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O Conto de Sigga e o Espadachim das Valquírias


Star Song

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Oi, pessoal. Tudo bem?

Quando eu pensei em escrever essa fic, tinha tinha imaginado que faria uma oneshot, mas, por fim, a estória acabou se alongando um pouco e decidi publicá-la em dois ou três capítulos.

Vale lembrar que esse conto é um spin-off de uma outra fic que está nos planos.

Espero que gostem!

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[TD]O Conto de Sigga e o Espadachim das Valquírias[/TD]

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[TD]Star Song[/TD]

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[TD]Gêneros[/TD]

[TD]Romance, aventura, AU[/TD]

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[TD]Sinopse[/TD]

[TD]Sobre como Sigga fugiu do sacerdócio e se juntou à Ordem das Valquírias.[/TD]

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[TD]Avisos[/TD]

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parágrafo—Qual é seu nome? — perguntou o menino sujo à sua frente. A espada enferrujada amarrada em sua cintura reluzia sob o sol do meio-dia. — Eu me chamo Vili. Sou um espadachim.

parágrafoA mocinha mal pode esconder seu riso. Magricelo, baixo e desengonçado, ele jamais poderia ser um espadachim.

parágrafoEla conhecia os espadachins de verdade, visto que muitos deles iam com frequência à catedral ter com o padre. Eram homens maduros, altos e fortes, com espadas de verdade embainhadas em belas peças de couro; elegantes e nobres no belo traje da guilda.

parágrafoO menino a encarava de maneira curiosa.

parágrafo— Não sabia que noviças eram mudas.

parágrafoSeu tom derrisório a fez corar.

parágrafo— Não sou muda, criancinha boba. A irmã Ingrid diz que não devo falar com estranhos — mentiu ela, impaciente para ir embora. O calor estava insuportável dentro de sua túnica demasiadamente espessa. O mercado estava cheio.

parágrafoEle bufou e fez uma reverência exagerada, encostando o nariz nos joelhos ossudos.

parágrafo— Mil perdões milady, que idiotice a minha incomodar a senhorita com minhas palavras amigáveis. Imagino que tamanha santidade não esteja à altura de tão abjeta companhia. Terei que procurar outra pessoa (adequada à minha presença, eu prometo) para brincar comigo.

parágrafoE antes que ela pudesse reagir, ele sumiu num piscar de olhos, deixando-a sozinha e enraivecida, vermelha até as orelhas.

parágrafoQuando irmã Ingrid finalmente a encontrou, obedientemente parada em frente à loja de tinturas, a garota não conseguiu deixar de perguntar, completamente séria:

parágrafo— Irmã, você acha que rogar algumas pragas me fará ir para o inferno?

parágrafoA sacerdotisa apenas riu e bagunçou seus cabelos trançados.

 

 

parágrafoNaquele mesmo dia à tarde, um grupo de espadachins prestou visita à catedral para comparecer a uma importantíssima reunião com os mais altos dirigentes do sacerdócio, os arcebispos do conselho.

parágrafoO que eles poderiam estar discutindo nem passava pelas cabeças dos jovens noviços, mas o uniforme e as espadas já eram considerados motivos suficientes para promover o tumulto característico que sempre acompanhava tal ocasião.

parágrafoNaquele dia, no entanto, Sigga pouco se atentou às figuras solenes e impecáveis que desfilaram pelo hall. Nem mesmo o lendário Sigmund, um de seus heróis prediletos, foi capaz de segurar seu olhar, com sua beleza particular e envolvente que nunca falhava em lhe arrebatar. Sua mente vagava em outro lugar, bem distante dali.

parágrafoApós chegar da visita ao mercado, acabara ouvindo fragmentos de uma conversa aos sussurros que inquietaram seu coração sensível. Sinclair, um dos arcebispos do conselho e o mais jovem a conquistar tal posição, estava desaparecido havia algumas semanas, e as especulações se espalhavam com selvageria.

parágrafoEmbora estranho e taciturno, a genialidade de Sinclair era fascinante para a mente deslumbrada da pequena noviça. Após atravessar penosamente as primeiras fronteiras da proximidade e amizade, descobriu no jovem arcebispo um amigo querido no qual podia confiar e desabafar, assim como um tutor capaz que a ensinara diversas coisas interessantes, fossem estas moralmente aprovadas ou não.

parágrafoDiferente dos outros iguais a ele, Sinclair portava uma aura quase profana que era incompreensível à maioria das pessoas, envolvendo-o nas mais diversas fofocas e o eternizando como uma figura de ódio e medo públicos, uma mancha negra no manto sagrado do sacerdócio. Porém, Sigga o conhecia bem e conhecera seu verdadeiro caráter gentil e carinhoso, e jamais deixaria de amá-lo.

parágrafoQuando seu mestre sumiu, a menina ficara morta de preocupação e horrorizada com as sucessivas acusações que eram atiradas contra ele, mas nada podia fazer para defendê-lo, tamanha era sua impotência. Dessa forma, ela apenas esperou pacientemente os dias passarem, cumprindo suas tarefas e respondendo às interrogações que lhe eram feitas regularmente, esforço este infrutífero visto que a garota nada sabia sobre o sumiço de Sinclair. Seu coraçãozinho teve de aprender a conviver com a saudade e o medo e, mesmo já havendo passado diversas semanas, ele ainda não se tonara insensível. Naquela tarde, pelo contrário, ele ficou anormalmente inquieto.

parágrafo— ...não podemos fazer isso, Mathis, pelo amor de Deus! — Sigga parou bruscamente diante da porta entreaberta de um dos quartos do dormitório ao reconhecer a voz desesperada do arcebispo Miguel. As roupas de cama sujas firmemente apertadas contra seu peito tentavam debilmente acalmar sua pulsação. — Tristan está colérico. Ordens claras foram passadas para que nada disso escape por debaixo dos panos.

parágrafoPassos impacientes percorriam o cômodo até o momento em que se aquietaram.

parágrafo— Se a notícia dos feitos daquele demoniozinho correrem, Mathias... — A ameaça clara suspendeu-se no ar e a garota sentiu seu estômago retorcer. Eles estavam falando de Sinclair.

parágrafo— Não se preocupe, mestre. Ninguém saberá, eu juro. — A voz de Mathias estava fraca de medo, mas foi firme. Mathias era um amigo querido e Sigga sempre respeitara sua coragem e Miguel provavelmente fazia o mesmo, uma vez que se dirigiu a porta para sair, provavelmente satisfeito com a resposta do discípulo.

parágrafoNão perdendo sua chance, a garota disparou silenciosamente pelo corredor e não conseguiu compreender um último comentário trocado pelos dois homens. Só foi parar quando estava bem longe dali, abordada por irmã Teresa, que virara uma fera ao vê-la pulando os degraus da escada dos fundos e lhe dera uns bons safanões.

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parágrafoUm tumulto perto dos portões fez Sigga esquecer o pequeno lenço que estava bordando sob o olhar vigilante de irmã Teresa. Era finalzinho de tarde e as duas aproveitavam os últimos resquícios da luz natural — e a brisa fresca que finalmente dera as caras — no vasto jardim frontal.

parágrafo— Não preste atenção em nada além de seu bordado, macaquinha — reprendeu a sacerdotisa que, embora carinhosa, ainda estava brava com a menina. — Continue bordando enquanto eu dou uma olhada no que está acontecendo.

parágrafoSigga acenou e fingiu voltar a bordar, mas se levantou logo que irmã Teresa se afastou o suficiente para não notá-la. O vozerio no portão era crescente e conforme a garota ia se aproximando, um sentimento escuro passou a pesar em seu peito. Alguém estava gritando.

parágrafoPerto o suficiente para enxergar com clareza, a menina processou com crescente horror a cena a sua frente. Dentre o circulo de olhares temerosos e curiosos, erguia-se um homem enorme que nunca vira antes, vestindo uma armadura completa e reluzente, uma espada versada na mão. A figura miserável e encolhida de Mathias prostrava-se indefeso aos seus pés, soluçando e choramingando profusamente.

parágrafoSigga correu para as saias de Teresa, cujas mãos nervosas apertavam o terço em seu pescoço.

parágrafo— Irmã — sussurrou aflita, puxando os panos da batina da sacerdotisa —, o que estão fazendo com Mathias?

parágrafoTeresa abraçou a menina apertado e se agachou para olhá-la nos olhos.

parágrafo— Sigga... — Teresa estava séria, mas a menina podia ver que estava triste. — Quando eu te ordeno alguma coisa, você tem que obedecer, entende?

parágrafoA noviça acenou, olhos no chão.

parágrafo — Eu não quero que você fique aqui — continuou a mulher, agora gentil —, volte para o seu quarto.

parágrafoMas o que quer que fosse acontecer ali, que Teresa não quis que a menina visse, era tarde demais. Solene como se estivesse perante a corte, o espadachim desconhecido — fosse ele realmente um espadachim — declarou a palavra suprema da lei real, cessando qualquer outro ruído, tamanho era o seu poder:

parágrafo— Eu, Lorde Rafael de Prontera, comandante do corvo vermelho, a serviço de vossa majestade, rei Tristan Gaebolg VI, condeno Mathias de Geffen à morte pelos mais altos crimes de traição, feitiçaria e bruxaria; a ser executado em praça pública na fogueira ao anoitecer. As ordens do rei e do Senhor.

parágrafoTodos os presentes levaram a mão ao peito em um ato pavoroso. Sigga apertou fortemente a sua saia. “São as ordens do céu e da terra.”

parágrafoRafael acenou para um de seus homens que prontamente veio se postar ao seu lado. Trocadas algumas palavras, o espadachim, não mais que um garoto, levantou a figura deplorável de Mathias do chão, e o manteve de pé para que o lorde lhe dirigisse a palavra.

parágrafo— Você confessará seus pecados, sacerdote Mathias, redimindo sua alma perante Deus?

parágrafoMas Mathias não olhava para a figura imponente a sua frente, e sim para um rosto misturado na multidão cada vez mais crescente, ferido. Arcebispo Miguel encarou-o de volta por alguns instantes — a face dura como pedra —, desviou o olhar e saiu. Sigga quis gritar, mas calou-se e chorou em silêncio nos braços trêmulos da sacerdotisa.

parágrafoQuando Mathias finalmente se dirigiu ao lorde, que esperava pacientemente, sua voz estava fria e distante, os soluços e as lágrimas haviam finalmente parado. Ele já estava morto.

parágrafo— Eu confesso meus crimes e peço misericórdia à Deus, para que ele me julgue como achar necessário. — E colocando a mão esquerda sobre o peito: — São as ordens do céu.

parágrafoRafael acenou e deixou a insolência passar, o burburinho voltou a vida.

parágrafo— Eu ouvi o seu pedido, irmão. Que a misericórdia seja concedida, em nome do rei, que não é injusto. Segure-o no chão, procederemos aqui mesmo, rapidamente — ordenou ao espadachim que segurava Mathias firmemente pelos braços.

parágrafo— Não é necessário, lorde — interviu o sacerdote —, posso me segurar sozinho. Conceder-me-ia, no entanto, uma última reza?

parágrafoO lorde assentiu e os olhos de Mathias caíram sobre Sigga pela primeira vez.

parágrafo— Você se importaria, Sigga, de rezar com um condenado como eu?

parágrafoNão dando abertura para ser impedida, a menina correu para os braços do amigo e se enterrou em seu peito, chorando descontroladamente. Mathias a envolveu com delicadeza em um abraço e acariciou seus cabelos loiros.

parágrafo— Está tudo bem, Sigga. O lorde até mesmo me entregará aos céus rapidamente. Aposto como nem vou sentir dor.

parágrafoPalavras vazias. Ela perderia mais um amigo.

parágrafo— Veja pelo lado bom, eu — A garota calou-o com as mãos.

parágrafo— Pare de falar, Mathias, seu idiota. Apenas conte a verdade. Foi Miguel, não foi?

parágrafoMathias pareceu surpreso, mas então suas feições relaxaram em um sorriso triste.

parágrafo— Você realmente é uma macaquinha, não é? Falando coisas bobas como essa por aí.

parágrafo— Eu sei que estou certa, eu ouvi vocês hoje mais cedo — ela insistiu.

parágrafo— Bobagem. — Ele chacoalhou a cabeça. — Agora vamos, as pessoas vão ficar impacientes. Reze comigo.

parágrafoRezaram, e, quando terminaram, foram necessários dois homens para retirar a menina desesperada e violenta dos braços do amigo, que apenas observou compassivamente.

parágrafoNo entanto, antes de finalmente abaixar a cabeça para sempre, Mathias lhe falou:

parágrafo— Não se esqueça de pedir às valquírias para que elas olhem para mim.

parágrafoSigga acenou quase imperceptivelmente e finalmente desistiu de lutar, deixando as lágrimas rolarem livres pelo seu rosto. Assim como Sinclair, Mathias matinhas relações estreitas com a religião proibida. Assim como ela.

parágrafoAs valquírias olhariam para ele. Ela faria questão disso.

parágrafoEm meio ao tumulto de olhares suspeitos e cochichos acusadores (o condenado finalmente mostrara suas verdadeiras cores), a testa de Mathias tocou o chão e a espada de Rafael, a ordem divina, ergueu-se em direção ao céu. Mas, antes que o movimento se conectasse ao golpe final, uma flecha zumbiu, vinda de lugar nenhum, alojando-se com um baque seco nas costas de Mathias que, em um último movimento calculado, segurou a empunhadura de algo escondido dentro de sua batina.

parágrafoA voz estridente de uma criança soou por entre a multidão em choque. O sangue maculou o chão sagrado.

parágrafo— As valquírias ouviram seu chamado, guerreiro. Morra em paz.

parágrafoO coração de Sigga disparou desenfreadamente. Vili, o menino do mercado, deu um passo a frente, a espada velha nas mãos. Ele sorriu.

parágrafo— Nos vemos no Ragnarok!

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parágrafoO Caos mordia como o lobo feroz; hiena louca entre cadáveres; o rato na ratoeira. Diante de seus olhos, Sigga viu o bicho homem virar bicho fera, animal doentio e carmesim, cheio de dentes de aço e gorjeios sem fim. Ela viu o sacrilégio do sangue fervente esparramado em terra sacra, da carne viva e da carne morta. E o sol, que se escondia enfim, envergonhado, despejava sua luz augusta, coroando em dourado as cores quentes daquela selvageria perversa.

parágrafoNo meio de tantas dormências, foi Vili quem conquistou suas mãos e seus olhos. Olhos verdes como as libélulas na primavera, respingados com o ouro sujo e brilhante das moedas esquecidas sob o sol. Ele a guiou para longe de seu estupor, para a realidade.

parágrafo— Temos que ir, Sigga! — disse o espadachim, insistente, escrutinando os arredores, espada empunhada em uma das mãos. Por entre a melodia de gritos e o tilintar de armas, alguém chamava por ela. A mão de Vili era áspera contra a sua e havia um mosquito irritante que zumbia em seu ouvido. Talvez fossem as flechas...

parágrafoEra demais. Cedeu à mão insistente que a segurava de maneira tão segura e se deixou chorar.

parágrafoO sol sumiu no horizonte, envolta pela agourenta noite sem fim.

 

 

parágrafoCorreram pelas vielas escuras de Prontera, entre poças de luz leitosa de lampiões. O clamor do aço serpenteava em seus encalços.

parágrafoSigga arfava, soluçando entre gemidos refreados e lágrimas, enquanto Vili apenas segurava firme em sua mão, trilhando o labirinto ilógico que era a capital do reino. Prontera, cidade irrequieta, volátil. Joia graúda da coroa, ninho de vermes.

parágrafoDesembocaram em uma grande rua comercial e foram engolidos pelo mar revolto de pessoas e mercadorias. O falatório era um zumbido constante. Comerciantes gritavam e discutiam com seus fregueses, artistas dançavam e piruetavam pelo ar, e odaliscas seminuas se apresentavam para rodas ululantes de soldados da patrulha e homens comuns. Ciganas podiam ler sua sorte ali mesmo, sobre um lençol na calçada, enquanto pequenos gatunos se esbanjavam com os olhares desatentos, esgueirando-se pelas sombras e cortando bolsas recheadas de zenys.

parágrafoAndando meio aos tropeços e empurrões, venceram a multidão e adentraram uma pequena rua lateral e vazia, onde pararam em frente de uma estalagem estreita e obsoleta, cuja porta mal se enxergava. O nome “O Lobo Risonho” grafava porcamente uma tabuleta sobre o portal, em letras de um azul e dourado descascados. Vili entrou sem bater.

parágrafoA primeira coisa que se notava ao entrar no Lobo era que, embora ordinário, tratava-se de um estabelecimento aconchegante e arrumado. Das diversas mesas e poltronas na sala comum, apenas as melhores estavam ocupadas, mais próximas do crepitar alegre e quente da lareira. O burburinho era moderado e silencioso, a não ser por uma ou outra risada aguda da garota da casa — que flertava astutamente no colo do mercador mais rico do salão — ou o tinido usual de canecas de cerveja e baixelas de metal.

parágrafoNão pararam na sala comum, no entanto, e continuaram andando por um longo corredor escuro que terminava na cozinha. Sigga, que já havia parado de chorar tinha algum tempo, fungava baixinho e seguia Vili com passos descompassados, ainda de mãos dadas.

parágrafoParando pela primeira vez, Vili se virou e encarou a pequena noviça desgrenhada e assustada que o olhava com esbugalhados olhos azuis, quase pretos na escuridão.

parágrafo— Você confia em mim? — perguntou.

parágrafoEra uma pergunta fácil. Ela apertou levemente a mão dele e ambos entraram na cozinha iluminada. O cheiro apetitoso de batatas assadas e carne pairava no ar.

 

 

parágrafoA estalajadeira, uma matrona de uns trinta anos de idade, ralhava com uma pobre cozinheira perigosamente acuada entre uma ameaçadora colher de pau e o fogaréu onde se assavam as carnes, e não percebeu a entrada dos pequenos elementos. Vili parecia querer continuar desse jeito e sinalizou para Sigga ser cautelosa. Andaram pé ante pé, grudados às sombras nas paredes e provavelmente teriam sucesso se não fosse pelo olhar rapineiro de Jess, a caçula.

parágrafo— Gato, você voltou!

parágrafoA cozinha parou por uma fração de segundo e tudo que aconteceu depois se resumiu em diversos abraços sufocantes, safanões altamente doídos e uma tétrica colher de pau.

parágrafo— Azazel falou pra você ficar, Gato — urrou a estalajadeira, Mamãe Ursa, gesticulando de maneira perigosa, a colher de pau na mão. Jess, que se agarrara a Vili e parecia não querer soltar mais, tomou uma grande bordoada na testa e desatou a chorar. — Ficamos morrendo de preocupação, pensando que algo de mal fosse acontecer com esse seu traseiro imundo.

parágrafoCada palavra equivalia a uma colherada mortal desferida contra o ar. Vili sorriu (“Mas quanta coragem,” pensou Jess, que provavelmente molharia as calças mediante tamanha iminência de morte. Chorou ainda mais alto.), desviando facilmente do perigo, quando necessário. Mamãe Ursa tinha uma maneira peculiarmente física de demonstrar afeto.

parágrafo— É culpa do Caim, Mamãe. Ele quem disse que eu podia ir — mentiu.

parágrafo— Eu vou matar aquele traste — prometeu a mulher, empunhando colossalmente sua arma, fazendo com que todos no aposento diminuíssem alguns centímetros em sua estatura. — E saia daqui, antes que faça o mesmo com você e sua amiga que veste a batina. Isso me cheira ao canalha do seu tio.

parágrafoRindo, Vili disparou porta afora, arrastando uma noviça atordoada e desorientada por um pequeno jardim iluminado pela luz do luar.

parágrafoE correram mais uma vez.

 

 

parágrafoO jardim era estranhamente grande — estreito, mas comprido — e inóspito. O matagal os cobria até a cintura e entulhos dos mais variados tipos, desde uma carruagem destroçada à armas quebradas, pontilhavam todo o lugar.

parágrafo— Vili — sussurrou a noviça por fim, após vários minutos de caminhada —, onde estamos indo?

parágrafoO menino apertou sua mão de maneira reconfortante. — Você verá. Já estamos chegando.

parágrafoE chegaram. Por entre o mato denso surgiu um grande poço abandonado que se despedaçara com o tempo e fora coberto pela hera. Conforme se aproximaram, um zumbido engraçado passou a pulsar na cabeça de Sigga, e uma eletricidade nada ordinária fez todos os pelos de seu corpo se eriçarem.

parágrafoEla olhou para Vili, que a observava misteriosamente.

parágrafo— Nós teremos que pular. — Não era uma pergunta.

parágrafo— Teremos. — Vili respondeu mesmo assim.

Continua...

 

Editado por Star Song

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Rho ¤ Valhalla

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Muito bom, Starsong! Texto rico em descrições, sem problemas gramaticais visíveis. Creio que só com essa parte da história não tenho muito a comentar sobre o enredo ainda, mas parece promissor. Bastante coisa aconteceu num curto período de tempo, mas por se tratar de um spin-off de outra história, é compreensível. Gostei do estilo de escrita, e se eu tenho uma "crítica" a fazer no momento, é a de que aparentemente há muitos parágrafos que podiam ser comprimidos em um só pra deixar as ideias se agruparem e fluírem melhor.

 

De resto, realmente gostei bastante. Parabéns! Aguardo o restante.

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Hahaha, me desculpe pelos marcadores, vou ver se corrijo em breve.

Sobre a parte dois, que bom que gostou, vou ver se consigo terminar o conto com o mais uma ou duas partes, de preferência antes desse domingo que vai ter VUNESP ;3;

Obrigada pelo comentário!

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Rho ¤ Valhalla

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.

parágrafo— Mil perdões milady

parágraf

parágrafo— Nos vemos no Ragnarok!

 

Continua...

 

Juro que li melody SAUHUASHUAAHU.

Gostei dessa frase, nos vemos no ragnarok ! :p

Enfim, bom o texto, prbns ;d

@edit

E esses paragrafos invisiveis kkkkkkkkkkkkkkkkk

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  • 4 months later...

Fic atualizada, finalmente. E não, não está pronta como era o esperado. No máximo mais dois capítulos, prometo! Sóquenão.

 

Tomei uma certa liberdade no começo da terceira parte, espero que me perdoem e que gostem!

Tentarei ser mais rápida da próxima vez, desculpem-me!

Boa leitura! ♥

 

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Rho ¤ Valhalla

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