Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 CAPÍTULO 2 - DESONRA PARA SUA FAMÍLIA Logo que nasceu, Tenko teve tudo do bom e do melhor. Tinha servas, tinha bons vestidos de tecido fino, tinha mestres para ensiná-la a se portar como uma dama. Mas ela não se interessava por servas, nem por vestidos, e muito menos por aulas de postura, bordado e etiqueta. Quando tinha cinco anos, Tenko ganhou um irmão. Caifás era seu nome. Ele era troncudo e forte como o pai, tinha cabelos muito claros e olhos que puxavam mais para o castanho do pai que para o vermelho da mãe. Como todos os homens da família, Caifás foi treinado para ser um bravo cavaleiro. Mas o jovem Caifás tinha tanto interesse na cavalaria quanto Tenko em vestidos de seda. Ele brandia a espada como se fosse um pedaço de pau, não se dava bem com escudos grandes e definitivamente era incapaz de arriar e muito menos de montar um PecoPeco. Lucius se remoia de vergonha. Veladamente, os outros nobres se riam da desgraça do cavaleiro, com dois filhos tão fora do comum. Sua esposa também, a bela Irina, não parecia se importar se Tenko sentava de pernas abertas ou se Caifás caía do Peco. Mas a maior preocupação de Lucius, a que mais o incomodava intimamente, era não ter um bom guerreiro na família. Se o cavaleiro não fosse tão ligado às suas antiquadas tradições, se tivesse prestado mais atenção, talvez o final dessa história fosse outro. Mas Lucius era antiquado e retrógrado, e não chegou a perceber que o sangue guerreiro da família não estava no filho. Estava na filha. Aos 10 anos Tenko afanou de um dos guardas do palácio a chave do baú de armas do castelo. O guarda estava bêbado, mas mesmo que não estivesse, Tenko era silenciosa e tinha mãos leves. Desde então, todas as noites a garota abria silenciosamente o baú de armas, tirava uma de sua escolha e corria para a floresta. Tenko experimentou lanças ("pesadas e lentas demais para meu gosto"), espadas de duas mãos ("difíceis de controlar"), machados (l"entos e grosseiros, não gostei"), espadas de uma mão ("estas são boas, mas um pouco lentas"), e por ultimo descobriu as adagas. Mais leves e fáceis de manusear que as espadas, as adagas eram as armas preferidas da filha de Lucius nos seus treinos proibidos. Tomou especial gosto por uma bela Main Gauche de cabo trabalhado e lâmina nove vezes reforçada com fracon. Não resistiu e tomou-a para si, escondendo a preciosa arma em uma gaveta do seu quarto. E assim os anos se passaram. Tenko estava cada vez mais forte, e estava se tornando esguia e suas curvas despontando. Seu rosto havia se tornado mais anguloso com a idade. Os sedosos e ondulados cabelos cor-de-luar ela mantinha sempre soltos, caindo sobre os ombros até o meio de suas costas. Os olhos se tornaram mais agudos e penetrantes. E ela havia se tornado um bom projeto de guerreira. Com uma diferença marcante em relação aos seus familiares: Tenko preferia a velocidade e a esquiva a suportar todos os golpes. Assim, também se tornou veloz, tanto para se desviar quanto para bater. Seu irmão por outro lado, apesar de estar se tornando forte e resistente, não mostrava aptidão nenhuma para a cavalaria. E Lucius, ainda cego pelas antigas tradições, não percebia o progresso da filha. E assim se passaram mais alguns anos. Começou com um cozinheiro. Ele foi visto andando descoordenadamente pelo castelo, murmurando coisas sem sentido. Ignorava as pessoas a sua volta, não respondia mais quando seu nome era chamado e seus olhos estavam sempre muito abertos e vidrados. Estava empalidecendo e emagrecendo a olhos vistos. Os melhores médicos de toda Rune-Midgard vieram ver o rapaz, mas não puderam descobrir qual era a razão de sua estranha condição. Enquanto o cozinheiro era tratado pelos médicos, apareceu um jardineiro nas mesmas condições. E depois um copeiro, e um tratador de Pecos. Os quatro homens foram postos em quarentena para impedir contaminação, mas já era tarde. Logo os guardas também apresentavam sintomas da estranha doença. E quando os médicos concluíram que apenas homens eram afetados, uma arrumadeira apareceu jogada nas escadarias do castelo, babando e dizendo palavras desconexas. Os médicos corriam de um lado pro outro, atordoados, sem saber o que fazer. Tratamentos tradicionais para loucura não funcionavam. Tentaram tratamentos alternativos criados pelos sábios de Juno, mas nada adiantava. O cozinheiro faleceu durante a madrugada. Os empregados estavam todos em alvoroço, desesperados e com medo uns dos outros. Uma semana depois, o tratador de Pecos faleceu também. O caos tomou o palácio. Médicos corriam de um lado para o outro, empregados não queriam trabalhar com medo de contaminação, guardas se recusavam a ficar de sentinela com medo que o ar da noite os fizesse adoecer. No palácio inteiro parecia haver apenas três pessoas que não estavam em polvorosa: Reiko, Byakko e Lady Irina Renard. Os três riam a toa, despreocupados. Irina parecia a mais alegre de todos, andando despreocupada pelo palácio, sorrindo. Um mês depois, um dos médicos adoeceu também. Os restantes desistiram de tentar curar a doença e saíram do castelo o mais rápido que puderam. Lucius estava muito contrariado. As veias do seu pescoço pulsavam no esforço de encontrar uma solução para o problema. Depois de muito esforço mental, concluiu que se o problema não era de ordem física, era de ordem espiritual. Chamou dois especialistas no assunto. O primeiro era um sacerdote exorcista magro e com jeito sério. O outro era um monge espiritualista parrudo e mal humorado. Os dois trouxeram rosários, água benta, gemas azuis e outros artefatos do tipo. Logo que entraram no castelo, acusaram a presença de espíritos malignos, e a visão dos doentes só confirmou o pressentimento. Como guiados pelo faro, os dois exorcistas andavam pelo castelo procurando algo fora do comum. Abriam todas as portas, todos os armários e todas as gavetas, jogando roupas pelo chão, desarrumando camas, em suma, fazendo uma tremenda bagunça. De tempos em tempos o sacerdote supunha que o fogão da cozinha ou o tapete da sala estavam possuídos, e começava a invocar magias divinas enlouquecido, terminando com um teatral Magnus Exorcismus em cima do pobre tapete. Mas pior ainda era quando o monge pensava ter visto um quadro antigo mover os olhos, e disparava sem demora uma esfera espiritual em cima dele, abrindo um rombo na parede. Quando Lucius já estava vermelho de raiva e prestes a mandar os dois saírem da casa dele e nunca mais aparecerem, o sacerdote disse sentir uma forte presença demoníaca atrás de uma porta. Ele se aproximou da porta em questão, acompanhado pelo monge e por Lucius. Lentamente, silenciosamente, forçou a maçaneta. Estava trancada. Acenou com a cabeça para o monge, que socou a porta com força. Nenhum dano causado. A porta estava selada. Resolveram tomar medidas drásticas. O sacerdote abençoou o monge, enquanto este invocava esferas espirituais. O berro de "PUNHO SUPREMO DE ASURA!!" ecoou no castelo inteiro. A porta caiu. Atrás dela, os três homens encontraram Irina. Na cama. Com um soldado. Antes do por do sol, Irina havia desaparecido do castelo. Não levou nenhum pertence. Reiko e Byakko também desapareceram do mesmo jeito. Não levaram Pecos nem deixaram pegadas que pudessem ser seguidas. Estranhamente, depois da partida dos três, não houve mais casos de doença no castelo dos Renard. --------------------------------------------------------------------------------- Affe, esse fórum estupra a formatação dos meus textos!Não tenham pudor de postar. Estou aqui para ouvir as críticas e responder às perguntas. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Pdrk Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Eu não sei qual foi a parte mais estranha: o cidadão chamar o cachorro de Luiginaldo, fazer um flogão pro cachorro, ou eu ter sido curioso o suficiente pra conferir se o flogão existia (e de fato existe). Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Fizban Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Como bruxo não me dou ao direito de ser tão inssistente, até porque nem com Agi 10 eu corro muito. Mas se nem com o "chamado" do Pdrk ela respondeu a coisa deve ser séria, e eu não quero estar por perto quando ela voltar aqui. Já ouviram o que se diz sobre a fúria de uma mulher? Imagine então uma que sabe usar katares. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Li Mu Bai Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 lol Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Kawako Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Você pode me colocar na fic, Tenko *-* ? Pode deixar meu personagem do jeito que quiser, só o fato de eu participar já me faz feliz =P Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
super gogeta Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 outro capítulo ótimo... parabéns, e me lembor dessa parte: é agora que as encrencas começam de verdade. só mais uma coisa: o peco da "amazona" tem o nome de sigfried, não seria aquele sigfried, heroí nordico que matou o dragão fafnir, reforjou notung a espada perfeita e libertou uma valquíria transformada em humana do sono encantado presa em uma torre cercada de fogo?? oquei, agora foi demais... a fic está ótimo tenko, gogogo mais capítulos! *super ansioso* flow! Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Pdrk Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 And here we go... Agora vai começar a confusão de verdade. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
super gogeta Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 lol alguém consegue pensar numa forma melhor de dizer " ei, estou floodando"? e alguém tem notícias da tenko?? flow. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 CAPÍTULO 12 - O TEMPLO ENVOLVIDO EM TEMPESTADES DE AREIA – PRIMEIRA PARTE Apenas uma leve brisa soprava naquela manhã em Payon. O céu estava limpo. “Um dia perfeito para treinar minha pontaria”, pensou Sethit Aintaurë quando saiu de casa bem cedo, levando ao ombro seu Gakkung cinco vezes refinado com Oridecon. Pernas levemente afastadas, olhos fixos no seu alvo: uma fina vara de salgueiro cravada no chão a uma certa distância, que ela tentaria fender ao meio com uma flechada. A brisa balançava suavemente as madeixas castanhas da arqueira, e produzia um leve zumbido quando fazia vibrar a corda do Gakkung. Horus, o falcão branco, observava em absoluto silêncio, pousado em um galho de uma árvore próxima. Sethit puxou uma flecha da sua alijava e a colocou no arco. Afastou mais as pernas, sem tirar os olhos da vara de salgueiro. Puxou a corda. Os músculos de seus braços se contraíram e saltaram, e era quase possível ouvi-los estalando. Ajustou a mira, em profunda concentração. A vara de salgueiro era tudo que os olhos cor de mel enxergavam agora. Soltou a flecha, que passou a poucos centímetros da vara de madeira. Horus piou em desaprovação. “Porque você não tenta atirar então, seu falcão bobo!”, exclamou a arqueira. Em resposta, a grande ave saiu do galho onde estava e veio pousar no antebraço de Sethit. A arqueira pousou o arco no chão e acariciou as penas da cabeça do animal por alguns momentos. “Vou tentar mais uma vez, Horus. Volte para a árvore, por favor”. O falcão alçou vôo, pousou no mesmo galho onde estava antes, e voltou seus olhos ambarinos para Sethit. A arqueira retomou sua concentração, puxou mais uma flecha e retesou os músculos outra vez. Fez a mira cuidadosamente. Dobrou o Gakkung até ele começar a ranger. Puxou a corda até onde era possível. “SETHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIT!!!” A flecha voou vários metros acima do alvo. Horus soltou um longo e descontente pio. Sethit virou-se para trás, tentando não demonstrar irritação. Deu de cara com Kuroi Yuri. A mercadora trajava ainda uma camisola, e seus cabelos dourados caíam em cachos desgrenhados sobre os ombros. Os pés descalços sujos de terra. Kuroi ofegava, e em suas mãos segurava um pedaço de pergaminho. “Sethit... Tenko... ela foi embora!” “Como?” A arqueira arregalou os olhos e correu até Kuroi, que lhe entregou o pergaminho. Sethit leu cuidadosamente. “Aquela gatuna insana! Ela vai morrer no deserto!”, bradou com raiva a filha dos Aintaurë. “Aquela Tenko é totalmente louca, mas lhe devo a vida. É meu dever procurá-la! Além disso, Freya parece gostar dela também...”. Sethit jogou o arco ao ombro. Botou dois dedos na boca e assoviou. Horus pousou em seu antebraço. “Se lembra da gatuna insana que conhecemos ontem, Horus? Pode encontrá-la?”. O falcão piou em resposta. “Então vá. Me avise caso veja qualquer sinal dela”. A ave alçou vôo, e logo desapareceu do campo de visão das duas jovens. “Vamos para casa, se vista e iremos atrás da sua amiga sem juízo. Gostaria de contar com a ajuda de Freya, mas ela saiu cedo hoje para resolver alguns assuntos na Catedral de Prontera. Terei de pedir a ajuda dos meus pais.” O campo de treinamento da arqueira ficava na floresta próxima à casa dos Aintaurë, e em poucos minutos as duas já haviam chegado. Os pais de Sethit, após as devidas explicações, forneceram suprimentos suficientes para a busca. Recomendaram também que um ou dois dos caçadores da família às acompanhassem, mas Sethit recusou. “Ela não deve estar muito longe, meu pai. Não é necessário mobilizar tanta gente. Voltaremos logo.” “Se é assim que deseja, assim será”, respondeu o caçador. “Mas mesmo curta, sua busca poderá ser difícil...” O velho Aintaurë se retirou por um momento e voltou com um arco nas mãos. Era um Gakkung, como o de Sethit, mas parecia muito mais antigo, e sua empunhadura estava envolta por bandagens desgastadas. “Parece apenas um arco velho. Mas com este arco você raramente errará uma flecha. Gakkung Ancestral Bi, é como é chamado, e há muito tempo passa das mãos de Aintaurë para Aintaurë. Leve-o com você, e que suas caçadas sejam sempre frutíferas, minha filha!” Sethit agradeceu e beijou o pai e a mãe. “Estaremos de volta em breve!”, disse ela ao sair de casa. Kuroi nada disse. Estava preocupada. ---------------------------------------------------------------------------------------------- Areia em suas vestes. Areia em sua boca. Areia em seu nariz. Areia em seus olhos. Areia por todo canto. “Devo estar chegando perto.”, pensou a gatuna. Andava com o nariz afundado na capa, mas isso não impedia a areia que o vento carregava de penetrar por todos os buracos possíveis. Não sabia há quanto tempo estava vagando no deserto. Não tinha idéia do caminho que devia tomar. Apenas uma vaga noção. Tenko Kitsune seguia as tempestades de areia. Tomava os caminhos onde o vento soprava mais forte. “Um templo envolvido por tempestades de areia. Se eu encontrar o lugar onde o vento é mais forte, chegarei aonde quero.” E convicta disso, ela andava sem parar, seguindo o vento. “Ei, gatuna! Você aí, de Sakkat! Gatunaaaaa, consegue me ouvir?” Tenko voltou-se na direção da voz, protegendo os olhos com a mão. Era um outro gatuno. Tinha longos e sedosos cabelos louros, presos no alto da cabeça por um rabo de cavalo. Usava uma espécie de tiara com um par de pequeninos chifres pontiagudos. Tinha bochechas coradas, e da sua boca pendia uma pequena flor vermelha. “Ei gatuna, quer me vender essas suas Jurs? Eu pago trezentos mil zeny nelas!” Além da Damascus, Tenko carregava na cintura o par de Jurs que havia ganhado de seu irmão. Elas batiam contra suas coxas enquanto ela andava e a lembravam de seu objetivo. Ser forte, vencer o exército de seu pai, vingar Shi no Toge! “Não quero vendê-las. Vou precisar delas quando for uma assassina.” O gatuno apontou o dedo grosseiramente para Tenko e caiu na risada. “Você? Assassina? Só posso rir! Olha só pra você, nesses trajes velhos e com esse Sakkat detonado na cabeça! Você não vai nem conseguir chegar no Templo, quanto mais passar no teste! Deixa de ser besta e me vende essa Jur e vai comprar pelo menos uma bota nova? Essa sua tá quase furando!” “Não” “Sua... sua pobre! Eu tenho pena de você! Mas tudo bem, eu posso comprar quantas Jurs eu quiser! Quando eu for o melhor assassino de Midgard eu te dou uma moedinha!” Tenko virou as costas e foi embora, seguindo o vento. Não podia desperdiçar energia com uma criaturinha tão desagradável. Como esse garotinho mimado foi acabar se tornando gatuno, ela não sabia. Não interessava mesmo. A Guilda dos Gatunos aceitava qualquer um, e ela esperava que a Guilda dos Assassinos fosse um pouco mais rígida. Deixou o gatuninho gritando sozinho, até que o barulho do vento cobriu sua voz. Estava cada vez mais forte. Sentia sede e estava cansada. Relembrava as cenas do começo de sua jornada como gatuna. Morroc, Shi, a forca, os soldados. A cada passo que dava, sua ira crescia. Queria vingança! Ela encontraria os soldados que enforcaram seu mestre e degolaria um a um com sua Jur! Mataram Shi no Toge, só porque ele era livre! Só porque ele era um ladino! “Hipócritas desgraçados! Como se não houvesse cavaleiros que fazem coisas piores ainda que os ladinos! Covardes! Vou acabar com eles!” Quantas horas já haviam se passado ela não sabia. Pela altura do sol já devia estar no meio da tarde. Sentia-se exausta. “Como sou estúpida! Mais uma vez me joguei no deserto sem saber pra onde ir!”. Mas dessa vez se recusava a voltar. Seu orgulho falava alto. Encontraria o Templo ou morreria tentando. De repente, Tenko parou, abismada. Não acreditava no que via. Os ventos carregados de areia convergiam todos para o mesmo ponto, em espirais. Em meio ao redemoinho, Tenko podia vislumbrar uma construção de pedra amarelada. Uma pirâmide? Não... ela podia ver escadarias. Uma torre? Muito baixa. Parecia mais... “Um templo!” Se Tenko confiasse em algum deus, ela se ajoelharia e rezaria nesse momento. Mas Tenko era bastante cética. Tranquilamente, ela começou a andar em direção ao redemoinho. Para sua surpresa, quando se aproximou das espirais de areia, os ventos se voltaram todos contra ela, empurrando-a violentamente e jogando-a ao chão. “Como? Ventos com vontade própria?”, pensou a gatuna. Levantou-se e tentou atravessar correndo a barreira. Quando pensou ter conseguido, foi engolfada pelas rajadas de areia e jogada de volta. Estava pronta para tentar uma terceira vez quando notou, ao seu lado, o gatuno que havia encontrado anteriormente, deitado no chão e rodeado de abutres. Seu rosto estava pálido e não havia mais flor em sua boca. A tiara com chifres semi-enterrada ao seu lado. Tenko sentiu um arrepio ao olhar para o gatuno. Quase toda a sua roupa havia sido brutalmente rasgada, e o corpo estava em carne viva. Alguma coisa havia esfolado aquele gatuno até a morte. Os abutres olhavam para ela gulosamente. Puxou a adaga e espantou as aves, mas elas logo voltaram. Havia muitas delas. “Então esse é o lendário Templo Envolvido em Tempestades de Areia. É por isso que eu nunca ouvi falar dele. Provavelmente muito poucos voltam daqui.” Observou as espirais por algum tempo. Qual seria a origem daquele vento? Quando em meio à areia, vislumbrou um rosto. Dois olhos e uma boca. Depois dois rostos. Uma infinidade de rostos que apareciam e sumiam no meio da tempestade. Quando Tenko era uma criança seu pai havia lhe contado uma história sobre o Povo da Areia, ou simplesmente “Arenosos”. Dizia-se que eram monstros que se confundiam com a areia do deserto e atacavam os viajantes. “Então vocês são o Povo da Areia”, pensou a gatuna. E em seguida bradou: “Se estão vivos é porque podem morrer! Venham lutar!”, e puxou sua adaga. A espiral se deslocou e voltou-se furiosamente contra a gatuna. Tenko dobrou os joelhos e deu um grande salto para trás, se esquivando do impacto esmagador da torrente arenosa. A areia que estava no ar se juntou à do chão, e logo a espiral subiu de novo, dessa vez em volta de Tenko. A gatuna atingiu a areia com sua adaga. Sem efeito. “Não posso lutar contra uma tempestade de areia”. Os rostos no vento surgiam e desapareciam, e suas expressões eram furiosas. De repente, a areia se compactou e a atingiu como uma pedra na boca do estômago, rasgando suas roupas e esfolando a pele de seu ventre. O ataque foi inesperado. Tenko perdeu o ar e se dobrou para frente. Outra massa de areia compacta a atingiu nas pernas, derrubando-a no chão. Em seguida os Arenosos a atingiram diversas vezes enquanto ela estava caída. “Eles são muitos!”, pensou a gatuna. “E estão todos juntos...”. Teve uma idéia. Lutando contra a dor e o vento, Tenko alcançou em sua bolsa a sua garrafa de veneno. É sempre útil ter uma quando se é um gatuno. Tampando o nariz e a boca com uma das mãos esfoladas, Tenko colocou a garrafa deitada no chão e, com a mão livre, quebrou-a com um soco. Cacos de vidro penetraram em sua pele e imediatamente ela começou a sentir os efeitos do próprio veneno. O Sol quente do deserto começou a evaporar o líquido arroxeado no chão, fazendo o vapor tóxico subir. A medida que subia, era sugado pelo redemoinho de areia. O vento foi ficando mais fraco. “Funcionou!” O redemoinho se desfez e o Povo da Areia assumiu sua forma natural. Montes arredondados de areia compacta da altura de um homem, com rosto e braços. Todos pareciam bastante afetados pelo veneno, fraquejando ao andar. Tenko levantou-se com uma certa dificuldade. Sua pele estava em carne viva e ardia, e ela podia sentir o veneno na sua corrente sanguínea, matando suas células. Mesmo assim, colocou a mão ensangüentada dentro de sua bolsa e retirou uma Poção do Despertar. Bebeu-a de uma vez, puxou a adaga e partiu para cima do Arenoso mais próximo. Apunhalou furiosamente o monte compacto de areia, até o ponto em que ele não se refez. Então foi para o próximo. E o próximo, e o próximo, até que não havia mais sinal de vento no Templo dos Assassinos. Tenko sorriu. E caiu na escadaria de pedra, consumida pelo próprio veneno. -------------------------------------------------------------------------------------- Tenko olhou ao redor. Não sabia onde estava. Levantou-se, e descobriu que todas as suas feridas haviam se fechado. Não estava mais envenenada também. Sentiu uma presença ao seu lado, e se voltou para olhar. Descobriu uma mulher muito alta e muito bela. Trajava armadura completa, e em seu capacete havia asas. Carregava lança e escudo. A mulher sorriu para ela. Tenko abriu a boca para falar qualquer coisa, mas foi interrompida pela dama de armadura. “Ainda não. Não é a hora. Hoje você vai voltar.” --------------------------------------------------------------------------------------- A gatuna abriu os olhos. Seu corpo doía. Olhou ao redor e descobriu que ainda estava no Templo dos Assassinos. Descobriu que estava nos braços de alguém. Quando percebeu que havia aberto os olhos, a pessoa a abraçou com força. “Tenko! Você está viva! Pensei que não havia conseguido te curar a tempo!” Era uma voz feminina. Tenko olhou para sua salvadora. Era uma jovem sacerdotisa. Tinha pele morena, cabelos verdes na altura dos ombros, nariz empinado e sobrancelhas arqueadas. Seus olhos castanho-esverdeados estavam cheios de lágrimas. “Freya!” Tenko a abraçou de volta. “Obrigada...”, disse a gatuna. E ficaram as duas assim, por algum tempo, no meio das escadarias do Templo. “Freya, como você me encontrou?”, perguntou ela um pouco depois. “Foi um milagre! Fui essa manhã a Prontera, fazer o teste para me tornar sacerdotisa. Estava voltando à casa dos Aintaurë quando apareceu uma raposa branca no meio da estrada. Ignorei-a, mas ela me seguiu. Tentei enxotá-la, e ela começou a morder e puxar minha batina. Bati nela com meu cajado, mas ela não me largava. Parecia querer que eu a seguisse. Não sei porque o fiz, Tenko, mas segui a raposa. Ela me trouxe até aqui, e eu te encontrei caída no chão. Pensei que fosse tarde demais. Graças aos céus, você está viva!” Freya abraçou Tenko mais uma vez, apoiando sua cabeça no peito da gatuna. Tenko tocou de leve os cabelos da sacerdotisa. Não costumava gostar de contato físico, mas com Freya era diferente. De Freya ela fazia questão de estar perto. Sentia-se imensamente feliz com a sacerdotisa nos braços. “Essa é a lendária Guilda dos Assassinos, não é, Tenko? Você veio aqui fazer seu teste.”. Tenko assentiu. “Levante-se então. Você tem uma tarefa a cumprir.” Tenko levantou-se, e Freya ficou de pé à sua frente. “Isso é para que você tenha forças para vencer sua provação! Que caia sobre ti a benção dos céus. Os deuses dêem forças para teus braços e pernas, destreza para que jamais erre o golpe, e astúcia para vencer o inimigo!” Tenko já conhecia os poderes divinos dos noviços. Pareciam ainda mais poderosos em uma sacerdotisa. “Isso é para que tenha agilidade para se esquivar de todos os perigos! Que teus pés se tornem ligeiros como o vento e que teu corpo se torne ágil!” A gatuna sentiu seu corpo se tornar ágil e flexível. Adorava essa sensação. “E isso é para que tenha coragem...” Freya segurou delicadamente o rosto da gatuna e beijou-lhe os lábios. Tenko sentiu uma onda de calor invadir seu corpo, ao mesmo tempo em que um arrepio percorria sua espinha. Sentiu-se perdida, confusa e absolutamente feliz. “... e para que não se esqueça de que eu amo você!”, sussurrou a sacerdotisa em seu ouvido. “Agora vá, e boa sorte no seu teste!”. Ainda confusa, Tenko andou em direção à porta do Templo. Antes de entrar, virou-se para falar alguma coisa. Mas Freya havia desaparecido. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 outro capítulo ótimo... parabéns, e me lembor dessa parte: é agora que as encrencas começam de verdade. só mais uma coisa: o peco da "amazona" tem o nome de sigfried, não seria aquele sigfried, heroí nordico que matou o dragão fafnir, reforjou notung a espada perfeita e libertou uma valquíria transformada em humana do sono encantado presa em uma torre cercada de fogo?? oquei, agora foi demais... a fic está ótimo tenko, gogogo mais capítulos! *super ansioso* flow! O Grande Siegfried era um Peco? [/heh]Quero "economizar" os capítulos até eu entrar em férias, aí posso escrever mais. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
=3 Konohinha =3 Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Bom, passei um longo tempo sem creditar ragnarok e, consequentemente, sem poder comentar no fórum, mas finalmente essa semana voltei a jogar e eu realmente PRECISAVA deixar esse recado e declaração aqui. Tenko, eu simplismente ADORO sua fanfic, passei minhas férias de julho(do ano passado ainda) colado aqui, lendo o antigo tópico, página por página, com todas as fofocas e discussões, aquele barraco todo. Depois que você mudou para o fórum prontera eu entrava TODA semana para saber por novidades e nada...Esse ano voltei a reler sua fic e fiquei animadíssimo com suas intenções de voltar a escrevê-la (e é uma pena que não tenha feito isso ainda, mas cada um tem suas obrigações, é compreensível!). Só gostaria que você soubesse que é minha Diva. *---------* Sério... Depois que comecei a ler a sua e a fanfic da Momo eu melhorei muito a minha narrativa, você é com certeza é meu esterco, só você consegue me deixar com a imaginação fértil!! XD *se mata pelo trocadilho idiota* Estou escrevendo isso mesmo sem saber se você lerá... Mas... Mesmo assim, vale a tentativa. Muito obrigado por nos compartilhar sua incrível história. Espero novidades, obrigado! Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 CAPÍTULO 19 - VERDE E ESCARLATE Tenko abriu os olhos subitamente. Ergueu-se na cama, ofegante. Havia acabado de sair de um pesadelo. O mesmo pesadelo que a atormentava todas as noites nas últimas semanas. “Pesadelo?”, pensou a assassina, deitando-se novamente e puxando as cobertas até o queixo. Poderiam ser considerados pesadelos aqueles sonhos que a atormentavam há meses? Começou como um único sonho. Um sonho que a fez acordar no meio da noite, com o corpo encharcado de suor. Algum tempo depois, ele se repetiu. E de novo. E de novo, e de novo, e de novo, até Tenko se deitar toda noite com a certeza de sonhar a mesma coisa. “Mas poderiam ser considerados pesadelos?”, perguntava-se a assassina. Poderia considerá-los pesadelos, se em seu íntimo ela os desejava ardentemente? Se quando acordava no meio da madrugada, com o coração disparado e a respiração corrida, tentava relembrar cada segundo de seus sonhos, saboreando-os lentamente antes que seu cérebro desperto os anuviasse? Ah, deliciosos pesadelos! Eles escancaravam para Tenko os seus pensamentos mais profundos e proibidos. Aqueles em que ela não ousava tocar enquanto estava acordada. Desejos que ela negava para si mesma, enquanto esperava a noite cair, ansiosa para se deitar e saborear um pouco das terríveis e maravilhosas visões que ela tanto repudiava. Ah, doce tormento! Fechou os olhos, mas não tinha mais sono. O sonho havia sido particularmente nítido esta noite. Suspirou longamente e virou-se para o lado. Sentia calor. Abaixou as cobertas até os quadris e permaneceu deitada, contemplando a Lua cheia emoldurada na janela. - Tenko... você está acordada? De repente, Tenko se lembrou de Freya, que dormia ao seu lado. Já havia alguns meses que voltaram a dormir lado a lado. Seu movimento súbito a havia acordado. A sacerdotisa estava às suas costas, então resolveu fingir que estava dormindo e ignorar o chamado. - Eu sei que você está acordada! Não me ignore! Tenko ignorou. Freya passou um braço por sua cintura. A assassina não deu importância e voltou a seu estado contemplativo. Permaneceu assim por algum tempo. Freya parecia ter voltado a dormir, e Tenko resolveu fazer o mesmo. Mas assim que fechou os olhos, sentiu a mão da sacerdotisa deslizar para um de seus seios, acariciando-o. A assassina se sentiu incomodada e sacudiu os ombros nervosamente. Freya deslizou a mão para o ventre rijo da namorada, afagando com as pontas dos dedos cada uma das numerosas cicatrizes no abdome da assassina. Tenko se sentiu ainda mais incomodada. As carícias de Freya faziam as imagens do sonho se dissiparem mais rápido. A sacerdotisa afagava lentamente a leve penugem prateada de seu abdome, e quando esta ousou deslizar a mão para baixo das cobertas, Tenko a agarrou pelo pulso. - Não. - Porquê não? -, perguntou Freya, com uma sombra de irritação na voz. - Não estou com vontade. -, respondeu a assassina, sentando-se na cama. Freya sentou-se também e abraçou Tenko com força, roçando seu corpo contra o da assassina e mordiscando sua orelha. Tenko sentiu nojo. Levantou-se bruscamente, jogando a sacerdotisa para trás. - Freya, eu disse NÃO! -, grunhiu rispidamente a assassina. Freya ainda tentou retrucar, chorosa: - Você não me ama mais, não é? Era um melodrama barato e Tenko sabia disso. No entanto, era verdade. Já havia algum tempo que aquilo era verdadeiro. A traição havia envenenado seu amor por Freya. Ele havia agonizado por meses, e agora estava morto. Os beijos da sacerdotisa a enojavam. Seu toque era repulsivo. No entanto, Tenko não tinha coragem de admitir este fato para si mesma. “Covarde!”, insultou-se a assassina, enquanto seus lábios murmuravam uma resposta: - O que você acha? Uma resposta ambígua. Tenko era praticamente incapaz de mentir. Sua infância entre cavaleiros havia lhe rendido essa característica, peculiar para uma assassina. Mas Freya aparentemente ficou satisfeita com a resposta. Deitou-se, deu as costas para Tenko e puxou as cobertas para cima da cabeça. Tenko contemplou a Lua outra vez. O enorme disco prateado estava exatamente no centro da janela, descendo em direção ao horizonte, o que indicava que logo a manhã chegaria. Suspirou outra vez. Sentia-se completamente perdida quando havia deitado na cama na noite passada, nos braços de Freya Dellan. Mas agora algo havia despertado dentro dela. Não sabia se a causa era aquele sonho tão nítido, a brisa da noite ou aquele luar tão brilhante. Talvez fosse a súbita percepção de que sua postura era covarde e desprezível. Tenko Kitsune estava ereta no meio do quarto da estalagem, o luar banhando seu corpo. Baixou os olhos e observou cuidadosamente cada centímetro dele. A pele clara refletia a luz prateada que vinha da janela. Alongou os braços e as pernas, moveu os dedos, assistindo aos movimentos suaves de seus músculos e tendões. Vislumbrou sua sombra esguia e imponente. Mas, acima de tudo, observou cuidadosamente cada uma de suas inúmeras cicatrizes. Cada uma com uma história. Um longo traço diagonal em sua coxa direita, feito pelo machado de um Orc. Linhas finas em seu braço esquerdo, pelos Esqueletos Soldados da Caverna de Payon. Punhaladas e cortes em seu ventre, arranhões e mordidas em suas costas, marcas espalhadas todo seu corpo. Marcas indeléveis, eternas, para que Tenko Kitsune jamais se esquecesse de quem era. Uma assassina. - Sou uma assassina. Filha de Loki e do deserto. As sombras são meu refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino. Murmurou Tenko, seu sussurro se confundindo com a brisa noturna. Andou até a cadeira onde estava seu equipamento. Sentou-se com as pernas cruzadas e tomou nas mãos uma longa faixa de tecido. Cerimoniosamente começou a enfaixar o peito. Apertava mais que o de costume, comprimindo os seios o mais que podia suportar. A cada puxão que dava na faixa, sussurrava outra vez seu juramento. “...as sombras são meu refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.” O destino de um assassino é a solidão. Seu caminho é banhado em sangue. Um assassino não tem direito a uma vida tranqüila. É o preço de se ter a morte como companheira. Como ela pode imaginar que teria direito a um amor tranqüilo e uma vida pacífica ao lado de uma mulher? - Uma mulher! A realidade desabou subitamente sobre a cabeça de Tenko. Olhos fixos no busto enfaixado, ela se deu conta de sua situação pela primeira vez. Ela era uma mulher que desejava outras mulheres! Em algumas guildas, isso seria motivo de expulsão. Felizmente a Guilda dos Assassinos não se importava com o gênero ou os desejos sexuais de seus membros, contanto que eles fossem capazes de manejar armas. Lembrava-se de sua infância, de ouvir os soldados e damas do castelo cochichando insultos e rindo, falando sobre certa criada do castelo que fugiu para morar com uma bruxa de Geffen. Lembrava-se do desprezo com que se referiam a elas. Desprezo e uma ponta de temor. Afinal, as pessoas têm medo do que é diferente. Tenko era três vezes desprezada e três vezes temida. A primeira por amar mulheres, apesar de pouquíssimas pessoas saberem deste fato. Pensando bem, nem mesmo Kuroi e Sethit sabiam ao certo. Tenko nunca se deu ao trabalho de explicar. A segunda por ser uma assassina. Era temida e desprezada até mesmo entre os seus, por ser mais brutal que a média. Tenko desconfiava que houvesse uma ponta de inveja também, por sua eficiência em lutas e seu talento natural para o uso de do katar. E finalmente, Tenko Kitsune era desprezada e temida pela sua pele clara que nunca se queimava mesmo sob o sol mais forte, pela sua voz gutural, e principalmente, pelos seus ferozes olhos cor-de-sangue. As imponentes íris de tom escarlate já eram sua masca registrada. Essa era a característica mais impactante de sua aparência. A mais assustadora, talvez. Raros eram aqueles que podiam sustentar seu olhar. Em suma, Tenko era diferente. Ela tinha plena consciência deste fato agora. Cuidadosamente, vestiu sua fina cota de malha, por cima dela, os trajes escuros e justos de sua profissão. Calçou as botas de sola acolchoada e as luvas resistentes. Enfaixou o ventre, os pulsos e tornozelos. Enfaixou também o pescoço e a parte superior do torso, e ajustou as placas metálicas que protegiam seus ombros orgulhosos. Colocou na cabeça a tiara com pequenos chifres pontiagudos. Por fim prendeu na cintura a pequena bolsa de couro em que carregava seus venenos, enfiou algumas facas de arremesso nas botas e prendeu nas coxas as tiras de couro que seguravam as bainhas de suas preciosas jurs. Com um movimento rápido, desembainhou as lâminas, cortando o ar à sua frente com a mão direita e perfurando com a esquerda. O luar incidiu por um momento sobre as lâminas finas do katar de Tenko, e a assassina viu nesse segundo seu próprio rosto refletido no metal. Viu de relance as íris escarlates na face pálida. Seu rosto não tinha cicatrizes. Era a única parte do seu corpo que não as tinha, pois apenas um inimigo formidável é capaz de marcar o rosto de um assassino. Refletiu sobre isto por alguns poucos segundos e guardou as armas nas bainhas. Pegou a velha capa cinzenta na cadeira e jogou sobre os ombros. Largou um punhado de zeny em cima de seu travesseiro e deixou a estalagem silenciosamente, em direção à madrugada fria. “...as sombras são meu refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.” Andou despreocupada até o cais vazio e escuro. A maioria das pessoas evitaria a área dos portos no meio da madrugada, por medo de assaltantes e marinheiros bêbados. Não Tenko. Um gatuno chegou a se aproximar dela, mas Tenko simplesmente puxou a jur alguns centímetros para fora da bainha, deixando a lâmina refletir o luar, e não foi mais importunada pelo resto da noite. Em meio à noite, com apenas a Lua e as estrelas como espectadoras, Tenko Kitsune desembainhou suas jurs e desferiu uma série de golpes contra o ar. Seus movimentos eram precisos e velozes, atingindo os pontos vitais de inimigos imaginários. Perfurar o coração e cortar a garganta. Perfurar os pulmões e cortar a coluna. Perfurar, cortar, perfurar, cortar, perfurar, cortar... Movimentos calculados, imprevisíveis e indefensáveis. Era a técnica ambidestra do assassino. Perfurar, e no segundo em que o inimigo estava paralisado pela dor, cortar. E esquivar do próximo ataque. Perfurar, cortar, esquivar. Uma vez que o inimigo é pego em uma seqüência de golpes, raramente ele escapa. Assassinos são piedosos, jamais deixam seus inimigos aleijados ou inválidos, para sofrer pelo resto da vida. Simplesmente encurtam sua estadia em Midgard. Afinal, não é o sonho de todo guerreiro ir para o Valhalla? E o Sol da manhã encontrou uma jovem assassina exausta, sentada no cais, de olhos fixos nas ondas do mar. Ela havia exorcizado suas dúvidas e expurgado sua covardia. Sabia exatamente o que deveria fazer, não sabia por onde começar. Mas estava consciente de que não poderia esconder para sempre aquilo que pesava em seu peito. Na verdade, sentia-se prestes a vomitar as palavras. Quando sentiu uma presença atrás de si. É difícil explicar o modo como Tenko percebia as coisas ao seu redor. Ainda jovem, percebeu que seus sentidos eram naturalmente apurados. O treinamento de assassina contribuiu para apurá-los ainda mais. Sua visão não era especialmente aguçada para distâncias, como a de um caçador, mas era ampla. Nenhum movimento escapava de sua vista, por menor que fosse. Nenhum ruído passava despercebido por sua audição fora do comum, fato que chegava até a irritar Tenko às vezes, já que qualquer assovio ou tamborilar de dedos fazia seus tímpanos vibrarem. Até mesmo seu olfato era anormalmente apurado, a ponto da assassina encontrar a trilha de monstros pelo cheiro. E havia ainda mais um, que nem mesmo Tenko conseguia compreender totalmente. Ela tinha uma espécie de sensor de proximidade, algo que a avisava da aproximação de outros corpos. Não sabia como funcionava, apenas sabia. Imaginava que fosse alguma herança de sua mãe. Tenko era consciente de que havia recebido dela algo além de macios cachos prateados e um par de olhos vermelhos. Assim, todos os sentidos de Tenko acusaram ao mesmo tempo a presença de alguém se aproximando às suas costas. Os passos eram de humano. Um humano que não se incomodava em ser furtivo, então a assassina deduziu que não se tratava de uma tentativa de ataque. Além disso, a pessoa exalava um odor de fumaça que lhe era familiar. Mesmo assim, a assassina voltou-se na direção do visitante imediatamente, com a mão esquerda apoiada na cintura e a direita descansando displicentemente sobre a empunhadura da jur. - É impossível te pegar de surpresa, não é? -, disse a garota de olhos verde-esmeralda, que agora sorria para Tenko. Tinha cabelos dourados e lisos, enfeitados com um par de guizos dourados. O rosto era redondo e muito sardento.Vestia shorts de tecido áspero e camisa branca. No pescoço tinha amarrado um lenço vermelho. Usava luvas grossas de couro, e tatuado em seu braço direito estava o inconfundível caule negro. A garota abriu um sorriso largo e abraçou com força a cintura de Tenko. A assassina retribuiu passando um braço por seus ombros. - Senti muito sua falta, senhorita Tenko! -, disse Kuroi Yuri, esticando os pontos e ficando nas pontas dos pés para alcançar o rosto da assassina. Beijou carinhosamente a bochecha de Tenko, recuou alguns passos para trás e colocou s duas mãos na cintura. Observou a assassina de cima a baixo. - Você mudou! Está mais alta, e parece mais forte também! E você cortou o cabelo? - Eu corto de vez em quando. Costumo deixar um pouco abaixo do ombro, mas acho que exagerei desta vez. -, respondeu a assassina, puxando uma mecha prateada e avaliando seu comprimento. – De qualquer jeito, é difícil cortar com a jur. As pontas sempre ficam estranhas. Kuroi riu. Ainda era a mesma Tenko de sempre. Não duvidava que a assassina depilasse as pernas com uma faca de arremesso envenenada. - Mas o que você faz aqui, Kuroi? Você e seus familiares se reconciliaram? - Ahhh, senti saudades de casa! Saudades do cheiro do mar, da brisa, das gaivotas... Sabe, Tenko, quando você nasce perto do mar, você não consegue viver em outro lugar. Eu gosto de olhar para o horizonte e ver aquela imensidão azul. Gosto de Payon, mas me sinto um pouco presa lá. A floresta esconde o horizonte. Então quando a Sethit resolveu ir caçar em Kunlun, eu vim até aqui com ela. E acho que vou continuar aqui por algum tempo! A ferreira abriu um largo sorriso e suspirou. Era bom estar em casa. - Eeeeh, Tenko! Sethit vem de Kunlun para Alberta toda semana para negociar os espólios das caçadas, e hoje é dia! Vem almoçar com a gente? -, disse Kuroi, sacudindo as longas madeixas douradas. Tenko levantou uma sobrancelha, pensativa. Talvez fosse bom jogar um pouco de conversa fora. Se distrair e esquecer seus problemas, beber um pouco de chá em companhia de suas amigas. Há quanto tempo não fazia isso? Ultimamente andava sozinha na maioria do tempo. Aceitou. E de repente a vida pareceu um pouco mais tranqüila. Kuroi havia alugado uma casa pequena na parte norte da cidade e lá havia instalado sua forja. Pedaços de metal, pedras e minérios se amontoavam nos cantos. Havia algumas lâminas recém-forjadas em cima de uma mesa, esperando os toques finais. Alguns pedaços de couro enrolados em um canto da mesa dividiam espaço com ferramentas de entalhe e uma bainha feita pela metade. Kuroi era mais que uma simples ferreira, era uma artesã talentosa. E também uma cozinheira exemplar. Talvez fosse isso que fizesse Tenko se sentir tão confortável naquele ambiente. Os talentos óbvios não eram importantes em uma reunião de amigos como aquela, o que deixava espaço para as habilidades ocultas florescerem. Podia-se ouvir Kuroi Yuri cantarolando alegremente na cozinha enquanto um aroma sedutor emanava das panelas. De tempos em tempos a ferreira aparecia na porta para checar sua visitantes, graciosa com um avental na cintura, o lenço vermelho na cabeça, os cabelos dourados amarrados na nuca e empunhando uma colher de pau. Sethit não havia mudado muito desde a última vez que Tenko a havia visto. Estava mais esguia, e suas mãos estavam mais ásperas e calejadas. Começava a colecionar algumas pequenas cicatrizes nas pernas. Mas continuava a mesma garota tímida e reservada que Tenko havia conhecido em Geffen há tanto tempo. Tinha os mesmos olhos doces. A caçadora estava sentada em um canto da sala, com as pernas elegantemente cruzadas. Seu falcão de caça, Horus, havia atingido seu tamanho adulto e sua aparência era imponente. O pássaro estava pousado no ombro da companheira, ouvindo atentamente a melodia suave que Sethit tirava de uma pequena flauta de madeira. Era um som delicado, que evocava imagens de florestas milenares e criaturas fantásticas. Tenko Kitsune também tinha seus talentos ocultos. Era uma visão peculiar, até bela talvez, a assassina rude empunhando um pequeno pedaço de carvão com as mãos calejadas de manejar armas e desenhando no verso de um velho pergaminho que continha algum pedido de forja. Traçava as linhas com cuidado, totalmente absorta na tarefa. De quando em quando esfumaçava alguma parte do desenho com as pontas dos dedos, e este ato era quase uma carícia. Tamanha era a concentração de Tenko que não percebeu Kuroi Yuri às suas costas, carregando uma travessa. - Desenhando o quê, senhorita Tenko? A assassina saltou como se tivesse levado um choque, e rapidamente esfregou a palma da mão sobre o pergaminho, transformando o desenho em um borrão acinzentado. - Ehhh, abaixando a guarda, Tenko? – disse a ferreira, piscando um olho. – Não se preocupe, não vou fuçar nos seus pensamentos proibidos! O rosto de Tenko corou fortemente, e ela cruzou os braços e amassou o papel entre os dedos, nervosa. Esticou o lábio inferior e bufou. A melodia da flauta foi interrompida por um apito desafinado, denunciando a risada que Sethit havia tentado esconder. A assassina voltou um olhar feroz para Sethit, enquanto limpava na coxa a mão suja de carvão. Kuroi pousou a travessa na mesa e a fome terminou a discussão. Era comum comer peixe em Alberta. Sendo uma cidade portuária, Alberta recebia navios carregados de iguarias exóticas das terras mais distantes. Mas o alimento mais barato, acessível para a população de baixa renda e para aventureiros com dinheiro contado, era o peixe, trazido toda manhã por um número de pescadores que rondavam o porto e a área próxima à costa. Tenko já estava ficando farta de comer peixe todo dia e começando a sentir saudades dos pássaros e roedores do campo assados no espeto, mas Kuroi era uma cozinheira fora do comum. O peixe estava saboroso, e o chá também. Tenko gostava de chá. Não conhecia essa variedade que a ferreira havia servido. Perguntou: - É uma erva que não existe por aqui. Veio de Amatsu, negociei com uns marinheiros conhecidos meus, como parte do pagamento de uma forja. -, respondeu a ferreira. Foi a deixa para a jovem loura começar a falar, coisa que muito apreciava. - Diga, Sethit, que tipo de flauta é essa? Nunca vi uma flauta assim, e nem sabia que você tocava tão bem! A caçadora sorriu timidamente. – É uma antiga flauta élfica, está na família há muito tempo. Meus ancestrais trouxeram para Payon quando fugiram da guerra em Geffenia. Minha mãe me ensinou a tocar. Ela tocava violino enquanto eu tocava a flauta. Tocava muito bem. Ela dizia que na antiga Geffenia ela seria uma barda, mas em Midgard são mal-vistas as mulheres que tocam violino e contam piadas. É uma pena, ela teria sido uma ótima barda. - Você é meio-elfa, Sethit? -, perguntou a assassina, com o garfo pendurado na boca. Sethit negou com a cabeça. – Não meio-elfa. Não existem mais elfos puros hoje em dia, e nem meio-elfos. Sou uma descendente distante. Acho que grande parte da população de Payon e Geffen tem algum sangue elfo, já que os que sobreviveram à guerra de Geffenia acabaram se misturando com os humanos. - Me disseram que talvez eu possa ter um ancestral anão -, disse Kuroi, sem esconder uma ponta de orgulho. – Isso explica minha imensa habilidade de forja! - E a sua altura também -, brincou Tenko, as palavras ecoando dentro da xícara. Kuroi levantou e olhou feio para a assassina, do alto de seus cento e cinqüenta centímetros. – Olha quem está emburrada agora! -, riu Sethit, oferecendo pequenos pedaços de peixe a Horus. O falcão recusou, um tanto ofendido, e saiu voando pela janela em busca de algo de sangue quente para comer. Kuroi sentou-se outra vez, ainda olhando feio para a assassina. Tenko sorriu, e a ferreira não conseguiu mais segurar a carranca, que se desfez no largo sorriso habitual. - E você, Tenko? De onde vieram esses olhos vermelhos? -, perguntou Kuroi. - Já vi alguns pares de olhos vermelhos em minhas caçadas -, comentou Sethit – mas costumam ser resultado de magia, ou então só ficam dessa cor quando seu dono está nervoso ou irritado. Olhos vermelhos de nascença, e permanentes, isso eu nunca vi. - Minha mãe tinha olhos assim -, disse Tenko, após pensar por um segundo. – Mas eu não cheguei a conhecê-la muito bem. Ela foi embora enquanto eu ainda era muito jovem. É estranho até, meu irmão não tem olhos vermelhos. Os dele são castanhos, como os de meu pai. Só eu que nasci com eles. “E este deve ser o motivo pelo qual minha mãe e aquele odioso Primus estão atrás de mim”, pensou a assassina, mas não o disse em voz alta. A comida ia sumindo da travessa, enquanto as três amigas conversavam sobre diversos temas amenos. Como não poderia deixar de ser, o assunto foi parar em namoros e paixões. Afinal, quando se trata da conversa entre três mulheres jovens, raramente este assunto deixa de ser tocado. - Então Sethit, já encontrou seu galante caçador das florestas? -, provocou Tenko, sorrindo. - Ahhh, Tenko, você sabe que o único amor dela é o Horus! -, Retrucou Kuroi imediatamente. Sethit riu e confirmou sacudindo a cabeça. – Exato! Horus é o homem da minha vida! -, proferiu a caçadora, sorrindo docemente. – E você, Tenko? Como estão as coisas com a Freya? Tenko arregalou os olhos e deixou a boca levemente entreaberta. Sentiu uma onda gelada descer pela sua espinha. – Como vocês sabem? -, guinchou a assassina, com um certo desespero na voz. Kuroi começou a gargalhar. Ela tinha esse hábito de começar a rir convulsivamente quando a implacável Tenko Kitsune demonstrava sinais de nervosismo. Era irritante. Mas a assassina sabia que ela não fazia por mal. - Tenko, sempre foi óbvio! Você olhava para a Freya e perdia toda essa sua pose de assassina durona! -, disse a ferreira, segurando o abdome dolorido. – Mas não se preocupe, apesar da minha família abominar esse tipo de coisa, eu acho a relação de vocês muito bonita. O amor pra mim é sempre maravilhoso! - Na sociedade da antiga Geffenia o amor entre dois homens ou duas mulheres era tão válido e respeitado quanto o amor entre um homem e uma mulher -, completou Sethit. – Eu fui criada de acordo com esse conceito. Tenko, você tem todo o nosso apoio! Francamente, você devia ter contado para nós! Somos suas amigas! Tenko desabou sobre a mesa, bufando. Aquele dia estava sendo extremamente confuso. Kuroi recomeçou a rir. Sethit acariciou gentilmente os cabelos da assassina, que grunhiu algo incompreensível e se sentou ereta na cadeira, cruzando as pernas e agarrando os tornozelos. Abaixou a cabeça e resmungou. - Eu e a Freya? Não está dando certo. Não quero falar nisso. Sethit e Kuroi se calaram por um instante. Olharam uma para a outra, sem saber muito o que dizer. Por fim, Kuroi Yuri tocou de leve o rosto da assassina e sussurrou em seu ouvido: - O que importa, senhorita Tenko, é a sua felicidade. Você tem que correr atrás dela. Sethit voltou a mergulhar os dedos na juba prateada da amiga, e disse apenas “faça o que achar correto”. Tenko se manteve silenciosa. Seus pensamentos estavam confusos. Ela temia os sentimentos proibidos que a invadiam. Ao mesmo tempo, os alimentava com sonhos e devaneios. “Faça o que achar correto”, havia dito a caçadora. Tenko não tinha certeza do que era correto. Sabia o que desejava, apenas isso. Ao mesmo tempo, o juramento do assassino reverberava em sua mente. “...as sombras são meu refúgio. A morte é minha companheira. A solidão é meu destino.” - E você Kuroi? Conte sobre suas paixões secretas! -, disse Sethit, tentando quebrar a tensão do ambiente. A ferreira fechou a cara. - Não tenho paixões secretas! - Então para que você foge para a floresta quando pensa que ninguém está olhando? Não creio que você tenha clientes de forja lá! Pode contar, Kuroi, estamos entre amigos! É aquela amazona com a capa de penas, que de vez em quando te visita? Eu percebi que você fica bastante alterada na presença daquela dama! A ferreira corou violentamente. – O quê? Lady Brynhildr! Claro que não! Somos só amigas! Eu não sou desse jeito! Quer dizer, nada contra, Tenko! Mas... não! Eu não tenho paixões secretas, eu vou na floresta procurar cogumelos! Todo mundo sabe que às vezes os cogumelos crescem em cima de veios de Sangue Escarlate! É, é isso, eu vou procurar cogumelos na floresta! -, grasnou Kuroi, atropelando as palavras. Sethit sorriu maliciosamente e cantarolou “quem é o seu amante secreto” em um tom provocativo. Kuroi disse rapidamente algo que soou como “euvoubuscarasobremesalánacozinha”. Tenko se levantou bruscamente. - Pra mim não, Kuroi. Estou de saída. - Onde você vai? -, perguntou Sethit. - Fazer o que acho correto. Jogou a capa no ombro e desapareceu rapidamente. ---------------------------------------------------------------- Freya Dellan gostava de passar a tarde na companhia de um grupo de cavaleiros que costumavam sentar na praça central de Alberta e discutir suas batalhas e seus feitos heróicos. Eram todos vassalos de clãs que participavam da Guerra do Emperium e membros de uma mesma aliança. Podia-se ver isso pelos emblemas pintados em seus escudos e bordados em suas capas. Freya considerava aqueles homens divertidos e gostava de se manter perto deles. Além disso, tinha um interesse especial por feitos heróicos. Especialmente aqueles que traziam riqueza e poder. Foi com uma ponta de irritação que a sacerdotisa atendeu ao chamado de Tenko, que havia aparecido subitamente no meio da reunião e pedia uma conversa particular. - O que houve, Tenko? A assassina não respondeu. As duas haviam se sentado no cais, perto do ponto onde o barqueiro que fazia a travessia para a Ilha das Tartarugas. Tenko gostava daquele lugar. A brisa marinha acariciava seu rosto, e contemplar o horizonte vasto a acalmava. Ela havia desenvolvido uma ligação emocional com aquele cais, e com a Ilha das Tartarugas. - O que aconteceu, Tenko? -, rosnou Freya, a irritação na voz aumentando. - Freya, eu acho que nosso namoro não está mais dando certo. Freya congelou. Tenko mirou o rosto da sacerdotisa por alguns segundos. Viu a expressão atordoada em seus olhos castanho-esverdeados. Desviou o olhar. - Mas porque, Tenko? O que eu fiz de errado? Eu posso mudar, eu juro! Eu vou corrigir, o que quer que seja! Eu vou... - Não, Freya! -, interrompeu a assassina. – Você... você me traiu! Você não se importa mais comigo, se é que um dia se importou! - Eu amo você! - Se me ama, porque me traiu? Freya silenciou. Tenko a atingiu mais uma vez. - Sua traição matou a maior parte do que tinha sobrado do meu amor por você. O resto você matou com seu descaso. Do que adianta nós continuarmos juntas desse jeito? Não quero mais ser usada por você! Freya concordou com a cabeça. Lágrimas escorriam lentamente por suas faces. E se fez um longo silêncio, as duas observando as ondas. Tenko pensando em um modo suave de proferir as próximas palavras. Ela era uma assassina rude, e não sabia ser delicada. Mas fazia o melhor possível para não ferir os sentimentos de Freya. Não mais que o necessário. - Tem mais uma coisa... Freya levantou os olhos e fitou o rosto da assassina. Tenko continuou olhando para as ondas. - Tem mais um motivo... - Não diga. Eu já sei. Eu não sou cega, Tenko. A assassina voltou o rosto e encarou Freya de frente. - Você está apaixonada pela Nhyx, não está? Tenko mordeu os lábios com força. Fechou os olhos e suspirou. Lentamente moveu a cabeça para cima e para baixo, afirmativamente. Era um alívio admitir. Um alívio um pouco doloroso, mas ainda um alívio. - Eu sabia! Eu sabia! -, gritou Freya, explodindo em lágrimas. – Eu sempre notei o jeito que você olha pra ela! Desde quando você se sente assim? - Desde que eu olhei para ela com atenção... Para aqueles olhos verdes... - Ela também tem uma queda por você. A assassina sacudiu a cabeça, negando. - Tem sim! -, insistiu Freya. – Você não percebe o jeito com que ela olha pra você? Tenko Kitsune tentou não sorrir. Tentou com todas as suas forças, mas não pôde evitar. - Eu te desejo sorte, Tenko. Eu não vou chorar. Você está certa, eu não te tratei bem. Espero sinceramente que de certo com a Nhyx! -, disse a sacerdotisa, secando as lágrimas no punho da batina. Tenko acariciou gentilmente a face de Freya com as pontas dos dedos, ajudando a secar algumas lágrimas. Freya a abraçou com força. - Te desejo sorte também, Freya. No que quer que seja. - Vou voltar para a minha reunião agora. Se precisar de qualquer ajuda, me chame! Rapidamente invocou magia divina para aumentar sua velocidade e correu em direção à praça. Tenko continuou sentada, fitando o horizonte. Vislumbrou ao longe um ponto branco em meio ao azul profundo do mar. O barqueiro da Ilha das Tartarugas. Era bom que ele estivesse vindo. Tenko sentiu que precisava de um pouco de exercício físico para limpar a mente. Puxou um punhado de moedas da bolsa e separou dez mil zeny na palma da mão. E as tartarugas que guardavam a ilha tiveram uma tarde bastante difícil. ---------------------------------------------------------------- O Sol já mergulhava no horizonte quando Tenko voltava a Alberta. Suada, enlameada, um pouco mais tranqüila. Mas toda a tranqüilidade que havia conquistado com tanto esforço durante aquela tarde se evaporou em um instante ao ver o que a esperava no cais. Sentada na borda de um dos degraus da escada de acesso ao barco, displicentemente, com as pernas jogadas, estava uma ladina. Tinha um elmo metálico com duas asas brancas pousado ao seu lado. Ela havia abaixado o casaco vermelho típico de sua classe até o meio das costas, exibindo os ombros nus. Seu pescoço estava erguido, o rosto exposto ao vento suave do fim da tarde. A boca larga, de lábios rosados, esboçava um sorriso. Numerosas pintas marrons cobriam seus ombros, peito e costas, e junto com seu porte ágil lhe davam uma aparência felina. Havia uma adaga pendurada em seu cinto, e um broquel em suas costas, com um emblema de algum clã pintado, semi-oculto pelas dobras do casaco. Em uma das mãos segurava uma presilha de cabelo metálica. Seus cabelos jogados sobre um dos ombros, lisos, longos e soltos, eram prateados e brilhavam como metal incandescente, refletindo a luz do fim do dia. Os olhos estavam cerrados e se abriram quando os tímpanos da ladina captaram o som do barco se aproximando. Eram de um verde complexo, que dependendo da luz assumia tonalidades de azul, castanho ou cinza. A ladina rapidamente fez contato visual com a assassina que desembarcava. Sorriu amigavelmente. Tenko sentiu o coração acelerar. Não esperava encontrar Nhyx tão cedo. Fascinada, não conseguia tirar os olhos da ladina sentada na borda do cais. Ela fez sinal para que se aproximasse. Tenko atendeu imediatamente, sentando ao lado da ladina, mas mantendo alguns palmos de distância. Raros eram estes momentos, em que Tenko se importava em estar suada ou enlameada. Começaram a conversar amenidades. A assassina prestava atenção na conversa apenas o suficiente para não deixar Nhyx falando sozinha. Seus pensamentos voavam longe. Agora que havia removido todos os fardos de suas costas, seus sentimentos subiam por sua garganta, ansiosos para escaparem em forma de palavras. Declarações. Com muito custo Tenko conseguia reprimi-los. “Não posso fazer isso. Ela não me quer. Ela ama aquela assassina de cabelos castanhos”, dizia Tenko para si mesma. Mas Nhyx não havia mencionado mais de uma vez estar procurando um relacionamento para esquecer este amor impossível? A visão da ladina ao seu lado turvava seu raciocínio e atiçava seus instintos. Tenko lutava contra si mesma. Sentia um ímpeto incontrolável de tomar Nhyx nos braços e beijá-la. A assassina a queria. A desejava desesperadamente. Queria tocar Nhyx, amar Nhyx. Assim como em seus sonhos. Nunca havia sentido nada igual. E as palavras continuavam lutando ferozmente para escapar entre seus lábios. Tenko queria deixá-las sair. Queria dizer tudo que estava sentindo, tudo que havia sentido e escondido por meses a fio. Mas Nhyx não corresponderia seus sentimentos. Nhyx amava outra mulher, e Tenko não sabia se seria capaz de suportar a rejeição. Não, manter-se calada era crucial. - Você não está prestando muita atenção no que eu estou falando, não é Tenko? -, disse a ladina, sorrindo gentilmente. – Estou te chateando? - Nhyx... eu preciso te contar uma coisa. “Idiota!”, insultou-se a assassina. Havia deixado escapar. - O que houve, Tenko? - Ah, nada... nada importante! - Não minta! Você parece preocupada. Aconteceu alguma coisa? Agora era tarde demais. “Eu já pus tudo a perder”, pensou Tenko Kitsune. “Agora tenho que ir até o fim”. Respirou profundamente, enchendo os pulmões com o ar salgado do porto. - Terminei com a Freya. Por, basicamente, dois motivos. Nhyx levantou uma sobrancelha, como que pedindo para que Tenko continuasse a falar. Tenko adorava o jeito com que ela levantava a sobrancelha. Adorava tudo naquela ladina. - O primeiro você sabe. Eu te contei, as traições, o descaso... não estava agüentando mais. - E o segundo? - Estou apaixonada por você -, disse a assassina rapidamente, e desviou o olhar. Seu rosto estava escarlate. Olhou rapidamente para Nhyx, com o canto dos olhos. A ladina também estava corada. Desviou o olhar novamente, e fez-se o silêncio por alguns minutos que pareceram intermináveis. - Eu já imaginava -, disse a ladina após este intervalo. – Mas não sabia que você sentia tudo isso por mim. Eu acho que você deve estar confundindo as coisas, Tenko. A assassina fitou Nhyx nos olhos. Suas íris vermelho-sangue transbordavam paixão. Devorava com seus olhos os olhos verdes da ladina. Verde e escarlate se encontravam e se chocavam violentamente. Aquele olhar já havia sido mais que suficiente como resposta, mas mesmo assim Tenko Kitsune fez questão de responder com palavras. - Não, não estou confundindo. Eu te quero. Há meses. Não consigo parar de pensar em você por um segundo. Nhyx, eu sei que você ama outra mulher. Mas você sempre disse que precisava de alguém para esquecê-la... - Não posso fazer isso com você, Tenko! Eu não quero te machucar! - Você não vai me machucar. - Não, não posso te usar desse jeito. Não agora. Eu só te faria sofrer. Você acha que eu não te quero, Tenko? - Quer? - Quero! Mas eu não estou pronta para um relacionamento agora. Não posso usar alguém que me ama para esquecer alguém que eu amo. Seria injusto com você. Se não der certo, você vai se machucar, e eu não quero isso de jeito nenhum! - Estou disposta a arriscar, se você quiser... Nhyx não respondeu. “Bom, é isso. Falei demais”. Tenko sentia o peito doer. Não era uma questão de orgulho. Não desta vez. Era algo mais profundo. Como ela havia sido idiota! Ela sabia que o resultado seria este, não sabia? “Imbecil! Porque não controlei minha maldita boca!”. Desolada, abraçou os joelhos e fitou o horizonte. Teve de usar toda a força de vontade que lhe restava para impedir as lágrimas de rolarem por sua face. Expurgou-as, deixando a assassina fria assumir o controle de sua mente. Mas não conseguiu se manter assim por muito tempo. A dor era maior que ela. Apenas permaneceu sentada, sobrancelhas erguidas em uma expressão desolada. Assistiu ao pôr do Sol e viu a lua se erguer no céu. Não se importava mais com a passagem do tempo. Continuava insultando-se mentalmente de tempos e tempos. Sentiu um toque suave em seu rosto. Olhou para o lado e viu a face de Nhyx, banhada pelo luar. Os olhares se encontraram outra vez. Verde e escarlate. Apenas por um segundo, antes da ladina beijar delicadamente seus lábios. Tenko não resistiu e a abraçou com força. Quis falar alguma coisa, mas não soube o que dizer. Nhyx fitou seus olhos outra vez e sorriu. - Eu quero! Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
PowerKamus Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Precisando de ajuda, apoio moral, escudo humano, e outras possibilidades, por esse fim, to aqui Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
super gogeta Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 você é com certeza é meu esterco, só você consegue me deixar com a imaginação fértil!! XD *se mata pelo trocadilho idiota* uh...* corre pra longe pra não ser afetado pela explosão atômica de fúria assasina de uma mulher* sério, agora eu vou te dar um conselho: corra! corra, até seus pés virarem pudim,corraatéque seus pés quebrem, e então corra com os joelhos, mas corra!!!!! corrra mais rápido que o flash! mas corra! ... sério trocadilho idiota até vai, mas um desse não, neh¬¬ mas só lembrando: volte tenko! to querendo saber como é que vcs vão pwna a sua mãe, pls! e só pra não deixar dúvidas: it's tenko renard kitsune level over nine thousaaaaaaaaannnddd!!!1!( o seu poder de luta é de mais de oito mil) ok,flow! Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Pdrk Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Isso é sério? Não, espera, eu devo ter entendido errado. Você está mesmo se voluntariando como escudo humano da Tenko contra toda a armada flooder desse fórum? Se for isso mesmo, eu só tenho uma pergunta: O que diabos tu bebeu, parceiro??? Me fala que bebida foi essa, porque deve ser da boa, pra tu assinar um contrato de suicídio desses. Em todo caso, vai ser legal. Ganhei uma vítima nova pra testar minhas armas (leia Histórias de um Mercenário muito louco pra entender o porquê da minha felicidade em você ser um alvo). Acho que vou me divertir muito... Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Fizban Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Nem sei o que dizer, simplesmente lindo. E olha que não sou fã de dramas nem de romances, mas a fic fica melhor a cada capítulo Tenko, demora muito pra chegarem suas férias? Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
KilluaZK Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Por que você não enfiou a adaga no **** do cavaleiro? A adaga estava no quarto. =3 OH NOES!!! *Corre para o castelo e encontra o cavaleiro deitado no chão gemendo de dor* (cabeça de Killua) -Não seja por isto Tenko /mal -Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh- grita o cavaleiro ao sentir um objeto afiado perfurando uma parte do seu corpo que o filtro não me deixa dizer... Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Gon-kun Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Double post, Tenko Ó.ó ? Que feio, raposinha [/verg] Minha fic favorita . Ela foi um dos motivos pelo qual eu quitei da votação p/ tutor \o/ Emocionante, quase nenhum erro e original (foge daquele típico bem vs. mal ou caos vs. ordem e protagonista bonzinho/modesto). O jeito como a Tenko descreve é tão bom =3 Eu tremi de raiva quando a Freya (a personagem, porque a verdadeira nem conheço) traiu a Tenko >. Sem falar do yuri [/o.o] Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 sério? então só mais duas: pq quase não aparecem classes 2-2 como sábio ou alquimista?Não se preocupe, em breve surgirão personagens importantes que são 2-2. =3vai passa vc virando algoz em alguma parte da fic?Tenho planos para isso, mas ainda não escrevi. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
La Carlotta Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Eu posso estar errada, mas se meus calculos estiverem certos a Tenko deve estar ocupada com TCC =P se for esse o caso eu entendo ela, mas está dificil amenizar minha ansiedade pelo próximo capitulo da minha fic favorita >. comecei a escrever a minha fic, se quiserem ler enquanto esperam a Tenko aparecer, obviamente a minha não chega nem aos pés da dela mas quebra um galho pra distrair enquanto esperamos ela voltar... http://sites.levelupgames.com.br/FORUM/RAGNAROK/forums/t/280157.aspx Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
super gogeta Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 é impressão ou quando é com o leafar você não diz isso, mas ameaça o cara pra apressar a fic??( *RUN!*) Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Gon-kun Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Já disse que essa fic é ótima =P ? Eu adoraria se você exclarecesse mais a relação entre Tenko e sua mãe \o/ Tem um errinho, mas não é nada berrante ^^ : Tenko experimentou lanças (pesadas e lentas demais para meu gosto) Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Pdrk Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 *Mãos tremendo, enquanto sente a excitação percorrer cada milímetro do corpo* Finalmente!!! FINALMENTE!!! Aleluia, irmãos!!! O momento chegou. Estamos diante de uma obra sem precedentes, de proporções monumentais, e por que não dizer, épicas. O mundo visto através de olhos vermelhos, de autoria de Tenko Renard (eu devo querer morrer) Kitsune, voltou para nós! *chorando de emoção Desculpem, mas eu estou muito emocionado. *chora ainda mais* (muito emocionado MESMO) Espero que me perdoem pela minha reação, mas é uma imensa alegria para mim ver Tenko Kitsune escrevendo suas histórias nesse fórum de novo. Devo confessar que acredito estar sonhando agora. É que "O mundo visto através de olhos vermelhos" foi a primeira fic que eu li neste fórum, e a li inteira (ou até o capítulo onde ela disse que ia parar de escrever) em uma noite. Paguei um Corujão em uma lan-house só pra ler essa história o mais rápido possível. E agora ela está de volta. Esse é o dia mais feliz da minha vida (sujeito a alterações). Por favor Tenko, não demore. Escreva mais, pois tem vários fãs seus que a aguardam. Entre eles, um humilde (sádico, psicopata, sedento de sangue, e com vontade de cravar suas katares em carne humana, Orc, goblin ou de demais raças) Assassino, que a admira intensamente. Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Macch Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 tenko, você já tinha postado essas parte da fic em outro lugar? porque eu tenho certeza ABSOLUTA do que vai acontecer depois Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
Tenko Kitsune Postado Maio 19, 2009 Compartilhar Postado Maio 19, 2009 Aikiinjustiça!!! Eu nem sou flooder!! Flamer com certeza, mas não flooder! E com certeza eu sou a fã nº 1 da fic!!!! hihiihhihihihih Eu fico enchendo a paciencia dela toda hora p/ escrever capitulos ineditos!!! Deixa só ele postar tudo q ela já escreveu, ai sim vou ficar no pé dela o tempo todo até ela acabar de escrever a historia inteira. Você voltou pro fórum ou só está extremamente entediada?Volta, morzinho! *-*--------------------------------------------Ai ai... só tenho mais UM capítulo completo. Acho que vou postá-lo em breve. E aí vou ter que escrever. [/heh] Citar Link para o comentário Share on other sites Mais opções de compartilhamento...
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