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O Mundo Visto Através de Olhos Vermelhos


Toph

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Seriam eles Seriais Killer do fórum o_o

Quem? Eu??? [/heh]

 

 

 

Agora sério. Que tal um pouco de paz aqui? Sei que a palavra escrita é complicada de se por sentimentos, mas se não tem a intenção de discutir (brigar) então por que ficar fazendo pequenas ironias, retrucar no aberto e outras atitudes que não compensam comentar? Uma vez um homem muito sábio me disse que a base de uma comunidade é o respeito e por muitas vezes já vi o porque ele diz isso.

 

 

 

Tenko, PM, plozr!!!

 

 

 

Abraços!

 

 

 

Seraos

 

 

 

PS.:Querem discutir comigo? PM-me. Quer discutir comigo em aberto? Aguarde férias.

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Há uma falha na sua afirmação de que "Os Mercenários e Algozes devem ser unidos.". No caso de um membro da Ordem dos Assassinos violar alguma regra, a cabeça dele é posta à prêmio, e a informação é passada a todos os demais membros da Ordem.E depois, recentemente o Leafar virou Algoz, e nem por isso deixei de querer matar ele caso ele demore a postar nas fics. O simples fato de eu não querer desafiar a Tenko é porque eu dou valor ao meu pescoço (e demais partes possivelmente mutiláveis), e sei que ela não exitaria em avançar em mim e cortar o que fosse possível (isso me deu algumas idéias). 

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Essa fic já anda por aqui faz tempo, e eu vez por outra passava os olhos no título do tópico, sem dar muita importância. Hoje, por volta das oito da noite, me pus a ler. Eu sou do tipo que demora a encontrar empolgação pra ler histórias, principalmente as mais compridas e um tanto pessoais. Mas quando leio as primeiras linhas e o conteúdo me agrada, eu grudo na leitura e só paro quando acabo, devorando as linhas como um louco.

Sinceramente, ou é muita modéstia ou é muita modéstia. Não consigo imaginar o que seria "escrita ruim" na sua fic. Concordância, gramática, se for isso então tá. Mas mais do que isso, o que importa é o enredo, e não é qualquer escritor que consegue criar uma história que joga imagens na cabeça de quem lê, e que faz a gente se sentir dentro da história. Eu consigo ver nitidamente o filme enquanto leio.

Espero que não demorem os próximos capítulos. Eu não gosto de fazer avaliações comparativas, acho que cada história tem seus méritos particulares e não relacionados. Mas como é mera opinião e eu sempre faço observações com intenção construtiva, acho que não preciso esconder o que eu senti até agora.

 

(Tá melhor que Morroc Saga ^^)

 

Parabéns pelo talento, quem dera eu o tivesse.

Aguardando a continuação da  história \o/

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digo o mesmo, isso iria ser uma encrenca daquelas...

e também... SIM! ESSE É O ÚLTIMO CAPÍTULO QUE ELA ESCREVEU ANTIGAMENTE! UM INÉDITO SERA O PRÓXIMO! UAHUHAUHSUHAUSHA!

sim, prbns pelo próximo capítulo e por esse também ,  a parte da persistencia dos humanos realmente faz juz a alguns( inclusive a mim, teimosia é meu nome do meio![/heh]) e o orgulho também, você sabe descrever muito bem esse tipo de coisa, mais uma vez prbns pela ótima fic tenko, e gogogogo próximo capítulo!

ps: como é que o cara conseguiu prender o pé numa armadilha?? aquele negócio é chamativo demais...

ok, flow!

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  CAPÍTULO 16 - SEM DOR

 

 

 

 

Tenko cobriu o rosto

com os lençóis quando os raios de sol atingiram seu rosto. Resmungou algo

incompreensível e rolou na cama. Mas seu corpo havia sentido o calor do sol e

agora a avisava que era dia e que ela devia se levantar. A contragosto, a

assassina virou-se na cama outra vez, ficando de barriga para cima. Grunhiu

outra vez e esfregou os olhos com as costas das mãos, e então os abriu. Piscou

algumas vezes até se acostumar com a claridade intensa. Vislumbrou o teto da

estalagem. Ela odiava estalagens. Porque estava acordando em uma cama de

estalagem? Então ouviu som de água corrente, e se lembrou.

 

 

Ela havia chegado em Al

de Baran com Freya já havia algum tempo, mas não conseguia se acostumar. Não queria

ficar em uma estalagem, mas Freya insistiu tanto que acabou cedendo. Respirou

fundo e sentou-se na cama. Os lençóis deslizaram para baixo, deixando a mostra

o torso da assassina. Nu, esguio, com diversas cicatrizes marcando a pele

clara. Tenko sacudiu a cabeça, tirando da frente do rosto sua longa e

despenteada juba prateada. Seu corpo e os lençóis ainda estavam impregnados

pelo cheiro da noite passada. A assassina olhou para um dos lados e viu sua

cota de malha e suas armas empilhadas desordenadamente em cima de uma cadeira.

Ela não se lembrava de ter colocado o equipamento na cadeira. Freya havia feito

isso. Onde estaria Freya agora?

 

 

Virou o pescoço e olhou

para o outro lado. Mas Freya não estava lá. Apenas um espaço vazio na cama.

Freya sempre acordava mais cedo. Tenko gostaria que ela a esperasse acordar, ou

até que a acordasse e avisasse que estava saindo. Mas ela simplesmente não

estava mais lá. Deitar-se ao lado da sacerdotisa à noite e acordar sozinha pela

manhã fazia Tenko se sentir um pouco solitária. Mas ela era uma assassina, e

esse sentimento fazia parte. Deitou-se outra vez, apoiando a cabeça nos braços,

sem ânimo para levantar e se vestir. Ficou deitada, de olhos fechados, ouvindo

o barulho da água.

 

 

De repente, a porta do

quarto se abriu violentamente. Tenko se eriçou, abriu os olhos e se

desvencilhou dos lençóis. Suas mãos instintivamente se dirigiram até suas

coxas, procurando as Jurs. Mas Tenko estava nua, e as Jurs estavam em cima da

cadeira, junto com todo o resto de seu equipamento. Mesmo assim, Tenko Kitsune

armou uma posição defensiva, pronta para se esquivar ou atacar. As mãos nuas de

um assassino também são armas letais. Mas não era Primus ou Reiko quem havia

aberto a porta. Era Freya.

 

 

“Calma, Amor! Te

assustei?”, disse a sacerdotisa, rindo da reação instintiva e feroz da

namorada. Fechou a porta e colocou no chão um par de sacolas lotadas de

compras. Tenko sentou-se na cama, de pernas cruzadas, e jogou um lençol por

cima dos ombros. Freya sentou-se ao seu lado, eufórica, e começou a exibir os

resultados de suas negociações do dia.

 

 

“Olha esse aqui,

Tenko!”, disse a sacerdotisa, mostrando um estranho cajado feito de osso, com

um crânio humano na ponta. “É um bastão arcano! E nem paguei nada por ele,

troquei pelas suas asas de anjo!”

 

 

“Minhas asas de anjo?

As asas que arranquei do Angeling?”, bradou Tenko, incrédula. Olhou para a

pilha de equipamento em cima da cadeira, e realmente, as asas de anjo não

estavam mais lá. “Com que direito você vende as minhas coisas?”, disse a assassina,

irritada. Freya se irritou também. Inflou as bochechas e reclamou:

 

 

“Eu não vendi! Eu

troquei! É diferente! E além disso eu fiz isso pensando em você também! Com

esse cajado eu vou poder dar suporte melhor para você, e nós vamos poder caçar

mais monstros e conseguir mais dinheiro! Depois eu compro outra asa de anjo pra

você!”

 

 

Tenko bufou. O

argumento de Freya até faria algum sentido se Freya ainda caçasse com ela. Mas

Freya não gostava mais de caçar com ela. Ela preferia a companhia de bruxos,

caçadores ou templários. Pessoas que não tinham a elegância e seriedade de

Tenko. Pessoas que, ao contrário de Tenko, não estariam dispostas a tudo para

protegê-la. Mas esses templários, bruxos e caçadores matavam monstros mais

rápido que uma assassina com equipamentos mais ou menos.

 

 

“Veja essa também,

Tenko! Uma presilha do teleporte! Troquei por aquele monte de oridecon que você

estava juntando. Não todos, só uns trinta. Você nem ia usar mesmo, né?”

 

 

A assassina não

respondeu. Não valia a pena dizer que ela estava guardando oridecon para Kuroi.

Se ela discordasse, Freya ficaria irritada e inflaria as bochechas, e então

daria algum motivo para ter feito o que fez, e diria que só estava pensando no

bem das duas. Não, não valia a pena responder. Tenko levantou-se da cama, pegou

na cadeira uma longa tira de pano e começou a enfaixar o peito, comprimindo os

seios para que não lhe atrapalhassem os movimentos. Preparava-se para a luta,

como todos os dias. Será que hoje... bom, tentar não traria nenhum mal.

 

 

“Freya, vou caçar

alarmes. Quer ir comigo?”. Freya sacudiu a cabeça, negativamente. “Não precisa

ser alarme, podemos ir em outro lugar se quiser. Você ainda se lembra do portal

pra Glast Heim? Podemos ir na Cavalaria...”. Mas Freya negou outra vez. “Já

tenho compromisso, Tenko, meu amor! Além disso, é bom você caçar alarmes, aí

você arranja mais alguns oridecons pra gente!”

 

 

Tenko concordou com a

cabeça. Era a resposta que ela esperava. Silenciosamente terminou de se vestir.

Prendeu as jurs nos quadris, lavou-se rapidamente e desembaraçou os cabelos.

Jogou seu velho manto sobre os ombros e saiu da estalagem. Uma brisa suave

bateu em seu rosto, e ela se sentiu um pouco melhor. Al de Baran era uma cidade

bonita. Tinha ruas pavimentadas de pedras cinza-azulado, e prédios brancos, com

elegantes telhados azuis. Al de Baran fica além das fronteiras de Rune-Midgard,

fazendo parte de outro país, a República de Schwartzenwald. Era em Al de Baran

que estava localizada a Guilda dos Alquimistas, e havia também o Feudo de

Luina, com cinco castelos para a Guerra do Emperium. Construída sobre a água,

Al de Baran era sempre fresca e sempre se ouvia barulho de água corrente. Havia

simpáticas cadeiras, sombreadas por guarda-sóis, onde as pessoas costumavam se

sentar para conversar, mas alguns preferiam sentar ao sol, nos canteiros de

grama que rodeavam o centro da cidade. E bem no meio havia a Torre do Relógio,

uma imensa e antiga construção que encerrava experimentos falhos dos antigos

alquimistas. Monstros artificiais que tentavam destruir qualquer um que

entrasse na torre. E alguns outros monstros também aproveitaram o lugar para

fazer seus ninhos. Havia até uma tribo de Orcs morando dentro da torre. E era

para a Torre do Relógio que Tenko se dirigia.

 

 

Havia menos gente em Al

de Baran que em Prontera, mas ela parecia tão lotada quanto. A diferença é que

ao invés dos mendigos e aventureiros novatos de Prontera, as ruas de Al de

Baran eram ocupadas por mercadores vendendo verdadeiras raridades, membros de

grandes guildas recrutando para a Guerra do Emperium e guerreiros poderosos e

orgulhosos, procurando companhia para caçar na Torre do Relógio, em Glast Heim ou até mesmo

arriscar uma viagem ao mundo dos mortos, Niflheim. Também havia sacerdotes

vendendo seu tempo e seus poderes. Foi em Al de Baran que Tenko Kitsune viu a

Aura pela primeira vez.

 

 

Quando um guerreiro

atinge o limite de seus poderes, estes trespassam seu corpo. Sua energia vaza

em forma de luz, formando uma aura azulada e brilhante. É perfeitamente

possível esconder essa aura, deixando-a aparecer apenas nos momentos de batalha

ou emoção forte. Alguém com tanto poder tem perfeita capacidade de controlá-los

e liberá-los apenas quando necessário. Mas quem chegou a esse nível normalmente

não quer se esconder. A Aura é motivo de grande orgulho para esses guerreiros,

e eles fazem questão de brilhar o máximo possível, mesmo quando estão apenas

sentados nos canteiros de grama de Al de Baran, conversando ou recrutando novos

membros para suas guildas. Ao mesmo tempo, alguns novatos costumam tratar os

possuidores de Auras como semi-deuses ou algo parecido. E os possuidores de

Aura se tornam tão arrogantes que tratam esses novatos como vermes. E assim se

forma um ciclo vicioso, onde os guerreiros experientes ao invés de ajudar os

novatos os humilham e os novatos ao invés de admirar os experientes os invejam.

 

 

Tenko gostava de

observar o comportamento humano. Achava interessante o jeito como o poder

corrompe as pessoas, e com que facilidade elas sacrificam honra e dignidade

para obter mais poder. Via guerreiros de armadura brilhante e peito estufado,

sentados na frente das bandeiras de suas guildas, se achando melhores que o

mundo inteiro por terem acesso a um dos vinte castelos da Guerra do Emperium.

Tão arrogantes e tão descuidados... Tenko poderia facilmente furtar suas

bolsas, com suas mãos de dedos leves e sua habilidade natural. Mas, por outro

lado, ela também era extremamente orgulhosa. Sentia pena dessas pessoas. Havia

ouvido muitos boatos nas ruas, sobre alguns guerreiros que se deixavam possuir

por magia negra para poder caçar sem sentir fome ou sono, andando por aí com

movimentos mecânicos e olhos opacos. E quando saíam do transe seus corpos eram

fortes. Mas eles não sabiam utilizar esses corpos fortes. Haviam desenvolvido

apenas músculos e nenhuma perícia ou habilidade. Tenko Kitsune considerava isso

patético.

 

 

Deslizando no meio da

multidão, Tenko chegou até a porta da Torre do Relógio. Apenas fez uma pausa

para acessar seu armazém e pegar um par de velhos e surrados óculos de

proteção. Não tinha mais suas asas de anjo.

 

 

Subiu correndo a torre

até o terceiro andar. Ela queria os alarmes. Eles eram antigas experiências

falhas dos alquimistas de Al de Baran. Sua aparência era medonha. Partes

orgânicas e mecânicas presas umas as outras, em um corpo quadrado de mais de

dois metros de altura, recheado de órgãos e rodas dentadas. Parecia um grande

relógio com braços e pernas, e soava como um também. Moviam-se lenta e

desconjuntadamente, mas nunca paravam de avançar. Não sentiam dor. Seu rosto

era uma espécie de máscara metálica, com uma grande boca de cantos caídos,

cheia de dentes afiados, alguns metálicos e outros não, que as criaturas usavam

para atacar seus inimigos. E a mordida de um alarme podia arrancar um braço ou

uma perna com facilidade.

 

 

A assassina chegou ao

terceiro andar da torre, onde viviam os alarmes, se é que eles eram coisas

vivas. Era o coração do imenso relógio da torre. Tenko lutava em meio a

gigantescas roldanas e rodas dentadas, às vezes em passarelas estreitas de onde

uma queda seria fatal. Mas Tenko Kitsune tinha pés leves e velozes, e

equilíbrio e agilidade excepcionais. Qualquer terreno era bom para um

assassino. Logo seus olhos cor-de-sangue avistaram o primeiro alarme. Sozinho,

no meio de uma passarela. O alarme também a viu. Virou o rosto metálico em sua

direção e fixou nela as duas crateras sombrias que tinha por olhos. No fundo de

cada uma delas, uma pequena luz vermelha se acendeu. O alarme rugiu e começou a

avançar em direção à assassina com seus passos mecânicos. Tenko não estava com

paciência para esperar. Correu em direção ao monstro já com as jurs nas mãos, e

atingiu-o com força no meio da horrenda máscara. Uma, duas, três vezes. Depois

se desviou antes que o poderoso braço da criatura a atingisse. Cortou o braço,

e ao invés de sangue, o que vazou foi uma espécie de óleo amarelado. Alarmes

não sentem dor, não se importam de ser perfurados inúmeras vezes com jurs

afiadas e reforçadas com emveretacom. Alarmes não fugiam. Não enfraqueciam até

o fim, não tinham pontos vitais para serem atingidos. Só paravam de lutar

quando seus corpos estavam totalmente destruídos.

 

 

Tenko era metódica com

os alarmes. Desestabilizava as pernas e o alarme caía no chão com um grande

estrondo. Depois destroçava o resto do corpo e removia os ponteiros ou o crânio

do alarme. Às vezes tinha sorte, encontrava alguma peça feita de oridecon puro.

Então chutava o alarme para o abismo abaixo, ou simplesmente deixava os restos

do monstro para trás. Eles continuavam se mexendo, até todos os mecanismos

falharem. Então ficavam imóveis. Mas ela não se importava. Alarmes não

agonizam. Alarmes não sentem dor. Ou sentem? Não importa.

 

 

Ela havia se tornado

extremamente forte, violenta e feroz. Se desejasse, poderia entrar em uma

guilda para a Guerra do Emperium. Mas achava fútil. Tenko não sabia realmente o

que desejava. Estava confusa de novo. Queria ser forte para proteger Freya, mas

Freya desejaria sua proteção? Descontava sua fúria nos alarmes. Eles não

sentiam dor, eram bons alvos. Tenko não sabia se teria coragem de atacar com

tanta ferocidade uma criatura viva.

 

 

Lutou sem parar, até

seu corpo ficar totalmente exausto. Voltou para Al de Baran, vendeu seus

espólios e comprou algo para comer. Passou por Freya no caminho. Estava

acompanhada por um cavaleiro extremamente garboso, que parecia um líder de

guilda ou coisa do tipo. Cheirava fortemente a tabaco. Tenko ignorou os dois.

Procurou uma mesinha canto afastado, onde pudesse comer em paz, o que não foi

fácil. Naquele horário o lugar era bem lotado. Sentou-se na ponte oeste da

cidade, de costas para o público, olhando para a água. Mastigava raivosamente a

comida.

 

 

Começava a se

arrepender de ter atravessado o Monte Mjolnir. Sentia falta de Sethit e Kuroi.

Não havia dúvida de que o treinamento na torre do relógio a havia tornado mais

forte e melhor equipada. Mas se sentia magoada e solitária. Antigamente Freya a

acompanhava em suas caçadas. Sentia-se usada.

 

 

Sem saber por que,

olhou para o leste. Em uma das mesinhas com guarda-sol, Freya beijava com

volúpia o cavaleiro com cheiro de tabaco e ares de líder de guilda.

 

 

É interessante como o

poder corrompe as pessoas. É interessante como elas sacrificam com facilidade

dignidade, honra e até mesmo lealdade.

 

 

Tenko havia ouvido

falar de uma ilha próxima a Alberta, chamada Ilha das Tartarugas. Ouviu dizer

que era bom lugar para um assassino caçar sozinho. Alberta parecia bom. Ficava

perto de Payon, perto de Kuroi e Sethit. Ficava longe, mas com sorte ela

conseguiria comprar de algum sacerdote um portal para Prontera. Então andaria

até Izlude e pegaria um navio para Alberta.

 

 

Não deixou recado

nenhum para Freya.

 

 

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Quando sai o próximo epi?

Provavelmente vou postá-lo no domingo.

Por que você não enfiou a adaga no **** do cavaleiro?

A adaga estava no quarto. =3

Por que Espadachin e evoluções são dados como bons ou maus em TODA fanfic?

Se eles não são bons nem maus vão ser o que? Neutros e indiferentes aos fatos da narrativa? XD

Que tal colocar um Bardo maligno no meio da (desculpe a expressão) suruba?

Não tenho planos para bardos na fic, mas posso pensar no assunto.

Todas as perguntas anteriores fizeram algum sentido?

Se fazem sentido pra você, pra mim está ótimo.

Eu não deveria apertar o botão "Confirmar" antes de apagar as coisas acima?

Tarde demais. [/mal]

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Promessa feita é promessa cumprida. NetRunner ganhou a eleição pra tutora da Guilda dos Artistas, e cá estou eu de volta com a minha velha fanfic! Cheguei a pensar em ilustrar a história, mas resolvi que não quero. Quero que cada um imagine os cenários e as personagens da maneira que achar melhor. Eu mesma muitas vezes me decepcionei com representações gráficas de personagens queridos de histórias escritas. Então, vocês tem as minhas descrições e a imaginação de vocês para visualizar as cenas da maneira que mais lhes apetecer!Pros que não conhecem, o que vou postar aqui é o meu trabalho

RO-related mais precioso. É praticamente o motivo que me fez amar tanto

esse jogo. O universo variado e meio nonsense de Ragnarok Online abre

possibilidades para inúmeras histórias. Essa é uma delas. Esta é a história de Tenko Kitsune: assassina e guerreira, menina e mulher, amante e selvagem, mestiça e única. Uma história que me é muito querida e na qual eu coloquei muito de mim mesma, e que torço para que apreciem ler tanto quanto quanto eu aprecio escrever.

Tenho cerca de duas dezenas de capítulos já prontos aqui, mas vou postar devagarinho para dar tempo de todo mundo ler, comentar e criticar se quiser. Aliás, críticas construtivas são extremamente bem vindas. Só tenham em mente que os primeiros capítulos foram escritos em meados de 2005, e eu escrevia mal pra caramba naquela época. Apesar de corrigir alguns erros ortográficos ou sintáticos e mudar alguns elementos de nomenclatura (o termo rogue, por exemplo, foi substituído por ladino), o conteúdo dos capítulos ainda é o mesmo, por respeito ao passado. Afinal, quando redigi esse texto pela primeira vez, tinha em mente uma

historinha despretensiosa, apenas um background para usar quando

fizesse role play no Ragnarok. Acabou ficando bem maior do que eu

esperava.E eu já falei demais. Aí vai o primeiro capítulo. Enjoy.------------------------------------------------------------------------------------------------------- ÍNDICE Capítulo 1 - O Cavaleiro e sua DamaCapítulo 2 - Desonra Para sua Família Capítulo 3 - Rebelde Capítulo 4 - Por Sorte, Talvez... Capítulo 5 - O Destino de uma Fugitiva Capítulo 6 - A Raposa Capítulo 7 - Um Sorriso Cordial Capítulo 8 - Kuroi Yuri Capítulo 9 - Reflexões Capítulo 10 - Reencontro Indesejado Capítulo 11 - Um Caminho para Tenko Capítulo 12 - O Templo Envolvido em Tempestades de Areia - Primeira Parte Capítulo 13 - O Templo Envolvido em Tempestades de Areia - Segunda Parte Capítulo 14 - Refúgio Capítulo 15 - PrimaveraCapítulo 16 - Sem Dor Capítulo 17 - Tenko, a Múltipla Capítulo 18 - Perdoar, Jamais Esquecer Capítulo 19 - Verde e Escarlate Capítulo 20 - Traição sob o LuarCapítulo 21 - O Legado do Demônio - Primeira Parte Capítulo 22 - O Legado do Demônio - Segunda ParteCapítulo 23 - O Início de Três Jornadas

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"P.S.: Mas como eu não sou nenhum suicida, vou olhar ela através de uma câmera, comigo dentro de um cofre de titânio anti-terrorista, com 60cm de espessura. Não tem Rondel e EDP no mundo que arrebente esse troço!!!"

 

Cuidado, sempre sobra o buraquinho por onde passa a Câmera!!!!!!

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CAPÍTULO 1 - O CAVALEIRO E SUA DAMA 

 

 Lucius pisou triunfante para fora do centro de treinamento. Seu

pai o aguardava do lado de fora. O aprendiz se aproximou de seu

progenitor, e este lhe entregou uma lâmina simples, mas afiada e

cuidadosamente reforçada com fracon até quase seu limite, poções,

armadura, escudo e um gordo e tilintante saco de zeny. Depois disso, o

filho despediu-se do pai e correu para a pradaria verde ao sul de

Prontera, até sumir de vista.

 

O jovem Lucius

havia se tornado aprendiz havia menos de uma hora, mas já era forte.

Seu treinamento já havia começado há muito tempo. Ele era um jovem

forte, troncudo e cheio de vitalidade. Seus cabelos escuros e lisos

refletiam um tom azulado, e fiapos de barba começavam a despontar no

seu queixo. Seu rosto era anguloso, o nariz imponente e a boca fina.

Sobrancelhas grossas e negras emolduravam olhos castanho-escuro. Era

alto e musculoso, e sorria bravamente enquanto, sem dificuldades,

testava em Porings e Fabres as habilidades aprendidas no castelo de sua

família.

 

O pai de Lucius era um nobre cavaleiro de cabelos

grisalhos, e sua mãe era uma bela e delicada dama. Seus avós também

eram bravos cavaleiros e damas prendadas, assim como seus bisavós,

trisavôs e tataravôs. Lucius fora treinado para se tornar um cavaleiro

também. Seu treinamento começou no dia em que ele teve força para

segurar uma espada. Fora treinado tanto fisicamente quanto moralmente,

e havia aprendido a ser rígido, sério e honrado.

 

Poucos dias

depois de sair de casa, o jovem aprendiz se tornou um espadachim. O

teste não foi difícil, ele estava preparado. Sua família mandou para

ele, via Kafra, uma bela coleção de espadas e escudos. E outro saco

gordo de zeny. Lucius aprendeu a usar a espada de uma mão, a concentrar

sua força em um único golpe, a abaixar a defesa do inimigo, a relaxar

os músculos para se recuperar mais rápido de ferimentos e a suportar a

dor. Até que chegou o dia de se tornar um cavaleiro.

 

A família

inteira esperava Lucius na saída do teste. Quando ele terminou, seu pai

o presenteou com um belo e fogoso PecoPeco amarelado, tão cheio de

vitalidade e força quanto o próprio Lucius. E assim, o jovem aprendiz

se tornou Sir Lucius Renard, o mais jovem herdeiro de uma antiga

dinastia. E foi re-integrado à sua família, passando a residir outra

vez no castelo.

 

A música era boa, e a bebida e comida melhores

ainda. O baile estava maravilhoso. Sir Lucius Renard estava sentado à

mesa com seus amigos. Eram todos cavaleiros experientes e fortes.

Lucius

estava belo em seus trajes de gala. Os cabelos negros refletindo um

azul intenso à luz dos lustres de cristal, a barba bem cuidada

emoldurando um sorriso viril, a armadura polida e a capa lavada. A bela

espada pendendo de sua cintura era mais um enfeite que uma arma, já que

o cavaleiro praticamente só usava a lança em batalha. Lucius ria e

bebia.

 

Os bardos começaram a tocar uma música que convidava os

nobres cavaleiros à dança. Os bravos começaram quase imediatamente a se

levantar de suas mesas e cortejar belas damas em vestidos de festa, que

riam e cochichavam entre si cada vez que um cavaleiro estendia a mão a

uma delas.

 

Lucius sondou um pouco o ambiente, até seus olhos se

fixarem em uma dama no fundo da sala, sentada ao lado de uma corte de

servos. Lucius cutucou seu pai, pedindo informações sobre a bela

mulher, sem tirar os olhos dela. Seu pai respondeu que aquela era Lady

Irina, e isso era tudo que ele sabia. A nobre dama havia acabado de

chegar à cidade.

 

Era uma mulher peculiar. Seu rosto era delicado

e bem-feito, emoldurado por cabelos de um louro muito claro, quase

branco. Eram bem-tratados e caiam em cachos ondulados sobre seus

ombros. A pele era muito clara, contrastando com o vestido negro. Seus

lábios carnudos e vermelhos sorriam delicadamente para Lucius. Mas o

maior destaque eram seus olhos.

Eram olhos vermelho-sangue,

brilhantes, ferozes. Havia algo sobre-humano naqueles olhos. Eles

fixavam diretamente os olhos castanhos do cavaleiro, e o chamavam

insistentemente. Lucius prontamente atendeu ao chamado.Não muito tempo

depois, os sinos da catedral de prontera anunciavam o casamento de Sir

Lucius Renard com Lady Irina.

A família inteira do cavaleiro compareceu ao casamento. Mas a dama trouxe apenas um séquito de servos.

 

O

casamento era próspero e o casal era feliz. Os servos de Irina passaram

a trabalhar no castelo, e eram mais prestativos que qualquer outro

servo. A dama mantinha dois deles especialmente próximos. Um garoto

delicado, pálido, de aparência frágil. Seu nome era Reiko, e ele tinha

cabelos castanho-dourado muito claros que caiam sobre seu rosto, e

olhos azul-celeste. Reiko arrumava e limpava o quarto e as posses

pessoais da sua senhora. O outro servo, Byakko, tinha a mesma pele

clara e os mesmos olhos azuis de Reiko, mas era forte e musculoso. Seus

cabelos eram louros e caiam em um rabo de cavalo sobre suas costas.

Byakko cuidava do pequeno jardim de sua senhora, e entregava mensagens.

Os dois aceitavam ordens dela, e apenas dela.Muitos dos nobres do

palácio olhavam com desconfiança para Irina e seus dois servos, mas

Lucius a amava perdidamente, e era muito feliz ao lado de sua dama. E

assim se passaram alguns anos.

 

O esperado choro de criança

finalmente irrompeu no quarto de Lady Irina Renard. O ansioso Lucius

entrou no quarto assim que lhe foi permitido. Era uma linda menininha.

Sua pele era pouco mais escura que a da mãe, tinha as sobrancelhas

expressivas e o rosto anguloso do pai. Seus cabelos, mistura do

negro-azulado com o prateado, saíram de um tom prata-azulado, que

lembrava a cor do luar. Os olhos eram vermelho-sangue, ferozes,

perfurantes, idênticos aos da mãe. Era uma criança bonita e saudável.

Seu nome, disse Irina, seria Tenko.

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Eu não esperava que você continuasse com essa fic, Tenko. Eu não esperava mesmo. Mesmo porque você, assim como eu e muitos outros, quitou do bRO depois da chegada dos ROPs. E me pareceu que você tinha renunciado, juntamente com a sua assassina, à sua fic e a tudo que dava origem à ela. Entretanto, cá está você, postando novamente no fórum os primeiros capítulos da sua obra, que eu me lembro tão bem, onde temos a nossa futura assassina fugindo de seu castelo e de seus confortos, para vivenciar uma realidade que não poderia ser compreendida por seu pai e pelas personalidades superficiais da nobreza. Ah, como eu tive bons momentos com esses primeiros capítulos!

Essa história significa muito para mim. Mudou o modo como vejo a classe dos assassinos, e por conseguinte, sendo eu um colega de profissão, o modo como vejo à mim mesmo.

Quero deixar claro que vou continuar acompanhando a sua fic como sempre fiz, lendo, elogiando, criticando, enfim, contribuindo com minhas opiniões para o progresso da grande escritora que você já demonstrou ser.

Ocasionalmente, vou estar debochando também. De forma carinhosamente construtiva, claro =3.

Espero ansiosamente os próximos capítulos.

Khelek

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  CAPÍTULO 15 - PRIMAVERA 

 

 

 

 

Dizem as lendas que um

dia o deus Loki apareceu para os ferreiros anões Eitri e Brokk carregando a

lança de Odin, Gungnir, e o bote dobrável de Freyr, Skidbladnir, e apostou a

própria cabeça que os dois não conseguiriam forjar objetos mais fantásticos que

os que ele tinha nas mãos. Ora, Gungnir e Skidbladnir haviam sido forjados por

rivais de Eitri e Brokk, e estes se sentiram ofendidos e aceitaram o desafio.

Eitri moldava os objetos enquanto Brokk lidava com o fole, e eles tiraram da

forja Gullinbursti, o javali de crina dourada, e Draupnir, o anel de Odin.

Mesmo assim, aqueles objetos não eram mais impressionantes que os que Loki trazia.

Então Eitri começou mais uma forja. Loki queria garantir sua vitória, então se

transformou em um inseto e picou a pálpebra de Brokk, que se desconcentrou do

seu trabalho com o fole por alguns segundos. Por causa disso, o martelo de

batalha que Eitri havia forjado ficou com o cabo muito curto, e levemente

oblíquo à cabeça da arma. Mesmo assim, todos concordaram que aquele martelo,

que foi chamado Mjolnir, era mais maravilhoso que os objetos que Loki trouxera.

No entanto, Loki argumentou que em momento algum da aposta havia dito que os

anões poderiam cortar seu pescoço. Desse modo, o Deus das Mentiras se safou, e

os ferreiros ofereceram o Mjolnir como presente a Thor, para ser usado em suas

lutas contra os gigantes. E mesmo com o cabo torto, arma mais poderosa não

havia em todos os Nove Mundos. Tão poderoso era o martelo de Thor que, dizem as

lendas, uma vez ele bateu com a arma no chão em Midgard, e tão grande foi o

impacto que fez erguer uma montanha. Assim, dizem, surgiu o Monte Mjolnir.

 

 

Sejam as lendas

verdadeiras ou não, o fato é que o Monte Mjolnir é um lugar misterioso. Suas

encostas verdes são cobertas de belas flores róseas ou púrpura, tão grandes

quanto mesas de banquete, com caules grossos como troncos de árvore. A relva

brilhante pode chegar à altura dos joelhos de um homem adulto. Lá existem rios

de águas cristalinas, e dizem que a própria deusa Freya gostava de passear nas

margens daqueles rios, e que em alguns pontos, seu perfume ainda pode ser

sentido no vento. Existem até aqueles que dizem que ainda há anões vivendo nas

cavernas do Monte Mjolnir, escondidos, cuidando das suas forjas e esperando os

deuses voltarem a Midgard, no dia do Ragnarök.

 

 

Naquele exato momento,

como nas lendas, Freya caminhava à margem do rio que cruzava o Monte Mjolnir.

Mas não Freya, a Deusa, e sim Freya, a Sacerdotisa. Caminhava tranquilamente,

se apoiando no cajado, uma bela diadema de ouro sobre a cabeça. Ao seu lado,

com o manto jogado em um dos ombros, de braços cruzados e passos silenciosos,

caminhava Tenko Kitsune, a Assassina, que no momento não saberia dizer qual das

duas Freyas achava mais bela. Já fazia tempo que o casal havia deixado a casa

dos Aintaurë em Payon, e o tapete de neve do Inverno já começava a derreter. O

vento forte sacudia a relva e trazia o cheiro das flores e o inebriante perfume

de Freya às narinas de Tenko, mas ela não podia se distrair. O Monte Mjolnir é

habitado por inúmeros insetos. Insetos que seguem a proporção das flores.

Zangões do tamanho de uma criança de cinco anos, Louva-a-Deus com foices mais

longas que as jurs de Tenko, grandes aranhas com teias ainda maiores e

centopéias longas como Jibóias e de exoesqueleto duro como o de um Vadon. A

maioria destes insetos com uma capacidade maior ou menor de envenenar suas

vítimas. Por é uma boa idéia ter a companhia de um assassino ao atravessar o

Monte Mjolnir. Tenko era não só mestra na criação e no uso de venenos como

também extremamente eficaz na produção de antídotos.

 

 

“Não estamos passeando

nos arredores de Prontera, Freya. Deixe minhas mãos livres, por favor”, pediu

Tenko ao sentir a mão da sacerdotisa envolver a sua. Apreciava o toque de

Freya, mas odiava que seus movimentos fossem restritos. Freya removeu a mão,

parecendo levemente ofendida. Havia sido assim desde que deixaram Payon.

Freqüentemente tinham pequenas brigas por motivos bobos, normalmente por causa

da comida ou do local para dormir. “Ela realmente não foi feita para viver

longe de uma cidade”, pensou a assassina. Imaginava se Freya a acharia rude ou

abrutalhada. Se arrependia por não ter prestado mais atenção às aulas de

etiqueta de sua infância. Ser uma dama não era seu estilo, mas por Freya ela

faria qualquer coisa. De repente, a sacerdotisa parou de andar.

 

 

“Argiope! Tenko, vá na

frente!”

 

 

Tenko desembainhou suas

jurs em um segundo. O enorme miriápode de casco escarlate já havia percebido

sua presença e rastejava lentamente em sua direção, movendo as pinças venenosas

ameaçadoramente. A assassina, ao contrário de seu adversário, era veloz como

uma Rosa Selvagem, e disparou contra o Argiope ferozmente. O estilo de luta de

Tenko era brutal e veloz, mas um observador mais atento encontraria uma certa

graça nos movimentos da assassina. Ela correu furiosamente até diminuir a

distância entre ela mesma e o inseto para alguns poucos metros. Então investiu.

Firmando as pernas, girou o corpo, postando-se atrás do Argiope que nesse

momento investia contra ela também, e cravou o katar da mão direita na casca

rija de seu adversário. A maioria das armas teria problemas com o exoesqueleto

duro do miriápode, mas não um katar. Feito para quebrar cotas de malha e

perfurar escudos, o katar de Tenko penetrou o casco escarlate do Argiope sem

dificuldade alguma. E logo a mão direita foi seguida pela esquerda, em um

movimento contínuo e inevitável. Os Argiopes já não eram mais desafio para

Tenko. Ela os abatia em poucos segundos. Freya já havia percebido isso também,

e nem se preocupava em executar magias divinas mais complexas como Impositio

Manus ou Magnificat. “Vamos, Tenko”, disse a sacerdotisa. “Al De Baran ainda

está bem longe”. Tenko acenou com a cabeça. “Espere um minuto. Ouvi dizer que

veneno de Argiope é bem eficaz se misturado com álcool”, disse ela, retirando

um pequeno frasco das vestes e recolhendo o líquido amarelado que pingava das pinças

do miriápode morto. Freya bufou, irritada. Não gostava de esperar.

“Provavelmente vamos brigar de novo”, pensou a assassina. Mas ela não se

importava. Gostava demais de Freya para se importar com algumas briguinhas sem

sentido.

 

 

“Argiope!”, gritou

Freya outra vez, já sem ânimo. Tenko avançou na criatura, mas parou quando

percebeu que ela não a atacava. Ao lado do Argiope havia um homem alto, de

cabelos longos. Um sacerdote, a julgar pelas suas vestes. Antes que Tenko

pudesse perguntar se ele precisava de ajuda, o sacerdote soltou um poderoso

urro e esmagou a cabeça do inseto com um enorme porrete que tinha nas mãos. Em

seguida brandiu a maça violentamente e fez o corpo volumoso do Argiope se

elevar nos ares e se estatelar no chão em seguida. Tenko

sorriu. Era uma grande coincidência encontrar Caifás naquele lugar tão vazio.

 

 

“Tenko! Eu podia jurar

que você ia se tornar uma arruaceira!”, disse ele, rindo. “Ladino, Caifás.

Respeite. E eu podia jurar que você se tornaria um monge...”, respondeu a

assassina. Conversaram alegremente por alguns minutos, até Freya começar a

bufar impaciente outra vez. Caifás então convidou-as para comer alguma coisa no

local onde ele estava acampado. Freya aceitou prontamente, o que Tenko encarou

como ofensa à sua comida. Mas não disse nada.

 

 

O acampamento de Caifás

era bem mais organizado que os pernoites de Tenko e Freya. Tinha se instalado

em uma pequena caverna na encosta do monte. “Estou acampado aqui com a nossa

prima Stella. Lembra da prima Stella, Tenko? Se tornou templária há algum

tempo, está caçando nas Minas de Carvão. Hoje é minha vez de cozinhar.”, disso

o sacerdote, acendendo um cigarro. “Essa coisa não é ilegal?”, indagou Tenko,

levantando uma sobrancelha em desaprovação. “Uhn... acho que sim”, disse

Caifás, segurando o rolinho de tabaco fumegante entre os dedos, rindo. A

assassina não pode deixar de notar como o irmão havia crescido. Estava do

tamanho do pai, mas um pouco mais esguio. O rosto havia se tornado quadrado, e

a voz havia engrossado. Ondas de cabelos prateados caíam até o meio das costas

do jovem sacerdote, presos por um elegante laço de seda. Carregava na cintura a

enorme maça de madeira e aço com a mesma facilidade com que Tenko carregava

suas jurs. E definitivamente, Caifás cozinhava muito melhor que Tenko ou Freya.

Comeram, e logo Freya adormeceu, com a cabeça apoiada no colo da assassina.

 

 

“Estamos perto da Mina

de Carvão, Caifás? Isso significa que estamos quase em Al De Baran!”, disse

Tenko. O jovem sacerdote balançou a cabeça afirmativamente. “Vocês devem chegar

lá em mais dois ou três dias de viagem, se andarem rápido”. Os dois irmãos

ficaram contando sobre suas viagens e suas aventuras até a lua ir alta no céu

escuro. “Então os Nove-Caudas não gostam de você, Tenko? Estranho... eles

também não gostam de mim”, disse o sacerdote. “Me atacam com fúria demoníaca.

Imaginei que sentissem meus poderes divinos, grande parte dos monstros sente e

se enfurece. Mas se eles ficam desse jeito com você também...”. Caifás acendeu

outro cigarro, pensativo. “Imagino que tenha algo a ver com a nossa mãe, não?

Quero dizer, ela era uma mulher muito estranha...”, respondeu a assassina.

“Você tem os olhos dela”, disse Caifás. “E eu a invejo. Tenho os olhos de nosso

pai”. Tenko sacudiu a cabeça. “Não me inveje, Caifás. Olhos vermelhos só me

trouxeram problemas até agora”. Caifás respondeu tristemente. “Pelo menos você

não tem que olhar seu reflexo e ver os olhos de um tirano. Nosso pai nunca me

tratou bem. Nunca se importou se eu não queria saber da cavalaria, tinha

vergonha de mim!”.

 

 

“Tinha vergonha de nós

dois”, disse Tenko, sorrindo. “E não sou muito grata a ele por ter colocado

Primus na minha vida. Mas o perdôo. Ele não tinha noção do que estava fazendo.

Só queria salvar o único modo de vida que ele conhecia”.

 

 

Caifás concordou depois

de algum tempo, acenando com a cabeça. Depois ficou pensativo, o cigarro aceso

quase caindo da boca. Tenko acariciou gentilmente os cabelos da namorada, que

grunhiu e virou-se para o outro lado. 

 

 

 

 

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O Inverno chegava ao

fim no sul de Rune-Midgard também. A Payon branca se tingia do tom verde-claro

da relva nova, salpicada de flores aqui e ali. Não tão grandes como as do Monte

Mjolnir, mas igualmente belas e perfumadas. As majestosas e antigas árvores do

Feudo do Bosque Celestial ganhavam uma nova e espessa folhagem, escondendo os

cinco castelos do Feudo em seu manto verde. Os fumacentos saíam de suas tocas,

os pés-grandes despertavam de seu longo sono e pássaros que haviam migrado para

terras mais quentes voltavam para casa, cantando, anunciando a chegada da

Primavera.

 

 

Se existia alguém em

Payon que gostava tanto da primavera quanto os pássaros e os fumacentos, esse

alguém era Sethit Aintaurë. Após um longo inverno de serviços domésticos, a

caçadora voltava a pegar seu arco. Horus, o falcão, também estava ansioso para

esticar as asas, e os dois juntos se embrenhavam na floresta logo pela manhã e

só voltavam quando o Sol já mergulhava no horizonte ao oeste. Kuroi Yuri também

apreciava a chegada da primavera. Durante o inverno havia produzido uma boa

quantidade de armas, que agora vendia nas ruas da cidade. Não armas comuns, que

se compra nas lojas, ou armas com capacidade de combinação mágica, do tipo das

antigas que se encontra nas tocas dos monstros. Armas chamadas elementais,

imbuídas com as propriedades do fogo, da água, da terra ou do vento. Essas só

podem ser forjadas por ferreiros habilidosos, pois é preciso forjar junto com o

aço uma pedra elemental, e isto diminui consideravelmente as chances de sucesso

da forja. Ainda assim, as mãos de dedos curtos e roliços de Kuroi eram

extremamente habilidosas, e ela agora se sentava ao largo da calçada da cidade

de Payon, vestida à moda dos ferreiros, de camisa branca e calças curtas de tecido

áspero, botas e luvas de couro. Seus cabelos dourados estavam enfeitados por um

belo par de guizos de ouro, como os que são encontrados nas cabeças das Sohees,

que tilintavam quando ela sacudia a cabeça. Sempre alegre, com um largo sorriso

no rosto sardento, a Ferreira animadamente oferecia aos passantes uma magnífica

coleção de espadas, lanças e adagas elementais, todas com belas bainhas de

couro e cabos trabalhados com desenhos de ramos e flores. Naquele exato momento

enumerava as qualidades de uma longa claymore para um jovem cavaleiro de

armadura bem-polida, que observava interessado.

 

 

“Foi forjada com aço da

melhor qualidade, senhor! Aço que eu refinei pessoalmente! A bainha é de couro

de Nove-Caudas, que conserva melhor as propriedades de uma arma flamejante!

Veja a lâmina, como é sempre quente, como se tivesse acabado de sair da forja!

Veja como o peso é bem distribuído! Perfeita para lutar contra mortos vivos e

contra criaturas da terra! Com essa espada, o senhor faria um verdadeiro

estrago em Glast Heim!”,

dizia a ferreira, desembainhando a espada nova e brilhante e indicando com os

dedos cada um dos detalhes do cabo, o Coração Flamejante incrustado na cruz da

espada e a marca negra em forma de lírio na base da lâmina. “E ela será sua por

apenas um milhão e trezentos mil zeny!”, disse finalmente.

 

 

“Pago setecentos mil”,

disse o cavaleiro, cruzando os braços. “Um e duzentos!”, retrucou Kuroi,

começando a falar outra vez sobre a qualidade do seu aço e as características

únicas das suas marteladas firmes. Kuroi Yuri era uma boa negociante, mas tinha

gênio forte e era impulsiva, o que as vezes a atrapalhava. No fim de uma

exaustiva conversa, a espada trocou de mãos por novecentos e cinqüenta mil e

quinhentos zeny. A Ferreira tomou fôlego e se preparou para anunciar seus

produtos mais uma vez, quando ouviu uma risada doce e familiar. Virou-se e deu

de cara com sua anfitriã, Sethit, elegante em seus trajes de caça de mangas

largas, com braçadeiras de couro, gorro de pele de fumacento, o arco em um

ombro e Horus no outro. “Acabei de vender os espólios de minha caçada e pensei

em cumprimentá-la, minha nobre Kuroi! Como vão seus negócios?”, perguntou a

caçadora. “Decentes”, respondeu a Ferreira. “Vendi duas claymores hoje. Um

ladino tentou furtar uma das minhas damascus, mas acabei o convencendo a

comprá-la. Teve uma boa caçada?”. “Ai de mim! Agora entendo o que Tenko sentia

quando dizia que Payon estava ficando pequena demais! Penso seriamente em

viajar para Kunlun ou Morroc, estou ficando cansada daqui!”, disse a caçadora

com sua voz doce, brincando com a ponta dos cabelos castanhos. “Mas já que

estou aqui, tenho algo mais a lhe dizer. Veja isto!”, disse ela, e tirou do

cinto, onde estavam penduradas sua trompa e sua faca de caça, um rolo de

pergaminho. Desenrolou-o diante da ferreira e deixou-a ler. Depois repetiu em

voz alta:

 

 

“Grande Baile Real da

Primavera, Kuroi. Será daqui a uma semana no castelo de Prontera, e o rei

Tristan em pessoa convoca os Aintaurë!”. Kuroi se animou imediatamente. Nos

seus tempos em Alberta havia comparecido muitas vezes ao Baile da Primavera.

Sua família era sempre convocada. Mas Sethit tinha as sobrancelhas franzidas e

demonstrava nervosismo. “Kuroi... eu nunca fui ao Baile da Primavera! Sempre

dei uma desculpa ou outra, mas dessa vez minha mãe disse que eu já tenho idade

o bastante para ter algumas responsabilidades como uma dama! Mas eu não sei

dançar, Kuroi! E não quero arranjar um noivo!”. Kuroi sorriu maliciosamente.

“Nunca teve um namorado, Sethit?”. “O homem da minha vida está pousado no meu

ombro neste exato momento!”, disse a caçadora com firmeza. Horus soltou um pio

alegre e mordiscou carinhosamente a orelha da companheira. Kuroi começou a rir

tão alto que as pessoas paravam para olhar, e Sethit corou de vergonha. “Ehhhh

Sethit, eu posso te ensinar a dançar! E os cavaleiros não vão agarrar você,

sabe...”, disse a ferreira. Em resposta Sethit agarrou com força as mãos da

jovem loura. “Kuroi... vá comigo ao baile, por favor! Eu... eu sou muito

tímida! E nunca fui, vou fazer tudo errado!”. Kuroi desviou o olhar. “Não

sei... minha família com certeza vai estar lá. Não acho que eles queiram me ver

de novo. Além disso, eu não fui convidada...”. “Você é MINHA convidada!”,

retrucou a caçadora, apontando o pergaminho. “Você pode ir ao baile como parte

da família Aintaurë. O convite prevê esses casos. Por favor Kuroi! Eu preciso

de ajuda!”, disse ela com voz trêmula. “Tudo bem, eu vou com você”, concordou a

ferreira. “Mas agora você que está chamando atenção!”. Sethit suspirou

aliviada, e agradeceu a ferreira com uma elegante reverência. 

 

 

 

 

A semana passou mais

rápido que Sethit gostaria. Logo a caçadora estava em pé, na entrada do Castelo

de Prontera. Com um vestido verde-esmeralda no estilo oriental de Payon, os

cabelos cuidadosamente trançados e enfeitados e algumas poucas jóias de

família, a mais jovem dos Aintaurë era de uma elegância simples, e se destacava

no meio das damas empoadas de Prontera, tão cheias de rendas e babados que mal

conseguiam se movimentar. Mais de um nobre parou para observar melhor a dama de

Payon, o que fazia as maçãs do rosto de Sethit se tingirem de escarlate. Kuroi

Yuri também estava bela em seu vestido bordô, mas era atarracada e seus ombros

e peito eram tão sardentos quanto o rosto, e por isso não despertava tantos

olhares quanto a caçadora. Por isso e por causa do lírio negro, agora

totalmente visível em suas costas nuas, e sem a cobertura dos cabelos dourados,

que estavam presos em um elegante nó no pescoço. Mas ao contrário de Sethit,

Kuroi se sentia confortável em multidões e não apresentava nenhum nervosismo.

 

 

No entanto, ao entrarem

no castelo os Aintaurë apresentaram a filha aos seus conhecidos, e Sethit

começou a relaxar e a se soltar, e logo dançava com desenvoltura. Kuroi, pelo

contrário, logo viu seus familiares e começou a se sentir levemente oprimida.

Via o ambiente da festa com olhos de ferreira agora. E não achava mais graça

nenhuma. Em certo momento foi abordada por um cavaleiro alto, de longos cabelos

negros e profundos olhos azuis. Mas não sentia vontade alguma de dançar.

Recusou o convite educadamente e disse que precisava tomar um ar. Saiu pela

porta dos fundos. O cavaleiro cruzou os braços, irritado.

 

 

“Não conseguiu

descobrir nada, Secousse?”

 

 

Secousse olhou na

direção de onde a voz tinha vindo. Lá estava Reiko, de vestes negras do tipo

que os nobres de Geffen usam, acompanhado por Byakko, usando vestimentas

formais de mercador de cor cinzenta. Os dois pares de olhos azul-celeste o

fitavam com um certo desprezo.

 

 

“Ei, não é minha culpa

se ela não quis dançar comigo! De qualquer jeito, como podem ver, Tenko não

está aqui!”. Reiko se enfureceu. “Fale baixo, cavaleiro estúpido! Não está

vendo o velho Renard ali atrás? Não deixe que ele te ouça falando da mestiça!”.

Sir Primus se desculpou, mal humorado. Reiko, Byakko, Irina, eram poderosos,

mas não entendiam completamente as nuances de personalidade de um humano. Ele

sabia que Tenko não estaria em um baile daquele tipo. De qualquer jeito, não

era sua culpa, pensou o cavaleiro, se servindo de vinho. Desta vez, não era sua

culpa se eles haviam perdido a pista. Reiko sabia disso. Pela primeira vez, o

mago parecia estar inseguro. 

 

 

 

 

Kuroi Yuri saiu pela

porta dos fundos do castelo e sentiu uma lufada do ar fresco da noite atingir

seu rosto. Fechou os olhos e respirou profundamente por um momento. Em seguida

levantou o olhar para o céu estrelado,e se sentiu mais tranqüila. O fundo do

Castelo de Prontera dava para o Feudo das Valquírias, palco da Guerra do

Emperium, e seus cinco castelos mantidos pela lei da espada: Gondul, Skoegul,

Brynhildr, Kriemhildr e Hrist. Os cinco agora pareciam desertos, e suas torres

brilhavam fantasmagóricas, refletindo o luar.

 

 

“É bonito, não é? Fica

ainda mais lindo no momento em que começa a Guerra, quando o Emperium nasce e

seu brilho dourado vaza pelas janelas das torres”, disse uma voz feminina, bela

e triste.

 

 

Kuroi sentiu um calor

estranho. Uma presença forte, que a fazia sentir pequena. Olhou para o lado e

viu uma dama. Mais alta que alguns dos cavaleiros do rei e bela como um anjo.

Tinha lábios rosados e nariz bem-feito. Seus olhos eram cinzentos, e seus

cabelos eram de um tom claro de azul. Eram lisos e muito longos, e caíam soltos

sobre seus ombros, passando o meio das costas. Seu vestido era longo e de um

azul-acinzentado que combinava com seus olhos, e por cima dos ombros havia uma

magnífica capa de penas de cisne imaculadamente brancas, que faziam até o

brilho do luar parecer cinzento. Seu corpo inteiro demonstrava tristeza. “Me

desculpe, acho que a assustei”, disse a dama ao ver a expressão de surpresa nos

olhos verdes da ferreira. “Não, eu... estava distraída”, respondeu Kuroi, ainda

atordoada pela intensa e estranha presença da bela dama. Aquela sensação lhe

era vagamente familiar, assim como a voz daquela mulher. Porém não se lembrava,

e tinha certeza que se lembraria, de uma dama tão alta e tão bela.

“Desculpe-me, senhorita, mas... será que já não nos conhecemos de algum

lugar?”. Em resposta, a dama apenas fitou-a diretamente nos olhos e sorriu um

sorriso triste. Aquele olhar fez Kuroi sentir que cada pelo do seu corpo se

arrepiava. Era realmente intenso. Só conseguia se lembrar de mais um par de

olhos que conseguia causar um efeito assim. Um par de olhos vermelhos. Mas o

olhar de Tenko Kitsune era feroz, selvagem. Os olhos dessa dama eram

simplesmente tristes.

 

 

“Tem... alguma coisa

errada, senhorita. Será que eu posso ajudar?”, perguntou a ferreira. A dama

sorriu mais uma vez, os olhos fixos no céu escuro. “O que você busca, Kuroi

Yuri?”. Kuroi sentiu seu coração saltar. “Como você sabe?”

 

 

Silenciosamente, a dama

apontou a tatuagem no braço direito da ferreira. “Ah... é verdade, tinha

esquecido. Hã... como assim o que eu busco?”. A dama simplesmente repetiu a

pergunta. Kuroi pensou por um momento.

 

 

“Eu sou uma ferreira.

Quero ser a melhor ferreira de Rune-Midgard. Quero forjar as melhores armas, e

que essas armas sejam usadas pelos melhores guerreiros. É isto que eu busco!”.

A dama sorriu tristemente outra vez. “Um sonho digno de Kuroi Yuri”, disse ela,

e em seguida falou tristemente, quase sussurrando:

 

 

“Eu busco um herói”.

Kuroi sorriu também. “Não deve ser muito difícil! Veja quantos guerreiros

poderosos temos só aqui em Prontera! Temos muitos heróis nos tempos de hoje!”.

A dama negou com a cabeça, tristemente. “Guerreiros poderosos são fáceis de

encontrar. Mas um guerreiro poderoso não é um herói. Quantas almas

verdadeiramente nobres existem em todos os Nove Mundos? Quantas existirão em

Midgard, se até entre os deuses há trapaceiros?”

 

 

Kuroi ficou pensativa

por mais alguns instantes. Estava certa. Cada vez menos se ouvia falar de atos

nobres, e até a cavalaria estava corrompida. A busca daquela dama era realmente

difícil. Ficaram as duas em silêncio por um longo tempo, observando os reflexos

da Lua nas torres dos castelos. Então, a dama quebrou o silêncio com uma

pergunta que Kuroi estava acostumada a ouvir, mas naquele momento era a última

que esperava. “Sabe forjar claymores, Kuroi Yuri?”. Surpresa, Kuroi assentiu

com a cabeça. “O que precisa para forjar três delas?”. Kuroi arregalou os

olhos. Pergunta estranha, vinda de uma dama como aquela. Mas respondeu. “Para

cada tentativa preciso de... uhhn... vinte lingotes de aço, uns dezesseis

oridecons, os puros, não os brutos. Também um diamante. Mas não um dos muito

duros, um daqueles que racham. E uma pedra elemental, se quiser que a arma

tenha elemento... claro, não garanto acertar na primeira tentativa, não sou

muito experiente ainda e as armas não saem muito boas as vezes...”.

 

 

“Aço... oridecon...

disto tenho o quanto precisar. Mas não tenho dinheiro. Desculpe incomodá-la”,

disse a dama. Mas sem saber porque, Kuroi respondeu: “Não cobrarei nada pela

forja. Posso fazer um favor”. A dama sorriu, mas dessa vez sem tristeza, com

uma certa esperança no olhar. “Posso lhe entregar o material agora, se

preferir. Quanto tempo precisa para a forja?”. Kuroi pediu três semanas. Contou

que estava hospedada com os Aintaurë e a dama disse que mandaria entregar o

material. Agradeceu o favor e disse estar em dívida. Kuroi,

confusa, voltou para dentro do castelo, para junto dos Aintaurë. O Sol já

nascia e o Baile estava para terminar. A dama ficou sozinha, na entrada do

Feudo das Valquírias.

 

 

Para a surpresa de

Kuroi Yuri, o material de forja realmente foi entregue na casa dos Aintaurë.

“Devo estar ficando louca”, pensou consigo mesma a ferreira. Mas cumpriu o

prometido, e depois de três semanas tinha nas mãos três das melhores claymores

que já havia forjado. Cada uma das três lâminas havia sido forjada com o maior

cuidado, cada uma das três pedras elementais, Vento Bruto, Coração Flamejante e

Gelo Místico, haviam sido engastadas no cabo ricamente trabalhado das espadas

com precisão sem igual. Até mesmo com as bainhas Kuroi havia tomado cuidado

especial. Havia usado couro de Matyr, que era um dos melhores que existem. Mas

dama nenhuma veio buscá-las. Cada vez mais confusa, Kuroi resolveu não vender

as espadas. Guardou-as.

 

 

Alguns dias depois a

nobre dama veio buscá-las. Kuroi havia esperado que ela viesse em uma carruagem

ou liteira, mas ela veio montada em um magnífico PecoPeco cor de fogo. Ao invés

de vestido, ela trajava belíssima cota de malha por baixo das placas metálicas

da armadura. Na cabeça, ao invés de diadema ou enfeite semelhante, havia um

pesado elmo com grandes chifres de carneiro, e além do elmo havia na altura das

orelhas barbatanas, símbolo da classe dos espadachins. Carregava no braço

esquerdo um grande escudo e na mão direita uma lança de infantaria, que parecia

estar refinada até o seu limite. Da cintura pendia uma espada reta, de lâmina fina,

uma haedonggum. Sobre os ombros estava o manto de penas de cisne, a única coisa

que Kuroi realmente estava esperando ver. Kuroi sentiu a intimidadora aura de

poder da amazona. Agora ela se lembrava. Realmente, elas haviam se conhecido

antes, na noite em que ela havia recebido sua tatuagem. Na noite em que Héstia Aetna

havia se tornado Kuroi Yuri.

 

 

A amazona desceu do

PecoPeco e sorriu gentilmente para a ferreira, que segurava as espadas

boquiaberta. Ela sentia a aura de poder da amazona mais forte do que nunca. A

dama examinou as espadas cuidadosamente e sorriu. “Um trabalho digno de Kuroi

Yuri. Uma pena não ter dinheiro para pagar por ele. Mas farei o meu melhor,

nobre ferreira, para ser digna do teu trabalho”, disse ela, fazendo uma

profunda reverência. Kuroi dobrou o corpo também. “Não... eu te devo tanto! Sem

você essas espadas não existiriam!”

 

 

A amazona tocou

gentilmente o rosto de Kuroi e a fez levantar o queixo. “Não se curve, nobre

ferreira, a essa vil renegada. Nossos destinos se entrelaçaram naquele dia em

Prontera, de modo que essas espadas frescas da forja estão aqui hoje. Mas o

destino está acima de controle meu ou teu, e eu não fiz mais que cumprir meu

dever. Não se sinta em dívida, nobre ferreira, pois luto para pagar uma dívida

tão grande que os corriqueiros nós na linha do destino, como o que causou nosso

encontro, não tem a menor importância”. Disse isso e deu andou na direção do

seu PecoPeco, que esperava pacientemente, sem estar amarrado ou preso. Montou

no animal, que nem pareceu sentir seu peso apesar da armadura completa e das

cinco armas mais o escudo que carregava.

 

 

“Nos encontraremos

outra vez, Kuroi Yuri. E se lhe apetecer dirigir a palavra a essa renegada,

saiba que me chamo Brynhildr, e não sou digna de sobrenome. Espero ser-lhe útil

então”. Disse isso e pressionou o ventre do Peco com as joelheiras metálicas,

pois em suas botas não havia esporas. O animal disparou e sumiu rapidamente em

meio à floresta. Kuroi Yuri sacudiu a cabeça para se livrar do atordoamento, e

entrou de novo na casa dos Aintaurë.

 

 

“Que amazona estranha!

Porque causa esse efeito em mim?”

 

 

Suspirou, balançou os

ombros e voltou para seus aposentos. Tinha algumas encomendas de forja para

terminar ainda. O nome Brynhildr também não lhe era estranho. Mas resolveu não pensar

mais nisso. Tinha muito o que fazer.

 

 

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ps: como é que o cara conseguiu prender o pé numa armadilha?? aquele negócio é chamativo demais...
É chamativo no mundo do jogo. Armadilhas reais não podem ser chamativas, senão nenhum bicho chega perto delas. Se fosse seguir literalmente assim o jogo, todas as pessoas da fic teriam cabeças enormes sem boca nem nariz! [/heh]
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a tenko agora é uma das 3 lendas do fórum de fics:

em primeiro lugar, maizena, e o "orc que nunca deu respawn!"

em segundo, Lord_novice,  que desapareceu depois que floodou nas fics do pdrk

em terceiro, Leafar, também conhecido de vez em quando como " pô, o cara atraso a fic! bora lá lincha ele!"

e disparando por todo a gráfico, agora está... TENKO KITSUNE! como  " a assasina que desaparece!"

 ...

ok, é isso. sintam-se à vontade para mudar alguma coisa antes que eu apanhe por causa disso.

no mais... TENKO, CADE VOCÊ? será que ela foi  abduz...* toma pedrada* ok, ok , chega de aliens.

ok,flow!

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Pode parecer besteira, mas tem certeza que foi só até a metade do capítulo 25? Porque, se for mesmo verdade, então muita coisa vai acontecer em muito pouco tempo. 
Os capítulos vão passar a ser mais longos. Alguns chegam a ter mais de 20 páginas. 
  Isso é uma ótima notícia *-* Seria melhor apenas se você falasse quando vai postar outra vez
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 PUff. Finalmente terminei de ler tudo, e o que posso falar sobre os capítulos que eu li? Tenko, Casa comigo? LOL.Você devia escrever um livro, tá perfeito, ótimo, já li várias fanfics, enormes, maravilhosas, várias ruins também, mas essa é uma das únicas que me prendeu ansioso e curioso até o ' Final ' . Parabéns, tenko!

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