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Guerreiros Rúnicos - histórias inacabadas


*_Dark_Shadow_*

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Guerreiros Rúnicos - histórias inacabadas 

Bem, devido ao merge o subfórum onde colocávamos as histórias relacionadas ao clã foi perdido e algumas pessoas vieram me procurando depois para saber onde estávamos colocando nossas histórias. Após uma breve reflexão, resolvi voltar a postar aqui no fórum da Lug o fic (que veio dos RPs) dos Guerreiros Rúnicos exatamente para as pessoas que ainda querem acompanhar nossas histórias.

Como a seção de fic não vai ser apagada (espero porque senão eu desisto de uma vez por todas, hehe!), irei postar aqui a fase da história onde os Rúnicos se encontram (só para não deixar passar em branco a comemoração de 3 anos de clã ^^).

Só para situar a história, ela se inicia antes do evento Ruína de RuneMidgard (do ano passado) e Hora Zero (do Leafar). Apesar que logo a história liga os dois acontecimentos - sob o ponto de vista dos Rúnicos.

Espero que gostem! ^.^ 

 

 

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"Velhos conhecidos, sempre vão aparecer.... principalmente para cobrar certas dívidas pendentes..."

 O barulho de vários vultos correndo na floresta próxima à Geffen

proporcionava uma idéia do que estava acontecendo. Alguns vultos mais

rápidos que os outros. Vários saltavam por entre galhos e moitas

portando armas nas mãos. Outros apenas corriam na mesma direção. Mas

todos com o mesmo objetivo.

 

De repente, um rastro de fogo

iluminou um ponto da floresta e incendiou algumas árvores. Alguns

vultos que corriam foram jogados para trás, com fogo em todo o seu

corpo.

 

O homem perseguido arrancou com uma das mãos o que

restava da vestimenta que cobria seu corpo. Com um olhar totalmente

diferente do normal, deu um sorriso de canto de boca vendo as chamas

que se alastravam e continuou correndo até sair da floresta.

 

em campo aberto, quando achou que estava a salvo, reparou que três

guerreiros encapuzados o aguardavam. Arregalou os olhos e ficou com

calafrios ao reconhecer um deles.

 

- Você conseguiu me enganar, maldito Ackhart... mas eu sabia que o encontraria de novo...

 

Fei

fraquejou quando o homem, que acabara de retirar o capuz e se revelara

um elfo, terminou de falar. Olhando ao seu redor, reparou que estava

cercado novamente. Ao erguer o braço que carregava a espada para ficar

em postura defensiva, sentiu uma corrente o prendendo.

 

- Ei, panacas! Não sei do que estão falando! Me soltem agora, ou sofrerão as consequ...

 

O

rúnico foi calado com um forte golpe no peito que o fez cuspir sangue.

Em seguida, outro atacante apareceu dando-lhe um golpe certeiro em sua

nuca que o fez derrubar sua espada no chão, desabando em seguida. Sem

conseguir se defender, Fei recebeu vários golpes posteriores dos outros

que o cercavam.

 

Com um sorriso no rosto, o elfo buscou a espada

com um estranho brilho no olhar. Olhou na direção de Fei, que não mais

se movia, e acenou para seus comparsas. Estes prenderam os pés do

Rúnico com correntes e começaram a arrastá-lo pelo chão.

 

-

Vocês sabem onde devem levá-lo... dêem a ele uma morte dolorosa...

adeus, filho amaldiçoado de Alessëa... - falou serenamente o elfo.

 

Em seguida um portal apareceu diante dele que, triunfante, entrou e sumiu da região.

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Sailorcheer havia acabado de chegar em Juno

depois da festa de casamento oficial de Tarcon e Miara, membros da Ordem do Dragão. Ela estava

feliz por ver que eles estavam felizes, e mais feliz ainda por ver que

a gravidez de Miara estava correndo muito bem! Mas ela estava cansada,

estava tarde e ela tinha que acordar cedo no dia seguinte, então acabou

indo embora enquanto grande parte dos convidados ainda estava presente.

 

A

garota caminhava com passos rápidos pelas ruas de Juno, chegando em sua

casa poucos minutos depois. Ela estranhou ao ver as luzes da casa todas

apagadas, mas achou que, por causa do horário, Fei já tivesse ido

deitar. Sailorcheer abriu a porta cuidadosamente, evitando fazer ruído,

e caminhou pela casa escura. Silenciosa como um gato, ela foi até o

quarto e, tateando dentro do armário, pegou seu pijama. Assim que

terminou de se trocar, ela puxou lentamente os cobertores e procurou

Fei com as mãos.

 

Nada.

 

Fei não estava deitado na cama do

casal. Sailorcheer estranhou e acendeu rapidamente as luzes da casa,

examinando os outros quartos e cômodos da casa. Ele não estava em lugar

nenhum. A garota se sentou e começou a se concentrar, ativando a magia

rúnica que permitia que ela soubesse se Fei estava por perto. Mas ela

não sentia a presença dele em Juno. Então a mercenária tentou se

comunicar com ele através de outro dom rúnico, a telepatia, mas não obteve resposta.

E, sempre que Fei não ouvia seu chamado, só significava uma coisa:

encrenca.

 

A garota pegou roupas de treino, se trocou e saiu

correndo. Entregou para a funcionária kafra um saquinho de moedas que,

com certeza, pagariam pelo menos duas viagens, mas não se preocupou em

pegar o troco.

 

- Me manda pra Geffen. Rápido!

 

A mulher

abriu o portal para Geffen e, em segundos, Sailorcheer estava ao lado

do banquinho Rúnico. Ela se concentrou mais uma vez, pensando em Fei,

mas tampouco sentia a presença dele nos arredores de Geffen; além

disso, ela continuava incapaz de se comunicar com ele pela telepatia

Rúnica. Também não havia nenhum outro Rúnico na cidade, além de Elise

Whiteleaf - que morava em Geffen. Mas a bruxa estava grávida e já

passava das onze da noite. Incomodá-la àquela hora não seria oportuno,

poderia preocupar Elise e prejudicar o bebê.

 

A mercenária ficou algum tempo no banco, pensando no que fazer. Então retirou de sua bolsa caneta e papel e escreveu um bilhete.

 

Guerreiros Rúnicos,

 

Fei desapareceu, não o encontro em parte

alguma e ele não responde aos meus chamados pelo poder Rúnico. Saí em

busca dele, se vocês tiverem alguma notícia a respeito do paradeiro

dele, por favor me avisem o mais rápido possível.

 

Ana, por favor dê comida para Kaiden e Juquinha na minha ausência. A chave está no lugar de sempre.

 

Sailorcheer

 A garota prendeu o bilhete ao banco e saiu, apressada, em direção ao

acampamento onde Fei morou. "O acampamento é tão pertinho... vai que

ele foi visitar algum amigo e acabou pegando no sono..." pensou a

mercenária enquanto corria pelas ruas desertas da cidade da magia.

 

A

preocupação com Fei não a permitiu perceber o vulto que se aproximou do

Banquinho assim que ela se afastou. Ele leu a carta, sorriu com o canto

da boca e desapareceu na noite de Geffen, na mesma direção tomada pela

garota.

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 Uma brisa suave carregava inúmeras pétalas de cerejeira que

flutuavam nos céus de Amatsu. Próximo da árvore que diziam que era

lendária por ter o poder de unir eternamente pessoas que se amavam,

um casal encontrava-se sentado. Se refugiavam do sol forte daquela

tarde numa sombra feita pela árvore. O rapaz, mantinha as mãos da garota entre as suas,

olhando fixamente em seus olhos. E a garota, apesar da timidez

saliente, mantinha também o olhar meio choroso para seu amado.

 

- Eu não quero q você morra!

 

-

O seu tio não tem nada que querer influenciar na sua vida assim! - e o

rapaz, acariciando suavemente o rosto da garota, prosseguiu - E eu não

vou morrer, eu já te prometi isso!

 

- T-tá... - respondeu meio receosa.

 

O

rapaz sorriu e trouxe a garota em seus braços. Entretanto, quando

buscou seus lábios para dar-lhe um beijo, o rosto de sua amada começou

a se deformar por completo, como se estivesse apodrecendo

instantaneamente. O rapaz arregalou os olhos a medida que reparava que

toda a pele alva e lisa se esfarelava e era possível até mesmo ver

pedaços de crânio no meio da musculatura.

 

Tremendo de pavor, o

rapaz empurrou o ser desfigurado para longe de si, tentando sair

correndo. Nos seus primeiros passos, porém, sentiu seu corpo sendo

tragado para dentro da terra e não podendo ter nenhuma reação. Estava

imobilizado. Sua visão escurecendo a medida que era absorvido por uma

espécie de pântano que cheirava sangue. Só podia ver sua amada acabando

de se transformar numa morta-viva ao longe...

 

Dois elfos que

faziam guarda se entreolharam ao ouvir o grito desesperado de Fei.

Caminharam lentamente, rindo sarcasticamente, até onde o Rúnico estava

preso.

 

Fei estava tremendo muito. Sua cabeça caída para frente,

como se estivesse morto. Não demonstrava qualquer sinal de consciência

desde que chegara ali. Repararam que os

ferimentos em seu pulso e pés tinham piorado ainda mais por ele se

debater, numa tentativa inútil de se libertar de suas correntes,

instintivamente.

 

Um dos elfos puxou Fei pelos cabelos, erguendo

sua cabeça para que seu rosto ficasse visível. Seu olhar estava

vidrado, não mostrava qualquer reação. Soltando os cabelos do Rúnico

com certa brutalidade, o elfo fez um comentário para seu companheiro de

guarda, meio irritado.

 

- Katrina, Katrina... eu começo a enjoar de ouvir esse nome... por que ele só grita isso o tempo todo aqui?

 

O outro elfo riu, enquanto deslocava no chão um dos guerreiros mortos por eles com um dos pés.

 

-

De repente é algum tipo de deus desses humanos desprezíveis... podemos

perguntar para o próximo que aparecer aqui antes de exterminá-lo...

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Sailorcheer estava na floresta dos Kobolds, perto da sua antiga

casa. Ela ainda não conseguia sentir Fei, mas por algum motivo

acreditava que o encontraria lá. Ela já havia passado pelo acampamento

onde ele havia morado, sem obter qualquer pista sobre o paradeiro do rúnico. O único lugar naquela região em que a garota conseguia

pensar para encontrar Fei era a pequena casa de madeira.

 

O lugar

estava caindo aos pedaços. A luz da lua entrava por buracos no teto,

iluminando os vários desenhos feitos à adaga nas paredes e no chão e

dando a eles um aspecto sombrio, fantasmagórico. A garota tateou alguns

deles, recordações inundaram sua mente e, por algum tempo, a desviaram

do seu verdadeiro objetivo. Ela despertou de seus devaneios quando

ouviu barulhos de passos atrás dela.

 

Imediatamente ela se

levantou e empunhou a adaga marcada com a runa Dagaz. A mercenária não

enxergava ninguém, mas conseguia sentir uma presença.

 

- Fei... é você? - a garota perguntou, mesmo já sabendo que a resposta era não.

 

Uma

risada baixa e sinistra, misturada ao farfalhar das folhas espalhadas

pela casa foi tudo que Sailorcheer conseguiu ouvir. Instintivamente ela

levou a mão livre ao amuleto que era de Fei.

 

- Quem está aí? Apareça agora!

 

Silêncio.

Os olhos da garota percorriam toda a casa rapidamente, checando todos

os pontos, todos os cantos e vãos do telhado. Vazia. A casa aparentava

estar totalmente vazia, a não ser pelas plantas que agora cresciam nos

lugares onde a madeira apodrecera. Mas ela sabia que havia alguém lá,

os cabelos arrepiados em sua nuca lhe diziam que ela não estava sozinha.

 

Ela

teve certeza disso quando uma mão agarrou seu pescoço, puxando-a com

força de encontro a um corpo. A força do apertão a impedia de gritar,

enquanto outra mão segurava o braço direito da garota, fazendo com que

a adaga caísse no chão. Incapaz de soltar a mão de sua garganta, a

mercenária desferiu uma violenta cotovelada contra seu oponente. Uma

forte dor a fez gemer quando sentiu seu cotovelo bater nas placas de

metal que protegiam o peito da pessoa que a segurava.

 

Sailorcheer

não conseguia respirar direito e tampouco se soltar. A dor em seu braço

diminuia a força que ela conseguia aplicar e seus chutes, já fracos

pela curta distância, eram aparados por uma armadura protegendo as

pernas do agressor. Ela foi empurrada para uma das paredes e

imobilizada, seu rosto pressionado contra a madeira áspera e carcomida.

O corpo da garota se retesou quando sentiu seu captor se encostar nela,

pressionando também as pernas da mercenária contra a parede e impedindo

que ela se movimentasse de qualquer maneira. Finalmente o agressor

soltou o pescoço de Sailorcheer, que começou a tossir, e prendeu a mão

esquerda da garota também.

 

- Você continua fraca, não é mesmo? -

a mercenária sentiu a respiração dele enquanto uma voz masculina

sussurava em seu ouvido. - Eu poderia fazer o que eu quisesse com você

agora, sabia? Eu poderia te matar agora mesmo, ou... - ele beijou o

pescoço da garota. - Você poderia passar por tudo aquilo de novo, por

ser assim tão fraca...

 

Tudo que Sailorcheer conseguiu fazer foi

gritar de raiva. À luz da lua, seus olhos agora pareciam vermelhos, mas

ainda assim ela não tinha força o suficiente para se soltar.

 

-

Você vai gritar de novo? Isso não ajudou você daquela vez, ajudou? -

Ele continuava sussurando no ouvido da mercenária, seu hálito quente a

enfurecendo cada vez mais. - Sabe? Os homens que pegaram seu

namoradinho poderiam se divertir muito com você. Você é jovem,

bonita... - O homem fez uma pausa, cheirando os cabelos e o pescoço

dela. - Esse cheirinho de mulher é capaz de deixar qualquer homem

louco, sabia disso? Eles iriam adorar que você fosse atrás do Fei...

Pela expressão de ódio deles, parece que faz tempo que eles não têm uma

boa noite de sexo.

 

Sailorcheer começou a perguntar o que ele

sabia sobre Fei, mas foi interrompida pelo estranho, que aproximou

ainda mais seu rosto do dela, quase tocando os lábios da garota com os

seus; sua voz era quase inaudível agora, mas as palavras atingiram a

mercenária como lanças afiadas.

 

- Não se preocupe... apenas uns

5 elfos sobreviveram e conseguiram capturar seu namoradinho. Talvez

você dure um dia inteiro nas mãos deles, mas acho que eles te matam

antes... Vai chegar uma hora em que você vai estar tão suja e usada que

eles não vão te querer mais.

 

Aquilo foi a gota d'água para

Sailorcheer. Possessa, ela aproveitou a proximidade e mordeu o lábio

inferior do homem com força. Com a dor e o susto, ele se afastou e a

largou, acertando um tapa no rosto da garota. A mercenária desapareceu

nas sombras da casa, tão furtiva e silenciosa como um gato, enquanto o

atacante blasfemava. O gosto do sangue dele em sua boca a nauseava, mas

ela estava furiosa demais para prestar atenção nisso. Lentamente, ela

se aproximou da sua adaga, que brilhava à luz do luar, tão silenciosa

que nem mesmo as folhas secas sob seus pés faziam barulho.

 

- Ora

ora ora, Katrina. Quer dizer que você aprendeu um truquezinho ou

outro... Mas agora pode parar com isso, pegue sua adaga e sente para

conversarmos. - Visível e exposto à luz da lua estava um homem vestindo

o uniforme da Equipe de Elite da Guilda dos Mercenários. Seus cabelos

claros, quase brancos, pareciam brilhar sob a luz pálida, dando-lhe um

aspecto ameaçador. Mas em seu rosto e olhos o que podia ser visto agora

era calma. Sem ironia, sem agressividade, um meio sorriso, um pouco

deformado pelo lábio agora inchado, não indicava nenhuma tentativa de

ataque.

 

Sailorcheer parou de se mexer imediatamente. Ele sabia

seu nome. E estava olhando diretamente para o local onde ela estava,

apesar da garota ter certeza de que estava totalmente escondida. Ela

apenas ficou parada, olhando para ele com olhos vermelho-sangue,

perplexa.

 

- É, eu posso te ver sim... esse truque eu já sabia

quando tinha dez anos, você nunca me enganaria com ele. Agora pegue a

sua adaga e venha se sentar. Não vou te atacar mais, nem fazer nada com

você, Katrina. - Dizendo isso, ele desembainhou e jogou no chão, longe

de seu alcance, quatro adagas.

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"Esse rapaz só se mete em encrencas..." Era tudo que eu conseguia

pensar enquanto o via fugindo de um bando de elfos fracotes. Ele

deveria ter aprendido algo com a minha sobrinha, ao invés de ficar por

aí vendendo vinho. Mas não, ele só ficava observando os treinos dela,

lendo enquanto ela lutava para ficar cada vez mais forte. E no fim das

contas, ele não foi capaz de se defender. E é óbvio que a idiota da

Katrina vai correr atrás dele e se ferrar muito. De novo.

 

Mas

foi divertido, mesmo assim. O estúpido do Fei nem pra perceber que

estava sendo seguido enquanto voltava pra Geffen. Claro que ele

resolveu pegar o atalho pelo meio da floresta. Cheia de sombras, já de

noite, a luz da lua quase nem chegava ao chão. Mas era o caminho mais

rápido. Idiota.

 

Tive que me segurar para não rir quando ele foi

cercado. Os elfinhos até que lutavam bem para o bando de mirrados que

eram. Devo admitir que esperava que mais deles morressem durante a

luta, mas só dois cairam. Os outros fizeram gato e sapato do Fei.

Tsc... Tudo bem que ele conseguiu incendiar a floresta antes - que

estúpido - mas acabou sendo capturado ainda assim. Ele até que parecia

confiante... até aparecer o elfo que parecia ser o líder dos outros.

Ele ainda precisa de muito treino... Imagine que um guerreiro pode se

dar ao luxo de fraquejar só porque reconheceu alguém. Ainda mais

cercado daquele jeito. Não posso negar que eu sorria de satisfação

enquanto via a surra que ele recebeu.

 

Eu só queria saber por que

o levaram até Glast Heim. Os elfos sempre me pareceram tão asseados,

tão... frescos. Nunca imaginaria que manteriam um prisioneiro naquele

lugar nojento. Ainda mais naquela prisão, aguentar aquele cheiro não

deve ser fácil pra criaturinhas tão delicadas.

 

Tsc... Por mim,

deixaria o fracote morrer lá. Mas se não o mataram ainda, querem alguma

informação. E é claro que ele tinha que se envolver com a minha

sobrinha. Já não basta ela estar amaldiçoada por causa dele, logo vai

estar morta também se eu não intervir. Ingênua do jeito que ela é, vai

querer ir atrás dele sozinha, claro.

 

Mas ela nunca vai aceitar

minha ajuda também... Tanto tempo querendo provar pra mim que ela é

forte, ela jamais iria admitir que não consegue entrar lá e resgatar o

amado dela sozinha. Pelo menos quando ela fica brava ela parece que

fica mais disposta a matar pra salvar a própria pele. Tive que

trabalhar com isso antes de deixar que a menina vá até lá. Mas agora

ela parece bem irritada, acho que já dá pra contar onde o Fei está.

 

Isso

se ela parar de me olhar com essa cara e sentar... vai ser difícil

conversar com ela me atacando. Mas vai ser bem mais divertido...

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Sailorcheer permaneceu imóvel por um tempo que pareceu uma

eternidade. Seu próprio nome ecoava em sua mente e ela sentia sua fúria

aumentar cada vez mais. Ela apenas acompanhou com os olhos quando o

homem sentou no chão empoeirado e fez sinal para que a garota fizesse o

mesmo. Seu pescoço ainda doía e ela podia sentir a marca do tapa

queimando seu rosto, mais pela humilhação do que pela dor propriamente

dita.

 

Alguns minutos se passaram sem que nenhum dos dois

emitisse som, sem que eles movessem um músculo sequer. Enquanto o homem

permanecia calmo, apenas esperando uma atitude de Sailorcheer, ela

estava tensa; a garota conseguia ouvir seu coração batendo acelerado. A

mercenária só voltou a se mexer quando ele voltou a falar.

 

- Se

você continuar parada aí, vai ficar toda dolorida. - O homem se esticou

no chão, espreguiçando. - Já disse que não vou fazer mais nada, pode

sair daí e vir conversar comigo, Katrina. E não adianta me olhar com

essa cara, - ele acrescentou ao ver o olhar furioso da garota - eu

estava vendo quando você nasceu, é claro que eu sei seu nome!

 

-

Você está mentindo! - a garota explodiu e sacou duas adagas, se

lançando na direção dele. Sailorcheer ainda pôde ouvir o suspiro dele

antes que o homem saltasse em direção ao buraco no teto e desaparecesse

mais uma vez nas sombras. - Por que não aparece e luta feito homem, seu

covarde???

 

- Tsc... Eu não quero lutar com você, iria matá-la

antes mesmo de você saber o que te atingiu. Agora eu só quero conversar

com você. - A voz dele ecoava pela pequena casa, tornando impossível

identificar de onde ela vinha. - Mas já que você insiste tanto...

 

Das

sombras surgiram sete homens iguais a ele. Todos desarmados, mas com um

olhar definitivamente ameaçador. Eles a cercaram e começaram a se

movimentar em círculos ao redor da mercenária, que ficava cada vez mais

irada e confusa. Todos eles começaram a rir ao mesmo tempo, uma risada

de deboche, enquanto esquivavam com facilidade dos golpes que ela

desferia. Como que brincando com ela, um deles se aproximou e deu um

tapa no traseiro da garota.

 

- Pelo menos você tem boa saúde,

menina. - Mais risos enquanto eles corriam mais rápido ao redor dela,

trocando de lugar uns com os outros. - Mas se você não consegue acertar

pessoas desarmadas, não consegue acertar ninguém.

 

Sailorcheer

gritou com ódio e se lançou sobre o oponente mais próximo. Mas quando

suas adagas atingiram o rosto e garganta dele, o homem simplesmente

desapareceu como uma miragem no deserto. Os outros riram, parecendo se

divertir com a situação.

 

- MALDITO!!! Eu vou acabar com a sua

raça!!! - A garota começou a atacar freneticamente, sem sequer se

preocupar com sua defesa. Outros dois foram atingidos e, assim como o

primeiro, desapareceram sem deixar vestígios. Furiosa, Sailorcheer não

percebeu que um dos quatro restantes se afastou do grupo em direção a

sua adaga que estava caída no chão. Enquanto ela lutava com os que

restavam, o homem brincava calmamente com a adaga enquanto a runa Dagaz

brilhava iluminada pela luz da lua.

 

Durante algum tempo eles

ficaram brincando com a mercenária, deixando que ela se aproximasse

para então desviar de seus golpes, rindo e debochando dela. Quando

finalmente ela acertou o último homem, que desapareceu assim como os

outros, aquele que estava com a adaga tornou a falar.

 

- Você

demorou demais... Se eles fossem reais, teriam a capturado e até a

matado com facilidade, sabia? - A mercenária rosnou ao ver sua adaga

nas mãos dele, enquanto ele a manuseava com facilidade.

 

Em uma

fração de segundo, o mercenário venceu os pouco mais de dois metros que

havia entre eles, acertando um soco na barriga de Sailorcheer, que

dobrou diante da dor e da surpresa, soltando dolorosamente o ar dos

pulmões.

 

- Ainda quer brigar comigo, Katrina? - Um violento

chute derrubou a garota, que rolou no chão e tentou se levantar em

postura defensiva, aparentando estar sentindo dor. - Você é pequena,

fraca e inexperiente. Pessoas conseguem raciocinar muito melhor que

monstros, sabia? Nunca assuma que um ser humano vai ter determinada

reação, porque eles não vão. E se você for pega desprevenida, vai ficar

assim, ferida, humilhada. - Ele arremessou a adaga na direção da

garota, cravando-a no chão à frente dos pés dela. - Agora trate de

sentar e me ouvir! Ou você já esqueceu da educação que seus pais te

deram? Ele não te ensinaram a respeitar os parentes mais velhos?

 

Ao ouvir isso, Sailorcheer ficou sem saber como reagir.

 

-

Parente.................... T-tio? - Ela não sabia mais o que pensar.

Todas as lembranças que ela tinha dele eram de um homem imponente sim,

mas gentil e compreensivo, que a queria bem. A imagem que Sailorcheer

tinha formado em sua cabeça não batia com o homem que estava à sua

frente. Ela se abaixou e pegou a adaga do chão, encarando-o com ainda

mais raiva. - Não, você não é o meu tio. Não tente se passar por ele,

seu maldito!

 

A mercenária avançou mais uma vez, sua capa

cintilando um brilho fantasmagórico à luz da lua, indicando que o

espírito que a amaldiçoou ainda a estava ajudando. Não foi o

suficiente. Com um movimento rápido, o homem a prendeu pelo pulso e

tirou a adaga da mão dela, fazendo um corte no antebraço da garota

antes de girar o corpo dela e a prender na parede novamente.

 

-

Agora cale-se e me ouça, Katrina! Eu não vim atrás de você à toa!

Pegaram o Fei e, se descobrirem que você tem alguma ligação com ele,

vão vir atrás de você também. Agora pare de agir feito uma menininha

mimada que você não tem mais idade pra isso!

 

Sailorcheer ainda

se debatia quando o homem começou a falar da noite em que a garota

recebeu a adaga marcada com Dagaz. Assim que ele começou, Katrina parou

de se debater, prestando atenção em cada palavra. Quando ele terminou,

os olhos dela estavam cheios de lágrimas. Ela estava feliz por ter

encontrado a pessoa pela qual havia procurado por tanto tempo, mas ao

mesmo tempo estava confusa.

 

- Por... por que me atacou, tio?

 

-

Para você ver que não é capaz de salvar seu namoradinho. - Siegfried

estava sério. - Mais cedo ou mais tarde eles iam descobrir que você

estava atrás dele e iam te pegar também. E eu não tive tanto trabalho

pra te proteger quando você era mais nova pra você ser morta agora.

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 Sailorcheer olhava incrédula para seu tio. Ele não podia estar

falando aquelas coisas, não depois dela ter treinado tanto. Ele não

podia esperar que ela fosse páreo para um guerreiro de elite, mas ela

não era tão fraca assim! Monstros caíam tão rapidamente pelas suas

lâminas que eles não sentiam nem a dor, por que é que com humanos seria

diferente?

 

- Eu não vou morrer... - a garota retrucou, meio emburrada. - Eu prometi pro Fei que não ia morrer.

 

Siegfried

apenas olhou pra cima e balançou a cabeça negativamente. "Como ela pode

continuar tão ingênua?" Ele caminhou até a mercenária e colocou a mão

sobre a cabeça dela, carinhosamente. A garota estremeceu com o contato,

contendo o ímpeto de recuar e desviando o olhar.

 

- Você não QUER

morrer, é diferente, Katrina. Muitas vezes é essa vontade que mantém um

guerreiro vivo nas piores condições possíveis, e eu admiro que você a

tenha assim tão forte. - O tom de voz dele agora era carinhoso, como se

ele estivesse tentando consolar sua sobrinha. - Mas aqueles caras eram

brutais, não sei nem se Fei está vivo ainda. Pare com essa busca

inútil, volte pra sua casa e cuide da sua vida. - Ele tornou a ser duro

novamente. - Não vale a pena perder sua vida por alguém que não era

digno de você.

 

- Do que você está falando, tio? - Ela se afastou

dele e se aproximou mais das sombras, olhando brava para o guerreiro

que mantinha a mesma expressão calma. - Eu não vou abandoná-lo nunca!

NUNCA! E se o mataram... - Ela agora se esforçava para conter as

lágrimas, sua voz começou a sair baixa e grave, como um rosnado. - se o

mataram, então eles vão implorar pra que eu acabe com a vidinha

miserável deles logo.

 

- Sabe, você até chega a dar medo quando

fica bravinha assim. - Ele riu, debochando dela. - Mas ficar brava não

vai torná-los menos fortes e experientes. Você não vai ser capaz de

lutar contra todos eles sozinha. E não, eu não vou ajudar a salvar

aquele inútil. Ele não merece que eu mova um músculo por ele.

 

- ELE NÃO É INÚTIL!

 

-

Não grite comigo, mocinha! - Siegfried se aproximou dela novamente,

desta vez olhando bravo. A mercenária se assustou e encolheu os ombros

diante do olhar lançado a ela. - Agora cale essa boca e me escute. Eu

vou dizer a você onde o inútil está, já que essa sua cabeça dura não

entende que você vai morrer mesmo. Mas você vai me ouvir com cuidado, e

vai seguir TODAS as minhas recomendações, está me entendendo?

 

A

garota só fez que sim com a cabeça, visivelmente assustada e

constrangida com a bronca que levara, e Siegfried contou o que viu. Sem

deixar que Sailorcheer falasse uma só palavra, ele abriu um mapa de

Glast Heim no chão e lhe mostrou por onde ela deveria ir.

 

- Eu

não os segui mais após eles entrarem aqui. - O guerreiro mostrou um

ponto no mapa marcado em vermelho. - A prisão de Glast Heim.

Mortos-vivos diversos andam por lá, e não são dos mais bonzinhos. E

acho que você não se sente muito à vontade com eles, não é mesmo? Bem,

ninguém mandou querer ser amaldiçoada pra salvar aquele lá. Mas eles

não são capazes de pegar um mercenário muito bem escondido, e isso pelo

menos você sabe fazer razoavelmente bem. Vá escondida sempre que

possível, aproveite as sombras, isso é o que não falta lá. E veja se

você aproveita que essa coisa aí te deixa mais rápida. Nunca, jamais,

em tempo algum dê as costas para seus oponentes, está me ouvindo? Você

é capaz de se esquivar do que vê, não daquilo que você não percebe

chegando.

 

Siegfried continuou falando e a garota ouvia

atentamente, ainda meio emburrada. Mas ele a estava ajudando, apesar de

tudo, e ela tinha certeza de que ele queria o melhor pra ela.

 

-

Isso é tudo o que você tem que saber para ir lá, Katrina. Mas aconteça

o que acontecer, trate de sair de lá com vida. Nada dessa baboseira de

"Oh! Eu vou morrer pelo grande amor da minha vida!" - Ele afinou a voz

ao falar isso, imitando os trejeitos de uma donzela. - Você precisa

viver, custe o que custar, entendeu bem? Mas eu não vou mais te

proteger, senão você vai ficar folgada demais. Trate de sobreviver

sozinha.

 

Dizendo isso, ele se levantou e saltou para o buraco no

telhado novamente, desaparecendo na noite. Sailorcheer pegou o mapa e o

guardou, pensando em tudo o que seu tio havia feito e dito. Ela ia

ficando cada vez mais furiosa toda vez que se lembrava da descrição da

luta de Fei contra todos aqueles elfos enquanto se dirigia para a

entrada de Glast Heim, rápida e invisível na noite.

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 Em um recinto escuro no castelo de Glast Heim, um homem com a cabeça

coberta por um manto acinzentado que se prolongava em todo o corpo

dele, estava próximo a única janela que existia. Desviava o olhar

diversas vezes para uma mesa no outro canto do lugar, onde uma espada

cuja lâmina tinha muitos escritos élficos permanecia.

 

Respirava

profundamente com total satisfação ao vê-la. Mas havia algo que ainda o

incomodava. Onde estava o amuleto mágico daquele ser inferior que ele

havia capturado? Ele precisava daquilo para que seus objetivos fossem

cumpridos. E quem era Katrina, por quem ele chamava com tanto

desespero? Tinha certeza que era alguém que Fei confiava, mas... achava

que o Rúnico confiava realmente naquela mulher que ele observou certa

vez. A tal mercenária Rúnica, que sempre andava com Fei.

 

Por

isso não tinha o matado de uma vez. Quem quer que fosse esse ser

ridículo que Fei chamava, talvez só assim conseguisse as informações

que ele queria. Através do desespero do Rúnico, que se matava sozinho

se debatendo daquela forma como fazia desde que havia sido preso

naquela masmorra.

 

Caminhou até a mesa, onde um livro repousava,

ainda aberto, com muitas escritas élficas e runas preenchendo suas

páginas velhas e bolorentas. Tocou uma das páginas e ficou com um

sorriso perverso no rosto, enquanto lia novamente um dos rituais que

acabara de usar havia pouco tempo. Quebrou o silêncio, fechando

ligeiramente os olhos e falando sozinho, com uma voz seca e baixa.

 

-

Eu já esperei por muitos anos por isso... - e tornou a olhar para a

espada, que parecia ter um certo brilho em algumas runas - e sinto que

minha procura está próxima de ser finalizada... como você pôde dar

tanto poder à um ser que representava a impureza de nossa raça? Por

isso você morreu da forma que morreu, confiou neles. Confiou o poder a

eles. Eu lhe havia dito para não se envolver, mas você quis até mesmo

lutar com eles em guerras inúteis que eles mesmos criaram. Nunca

deixarei que nosso sangue se espalhe entre esses humanos malditos... e

assim que conseguir aquilo que você negou a me dar naqueles tempos, eu

eliminarei cada descendente daqueles miseráveis...

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 Horas antes de Sailorcheer ter o encontro na casa...

 

 

Após dias caminhando por Payon a procura de alguma pista do paradeiro da Elfa, o monge resolve voltar pra Geffen, para uma parada breve e um descanso merecido.

Chegando lá, resolve passar no banco onde espera ver algum rosto conhecido, mas o lugar parece abandonado e com papel no chão.

Sacudindo a cabeça, vai até a Taverna, onde é supreendido por um sotaque diferente nessas terras, gritando alto na sua adorada taverna:

 

- A prrrrimeirrrrra rrrrrodada éh porrrrr minha conta meu amigón Fei finalmente abandonou aquela mulherrrr! Vamos todos beberrrrr pela saúde dele.... porrrrque - sorriu malicioso e completa - Ele vai prrrrrrecisarrrr de muita.

 

Andando em direção ao cavaleiro, que veste-se estranhamente bem.

 

- Ô do sotaque afeminado, tá falando do Bastardinho?

 

Então o Cavaleiro oferece uma garrafa para o monge, aberta com uma destreza incrível.

 

- Nón sou bastarrrrdo... e mesmo que fosse... o que vozê terrrria com isso? - Sorriu - Tome essa bebida e celebrrrrarrrremos todos a saúde de meu amigón. Sailorrrrcheerrr nunca mais!

 

O Monge mantem a fama e aceita, e pergunta na sequência.

 

- Ele largou a Piveta? Como você sabe?

- Piveta?

- É a aquela que anda com o bastardinho...

- Meu amigón nón é bastarrrrdo! Mas minha felicidade agorrrra nóm me perrrrmite fazerrrr mais perrrrguntas sobrrrre isso. Parrrece que ele a larrrrgou! Isso é a melhorrrr noticia que eu poderrrria rrrrreceberrrr!

- Aqui ô marica, fala direito, e como você chegou a essa brilhante conclusão? - perguntou o monge, o sorriso carregado de sarcasmo.

 

Olhando sério, ou pelo insulto ou pelo sarcasmo, o cavaleiro retruca:

- Porrrrque ela deixou um bilhete naquele banco sujo da prrrraza.

- E o que dizia o bilhete? - Com uma detestável expressão de quem fala com uma criança inocente demais.

- Orrrrra isso nón é da sua conta! E se querrrr lerrrr o bilhete, eu tive a indelicadeza de deixá-lo no banco da prrrrraza. Agorrrra eu estou comemorrrrando a boa sorrrrte de meu amigo e nón desejo serrrr interrrrompido!

 

Então o cavaleiro começa a beber no gargalho da garrafa que segurava. O Monge, não conhecido pela sua paciência, agarra o distraido cavaleiro pelo colarinho, levantando-o num movimento rápido:

- Escuta aqui o Projeto de marica, eu to de mal humor, cansado e NÃO vou andar até lá... Agora ou você fala, ou não vai falar mais nada.

 

Assustado pela ação, confuso o cavaleiro fala:

- Com calma aí amigón... nón se dê a esse trrrrabalho entón... ela dizia algo como: "Fei me deixou.... nón rrrresponde a nenhuma carrrrta"... Nón nón errra algo como: "nón o sinto mais" e nón sei o que ela querrr dizerrr com isso! Falava também que uma tal de Ana prrrecisava serrrr alimentada e que estava prrrrrrresa.

- E você chegou a levar em conta que ele pode ter sumido por que alguém sumiu com ele? Afinal, aqueles dois davam até nojo... - solta-o empurrando.

- Sumido com o Fei? - Rindo e alisando a túnica - Orrrra nón seja rrrridiculo!

- Perto de você e esse sotaque abobalhado, nem que eu quisesse ser.

- Entón... Eu nón acho que Fei está em perrrigo... Se o conhezo bem, deve estarrrr bebendo porrrr ai. Alias, devo prrrrocurrrá-lo parrrra beberrrrmos juntos. E se os conhece, vá alimentarrrr a tal Ana.

- É você pode ter razão... Vê mais 1 ae na conta do afeminado com sotaque esquisito... - Grita pro Taverneiro, seu antigo conhecido.

- Isso...Enton eu vou atrrrrás do meu amigón - Vai pra porta fazendo uma mesura exagerada.

- Ô Frangote, se algo for errado, me avise... Se forem beber também.

- Clarrrrro - Sorriu cínico - saberrrrá de tudo - Abrindo a porta da Estalagem com um lenço. - Homem idiota.... Humf! - Fala pra sí mesmo na rua, e ouve um grito de dentro da taverna.

- SEU FRESCO, SE NÃO ME AVISAR, VAI TOMAR SOPA PELO RESTO DA VIDA!!!!

 

 

Após algumas horas relaxando no bar, o monge resolve jantar, e enquanto está comendo, o estranho cavaleiro volta ao balcão do bar, com ar chateado. Pede um copo, limpa com um lenço e então pede agua.

- Achou o bêbado? - Fala o com a boca cheia de comida, demonstrando seus melhores modos bárbaros.

- Nón! - Fala em um suspiro.

 

Então limpando a mão na mesa o monge pega o rosário que contém sua runa, e tenta contato com o Fei, mas não obtém sucesso.

- Fei não responde... - Fala para o cavaleiro.

- Clarrrro que nón! Ele nón está aqui! - Pensando que o monge perdeu o juízo.

 

Então tenta contato com a Sailorcheer. E dessa vez é bem sucedido.

"Err... Sailor?" Mal sabendo se havia acertado o nome dela.

"Alguma notícia de Fei??? " Com ansiedade perceptivel mesmo com a voz dela ecoando apenas na cabeça do monge.

"Esperava isso de você, tem um afrescalhado com sotaque estranho que tava bendendo comemorando a sua separação".

"O QUE????"

 

Durante a convesa telepática, o cavaleiro encarava o monge com um olhar de quem tenta entender o que está acontecendo.

"O bastardozinho sumiu, pirralha?"

"Ele não é bastardo!!!"

 

O monge contorce a cara, como quem não aguenta mais ouvir isso.

"É sumiu... não está em Juno, não está em Geffen, não responde ao chamado...ele só deixa de responder quanto tem problemas..." - mesmo seus pensamentos passavam a aflição que sentia.

"Tem certeza que ele não tá gandaiando por ae? "

"Claro que eu tenho! Ele responderia se fosse isso..." Passando de aflição para tom choroso.

"Faz tempo que ele sumiu? Sabe de algo?"

 

Cuspindo os ossos do frango, enquanto observa o cavaleiro beber sua água.

"Eu o vi hoje de manhã, antes de ir pra prontera... ele disse q ia até Payon, mas logo voltava pra casa"

 

O cavaleiro contorce o rosto com nojo dos modos do monge.

"Mas a casa tava fechada e escura, não tinha bilhete nenhum lá, e o Juquinha e o Kaiden estavam sem comida".

"Onde você está?".

"Estou indo até o acampamento onde ele morava, pode ser que ele esteja lá." A jovem fala sem muita firmeza na voz.

"Precisa de ajuda? Posso mandar esse fresco aqui..." Transmite o pensamento se divertindo com as caretas do cavaleiro.

"Fresco?".

"É um que fala gozado, e parece mulher.".

"Ahn... não sei quem é.".

"Eu estou ocupado, mas se for em Payon é meu caminho, posso ajudar"

 

- AE O AFRESCALHADO, o Fei sumiu mesmo... - Fala para o cavaleiro, que faz cara de confuso.

"Eu... se não for muito incômodo e o senhor pudesse ver se Fei está em Payon..."

 

- Eu sei que ele sumiu...isso nón éh novidade prrrra mim.

"O acampamento dele é perto de Geffen, mas se ele não estiver aqui não sei onde pode estar".

"Tá bem criança, mantemos contato...".

 

Então limpando a boca com a mão, o monge levanta mal percebendo o agradecido "obrigada...".

- Seguinte, o bastardinho sumiu, e parece que reviraram a casa dele, e fizeram mô rebú lá. A piveta tá procurando ele onde ele morava, e pediu pra eu dá uma olhada em Payon...Entendeu, ou quer que eu desenhe?

- Como vozê sabe disso?

 

"Assim ô desinformado" responde o monge usando o poder rúnico.

- Como vozê fez isso? - Fala depois de olhar pro monge, examinar a água no copo e jogar seu conteúdo fora.

- Fez o que? Você é loco? - Responde o com uma cara cruel.

- Quando eu estou em contato com alguns, como nesse caso, as vezes eu fico sim. - Usando um tom sério.

 

"Melhor tomar cuidado com esse monge..." Vendo o cavaleiro coçar a cabeça confuso.

- Odeio mágica... onde está meu amigón?

- Monges não usam mágica. - Fala indo na direção do cavaleiro.

- Nón disse que usavam...

- Você tá meio abatido... tá bem ? - dando tapinhas no ar, que foram evitados pelo enojado cavaleiro.

- Eu nón estou abatido! Vozê nón disse que ia a Payon? - Fala afastando-se do monge, odiando a idéia de quase ter sido tocado pelas mãos sujas.

 

"OMEUDEUS TÁ TUDO RODANDO" Enquanto replica as palavras:

- A eu tenho uns minutinhos.

 

O cavaleiro coça a cabeça, olhando sério, tentando entender enquanto deixa escapar as palavras:

- Nón tem nada rrrrodando...Eu NÓN BEBI DEMAIS!

- Tá, chega de sacanagem... - Finalmente diz o monge após apreciar as caretas feitas pelo cavaleiro. - Os rúnicos podem comunicar-se mentalmente.

- Éh mesmo? - Fala sem certeza da credibilidade as palavras do monge.

 

"Assim ô eu falo sem mexer a boca, e só você me ouve... agora mexe essa bunda e vamos pra payon" Responde mentalmente apontando para porta.

- Eu... eu... eu nón fazo a menorrr ideia do que está me falando...Que tem Payon com isso?

- ANDA! - grita empurrando o cavaleiro, que é pego desprevinido novamente.

- Nóóóóóóón! - Olhando o estrago feito na túnica com nojo.- Eu vou se forrr prrrra acharrr meu amigón, mas NÓN TOQUE EM MIM!

- Anda, senão assoarei meu Nariz na tua túnica.

- ... eu sei onde é Payon...

 

E após uma rápida parada para uma troca de túnica a improvável dupla de rúnicos seguiu para Payon.

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Já amanhecia em Glast Heim quando

Sailorcheer chegava próxima as muralhas do lugar. Mantinha uma

expressão extremamente furiosa, os olhos vermelhos como nunca se tinha

visto antes. Ao entrar nas muralhas que delimitavam a região, a garota

encontrou uma pessoa conhecida, apoiada numa ruína e com ar vencedor.

 

- Então milady.. afinal, porque me chamou até aqui? Estou te esperando há dois dias.. você parecia aflita!!

 

- Como foi que você me achou? - Sailorcheer olhou torto para Claragar, sem entender como ele tinha chegado lá antes dela.

 

-

Ué... você marcou nosso encontro dois dias atrás!! Mas... - Claragar

reparou nos olhos de Sailorcheer - Milady parece um pouco brava... eu

tenho um pouco de água aqui, quer?

 

- Não - Sailorcheer falou, dando uma rosnada sutil para o bardo.

 

- O que aconteceu? Você falou algo sobre o Fei...

 

A

mercenária ignorou o bardo, jogando o mapa que seu tio havia lhe dado

no chão e começando a examiná-lo. Claragar começou a pescoçar o mapa,

curioso.

 

- O que aconteceu?

 

- Você não leu o bilhete? - disse Sailorcheer, sem nem encarar o bardo, totalmente seca - O Fei sumiu, e eu vou resgatar ele.

 

-

Que bilhete? Sumiu? Ué... já tentou falar com ele por telepatia? - o

bardo se concentrou por uns segundos, dando um "grito psíquico" -

FEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI!!!!

 

- Ele não responde... foi pego por cerca de 5 elfos... - Sailorcheer dizia isso enquanto riscava o mapa em alguns lugares.

 

- O que são esses lugares? O que são elfos?

 

-

Aqui - a garota apontou para um risco vermelho no mapa - é onde está a

prisão de Glast Heim. Os guardas são elfos. Caras com orelhas pontudas

que vão virar mingau em breve...

 

- Virar mingau? Então são soldados de aveia??

 

-

Meu humor está péssimo, bardo, não me faça gastar energia com você -

disse Sailorcheer, olhando feio e rosnando para o bardo que reparou em

um ferimento que ainda sangrava no braço da mercenária.

 

- Você está ferida!

 

- Não é nada....

 

- Posso fazer uma atadura? - o bardo apontou o corte e Sailorcheer olhou meio desconfiada para ele.

 

- Não quero que ninguém encoste em mim...!

 

- Saiba que na sarracênia ferimentos abertos podem chamar a atenção dos terríveis tubarões da terra!!!

 

- Se eles vierem, faço sashimi! - ela retrucou, dando com os ombros.

 

- Hmm... vamos pensar em como chegar lá...

 

-

O caminho mais fácil é esse... - Sailorcheer indicou um caminho traçado

no mapa, mas que no entanto era o mais perigoso de Glast Heim.

 

-

Então, milady... - o bardo começava a apontar pontos na trajetória que

a mercenária havia indicado. - Exatamente aqui tem um Cavaleiro do

abismo sanguinário... e aqui mais pra frente tem uma multidão de

undeads... - Sailorcheer observava o bardo, se perguntando como diabos

ele sabia aquilo - Por aqui não parece ter muita coisa, - traçou outra

rota - parece bem mais seguro, não?

 

- Como sabe o que vamos encontrar?

 

- Ué, eu sei! Eu sou o Líder! o líder sempre sabe de tudo!! - disse o bardo, com o famoso sorriso vencedor.

 

- Eu não posso perder tempo com rotas longas, bardo!

 

- Vamos perder menos tempo fazendo esse caminho que lutando contra esses bichos!

 

-

Eu não preciso lutar com eles - Sailorcheer deu de ombros, após pensar

um pouco - É só eu me esconder! Principalmente se o abismal encanar com

a gente...

 

- Errr... e eu?

 

- Deveria ter seguido outra profissão, bardo... não consegue se esconder?

 

- Não! Quer dizer.. sim, é claro!!! Porém, não poderei fazer o mesmo por você...

 

- Não preciso que façam isso por mim - Sailorcheer olhou torto para Claragar.

 

-

Bem, faremos o seguinte... para eu não me preocupar com você, você vai

por aí e eu vou por aqui... e nos encontramos na entrada, ok?

 

-

Como queira, bardo, desde que não me atrapalhe. Tente não morrer que

nem da última vez! E o principal: Não. Use. Telepatia. Comigo.

 

- Tá... mas por quê?

 

- Porque dói e me desconcentra e se eu estiver lutando, eu morro... - a garota começava a perder a paciência.

 

- Poxa... dos outros não dói comigo... Deve ser por causa do meu intelecto privilegiado. Minha força mental é muito grande!

 

- Acredite no que quiser. Só não atrapalhe. - disse Sailorcheer, se levantando e dobrando o mapa.

 

Ambos

entraram nas ruínas de Glast Heim e começaram a seguir as respectivas

rotas. Sailorcheer, antes de acelerar o passo, deu uma última olhada

para o bardo e soltou um suspiro profundo ao ver que ele estava

realmente tentando sumir. "Espero que ele chame bastante atenção, assim

não vão me ver." Nem ela nem Claragar notaram que vultos desapareciam

nas janelas das ruínas próximas a eles.

 

Após andar um pouco, a

mercenária se deparou com um Cavaleiro Abissal guardando o caminho,

acompanhado de três Druidas Malignos. O cavalo do Cavaleiro resfolegou

e começou a andar na direção da garota, atraindo a atenção dos outros.

"Como é que o bardo sabia disso???" Espantada, Sailorcheer ficou alguns

segundos sem reação, tempo o suficiente para ser notada pelo Cavaleiro

do Abismo, que apontou para ela. Os quatro começaram a correr em sua

direção, sedentos de sangue...

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Claragar caminhava junto às paredes das

ruínas. Se Hollywood existisse na época, poderia-se dizer que ele era

um ninja saído de um de seus filmes - incapaz de passar despercebido,

mas totalmente competente na arte de entreter o público. Dois gárgulas

que estavam próximos a ele apenas se entreolharam e riram, achando que

não valia à pena atacar aquela criatura tão estranha.

 

Infelizmente

um Druida Maligno que passava por lá não pensou a mesma coisa. Afoito

por garantir o jantar do dia, começou a correr para cima de Claragar

tão rápido quanto conseguiu. O bardo correu em direção a uma parede e

começou a falar consigo mesmo.

 

- BARDOOOOOOOOOOOOOO! FAZ PEZINHO

AQUI! - gritava ele enquanto escalava escandalosamente o muro com o

Druida tentando pegar seus pés.

 

Quando ele já estava a quase

três metros do chão, Claragar ouviu um barulho conhecido. Crec. O muro

e o bardo desabam com tudo sobre o Druida. Ele se recuperou da queda

rapidamente e se levantou, espanando o pó de suas roupas e olhando para

o monstro esmagado.

 

- Cof, cof! Viu seu druida idiota, isso que

dá se meter com o lendário Claragar, o magníf... - o azarado bardo

parou de falar assim que viu outros três Druidas vindo em sua direção,

com olhar malignamente faminto. - Sailoooooooooooooooooooooooooooor!

 

-----

 

Sailorcheer

apenas sorriu com o canto da boca e recuou até as paredes mais

próximas, se confundindo com as sombras nela projetadas. Imediatamente

os quatro monstros pararam, procurando por ela. "Ainda bem que meu tio

falou que esses estúpidos não conseguiriam me ver." O cavalo ainda

farejava o ar, tentando detectar exatamente onde a garota estava.

Notando isso, a mercenária se apressou e continuou seu caminho sem sair

das sombras e permanecendo escondida mesmo quando chegou à entrada da

prisão e enquanto esperava Claragar. Não queria arriscar ser vista ali.

"Por que eu já achava que aquele bardo ia demorar para chegar...?"

Pensava ela, enquanto esperava em pé, próxima a uma das paredes. Seu

olhar percorria todo o lugar, apreensiva.

 

Poucos minutos depois,

uma flecha se finca próxima aos pés da garota. Ela aperta seu corpo

ainda mais contra a parede, olhando na direção de onde a flecha veio e

vê um vulto desaparecendo. "Maldição... Já sabem que estou aqui... Mas

como foi que aquele maldito me viu?"

 

Seus pensamentos são

intorrompidos pelos gritos de Claragar, que corria a toda velocidade na

direção da Prisão enquanto tacava seus mais variados pertences nos

druidas: flechas, bota, chapéu, pedras que ele achava pelo caminho.

Ainda escondida, Sailorcheer se aproximou de um dos Druidas e o atacou

pelas costas, derrubando-o imediatamente. O ataque fez com que ela se

revelasse aos outros dois monstros, mas estes continuavam a perseguir

Claragar.

 

- DROGA, BARDO, TINHA QUE SE METER EM ENCRENCA? - Ela berrou furiosa enquanto partia para cima de outro druida.

 

- Eles são milhares!! Me ajude!!! - Dizia o líder Rúnico enquanto golpeava o ar com seu banjo.

 

Sailorcheer

destruiu os outros dois druidas sem dificuldade alguma, enquanto

Claragar continuava a golpear o ar como se realmente tivesse alguma

coisa ali. A garota parou e ficou olhando para o bardo, extremamente

irritada.

 

- Morram! Morram! - Claragar finalmente parou após dar

uma banjada no chão; a mercenária se perguntou como o instrumento

conseguia sobreviver inteiro ao bardo. - Obrigado pela sua ajuda! Eles

eram muitos!

 

- Anda logo, bardo. Não temos tempo a perder, já

sabem que estamos aqui. - Sailorcheer olhou torto para Claragar e

começou a andar o mais silenciosa possível.

 

- Sim! Eles eram

milhares! Eram aqueles três druidas... mais outros 1974 demônios

invisíveis! Eu, felizmente, consegui acabar com eles! - Claragar ia

seguindo Sailorcheer enquanto falava. - Quando você chegou eles se

distraíram, daí eu pude pegar eles de jeito! O primeiro veio e eu fiz

assim, estourando a cabeça invisível dele! Até agora estou sujo dos

miolos deles! - A única coisa que havia na roupa de Claragar era

poeira, mas ele se limpava como se realmente acreditasse que estava

sujo de restos de demônios.

 

- Bardo.

 

- O que foi? Eles te feriram?

 

-

Cala essa boca. - Claragar ficou um tempo em silêncio e depois

concordou com um "Tá." mal humorado. - Não quero mais monstros em cima

da gente, eu não posso ficar te protegendo sempre.

 

- Me

protegendo? Oras, nós apenas trabalhamos em equipe! - Sailorcheer olhou

feio para o bardo após esse comentário, mas ele não reparou e continuou

resmungando. - Como podemos ser uma equipe se você quer puxar todas as

glórias para você?

 

Os dois rúnicos continuaram andando em

silêncio até chegarem na entrada da prisão. Sailorcheer olhou para

Claragar, indicou que ele fizesse silêncio e a seguisse. E entrou no

recinto.

 

Assim que ela passou pela porta o amuleto de Fei, que

estava com a garota, começou a emitir um brilho intenso e ela

desapareceu. Claragar, que a seguia, começou a se sentir extremamente

leve, como se estivesse flutuando, e sua visão escureceu de repente.

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 Payon

 

O Príncipe By-Tor

seguia o monge de perto, enquanto esse andava pela multidão, empurrando

todo mundo. Sua educação estava deixando muito a desejar e o cavaleiro

sentia-se mal por aquele homem estar tocando em tantos corpos, alguns

deles suados de trabalho braçal. Pensava na forma de comunicação Rúnica

e na sua total desinformação quanto a isso... tudo bem, quanto menos

soubesse, melhor seria, estava farto de coisas mágicas acontecendo em

sua vida... naquela vida, em todas as vidas. Ele pensaria nisso depois.

 

-

Aí espertalhão - o monge parou de repente e By-Tor pulou pro lado, pra

evitar uma colisão - vamos encontrar o bastardinho. Ele deve estar por

aqui.

- Onde?

- Se eu soubesse, certamente não estaria aqui procurando...

 

By-Tor

se endiretou e encarou o monge com firmeza, não muita, aquele homem

parecia muito sujo. Seus dedos coçavam de vontade de oferecer um lenço

a ele, pra ver se melhorava um pouco sua aparência. As pessoas nunca

estavam preocupadas com isso.

 

- Tá olhando ainda? Não foi procurar?

- Eu nunca estive aqui! Porrrrr onde deverrrrria comezarrrr?

-

O bastardinho tem negócios aqui - deu um sorriso maldoso - e conheço

até alguns lugares. Vem idiota - e seguiu por uma rua. By-Tor voltou a

segui-lo, agora cansado daquele modo de falar. Mas o que poderia

esperar? Um homem sujo daqueles, só podia ter palavras sujas em sua

boca. Enquanto seguia ele, tirou um lenço da algibeira e pensou que

deveria entregá-lo na próxima oportunidade.

 

Os rúnicos seguiram

para uma das maiores tavernas de Payon, e como convinha ao monge, ele

chegou chutando a porta e parou a soleira da porta, olhando pra todos

no recinto. Tor olhou sobre os ombros dele e viu a quantidade de

pessoas que observavam o monge com atenção.

 

Um suave arrepio percorreu sua nuca, e enquanto ele olhava pra trás, pronto, o monge entrou no lugar.

 

- Você ai - gritou pra o taverneiro - não viu o cara que te vende vinho?

- Eu eu eu...

- Tá gago idiota?

 

E

enquanto o monge agia de sua forma bruta, By-Tor sacou a espada da

cinta e observou entre as casas de madeira, a procura de alguma coisa.

Quando a estranha sensação parou, um homem voou pela janela da taverna

que caiu próximo a ele. O cavaleiro embainhou a espada e se aproximou

do homem, ouvindo uma gritaria na taverna. Uma cadeira voou pela porta

e depois, outra pessoa. By-Tor abaixou-se ao lado do homem ferido e com

o lenço branco na mão, tentou virá-lo, mas não conseguiu fazer, porque

logo o monge estava saindo do lugar, com sangue nas mãos - e certamente

não era seu.

 

- Bora marica, ele não está aqui.

- Que rrrrraios vozê está fazendo?

- Procurando... O que você está fazendo aqui fora? O bar é lá dentro... Nossa, que bando de idiotas esses caras se cercam...

 

O

monge recomeçou a andar e Tor abandonou o lenço, o seguindo. Ele

explicou que iriam a outro bar, e nos outros 3 seguidos, souberam

apenas de um que Fei havia estado mais cedo e fora embora. Em todos

eles, o monge estragou mesas e cadeiras. Era de uma "educação" que

deixou By-Tor espantado.

 

- Só faltam mais dois lugares - informou a By-Tor - então anda logo.

 

By-Tor

voltou a ter aquela ligeira impressão que havia algo errado. E soube

que estava certo quando chegaram no penúltimo lugar. Sentado numa mesa

no canto, estava um homem com o chapéu cobrindo a vista, despreocupado,

com um baralho em mãos, lançando as cartas com maestria de uma mão pra

outra. Olhou bem pro homem, e como não o reconheceu, olhou para o monge.

 

Usando

sua percepção, as coisas pareciam em câmera lenta. Viu quando o monge

puxou um noviço pela roupa e o trouxe pra perto do seu rosto. Ele olhou

para o lado e notou o homem de chapéu sorrir lentamente. Tocou o cabo

da espada, mas no segundo seguinte, o monge havia lançado o noviço ao

chão.

 

- Fala agora pivete, ou vai desejar nem ter saído de casa hoje!

- Por Odin - disse o noviço choroso - eu já me arrependo!

- Onde ele está?

-

Disse que ia... eu não sei - o monge pisou no peito dele e pressionou -

nããããoooo! Ele ia visitar aquela dona do sul, aquela perto do rio...

- A mulher das caveiras?

- Sim.

-

Ótimo - deu um chute no noviço e virou-se para o cavaleiro - o bastardo

nem gosta daquela menina. Foi ver a mulher das caveiras.

 

By-Tor

nem tentou falar, sua boca estava com um gosto estranho, e ele

sentia-se mal quando tinha aquelas sensações de perigo. Segurou forte o

cabo da espada e as pessoas na taverna pareciam alheias aquela situação.

 

- É uma prostituta mané... e das boas. Vamos pra lá achar esse miserável.

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O monge já estava na porta e By-Tor ainda

estava na taverna, segurando o cabo da espada. Algo estava errado, ele

podia sentir. O gosto amargo em sua boca e aquela sensação de

observação o incomodavam. Ele olhou de soslaio o homem de chapéu no

canto, notando seus lábios finos expressando um leve sorriso malicioso.

 

Como

de praxe, By-Tor repassou todas as informações na sua mente. Sua

memória perfeita registrava pequenos detalhes que poderiam e sempre

passariam desapercebidos pelos outros. As pessoas em Payon não pareciam

notar o monge passando por elas, embora ele as estivesse empurrado.

Todos as tavernas visitadas, os taverneiros conheciam o monge e o

temiam – com motivos relevantes, e não se importavam com a destruição

gratuita dele. Em todos os lugares, o monge havia encontrado alguém que

o indicava o caminho que seguiam.

 

Ele olhou para o noviço caído

no chão e notou a semelhança com os demais homens que o monge havia

espancado. Todos com cabelo negro, a mesma mancha na roupa – na manga

esquerda. Só faltava uma coisa...

 

O Cavaleiro segurou com força

o cabo da espada e caminhou até a porta da taverna. O monge já estava

na rua, o esperando. Ele foi até a porta e olhou para a taverna. Como

suspeitava, havia um talismã preso numa das vigas da varanda. Parecia

ali ao acaso, como se estivesse voando e se prendeu a madeira. By-Tor

poderia supor muitas coisas, mas nunca que aquilo não era proposital.

 

Encarou o monge com um olhar sério e ele sorriu irônico.

 

-

O que há agora maricas? – os olhos do monge fixaram-se na mão bem

cuidada pousada no cabo da espada. – Não temos que procurar o bastardo?

 

Algo

no tom de voz dele, By-Tor notou. E mesmo ciente do perigo, fez um

gesto positivo com a cabeça e ouviu o monge resmungar a respeito e

seguir o caminho. O Cavaleiro o seguiu, sua atenção redobrada.

 

Seguiram

em silêncio para o outro lado da cidade, um lugar sujo, repleto de

bêbados e de pessoas da vida. By-Tor ajeitou a capa sobre os ombros e

continuou seguindo o monge, que sabia muito bem o caminho. Ele não se

incomodava com as mulheres de lábios pintados ou com os homens com

laços no pescoço. Não ligava para a sujeira acumulada nas ruas, ou o

fato daquelas casas não estarem em bom estado. Fazia parte daquele

lugar e By-Tor sentia-se levemente deslocado. As tintas saiam das

casas, e durante o caminho, vira outros talismãs de papel, espalhados

por todos os lugares. Pediam paz e prosperidade, ele certamente,

pediria por limpeza.

 

O monge parou e apontou para uma casa grande no fim da rua.

 

-

É ali. A Mulher das Caveiras – disse ele – o bastardo abastece todas as

tavernas por aqui. Só faço isso pela pirralha mesmo.... – murmurou,

iniciando novamente a marcha.

 

Era uma casa grande, três andares,

todas as janelas abertas. Havia uma grande árvore ao lado da casa e

suas folhas balançavam sozinhas, uma vez que não havia nem sequer uma

brisa. By-Tor parou a porta e olhou para a árvore, sua apreensão mal

escondida pela força com a qual pressionava o cabo da espada. O monge

estava empurrando a porta encostada e olhou novamente pra ele.

 

-

Chega de babaquice e venha logo. Com sorte encontramos o bastardo se

enroscando com uma qualquer e acabamos com essa palhaçada de vez.

 

By-Tor

ia comentar sobre a árvore, mas o monge já havia entrado na casa e

sumido na escuridão. Ele aproximou-se da porta e observou o lugar. Uma

escada dupla, um tapete no meio do hall, uma mesa no canto e quatro

portas. O monge estava parado no tapete e olhava pra cima. A casa

estava mergulhada em silêncio. Ele olhou para By-Tor e sorriu:

 

- Venha logo maricas, ou está com medo?

 

Algo

dizia a By-Tor para não fazer isso, mas desde quando o príncipe ouvia

essas vozes? Ignorando-as, ele entrou na casa e a porta atrás de si,

fechou-se com força. Assustado, ele puxou levemente a espada da bainha,

mas não a removeu completamente, e então olhou para o monge.

 

O

monge começou a rir, e então puxou das costas, por dentro do casaco, um

talismã igual aos que Tor havia visto por todos os lugares onde

estiveram. Sua suspeita de perigo estava mais do que evidente, e ele

não sabia o que deveria fazer. A runa em sua mão brilhou, aquela

energia dourada queimando sua pele. Ele ignorou a dor, e treinado como

era, não era difícil fazer isso. O talismã elevou-se no ar e virou uma

chama, para depois suas cinzas se espalharem pela mão do monge.

 

-

Você é mais burro do que parece – murmurou o monge, sua voz alterada.

Ele virou-se completamente para By-Tor e mantinha o sorriso malicioso –

O que vai fazer agora? Eu espero que me ataque com quanta força tiver,

porque só terá uma chance...

 

By-Tor alterou sua visão, vendo uma

estranha aura negra ao redor do monge. Sua runa brilhava numa nuance

dourada entre a nevoa negra. Estava na altura do peito. Ele não

entendia nada sobre magia rúnica, não entendia nada sobre magia alguma

e faria questão de amaldiçoar todos os bruxos do universo quando

acabasse com aquilo. Felizmente, magia não o assustava. Era um

cavaleiro. Quanto tempo um bruxo duraria sobre sua lâmina?

 

O

monge fez um gesto leve com a mão, a mesma que o livrara do talismã, e

então, mais talismãs surgiram em sua mão. Levou a altura dos olhos e

manteve o sorriso, a voz ainda alterada. Murmurou alguma coisa e os

talismãs brilharam. Próximo aos lábios, By-Tor havia notado e também

decorara o que o homem falara, mesmo não sabendo do que se tratava.

 

Ele

puxou a espada e investiu contra o monge. Ele observou quando o monge

lançou um dos talismãs e desviou dele, para ser atingido por um

segundo. Um choque percorreu seu corpo e ele ficou completamente sem

forças. A espada caiu a sua frente e ele sentiu o pedaço de papel

grudado em seu ombro queimar. Um terceiro talismã caiu sobre ele e

sentiu suas pernas geladas. Ele ergueu os olhos, o cabelo soltando da

tira de couro e observou o monge.

 

- Se é só isso... Vai ter que se esforçar mais.

 

Uma

gargalhada soou pelo lugar e By-Tor tentava se concentrar em outra

coisa que não fosse a dor. Talvez conseguisse sair dali. Não fazia a

menor idéia do que estava acontecendo. Malditas vozes! Elas sempre

estavam certas e agora diziam para que ele fizesse algo que não queria

fazer. A runa em sua mão do príncipe ainda brilhava e o monge olhou

para ela, antes de girar os olhos e cair desmaiado no chão.

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 Meu nome é Passadina Jones, mas

normalmente eu não me apresento. Falar com as pessoas demanda tempo e

assunto que não tenho. Não que isso importe para o que eu faço em

Payon, afinal essas pessoas não possuem capacidade sobrenatural para

observar as coisas mágicas a seu redor. Antes eu poderia jurar que um

grande mago poderia ao menos sentir... Mas foi antes, antes de conhecer

o Mestre. Ele me explicou sobre magia, a mesma que utilizo agora.

 

O

tempo está a meu favor nesse dia. Não é a primeira vez que faço algo

que o Mestre pede, mas a é a primeira vez que farei sozinho. Tenho

observado o Mestre, e mesmo ele sendo um homem de poucas palavras, tem

me ensinado tudo o que nenhum outro poderia. O tempo está a meu favor

nesse sentido também.

 

Espalhei por um caminho previamente

traçado meus amuletos mágicos. Se algo não conspirar contra, certamente

que o cavaleiro de nome By-Tor não os verá. Faz cinco meses que

acompanho as vendas do homem chamado Fei Ackhart. Observação é um ponto

que o Mestre sempre toca. Conheço todos os lugares em Payon onde ele

vende seu vinho – certamente que não é minha bebida favorita, mas não

me importo em tomar.

 

O tempo está a meu favor...

 

meses Vendell Hazzard está sob meu domínio e andando entre os chamados

Guerreiros Rúnicos para espionar. Ao existe magia suficiente neles para

que possam observar e sempre consideram o monge um estúpido. Não tiro a

graça disso, afinal, se alguém gostasse dele, qual a seria a

dificuldade de minha missão? E ela alcança seu auge hoje.

 

Anos

atrás eu desenvolvi um ritual ilusório. Não sou tão fabuloso nisso,

como o Mestre é, mas meus muitos anos de vida me ensinaram rituais e

mágicas que não são ensinadas nas escolas de magia de Geffen. Sorte

minha, diria. Se todo e qualquer arcano tivesse conhecimento a tais

praticas, seria um grande desperdício de magia. A única diferença entre

mim e os arcanos comuns, é que eles não possuem amarras mágicas que os

impedem de criar as magias ensinadas nas escolas arcanas. Obviamente eu

sou mais esperto, e mesmo com tais amarras, eu posso utilizar magia, de

forma diferente, mas ainda assim magia.

 

Hoje é o dia de usar tal

ritual. Pelo o que estudei do cavaleiro By-Tor, ele não irá notar. Não

consegue nem ao menos distinguir portais, como poderia ver isso? Certa

vez eu lancei um talismã nele, para que fosse transportado pra Juno.

Ele não fazia idéia que utilizando um item conhecido como Asa de Mosca,

ele poderia voltar ao último lugar que tinha gravado em sua mente.

Ficou três semanas perdido em Juno... ele é a vitima perfeita.

 

Como

esperado, o monge o forçou a irem a Payon e seguirem pelo meu caminho.

Agora eu vejo o cavaleiro caído e o monge desmaiado. Meu ritual está

quase no fim. Tenho que me apresentar agora e explicar a By-Tor que não

existe possibilidade de sair com vida dessa minha armadilha. Se ele

cooperar, será mais fácil. E mesmo se recusar, será fácil do mesmo

jeito.

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- Dói não?

 

Uma voz suave soou nos

ouvidos de By-Tor e ele olhou na direção do som, vendo um homem

aparecer das sombras. O reconheceu de imediato: era o homem de chapéu

da taverna! Estreitou os olhos, enquanto ele caminhava suavemente em

sua direção, com uma marionete nas mãos. O chapéu de feltro meio de

lado, os cabelos grisalhos a mostra. Ele olhava com atenção para o

cavaleiro e By-Tor gemeu de dor.

 

Não conseguia manter a linha

lógica de seus pensamentos e estava irritando-se pela falta de

concentração. Devia se focar nos fatos e não naquela dor que se tornava

cada mais insuportável. Estava se esforçando, tentando fazer uma

relação, mas simplesmente não conseguia.

 

O homem se aproximou.

Tinha olhos expressivos e um leve sorriso sádico insinuava-se em seus

lábios finos. Parou próximo a ele, e então segurou os fios da marionete

com uma mão e olhou para o objeto de madeira com aprovação. By-Tor

soube que se tratava de uma marionete do monge desmaiado, e podia fazer

essa relação pelas pequenas roupas que o boneco de madeira usava. Isso

poderia explicar tudo: uma manipulação. Por isso sabia que se tratava

de um mago antes mesmo de atacar o monge. Balançou a cabeça, quando

outra onda de dor o atacou, o forçando a fechar os olhos.

 

- Meu

pai foi um grande cavaleiro – começou o homem – fora um bom homem, eu

diria. Não muito esperto como todos os cavaleiros. De tantas bobagens

que eu ouvi dele, certa vez ele me surpreendeu. Disse que a

concentração de um cavaleiro é tudo o que o mantêm lutando, ignorando a

dor. Ele tinha razão. Gritou de dor na minha frente, como uma menina

gritaria, e não conseguiu escapar de sua morte devido a dor que

sentia... eu não lamento... – exibiu um sorriso e olhou para By-Tor –

você está como ele agora: fraco e indefeso.

 

By-Tor jurou em sua

língua nativa que iria arrancar a cabeça daquele homem assim que sua

concentração voltasse. Mordeu o lábio inferior novamente e manteve-se

olhando pra ele, enquanto outra onda de dor o assolava. O homem voltou

a olhar para a marionete e sorriu, encantado. Moveu-a e então o corpo

desmaiado do monge mexeu-se num solavanco. E depois outro e outro. O

homem voltou a encarar By-Tor, agora com um olhar insano.

 

-

Brincadeira de criança – murmurou, pondo o monge de pé, controlando a

marionete. O fez chutar uma, duas vezes By-Tor e então ficou parado. O

homem se aproximou em passos rápidos e meteu a mão livre entre as

vestes do monge, na altura do peito, para roubar o objeto que brilhava

em luz dourada. Exibiu um rosário com um brilho vitorioso no olhar.

 

As

vozes na mente de By-Tor vieram para alerta-lo novamente que havia uma

forma dele se livrar daquela dor. Por um momento, ele pensou em ceder,

antes de se irritar de vez. Ele era um cavaleiro, treinado pelo mais

valoroso guerreiro de seu reino. Poderia muito bem lidar com... e

perdeu os rumos do pensamento, ficando sem ar devido a dor.

 

O

homem o ignorava completamente, olhando fascinado para a runa. Lançou a

marionete no chão e o monge voltou a desabar perto de By-Tor, fazendo

com que dois talismãs voassem para perto do cavaleiro.

 

- O Mestre ficará satisfeito – o homem pensou em voz alta e lançou um olhar sádico pra By-Tor – eu sou um gênio – declarou.

- Vozê... vai... morrrrerrrrrr... – By-Tor murmurou, arfante.

- É mesmo? E como pretende fazer isso?

- Vou... corrrrrtarrrrr... a cabeza... forrrra... a sua!

-

Você tem um sotaque interessante – o homem tirou das veste um baralho e

o embaralhou com uma maestria que daria inveja em muitos viciados em

jogo. Escolheu uma carta e a levou perto dos lábios para encanta-la.

By-Tor teria prestado atenção, se outra onda de dor não o tivesse

roubado sua atenção.

 

Ele não viu o homem tirar de um bolso do

longo casaco um pó e lançar no chão. Lançou a carta com força no chão,

e como se ela possuísse tal dureza, fincou no chão. A respiração de

By-Tor estava voltando ao normal, quando seus olhos fixaram-se na

carta, para ela brilhar e um círculo de luz surgir a sua volta. Os

talismãs que estavam sob ele, queimaram e viraram pó. Ao menos a dor

sumiu e By-Tor se sentiu cansado.

 

O círculo de luz manteve por

algum tempo e depois sumiu, deixando uma marca de queimado na madeira

do chão. E toda a ilusão se desfez. Não havia escada, não havia portas.

Estava num casebre abandonado, sem teto e com parte da parede sul,

desabada. Ele deveria ter notado isso antes, sua mente exigia uma

explicação para sua falta de atenção. Novamente ele amaldiçoou os magos

em sua língua, o que chamou a atenção do homem.

 

- Não se

preocupe. Logo tudo estará terminado. Eu sou um gênio e meu plano não

poderia ser mais perfeito. Não tem nada a perguntar a respeito do meu

plano maravilhoso?

 

By-Tor sabia como iria matar aquele homem.

Iria atravessa-lo com a espada... não não... iria faze-lo ficar de

joelhos e depois cortar a cabeça dele. Sim, esse era a maneira correta.

Tentou colocar a mão pra fora da marca no chão e levou um choque. O

homem começou a gargalhar e abaixou na frente dele, do outro lado da

marca.

 

- Você é um idiota – afirmou, voltando a gargalhar.

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Payon, casa abandonada

 

 

O homem

estava sentado contra uma das paredes que ainda restavam da casa em

ruínas e assobiava uma canção. Ele estava novamente com as cartas na

mão e as lançava de um lado pro outro, parecendo alheio ao fato que um

Guerreiro Rúnico estava ali perto dele. Para ele, pouco importava isso.

Tudo o que tinha que fazer era esperar e então o Rúnico desistiria.

 

O

cavaleiro By-Tor havia tentando sair muitas vezes, inclusive usando a

espada e nada era possível. Agora, sentado com as pernas cruzadas no

meio do círculo, ele estava ferido e sangrava em inúmeras partes do

corpo, pelos esforços de tentar sair do cativeiro. Ele repassava pela

vigésima vez o que havia acontecido: o dom rúnico, a ida a Payon, o

monge, os lugares. Estava repassando o que escutara, as conversas que

ouvira ao acaso, os olhares das pessoas. Lembrava dos talismãs e do que

o homem tinha sussurrado. Lembra de tudo e aquilo não fazia o menor

sentido pra ele. Talvez porque falasse sobre aquela história de ser

Rúnico e todas essas coisas. Como se ele já não tivesse problemas

demais, agora tinha que lidar com isso também. Não fazia idéia de quem

era o homem, mas sabia que já o tinha visto em diversas ocasiões, era

aquela pinta perto do olho esquerdo, uma marca singular.

 

Ele era

arcano, um mago talvez, embora usasse magia de forma diferente. By-Tor

o olhou. O homem falara demais, mas nada do que tinha falado tinha

importância, pois o homem não havia falhado nas palavras, as tinha

escolhido com cuidado e não dera nenhuma pista de como o cavaleiro

sairia dali. Não sabia porque estava ali e começava a desconfiar que se

tratava daquela marca na mão. Fei não havia falado nada sobre isso e

ele a teria escondido se soubesse que isso poderia causar todos esses

transtornos. Chegou a cogitar se o homem não era um mago de sua terra,

mas se fosse, ele já teria se declarado há tempos – de fato, não havia

razões para que um mago de Soltar não o fizesse. Os cabelos grisalhos

do homem caiam por seu rosto jovem, e By-Tor notou certo cansaço nele,

talvez a famosa fadiga atribuída a arcanos. Mas havia algo mais naquilo

tudo. O homem parecia cansado mesmo, como se tivesse feito muito

esforço. Ele abandonou a brincadeira com as cartas e as colocou

novamente dentro do longo casaco.

 

Olhou para By-Tor com olhos

sérios e não disse nada. O cavaleiro o observou com atenção, gravando

os detalhes do rosto dele com muita facilidade. Não havia sinais do que

o homem pensava, e muito menos do que estavam fazendo ali. Lentamente,

ele se ergueu do chão e limpou a poeira do casaco. Notou no dedo anelar

um anel de ouro com um brasão, mas de onde estava não conseguia

identifica-lo. O homem caminhou até o monge e tirou um talismã do bolso.

 

By-Tor

estava olhando com atenção, quando ele puxou uma pequena sacola do

bolso da calça e espalhou sobre o monge desacordado um pó brilhante

azul. Segurando o talismã de papel com o dedo indicador e médio, ele

levou o papel aos lábios para murmurar uma espécie de cântico e depois

soltar o papel sobre o monge, que sumiu num clarão azulado. By-Tor

entendeu, se tratava de um portal. Até isso aquele arcano poderia

fazer. O encarou, quando o homem o olhou ainda com seriedade.

 

-

Está pronto agora? – perguntou o homem, com uma voz suave, desprovida

de qualquer emoção. By-Tor não respondeu e isso não alterou o homem. –

Tudo bem, se prefere assim. Pensei que iria me dar mais trabalho, mas

foi muito simples.

- Porrrr que nón acaba com essa magia e eu te mostrrrro o quanto estou prrrrronto?!

- Se eu fosse um cavaleiro, exatamente como você, certamente seria burro a esse ponto – ele exibiu um sorriso de escárnio.

-

Orrrra, vai me dizerrrr que está com medo? – By-Tor cruzou as mãos

sobre o colo, parecendo tranqüilo. Tinha tido uma idéia e depois de

anos negando, hoje ele cederia as vozes que viviam em sua mente, que

lhe prometiam uma forma de sair daquele lugar antes que ele sangrasse

até morrer. Precisava de um banho e de roupas limpas.

 

O homem se aproximou dele, voltando a abaixar na sua frente, um olhar observador. Não disse nada, continuava com o sorriso.

 

- Você sabe o que é essa coisa em sua mão?

 

By-Tor

não olhou para a Runa marcada na mão, mas sentia que com a aproximação

do homem, ela voltara a ficar dourada e queimava sua pele novamente.

Nada que ele não pudesse suportar.

 

- Como eu pensei, você não

passa de um estúpido que acha que um pedaço de aço pode livra-lo de

todos os perigos do mundo. Mas surpresa pra você, espertão, não pode!

Eu respeitaria sua espada se ao menos ela fosse encantada, mas nem

isso... pra mim, não passa de um pedaço de metal mal forjado, feito

para um ignorante como você manusear. É por isso que eu detesto

guerreiros... sempre acham que armas inúteis como essas podem salva-los

e não sua inteligência ou perspicácia.

- Orrrra, e o que minha marrrrca tem com a minha espada?

- Você realmente não sabe não é? Eu não posso crer que os Deuses abençoaram pessoas como você com esse poder.

- Parrrrece que está com inveja...

 

O homem ergueu as sobrancelhas grisalhas e encarou By-Tor com desprezo.

 

- Eu não preciso dela – murmurou, irritado.

-

Orrrra, eu também nón – garantiu By-Tor. As feições do cavaleiro

estavam levemente modificadas e havia dando as expressões dele uma

leveza e harmonia dificilmente encontrada. Os olhos dele estavam mais

brilhantes e levemente afilados. O homem reparou na sutil mudança e

ficou interessado.

- Ah, vejo que sabe algum tipo de tru...

 

E

antes mesmo que o homem conseguisse terminar a frase, By-Tor segurou as

vestes do homem, seu braço atravessando o círculo mágico, envolto numa

estranha energia espiralada negra. O trouxe contra si, mas o homem

bateu no círculo, ficando do lado de fora, com o rosto comprimido

contra o círculo. Seus olhos saltados de horror observaram as asas

negras surgirem no topo da cabeça do cavaleiro, movendo-se lentamente,

totalmente reais e perigosas. Olhou para os olhos do cavaleiro, agora

completamente negros, que olhavam fixamente em sua direção.

 

By-Tor

murmurou alguma numa língua que o homem não entendeu e seu rosto

contorceu-se de dor. Ele livrou-se da mão negra do cavaleiro e caiu

sentado no chão, se arrastando pra trás, um pouco horrorizado mas

totalmente surpreso. Observou quando o cavaleiro se levantou, a energia

espiralada girando em torno de seus braços e dorso. Novamente o

cavaleiro falou em voz alta alguma coisa na outra língua, e tocou o

rosto, como se estivesse transtornado.

 

O homem levantou do chão,

com alguma dificuldade e observou com atenção o cavaleiro. Respirava

com rapidez e o cavaleiro abaixou o braço e o encarou com os olhos

negros.

 

- Mas quê...?

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Passadina Jones entendia de muitas magias,

muitos aspectos mágicos, tinha um ótimo mentor que explicava, as vezes,

as coisa pacientemente. Mas aquilo... aquilo ele nunca tinha visto na

vida. As asas monstruosas que saiam do topo da cabeça do cavaleiro,

mexiam-se de forma suave, mesmo sendo grotescas. E em cada extremidade,

uma garra branca, um brilho afiado. Os olhos do cavaleiro estavam

tomados por uma viscosidade negra e olhavam diretamente para ele. A

energia negra que o circundava, rodopiava em espiral, tomando agora até

a cintura do cavaleiro. Ele nunca tinha visto aquilo e por isso, estava

fascinado.

 

Que poderes guardariam aquele Rúnico imbecil? Quem o

mandara subestimar os poderes deles? Talvez só enganavam falando ou não

demonstrando que não... não, era bobagem. Ele SABIA que os Rúnicos que

estivera observando não sabiam nada. Muito menos aquele cavaleiro

perdido a sua frente.

 

Observou com atenção, quando o cavaleiro

levou a mão lentamente a barreira mágica e a tocou. Com cuidado,

começou a deslizar sua mão por ela, envolta naquela energia negra. Seu

rosto contorceu-se de dor, mas ele continuou. O cavaleiro desviou os

olhos para o que fazia e depois o olhou, com um misto de raiva e dor.

 

Um

sorriso apareceu no rosto espantado de Passadina e ele moveu a mão para

dentro do longo casaco e puxou dois amuletos. Puxou de outro bolso um

estranho pó e lançou sobre um dos amuletos, antes de joga-lo contra a

parede invisível. O poder mágico do amuleto fortificou a proteção e o

By-Tor gemeu de dor, ainda sem retirar a mão. Escutou ele resmungar

algo na estranha língua e logo tinha passado o pulso pela proteção.

 

Olhou

para o segundo amuleto, o levou aos lábios e recitou palavras para

encantar o papel. Estaria preparado, se caso o cavaleiro conseguisse

sair de sua cela mágica. Ele esperava que não, mas estava admirado com

o poder do cavaleiro e a forma suave que ele conduzia seus movimentos.

A cada centímetro que sua mão ultrapassava a barreira, a estranha

energia negra se concentrava na parte do corpo que atravessava a

barreira e aparentemente suportava o poder que seu encanto produzia.

 

Com

a mão totalmente do lado de fora, o cavaleiro voltou a resmungar alguma

coisa e fez um gesto brusco, abaixando-se com rapidez. Seus dedos

longos e feridos, tocaram a carta que mantinha a barreira. A estranha

energia negra começou a circundar a carta e rasgou, desfazendo o

encanto. A barreira brilhou e então sumiu, o cavaleiro estava livre.

 

By-Tor

olhou então para Passadina e sorriu, maldosamente. Falou alguma coisa,

em voz alta, que Passadina não entendeu o significado, mas compreendeu

a ameaça. Ainda sem conseguir se mover, fascinado com o poder do

cavaleiro, ele viu quando a energia negra espalhar-se no ar, acima do

cavaleiro ainda abaixado, desenhando algo no ar.

 

- Grande Odin,

ele tem asas – Passadina murmurou, quando duas imensas asas negras

apareceram as costas de By-Tor. – Mas o quê é isso?

 

A mão do

cavaleiro moveu-se com cuidado em direção a espada e Passadina

conseguiu se mover, dando um passo pra trás. Prevendo o movimento do

cavaleiro, ele lançou o amuleto num canto escuro da parede, e antes que

By-Tor chegasse nele, jogou-se no portal e sumiu.

 

Ainda furioso,

o cavaleiro bateu com rapidez extraordinária a parede, até perceber que

não havia mais nada. Maldito covarde... Embainhou a espada, notando

como sangrava. Deu um sorriso irônico e murmurou alguma coisa, olhando

para a mão ferida. Voltou a cabeça lentamente pra trás e na sua visão

modificada, notou a poça de sangue que estava no lugar de seu cativeiro.

 

Tocou

a testa, sentindo uma leve tontura e murmurou alguma coisa novamente.

Andou até onde estava e notou dois amuletos banhados em seu sangue, que

ainda estavam inteiros. Os pegou e examinou, sem saber o que estava

escrito. Era parecido com Rúnico, mas ele não tinha nenhuma certeza e

as vozes em sua mente murmuravam diversas alternativas. By-Tor gostaria

de cala-las, não agüentava mais ouvir aquela falação em sua mente.

 

Dirigiu-se

até a saída e desabou perto da porta, ferido e sem forças. Dava nisso

usar aquele poder maldito, ele pensou, sentindo o poder esgota-lo cada

vez mais. Murmurou uma cantiga que ouvira quando era criança e até o

final dela, o cavaleiro estava ao normal no chão, a energia negra havia

sumido e suas asas se retraíram antes de terem o mesmo fim.

 

By-Tor

pensou em um bom banho, adoraria estar numa tina e ter Lisandra

esfregando suas costas. Gostava quando ela apertava suas costas com a

ponta dos dedos, era tão gostoso. Sentou-se lentamente e sorriu. Ainda

estava vivo, só estava sujo. Muito sujo. Suspirou e seus olhos

fixaram-se na parede a frente e o cavaleiro começou a contar quantas

tábuas foram usadas na construção da parede. Quando tivesse forças,

sairia dali. Talvez devesse sair logo, afinal, aquele homem poderia

voltar... Quarenta cinco até a janela quebrada... Se ele voltasse,

melhor, daria cabo de sua vida de uma só vez. Oitenta e sete até onde

seus olhos enxergavam com certeza.

 

Piscou lentamente e escutou

um som num canto da casa. Sua Runa brilhou e voltou a queimar com

força. By-Tor ergueu-se, usando a parede de apoio e observou quando uma

luz surgiu no ar... Sua mão cansada e ferida desceu até o cabo da

espada e então, ele esperou.

 --------------------------OFF Lembrando que esse fic/RP está sendo escrito por diversas mãos. Até agora, Fei Ackhart, Sailorcheer, Claragar e Florette (By-Tor)

 

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Parecia apenas outro dia de preparação.

Galgaris caminhava pela madrugada nas matas próximas à GH, recolhendo

alimento para seu prisioneiro e algumas especiarias, quando seu

percepção se aguçou, direcionada às ruínas de GH.

 

*** Rúnicos!

Dois deles... devem estar bem próximos... o que vieram fazer aqui?

Treinar? Procurar pelo falecido necromante? *** - pensou Galgaris, se

dirigindo às ruínas. Ao avistar a entrada, percebe um grupo de homens

encapuzados carregando alguém desacordado. A energia rúnica vinha

daquela pessoa..

 

*** Um rúnico foi capturado! Mas.. por quem?

Pouco me importa. É um ótimo momento para conseguir tirar o poder dele

sem que associem isso à minha pessoa... Sim, talvez eu possa negociar

com os raptores...*** - o Guerreiro se desfez das provisões e caminhou

em direção da cidade.

 

Ao se aproximar mais da entrada, a segunda

energia ficou mais perceptível, ao norte. ***O outro rúnico! Será que

ele traiu um companheiro e decidiu eliminá-lo? Do jeito que esse grupo

é estranho, eu não duvido...Melhor manter sigilo até descobrir quem é o

mandante. Pode haver outro rúnico por trás disso e eu acabo me

entregando...*** - Galgaris puxou sua capa de proteção para bloquear a

percepção rúnica. Ele perderia a noção de onde estão os rúnicos, mas os

outros também não saberiam onde ele estava.

 

Esgueirando-se com

cautela nas decadentes muralhas, Galgaris espiou o grupo parado,

discutindo alguma coisa e fazendo um sinal para o alto de uma casa:

Haviam vigias ali, logo, todo cuidado seria importante para evitar

chamar a atenção deles. Galgaris usava uma armadura metálica que

roubara de seu prisioneiro, bem como uma espada de duas mãos de baixa

qualidade. Aquela armadura não permitiria movimentos muito silenciosos,

logo, era necessário resolver o problema, ou parte dele: removeu

rapidamente o saiote e as ombreiras, deixando as juntas com maior

mobilidade e fazendo menos barulho. Jogou as peças no rio e entrou em

GH, carregando a espada embainhada nas mãos, também para evitar

barulho.

 

Observando de longe, percebeu a entrada que os

raptores entraram com a sua vítima. Antes que pudesse se deslocar até

lá, ZAPT! Galgaris foi atingido no ombro por uma flechada vinda de

lugar nenhum. Apesar de não sentir a dor, o ferimento foi fundo. Ele

simulou uma queda e aguardou, apoiado na parede. Logo dois vigias

apareceram, empunhando bestas.

 

- Ora, ora... temos um penetra! – disse um deles, com uma voz baixa e rouca.

- Sim, hehehe... parece um morto-vivo que quer ser gente...- satirizou o outro, com um tom de voz semelhante.

- Vá avisar os outros que foram seguidos... vai saber quem esse cara já avisou. – ordenou o primeiro.

-

Sim, senhor, já estou indaaaargh!! – espasmou o segundo, sendo atingido

por um veloz golpe de ponta da espada embainhada de Galgaris, caindo no

chão

- Mas que #%#$!!! – amaldiçoou o primeiro, disparando outra

flechada no peito de Galgaris. A Flecha resvalou na armadura, dando

tempo ao Morto-vivo para girar a espada, golpeando seu agressor na

boca.

Antes que os dois pudessem se levantar, Galgaris o fez e sacou a espada, eliminando os dois rapidamente.

Se

certificando que ninguém o vira, jogou os dois corpos dentro de um

cômodo em ruínas e seguiu para a entrada onde os outros haviam levado o

prisioneiro rúnico. Ao entrar, sentiu uma estranha vertigem, e

subitamente percebeu que não estava mais no mesmo lugar. Talvez uma

fenda dimensional, ou um teleporte, o levou à um lugar muito estranho,

com corredores repletos de outras passagens. Obviamente era um

labirinto.

Antes que pudesse averiguar as passagens, um Injustiçado

surgiu das trevas atacando-o com socos e pontapés: Galgaris golpeou-o

com a costas de sua mão, usando sua enorme força, fazendo com que a

criatura se desequilibrar-se e afastar-se, sendo derrotada em seguida

por uma rápida seqüência de ataques da lâmina do Guerreiro.

***

Verme...uma era atrás você e os seus se esconderiam ao mero sinal de

minha silhueta! E agora, tentam me atacar...*** - pensou Galgaris. Ao

caminhar pelo corredor, percebeu que seu combate chamara a atenção de

outros seres, que se deslocavam para encontrá-lo. Galgaris cohecia

apenas alguns poucos truques para tentar sair de labirintos, e para

usá-los teria que lutar contra cada uma dass criaturas que entrasse em

seu caminho. Logo encontrou dois Rybios, sendo atacado pelos flancos e

prensado sob eles. Ao cair no chão, passou a ser pisoteado e a frágil

espada partiu-se ao meio.

- Criaturas malditas, deveriam se curvar!!

–rosnou ele se defendendo dos incessantes ataques. Furioso, cravou as

garras da manopla na pernas do Rybio e rasgou-a, fazendo-o cair. O

segundo mal teve tempo de reagir antes que Galgaris se levantasse e

agarrasse a espada partida novamente. Ele executou o Rybio caído com a

lâmina partida e partiu sobre o segundo, desviando-se de seus velozes

golpes até o momento de degolá-lo.

(...)

Galgaris já estava há

horas caminhando dentro do labirinto. Os inimigos que enfrentara

serviram para alertá-lo de alguns cuidados que ele não havia tomado

ainda, como por exemplo, usar uma arma decente contra não-rúnicos.

Aquela espada quebrada fora quase inútil, tendo matado mais inimigos

com as garras e socos do que com ela. A busca de Galgaris parecia ter

terminado quando ouviu uma bela voz masculina vindo de perto,

aparentemente conversando com alguém...

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Tudo rodava. O bardo não estava

inconsciente, mas sentiu que seu último passo o levou muito mais longe

do que deveria, e aparentemente para longe de Sailorcheer. Olhando para

os lados, Claragar distinguiu aos poucos paredes frias e úmidas,

dispostas de maneira a formar corredores e mais corredores, parcamente

iluminados por lampiões à querosene . Alguns metros à sua frente, havia

uma estranha mulher vestindo trajes provocantes vermelhos, empunhando

uma chibata. Sua bela silhueta logo desatordoou o bardo e despertou

seus interesses escusos. Olhando para os lados e percebendo que não

havia ninguém por perto além daquela mulher, se certificou que uma

grande ameaça aos seus planos de curto prazo não estava por perto:

 

- Sailoooooor? – chamou o bardo, com sua bela voz. Não houve nenhuma resposta

 

-

SAILOOOOOOOOOOOOOOR? – gritou ele uma segunda vez, garantindo que a

sogrona não estava por perto. – Ótimo, hehehe... podemos começar!!

*SVC*- sorriu o bardo, se levantando e alinhando a própria roupa. Aos

poucos, começou a se aproximar da Zealot com um olhar galanteador,

respondidos por ela com olhos sedentos de sangue. Ignorando o perigo

óbvio, ele a flertou:

 

- Olá, Milady!! – disse o bardo, com seu sorriso vencedor – Você vem sempre aqui?

 

- Grrr... – rosnou a Zealot, se preparando para atacar.

 

O Bardo continuou a se aproximar maliciosamente, indiferente aos rosnados da Zealot.

 

-

Acalme-se, milady... parece-me que você não gostou muito de mim, ou

será que é alguma outra coisa? Independente do motivo, tenho certeza

que podemos nos dar muito bem, você só precisa me dar uma chance!

 

O

sorriso de Claragar foi respondido com um violento ataque da Zealot,

que brandiu sua chibata com uma força capaz de parti-lo ao meio.

Claragar, empolgado em seu galanteio, simplesmente agarrou a ponta do

chicote como que segura uma pena caindo, girando seu corpo em seguida,

enrolando-se no chicote, como se fosse um iô-iô. No final de seu

movimento, ficou à dois palmos do rosto da Zealot e continuou

 

Hehehe, milady.. sabe, eu também gosto de “brincadeirinhas” com

chicotes, correntes e algemas, embora não seja meu forte... mas garanto

que ainda sim sou muito melhor do que muita gente que se diz

especialista! O que me diz? - *sorrindo maliciosamente* - Você continua

me amarrando, eu dou umas mordidinhas na sua orelha, trocamos

carícias...

 

A Zealot olhou enfurecida para o bardo enrolado: seu chicote estava preso! Ela largou o chicote e arremessou o bardo na parede.

 

-

Ouch, milady!! – reclamou o bardo, se levantando e tentando se livrar

do chicote enrolado em seu corpo - Mais devagar! Mas tudo bem, eu

entendi a idéia: “me taca na parede e me chama de lagartixa”, né? É um

clássico! – sorriu ele de novo. Furiosa, a Zealot prensou os ombros do

bardo contra a parede e cravou os dentes me seu pescoço furiosamente.

 

-

AAAAaaaaaah.... ah, ui.. assim.. assim.. AI, CARAMBA!!ASSIM NÂO!! TÁ

DOENDOOO!!! – gritou o bardo quando ela finalmente arrancou um pedaço

de seu pescoço. - É assim, é? Então toma!! – protestou ele, cravando

seus dentes nela também – ECAAAA!! Que gosto horrível!! Quanto tempo vc

não toma banho? – disse Claragar, cuspindo pro lado.

 

Guiado

pelos sussurros xavequeiros e gritos de Claragar, um vulto se orientou

pelos corredores e logo encontrou o bardo agarrado à Zealot. *** O que

o bardo maluco está fazendo? *** - pensou Galgaris ao ver aquela cena

que fugia completamente à lógica. ***Ele tentou seduzir uma criatura? O

que passa na cabeça deste homem?*** .

 

Vendo a Zealot começando a

decepar pedaços do pescoço do bardo, Galgaris se viu diante de um

dilema: Se deixasse o Rúnico morrer pelas mãos dela, ele perderia sua

chance de roubar o poder Rúnico dele, pois o poder deixaria seu

corpo.... entretanto, se o salvasse, como explicaria sua presença ali?

Não dava pra pensar muito.. a solução era ELE mesmo matar o bardo para

a Espada Abismo cumprir seu papel, antes que a Zealot o fizesse.

Enquanto isso, o bardo se debatia nos braços da Zealot:

 

- Me

solta, sua baranga sebosa, vc esta *gasp, gasp* arrancando a minha

cabeça *gasp* - gritava o bardo, se engasgando em sangue. – AAAHH!!

Onde estão as malditas cimitarras sarracenas voadoras quando se precisa

delaaaaaaaaaaaaaaassss??!! – Neste exato momento, Claragar se curvou-se

para baixo, ouvindo apenas um zunido vindo rapidamente pelo corredor e

o relance de uma enorme espada de chamas azuis girando próximo à sua

nuca e se perdendo no corredor à frente.

 

*** MALDIÇÃO!! COMO??

Como o maldito bardo foi capaz de abaixar a cabeça? Eu ERREI!!*** -

indagava mentalmente Galgaris, inconformado. Seu ataque deveria ter

destruído mais um rúnico e mais uma Runa seria adicionada à sua

terrível espada.

 

- Uia!! Que eficiência!! – exclamou Claragar

admirado, empurrando o corpo decapitado da Zealot, que tombou

desajeitado no chão – Benditas sejam as espadas sarracenas! Essa era

até flamejante!! Gasp! Gasp, gasp... ***** - Claragar caiu no chão

imóvel, encharcado de sangue. Galgaris aproveitou os instantes de

inconsciência do bardo e recolheu a espada Abismo. Era hora de recolher

mais uma runa, isso, claro, se o bardo ainda estivesse vivo.

Aproximando-se do bardo caído, tocou seu peito.

 

- ... o coração

parou... Maldito bardo. – sussurrou Galgaris, lamentando a perda da

runa e incorporando a espada Abismo em seu corpo.

 

- Olá, milord!! - disse Claragar subitamente, abrindo os olhos. –O que fazes aqui?

 

Galgaris

deu um passo desajeitado para trás e quase caiu. Os graves ferimentos

no pescoço do bardo sumiram, restando apenas sangue no chão e em suas

roupas. *** Ele ressuscitou!! – pensou ele – E agora? Eu mato ele? E se

ele voltar de novo? Ele pode contar para os outros... preciso responder

rápido...***

 

- Err.. que bom que você está vivo, senhor Claragar... – disse Galgaris, mantendo a voz firme e sem emoção, como de costume.

 

- Sim, sim, foram apenas ferimentos leves.. nada com o que se preocupar... mas o que fazes aqui?

 

- Eu.. estava aqui dentro.. perdido.. vi uma movimentação estranha e vim ver o que era...

 

- Ahh.. você viu a Sailorcheer por aí? – perguntou o bardo

 

- Não, não a vi.. ela está aqui também, senhor?

 

- Sim, entramos juntos, mas acho que fui teleportado pra cá.. ela deve estar em outro lugar. Deixe-me tentar falar com ela...

 

###

Sailor? Claragar aqui.. cadê você? ### - tentou telepaticamente o

bardo. ### Rúnicooooos, tem alguém me ouvindo? OOOOWWWWW!!!! ###

 

- Hmmm.. nenhuma resposta... – falou o bardo.

 

- Nenhuma resposta? Você não disse nada... – respondeu Galgaris.

 

-

É telepatia rúnica. Ela, nem nenhum rúnico me responde. Ou estão todos

inconscientes, o que eu acho improvável, ou estão em terras muito

distantes, como quando eu ia para a Inglaterra...

 

***Ou estamos

sob algum ritual, como o que eu conheço.*** – pensou Galgaris. A capa

que o protegia impedia-o também de sentir energias rúnicas de rituais,

o que pode ter levado-o a cair numa armadilha...

*** Pode até ser

que seja um ritual muito elaborado que não deixe energias

perceptíveis... mas estou quase certos que há mais alguém com bastante

conhecimento Rúnico envolvido nisso***.

 

- Senhor Claragar, precisamos sair daqui. Acredito que sua amiga tentará fazer o mesmo.- disse Galgaris.

 

- Sim, espadachim.. ou melhor.. cavaleiro.. aliás, que bela armadura.. se bem que parece estar faltando uns pedaços...

 

- É.. é uma história meio complicada...

 

-

Tudo bem, não precisa explicar, eu sei como é ser pobre... – comentou

Claragar, sacando o arco e preparando suas flechas – vamos para a saída

então!!

 

- Err.... – hesitou o guerreiro – eu não sei onde é, senhor...

 

-

Ué, a saída é logo ali: vire à esquerda, depois na terceira à direita,

depois a segunda à esquerda, depois entre na primeira à direita de

novo, aí à direita, esquerda, siga reto por dois cruzamentos, depois...

 

-

***Esse bardo é louco*** - pensou Galgaris – Errr. Senhor.. se sabes o

caminho, guie-nos... juntos podemos enfrentar os perigos desse

labirinto.

 

- Sim, sim.. eu poderia fazer isso sozinho,

principalmente agora que sei que as espadas sarracenas giratórias

voadoras ainda olham por mim!!

 

- Espadas Sarracenas Giratórias Voadoras? Do que está falando, senhor?

 

- Sim, milord! Certa vez na Sarracênia.... –

 

*duas horas depois de muita Sarracênia, alguns combates com Injustiçados e Rybios e muita paciência por parte de Galgaris*

 

-

Milord! A saída!! – exclamou Claragar, vendo uma luminosidade no final

do corredor. Ambos correram e se localizaram do lado de fora da mesma

entrada pela qual caminharam da útima vez. Quando olharam para trás

novamente, a escadaria era novamente muito escura e impossível de se

ver algo lá – mesmo para Galgaris, que enxergava na escuridão.

 

-

Milord, acho que devemos entrar novamente!! Sailorcheer e Fei correm

perigo! – disse Claragar, que parecia estar com muita pressa.

 

- Senhor Claragar, não consegue sentir a presença de seus amigos? Eles são rúnicos, não?

 

- Como sabe disso? – estranhou Claragar.

 

- Senhor Fei fez isso uma vez em minha frente. – despistou Galgaris.

 

- Ah.. esse bêbado fofoqueiro... pois é.. mas eu não sinto nada, não. Pareço meio bloqueado...

 

- Tem certeza que não sente nada? – disse Galgaris removendo a capa devagar.

 

- Sim, tenho.. – respondeu Claragar, concentrado - nada, nada....

 

- Ótimo. – disse Galgaris com uma expressão ainda mais vazia.

 

-

Vamos entrar, então!! – Disse Claragar, apontando para a entrada -

Juntos, venceremos qualquer inimigo e *BONC* - Galgaris o golpeou na

nuca com muita força, nocauteando-o .

 

- Vamos, sim, senhor...

mas só poderei cuidar deles se estiver sozinho - sorriu malignamente

Galgaris, jogando o corpo nocauteado do bardo atrás de uma mureta,

cobrindo-o com sua própria capa. – Agora, vamos nos preparar... –

Galgaris removeu a armadura de seu braço e começou a rasgar em sua pele

alguns rituais simples de defesa e ataque. Recolocando a armadura,

parou em frente da entrada e passou a gesticular.

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Galgaris adentrou pelo escuro corredor à

sua frente. Após distorcer o misterioso encantamento Rúnico na entrada

do Labirinto, Galgaris resolveu seguir com cautela. Não era uma questão

de ter medo, mas ele precisaria manter sua aura Rúnica muito bem

oculta, já que rituais de percepção poderiam localizar e identificar

usuários de magia Rúnica.

 

***Quem armou esta armadilha? Será que

é algum Rúnico que não conheço? Certamente possui conhecimento... mas

quanto?*** pensava Galgaris, enquanto deslizava o mais furtivamente

quanto sua armadura permitia pelas sombras dos corredores.

 

Embora

a espada quebrada não fosse de grande auxílio, a força sobrenatural do

morto-vivo compensava a falta da ferramenta adequada contra as

criaturas que guardavam o lugar. Após passar por alguns corredores e

cômodos, Galgaris chegou à uma grande sala. Havia quatro grandes

estátuas em cada um de seus cantos, acabando em uma grande porta de

duas folhas.

 

- Bom, nada de mais aqui... – sussurrou o

guerreiro, caminhando em direção das duas portas - Acho que encontrei a

sala do misterioso mandante... *clic* - um grande piso na entrada da

sala pareceu afundar de leve quando Galgaris entrou, e, no mesmo

instante, runas brilharam, inscritas por todo o corpo das quatro

estátuas. As estátuas começaram a se mover, e um brilho avermelhado

assumiu seus olhos. Elas estavam “vivas”!

 

- Isso não pode ser!

– disse Galgaris, quase não acreditando nos rituais inscritos nas

estátuas - ... é um Ritual de Animação .. isso não é possível com as

Runas de Odin, logo... – O Morto-Vivo interrompeu seu pensamento ao ser

surpreendido por um veloz ataque nas costas. O gigante de pedra o

esmurrou , projetando-o contra um segundo, que fez o mesmo, fazendo-o

colidir na parede.

 

A velocidade deles era surpreendente, bem

como sua força! Felizmente para Galgaris, o corpo morto-vivo não sentia

as dores da batalha, o que o permitia se levantar imediatamente e, com

a espada quebrada em uma mão e as garras da manopla à postos na outra,

avançar sobre a estátua animada mais próxima. Antes de alcança-la, um

dos outros gigantes interviu velozmente e investiu com o ombro contra o

guerreiro, que por muito pouco se esquivou, rolando no chão e se

afastando de seu alvo original.

 

- Que outros encantamentos foram

usados? Essas criaturas foram muito bem feitas e são muito velozes!

Gah! – Uma coluna foi derrubada sobre Galgaris, que mal teve tempo de

saltar e escapar de ser soterrado. Os gigantes atacavam ordenadamente e

com muita rapidez. Era como se os 4 pensassem de uma única forma.

Talvez um espírito tenha sido aprisionado nos quatro corpos de pedra,

dando a eles uma consciência múltipla.

 

Galgaris se aproximou

rapidamente de uma parede para poder observar os 4 ao mesmo tempo e

aguardou o movimento deles. Aquele que estava exatamente à sua frente

avançou com um potente soco, do qual Galgaris desviou e deixou a mão da

criatura atingir a parede que acabou por se trincar inteira. Rolando

por debaixo dele, Galgaris golpeou quantas vezes pode as costas da

estátua, arrancando pouco mais que lascas. A espada quebrada não era a

arma ideal para aquela tarefa. Logo, a Estátua atacou girando seus

braços, no mesmo momento que uma segunda avançou e desferiu um poderoso

ataque. Galgaris conseguiu sair da linha dos ataques, fazendo os dois

se chocarem, apesar dos esforços da segunda estátua para evitar a

colisão. O braço trincado da primeira estátua foi destruído, enquanto a

outra parecia um pouco desorientada. Galgaris se apoiou no joelho de

uma delas para então saltar e ficar de pé sobre as costas da outra,

começando a golpear com força a cabeça da estátua danificada. As demais

estátuas os cercaram, tentando encontrar um bom ponto para atacar o

morto-vivo. Quando um trinco apareceu, Galgaris não hesitou em colocar

sua força num certeiro golpe na fenda, espatifando a cabeça da

criatura, fazendo-a ficar sem qualquer percepção, embora ainda se

movesse. Aproveitando o descontrole da estátua “cega” e os ataques das

outras estátuas, Galgaris provocou outro ataque por parte delas que

destruiu o gigante decapitado.

 

Rolando pelo chão, o morto-vivo

se posicionou em posição de combate novamente, quando percebeu que sua

espada quebrada finalmente estava completamente arruinada! A lâmina não

suportou o impacto e não sobrar mais nada exceto o cabo e uns poucos

centímetros de metal chapado. Agora a situação se tornava crítica! Os

Gigantes avançaram sobre ele, e o murro do primeiro o arremessou longe,

sendo pisoteado por outro, que acabou agarrando-o e o esmagava com seu

forte abraço. Embora a dor não o incomodasse, Galgaris sabia que isso

não protegeria aquele corpo de ser destruído! Encarando os rosto

coberto por Runas das estátuas, a solução pareceu tão clara que chegava

a ser estúpida. Claro que não dava tempo de desfazer o ritual dos

gigantes, mas... isso tornava eles peças rúnicas, e conseqüentemente,

permitia o uso da Espada Abismo, encantada e guardada em seu corpo!

Isso revelaria sua aura para aqueles que tentassem procurar um rúnico,

mas naquele momento, isso não importava mais.

Afastando a capa de

seus ombros com os dentes, Galgaris começou a sussurrar em rúnico o

Feitiço Etéreo, permitindo que ele, por breves instantes, ficasse

intangível e escapasse das mão poderosas do gigante. Ao cair no chão,

Galgaris retirou de seu corpo uma enorme espada embainhada e presa em

correntes espirituais, agora translúcidas pela presença dos inimigos

rúnicos.

Embora suas expressões fossem meramente mecânicas e pouco

significativas, um sorriso assustador se estampou na face de Galgaris

ao sacar a Espada Abismo, a mesma que executara Kalixto, Elanoria e o

mestre de Claragar, possuindo as runas destes brilhando em vermelho em

sua lâmina negra repleta de chamas frias e azuladas.

 

- Venham,

vermes. Agora Galgaris pode usar poder contra vocês... - o Guerreiro

girou a espada, emitindo auras com brilhos estranhos, seguindo

seqüência de palavras rúnicas e um brilho ainda mais intenso das runas

da espada.

 

Os gigantes novamente avançaram sobre Galgaris, que

não se moveu. Deixando a espada em sua frente, apontando para o alto,

as duas runas Algiz de Elanoria e do Arqueiro Vesgo brilharam

intensamente, criando barreiras translúcidas na frente dos gigantes,

fazendo-os colidir e tombar para trás, como se fosse uma parede sólida.

 

-

Simulacros, vocês são a prova do poder de seu mestre, poder este que

será subjulgado agora. – Utilizando a aura da runa Uruz Sombria para

enfraquecer seus oponentes, Galgaris se aproximava das estátuas que aos

poucos se levantavam. Quando Galgaris passou perto da primeira estátua,

dezenas de tentáculos negros a envolveram e passaram a torcê-la e

esmagá-la, até parti-la e desmembra-la. – Isso são as armadilhas da

Runa Algiz Sombria, potencializada pela completude de seu lado

“iluminada”, como diria Odin. O espírito que está preso em vocês, se

tiver alguma consciência, deve estar enlouquecendo pelos poderes da

Laguz Sombria completa, e absolutamente incapaz de pensar claramente. –

Galgaris sorriu, cruzando a linha da Barreira de Algiz e se colocando

em posição de combate.

Uma das estátuas avançou sobre ele, e teve

sua mão defendida por um vigoroso contragolpe da espada Abismo,

esmigalhando aquele membro. Galgaris desferiu um soco com as costas da

mão e em seguida cravou a espada no peito do gigante de pedra. O

Gigante revidou com um veloz soco com sua outra mão, mas foi inútil: O

guerreiro morto-vivo conseguiu se desviar e atingiu-o novamente,

destruindo-o por completo.

 

O fragmento de espírito preso na

última estátua estava em desespero pelos efeitos enlouquecedores da

runa Laguz Sombria, e subitamente tentou fugir pelo corredor por onde

Galgaris viera, tentando se afastar da fonte de seu sofrimento. O

Guerreiro não exitou em arremessar sua enorme espada contra as costas

da criatura, derrubando-a no chão. Galgaris saltou sobre ela, ainda

caída, recuperando a espada e atacando a estátua até sua total

destruição.

 

- Acabou... – Disse ele, guardando a espada na

bainha. - Agora, à próxima sala... sinto uma energia conhecida lá

dentro.... – Galgaris cobriu-se com a capa encantada e manteve a espada

parcialmente oculta sob ela, avançando para a porta e abrindo-a sem

muita cerimônia.

 

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 Sailorcheer acordou em um amplo salão, evitando se mexer enquanto a

leve tontura que sentia não passasse. O cheiro de cadáveres não

colaborava muito, embrulhando seu estômago.

 

Tudo o que ela se

lembrava era de um brilho intenso vindo do amuleto que carregava e da

sensação de estar flutuando. Ela não sabia quanto tempo havia passado

desacordada, mas sabia que foi tempo o suficiente para que a

encontrassem. Mesmo de olhos semi-cerrados, ela podia ouvir pessoas

perto dela. Abrindo os olhos, ainda sem se mexer, ela conseguiu

distinguir dois elfos na penumbra. Felizmente para ela, parecia que

eles ainda não haviam notado que a mercenária estava acordada. E

infelizmente para ela, um de seus pés já estava amarrado.

 

Sem

pensar duas vezes, a garota se ergueu e se colocou em pé, puxando a

corda que prendia o seu pé para trás. Suas pernas estavam bem mais

leves e ela pôde ver, de relance, suas armas jogadas ao lado da corda.

Pego de surpresa, o elfo que a amarrava se desequilibrou e se tornou um

alvo fácil para a jovem à sua frente. Sailorcheer se lançou na direção

do elfo, pegando uma das adagas que estava caída e enterrando-a no

peito do homem desarmado.

 

O segundo elfo tivera tempo de pegar

sua espada e estava furioso com a morte do companheiro. Ele saiu

correndo na direção da mercenária, atacando-a.

 

- Morra, humana! Quem você pensa que é para entrar aqui?

 

- E quem você pensa que é pra falar assim comigo?

 

Indignada,

Sailorcheer se esquivou do primeiro golpe, se preparando para

contra-atacar. Com um movimento rápido, porém, o elfo pisou na corda

que amarrava o pé da garota, fazendo com que ela se desequilibrasse e

caísse. A queda evitou que ela fosse atingida por um golpe de espada,

mas seu pé ainda estava preso.

 

- Maldição... - ela murmurou, cortando a corda com um movimento rápido da adaga.

 

-

A humanazinha até que tem sorte... - Havia um tom de desprezo na voz do

espadachim, mas a raiva que ele sentia por ainda não ter conseguido

matá-la era perceptível.

 

- Sorte, é? Sorte vai ter você se morrer logo!

 

- E ainda gosta de se achar forte! - O elfo não se conteve e riu da tentativa de assustá-lo.

 

-

E você acha que vai me acertar com *isso*? - Sailorcheer apontou com

desprezo para a espada do elfo e se posicionou para um ataque, fazendo

questão de mostrar que agora seu pé estava livre. O elfo riu do

comentário da garota.

 

- Prefere que eu te acerte com outra coisa? - ele agora a rodeava, ainda rindo, deixando Sailorcheer cada vez mais irritada.

 

- Eu acho melhor você pegar sua melhor arma, - ela emendou com um rosnado. - porque eu não vou ter dó de um elfozinho qualquer.

 

-

Sabe, humana... eu tenho nojo de usar a minha melhor arma com você,

apesar de saber que te faria implorar para eu usá-la mais ainda... - um

sorriso malicioso se formou nos lábios do elfo, mas que foi logo

substituido por uma expressão de incredulidade com a resposta da

mercenária.

 

- Olha, não ia ser ao contrário? - Sailorcheer

coçava a cabeça, tentando achar algum sentido no que ele falava. - Se

você for fraco demais, eu que vou ter que te dar uma chance pra não te

matar de cara.

 

- Que garotinha mais inocente que você é... - O

espadachim voltou a rir, brandindo a espada na direção dela como se

estivesse brincando com uma criança.

 

Sailorcheer se esquivou com

facilidade dos golpes, entrando na brincadeira do elfo por alguns

instantes. O manto em suas costas emitia um leve brilho fantasmagórico,

enquanto a garota desviava o corpo dos golpes como se os estivesse

vendo em câmera lenta. Isso a entreteve durante algum tempo, mas logo

ela se cansou. Não era muito divertido ser atacada de brincadeira.

 

- Ah, quer saber de uma coisa? Cansei. Tchau, moço.

 

Dizendo

isso, a mercenária impulsionou seu corpo na direção do elfo e o atacou.

Pego de surpresa, o elfo apenas esboçou uma reação. Um gemido gutural

encheu o ar quando a adaga da mercenária rasgou a garganta do

espadachim, mas logo foi encoberto pelo som metálico da espada caindo

no chão, seguido pelo baque surdo do corpo já sem vida que ficou caído

de qualquer jeito no meio do salão.

 

Sailorcheer começou a

caminhar na direção de suas armas, mas parou ao sentir que estava sendo

observada. Ela olhou ao redor, tentando ver se havia mais alguém, mas

não viu nada além dos dois elfos mortos e dezenas de corpos já em

estado de decomposição. Um silêncio sepulcral envolvia o salão e nada

se movia lá. Apesar disso, a sensação continuava e ela sabia que alguém

a estava observando.

 

A mercenária recolheu rapidamente suas

armas e se aproximou das paredes, mais uma vez utilizando sua

habilidade de se confundir com as sombras. Assim, esperava ela, se

houvesse mais gente lá, eles não a veriam.

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Sailorcheer contornou o salão, silenciosa como um gato, até

encontrar um corredor que estava escondido pela penumbra. Ela se

aproximou o máximo possível da parede, como se isso a tornasse ainda

mais invisível, e seguiu pelo caminho. Conforme se aproximava da porta

no fim do corredor, ela começou a ouvir gritos e barulho de correntes.

Imediatamente reconheceu a voz de Fei e parou, com os cabelos da nuca

arrepiados. Ela quase não conseguia entender o que ele dizia, mas pôde

ouvir uma frase com clareza.

 

- Por que fizeram isso com Katrina?!

 

"Ai,

ele não falou meu nome..." Foi o primeiro pensamento de Sailorcheer.

Após alguns instantes, a garota voltou a ficar confusa. "Pera, o que

foi que fizeram comigo? Não fizeram nada comigo! ... Não que eu saiba!"

A garota continuou a andar, mais devagar que antes e totalmente

silensiosa. Ela não havia caminhado mais que dois metros quando o

barulho de correntes se intensificou e um grito cheio de raiva vindo de

Fei pôde ser ouvido.

 

- EU VOU MATAR TODOS VOCÊS!!!

 

"O que

estão fazendo com o Fei?" Ela se manteve furtiva, mas agora corria, por

vezes raspando o braço na parede áspera, preocupada com os gritos que

não cessavam. A garota correu até chegar na porta fechada e se encolheu

na quina, tentando ver algo pela abertura com barras. "Eu odeio essa

maldita prisão..."

 

Tudo que ela foi capaz de ver de onde estava

era Fei, acorrentado à parede, gritando com um corpo imóvel, ajoelhado

na frente dele. Não havia qualquer outro barulho na cela. A garota se

aproximou mais da abertura e espiou toda a sala, procurando por mais

pessoas. Não viu ninguém além de Fei.

 

"Maldição... ele vai chamar a atenção se continuar gritando e se debatendo assim..."

 

Sailorcheer

abaixou a maçaneta lentamente, mas nada aconteceu. A porta estava

trancada e, obviamente, não havia sinal de chave nenhuma por perto. Ela

sorriu levemente e agradeceu mentalmente por ter sido acolhida pela

guilda dos gatunos quando era mais nova. De suas vestes, a mercenária

retirou uma adaga de lâmina muito fina. Ela se abaixou e colocou a

lâmina no buraco da fechadura, fazendo movimentos lentos e silenciosos

até conseguir ouvir um 'clic'.

 

Ainda furtiva, ela abre uma

fresta na porta sem fazer barulho, o mínimo necessário para que ela se

esgueirasse para dentro da cela, olha para o corredor novamente, se

certificando de que não havia sido seguida, e a fecha novamente.

 

"Espero que essa gritaria toda não atraia mais gente pra cá..."

 

Ela

examinou novamente a sala, mas não havia muito mais coisas além do que

ela já havia visto. Alguns corpos a mais, nada além disso. A garota se

revelou para Fei, tentando fazer com que ele parasse de gritar, mas o

rapaz permanecia com os olhos fixos no corpo, como que em transe. Isso

fez com que a garota também olhasse para ele. Não havia nada de muito

chamativo no cadáver. Ele já estava apodrecendo, apesar de conservar a

armadura.

 

- Dá licença! - Sailorcheer fez uma careta de nojo e empurrou o corpo com a pontinha do pé.

 

No

instante em que o corpo tombou, Fei parou de gritar e passou a olhar

fixamente para a mercenária, ofegante, sem esboçar qualquer reação.

 

- Ahn... Fei? - Ela fez uma pequena pausa, esperando uma resposta que não veio. - Eu vim tirar você daqui.

 

Dizendo

isso, ela se aproximou e começou a procurar pelas trancas que mantiam

as correntes presas. A garota não percebeu quando a expressão de Fei se

acalmou um pouco, assim que ele a reconheceu.

 

- S... Sailor?

 

- Eu não ia deixar você aqui... - ela para por um instante para encará-lo, sorrindo.

 

- E-eles vão te matar! O que você tá fazendo aqui? - A apreensão na voz do rapaz era perceptível.

 

- Eu vim tirar você daqui, ué!

 

Assim

que Sailorcheer terminou sua frase, ao mesmo tempo em que abria o

último cadeado, Fei caiu em cima dela. Ele estava exausto e, conforme a

garota andava, ele ia ficando cada vez mais mole até desmaiar. A

mercenária examinou a cela por alguns instantes, procurando por alguma

outra forma de sair de lá. Não havia.

 

- Bom, vai ter que ser

pela porta mesmo... - murmurou para si mesma, enquanto ajeitava Fei da

melhor maneira possível em suas costas. Porém, no instante em que ela

começou a andar em direção à saída, Sailorcheer ouviu o som de

armaduras se mexendo.

"Maldição, vem vindo gente!" Mas para o

espanto da garota, o barulho não vinha de pessoas se aproximando, e sim

dos corpos presentes na sala que começaram a se levantar, gemendo e

grunhindo.

 

- Ai meu santo Odinzinho...................... -

Pálida, a mercenária respirou fundo, tentando controlar o pavor que

sentia de mortos-vivos, e colocou Fei sentado no chão, encostado na

parede. Rapidamente ela sacou duas adagas flamejantes e decapitou o

oponente mais próximo com facilidade. Sua voz estava trêmula, mas ela

conseguiu reunir forças para enfrentar o bando de cadáveres. - Não se

atrevam a chegar perto dele, estão me ouvindo?

 

Ela continuou

destruindo os mortos-vivos que se aproximavam, sem se distanciar de Fei

mais que alguns passos, com seus reflexos aumentados pelo brilho fraco

que seu manto emanava. Eles não eram oponentes muito valorosos, mas o

medo que ela sentia adicionava certa dificuldade à tarefa de

exterminá-los. Apesar de não ser golpeada por eles, ela raramente

conseguia derrubá-los com um só golpe, pois não conseguia acertar os

pontos fracos.

 

Seu nervosismo aumentou ainda mais quando o som de risadas começou a se misturar ao de corpos caindo.

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O som das risadas ecoava por toda a sala, deixando Sailorcheer confusa.

Só havia uns poucos mortos-vivos agora e ela tinha certeza que nenhum

deles estava rindo. De repente, um rastro de chamas apareceu no chão,

inddo rapidamente na direção da garota. A agilidade sobrenatural que

seu manto amaldiçoado conferia a ela a salvou de ser queimada por muito

pouco, quando ela pulou para trás na direção de Fei. Esquecendo dos

monstros que avançavam lentamente na direção dela, ela voltou a atenção

para a origem do fogo, ainda sem enxergar nada além de uma cela úmida e

cheia de corpos pelo chão.

 

- A humana até que é rapidinha, não?

- uma voz sarcástica começou a falar, do lado oposto ao da trilha de

fogo. A mercenária olhava ao seu redor, procurando desesperadamente a

fonte do fogo e da voz, mas seus olhos eram incapazes de enxergar além

do que ela já havia visto.

 

- Mas isso é fácil de resolver... - outra voz, vinda de outro lugar da cela, falava em tom de desprezo.

 

Enquanto

Sailorcheer procurava uma maneira de ver o invisível, os mortos-vivos

se aproximavam cada vez mais, voltando a ser uma ameaça para Fei. A

mercenária percebeu isso a tempo e, saltando rapidamente para a frente,

eliminou os últimos dois que insistiam na tentativa inútil de destruir

o casal. Ao se virar para Fei novamente, ela notou uma flecha fincada

no chão, exatamente no lugar onde estava segundos antes. "Pelo menos

essas coisas serviram para alguma coisa", pensou a garota, nervosa.

 

Ela

tornou a correr para perto de Fei, mas sua preocupação com ele a

distraiu. Uma segunda trilha de chamas veio em sua direção e ela só

notou tarde demais. Ao se virar para ver de onde vinha o barulho,

Sailorcheer foi atingida em cheio no peito. Com um grito de dor, ela dá

alguns passos para trás com o impacto das chamas.

 

- Bah, o Seth

acertou ela.- Um arqueiro apareceu em um dos cantos da cela, com uma

besta armada e apontada para a garota. Um elfo.

 

- Por isso ele é

o nosso líder, você já deveria saber disso. - Outro elfo surgiu no

canto oposto ao do arqueiro, rindo e segurando uma corrente comprida

com um peso na ponta.

 

Sem saber o que fazer, Sailorcheer apostou

na única opção que ela parecia ter no momento. Com um impulso, ela se

lançou na direção do guerreiro com a corrente. Mais uma vez seu

despreparo em lutas contra humanos ficou evidente. Esquecendo-se do

conselho de seu tio, a mercenária deu as costas ao arqueiro, que não

pensou duas vezes antes de aproveitar a chance. Um disparo certeiro

acertou a coxa da mercenária, que caiu no chão. Tentando controlar a

dor, Sailorcheer rolou para uma das paredes, mas não teve tempo para

arrancar a flecha. Ela mal tinha conseguido se apoiar quando a corrente

veio em sua direção. Cambaleante, ela rolou para o lado, ouvindo a

corrente bater no chão a poucos centímetros de sua cintura.

 

- Eu não falei pra você que ia acertar ela? - O arqueiro ria, enquanto apontava novamente a besta para a mercenária.

 

Fazendo

um grande esforço para conter a dor, Sailorcheer se levanta novamente e

fica de frente para os dois elfos, protegendo suas costas com a parede

atrás dela. Ela havia se afastado demais de Fei, e ela percebera isso

tarde demais. Outro elfo surgiu, dessa vez ao lado do Rúnico.

 

- E então, senhores, já cansaram de brincar com esse ser humano ridículo?

 

-

Ah, chefe, eu ainda nem comecei... - o arqueiro lambeu os lábios,

olhando Sailorcheer fixamente, enquanto a garota olhava para cada um

dos três tentando pensar em uma maneira de tirar Fei e escapar dali.

 

-

Isso você faz depois, não quero me enojar vendo você se agarrar com uma

humana. - o líder, Seth, olhou para baixo e, vendo que Fei estava

desacordado, o empurrou com o pé para ver se ele se mexia, sem notar o

olhar de fúria da garota.

 

O elfo com a corrente começou a rir e

se afastou lentamente da garota, que voltou a assumir uma postura

defensiva. Os olhos dela passavam de um elfo para outro, enquanto ela

rosnava. Como ela seria capaz de acabar com os três? Alheio aos

pensamentos da mercenária, Seth apenas a olhou com desprezo, falando

com ironia na voz.

 

- Você veio aqui para salvar esse maldito?

 

-

Eu jamais o abandonaria aqui. - A garota estava indignada com a

pergunta. Como ele se atrevia a cogitar que ela largasse Fei para

morrer?

 

- Hmmmmm... - Seth parecia pensativo. - Você parece

gostar muito dele, não é? Mas pelo que eu me lembro, você não se

chama... como é mesmo? Katrina? Pff... Pelo visto, esse miserável deve

ter misturado nosso sangue com muitos seres ridículos mesmo. - ele

suspira, indignado com a possibilidade de haver descendentes do Rúnico

andando por aí.

 

- Não sei do que você está falando, eu sou

Sailorcheer. - A garota tentou, com sucesso, disfarçar o nervosismo na

voz com uma rosnada. Se Seth descobrisse quem ela realmente era, sua

família poderia ficar em perigo. Esse pensamento deu forças à garota

para ignorar a dor e conseguir tirar Fei daquele lugar.

 

- Então

realmente existe outra pessoa... Como vocês humanos são repugnantes...

- em seguida ele se vira para os outros dois elfos. - Bem, senhores. Se

ela chegou até aqui, é porque está com o amuleto. Podem matá-la e

depois me entreguem ele.

 

Os guerreiros, com um sorriso sádico,

começaram a caminhar na direção da garota. Mas, para espanto deles, ela

se aproximou mais da parede e desapareceu. Ninguém, elfo ou humana,

percebeu que Fei havia acordado. De olhos fechados, fingindo estar

inconsciente, ele tentava entender a situação, enquanto os quatro

conversavam. Mesmo com o sumiço da mercenária, os elfos não perderam a

confiança.

 

- Olha, ela acha que vai conseguir sair daqui

inteira! - Os risos eram abafados pelo som da corrente girando no ar,

mas Sailorcheer não se importou. Eles não podiam vê-la agora, pois ela

já dera alguns passos e, ainda assim, eles continuavam olhando para

onde ela estava antes.

 

A mercenária aproveitou a vantagem e

acelerou o passo em direção a Seth, com a intenção de atacá-lo, mas a

flecha em sua perna raspou na parede. Ouvindo o barulho, o elfo deu um

passo para trás e girou a espada no ar, erguendo uma fugaz barreira de

chamas ao seu redor. Tão rápido como apareceu, o fogo se desfes. Mas

não rápido o suficiente para evitar que Sailorcheer passase pelas

chamas. Não que ela se importasse. Protegendo o rosto com o braço

esquerdo, ela passa pela barreira disposta a matar Seth.

 

Tudo

aconteceu rápido demais. A garota sentiu algo segurando seu pé, ouviu

um grito de raiva vindo de algum lugar e, no momento seguinte, ela

estava caida no chão, olhando incrédula para Fei. Por que ele tinha

feito aquilo? Ao olhar para a parede, ela recebera a resposta: uma

flecha estava fincada lá. Tentando se lembrar que a flecha precisava de

mais espaço, a mercenária se escondeu novamente e tornou a se

movimentar. Seth também percebeu a flecha, irritado.

 

- Errou de novo, seu idiota!

 

Sem

perder tempo, o outro guerreiro girou a corrente e a lançou na direção

de Fei, prendendo-o no pescoço. Obedecendo às ordens de Sailorcheer

("Fei, abaixa agora!"), o rúnico abaixou a cabeça bem a tempo de ouvir

uma adaga voando sobre ele. "Essa vai doer...", pensou ele. A adaga

acertou em cheio o rosto do elfo, que não foi rápido o suficiente para

sair da frente, e este caiu liberando Fei, que agora estava bem

acordado.

 

- Isso é por você ter me atacado! Idiota! - Não satisfeito, Fei ainda se vira para Seth. - E essa espada é MINHA, mané!

 

Mal

ouvindo o que Fei estava falando, a rúnica arremessou a outra adaga no

arqueiro, que estava ocupado demais mirando Fei para perceber. Quando

sentiu a lâmina entrando em seu braço, o elfo baixou a besta, surpreso

e tentando descobrir de onde ela veio. Alheio a isso, Seth começou a

atacar Fei.

 

- Quer a espada, vira-lata? Ela é toda sua! - o elfo

brandiu a espada tentando acertar o rúnico. Seus olhos brilharam

furiosos quando ele viu que a mercenária havia bloqueado o golpe com

uma adaga que ela tirou sabe-se lá de onde.

 

- Nem pense nisso.

- A garota rosnava ameaçadoramente, com os cabelos ruivos emoldurando

um olhar vermelho penetrante. Sentindo Seth forçar a espada, tentando

empurrá-la, ela empurrou de volta. - E ainda quer medir forças comigo,

seu raquítico? Sua mãe não dava comida pra você quando era pequeno, não?

 

De

repente, a lâmina da espada começou a esquentar até ficar em brasa.

Sailorcheer sentia o calor perto do seu rosto, enquanto gotas de suor

brotavam em sua testa. Concentrada em Seth, não percebeu que o arqueiro

já havia tirado a flecha do braço e preparava a besta para atirar de

novo. "Fei é capaz de cuidar dele..." pensou ela, sem nem olhar para o

outro elfo. "eu espero..."

 

- Onde está o MEU amuleto? - Seth ignorou a pergunta de Sailorcheer, forçando mais a espada na direção dela.

 

Mas

as coisas não estavam tão bem para a mercenária. O calor da espada

feria seus dedos e a dor da flechada crescia cada vez que ela contraía

os músculos da perna. Percebendo que não conseguiria resistir por muito

mais tempo, ela se jogou para o lado, rolando no chão.

 

- Tá me

chamando de ladra, é? Eu não tenho nada seu não, seu magricela! - Ela

falava indignada, mas mal conseguiu completar a frase. Sem olhar para

onde estava caindo, Sailorcheer foi parar do lado do arqueiro que,

ferido, ainda não havia conseguido recarregar a besta. Sem pensar duas

vezes, o elfo girou a besta e acertou a nuca da garota. Pega de

surpresa, ela caiu no chão, atordoada, levando a mão à nuca.

 

O

arqueiro, porém, não teve tempo de cantar vitória. Ele havia se

esquecido de Fei que, se lembrando dos treinos de Sailorcheer,

conseguiu caminhar sem fazer barulho até o corpo do outro elfo e

retirar a adaga que estava fincada nele, bem a tempo de perceber o

ataque à sua noiva. Furioso, ele se lançou sobre o arqueiro, que não

teve tempo sequer para esboçar uma reação, e o golpeou várias vezes com

a adaga.

 

- NINGUÉM! MACHUCA! A! SAILOR!

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Seth olhava com desprezo para seu subordinado

quando este caiu morto no chão, enquanto Fei continuava a cravar a

adaga em suas costas de novo e de novo. Sailorcheer se levantou,

massageando a nuca, e olhou para Seth. Agora eram dois contra um, não

poderia ser muito difícil sair dali.

 

- Vocês gostam de sofrer, não? - Seth olhava fixamente para a garota.

 

-

Claro que não! Eu vou ficar um bom tempo sem poder treinar por causa

disso, sabia? - A mercenária o encarava séria, enquanto estralava o

pescoço. Ela não sabia que bestas doíam tanto. Em seguida, a garota se

posicionou entre Fei, que havia parado de perfurar o elfo e agora o

chutava, e Seth, que sorria sadicamente.

 

- Você não vai mais precisar treinar, humana...

 

-

Claro que vou! Senão nunca vou ser chamada pra fazer parte do grupo de

elite, oras! - Captar ironias nunca havia sido o forte da mercenária.

 

-

E vocês realmente acham que vão sair vivos daqui? - Seth olhava

ameaçadoramente para os dois, enquanto uma de suas mãos começava a

brilhar.

 

- Ué, claro! - Sailorcheer olhou para Seth como quem

dizia "Do que você está falando?", ignorando totalmente o brilho que

emanava da mão do elfo. - Agora que tal devolver a espada que você

roubou? Devolve e eu te deixo viver! E Fei, se você puder fazer o favor

de se esconder, eu agradeço, sabe?

 

Seth olhou para os pés de Fei

e sorriu. Imediatamente, a expressão de Fei ficou vazia e ele começou a

andar na direção da mercenária, que o observava com o canto dos olhos

sem entender por que o Rúnico ainda não havia se escondido.

 

-

Você... não é a... Katrina... - O Rúnico estava com o olhar perdido mas

a garota, confusa, não pareceu perceber. Seth, observando os dois,

começou a rir. Sussurrando, ela tentou falar com Fei, crente de que

Seth não a ouviria.

 

- Fei, eu já pedi pra você não falar esse nome na frente dos outros. Aliás, o que houve com você? Você tá estranho...

 

Sailorcheer

havia se esquecido que elfos tinham sentidos mais aguçados e não

percebeu que Seth, confuso, tinha ouvido. Para sorte da garota, o elfo

não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, a tomando por ciumenta.

Afinal, que garota gostava de ouvir o homem que amava falando o nome da

amante?

 

Enquanto isso, Fei caminhava na direção de uma

Sailorcheer confusa, tentando abraçá-la e, assim, prendê-la. Muito

vermelha, a garota apenas desviou do abraço dele, olhando de relance

para Seth que assistia a tudo com um risinho maroto.

 

- Fei, agora não é uma boa hora, ele tá olhando!

 

Indignado

com a falha de Fei, Seth o liberta de seu controle mental, fazendo com

que o Rúnico cambaleasse, e em seguida brande novamente a espada,

lançando chamas em direção ao rapaz. Sem se preocupar com sua própria

segurança, Sailorcheer pulou na frente de Fei e foi jogada contra a

parede pelo impacto causado pelo fogo. A garota, cujo o equilíbrio

estava prejudicado devido ao ferimento na perna, caiu e não conseguiu

evitar que o elfo chutasse Fei, que ainda não havia se recuperado do

ataque mental que sofrera, e o fizesse rolar para longe. Em seguida,

Seth se virou para ela.

 

- Eu tentei ser agradável com você. Mas

agora eu cansei. Eu vou fazer seu corpo todo ficar em chamas e, quando

parar de queimar, encontrarei no meio das cinzas o que procuro.

 

Sailorcheer

não falou nada, apenas desapareceu novamente. Ela se afastou um pouco

do elfo e, com uma trajetória circular, avançou até as costas dele. A

mercenária nunca havia matado nada além de monstros irracionais, mas

todo o seu corpo pedia pelo sangue de Seth. Apesar de estar ferida,

tudo o que passava pela mente da garota era vingança. Vingança por

terem ferido a pessoa mais preciosa para ela. A Rúnica reapareceu e,

com um golpe preciso, cravou a adaga no pulmão direito do elfo. Seus

ferimentos, porém, faziam com que a garota não tivesse a agilidade de

antes. Quando ela retirou a adaga e tentou cravá-la novamente, Seth

girou o corpo e a prendeu com um dos braços.

 

Sailorcheer viu o

que se passou em câmera lenta. Ela sentiu o gosto de sangue na boca, o

metal ainda morno da espada penetrando em sua barriga e as paredes se

movendo enquanto o corpo dela caía no chão. A Rúnica ouviu o grito de

Fei, distante, como se ele estivesse a quilômetros dali, e conseguiu

ver Seth sair correndo da cela antes de tudo começar a escurecer.

 

 

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