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O Compêndio das Narrativas


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O Compêndio das Narrativastumblr_lkl6u2Pii71qfamg6.gif

 

Sejam todos bem vindos ao compêndio da Fanfictions. Fiz este tópico com intuito de melhorar a organização e o acesso às informações dá área e ajudar os escritores no geral.

Não teria conseguido fazer isso se não fosse pela ajuda de todas as pessoas, ativas ou não, que contribuíram para a área durante os anos (Sublimis, Rafa, Goku-kun, etc), e que disponibilizaram muitas das informações que estarão presentes neste guia.

Como reuni as informações de todos os guias neste aqui (assim como adicionei mais conteúdo), optei por deixar somente ele fixado.

Em decorrência dos diversos assuntos que serão abordados, o tópico ficou um pouco grande. Sinta-se livre para usar o índice.

Bom estudo!

 

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tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif Índice

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif     O que é uma fanfiction?

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif     Por onde devo começar?

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif     Modos narrativos

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif     Escrevendo diálogos

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif     Erros comuns ao escrever fanfics

tumblr_inline_mz64gkamYX1r9ajsd.gif    Considerações finais

 

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif O que é uma Fanfiction?

"Fanfiction", "fanfic" ou "fic", são, basicamente, ficções produzidas por fãs, baseadas nas obras de terceiros.

Existem infinitas razões para se criar uma fanfic: escrever um final diferente para um livro, desenvolver certos personagens à sua própria maneira, mudar elementos de uma estória original ou até mesmo criar sua própria aventura dentro de um universo já existente. Não há regras ou parâmetros, o limite é a sua imaginação.

Você pode escrever fanfics de livros, séries, filmes, jogos, músicas (por que não?), poesias e pode até mesmo inventar seus próprios universos (apesar de isso não contar muito como fanfic).

Ou seja, escrever fanfics é dar asas à sua imaginação, é liberdade de pensamento e invenção. O que está esperando?

 

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif Por onde devo começar?

Sim meu caro gafanhoto, mal entrou nessa onda e já se sente impotente, sem saber o que fazer. Mas não se preocupe! Iniciar uma história é difícil para todos.

 

  • Faça um rascunho

     

    Montar a estória na sua cabeça é sempre um bom começo. Estórias não planejadas tendem a ser abandonadas por falta de estímulo ou criatividade. 
     
    Porém, não vá achando que criar uma personagem e ambientação é rascunho o suficiente, porque não é! Tente pensar nas diversas cenas que você quer que sua estória tenha, escreva-as e depois monte-as como um quebra-cabeça.
     
    Inventou apenas uma personagem? não é o suficiente. Crie todas as outras e faça fichas para cada uma delas, com suas características psicológicas e físicas, e as histórias de suas vidas.
     
    Sua estória tem que se passar em algum lugar, certo? Quais são as características desse lugar? Uma grande cidade, ou uma pequena vila? Quem são as figuras de influência que nele atuam? Ele está perto de onde e de quem?
     
  • Escreva um roteiro

     

    Depois de criar os elementos que participarão da trama, comece a organizá-los em uma sequência de eventos. Faça um roteiro. Não tenha medo, nem pressa, de colocar as ideias no papel.
     
  • Escreva com calma, mas com disciplina

     

    Respeite seu tempo e seus limites, mas seja metódico. Se perceber que está com algum bloqueio, procure encontrar e solucionar seus motivos.
    Organize seus horários para ter um tempo para escrever. Às vezes a falta de disciplina e a preguiça são os fatores que separam uma ideia de sua realização prática.


     >> Lembre-se: estórias montadas e organizadas desde o princípio geralmente são mais detalhadas e completas. <<

                 Eu, por exemplo, adoro fazer mapas conceituais e também abuso das fichas. Eles me deixam motivada, pois sei exatamente o que vai acontecer e quando. O ato                       de escrever se torna algo confortável e intuitivo como ele deve ser, e não algo excruciante e cansativo.

 

 

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif    Modos narrativos

Então você tem sua história montada; começo, meio e fim; cada cena e ação.

Você já organizou seus horários e não vê a hora de começar a escrever, mas está perdido entre as infinitas maneiras de narrar sua estória. Realmente são muitos, mas cada um deles propõe uma experiência diferente. O modo narrativo deve ser compatível com a estória assim como deve ser confortável ao escritor. No fim, trata-se muito mais de uma questão de gosto do que de qualquer outra coisa. Procure conhecer suas opções e busque aquela que mais se encaixa com você.

Antes de qualquer coisa, atente-se a dois elementos que serão cruciais ao escrever uma narrativa: o tempo cronológico e o narrador. Existem outros, mas esses dois serão aqueles que determinarão a maior parte dos fatores de sua estória.

 

  • Tempo cronológico

     

    O tempo cronológico, ou tempo da história, é o tempo em que a ação acontece, que a história se desenrola. A maioria das narrativas geralmente usa o tempo cronológico no pretérito (passado), e algumas no presente (apesar desta última não ser tão comum). Se você escolheu usar o pretérito, então os verbos de sua estória terão que estar no pretérito, por exemplo:
     
     

     

    Citar
    Azazel encarouos olhos frios do irmão, que estavam vazios como sempre estiveram.
    .
     
    Percebe como os verbos são flexionados no pretérito? O tempo cronológico dessa história se passa no passado.
     
    Um outro exemplo, dessa vez com o tempo cronológico se passando no presente:
     
     
    Citar
    Ele pega a faca e a aproxima do nariz. O cheiro de sangue é pungente e morde os seus olhos. O lanche que comeu à tarde se revira em seu estômago.
     
    Repare no verbo sublinhado, "comeu". Diferente dos outros verbos da frase, ele se encontra no pretérito, mas isso não significa que ele está dissonante ao tempo cronológico, que se passa no presente.
    O que acontece é que a ação exprimida pelo verbo aconteceu no passado, em relação ao tempo presente da estória. Se estivesse escrevendo com o tempo cronológico no pretérito, esse verbo seria conjugado no pretérito mais-que-perfeito. Observe:
     
     
    Citar
    Ele pegou a faca e a  aproximou do nariz. O cheiro de sangue era pungente e mordia os olhos. O lanche que comera à tarde se revirou em seu estômago.
     
     
  • Narrador

     

    O narrador é aquele que narra a estória (duh) e ele pode se apresentar de diversas maneiras diferentes: pode ser a personagem principal, pode ser personagem secundário, pode até não ser personagem. Ligado ao papel do narrador existe a sua focalização, que é a perspectiva tomada pelo narrador em relação ao universo narrado.

     

    1. Focalização omnisciente
      Nesta focalização o narrador adota uma posição de transcendência e mostra conhecer toda a estória e seus elementos. Consegue manipular o tempo e observar o interior de seus personagens. Desventuras em Série, de Lemony Snicket, tem essa focalização. O narrador sabe tudo que aconteceu e acontecerá com as crianças, sabe como a estória começa e termina, etc.

       

    2. Focalização interna

       

      O narrador adota o ponto de vista de uma ou mais personagens, limitando, consequentemente, seu conhecimento da estória, que passa a bater com aquele da personagem. A saga Harry Potter, por exemplo, tem esse tipo de narrador, que adota o ponto de vista do personagem principal, Harry.

       

    3. Focalização restritiva

       

      O narrador assume a posição de alguma personagem da trama, e narra a estória a partir dos acontecimentos vivenciados por esta personagem. A saga Percy Jackson e os Olimpianos tem essa focalização, sendo Percy o personagem que narra a estória.

     

    [*]No que diz respeito às pessoas verbais

     

    Definir a pessoa na qual você irá escrever sua narrativa é algo bastante pessoal (puns intended). Enquanto as pessoas mais comuns são a primeira e a segunda pessoas do singular, eu já vi texto escritos na segunda pessoa e eles são bastante interessantes de se ler.

     

    Focalização omnisciente geralmente caminha de mãos dadas com a terceira pessoa, mas também combina com a segunda pessoa. A focalização interna é sempre na terceira pessoa, pois se fosse na primeira, a focalização passaria a ser restritiva.

     

    A focalização restritiva é sempre em primeira pessoa, já que a estória é narrada por um personagem que faz parte da mesma.

     

     

    [*] Alguns exemplos

     

    Tempo cronológico: pretérito.
    Focalização: restritiva, primeira pessoa.
    Citar
    Eu sempre suspeitei da verdadeira natureza da relação entre os dois irmãos demônios, do pecado que ela carregava. Mas foi apenas vendo com meus próprios olhos que pude me dar conta dos verdadeiros tons daquela repulsiva transgressão, que feriam a integridade de de tudo que era mais sagrado: Deus e família.

     

    Tempo cronológico: pretérito.
    Focalização: interna, terceira pessoa.
    Citar
    Ele segurou a maçaneta e respirou fundo. Uma gota de suor escorreu pelo seu pescoço. O que estava para lá da porta, ninguém sabia dizer.
    O rangido feriu o silêncio sepulcral da escuridão.
    Gritou.

     

     

    Tempo cronológico: presente.
    Focalização: onisciente, terceira pessoa.
    Citar
    Os jovens se reúnem na Avenida Benshal às sete horas daquela mesma noite. Mergulhados nas inebriantes emoções do álcool e na doce armadilha da juventude, mal esperam o triste fim que cairá sobre um deles, Jojen, que morrerá atropelado algumas horas mais tarde.

     

    Tempo cronológico: presente.
    Focalização: onisciente, segunda pessoa.
    Citar
    Você sai do consultório transtornado, sem saber o que pensar. O médico te disse que você morrerá em poucos meses. "O que faço com a minha vida?", você se pergunta. A resposta, no entanto, é clara: aproveitará ao máximo e, então, aceitará a morte de braços abertos, que o receberá contente, como um filho perdido.

     

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif    Escrevendo diálogos 

Escrever diálogos pode ser uma tarefa complicada, principalmente para aqueles que não possuem muita prática. Eles são uma ferramenta muito importante e darão dinâmica à história onde forem propriamente utilizados.

 

  • Com relação à estrutura

     

    Diálogos podem ser representados por meio de dois sinais diferentes: o travessão ou as aspas. Eu gosto de usar o travessão, mas a tendência que venho observando é que cada vez mais livros vem apresentando diálogos marcados por aspas.
     
    Veja alguns exemplos:
    Citar
    Sinclair sorriu impudicamente.
     
    — Você está brincando com fogo, irmão. Não sou o mesmo garoto puritano de antes.
     
    Azazel riu, e seus olhos brilharam com uma beleza exótica.
     
    — O sacerdócio realmente fez bem a você.
     
     
    Citar
    "Ei!" gritou a garota, me pegando de surpresa. "Você está no caminho."
     
    "Me desculpe," respondi, "não vi que você estava aí."
     
    Tenha em mente que apenas jogar um monte de frases após um travessão não caracterizará um bom diálogo. Procure dar emoção e vida à conversa. Caracterize cada maneira de falar e identifique o locutor.
     
    Citar
    — Oi.
     
    — Oi.
     
    — Tudo bem?
     
    — Sim, e você?
     
    Ambos morrem de tédio.
     
    *fim*
     
    Não, não e não. Isso não é uma conversa que se preze.
    Veja como é possível melhorá-la:
     
    Citar
    Ofélia abaixou os olhos. Envergonhada, disse baixinho:
     
    — Oi.
     
    A doçura e a delicadeza da garota fizeram os sentimentos de Morpheu dançarem em seu peito.
     
    — Oi — respondeu, a própria voz falhando com a emoção.
     
    — Tudo bem? — perguntou ela, arriscando levantar o olhar, que foi preso por dois belos olhos azuis.
     
    — Sim — Morpheu assentiu. Em algum momento sua mão havia se prendido à dela — , e você?
     
    Ambos morrem, engasgados com diversos arcos-íris.
     
    *fim*
     
    Repare como a conversa está dinamizada e como fica claro as emoções e sensações das personagens participantes. Diálogos bem escritos podem dizer muito mais que meras palavras, e sua importância tem peso em qualquer narrativa com qualidade.
     
     
  • Com relação à pontuação

    Pontuar diálogos pode parecer estranho e não natural, mas se torna algo casual com o tempo e a prática. Existem diversas regrinhas que, infelizmente, variam de acordo com o sinal que você usa para representar o diálogo, então vamos por partes.
     
     
    Citar
    — Eu gosto de gatos.
     
    "Eu gosto de gatos."
     
    Sem mistérios a pontuação dessas duas frases, eu espero. Basicamente escrevemos a frase e indicamos o diálogo por meio das aspas travessão.
     
    O problema é que com uma construção dessas não conseguimos identificar quem falou, ou a maneira como a fala foi dita, o que é importante para dinamizar o diálogo. Vamos ver como fazer isso:
     
     
    Citar
    — Você gosta de gatos? — perguntou Serena.
     
    "Você gosta de gatos?" perguntou Serena.
     
    Agora compare com o as seguintes frases:
     
     
    Citar
    — Foi você quem matou Rena? — As sombras emolduravam o rosto ameaçador de Jaci.
     
    "Foi você quem matou Rena?" As sombras emolduravam o rosto ameaçador de Jaci
     
    Percebeu o maiúsculo no segundo exemplo? Consegue dizer o que há de diferente entre uma frase e outra?
     
    Após o a fala do primeiro exemplo, há um verbo dicendi. O verbo dicendi é aquele que exprime alguma coisa relacionada ao ato de falar, como "perguntar", "dizer", "berrar", "afirmar", "questionar", mesmo através de metáforas:
    Citar

    — Ei! — grunhiu o garoto.

     Quando um verbo dicendi segue a fala, usa-se a letra minúscula para indicar que a fala "continua" na narração.
     
    O mesmo se aplica para a pontuação. Se o verbo que seguir a fala for um verbo dicendi, não se usa ponto final. Caso contrário, emprega-se o ponto final para evidenciar o fato de que a fala acabou e que a próxima ação não está ligada a ela.
     
    No entanto, vale lembrar que ponto de exclamação e interrogação não se aplicam a essa regra, pois eles tem função de exprimir um estado diretamente relacionado à fala, uma entonação, diferente do ponto final que indica que a frase acabou.
     
    Veja alguns exemplos:
     
     
    Citar
    — Volte aqui, moleque — mandou Coraline.
     
    "Cadê o meu cachorrinho?" Iápeto coçava a cabecinha.
     
    — Que linda noite para cantar. — Os olhos de Sohee brilharam, refletindo a poeira estrelada do céu.
     
    "Aposto como você adora a Anastasia, não é?" chutou Polliana.
     
    "mandou" e "chutou" referem-se ao ato de falar (mesmo que "chutou" seja uma metáfora), por isso não se usa maiúscula nem ponto final, diferente dos outros dois casos nos quais os verbos "brilharam" e "coçava" em nada se relacionam com o ato de falar.
     
    Infelizmente, nem tudo são flores, e é óbvio que uma hora ou outra haveria alguma diferença entre as falas marcadas por aspas e as marcadas por travessão. Tudo bem, é bem simples:
     
     
    Citar
    — Caleb, me ajude — insistiu a menina.
     
    "Caleb, me ajude," insistiu a menina.
     
    A diferença é tão minúscula que se eu não tivesse destacado você provavelmente nem teria percebido. Nas
    aspas, se o verbo que seguir for dicendi, usa-se a vírgula para indicar a mudança de fala para narração, mas não precisa usá-la caso você tiver usado um sinal de entonação, tipo o ponto de exclamação ou interrogação.
     
     
     
    Resumindo
    Verbos dicendi são verbos que representam ações ligadas ao ato de falar. Se o verbo subsequente a fala for dicendi, usa-se letra minúscula e não se usa o ponto final. Caso o verbo não seja dicendi (ou seja, não relacionado à fala), usa-se letra maiúscula e o uso do ponto final é permitido.
     
     
    Não esquecer:
    Ao usar aspas, é necessário uma vírgula para representar a transição da fala para um verbo dicendi
     
     
    Vamos explorar mais algumas particularidades da vírgula. Observe a frase:
    Citar
    Eu gosto de bolo, mas a Elizabeth não.
     
    Colocando em um diálogo:
     
    Citar
    — Eu gosto de bolo — disse Katherine — , mas a Elizabeth não.
     
    "Eu gosto de bolo," disse Katherine, "mas a Elizabeth não."
     
    Bastante diferente né?
     
    Vamos falar primeiro da frase com o travessão, pois ela não tem muitos segredos. "disse" é com letra minúscula porque é dicendi e exatamente por isso não se usa ponto final. Agora, o motivo de usarmos a vírgula é porque a própria frase do diálogo ("Eu gosto de bolo, mas a Elizabeth não.") pede uma vírgula, entende? O motivo de a vírgula se encontrar nesta posição em específico — após o segundo travessão — e não em qualquer outro lugar é porque não se deve usar vírgulas antes de travessão.
     
    Vejas as seguintes construções:
     
    Citar
     
    1. — Eu gosto de bolo — disse Katherine — mas a Elizabeth não.
    2. — Eu gosto de bolo, — disse Katherine — mas a Elizabeth não.
    3. — Eu gosto de bolo — , disse Katherine — mas a Elizabeth não.
    4. — Eu gosto de bolo — disse Katherine, — mas a Elizabeth não.

     

    1. Está errada, pois a vírgula existe e tem que estar em algum lugar. Não podemos simplesmente sumir com ela.
    2. Está errada, pois vírgula nunca vem antes de travessão.
    3. Está errada, pois a vírgula é um elemento da frase, e não da narração. Deve, portanto, acompanhar a primeira.
    4. Mesmo motivo das frases dois e três. 

     

    A frase correta é, portanto:
    Citar
    — Eu gosto de bolo — disse Katherine — , mas a Elizabeth não.

     

    Os casos em que se usa as aspas, no entanto, realmente são diferentes, pois as aspas são bem mais flexíveis e pedem mais pontuação.

     

    Veja a frase:
    Citar
    "Estou feliz hoje, embora esteja chovendo."

     

    Aplicando-a em um diálogo com aspas teremos:
    Citar
    "Estou feliz hoje," disse Sabrina, "embora esteja chovendo."

     

    Temos três coisas a se notar nesse diálogo:
    • O verbo é dicendi = letra minúscula e vírgula para marcar a transição para a narrativa, como já aprendemos;
    • A frase pede uma vírgula, que tem que estar incluída;
    • É necessário mais uma vírgula para marcar a transição da narrativa para a fala, assim como foi necessário uma para marcar a transição da fala para a narrativa.

     

    Pelos itens, subentende-se que seriam necessárias três vírgulas, certo? O que acontece é que a vírgula do item um e a do item dois se mesclam em uma só, fazendo com que a frase fique perfeitamente pontuada.

     

    Vamos ver outros casos, dessa vez com duas frases em uma fala só:
    Citar
    "O dia amanheceu chuvoso. A noite, por outro lado, estava estrelada."

     

    Temos duas frases diferentes separadas por um ponto final. Essa é a maneira correta de colocarmos um verbo dicendi entre elas quando se usar as aspas.

     

    Citar
    "O dia amanheceu chuvoso," disse Felicitá. "A noite, por outro lado, estava estrelada."

     

     
    • Verbo dicendi = vírgula de transição e letra misnúscula;
    • Como o diálogo possui duas frases distintas, separadas, usa-se ponto final. 

     

    Agora para o travessão:
    Citar
    — O dia amanheceu chuvoso — disse Felicitá. — A noite, por outro lado, estava estrelada.

     

    Sim, não há muitos segredos. Só é preciso lembrar do ponto final. Dessa forma demonstramos que o verbo dicendi está ligado somente a primeira frase, já que, afinal, as frases realmente são separadas.

     

    Caso o a ação entre elas não seja relacionada ao ato de falar, a pontuação ficará assim:
    Citar
    "O dia amanheceu chuvoso." Felicitá parecia radiante. "A noite, por outro lado, estava estrelada."
    — O dia amanheceu chuvoso. — Felicitá parecia radiante. — A noite, por outro lado, estava estrelada.

     

     

    Agora veja exemplos de como podemos juntar verbos dicendi com ações não relacionadas à fala, de uma única vez:
    Citar
    "Gosto muito de brincar com você," comentou Elena, sorrindo, "mas não consigo te entender."
     
    — Está me ouvindo? — perguntou Freya, irritada. — Estou falando com você!
     
    "Fico feliz por você estar aqui," disse ela, sincera. "A decoração não está linda?"
     
    — Seraphina estava cheia de gracinhas — segredou Liandry, eufórica — , embora não tenha ouvido nada de curioso.

     

     

    Juro que está acabando. Só é preciso atenção a mais uma coisa: como fazer para intercalar orações dependentes com verbos que não estejam relacionados à fala?

     

    Um exemplo:
    Citar
    "Coral é minha cor favorita, mas também gosto muito de salmão."

     

    Já aprendemos a encaixar essa frase em um diálogo sem problemas:
    Citar
    — Coral é minha cor favorita — disse a garota — , mas também gosto muito de salmão.

     

    "Coral é minha cor favorita," disse a garota, "mas também gosto muito de salmão."

     

    Poderíamos até mesmo relacionar o verbo dicendi a uma ação que não diz respeito à fala. Como por exemplo:
    Citar
    "Coral é minha cor favorita," disse a garota, pensativa, "mas também gosto muito de salmão."

     

    — Coral é minha cor favorita — disse a garota, pensativa — , mas também gosto muito de salmão.

     

     

    O que não podemos é simplesmente tirar o verbo dicendi, pois ele é o responsável por estender a fala até a narrativa. Se não houvesse um dicendi, a fala seria quebrada e não haveria nexo em continuá-la depois. Portanto a seguinte frase está errada:
    Citar
    "Coral é minha cor favorita." A menina estava pensativa, "mas também gosto muito de salmão."

     

    — Coral é minha cor favorita. — A menina estava pensativa. — , mas também gosto muito de salmão.

     

     

    Isso não faz sentido algum! A segunda oração está ligada à primeira e não pode vir ligada ao verbo entre elas, pois este (que não é dicendi) representa uma ação desconectada da fala. Qualquer verbo que não seja dicendi, sozinho, tem por consequência a quebra da fala.

     

    A única maneira de você fazer esse tipo de estrutura funcionar(frases dependentes e intercaladas, sem o verbo dicendi), é se você modificar, de alguma forma, a estrutura da frase original, interrompendo-a. Veja:
    Citar
    "Coral é minha cor favorita..." A menina estava pensativa. "Mas também gosto muito de salmão"

     

    — Coral é minha cor favorita... — A menina estava pensativa. — Mas também gosto muito de salmão.

     

     

    Neste exemplo o usado foi as reticências, mas um ponto final, ao invés, também estaria correto.

     

    Pronto, no que diz respeito a pontuação, isso é tudo. Nem foi tanta coisa, vai. Continue lendo, sim?

 

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif Erros comuns ao escrever fanfics 

Esta seção busca focar alguns dos erros mais comuns encontrados em fanfics e narrativas em geral. Enquanto a maior parte deles são erros de português, há outros que não passam de vícios de escrita, mas que prejudicam muito a qualidade do texto. Alguns deles nem são tão sérios, mas outros...que mico, né?

 

  • Vocativos

     

    Vocativos são elementos de uma oração que não possuem nenhuma conexão sintática com qualquer outro termo dentro da oração, e servem para chamar, invocar ou interpelar a um ouvinte real ou hipotético.
     
    Citar
    Gente, me escutem — gritou Genevive, desesperada por atenção.
     
    Como "Gente" tem função de chamar os ouvintes de Genevive, ele é considerado vocativo.
     
    A norma culta do português diz que vocativos sempre devem vir entre vírgulas. Isso acontece porque os vocativos não podem estabelecer conexão com os outros termos da oração, já que não possuem nenhuma relação com eles.
     
    Deixo alguns exemplos:
     
     
    Citar
    Amor, vem cá! — chamou Riki.
     
    "Me diga, irmão, o porquê de tamanha crueldade," disse Sinclair, ameaçador.
     
    — Você viu o filme na TV ontem, Jano? — Baco estava animado.
     
    "Brienne, você está cansada, não?" Jaime parecia preocupado.
     

     
    • Colocação pronominal
      Colocação pronominal é um detalhe bem chatinho que dá trabalho para bastante gente. Infelizmente ela não tem truques nem segredos. O negócio é ir com calma e atenção.
      Existem três tipos de colocação pronominal: próclise, mesóclise e ênclise. Sinceramente? Esqueça a mesóclise, pois ela é desnecessariamente formal e rara. Eu mesmo nunca uso.

      Atenção: A próclise não pode ocorrer no início de uma frase. Nesses casos, é necessário o uso da ênclise ou da mesóclise, porque, na língua culta, não se abre frases com pronomes oblíquos.

      [*]Mesóclise

       

      Mesmo eu te aconselhando a não usar, você quer mesmo assim, né? Tudo bem, eu entendo, até porque haverá vezes nas quais você não terá opção, pois a mesóclise será obrigatória.

      Na mesóclise, o pronome se encontra (por alguma razão que eu não sei dizer) no meio do verbo. Não, você não entendeu errado, é no meio mesmo. Você vai trucidar o verbo e tacar um pronome oblíquo átono entre suas partes. Que horror.

       

      Citar
      "Convidar-me-ão para o evento."

             "Procurar-me-iam caso soubessem o que eu fiz."

       

       

      A mesóclise é obrigatória quando não se justifica a próclise (início de frases) e só ocorre em dois cenários: 

      [*]Ênclise

       

      A ênclise é é a colocação pronominal mais bacaninha de todas e nela o pronome se encontra depois do verbo.

       

      Citar
      "Diga-me a verdade."

             "Espero contar-lhe a verdade amanhã."

       

       

      Casos onde a ênclise é obrigatória:

      [*]Em locuções verbais 

      Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio

      Citar
      "Ia andando devagarinho"

       

      "Vou cantando bem baixinho"

       

       

      Caso a frase tenha algum pronome, este precisa seguir algumas regras:

      1. Próclise
         
        Na próclise, o pronome se encontra antes do verbo.

         
        Citar
        "Nada me perturba."
        "À noite se tem paz."
         
        Casos onde a próclise é obrigatória:
        • Palavras ou expressões negativas: não, nunca, ninguém, jamais, de modo algum, nem, nada...
          Citar
          "Você nunca me disse isso."
           
          "Ele jamais se feriria de propósito."


           

        • Conjunções subordinativas: Quando, embora, logo, que, porque, se, conforme...
          Citar
          "Eu sou sã, embora me disseram o contrário."
           
          "Quando se trata de computadores, elá é uma expert."


           

        • Advérbios: aqui, à tarde, ali, sempre, talvez, certamente, assim, apenas...
          Citar
          "Aqui se faz, aqui se paga."
           
          "Talvez o busque mais tarde."


           

        • Em frases interrogativas.
          Citar
          "Por que me disse isso?"
           
          "Quanto a cobrará pelo corte de cabelo?"


           

        • Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos: Quem, que, isso, aquilo, aquele, alguém...
          Citar
          "Alguém me ligou?"
           
          "Fazer isso o traz felicidade."


           

        • Frases exclamativas ou que exprimem desejo:
          Citar
          "Deus o abençoe, meu filho!"
           
          "Macacos me mordam!"


           

        • Verbo no gerúndio e antecedido pela preposição "em".
          Citar
          "Em se tratando de livros, ele é o mais voraz."


           

        • Formas verbais proparoxítonas.
          Citar
          Nós o censurávamos

           

      • Verbos conjugados no futuro do presente.
        Citar
        "Falar-lhe-ei sobre seu filho mais tarde."
         
        "Ouvi-lo-ei quando sentir necessidade para tal."


         

      • Verbos conjugados no futuro do pretérito.
        Citar
        "Matá-lo-ia caso ele fosse perigoso."
         
        "Perguntá-lo-ia se houvesse necessidade."


         

      • Início de frase.
        Citar
        "Interesso-me por esta peça."
         
        "Amo-o muito."


         

      • Verbo no infinitivo.
        Citar
        "A pergunta é: me convém confiar-lhe com esta oportunidade?"
         
        "Não o procurei novamente por encontrar-me doente"


         

      • Verbo no gerúndio (sem preposição "em").
        Citar
        "Saiu da sala deixando-me sozinho."
         
        "Peguei-os despindo-se de suas roupas."


         

      • Orações imperativas afirmativas.
        Citar
        "Turma, sentem-se."
         
        "Gente, escutem-me."


         

      • Verbo auxiliar + particípio: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa (atrativos que geram a próclise), o pronome fica antes do verbo auxiliar.
        Citar
        "Havia-lhe contado a verdade."
         
        "Não lhe havia contado a verdade."


         

      • Verbo auxiliar + gerúndio ou infinitivo: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar ou do verbo principal. Se houver palavra atrativa, o pronome fica antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
        Citar
        "Ia-lhe dizendo a verdade." ou "Ia dizendo-lhe a verdade."
         
        "Quero-lhe dizer a verdade." ou "Quero dizer-lhe a verdade."
         
        "Não lhe ia dizendo a verdade." ou "Não ia dizendo-lhe a verdade."
         
        "Não lhe quero dizer a verdade." ou "Não quero dizer-lhe a verdade."

         

Atenção: nos casos que não possuem nenhum tipo de atrativo que obrigue o uso de uma determinada posição pronominal, é liberado o uso de ambos próclise e ênclise.

 

[*]Porque, por que, por quê e porquê

A grafia correta do "porquê" é um pesadelo para muita gente. Confesso que que era por volta do sexto ano quando decidi desistir de vez dessa bagaça. Por mais de seis anos escrevi isso errado e bati o pé, teimando que não conseguia entender, que era muito complicado. Hoje, escrevendo esse guia, tomei vergonha na cara e resolvi pesquisar...Ralei a cara no asfalto. Em menos de cinco minutos já tinha decorado tudo.

 

Sério, eu do passado? Isso é o melhor que você pode fazer?

 

Gente (olha aí o vocativo), é muito simples. O negócio é ir com calma, cada um no seu tempo. Tenho certeza que vão aprender rapidinho.

 

  1. Por que
     
    É empregado em frases interrogativas ou substituem o termo "pelo qual" e suas variações.
     
     
    Citar
    — Por que você gosta de sorvete de pistache? — perguntou Juan, realmente surpreso.
     
    "A cidade por que passamos era muito bonita," comentou Antonieta, maravilhada.
     
  2. Porque
     
    É empregado como conjunção e tem função explicativa. Pode substituir os termos
    poisjá queuma vez que e como.
     
     
    Citar
    — Porque choveu, não fui a festa — disse Cecille.
     
    "Gosto de casa porque me sinto seguro," confessou Iason.
     
  3. Por quê
     
    Tem a mesma função que "Por que", mas, por ser localizado no final de frases (imediatamente antes de um ponto ou reticências), deve possuir o acento circunflexo.
     
     
    Citar
    — Ontem ele veio em casa, não sei por quê. — Péricles deu de ombros.
     
    "Não te entendo, não se por quê," disse Sheila, exasperada.
     
  4. Porquê
     
    Empregado como substantivo.
     
     
    Citar
    — Os porquês da vida ainda são mistérios para mim — disse o professor pensativo.
     
    " O porquê de suas ações me é incompreensível." Lila estava triste.
     

 

[*]Crase

 

Ah, a crase. Um outro pesadelo da juventude. Dominar esta coisinha realmente não é fácil, mas se você souber as regras e for paciente, não terá muitos problemas. É comum cometer alguns deslizes, todo mundo erra de vez em quando.

 

A crase é, basicamente, a fusão de duas vogais iguais que ocorre quando há uso simultâneo de uma preposição e um artigo, ou pronome. Ela é sinalizada pelo acento grave " ` " e só ocorre com substantivos femininos.

 

Alguns macetes que eu uso para descobrir se ocorre a crase ou não:

 

  1. Procuro no google.
     
  2. Troco o substantivo por um outro que é masculino. Se surgir o termo "ao", ocorre a crase.
    Digamos que estamos em dúvida se a seguinte frase tem ou não tem crase:
     
    Citar
    "Fui a escola."

     

    Escola é um substantivo feminino. Vamos trocá-lo por um outro substantivo, dessa vez masculino.
     
     
    Citar
    "Fui
    ao
    mercado."
     
     
    Reparou no surgimento do termo "ao"? "ao" é a mesma coisa que "à", mas ocorre em substantivos masculinos, já que é a fusão da preposição "a", que é requisitada pelo verbo "fui", e o artigo masculino "o".
     
    Portanto, nossa primeira frase ficaria:
    Citar
    "Fui + escola." = "Fui à escola."
     
    Preposição + Artigo

     

  3. Tento trocar a preposição "a" por outra diferente. Se não houver contração, ocorre crase.
     
    A frase que estamos em dúvida é:
    Citar
    "Entreguei o livro a Giselle."
     
    Vamos dizer que você já usou a regra número dois e mesmo assim está em dúvida (não sei como) se ocorre crase ou não.
    Tente trocar a preposição, veja:
    Citar
    "Entreguei o livro para a Giselle."
     
    Quando trocamos a preposição "a" por "para", fica mais claro a visualização dos dois elementos: preposição + artigo.
    Portanto, a frase original ficará:
    Citar
    "Entreguei o livro à Giselle."
     
     

     

  4. Troco o verbo para saber se a palavra pede artigo.

     

    Essa daqui é um bom macete para saber se ocorre crase quando estamos nos referindo a nome de cidades, lugares,países, etc.
    Estamos em dúvida se ocorre crase na frase:
    Citar
    "Fui a Suíça."
     
     Podemos identificar sem problema a existência da preposição, até porque já sabemos que o verbo "ir" requisita a mesma. Mas e o artigo, ele está aí?
    Se trocarmos o verbo por outro, fica mais fácil descobrir:
    Citar
    "Voltei
    da
    Suíça."
     
    "da" é a fusão da preposição "de" + artigo "a". Assim, concluímos que o nome próprio "Suiça" pede artigo.
    A frase original ficaria:
    Citar
    "Fui à Suíça."
     
     
    Vamos ver outro exemplo:
     
    Citar
    "Fui a São Paulo."
     
    "Voltei de São Paulo."
     
    Como "São Paulo" não pede artigo, não ocorre a crase.
     
    No entanto, se haver especificação do substantivo, a crase ocorre sempre, sem sem exceções.
     
     
    Citar
    "Fui à São Paulo dos meninos de rua."
     
    Normalmente a frase não teria crase, mas, devido a especificação ("dos meninos de rua") do substantivo "São Paulo", ela ocorre.
     
  5. Na indicação de horas sempre ocorre a crase.
    Citar
    "Às sete horas do dia dois de março..."
     
    "Acordei às três da tarde."

     

     
  6. Em locuções adverbiais sempre ocorre a crase.
    Citar
    "Ela saiu à noite."
     
    "Esta peça é legal à beça!"

     

     
  7. Quando há preposição mais pronome demonstrativo ou relativo também ocorre a crase.
    Citar
    "Refiro-me àquele atentado."
     
    "A menina à qual obedeço."
     
    "Minha angústia está ligada à deles."

     

[*]Pontuação

 

Pontuação é uma coisa extremamente pessoal e flexível que não serve somente para deixar o seu texto de acordo com a norma culta da língua. Pontuação pode estar relacionada com o estilo do seu texto, pode ser uma mensagem, e pode ser seu trunfo. Também pode ser seu fracasso. Tente encontrar um equilíbrio no qual você se sinta confortável. Eu gosto de pontuar bastante, mas tem gente que gosta de pontuar de menos. Não há nada de errado nisso. O que não pode é pontuar errado, entende?

 

Citar
Karan e, especialmente, Renka, amam cozinhar.

 

Não adianta insistir, essa frase está errada e pronto. No português, não se separa sujeito do predicado com vírgula! 
A maneira certa é assim:
Citar
Kara e, especialmente, Renka amam cozinhar.

 

Vamos ver mais exemplos.
Citar
Escuridão. Medo. Dói. O que dói? Tudo. Tão escuro. Tanto medo.

 

Citar
A loucura dançava perante seus olhos, sensual, misturando realidade e imaginação em uma única e tenebrosa sombra.

 

A faca subiu. A faca desceu. Subiu. Desceu. Dançou. Matou. O vermelho pintou o chão e as paredes.

 

 

Repare como há uma grande quantidade de pontos finais nessas frases. Isso não as torna mal pontuadas, mas as impregnam de significado e estilo.
Citar
Isaac andou até sua casa, comeu um pão com leite, jogou videogame, brincou de boneca, cuidou do cachorro e foi dormir.

 

Citar
Laurent foi até a feira. Comeu um doce. O doce estava bom. Comprou outro. Na barraca da Selma, comprou um suco. O suco estava bom, também. Laurent estava feliz. O dia estava sendo bom.

 

Essa frases, por outro lado, estão horríveis, pois a pontuação não está servindo para nada além de atrapalhar a fluidez do texto.

 

Agora veja as seguintes:
Citar
Tomas e Vivienne estavam brincando quando Sarah os chamou para comer doces e assistir filmes na sua casa.
 
Citar
Úrsula pediu um remédio para a mãe já que estava com dor de barriga mas a mãe disse que não já que remédio era caro.

 

A primeira frase está perfeitamente bem pontuada, enquanto a segunda, não. Tem vezes que a pontuação é necessária e tem outras em que ela é opcional. Devemos ficar atentos a esse tipo de coisa.

 

Só mais um detalhe: não use sinais de entonação em excesso, como "!!!!" e "??!". Apenas um, ou um de cada, basta.

 

[*]Verbos "haver" e "fazer"

 

Lembre-se: Verbos "haver" e "fazer" com sentido de existir são impessoais e são sempre conjugados na terceira pessoas do singular. Essas frases, portanto, estão erradas:
Citar
Fazem dois dias.

 

Haviam cinco garotos na casa.

 

 

O correto é:
Citar
Faz dois dias.

 

Há cinco garotos na casa.

 

 

[*]Emoticons

Citar
"Estou tão feliz hoje *O*, " disse KkaKaren_123.
 
"Nossa, e qual o motivo disso O.O" perguntou a amiga, fada_do_jardim_xoxo.
 
"Hahaha, nem te conto:rolleyes:!"


 

 

Pelo amor de deus, pare! Emoticons são muito legais e ótimas maneiras de se expressar em textos casuais e na internet. Eu mesmo adoro usá-los aqui no fórum. No entanto, ao escrevermos nossa narrativa, estamos buscando algo sério e de qualidade, no qual emoticons são extremamente "extraterrestres" e estranhos. Você deveria evitá-los. 

[*]Palavras repetidas

Citar
Ontem eu vi o Micael, ele estava tão bonito. Ele me disse que ele vai para o exterior... que inveja! Fiquei sabendo também que ele está namorando. Como ele é sortudo. Quando ver ele de novo vou fazer questão de pedir uns conselhos para ele.

 

 

Sim, é feio e é comum. Repetir palavras demais é sinal de despreparo. Procure escrever de forma dinâmica, com palavras variadas e sem exageros. Muitos desses pronomes nem ao menos eram necessários: poderiam ter sido trocados ou omitidos.

 

[*]Usar cor de cabelo para se referir à personagem (em excesso)

Citar
O loiro olhou para o moreno, sentiu medo e disse:
— Não encoste em mim.
O moreno sorriu, ameaçador. — Me obrigue.

 

 

Nossa, broxante. Enquanto isso realmente pode ajudar algumas vezes, procure evitar esses tipos de adjetivo ("o mais velho", "o mais novo", "o branco", "o negro", etc), pois, em excesso, eles são péssimos, convenhamos.
 
Na dúvida, sempre opte por usar o nome da personagem.

 

[*]Internetês

Citar
Os meninos estavam na rua com os seus pcos qnd chegou as meninas.
 
— E aí, blz? — perguntou LuKiNhAxX.
 
— sim, tamo na maior fmz. tmj mlk!!! — respondeu Juju_fofa2003.

 

 

Não precisa nem comentar né? Obrigada.
 
 
Citar

"Aff q negócio é esse q eu nem posso escrever minha história do jeito que eu qro tenha dó."

        Hahahaha. Não, não pode.

        Brincadeiras à parte, não é como seu eu pudesse te obrigar a nada, mas fala sério. Internetês em narrativas é vulgar e feio! Se quiser usar mesmo assim...

 

[*]Falta de descrição e descrição em excesso

Outro tópico delicado que é bastante pessoal. Como a pontuação, se usado corretamente pode fazer milagres.
Evite coisas como:
Citar
Que linda era Celeste. Ruiva de olhos verdes, alta, malhada, peitos fartos, cintura fina, bumbum arrebitado, coxas grossas e pés pequenos. Usava um vestido preto curtinho de paetês com babadinhos brancos e tinha um broche lindo de brilhantes nos cabelos ondulados, sedosos e soltos.

 

Citar
Kaire era uma menina que vivia nos Estados Unidos e estudava em um High School. Seu sonho era ser modelo e seu melhor amigo era seu gato, Félix.

 

[*]Mistura de tempos verbais

Ai, esse aqui é um problema.
 
Já estudamos anteriormente o que é tempo cronológico e lá aprendemos que cada narrativa tem um tempo definido no qual acontece suas ações. Se o tempo cronológico se passa no pretérito, os verbos são conjugados no pretérito; caso se passe no presente, os verbos são conjugados no presente e assim vai. Vimos também que até podíamos ter exceções, por exemplo quando o tempo cronológico era no presente e estávamos narrando coisas que aconteceram no passado com relação ao presente da estória.
 
O que chamo de mistura de tempo verbal é a troca aleatória da conjugação de verbos randômicos dentro de um texto, sem motivo algum.
 
Vou ser sincera. Pode misturar tempo verbal? Pode! Mas da maneira certa, por favor. Mudar o tempo verbal da narrativa é um recurso. Esse recurso tem propósito, início e fim e não deve ser usado levianamente.
 
Assim como a pontuação, pode ser uma ferramenta poderosíssima, que tem por objetivo presentificar e dar vivacidade a uma cena, aproximar o leitor do que está acontecendo.
 
Compare os trechos:
Citar
Juarez entra no restaurante e se senta na mesa. Pede a comida e espera. 
 
Quando a comida finalmente chegou, mastigou mecanicamente, sem tirar os olhos do prato. Ao terminar, levanta, paga a conta e vai embora.

 

Citar
A noite estava escura e fria, e a luz minguante da lua se cobria com o manto negro das nuvens.
 
Os passos de Sol são leves, ela caminha em transe.
 
O corpo está próximo, logo a sua esquerda. A cabeça ,um pouco mais longe, a alguns poucos metros. O sorriso rígido é quase identificável...Seriam necessários só mais alguns passos.
 
Um passo. Outro. O namorado a encara, risonho.
 
Na noite escura e fria, tamanho foi o grito que riscou o céu, que até mesmo a lua, cercada em seu forte celeste, ouviu. Apavorada, chorou.
 
Lua, Sol, menina.

 

 
Percebe que no primeiro trecho não há motivo nenhum para a mudança verbal? A ação não ocorre no passado com relação ao presente da estória e nem possui alguma relevância significativa. Devido a isso, ela não passa de um erro.
 
Agora repare no segundo trecho, na maneira como a mudança para o tempo presente deixa tudo mais vivo e real, com um impacto positivo e relevante. Neste exemplo a mistura foi adequada.
 
Sinceramente, eu evitaria usar esse recurso, a não ser que você esteja muito seguro do que está fazendo ou acredite que o efeito é necessário e relevante para sua estória. Nos demais casos, simplesmente não existe razão para tal.

 

[*]Usar underline no lugar de travessão

Citar
_Oi_ disse Lib, com um sorriso._ Legal ver você por aqui.
 
Insta-delete, depois não chora.
Não, né pessoal? Não!
 
Citar

Mimimimi, mas eu não sei faz o trave —

 
Eu disse que não.

 

tumblr_m3xtgnKWpe1rodiav.gif  Considerações finais 

Parabéns por ter chego vivo até aqui, jovem gafanhoto, pois a estrada realmente foi longa e cansativa (eu que o diga). Espero que não tenha achado tudo muito chato e que tenha conseguido adquirir ao menos um resquício de entendimento.

Peço que perdoe minhas piadas infames e meus possíveis erros e que faça bom uso do conhecimento que absorveu deste tópico.

Sinta-se livre para comentar, perguntar e me corrigir. Eu não mordo.

 

 

Última coisa (prometo): alt + 0151 = "—". Fica a dica!

 

PS.: Caso queira aprofundar seus estudos em diálogos, essa é uma ótima matéria que explica mais na íntegra o assunto, me ajudou bastante e pode ajudar você. O blog em si é bem legal e posta um monta de matérias interessantes para escritores no geral. Dê uma olhada caso tiver um tempinho.

 

tumblr_lqlgizPzY81ql1l0v.bmp

 

Boa escrita!

 

 

Editado por Star Song
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Rho ¤ Valhalla

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Espetacular seu tópico.

 

Eu estou pensando em voltar a escrever e queria bolar uma Fanfic pra ver se consigo criar algo mais original pra começar a escrever fora do Ragnarök e seu tópico me lembrou de alguns detalhes importantes.

 

No mais, excelente tópico.

@Thor: Soul's Hunter² ~ Damon Wayland ~ Nathaniel Scorch II

ytHtl17.png

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Vou ler esse guia com atenção e paciência.

Tem muita coisa que preciso melhorar, erros que eu não deveria mais cometer >_>'.

É um pouco frustrante, mas o fato de eu ter ficado muito tempo sem ler acabou me prejudicando muito.

(Ta aí uma dica importante: busque sempre ler!)

 

Lendo rapidamente vi algo que realmente faz diferença: Fichas!

 

Eu mesma tenho uma pasta enorme que tem todos os personagens assim como suas personalidades, golpes , história, características e tudo o mais que eu julgo de importante :o

 

Além disso eu tenho um glossário com todas as palavras diferentes que tem xD

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Obrigada pelos comentários.

Sobre a leitura, Yukii, ela é realmente muito importante e provavelmente a melhor professora de todas!

Espero que aproveitem!

 

Só complementando quem busca aperfeiçoar a escrita através da leitura, recomendo Machado de Assis por ser um autor que usa da muito da forma canônica da construção de orações e é um dos mestres da literatura.

 

Ah, e também é um dos melhores pra adquirir vocabulário em língua portuguesa.

 

E, melhor de tudo, domínio público!

 

Ah, e parabéns pela iniciativa novamente, Star Song! \o

Editado por Adilicia
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Aprecio e parabenizo muito a iniciativa, Star Song, embora eu não concorde com algumas dicas que você deu - no âmbito da Língua Portuguesa mesmo.

 

Algumas coisas que você escreveu são facilmente contrariadas por diversos autores, sejam estes brasileiros ou estrangeiros, sobretudo os tempos verbais misturados e o uso de pronomes (como no modernismo brasileiro, principalmente em Mário de Andrade) e, mais importante, o estilo literário ao qual pertence a história. No mais, não me estenderei no assunto, pois renderia muito pano para manga.

 

Mesmo assim, lhe parabenizo para caramba, pois você mencionou dicas importantes para quem deseja melhorar a escrita. Continue assim e espero que arrase na redação no vestibular!

 

P.S.: Não pegue tão pesado com o uso de travessões. A não ser que você tenha o intuito de publicar sua história, seu uso pode ser substituído pelo hífen sem problema algum, até porque, vale lembrar, nem todos os notebooks possuem teclado numérico.

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Muito obrigada pelos comentários meninas, me deixam muito feliz!

...recomendo Machado de Assis por ser um autor que usa da muito da forma canônica da construção de orações e é um dos mestres da literatura.

Machado é realmente fantástico, preciso ler mais livros dele!

 

Algumas coisas que você escreveu são facilmente contrariadas por diversos autores, sejam estes brasileiros ou estrangeiros, sobretudo os tempos verbais misturados e o uso de pronomes...

Concordo que fui radical, e isso não foi muito adequado, mas é que acredito ser muito tênue a linha entre uma mistura verbal boa e uma ruim. Na verdade, é um recurso que nem eu sei usar muito bem, mas que eu aprecio muito quando bem feito. Optei por ser incisiva para não acabar confundindo aqueles que estão apenas começando a escrever. Sobre o uso de pronomes, você quer dizer colocação pronominal, certo? Quem me dera ser corajosa como Mario e peitar as normas opressoras desse jeito, mas prometo fazer vista grossa.

 

...espero que arrase na redação no vestibular!

Também espero, sinceramente! Hahaha.

 

P.S.: Não pegue tão pesado com o uso de travessões. A não ser que você tenha o intuito de publicar sua história, seu uso pode ser substituído pelo hífen sem problema algum, até porque, vale lembrar, nem todos os notebooks possuem teclado numérico.

Justo, hífen eu perdoo. Agora, underline...

Editado por Star Song

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Rho ¤ Valhalla

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  • 5 months later...

Excelente tópico! Vou sempre consultar, mas achei algo que me confundiu, não sei se está incorreto.

 

Se o verbo que seguir a fala for um verbo dicendi, não se usa ponto final. Caso sim, emprega-se o ponto final para evidenciar o fato de que a fala acabou e que a próxima ação não está ligada a ela.

No entanto, vale lembrar que ponto de exclamação e interrogação não se aplicam a essa regra, pois eles tem função de exprimir um estado diretamente relacionado à fala, uma entonação, diferente do ponto final que indica que a frase acabou.

 

O certo não seria "não"?

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  • 3 years later...
  • 1 month later...
Em 9/12/2019 em 12:06 PM, kanehito disse:

O autor, ou alguém que tenha acesso, poderia editar esse tópico pra que ele fique configurado corretamente =/

 

Rapaz o antigo tutor de fanfics saiu do jogo e a autora do tópico acredito que também não acessa mais o fórum. Mas qual seria o problema?

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Eu tentei dar uma arrumada, mas a mudança de fórum quebrou tudo mesmo! Eu tinha usado muitas ferramentas de BBCode que não existem nesse editor de texto do fórum novo. Por outro lado, eu não concordo com muita coisa que escrevi nesse post, quem sabe um dia animo de dar uma arrumada. 

Quem tiver interesse em narrativa, me procurem diretamente que eu posso mandar alguns recursos bacanas para vocês darem uma estudada!

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Rho ¤ Valhalla

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4 minutos atrás, Pickles disse:

be welcome back, we miss you!

Eu fui dormir hoje a noite e me deu uns cinco minutos que vou te contar. Não conseguia parar de pensar nisso aqui. Vou ver se aproveito o fim das férias pra me situar e matar a saudade! 

E agradeço muito ! ❤️

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[sIGPIC][/sIGPIC]

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Rho ¤ Valhalla

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