei. Eu não sou cega, Tenko.

 

 

A

assassina voltou o rosto e encarou Freya de frente.

 

 

-

Você está apaixonada pela Nhyx, não está?

 

 

Tenko

mordeu os lábios com força. Fechou os olhos e suspirou. Lentamente moveu a

cabeça para cima e para baixo, afirmativamente. Era um alívio admitir. Um

alívio um pouco doloroso, mas ainda um alívio.

 

 

-

Eu sabia! Eu sabia! -, gritou Freya, explodindo em lágrimas. – Eu sempre notei

o jeito que você olha pra ela! Desde quando você se sente assim?

 

 

-

Desde que eu olhei para ela com atenção... Para aqueles olhos verdes...

 

 

-

Ela também tem uma queda por você.

 

 

A

assassina sacudiu a cabeça, negando.

 

 

-

Tem sim! -, insistiu Freya. – Você não percebe o jeito com que ela olha

pra você?

 

 

Tenko

Kitsune tentou não sorrir. Tentou com todas as suas forças, mas não pôde

evitar.

 

 

-

Eu te desejo sorte, Tenko. Eu não vou chorar. Você está certa, eu não te tratei

bem. Espero sinceramente que de certo com a Nhyx! -, disse a sacerdotisa,

secando as lágrimas no punho da batina. Tenko acariciou gentilmente a face de

Freya com as pontas dos dedos, ajudando a secar algumas lágrimas. Freya a

abraçou com força.

 

 

- Te desejo sorte também,

Freya. No que quer que seja.

 

 

- Vou voltar para a minha

reunião agora. Se precisar de qualquer ajuda, me chame!

 

 

Rapidamente invocou magia

divina para aumentar sua velocidade e correu em direção à praça.

 

 

Tenko continuou sentada,

fitando o horizonte. Vislumbrou ao longe um ponto branco em meio ao azul

profundo do mar. O barqueiro da Ilha das Tartarugas. Era bom que ele estivesse

vindo. Tenko sentiu que precisava de um pouco de exercício físico para limpar a

mente. Puxou um punhado de moedas da bolsa e separou dez mil zeny na palma da

mão.

 

 

E as tartarugas que

guardavam a ilha tiveram uma tarde bastante difícil.

 

 

----------------------------------------------------------------

 

 

O

Sol já mergulhava no horizonte quando Tenko voltava a Alberta. Suada,

enlameada, um pouco mais tranqüila. Mas toda a tranqüilidade que havia

conquistado com tanto esforço durante aquela tarde se evaporou em um instante

ao ver o que a esperava no cais.

 

 

Sentada

na borda de um dos degraus da escada de acesso ao barco, displicentemente, com

as pernas jogadas, estava uma ladina. Tinha um elmo metálico com duas asas

brancas pousado ao seu lado. Ela havia abaixado o casaco vermelho típico de sua

classe até o meio das costas, exibindo os ombros nus. Seu pescoço estava

erguido, o rosto exposto ao vento suave do fim da tarde. A boca larga, de

lábios rosados, esboçava um sorriso. Numerosas pintas marrons cobriam seus

ombros, peito e costas, e junto com seu porte ágil lhe davam uma aparência

felina. Havia uma adaga pendurada em seu cinto, e um broquel em suas costas,

com um emblema de algum clã pintado, semi-oculto pelas dobras do casaco. Em uma

das mãos segurava uma presilha de cabelo metálica. Seus cabelos jogados sobre

um dos ombros, lisos, longos e soltos, eram prateados e brilhavam como metal incandescente,

refletindo a luz do fim do dia. Os olhos estavam cerrados e se abriram quando

os tímpanos da ladina captaram o som do barco se aproximando. Eram de um

verde complexo, que dependendo da luz assumia tonalidades de azul, castanho ou

cinza. A ladina rapidamente fez contato visual com a assassina que

desembarcava. Sorriu amigavelmente.

 

 

Tenko sentiu o coração

acelerar. Não esperava encontrar Nhyx tão cedo. Fascinada, não conseguia tirar

os olhos da ladina sentada na borda do cais. Ela fez sinal para que se

aproximasse. Tenko atendeu imediatamente, sentando ao lado da ladina, mas

mantendo alguns palmos de distância. Raros eram estes momentos, em que Tenko se importava

em estar suada ou enlameada. Começaram a conversar amenidades. A assassina

prestava atenção na conversa apenas o suficiente para não deixar Nhyx falando

sozinha. Seus pensamentos voavam longe.

 

 

Agora que havia removido

todos os fardos de suas costas, seus sentimentos subiam por sua garganta,

ansiosos para escaparem em forma de palavras. Declarações. Com muito custo

Tenko conseguia reprimi-los. “Não posso fazer isso. Ela não me quer. Ela ama

aquela assassina de cabelos castanhos”, dizia Tenko para si mesma. Mas Nhyx não

havia mencionado mais de uma vez estar procurando um relacionamento para

esquecer este amor impossível? A visão da ladina ao seu lado turvava seu

raciocínio e atiçava seus instintos. Tenko lutava contra si mesma. Sentia um

ímpeto incontrolável de tomar Nhyx nos braços e beijá-la. A assassina a queria.

A desejava desesperadamente. Queria tocar Nhyx, amar Nhyx. Assim como em seus

sonhos. Nunca havia sentido nada igual. E as palavras continuavam lutando

ferozmente para escapar entre seus lábios. Tenko queria deixá-las sair. Queria

dizer tudo que estava sentindo, tudo que havia sentido e escondido por meses a

fio. Mas Nhyx não corresponderia seus sentimentos. Nhyx amava outra mulher, e

Tenko não sabia se seria capaz de suportar a rejeição. Não, manter-se calada

era crucial.

 

 

- Você não está prestando

muita atenção no que eu estou falando, não é Tenko? -, disse a ladina, sorrindo

gentilmente. – Estou te chateando?

 

 

- Nhyx... eu preciso te

contar uma coisa.

 

 

“Idiota!”, insultou-se a

assassina. Havia deixado escapar.

 

 

- O que houve, Tenko?

 

 

- Ah, nada... nada

importante!

 

 

- Não minta! Você parece

preocupada. Aconteceu alguma coisa?

 

 

Agora era tarde demais.

“Eu já pus tudo a perder”, pensou Tenko Kitsune. “Agora tenho que ir até o

fim”. Respirou profundamente, enchendo os pulmões com o ar salgado do porto.

 

 

- Terminei com a Freya.

Por, basicamente, dois motivos.

 

 

Nhyx levantou uma

sobrancelha, como que pedindo para que Tenko continuasse a falar. Tenko adorava

o jeito com que ela levantava a sobrancelha. Adorava tudo naquela ladina.

 

 

- O primeiro você sabe.

Eu te contei, as traições, o descaso... não estava agüentando mais.

 

 

- E o segundo?

 

 

- Estou apaixonada por

você -, disse a assassina rapidamente, e desviou o olhar. Seu rosto estava

escarlate. Olhou rapidamente para Nhyx, com o canto dos olhos. A ladina também

estava corada. Desviou o olhar novamente, e fez-se o silêncio por alguns

minutos que pareceram intermináveis.

 

 

- Eu já imaginava -,

disse a ladina após este intervalo. – Mas não sabia que você sentia tudo isso

por mim. Eu acho que você deve estar confundindo as coisas, Tenko.

 

 

A assassina fitou Nhyx

nos olhos. Suas íris vermelho-sangue transbordavam paixão. Devorava com seus

olhos os olhos verdes da ladina. Verde e escarlate se encontravam e se chocavam

violentamente. Aquele olhar já havia sido mais que suficiente como resposta,

mas mesmo assim Tenko Kitsune fez questão de responder com palavras.

 

 

- Não, não estou

confundindo. Eu te quero. Há meses. Não consigo parar de pensar em você por um

segundo. Nhyx, eu sei que você ama outra mulher. Mas você sempre disse que

precisava de alguém para esquecê-la...

 

 

- Não posso fazer isso

com você, Tenko! Eu não quero te machucar!

 

 

- Você não vai me

machucar.

 

 

- Não, não posso te usar

desse jeito. Não agora. Eu só te faria sofrer. Você acha que eu não te quero,

Tenko?

 

 

- Quer?

 

 

- Quero! Mas eu não estou

pronta para um relacionamento agora. Não posso usar alguém que me ama para

esquecer alguém que eu amo. Seria injusto com você. Se não der certo, você vai

se machucar, e eu não quero isso de jeito nenhum!

 

 

- Estou disposta a

arriscar, se você quiser...

 

 

Nhyx não respondeu. “Bom,

é isso. Falei demais”. Tenko sentia o peito doer. Não era uma questão de

orgulho. Não desta vez. Era algo mais profundo. Como ela havia sido idiota! Ela

sabia que o resultado seria este, não sabia? “Imbecil! Porque não controlei

minha maldita boca!”. Desolada, abraçou os joelhos e fitou o horizonte. Teve de

usar toda a força de vontade que lhe restava para impedir as lágrimas de

rolarem por sua face. Expurgou-as, deixando a assassina fria assumir o controle

de sua mente. Mas não conseguiu se manter assim por muito tempo. A dor era

maior que ela. Apenas permaneceu sentada, sobrancelhas erguidas em uma

expressão desolada. Assistiu ao pôr do Sol e viu a lua se erguer no céu. Não se

importava mais com a passagem do tempo. Continuava insultando-se mentalmente de

tempos e tempos.

 

 

Sentiu um toque suave em

seu rosto. Olhou para o lado e viu a face de Nhyx, banhada pelo luar. Os

olhares se encontraram outra vez. Verde e escarlate. Apenas por um segundo,

antes da ladina beijar delicadamente seus lábios. Tenko não resistiu e a

abraçou com força. Quis falar alguma coisa, mas não soube o que dizer. Nhyx

fitou seus olhos outra vez e sorriu.

 

 

- Eu quero!  

 

 

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você é com certeza é meu esterco, só você consegue me deixar com a imaginação fértil!! XD *se mata pelo trocadilho idiota*

uh...* corre pra longe pra não ser afetado pela explosão atômica de fúria assasina de uma mulher*

sério, agora eu vou te dar um conselho: corra! corra, até seus pés virarem pudim,corraatéque seus pés quebrem, e então corra com os joelhos, mas corra!!!!! corrra mais rápido que o flash! mas corra!

...

sério trocadilho idiota até vai, mas um desse não, neh¬¬ mas só lembrando: volte tenko! to querendo saber como é que vcs vão pwna a sua mãe, pls!

e só pra não deixar dúvidas: it's tenko renard kitsune level over nine thousaaaaaaaaannnddd!!!1!( o seu poder de luta é de mais de oito mil)

ok,flow!

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Isso é sério? Não, espera, eu devo ter entendido errado. Você está mesmo se voluntariando como escudo humano da Tenko contra toda a armada flooder desse fórum? Se for isso mesmo, eu só tenho uma pergunta: O que diabos tu bebeu, parceiro??? Me fala que bebida foi essa, porque deve ser da boa, pra tu assinar um contrato de suicídio desses.

Em todo caso, vai ser legal. Ganhei uma vítima nova pra testar minhas armas (leia Histórias de um Mercenário muito louco pra entender o porquê da minha felicidade em você ser um alvo). Acho que vou me divertir muito...

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Por que você não enfiou a adaga no **** do cavaleiro?

A adaga estava no quarto. =3

 

OH NOES!!!

*Corre para o castelo e encontra o cavaleiro deitado no chão gemendo de dor*

(cabeça de Killua)

-Não seja por isto Tenko /mal

-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh- grita o cavaleiro ao sentir um objeto afiado perfurando uma parte do seu corpo que o filtro não me deixa dizer...

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Double post, Tenko Ó.ó ? Que feio, raposinha [/verg]

Minha fic favorita . Ela foi um dos motivos pelo qual eu quitei da votação p/ tutor \o/

Emocionante, quase nenhum erro e original (foge daquele típico bem vs. mal ou caos vs. ordem e protagonista bonzinho/modesto).

O jeito como a Tenko descreve é tão bom =3

Eu tremi de raiva quando a Freya (a personagem, porque a verdadeira nem conheço) traiu a Tenko >.

Sem falar do yuri [/o.o]

 

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Eu posso estar errada, mas se meus calculos estiverem certos a Tenko deve estar ocupada com TCC =P se for esse o caso eu entendo ela, mas está dificil amenizar minha ansiedade pelo próximo capitulo da minha fic favorita >.

 

comecei a escrever a minha fic, se quiserem ler enquanto esperam a Tenko aparecer, obviamente a minha não chega nem aos pés da dela mas quebra um galho pra distrair enquanto esperamos ela voltar...

http://sites.levelupgames.com.br/FORUM/RAGNAROK/forums/t/280157.aspx

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*Mãos tremendo, enquanto sente a excitação percorrer cada milímetro do corpo*

Finalmente!!! FINALMENTE!!! Aleluia, irmãos!!! O momento chegou. Estamos diante de uma obra sem precedentes, de proporções monumentais, e por que não dizer, épicas. O mundo visto através de olhos vermelhos, de autoria de Tenko Renard (eu devo querer morrer) Kitsune, voltou para nós! *chorando de emoção

Desculpem, mas eu estou muito emocionado. *chora ainda mais* (muito emocionado MESMO)

Espero que me perdoem pela minha reação, mas é uma imensa alegria para mim ver Tenko Kitsune escrevendo suas histórias nesse fórum de novo. Devo confessar que acredito estar sonhando agora. É que "O mundo visto através de olhos vermelhos" foi a primeira fic que eu li neste fórum, e a li inteira (ou até o capítulo onde ela disse que ia parar de escrever) em uma noite. Paguei um Corujão em uma lan-house só pra ler essa história o mais rápido possível. E agora ela está de volta. Esse é o dia mais feliz da minha vida (sujeito a alterações). Por favor Tenko, não demore. Escreva mais, pois tem vários fãs seus que a aguardam. Entre eles, um humilde (sádico, psicopata, sedento de sangue, e com vontade de cravar suas katares em carne humana, Orc, goblin ou de demais raças) Assassino, que a admira intensamente.

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 Aikiinjustiça!!! Eu nem sou flooder!! Flamer com certeza, mas não flooder! emotion-76.gif E com certeza eu sou a fã nº 1 da fic!!!! hihiihhihihihih  Eu fico enchendo a paciencia dela toda hora p/ escrever capitulos ineditos!!! Deixa só ele postar tudo q ela já escreveu, ai sim vou ficar no pé dela o tempo todo até ela acabar de escrever a historia inteira.
Você voltou pro fórum ou só está extremamente entediada?Volta, morzinho! *-*--------------------------------------------Ai ai... só tenho mais UM capítulo completo. Acho que vou postá-lo em breve. E aí vou ter que escrever. [/heh]
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