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Confissões e Reminiscências


Fabiano Alves

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Capítulo 20: Dois Reis

 

Rachiele aprontou suas coisas e contou seu dinheiro: provavelmente teria que voltar a pé, mas isso era irrelevante.

Ao checar uma vez mais a mochila, pensou ter escutado algo no andar de baixo.

Ficou em silêncio: alguém tinha entrado.

Pegou a maça e andou pé ante pé até chegar à escada.

Um homem a viu com a maça e disse-lhe, colocando uma espada e uma adaga sobre a mesa:

- Olá Rachi! Papai vai ficar em casa hoje. Onde está sua mãe?

- Ah...oi pai.

------------

 

- Você...pode repetir de novo o que aconteceu em Prontera?

- Não peça pra ela explicar de novo! Olha pros olhos dela...ela ainda está magoada com o que aconteceu...

- Irmã, sua filha te bateu...Mas me desculpe por dizer isso, mas...acho que eu faria o mesmo...

Irene olhou suas irmãs. Seus olhos estavam marejados por se lembrar do que acontecera entre ela e Rachiele. Mas suas irmãs tentavam consola-la.

- Tá, ela te bateu Irene...Ela tava brava...Isso acontece!

- Você conversava com ela, Irene?

Irene balançou a cabeça negando, o silêncio se assentou de novo no luxuoso quarto do Cassino em Comodo.

- Alguém vá buscar um copo de água com açúcar para ela...

-------------

 

- Ah, então sua mãe foi pra Comodo...Ela sempre faz isso quando se sente sozinha...- o senhor Norman preparou um belo prato com um assado para a filha - Coma, Rachi.

- Estou sem fome papai...e estou de saída também.

- Fique pelo menos um pouco. Não é sempre que o papai consegue uma folga do serviço.

Rachiele assentiu com a cabeça, sentou-se a mesa, e mesmo sem fome, comeu junto ao pai.

- Sua mãe é um espírito livre, Rachi. - disse o senhor Normam, enquanto colocava um pouco de vinho em sua caneca.

- Como assim, papai?

- Ela é uma dançarina. Ela não gosta de afazeres domésticos. Foi por isso que tive que aprender a cozinhar.

- Muito bem por sinal! - disse Rachi ao morder o assado e constatar que o mesmo estava no ponto.

-Hehe...Quando eu era jovem e pensava em me tornar um cavaleiro do rei, ouviamos, eu e meus amigos histórias sobre mulheres provocantes que viviam longe, perto do mar. Eram chamadas de dançarinas pelos seus dotes. Dizia-se que por causa delas, reinos inteiros tombaram e que reis tentaram contra a vida de suas consortes, tamanho o poder que elas podiam ter.

- Mamãe era assim, pai?

- Não. Mas ainda assim, ela é linda como todas as dançarinas.

- Ahh... - Rachiele tomou um pouco de vinho; não estava tão amargo quanto o que costumava achar em casa; lembrou-se que sua mãe gostava daquele tipo de vinho.

O senhor Normam suspirou profundamente e baixou os olhos; então Rachiele entendeu que o pai havia comprado aquelas coisas para sua mãe, que não estava porque havia brigado com a filha.

------------------

 

- Sua filha também é muito ingrata Irene! Você poderia ter colocado ela de lado, ter deixado ela para morrer no deserto de Sograt, mas não!

- Isso é!

- Irene, por mais que você tenha errado com ela, acho que ela também deveria ser razoável! Você disse que ela vai ser noviça, não é?

Irene concordou em silêncio.

- Então! Que raio de aprendiz de noviça é essa que não perdoa?

Irene pensou em quando gozou de Rachiele, dizendo que ela não servia para o sacerdócio. Pensando bem, poderia estar enviando sua filha para um problema ainda maior, pois ela , provavelmente entraria em conflito com o ultra-conservador bispo de Prontera, que proibira certa vez que as dançarinas transitassem pelas ruas da capital.

- Ela vai ser noviça? Ai meu deus! Mais uma pra nos chamar de desencaminhadas, de proscritas e tudo isso!

- Ah, pára com isso! Tenho certeza que a Rachi não vai fazer esse tipo de coisa.

- Porque você diz isso? Já esqueceu como fomos tratadas quando fomos visitar Irene em Prontera?

- Vocês duas, parem com isso! Vocês se esquecem que a outra filha de Irene, a Rose, se tornou uma exorcista de renome dentro da Igreja? E que ela nunca nos perseguiu por sermos dançarinas?

As duas olharam a irmã e em silêncio concordaram. Irene ergueu o rosto e disse:

- Espero, do fundo do meu coração, que Rachiele seja uma noviça exemplar...

----------------------

 

- Filha, vi sua irmã Rose essa semana.

- É mesmo pai? Como ela está? Ela nunca mais apareceu em casa...

- Estava com um grupo de sacerdotes perto da Catedral. Eu estava indo para meu posto , ela me viu e acenou antes de entrar num portal.

- Legal...

- Acho bom que você siga a carreira como acólita minha filha, é uma profissão de muito renome na cidade. O que achou da Ordem de Prontera?

- Ah, pai...não quero nada disso não! A Ordem de Prontera é...- fez uma pausa - ...Legal.

- E o que você quer então, filha?

- Eu só quero ser uma boa noviça pai. Provar pra mim mesma que posso.

O senhor Norman sorriu para a filha.

- Me ajuda a lavar os pratos?

Rachiele concordou. Se sentiu feliz por estar do lado do pai e ajuda-lo.

------------------------

 

- E o seu marido Irene?

- É mesmo...O Sr. Normam continua fazendo serviço de guia?

- Norman está bem...ultimamente ele tem tido muito trabalho...Quase não pára em casa...

- E isso te incomoda, irmã?

- Um pouco...

- Ei, vamos deixar essas coisas de lado um pouco! Nossa irmã está de visita! Vamos fazer uma festa!

- De acordo.

- Vamos Irene?

- Vamos! Não é esse o espírito das dançarinas? Façamos a felicidade alheia e a nossa com a dança!

- Falou e disse!

---------------------------

 

- Indo para onde filha?

- Geffen.

- Humm....É um bom lugar...Conhece a mina de carvão?

- Não.

- A partir de Geffen, siga para Noroeste. Você vai achar o lugar. Muitos sacerdotes vão para os níveis mais baixos para treinar. Talvez sirva para você...

- Obrigada pai.

- Ah, Rachi...Se ver sua mãe de novo, pode me fazer um favor?

- Qual, pai?

- Diga a ela que eu a amo. Apesar de tudo.

- Tudo bem, pai. ( Ele sabe...? )

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Capítulo 21: Kafra

 

Papai se deitou após comermos. Sua barba, feita ao estilo da barba do rei, seria aparada em breve, creio eu.

Olhei para papai dormindo profundamente, beijei sua fronte e saí.

Tive certeza que ele ficaria bem.

Fechei a porta silenciosamente, e com a mochila nas minhas costas, fui até o centro de Prontera decidir o que fazer.

Se eu pagasse um teleporte por uma Kafra, depois teria que voltar a pé. Se bem que Geffen não é tão longe.

Sentei-me num banco no centro de Prontera e fiquei ali.

Uma placa de "Não curo" veio bem a calhar.

----------------

 

- Outra vez...

- ......Senhor, eu...

- SILÊNCIO! Sabe com quem está conversando, moça?

- Sim,sim senhor...eu sei...

- Então mantenha silêncio.

- Sim senhor.

- Eu não sei mais o que fazer com você.

- ......

- Você passou pela seleção, pelo treinamento da organização, fez tudo corretamente. Mas quando colocamos você em serviço, simplesmente esqueceu tudo que lhe fora passado e repassado. Ou estarei mentindo eu e todos os que vigiam você e suas amigas empregadas?

- ......

- Você não está sequer preenchendo sua cota de valores para com a organização! Ou seja, está dando prejuízo pra mim!

- ......

- Você sabe como eu levantei tudo isso, não é?

- Sim, senhor.

- Eu sou um sobrevivente, os deuses me deram uma segunda chance e eu não a desperdicei. Hoje em dia por todo o mundo conhecido o nome "Kafra" é respeitado e utilizado por todos.

- ......

- Quer manchar meu nome? Mande alguém me matar. É bem mais fácil.

- ......

- Eu tenho a solução para tudo. E o que não tiver solução, eu providencio.

- ......

- Eu sou o principal motivo de porque esse mundo ainda não entrou em colapso. Se não fosse por mim, o Ragnarok já estaria em vias de acontecer!

-......

- Qual é meu nome, moça?

- Kafra....senhor Armand Kafra...

- O que meu nome significa?

- Significa "Auxílio, proteção."

- Qual o nosso lema?

- "Estamos sempre ao seu lado."

- Onde nós estamos?

- Em todo o mundo...

- Então, se você sabe tudo isso, porque falha? Qual a Primeira lei Kafra?

- Existimos para servir...

- Segunda lei Kafra!

- Todo aventureiro é nosso aliado.

- Terceira lei Kafra!

- Sempre daremos nosso melhor.

- Quarta lei Kafra!

- Nunca nos envolveremos com ninguém em serviço.

- Quinta lei! Fale!

- A quantia pedida por uma Kafra sempre é justa e não pode ser questionada.

- Chega.

- ......

- Volte ao seu posto. Se falhar mais uma vez, sabe para onde enviamos as "problemáticas" não é?

- Sim senhor.

- Se vá.

----------------------

 

Por alguma razão, a Kafra que costumava ficar naquela parte da cidade não estava. Perguntei ao guia e ele me disse que ela tinha saído, mas que voltaria logo.

- Já faz um tempo que ela saiu...Acho que já deve estar voltando. - disse o guia.

E de fato, após alguns minutos, um portal apareceu perto do portão leste. Uma Kafra de cabelos escuros e prancheta apareceu e se dirigiu a seu lugar.

- Por favor, um de cada vez! - disse ela enquanto fazia-se uma fila para o atendimento.

Fiquei de lado. Não tinha pressa. Tirei uma outra placa que tinha feito há tempos atrás e coloquei-a do meu lado enquanto esperava a Kafra fazer a fila sumir.

 

" Conte seu pecado. Sigilo Garantido."

- Err....

- Que Odin o ajude irmão...quer contar seu pecado?

- Quero, quero sim.

Retirei-me do lugar com o cavaleiro. Que tipo de pecado ele poderia ter cometido?

Fomos para um lugar mais tranquilo e onde não fossemos perturbados.

- Pode falar cavaleiro.

- Irmã, eu sou um assassino.

- Hã?

- Eu sou um cavaleiro, mas já matei muitos a sangue-frio. Muitos mesmo.

- Prossiga...

- Eu os torturo antes de mata-los. Aprecio vê-los sofrer, implorar por suas vidas, para depois, quando estão muito feridos,mata-los de forma que agonizem...

- ......

- Enterro a lança em seus corações e vou virando-a lentamente...apreciando o sofrimento do infeliz...

- ......

- Eu estava passando e vi você...algo me impeliu a me confessar...

- Me diga, você se arrepende de coração de ter matado tanto?

- Me arrependo irmã, mas sinto que não vou conseguir parar...

- Humm....

- Eu posso ser perdoado?

- Olha, vou ser sincera com você...Vão acabar te matando. Por vingança ou por loucura, como você faz.

- Eu sei.

- Eu mesma, se fosse conhecida de alguma vítima sua, eu te caçaria.

- Eu posso ser perdoado, irmã?

- Pode. Fique de pé.

- Sim.

- Humm...Auguro-lhe que livre-se dessa sanha assassina que se apossa de você e que faz com quem mate outros. Ou que pelo menos a controle e não torture tantos. Não os faça sofrer.E quando estiver diante de seu possível executor, lembre-se de tudo que fez para merecer tal sofrimento, pois provavelmente você será torturado antes de morrer.

- Sim.

- Você se arrepende, do fundo do seu coração, por não controlar seu impulso de matar?

- Me arrependo irmã.

- Está perdoado irmão, vá em paz e tente mudar seu destino.

- ......Eu...obrigado, irmã. Boa sorte a você também em seu caminho.

- Como é seu nome, cavaleiro?

- Esqueça milady...Não vale a pena...

- Me diga!

- Teleporte!

E o cavaleiro sumiu diante dos meus olhos. Meneei a cabeça, mas apesar de tudo tinha feito meu papel.

Voltei até a Kafra.

 

- Boa tarde, bem-vinda à Corporação Kafra. Estamos sempre a seu lado onde quer que você esteja. Em que posso ajuda-la?

Muito me impressionava a forma mecânica com a qual as Kafras falavam. Sempre as mesmas coisas, sempre do mesmo modo...

- Teleporte para Geffen, por favor...

- O custo do serviço é de 2.000 Zennys.

Tirei o dinheiro de um pequeno saco de couro. Quando dei o dinheiro à Kafra, pareceu-me que ela estremeceu rapidamente.

- O...Obrigada. Digo, Obrigada por utilizar nossos...nossos...

Tem alguma coisa errada com ela...

- Qual seu problema Kafra? Abra o portal!

- Não...não...estou cansada disso...

- Kafra?

- É tudo mentira...nada é verdade...Estão mentindo para vocês...

Ela murmurou algo, mas pude ouvir ela falando sobre mentiras...Suas mãos tremiam e algumas moedas foram ao chão.

- O que você tem?

- É TUDO MENTIRA!

Antes que eu pudesse fazer algo, a Kafra pegou uma asa de borboleta e sumiu num teleporte. Meu dinheiro foi ao chão e os passantes olharam absortos com o que havia acontecido...

-----

 

- Senhor K!

- Diga Alice...

- A Kafra n° 20 desapareceu de seu posto em Prontera...

- Mande uma substituta. E descubra para onde a Kafra foi.

- Sim senhor.

- Humm...( Já não se fazem boas empregadas como antigamente... )

----

 

Passaram-se longos instantes sem que nada acontecesse. Foi quando de repente, uma Kafra materializou-se no local onde a anterior estava e disse:

- Desculpe pelo problema. Ele já está sendo resolvido. Seu portal será aberto assim que efetuar o seu pagamento.

Paguei meus 2.000 Zennys para a Kafra e ela abriu no mesmo instante o portal. Fui na direção dele, mas antes olhei para trás.

Sim...Havia algo errado naquilo tudo.

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Capítulo 22: A luz das Trevas

 

 

Materializei-me em Geffen, cidade da magia. Perto da parte central da cidade.

Dei um giro procurando aquele que tinha me mandado a carta.

Travei quando meu olhar cruzou com o de um homem de cabelos loiros e uma pequena máscara na boca, que definitivamente era um assassino.

 

- Olá filha.

Nada falei, olhei para ele e uma confusão se passou por minha cabeça.

- Aqui tem muita gente...me siga.

Como um autômato o segui. Ele parou numa calçada e sentou-se. Seus katares podiam ser vistos debaixo de sua roupa, prontos para serem sacados.

- Como você ficou parecida com Irene, Rachiele...

Meu Deus, não é possível que esse homem seja meu pai!

- Apenas o cabelo é diferente, mas até na cor dos olhos você puxou sua mãe.

Eu tremia. Aquilo não podia estar acontecendo. Então quer dizer que toda minha vida eu não era filha de Norman, guarda de Prontera? Será que Antonio, naquela noite de Natal não mentiu pra mim?

 

- Fale alguma coisa, filha.

- Ei Rob, quem é a noviça?

- É minha filha.

 

Esses eram os aliados de meu suposto "pai"? Rufiões,salafrários, assassinos e ladrões? Era o sangue dele que corria em minhas veias?

- Venha comigo filha.

Mais uma vez, segui-o como se fosse uma máquina.

- Eu sei que você não acredita em mim. Mas vou lhe explicar tudo que houve.

- Eu não preciso de explicações...tudo que eu preciso é...é... Acabar com você, maldito mentiroso!

- ?

Saquei a maça e investi contra o assassino, não podia tolerar isso. Era mentira. Tinha que ser mentira.

NÃO PODIA SER VERDADE!

------------

 

- Jess, o que está fazendo?

- Rezando mãe.

- Porque filha? Quem te ensinou a rezar?

- A Rachi. Ela me disse que é bom.

- Tudo bem então. Vamos rezar juntas.

- Tá mamãe.

-----------

 

Eu não o atingia! Rápido demais!

- Pare com isso, Rachiele!

Maldito! Desgraçado! Me deixe em paz! Pare com suas mentiras!

- Filha, não quero te machucar!

Eu não sou sua filha! Não me chame assim! Você não tem esse direito!

- Pare de atacar seu pai! Não vê que isso só a faz sofrer?

Cessei o ataque. Ele se aproximou de mim e com um movimento me desarmou. Senti um aperto no coração. Não o encarei mais.

- Eu disse que vou explicar tudo.

- Senhor... - disse eu, tomada de lágrimas - Me fala que...que...

- Sim, filha?

- Me fala que é mentira! Por favor!

E aquele homem me abraçou com força. Eu senti meu mundo desabando e minha alma sendo feita em pedaços.

Chorei, pois não havia mais nada a ser feito a não ser aceitar a verdade.

-------

 

- Mais um suco de maçã, filha?

- Não...obrigada...chega de sucos...isso é muito caro para ficar gastando comigo...

- Eu tenho dinheiro suficiente filha.

- Obrigada...mas não...

- Mais calma?

- Um pouco.

A presença dele não era desagradável. Mas eu demoraria a ficar confortável...

- Quer que eu conte o que?

- Tudo. Como conheceu mamãe?

- Bem...Eu era um assassino já há algum tempo...Não como veteranos como Crea ou Coole, mas eu mesmo trilhava meu caminho.

- Sim...

- Fiz, assim como meu grupo, a cidade de Morroc como base de operações. Nosso primeiro "esconderijo" foi a taverna "Escorpião Solar" que vivia vazia, dado que pouca gente pára em Morroc.

- Vocês não saiam de Morroc?

- Era raro. Sair de Morroc era pouco usual para nós. A maioria dos contratantes vinha até a gente e pagava pelo serviço.

Iamos até o alvo e o eliminavamos.

- O que mamãe foi fazer em Morroc?

- Humm...Ela estava deprimida.

- ?

- Sua mãe, antes de ficar grávida de você, teve mais 6 filhos. Nenhum deles ficou em casa, seguindo o chamado da aventura.

Como mamãe era fraca. Continuei a ouvir, mas sem olha-lo.

- Encontrei-a certo dia na taverna. Bebia muito. Disse-lhe: "Odalisca, dance para mim." Mas ela fez pouco caso de mim e continuou a beber. Estava desolada. E cortaria o coração de qualquer homem de bem ver uma mulher naquele estado.

- Homem de bem? O senhor?

- Não é porque sou um assassino que automaticamente sou mau-caráter, Rachiele.

- ......

- Depois disso, ela se foi. Não a segui. Pensei comigo mesmo o que haveria de ter acontecido com ela.

- E depois?

- Ela voltou. Se sentava sempre no mesmo lugar e tomava sempre a mesma bebida. E a mesma mágoa nos olhos...

- E o que você fez ?

- Era preciso partir para o ataque, filha.

- ?

- Eu a cortejei.

- ! Mas...você não sabia nada dela!

- Filha me escute... - ele colocou as mãos em meus ombros nesse momento - Eu sou um homem de outros tempos...Quando haviam mais bardos por aí e também mais dançarinas por aí...E certas coisas, de tão deploráveis que se apresentam, acabam mexendo com gente como eu.

- ......

- Eu me senti penalizado por ver sempre aquela dançarina ali, triste, e eu apenas assistindo ela indo pro fundo do poço. Eu não podia ficar parado! A empatia que tive por ela foi tremenda.

- ...Amor à primeira vista...?

- Sim filha. Como eu te dizia, passei a corteja-la. Descobri onde ela estava e a visitei. Dia após dia eu descobria mais sobre a angústia daquela mulher e como ajuda-la.

- O que ela tinha?

- Solidão. Achava injusto que tivesse tido 6 filhos e nenhum deles voltava à casa dela para pelo menos visita-la. Tudo bem que o mundo é grande e precisa de aventureiros, mas e a família, como fica?

- E o que você fez ?

- Certo dia ofereci a ela uma Rosa Eterna, aquela rosa mágica que nunca murcha, mas ela negou...

- Porque?

- Ela não poderia aceitar. O coração dela estava em outro lugar...estava com o esposo e os filhos que a deixavam sozinha. Ela me perguntou se ela realmente merecia tudo aquilo que estava lhe acontecendo. Ela comentou de voltar para Comodo e ficar lá. Pelo menos ela teria as irmãs.

- E...como eu ...nasci...?

- Ah, isso...foi no dia que ela decidiu voltar para Prontera...

- Como foi?

Mas aquele homem apenas desapareceu no ar, sem deixar vestígios; procurei-o por todos os lados mas não o via. De repente, senti algo pontiagudo na minha nuca.

Virei-me e vi aquele homem com uma Katar apontada pro meu pescoço. Ele recuou um pouco a arma.

- Se eu quisesse...poderia mata-la...Porque veio até mim, Rachi? - disse ele, saltando de volta ao banco.

- Eu aprendi que eu tenho que confiar nos outros...Da mesma forma que eu confiei na Satty...Err...

Silenciei. Apesar de tantas coisas que tinha passado, não tinha me esquecido de Satty.

- Quem é essa Satty, filha?

- Uma...amiga...

- Certo, como eu te dizia...Você nasceu em Morroc.

- Mas eu fui criada em Prontera...Porque?

- Quando sua mãe estava de partida, ela passou mal. Corremos com ela para o castelo em Morroc e um doutor deu o parecer...ela estava grávida e precisava de cuidados...encarar uma viagem daqui até Prontera e enfrentar o deserto estava fora de questão.

- ...Porque ela não pagou um teleporte numa Kafra?

- Porque sua mãe se apaixonou por mim, mesmo sabendo que era errado. Numa noite nós nos encontramos num oásis e...bem, você sabe...

Senti que por debaixo da máscara daquele homem uma ponta de vergonha.

- Sua mãe pensou em se matar. A ela e a você. E eu não deixaria vocês passarem por risco de novo.

- Realmente...?

- Sim.

- E depois?

- Esperei até que você nascesse...indaguei a sua mãe o que faria quando chegasse com você em casa...

- E ela disse...

- Ela disse-me que falaria a verdade.

Talvez eu tenha pensado errado sobre minha mãe...

- Mamãe contou a verdade mesmo?

- Pelo que ela me contou alguns meses depois numa carta sim. Desde então ela sempre me mandou cartas me falando que você estava bem e que ela estava feliz por ser mãe de novo.

- Sr. Rob...

- Por favor, me chame pelo menos uma vez de pai...Tente!

Respirei profundamente, mas evitei olhar para ele. Então disse de olhos fechados:

- Pai...

- Sim, minha filha?

- Você me perdoa por ter batido nela?

- Você não deve procurar o perdão em mim Rachiele. Você deve pedir perdão a sua mãe...

- Está bem...vou procurar...

- E procure o perdão em você mesma também. Ficar remoendo isso dentro de você não lhe fará bem. Sei disso por experiência própria...

- Tá ok...Eu vou tentar...

- VOCÊ VAI CONSEGUIR.

- ...

- Porque você é minha filha...E embora eu não fique com você, prezo-a muito. Vamos treinar.

- O que? O senhor vai me treinar?

- E porque não? Vamos!

A partir dali, passei uma curta temporada em Geffen ,sendo treinada por Rob, o assassino.

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Nossa, Muito legal!

 

Mesmo ainda estando no capítulo de número oito, estou achando legal mergulhar na vida dessa personagem. :)

 

Assim que parar de cozinhar, vou ler até o último capítulo postado, já que nos dias úteis da semana fica complicado. :X

 

Os capítulos parecem meio curtos, dando uma impressão de que leio uma agenda, mas isso não tira de forma alguma o brilho da obra. Na verdade é criada até uma nova identidade de fic. Isso não é uma crítica, mas achei bem diferente. rs'

 

Por favor, continue a escrever. A área de fics agradece, o leitor agradece, eu agradeço. xD'

 

Muitos leem e releem as fics, mas não comentam. Espero que isso não desanime nenhum de nossos escritores.

 

~~~Basta olha o número de visualizações~~~

Edited by Schultz
esqueci uma palavra
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Nossa, cara, eu fui comentar o capítulo 20 reclamando que você tinha postado pouco quando vi o 21. Quando terminei de ler o 21 e fui comentar, veio o 22. Aí, sim, ein, é assim que eu gosto. xD

 

No começo do capítulo 20 eu me confundi um pouco, mas foi culpa minha, esqueci que a Rachiele tinha um pai, aí comecei a pensar que tinha sido um "salto" pro futuro, depois dela encontrar o pai verdadeiro em Geffen e me enrolei todo. xD

 

A Rachi tem irmã? o.O Nem lembro, acho que vou ter que reler.

 

Essa parte do kina no 21 foi tensa. Curti.

 

Já disse que esse "segredo" da Corporação Kafra com os outros NPCs me interessa muito? Sério, é muito legal isso, espero que seja uma teoria muito louca e bem montada. =D

 

Nossa, a mãe dela teve outros 6 filhos? Oh, loko, ein, isso que dá não ter televisão. kkkkkkk

Coitada da mãe dela, deu pena agora...

 

E agora ela vai ter um treinamento adequado. o/

 

Esses capítulos foram muito bons, bem emocionantes. E como o Schultz disse, a forma de escrita diferente dá uma coisa especial à estória.

 

Ah, como é bom ver essa área ressuscitando...

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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Nossa, Muito legal!

 

Mesmo ainda estando no capítulo de número oito, estou achando legal mergulhar na vida dessa personagem. :)

 

Assim que parar de cozinhar, vou ler até o último capítulo postado, já que nos dias úteis da semana fica complicado. :X

 

Os parecem meio curtos, dando uma impressão de que leio uma agenda, mas isso não tira de forma alguma o brilho da obra. Na verdade é criada até uma nova identidade de fic. Isso não é uma crítica, mas achei bem diferente. rs'

 

Por favor, continue a escrever. A área de fics agradece, o leitor agradece, eu agradeço. xD'

 

Muitos leem e releem as fics, mas não comentam. Espero que isso não desanime nenhum de nossos escritores.

 

~~~Basta olha o número de visualizações~~~

 

Tem um problema nessa fic, os capítulos tem quantidade de páginas irregulares.

Alguns tem 2 páginas, outros 4...Quando percebi isso, tente deixar a quantidade de páginas iguais mas acabou que não consegui fazer isso direito.

Antigamente era comum termos fanfic falando de aventuras dos personagens que a gente joga.

Essas aventuras poderiam ter realmente acontecido in-game (acontecia bastante com clãs de rp) ou inventadas ou um misto desses dois tipos.

Um fic desse tipo que era famoso aqui no fórum era "O Mundo visto por olhos vermelhos" onde a personagem principal era Tenko Kitsune, uma gatuna que viria a ser uma mercenária.

Infelizmente hoje em dias as pessoas não costumam fazer mais isso. O resultado é o que vemos aqui: poucas histórias ativas.

Entretanto é legal ver pelas visualizações que tem gente lendo.

Enfim, valeu pelo comentário!

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[1] Nossa, cara, eu fui comentar o capítulo 20 reclamando que você tinha postado pouco quando vi o 21. Quando terminei de ler o 21 e fui comentar, veio o 22. Aí, sim, ein, é assim que eu gosto. xD

 

[2] No começo do capítulo 20 eu me confundi um pouco, mas foi culpa minha, esqueci que a Rachiele tinha um pai, aí comecei a pensar que tinha sido um "salto" pro futuro, depois dela encontrar o pai verdadeiro em Geffen e me enrolei todo. xD

 

[3] A Rachi tem irmã? o.O Nem lembro, acho que vou ter que reler.

 

[4] Essa parte do kina no 21 foi tensa. Curti.

 

[5] Já disse que esse "segredo" da Corporação Kafra com os outros NPCs me interessa muito? Sério, é muito legal isso, espero que seja uma teoria muito louca e bem montada. =D

 

[6] Nossa, a mãe dela teve outros 6 filhos? Oh, loko, ein, isso que dá não ter televisão. kkkkkkk

Coitada da mãe dela, deu pena agora...

 

[7] E agora ela vai ter um treinamento adequado. o/

 

Esses capítulos foram muito bons, bem emocionantes. E como o Schultz disse, a forma de escrita diferente dá uma coisa especial à estória.

 

Ah, como é bom ver essa área ressuscitando...

 

[1] Semana passado só coloquei um capítulo e foi curto, daí compensei essa semana. =)

 

[2] Se tu esqueceu talvez fosse o caso de eu lembrar em algum momento pelo texto... *pensando*

 

[3] Então, pensei que a Rachiele tivesse mais parentes vivos, daí pensei em fazer uma irmã mais velha, que a Rachiele conheceu pouco justamente porque fica a maior parte do tempo na Igreja.

 

[4] Eu deveria dar mais ênfase nessa parte da história, dos personagens se confessarem e tal. Acho que vou fazer uma parte só com isso. Ainda tem uns eventos futuros para acontecerem com a Rachiele.

 

[5] Eu queria contar a história da Corporação Kafra e como ela, junto com outras pessoas influentes controlam o mundo, mas sei lá. Talvez fosse o caso de pegar esse elemento da história e fazer uma one-shot em 3 capítulos ou um pouco mais.

 

[6] A ideia aqui é: todo mundo é potencialmente aventureiro. Isso é estimulado desde cedo nas pessoas. Teoricamente, não tem como as famílias serem muito grandes, salvo se forem nobres ou aventureiros aposentados (como a mãe da Jess, por exemplo).

No caso, as irmãs da Irene tem um negócio, com isso elas não precisam se aventurar por aí e por tabela, morrer. Mas a mãe da Rachi não é uma pessoa ruim, só é preguiçosa. A Rachiele vai entender isso em algum momento. x)

 

[7] Sim! 8D

 

Valeu pelos comentários.

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lol

Muito bom... Gostei dos episódios triplos xD.

Bem legal esse mistério da corporação Kafra, o que será?

Ainda aguardo o retorno de Satty. /heh

 

 

PS: Como colocar imagem na assinatura? Toda vez que tento anexar ela não aparece. Ela fica postada no meu perfil, mas não sai na assinatura. x.x

"Me jogaram aos lobos, e eu voltei líder da matilha."

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lol

Muito bom... Gostei dos episódios triplos xD.

Bem legal esse mistério da corporação Kafra, o que será?

Ainda aguardo o retorno de Satty. /heh

 

 

PS: Como colocar imagem na assinatura? Toda vez que tento anexar ela não aparece. Ela fica postada no meu perfil, mas não sai na assinatura. x.x

 

Obrigado Coyote. =) Perai que eu mando mais dois.

Acerca da assinatura, a imagem tem que ser do tamanho limite ou menos. Ou seja: 730 x 300 pixels.

Normalmente quando eu pego alguma imagem da net, eu edito o tamanho dela pra poder colocar aqui.

Veja se não é seu caso.

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Capítulo 23: Tempo de Treinamento

 

 

Geffen, a cidade da magia, era cercada de mistérios. Conta-se que anteriormente, viviam ali, elfos, mas que estes desapareceram quando os humanos supostamente provocaram a queda de Glast Heim e do antigo reino.

Pelas suas casas com estranhos cristais no topo dos telhados, até a Academia de Magia, tudo parecia ter um quê de mágico.

Eu dormia profundamente numa macia cama com penas de pássaros, uma coberta grossa, feita de pele, me aqueceu durante a noite, que foi demasiadamente fria.

O quarto estava silencioso. Acho que meu pai tinha saído.

Escuto uma chave se movendo no trinco da porta. Meu pai voltou.

 

- Rachiele, acorde. Dormiu demais.

Me ergo devagar, coçando os olhos. Olho para ele com uma expressão de sono.

- Vamos treinar ou não?

"Não." penso comigo mesma, fechando a cara e encarando o assassino.

- Isso é um não...? - ele pondera. - Se for, vou ter que fazer algo para me distrair...Como por exemplo, ver se minhas adagas estão afiadas testando-a em seu lindo corpinho... - sorriu, pervertidamente.

Tive um estalo e uma fúria incontida tomou conta de mim.

 

- CALMA RACHIELE! - exclamou Rob, se esquivando de vários objetos que foram arremessados contra ele - Por Odin, o dono da estalagem vai me matar!!- saltou para o corredor.

- Não, querido "papai"... EU vou te matar! - disse Rachiele, pegando a maça e indo para cima do assassino.

 

No entanto, por mais que Rachiele tentasse, não conseguia atingir o assassino, que se esquivava sempre recuando e sumiu em dado momento.

- Aparece covarde! Dou conta de você e do seu clã inteiro! - bradou Rachiele, chamando a atenção de outras pessoas que começaram a sair de seus aposentos para ver a confusão.

- Você é bem pouco discreta filha... - meneou a cabeça Rob, aparecendo atrás da noviça - Vou deixar você mais calma...Até porque ainda está de pijama...

Envenenou-a com uma agulha pelas costas. Em poucos instantes a noviça tombou, dopada de sono.

- Essas crianças dão um trabalho... - Rob olhou em volta, notando vários olhares curiosos em si e em Rachiele - Ah, olá! Bom dia! - sorriu - É minha filha, relaxem que ela já se acalmou. - Tomou-a nos braços e voltou ao quarto rapidamente.

----------------

 

- Irene? - indagou Fátima olhando sua irmã, que por algum motivo estancara ao terminar de ler uma carta no Cassino em Comodo.

- Nã-não...Não é nada. - disse Irene, dobrando a carta e colocando-a em cima do criado mudo.

- Carta de quem? - Fátima quis saber.

- De ninguém... - meneou a cabeça negativamente. - Vamos, temos que abrir o Cassino, estamos atrasadas.

Fátima concordou, embora olhasse para a carta curiosa. Mas não devia violar a privacidade da irmã.

"Ele está com ela." Pensou Irene." Deuses, e se ela o deixar irritado...?" desceu as escadas acompanhada da irmã.

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Rachiele abriu os olhos. Estava deitada num campo, na grama macia. Estava com suas vestes de noviça e viu uma lauta refeição, ainda quente ao seu lado. Como sentia fome, sentou-se, pegou os talheres ali dispostos sobre a toalha e se colocou a comer.

"Mas quem me trouxe para cá?" pensou enquanto mastigava. Notou que sua arma estava ao lado. "Ah, é..." lembrou-se da promessa de Rob de treiná-la. Talvez ele estivesse por ali, invisível, resguardando-a.

 

- Rachiele... - disse Rob, aparecendo do nada diante da noviça - Coma, depois tenho que te explicar umas coisas...

- Aonde estamos? - indagou a noviça.

- Metade do caminho para Glast Heim. Aqui tem monstros fortes e é um bom lugar para treinar você.

- Que tipo de monstro...?

Ouviu-se um uivo, Rachiele se virou para a direção do som e viu cães de aspecto humanoide portando machados e armas de impacto se aproximando dos dois.

- Filha, por gentileza... - Rob pegou uma pedra e arremessou-a direto no olho de um dos cães, que portava um machado e ganiu de dor - Termine seu café...Depois falamos... - saltou na direção dos monstros, com os katares presos aos pulsos.

------

 

Foi um café da manhã rápido, pois tive um leve pressentimento que mais cedo ou mais tarde os ataques de Rob falhariam em algum ponto e algum Kobold, que era como se chamavam aqueles cães humanóides, iriam para cima de mim.

- Ei senhor Rob! - disse eu, me voltando para o assassino que cravava uma das katares no crânio de um dos monstros.

- Minuto Rachi! - Desenterrando a Katar do monstro, Rob baixou sua máscara e sorriu para os kobolds restantes, que recuaram. - Agora...sei que vocês entendem o que eu digo...Sumam daqui e não nos perturbem senão...- disse, sacando uma adaga que brilhou refletida na luz do sol.

Os kobolds bateram em retirada, sem olhar para trás, uivaram alguma coisa, creio eu, avisando os outros que deveriam estar escondidos de que o assassino não era adversário para eles.

- Bem... - disse ele, se voltando para mim - Por onde eu posso começar...?

- Pelo começo...? - indaguei eu.

- Boa dedução filha. - concordou ele.

Então Rob começou a explicar-me sobre as armas e sobre o manejo de cada uma. Segundo ele, quanto mais simples uma arma de se manusear, mais dano é possível de realizar com a mesma. Ele tirava a si mesmo como exemplo: Não usava armas muito pesadas ou muito complexas de serem manuseadas.

- Tudo que eu preciso são duas adagas chamadas Stiletto e um Jur, que é o nome desse meu katar. - disse-me, mostrando as armas.

- Certo, mas e eu que sou noviça? - indaguei.

- Daí você tem duas opções filha...ou você se torna mais forte e usa armas mais facéis de se manusear ou você não luta e fica dando apoio a outros.

- Mas...isso é frustrante! - comentei.

- E você esperava o quê? - respondeu ele - Se todos os noviços lutassem bem, não haveria sentido existirem soldados, cavaleiros e espadachins.

- Eu não posso ser as duas coisas?

- Se você quiser problemas para você, pode tentar. Estou tentando ajudar. É bem mais fácil você ser algo do que eu digo.

- Mas...assim eu não estou sendo eu mesma... - olhei o chão naquela hora - Estou fazendo de conta que eu sou outra...

- Sim, e daí?

- Eu quero ser eu mesma! - chutei uma pedrinha naquele instante.

- Filha, você está indo pela jeito mais difícil...

- E daí? Deixa eu tentar! O que eu tenho a perder?

- Hum... - Rob olhou-me nos olhos e parece que vi seus lábios se movendo num murmúrio surdo, como se ele dizesse: " Sua vida."

- Quero fazer as coisas do meu jeito. Para quando esses cães atacarem, eu possa me defender. - apontei para onde os Kobolds tinham fugido.

- Chega de conversa! - exclamou Rob, colocando a máscara novamente. - Se você quer dureza, Rachiele Nathaly, então eu vou lhe dar dureza. - Primeiro vamos treinar essa sua agilidade de pata manca!

 

Arqueei uma sobrancelha, destoando do que ele dizia, mas depois entendi o que ele quis dizer.

Rob arremessou uma pedra na cabeça de um Kobold armado com um martelo, que nos observava meio ao longe. Irritado, o monstro guardou seu escudo e seu martelo nas costas, se colocou em quatro patas e avançou em direção do assassino, rosnando feroz.

- Primeira lição: dê 100 voltas em círculos fugindo do cão raivoso, senão ele vai te trucidar com os dentes.

- Mas...mas...e você??

- Eu fico aqui assistindo... - disse - ...Invísivel! - e sumiu no ar, fazendo com que o Kobold fosse para cima de mim.

- Rob, seu grandesíssimo FILHO DA PUT@! - exclamei, correndo.

- Mais respeito com seu pai, menina! Vamos lá! Contando...1...

- 2...- disse eu, dando mais uma volta.

- 3...Está indo bem...Esse exercício vai deixar suas pernas esbeltas e torneadas! Do jeito que eu gosto!

- Tarado!!! Desgraçado! Sem-vergonha! - enrubesci e perdi a conta.

- Não perca a conta, filha do meu coração...1...

- 2... - suspirei. Foi um longo dia.

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Capítulo 24: Lembranças

 

 

Foi um dia de treino puxado. Rob quase acabou comigo. Quando começou a entardecer, bocejou para mim, que estava deitada no chão, ofegante.

- Isso não está dando certo Rachiele. Você não é agil o suficiente para encarar um desses cães. Tem certeza que vai querer lutar mesmo?

O olhei. Pensei seriamente na possibilidade de desistir. Mas queria lutar. Não queria continuar dependendo dos outros, fosse qual fosse o preço a ser pago.

- Isso de ficar dando suporte não é comigo. Eu vejo por aí. Ele curam todo mundo e a si próprios, mas não tem força suficiente para abater um morcego ou mesmo insetos! - disse.

- Insetos... - o assassino me olhou, prestando atenção no que eu dizia - Boa escolha! Amanhã vamos para o Monte Jolnir.

- Mas...porquê?

- Porque eu sou seu mestre, e você não manda nada! - exclamou ele. - Vamos para a estalagem. Está tarde.

- Vai você sozinho então, "mestre"! - zombei. - Por acaso vamos dormir juntos?

Percebi que Rob, pareceu ter rangido os dentes por debaixo da máscara. Por fim, ele meneou a cabeça negativamente, e disse, dando as costas para mim:

- Se quiser ficar você pode. Acho bom ter um xampu anti-pulgas eficiente...Até. - e sumiu no ar.

Dei de ombros. Era até melhor assim. Comecei a juntar minhas coisas que ficaram espalhadas depois do treino de agilidade despreocupadamente.

Foi quando ouvi um uivo meio longe e entendi que era melhor me apressar.

------------

 

- Relatório sobre os suspeitos. Um por vez. Demitri você começa. Seu alvo de observação é a "vanir" de Prontera...

- Foi para Geffen, se encontrou com um homem suspeito. Estou checando as informações mas me parece que ele é um velho conhecido nosso.

- Mantenha a investigação. Quem o está acompanhando, falando nisso? Seu parceiro, o senhor Victor, teve que se retirar compulsoriamente...

- Estou tendo a ajuda do senhor Estevan.

- Certo. Qualquer coisa nos informe. Dispensado.

- Obrigado senhor.

-------------

 

Eu fitava Rob em seu olhar frio. Estava ele disfarçado, ou quase isso, usando roupas normais que qualquer um usaria. Sem suas armas e sua máscara, parecia apenas mais um. Tomávamos chá num Cafeteria em Geffen. Desfiz o silêncio quando o último biscoito quebrou-se em minha boca.

- Não tem medo?

- Hummm? Medo? Medo do quê?

- Medo de ser descoberto. Você é um mercenário, um assassino de aluguel...

- Ah, isso...

Ele pareceu-me pensativo. Olhou em volta, tomou um gole a mais de chá e então me respondeu.

- Nem um pouco. - disse com firmeza. - Já fiz tanta coisa errada nessa vida, que perdi o medo.

- É perseguido pelo que fez?

- Sim. Mas isso não me preocupa.

- E se por exemplo, ameaçarem alguém como eu ou mamãe? O que você faria?

Ele nada respondeu, mas vi em seus olhos um brilho de natureza diabólica. Entendi que seu comportamento diante de mim era apenas uma faceta. E que muito certamente caso algo acontecesse comigo ou com alguém que ele preza a vingança despertaria dentro dele.

- E você? Que raios de noviça é você Rachiele, para querer lutar?

- E porque não lutar?

- Ora... - disse ele, com a xícara de chá em mãos - Isso é coisa para os homens de armas, talvez os gatunos. Não os noviços.

- E porque "noviços não podem lutar"?

- Porque são fracos. Para pensar são bons, mas na hora de esmurrar algo falham miseravelmente.

- Bem, então me sinto orgulhosa de mim mesmo.

- Porquê?

- Por que consigo ser as duas coisas.

- Eu duvido. Você tem um gênio horrível Rachiele.

Senti-me ofendida em meu orgulho quando escutei o que ele falou. Sem perda de tempo, sinalizei para um garçom e ele veio até mim.

- Uma placa. - murmurei.

Minutos depois ele voltava. Pintei a placa e coloquei-a na frente de Rob.

Ele leu atento os dizeres.

"Se confesse. É sua chance."

- Pode começar, não se acanhe. Eu não falo nada do que escuto para ninguém. - assobiei despreocupada.

- Rachiele...quem você pensa que é para ouvir os pecados dos outros? - indagou ele, deitando a placa.

- Uma pessoa. Se eu fosse um monstro como um poring ou uma fabre como eu poderia entender os outros?

- He! - ele riu. - E porque acha que pode aconselhar os outros?

- Humm... - fiz que pensava, mas respondi sem demora - Porque descobri, um belo dia, que posso com uma coisa estúpida de tão simples, fazer a diferença para alguém. Fora que é divertido ouvir os outros se confessando na maioria das vezes...

- Porque você faz esse tipo de coisa?

- É uma longa história...

- Conte. Temos toda a tarde.

------

 

Era um dia desses na Catedral de Prontera. Eu andava com os pensamentos estranhos desde que me encontrei com uma certa bruxa. Voltei para Prontera atendendo uma convocação de Necrus. Ele queria todos os noviços presentes, pois o arcebispo visitaria o local.

Nos arrumamos em vestiários distintos,como convém a uma instituição como a Igreja.

Comentava-se que o arcebispo passaria em revista todos os noviços presentes, como um autêntico general da fé. Também ouvi comentários que ele possuía poderes divinos dados pelo próprio Odin.

Nos colocamos em fila, um do lado do outro ocupando quase que a totalidade da Catedral. Enfileirados, o burburinho era inevitável, dado que muitos noviços e noviças ali eram recém-promovidos...

------

 

- Rachiele... - interrompeu-me Rob, olhando em meus olhos. - Seja mais direta. Não vejo necessidade de saber dos pormenores...

- Em poucas palavras: o arcebispo passou-nos em revista, e começou um sermão. Cochilei no meio da falação, me tiraram de lá, Necrus me chamou a atenção e disse que eu deveria pagar pela desfeita. Disse-me que eu deveria então ouvir os outros se confessando, para aprender a manter a atenção. Concordei então.

- E você ainda não o pagou desde aquele dia? Me recordo que até nós em Morroc soubemos da visita do arcebispo, mas isso faz algum tempo...

- É claro que já paguei a desfeita. Mas gostei da coisa de ficar escutando os outros...principalmente porque eu posso meter meu pitaco na vida alheia e com o consentimento da pessoa! - ri.

- E como foi sua...

- Minha primeira vez ouvindo? Foi ótima! Foi uma outra noviça que me procurou.

- Nossa, foi tão boa assim?

- Foi. Foi a partir daquela noviça que eu senti que eu poderia fazer a diferença.

- Chega filha. Esse seu discurso eu conheço. Todo mundo fala isso de "fazer a diferença".

Olhei para Rob, contrariada.

- Não me olhe assim. É só a verdade que estou falando. Todo mundo fala isso, mas na hora de botar a mão na massa...HA! Desistem no primeiro problema...

- Eu não sou como todo mundo pai! - estranhamente não velei minha boca naquele instante; eu precisava responder a ele.

- Ah, não é? - ele destoou, claramente visando me irritar. - E o que eu posso esperar de alguém como você, Rachiele Nathaly de Prontera?

- Tudo. Tudo mesmo! - disse - Se precisar, vou contra até você, papai!

Rob arregalou os olhos escuros para mim, impressionado. Meneou a cabeça, pensando em alguma coisa. Enfim disse algo:

- Você pensa...e luta, não é? Então está bem. - terminou de tomar o chá e olhou-me de uma forma pouco confortante; senti-me mal pelo que disse, e um desconforto brotou em mim.

- Eu...eu vou para o quarto. Quero descansar...

Rob assentiu com a cabeça, sem nada dizer. Fui para a estalagem apressada, pensando em tudo que conversamos.

----------------

 

- Rob?

- Sente-se. Chegou agora?

- Sim. E sua filha?

- Foi pra estalagem.

- Ah,sim...olhe, nosso contratante mandou avisar que...

- Sid!

- Huh? Que foi?

- Estou com minha filha, o contrato vai ter que esperar...

- Mas o contratante mandou um mensageiro dizendo que mudou de idéia, que quer a encomenda para ainda essa semana!

- Dane-se ele Sid! Não vou. Vão sem mim!

- Somos um grupo! E eu estou cansado desse seu individualismo!

- Isso é uma ameaça, "amigo"?

- Entenda como quiser. Estou vendo que vou ter que te convencer do jeito mais díficil...

- De novo?

- E. De novo...

------------------

 

Tinha acabado de chegar na porta da estalagem quando ouvi um estrondo vindo da direção do Café.

Virei-me e vi duas figuras saltando para os telhados das casas próximas, enquanto uma coluna de fumaça roxa subia ao céus.

Eram dois assassinos.

E um deles eu conhecia.

- PAI!

Corri em direção deles, sem pensar no que poderia me acontecer.

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Episódio duplo. o/

 

Pai da Rachiele tá muito zueiro, melior párar (Não, não pare, foi só uma expressão).

 

Espera, o nome da Rachi é Rachiele Nathaly mesmo? Oh loko...

 

Não entendo como ninguém pensou em mandar a Rachi virar monja. Todo mundo só diz que noviços não matam, mas ninguém parece lembrar que monges matam até pensamento... Mas eu entendo perfeitamente, já sofri muito preconceito quando upei pré-monge e pré-sacer-de-batalha, povo vivia dizendo pra mim que não ia me chamar porque eu não matava nada. Pelo menos até me verem matando mais que os espadachins/gatunos do grupo deles.

 

Vish, muitas tretas, ein...

 

Tô vendo que a nossa novicinha vai salvar o pai e convencer ele de que ela pode lutar em uma tacada só... Será?

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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A sua fic me acompanhou enquanto "tomava" café de manhã em todos os dias dessa semana. Hahaha'

 

É estranho mergulhar no mundo dessa personagem, mas muito interessante.

 

Fiquei feliz pela escolha de Necrus. (sim, estou no início xD)

 

Em um dos caps. a protagonista também sofreu de uma crise de identidade diferente, mas não tirou o brilho da obra.

 

Parabéns aí!

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[1] Episódio duplo. o/

 

[2] Pai da Rachiele tá muito zueiro, melior párar (Não, não pare, foi só uma expressão).

 

[3] Espera, o nome da Rachi é Rachiele Nathaly mesmo? Oh loko...

 

[4] Não entendo como ninguém pensou em mandar a Rachi virar monja. Todo mundo só diz que noviços não matam, mas ninguém parece lembrar que monges matam até pensamento... Mas eu entendo perfeitamente, já sofri muito preconceito quando upei pré-monge e pré-sacer-de-batalha, povo vivia dizendo pra mim que não ia me chamar porque eu não matava nada. Pelo menos até me verem matando mais que os espadachins/gatunos do grupo deles.

 

Vish, muitas tretas, ein...

 

[5] Tô vendo que a nossa novicinha vai salvar o pai e convencer ele de que ela pode lutar em uma tacada só... Será?

 

[1] T_T Como atrasei, vou ter que postar dois. Oh, no!

 

[2] Eu quis fazer o pai dela meio zoador, pensando bem, ele tá mais pra arruaceiro que mercenário. Acho que posso ter errado alguma coisa com o Rob, mas eu estava lendo o conto e gostei dele. Ele é bonzinho, mas não deixa de pregar peças nos outros e não perdoa nem a filha nisso. Ele perde o amigo, mas não perde a piada.

 

[3] SIIIMMM! xD Esse nome estranho tem uma origem obscura de minha parte. =x

 

[4] Na época que eu escrevi, o episódio Juno tinha sido lançado faz pouco tempo e eu nem fazia idéia do que eram as classes 2-2, por isso que tem tanta menção sobre classes 1-1 e 2-1. Mais pra frente comecei a colocar outras classes. O "pensamento comum" dizia que sacer é tudo full suport, daí coloquei isso no fic. Não existia pelo fórum naquela época algo organizado mostrando as classes com build alternativa, Battle priest e mesmo exorcista eram incomuns, peguei isso e coloquei no fic. =)

 

[5] Humm...não exatamente, tu vai ver! =)

 

 

A sua fic me acompanhou enquanto "tomava" café de manhã em todos os dias dessa semana. Hahaha'

 

É estranho mergulhar no mundo dessa personagem, mas muito interessante.

 

Fiquei feliz pela escolha de Necrus. (sim, estou no início xD)

 

Em um dos caps. a protagonista também sofreu de uma crise de identidade diferente, mas não tirou o brilho da obra.

 

Parabéns aí!

 

Nossa, obrigado.

Eu tinha pra mim que contar minha versão de como é o mundo do Ragnarok era algo meio pessoal, que bom que tu gostou, valeu pelo comentário! =)

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Capítulo 25: Cicatriz - I

 

Começava a entardecer em Geffen quando os assassinos começaram a lutar do alto dos telhados das casas, chamando atenção dos transeuntes e colocando a guarda da cidade em polvorosa.

E ali no meio da multidão, que assistia o embate, num misto de surpresa e medo, estava eu.

Mas o que eu podia fazer?

 

- Escorpião Prateado, venha! - ordenou Sid - Não vamos perder tempo lutando. Temos algo a fazer!

- Meu prezado Punho de Ferro, temos uma platéia aqui... - zombou - Vamos decepcioná-la? - sorriu por baixo da máscara.

- Imbecil. - murmurou Sid para Rob.

 

Seguiu-se uma batalha que se estendeu por praticamente todos os telhados da cidade de Geffen. Rob esquivava-se com maestria dos golpes de katar desferidos pelo outro assassino, e quem pagava o preço eram as casas.

A multidão pedia a interferência da guarda, que usando de seus parcos poderes mágicos apenas faziam a luta dos assassinos ser incrementada com desvios dos raios de fogo e gelo disparados.

E eu ali, assistindo tudo aquilo.

 

- Punho de Ferro, você está fora de forma. Anda tomando cerveja demais! - zombava Rob.

- Você fala demais, Escorpião! - arremessou uma frasco de veneno contra o rival.

- Lerdo! - disse Rob, desviando.

 

O problema é que o frasco foi arremessado depressa demais, com força demais.

E havia um homem, indo de costas, desprezando a luta sem ver o frasco indo em sua direção.

"Cuidado, pra trás!" escutei as pessoas falando enquanto se afastavam do ponto de impacto.

Menos aquele homem.

 

- Merd@.... - me joguei na direção do cara, que foi ao chão. O frasco se quebrou em minhas costas.

Queimava. Devia ser ácido ou alguma coisa assim.

Me recordo de ter ouvido o homem praguejando.

E me lembro da voz de Rob.

 

- Seu maldito bastardo! Olhe o que fez!

- Escorpião...vamos agora! Ou será que vou ter que explodir meus frascos em todo esse pessoal assistindo nossa luta?

Eu apertei os olhos, a queimadura doía. Escutei alguns guardas próximos.

 

- Se afastem! Temos que levá-la para a enfermeira, e rápido!

Fui carregada por braços fortes até a enfermaria da cidade, não sei o que houve com os assassinos, mas saberia mais cedo ou mais tarde.

Como minhas costas ardiam...

-------------------------------------

 

Acordei no dia seguinte. Segundo a enfermeira, uma sacerdotisa formada, eu estava bem, mas teria que me acostumar com a idéia que a marca da queimadura do ácido demoraria a se curar.

Fui também visitada pelo homem que ajudei a salvar.

 

- Muito obrigado. Sou eternamente grato a você noviça. Há algo que eu possa fazer para compensá-la?

- Ah...não,não precisa...A enfermeira disse que eu vou ficar bem.

- Como você é generosa. - ele sorriu - Como é seu nome?

- Rachiele...

- É um lindo nome... - ele fitou-me e senti-me incomodada. O rubor subiu ao meu rosto. Ele deu um risinho ao constatar minha vergonha.

- Com licença... - a enfermeira entrou nesse momento. - Há mais um visitante para você, noviça.

- E quem é? - indaguei.

- Olá filha. - O rosto de Rob apareceu por trás dos ombros da enfermeira. Ele sorriu e eu, meio inconscientemente, respondi com outro sorriso.

- Bem, eu tenho que ir. Obrigado de novo noviça, que Odin a guie! - disse o homem.

- Ei, mas espera! - disse eu - Como é seu nome senhor?

- Noviça...você esqueceu de mim, mas eu não esqueci de você. Nós nos veremos, até!

 

E saiu da sala, sendo observado por Rob e a enfermeira.

- Por favor senhor, não faça barulho. A paciente precisa de descanso.

- Sim, eu entendi.

- Com licença.

A enfermeira saiu e Rob aproximou-se do meu leito, sentando-se numa cadeira de madeira.

Ele pegou em minha mão e olhou em meus olhos.

- Vamos continuar o treino tão logo você se recupere, Rachiele.

Concordei com a cabeça.

- Vou aproveitar o fato que está em repouso e vou fazer o serviço com meus colegas.

Mais um "sim" silencioso.

- Bem, se cuide. Vejo você depois de amanhã. Quer algo pra comer?

- Não. A comida da enfermaria me basta.

- Até Rachiele.

- Ei, Rob...

- Sim?

- Porque seu nome é Escorpião Prateado?

- Ah, isso...usamos nomes em código quando estamos em missão. Agora, até logo.

- Até.

 

Rob saiu pela porta da enfermaria sem olhar para mim. Fico pensando comigo mesma que tipo de tarefa eles estavam designados para fazer aqui. Mas o que me deixou intrigada foi o estranho que foi salvo por mim.

Quem era ele?

Minha memória me traía tanto...

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Capítulo 26: Cicatrizes - II

 

 

 

 

Por alguma razão, a enfermeira esqueceu de me dar comida. Dormi. E quando meu estômago se queixou, acordei de imediato.

A enfermaria estava quieta, excetos por um sons perdidos ao longe, de certo em alguma sala mais afastada.

Pensando bem, era algo meio assustador uma enfermaria daquele tamanho, com tantas camas, e só eu ali.

Me levantei e fui procurar a enfermeira. Lá fora, a lua brilhava enquanto a penumbra tornava a enfermaria quase uma casa velha e esquecida.

Fui a sala de onde os sons vinham. A porta, entreaberta, me permitiu espiar para dentro e ...

Meneio a cabeça com o que o vejo: a enfermeira junto com um sujeito, fazendo o que dois adultos costumam fazer.

Se eu fosse uma pervertida, me juntaria a eles, mas sendo que não sou e sinceramente, isso não tem nada a ver comigo, deixei pra lá.

Não senti meu corpo mais tão dolorido, juntei minhas roupas e saí em silêncio da enfermaria, indo para o hotel onde Rob estava.

-------------------------------

 

 

Eu não apreciava andar pela cidade a noite. Aquele silêncio pertubador e a ausência de pessoas nas ruas por alguma razão me causavam desconforto.

Algo me sufocava, e corri para o hotel. Só respirei aliviada quando bati na porta do quarto.

 

 

- Entre. – ouvi dizerem lá de dentro.

Quando entrei vejo meu pai, passando a mão em seus loiros cabelos sentado numa cadeira, enquanto um assassino, sentado na cama o encarava.

- Amanhã continuamos o serviço...Sua filha está aqui, fique com ela Rob.

- Você é muito gentil, obrigado. – ele se virou para mim – Filha, porque não ficou na Enfermaria? Eu ia aproveitar sua ausência para terminar a missão aqui...

 

O assassino que estava no quarto simplesmente sumiu, mas suspeito que ele saiu pela janela, que estava aberta. Voltei-me para Rob.

- Ah, eu já estou bem... – deixei minha muda de roupa no chão do quarto – Não queria mais ficar lá...aquela enfermaria é deprimente...

- Entendo...E suas cicatrizes?

- Huh?

- Suas cicatrizes, Rachi. Você tomou uma bomba de veneno bem nas costas, se você fosse um pouco mais mole, ainda estaria de cama...

- Ah...elas não doem mais...

- Tire a roupa, eu quero ver.

- O QUÊ?

- Eu disse tire a roupa. Qual parte você não entendeu?

 

Corei, não queria me despir diante dele. Pensei de protestar, ofendê-lo ou fazer qualquer coisa desse tipo, mas ele se aproximou de mim.

- Tire minhas roupas. Eu tirarei as suas. Tem algo que quero lhe mostrar.

E eu, não sei porque, obedeci. E aquele homem que eu ainda não conseguia chamar de pai fez o mesmo. Eu então o olhei e vi por todo seus corpo diversas cicatrizes.

- Rachiele, o treinamento não é por um mês, um ano ou dez anos. É por toda vida. As cicatrizes que você ganhar decorrentes do seu treinamento durante isso que chamamos de vida, serão seu atestado de que você está viva. Você me compreende?

- Acho que sim...

- Vire-se.

Obedeci. Eu ainda sentia as marcas de queimadura do veneno nas minhas costas.

- Essas marcas vão sumir depois de um tempo. Entretanto você fez sua escolha, Rachiele. Outras cicatrizes virão, maiores e mais doloridas que essa. Vou perguntar de novo: Você está disposta a suportar a dor que isso vai trazer ao seu corpo e à sua alma?

- Eu... – Talvez eu devesse voltar para casa e esquecer isso tudo. Eu imaginava que passaria por dificuldades; mas se meu pai, com o corpo coberto de cicatrizes tinha vivido até ali, porque eu não poderia tentar? Eu tinha uma vida pela frente. – Eu não vou me importar com o que possa me acontecer, Sr. Rob. – disse, decidida.

- Essa é sua escolha Rachi. – ele começou a se vestir. – Coloque sua roupa antes que pegue um resfriado. Eu vou descer e tomar alguma coisa. E vá dormir.

Concordei com a cabeça e me vesti.

A cama da estalagem me pareceu mais confortável naquela noite do que em outras....

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Ow, Rachi se deu mal, ein, isso que dá querer salvar os outros. /mal

 

E essa enfermeira aí, ein... Nessa situação quase que se iniciou um tipo de video que permeia boa parte da internet...

 

E é claro que a Rachi não vai parar só por causa de um arranhão, se ela parasse não teria graça... Mas bem que o Rob me assustou quando mandou ela virar. o.O Huehuehueue

 

Queria nem falar, mas pela demora devia ser episódio triplo...

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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[1]Ow, Rachi se deu mal, ein, isso que dá querer salvar os outros. /mal

 

[2]E essa enfermeira aí, ein... Nessa situação quase que se iniciou um tipo de video que permeia boa parte da internet...

 

[3]E é claro que a Rachi não vai parar só por causa de um arranhão, se ela parasse não teria graça... Mas bem que o Rob me assustou quando mandou ela virar. o.O Huehuehueue

 

[4]Queria nem falar, mas pela demora devia ser episódio triplo...

 

[1] Um herói é aquele que consegue fazer algo por alguém que por vezes, mal conhece. x)

 

[2] Oras, ela tem que ocupar o tempo ocioso com alguma coisa, né? xD

 

[3] Sim, sim, sim! *__* Se eu te assustei que bom! Essa fic precisava ter mais ousadias como essa!

 

[4] Isso pode ser arranjado! 8D

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Capítulo 27: Separação

 

 

Quando acordei naquela manhã, bem mais descansada do que costume, senti um cheiro de fumaça permeando o ambiente do quarto.

Abri um olho e vi Rob fumando perto da janela aberta.

 

- Coisa feia Rachiele, você fica espiando os outros enquanto finge dormir... – ele meneou a cabeça enquanto baforava mais um pouco de fumaça pela janela.

- Você está fumando? – indaguei, acordando.

- Não, estou pulando corda, como pode ver. – respondeu ele. – Aliás, bom dia filha.

- Bom dia...

 

Me espreguicei, sentindo meus ossos estalando, e olhei para ele. Sério, fitava alguma coisa além da janela.

- Hoje você está dispensada do treino Rachiele. Fique a tôa o dia todo se quiser. Eu tenho assuntos a tratar com meus amigos de trabalho.

- Tá.

- Se quiser ir treinar não vá muito longe da cidade. Orcs, Kobolds e Goblins tem vilas nos arredores de Geffen...

- Tá...

- Mas que tanto “Tá.”! O que deu em você? - ele jogou a bituca de cigarro pela janela e me encarou.

- Pai, eu acabei de acordar...Me dá um tempo, né? – franzi a testa, mas chamei-o de pai sem pensar. Acho que foi isso que fez com que um sorriso brotasse no rosto dele.

- Eu acho... – ele sorriu enquanto acariciava meu rosto – Eu acho que o papai não tem motivo para ficar de mau-humor, não acha?

- Eu acho que o papai está rabugento hoje porque não quer fazer o que os outros querem.

- E o que você faria para ajudar seu papai, Rachiele?

- Eu lhe daria uma surra e lhe diria para ter vergonha na cara, porque ele é um adulto. E ele sabe o que fazer!

Rob riu alto de minha sinceridade. Passou a mão na minha cabeça, colocou a máscara e me olhou.

- Não peça coisas demais para o serviço de quarto. Não estou exatamente nadando em dinheiro, Rachiele.

Concordei com a cabeça e Rob saiu do quarto.

----------------------------------

 

“Senhor Rob,

Espero que esteja bem após sua missão. Não sei se ainda tem algo a fazer ou não, mas isso a mim não interessa.

Eu fui embora, vou voltar para casa, em Prontera e espero que não me siga.

Obrigada pelo treino e por cuidado de mim. Espero que nos vejamos de novo logo.

Se cuide.

 

Com amor, Rachiele.”

 

Quando Rob entrou no quarto da estalagem e encontrou o mesmo todo arrumado, pensou que sua filha teria passado o dia fora e as arrumadeiras da estalagem tinham se aproveitado disso.

Isso até achar o bilhete na cama.

Ao interpelar o dono da estalagem ouviu dele a seguinte frase:

“Sua filha não saiu, ficou no quarto. Saiu depois do almoço.”

Resignou-se. Voltou ao quarto, pegou o bilhete.

Leu mais uma vez, sentando na cama.

Sorriu sozinho.

 

- Está ficando bobo depois de velho, Rob? – indagou uma assassina que apareceu ao lado dele.

- Ora, vá pro Inferno! – Rob sorria – Sabe o que é isso? – mostrou o bilhete.

- Um bilhete de uma jovenzinha idiota com um pai mais idiota ainda? – zombou.

- Não. – cuspiu no chão nesse momento – Isso é a prova que minha filha cresceu e eu nem vi. Sabe, odeio essa vida. Devia ter segurado Irene em Morroc...

- E pretende fazer algo a respeito? – ela piscou para ele.

- Pretendo acabar logo essa droga de missão, matar todos vocês e depois volto pra minha odalisca. Falando nisso, estamos conversando demais. Vamos, Geffen já me encheu com seus pães de salsicha! Eta comida ruim!

 

A assassina riu. Sumiu e Rob sumiu logo atrás dela.

Não sem antes colocar o bilhete cuidadosamente dobrado num bolso secreto em suas vestes.

-----------------------------------------------------

 

"Mamãe:

Eu estive com papai. Conversamos sobre muitas coisas e ele comentou que você estava em Comodo, por isso decidi escrever. Estou voltando para casa agora. Se eu continuar comendo os pães de frios de Geffen vou virar um barril e aí sim as outras noviças vão ter motivo para fazer troça de mim.

Quando tivermos um tempo, quero conversar.

Até, se cuide.

 

Rachiele."

 

Quando Fátima entregou a carta para sua irmã, Irene a principio duvidou que fosse realmente sua filha lhe escrevendo. Leu, releu, trileu a carta. Então teve uma certeza ao constatar que aquela letra, redonda, formalmente correta, só podia ter sido feita por uma noviça que tivesse estudado na Ordem de Prontera.

E sorriu.

 

- Irene...? Quem te mandou essa carta?

Mas Irene não respondeu sua irmã. Apenas deixou as lágrimas brotarem de seus olhos.

- Ah, Fátima...Como eu estou feliz...ela me escreveu! Ela me escreveu!

Fátima apenas abraçou sua irmã, mumurando apoio. Não sabia ainda quem tinha escrito a carta, mas seja quem fosse tinha feito algo bom e isso era o que importava.

---------------------------------------------------------

 

Deixei a maça de lado e me encostei numa árvore. Tinha acabado de anoitecer, eu tinha que fazer uma fogueira.

Abri a mochila e olhei um céu nubaldo acima da minha cabeça.

"Será que chove?" Pensei sozinha enquanto pegava uma pedra-fósforo.

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Interlúdio

 

 

- Relatório! – bradou irritado o homem sentado na imensa mesa de madeira cor de ébano.

- Nossos espiões relatam que nosso inimigo e nosso alvo se separaram em Geffen.

- O alvo foi pra onde?

- A julgar a rota tomada, imaginamos que Prontera seja o local.

 

O homerm atrás da mesa suspirou, relaxou e seus ombros ficaram menos tensos. Então pegou um cigarro e o acendeu, dizendo então:

- Ela está voltando para cá. Tudo bem. Dispense o espião. Se ela não chegar na cidade em 7 dias, chamem outro. Pague como de costume. Está dispensado.

- Obrigado senhor.

 

O lacaio saiu da sala deixando seu senhor sozinho enquanto a imensa porta se fechava lentamente. Enquanto estava sozinho, o homem pensou consigo mesmo.

“Rachiele Nathaly....Rachiele, a noviça...Rachiele de Prontera...”

Apertou o cigarro nos dedos e deu uma tragada profunda nele.

“Não. Rachiele, a vergonha de Prontera, isso sim!”

-----------------------------

 

Mas como chovia!

Eu cochilei e quando me dei conta, a estrada tinha virado uma lama só. Um raio derrubou uma árvore perto de mim. E eu estava mais encharcada que...que...

Minha sorte foi ter achado uma caverna. Bem, “sorte” não é bem o termo. Se monstros estivessem lá, eu estaria frita.

Fiquei perto da entrada. Coloquei a mochila no chão e tirei o que estava úmido demais no chão. Estava tão quieto ali. Sei lá, acho que aquela caverna devia estar vazia faz tempo...

Acendi uma fogueira, me despi e me cobri com uma coberta que estava menos úmida. Acho que dava pra aguentar enquanto chovia. Não me importava de caminhar durante a noite que chegava.

Foi quando ouvi passos atrás de mim.

 

- Quem está aí? – me virei, pegando minha maça.

- Ah,você é uma menina...posso ficar perto da sua fogueira...? – perguntou, de forma meio débil, uma mulher.

Ela tinha cabelos brancos e suas vestes estavam fustigadas por algo que definitivamente só poderiam ter sido armas brancas. Imaginei que ela deveria ter lutado com algo ou alguém e estava ali descansando.

 

- Sim, você pode. Vem. – disse para ela, notando vários ferimentos por seu corpo – Por Odin! O que aconteceu com você?

- Eu...eu...eu perdi de novo... – fraquejou a mulher e tombou diante de mim. Só então a reconheci.

Era Satty.

--------------

 

Estava envenenada, como vim a descobrir. Assim que a chuva cessou, a deixei deitada e saí procurando ervas verdes para preparar uma infusão. Estar bem no meio do caminho entre Prontera e Geffen tinha me deixado completamente sozinha.

Mas eu não podia esmorecer.

-------------

 

Satty dormia profundamente naquela primeira noite desde nosso reencontro. Meu poder de cura foi suficiente para fechar os ferimentos, mas tive que fazer curativos para melhorar o efeito das curas.

Acho que ela estava bem melhor. Sorri sozinha.

“Você cuidou de mim. Agora eu pago.” Pensei.

--------------

 

- Boa noite Norman.

- Boa noite amigos. Vamos para a ronda?

- Norman, um momento.

- O que houve capitão? Algum problema?

- O Chefe da guarda quer falar com você. Acho melhor ir até a Sede dos Cavaleiros...

- Ah...Sim, entendo. Bem, até mais tarde...

--------------------------

 

Era alta madrugada quando acordei. Alguma coisa tinha esbarrado em mim. A fogueira tinha apagado. Puxei a mochila que estava perto de mim, procurando uma pedra-fósforo. Sentei-me tentando fazer fogo perto do que foi a fogueira. Então ouvi.

- Rachi...é você, não é...? Achei que tinha sonhado...

- Satty, mas o que aconteceu para você ficar naquele estado? Quem te atacou? – indaguei, sem pensar que Satty não estava em condições de responder qualquer coisa.

- Rachi... – ela se escorou em mim, ficando de joelhos, notadamente cansada – Deita comigo...o chão é frio...Por favor...

Eu não respondi. Acendi a fogueira, puxei a esteira para perto do fogo e deitei Satty. Fiquei do lado dela, deitada e ela me deu um meio-abraço.

- ...Obrigada... – Satty murmurou antes de voltar a dormir.

Lembro-me que dormi um pouco tempo depois, enquanto escutava o crepitar da fogueira...

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Capítulo 28: A Bruxa

 

 

Eu costumava por hábito sempre ir embora sem me despedir de quem ficava comigo.

Mas naquele dia, quando acordei, eu que fui "abandonada".

Ainda haviam sinais da fogueira da noite passada. Rachiele tinha decerto saído, sorri para mim mesma, pensando como eu tinha sido injusta com ela naquele dia e agora ela se "vingava"; de mim.

Ledo engano. Olhei para um canto da caverna e vi as coisas de Rachiele ali. Ela não deveria ter ido embora sem elas.

Ri sozinha, deite-me de novo e vi que meu curativos começavam a cair, mostrando ferimentos fechados.

Agradeci por estar na companhia de uma noviça naquele instante, e isso me fez lembrar do meu passado...

--

 

Eu me lembro que quando tentei ser uma noviça como Rachiele é, tive uma experiência muito desagradável com a Ordem de Prontera, e com isso, acabei por desistir daquele ofício.

Meu pai sempre disse-me que eu deveria seguir o meu coração, em oposição ao que minha mãe dizia. Que a magia era o único meio de se manter vivo naquele mundo hostil.

Naquele longo dia, eu tinha ouvido meu pai. E me arrependido amargamente...

 

"Olá, você é nova aqui, não?"

"Sim, eu sou."

"Veio de onde?"

"Geffen..."

"A cidade da Magia... Como se chama?"

"Satty..."

"Satty de Geffen... Eu sou Augusto de Prontera, futuro sacerdote de nosso senhor. Prazer."

"Prazer..."

Eu não sabia, mas estava diante de um daqueles que integrariam o chamado Concílio de Rune-Midgard.

Os verdadeiros donos do reino...

---

 

- Satty?

- Ah, oi Rachi...

- Bem., vou deixar nossas roupas secarem. Tudo bem com tu?

- Estou bem.

Forcei um sorriso. Mas a julgar a expressão de Rachiele, ela não se sentiu convencida com o que eu disse.

- Com fome Satty?

- Não... Não costumo comer muito.

- Certo.

- Eu vou fazer uma fogueira lá fora da caverna. Já volto.

- Certo Rachi...

--

 

Naqueles dias quando eu ainda era noviça, tudo era mais ingênuo, e porque não dizer, mais belo.

Tudo de mais sujo que existia, estava velado, secreto. Era um bom mundo a se viver.

"Como é seu nome?"

"Satty."

"Eu sou Fraulein Miara de Prontera."

"Prazer."

"Vamos pra aula de curas? Já vai começar.

"Sim, vamos."

---

 

"E não se esqueçam, meus caros noviços, que o dom de curar fecha ferimentos de fora do corpo. Mas para ferimentos da alma só o amor cura. Estão dispensados."

"Fraulein..."

"Huh? Que foi?"

"Isso que o professor disse é tão... lindo..."

"Hihihi... Você acha? O professor é legal... Meio bobo, mas legal..."

"Ah, eu acho sim... Isso que ele disse agora... E o que ele disse no meio da aula..."

"Hein?"

"Ele disse: Espalhe o amor, não o ódio."

"Bom, eu vou com minhas irmãs. Quer vir comigo?"

"Eu quero."

"Que bom... hummm.... humm...."

"?"

O que eu não sabia, devido a minha pouca experiência é que virtude demais nunca cheira bem.

"Querida, porque sua colega, aquela noviça que veio de Geffen não se junta a nós?"

"Ah, ela entrou faz pouco tempo... Não está acostumada... Ela é esquisita."

"Ah, entendo."

"Mas se me fizer um agrado... Acho que posso convencê-la..."

"Que tal 100k? Ou quer um chapéu novo?"

"Prefiro o chapéu. Estou colecionando... Aquele de ursinho é tão lindo!"

"Certo, um chapéu de ursinho. Traga-a aqui."

 

A Ordem de Prontera além de abrigar os futuros aspirantes a sacerdotes era uma casa onde toda gama de pessoa podia ser encontrada.

Inclusive as piores.

 

"Sa-ty! Está tão quietinha aí no canto, porque não vem comigo e o meu namorado?"

"Ah... Não, eu só estava pensando..."

"Ou você tem um namorado pra ficar com você?"

"Na-não... Sabe... Eu queria..."

"Huh?"

"Aquela ali... é tão bonita..."

"Ah, a Fraulein Miara... Gostou dela...?"

"S-sim..."

"Fica comigo e te ensino como chegar nela."

"Mesmo?"

"Sim, claro. Vamos? Meu namorado quer te ver."

"Certo."

--

 

- Satty? - Rachiele entrara na caverna com uma panela de ferro. Dentro, algo soltava vapor e com ele um cheiro que despertava o apetite. - Quer comer?

- Eu...eu quero sim.

--------------------

 

Fez-se um silêncio odiosamente respeitoso enquanto ambas comiam. Rachiele sabia que se perguntasse algo para Satty, ela certamente responderia, dado o momento e a situação que as uniu de novo. Mas abriu mão de seu direito.

Ou pelo menos assim ela queria.

 

- Rachi, está quieta.

- Uhum...

- Você não costumava ser assim quando nos encontramos na primeira vez.

- Uhum...

- Deve estar pensando o que aconteceu comigo, não é?

 

Rachiele parou de mastigar a comida. Olhou para Satty, engoliu a comida e disse:

- Não importa o que você estava fazendo. O que importa é que você está bem agora.

 

Satty sorriu. Se Rachiele perguntasse, ela responderia com alegria, mas concordando com o veto silencioso da parceira, voltou a comer e palavra alguma foi mais proferida.

------------

 

Rachiele checou seus mantimentos naquela tarde: não tinha comprado quase nada em Geffen, por conta de ser hóspede de seu pai. Esse descuido poderia lhe causar um incômodo enorme.

Mas havia outro problema além da falta de comida.

 

- Satty, eu sei que você não gosta, mas teremos que voltar pra cidade.

- Eu sei. Vou precisar comprar roupas novas... Meu robe está horrível...

- É. Minha outra muda de roupa vai ficar ruim em você... Humm... - Rachiele a olhou.

- Aliás, vamos pra Prontera ou Geffen?

- Vamos voltar para Geffen. Você conhece mais gente lá do que eu. Eu aproveito e compro mais comida e volto pra estrada.

- Certo.

- Olhe, eu sei costurar... Posso improvisar algo até chegarmos em Geffen.

- Por favor, Rachi.

 

Rachiele sentou-se diante de mim enquanto eu me cobria com uma manta e a olhava. Tirou de um pequeno saco de couro suas agulhas, e da mochila um novelo de lã.

 

- Satty, pode ser qualquer coisa?

- Pode, sim.

- Humm...

 

Ela me olhou, me media com os olhos. Rachiele tinha uma boa percepção, eu sabia. Ela não erraria a costura.

- Já sei!

- Teve alguma idéia?

- Sim, fica de pé.

Obedeci e fiquei com a manta cobrindo parte de meu corpo enquanto Rachiele se aproximava.

- A gente puxa um pouco pra cá a manta, eu faço um espaço pra alguns botões...Humm...Aqui, aqui e aqui. Acho que deve bastar...

Ela apontava com o dedo indicador onde iria colocar os botões. Me limitei a olhar.

- Vai adaptar a manta para ser um manto? - sorri.

- Sim. Se bem que... Você se incomodaria de vestir algo mais... hum...

- Mais o que, Rachi?

- ... Mais... sumário, entende?

- Ah, pouca roupa? – indaguei, e ela respondeu com um aceno positivo da cabeça.

- Eu não me importo. E além do mais, não está tão frio.

- Certo! Vou começar agora mesmo.

 

Rachiele começou a tecer com maestria, eu me virei para o lado, peguei meu cetro que estava próximo e com um esforço mínimo, fiz uma pequena chama surgir flutuando sobre o cristal nele. Meu poder tinha voltado completamente, assim como minha saúde.

Apaguei a chama e deitei-me.

 

- Rachi, eu vou dormir um pouco.

- Tá. Quando eu terminar eu te acordo.

Me cobri com a manta e me ajeitei na esteira. Dormi.

E sonhei, mergulhada em lembranças.

---------------------------

 

"O que deu em você, Satty , para fazer o que fez? Ir contra a Abelha-Rainha sozinha!"

"Eu tinha que... ir... Necrus, me perdoe... Eu... não sabia..."

"Quem mandou você ir? A Abelha é um dos monstros mais perigosos do Monte Mjolnir! Só um grupo pode ir contra ela com chance de sucesso!"

"Eu preciso da coroa dela... Preciso..."

"Fique deitada! Já foi um milagre terem achado você ainda com vida! Não me desobedeça! E o que pensa fazer com a coroa da Abelha-rainha?"

"É... é um presente..."

"...? Presente?"

"Para Fraulein Miara... eu a amo... a coroa é a prova do meu amor... ela me pediu..."

"........................................."

-----------------------------------

 

"Não há mais nada que eu possa fazer com respeito a você, Satty de Geffen. Eu devo pedir que deixe a Ordem de Prontera."

"Mas eu não fiz nada errado, senhor!"

"Eu sinto muito. Vá falar com irmã Cecília. Entregue seu uniforme. Eu vou solicitar a uma Kafra que a mande de volta para Geffen..."

"...... Sim senhor..."

------------------------

 

O que eu podia fazer? Necrus era o responsável pelos noviços. A palavra dele era a lei dentro daquela parte da Catedral. Me resignei e fui para meu quarto. O que eu iria dizer para minha mãe e meu pai em Geffen?

 

"Mas ora! Vejam só quem é! Satty de Geffen!"

Olhei para minha cama. Aqueles que eu chamava de "amigos"; e que de certa forma me colocaram nessa situação estavam sentados nela. Me olhavam com um sorriso estranhos nos lábios.

"......"

"Ah, Satty, que pena..."

"Não vai mais ficar com a gente... hehe..."

"Nossa, você foi mesmo atrás da coroa da Abelha-Rainha pra mim? Que graça!"

Eu nada dizia. Ignorei eles. Estava cansada depois de tudo que me aconteceu.

"Mas que ingrata! Ei, não somos seus amigos não?"

Me virei para ele e respondi, com a língua mais afiada do que aço.

"Com noviços como vocês, Rune estará em desgraça muito em breve... Vocês são sujos!"

 

Vi o jovem se tomando de raiva diante de mim. Ele avançou antes que Fraulein ou a namorada dele fizessem algo. Ele segurou com força meu pescoço. Senti o ar faltar...

"Bastarda! Promíscua! Como se atreve a falar assim comigo? Somos acólitos do grande Augusto! E você, o que é? Uma orquídea! Uma degenerada! Uma pervertida!"

Tentei me livrar, mas não consegui. Ele era forte demais pra mim. Sei que quando minha visão começou a enturvar, escutei a porta do dormitório abrindo.

 

"Agora chega! Fraulein! Eliza! Roberto! Todos pra fora!"

Era Necrus...

------------

 

- Satty, acorda.

- Hein?

- Terminei tua roupa... bom... em partes...

Rachiele me parecia preocupada com algo. Me espreguicei, peguei a manta e me levantei.

- Bem, e minhas roupas? - sorri para ela.

- Err...

Rachiele parecia nervosa com alguma coisa. Tentei relaxá-la.

- Que foi, Rachi? Você terminou minhas roupas, não? Vamos, me mostre. - sorri.

- Desculpa, só deu pra fazer isso! - disse, colocando as duas mãos para frente e mostrando duas pequenas peças de vestuário.

Um traje sumário.Uma autêntica roupa de uma odalisca. Mas não entendi porque o nervosismo de Rachiele.

- Que foi? - perguntei.

- Nada... err... você não se importa não? São trajes tão... pequenos! - a vi corar.

- Não. Eu deveria?

Rachiele silenciou. Sorri para ela e perguntei quando poderíamos partir, ao passo que ela disse que era melhor irmos antes que o tempo fechasse de novo.

- Então vamos. Pode juntar minhas coisas Rachiele? Vou lá fora tomar um pouco de água.

- Certo.

Saí com minhas novas vestes e deixei Rachiele. Ela não deveria demorar. Sentei-me ao lado da nascente de água limpa e alguns pássaros pousaram ao meu lado cantando. Era um lindo dia.

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Capítulo 29: Seqüestro

 

 

Voltamos para Geffen naquela tarde. Satty me parecia contente e algumas borboletas voavam perto dela, quase que a cortejando. Me peguei sorrindo sozinha, coisa que Satty percebeu. Mas nada disse para mim, apenas sorria.

Era começo da noite quando passamos os portais de Geffen...

 

- Rachi, acho melhor nos separarmos por aqui.

- Porque Satty?

Mas ela nada disse.

- Você me salvou... - seu olhar me cobria - Se precisar de mim algum dia, me procure. Eu não esqueço as coisas fácil... - ela sorriu.

- Satty, o que você foi fazer no Monte sozinha? Só queria saber isso...

Ela me olhou.

- Fui desafiar a Abelha-rainha. E perdi, que pena. Mas isso acontece, né?

- Abelha-rainha?

Satty colocou seu indicador sobre meus lábios e disse:

- Você perguntou uma coisa, não duas. Até Rachi, se cuide.

Ela beijou suavemente meu rosto, e foi em direção à Academia de Magia. Fiz menção de segui-la, mas meu estômago me lembrou que eu tinha ficado com fome.

Fui até a estalagem onde papai estava.

--------------------------------

 

- RÁ! Eu sabia! - berrou o estalajadeiro, me segurando pelo braço e torcendo meu pulso.

- Que foi que eu te fiz cara??? Cadê meu pai??

- Isso quem pergunta sou eu, mocinha! Aquele pilantra sumiu da cidade!

- E daí? O que tem eu com isso??

- Você estava com ele! Ele saiu sem pagar um zenny sequer! Alguém vai ter que pagar tudo! - ele torceu minha mão.

- AAAAAAIIIII! Seu desgraçado...

Tentei reagir, mas a verdade é que o estalajadeiro era bem mais hábil que eu. Com um movimento, fui ao chão. Ele colocou seu pé em meu peito e me olhou com reprovação.

- Vai pagar o que aquele biltre me deve mocinha, ou vou ter que chamar os guardas?

Concordei silenciosamente com a cabeça e ele me deixou livre. Não ousei fugir. Papai se veria comigo numa outra hora...

---------

 

- Senhor... - minhas costas doíam - Quantos pratos faltam?

- Muitos, noviça... - ele estava sentando numa cadeira de madeira e ficara ali, olhando eu lavar toda sorte de utensílios domésticos e pratos sujos. Um caldeirão de ferro escuro deu-me tremendo trabalho e não me parecia que as tarefas acabariam tão cedo...

Me limitei a me resignar mas...

Eu estava cansada.

- Chega por hoje noviça. Amanhã você continua. Rachiele, nem pense em tentar fugir. Conheço todo mundo aqui na cidade. E os magos te achariam com extrema facilidade. Peça um quarto pra minha esposa. Amanhã cedo você continua.

- Sim senhor...

--------------

 

Já dizia o ditado: "Desgraça pouca é bobagem."

Não conseguia dormir por causa da dor nas costas. Virei um sem-número de vezes tentando achar um lado ideal, mas nada. Acabei de barriga pra cima, olhando o teto da estalagem, pensando me nada, apenas sentindo dores.

Saltei da cama, coloquei chinelos e peguei na minha mochila uma maçã. Apalpei, a mesma logo, logo estaria passada do ponto. Decidi comê-la. Desci para o primeiro andar da estalagem e saí um pouco para respirar o ar da noite.

Olhei para Geffen vazia, salvo por um grupo de guardas que passou por ali e acenaram para mim. Respondi o aceno e me encostei na parede da taverna enquanto eles sumiam numa esquina; segurei meu rosário e o olhei.

Foi quando algo saltou das sombras, tirando a maçã de minhas mãos. Surpreendida, quando notei, só um bola branca de pêlos saltando em disparada na direção da fonte central de Geffen.

- Lunático ladrão! Volta aqui!

-----------------------

 

Eu acho que perdi, não, perdão, perdi totalmente a noção das coisas.

Correr atrás de um lunático no meio da noite por causa de uma maçã...?

E se o estalajadeiro me procurasse? E os guardas que passaram?

E essa droga de dor nas costas??

Não pensei em nada disso, e só parei quando encurralei o coelho contra a fonte de Geffen. Peguei um pedaço de madeira que estava ali jogado. Ele deveria servir para dar uma surra sem igual no coelho.

Me aproximei, de forma ameaçadora para o pobre animal e ergui o porrete improvisado.

Ele se encolheu, esperando o pior.

Nessa hora, meu raciocínio voltou a funcionar.

" Mas que diabos um lunático faz no meio de Geffen a essa hora? Eles não existem por essa região...De onde ele veio ? "

O olhei. Ele tinha um laço de seda colorido. Era um bichinho de estimação. Baixei a arma.

------------------

 

Eu não tinha idéia do que o coelhinho estava fazendo em Geffen. O levei até meu quarto na estalagem. Por sorte ninguém acordou. Juntei minhas coisas, me troquei e peguei minha maça. Ele ficava me observando, decerto curioso.

Eu sabia que monstros domesticados entendiam o que humanos diziam, eu tinha que arriscar.

- Olha, me leva onde tua dona, teu dono, ah! Sei lá! Esteja! Você me entende, coelhinho? - olhei para ele esperando alguma resposta e acho que ele entendeu, pois saiu pulando pra fora do quarto apressado.

-----------

 

- Querido...?

- Aquela noviça...a Rachiele, saiu do quarto...Eu ouvi!

- ? Volta pra cama...

- Se ela fugir, amanhã vou fazer com que ela se arrependa...

- Chega disso, vamos dormir...

- Certo, certo...

----------

 

Corremos por Geffen no meio da noite. Eu seguia o pet* na esperança que ele me levasse a alguém que me explicasse o porque dele estar ali. Naquele momento, me esqueci completamente de tudo que tinha passado e também do fato que não tinha dormido ainda.

"Bah, isso é coisa que acontece." refleti comigo mesma. "Amanhã eu descanso."

Paramos diante de uma casa. Estava fechada e completamente escura. Se tinha gente nela, deviam estar dormindo.

Notei que o coelho tinha saltado indo em direção aos fundos da casa.

Eu o segui.

---------------

 

Havia nos fundos da casa, um imenso cristal azul-claro, colocado de ponta-cabeça. Os raios do luar passavam por ele, dando um aspecto mais claro à penumbra dos fundos da casa.

Escutei vozes e me escondi atrás de um árvore próxima, mas o lunático não me seguiu.

Ele ficava olhando na direção do imenso cristal, como se esperasse algo...

Algo que não aconteceu. O barulho veio e foi. Eram os guardas passando.

Fui até o lunático.

- Que foi? Você parou aí e não saiu. O que tem embaixo desse cristal?

Nenhuma resposta como eu esperava. Como ele se comunicaria comigo? Eu não tinha jeito algum com pets. Me abaixei e fiquei do lado dele em silêncio; ele continuava a olhar para o chão.

- ......Dona. - ele disse, e foi a única coisa que entendi.

Foi mais que suficiente. Comecei a mexer no chão e descobri um piso falso com uma escada de madeira. Estava escuro lá embaixo, mas peguei o coelho, deixando-o junto de mim e descemos.

----------------------

 

- E a menina?

- Quieta. O veneno vai deixa-la dormindo por um bom tempo...

- Ei, vocês dois...

- ...?

- ?

- Tem alguém lá fora. Fiquem em silêncio e escutem...Vou chamar os outros.

---------------------

 

O corredor era porcamente iluminado por tochas. Lembro-me de ter ouvido falar que abaixo de Geffen existia em tempos mais antigos, Geffenia, lar dos elfos. Então talvez fosse razoável pensar que passagens para Geffenia ainda existissem sob Geffen.

O coelho me seguia, mas com cautela. Entendi que algo poderia ameaçar a ele e principalmente, a mim. Tentei andar em silêncio, mas confesso que essa não é uma das minhas especialidades.

Um barulho vindo do teto desviou minha atenção, dei um pequeno salto para trás e uma lâmina em forma de uma guilhotina caiu bem à minha frente, se afundando no chão.

- Ah, droga...Era tudo que eu precisava...

Eu devia ter imaginado que não seria tão fácil assim...

 

 

 

*Pet: Bichinho de estimação.

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- Você está fumando? – indaguei, acordando.

- Não, estou pulando corda, como pode ver. – respondeu ele. – Aliás, bom dia filha.

 

Huehueuhehuehue. Esse Rob, ein... xD

 

Vish, Rachi sozinha de novo? Será que vai dar certo? Veremos no próximo episódio...

 

SATTY VOLTOU!1!!1!ONZE!

 

Tadinha da Satty, maldade com ela. =X

Você é uma pessoa cruel por escrever essas maldades na história das personagens!

 

Claro que a Satty ia embora, é sempre assim...

 

Huehuehueueu Mais uma vez tudo culpa do Rob!

 

Vish, que treta é essa com o pet e a passagem? Quero continuação, já!

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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Capítulo 30: No interior do covil...

 

 

Segui o Lunático pelo corredor de pedra. Meu vembrassa não estava nas melhores condições, eu precisaria procurar um ferreiro logo, mas não me preocupei com isso e continuei andando, com a maça em riste. Tentando ouvir o máximo possível de sons a cada passo.

 

Eu sabia que o lugar não estava vazio. Provavelmente eu teria que lutar contra guerreiros mercenários ou coisa pior, mas não podia arriscar sair dali agora, dado que eles poderiam fugir ou pior, matar a dona do lunático.

Ele parou diante de uma parede de pedra me olhando. Olhei para ele, toquei a parede com a palma da mão. Não parecia haver ali nada que pudesse ser como uma passagem secreta...

 

- Branquinho, é um beco sem saída. Vamos voltar...

 

Mas ele insistia naquela parede em particular. Confiando nele, deixei o escudo de lado e peguei uma tocha, olhando com mais atenção para a parede.

Tinha algo escrito ali, mas não entendi nada. Me recordei brevemente que o traçado das letras parecia algo como o élfico antigo, usado na época de Geffenia. Bem, meu estudo na Igreja de Prontera não foi de todo ruim, mas apenas um estudioso talvez conseguisse ler o que estava escrito ali, e definitivamente, eu não era uma estudiosa das coisas antigas...

 

Ouvi um barulho, apaguei a tocha e aquela parte do corredor ficou escura. Peguei o escudo e esperei, oculta pelas sombras.

Uma porta secreta se abriu numa parede à minha direita. Dela sairam dois assassinos com katares equipados nos braços.

 

Eles deixaram a porta aberta, procurei pela coelho e o peguei, indo lentamente pelas sombras passando por uma grande rocha até a porta secreta que fora aberta.

 

- Akim, verifique a armadilha. Eu vou ver a entrada.

- Certo Signus...

 

Era minha chance, eles foram na direção que eu tinha vindo e deixaram a porta aberta. Sorri pensando comigo mesma como letais assassinos podiam ser tão descuidados e passei pela porta levando o coelhinho.

Entrei na passagem e apertei o passo, eu sorri pra mim mesma por ter passado despercebida e quando me adiantei, me afastando da porta, me abriguei num nicho na parede e respirei depressa.

 

- Viu só? Eles nem me notaram! - soltei o coelho que ficou a me olhar. Peguei a maça e olhei para o corredor. Estava iluminado por tochas e nas paredes eu podia ver pinturas com elfos, no que parecia ser a antiga cidade de Geffenia.

Só desviei minha atenção quando senti a ponta de uma faca no meu pescoço.

 

- Noviça,hein? Bons sonhos...

Senti algo furando minhas costas e em seguida tudo ficou escuro.

--------------------------------

 

- Então Rob, como eu dizia, não vai demorar para tudo estar acabado.

- Você me parece bem feliz com isso, Sid...

- Ah, se estou... Nell, e essa noviça aí?

- Dormindo...

 

Olhei para Rachiele e me fiz de desinteressado. Eu já tinha tolerado por tempo demais meus "amigos" e tinha decidido, por mim mesmo, que esse seqüestro seria a última coisa que eu faria.

Mas ver Rachiele, minha filha, ali, do lado da réfem, mudava completamente o espectro da coisa.

 

- Quem é essa garotinha que pegamos? - indagou Akim.

- Você deveria ser mais informado, Akim... - comentou jocosamente Sid - Esse menina é filha do Rei!

- Princesa?? Mas a rainha não é estéril?

- A garotinha é adotada, seu imbecil! De acordo com nosso contato, ela seria ofertada por Tristann como parte de um acordo com o povo de Arunafeltz, visando a paz... O velho é esperto, ele tenta comprar a paz antes que os outros declarem guerra contra ele... - Sid sorriu.

 

Seria eu contra meus companheiros. A idéia de ir contra eles não me parecia ruim, mas poderiam pegar Rachiele, e daí eu ficaria em tremenda desvantagem.

Eu precisava que ela saísse dali, de preferência com a refém.

 

- Está pensando demais, Rob...

- Bah! Não me amole! - arremessei uma adaga com antídoto no braço de Rachiele, que estava desacordada; com um pouco de sorte, ela acordaria e fugiria com a garotinha.

 

Quanto a mim...restava esperar...

- Tem algo pra beber? Até algum emissário do rei gorducho se pronunciar pode demorar...

Meus companheiros riram e Akim, o mais forte entre nós, trouxe de uma sala um barril com vinho de primeira qualidade, cortesia de nosso contratador.

E passamos a beber, quase que em completa tranqüilidade.

------------------

 

Eu olhei para Rachiele, deitada ali e notei um breve movimento de sua mão. Ela estava voltando à consciência.

O vinho forte de cor de sangue que bebíamos, começava a fazer o efeito que eu esperava: sem Akim, a força do grupo não era tão grande. Sid era o único problema, Signus era impetuoso e isso com frequência o fazia falhar nas missões, e Nell não era páreo para mim.

Mas Rachiele não estava disposta a me ajudar...

 

- Caramba, que dor de cabeça! - exclamou ela, sem pensar onde poderia estar.

 

Akim, ainda que inebriado pela bebida, pegou-a pelo braço, e soltando alguns palavrões lhe deu um tapa enquanto tentava de forma débil alcançar o katar em sua cintura.

 

Nell apenas sorriu enquanto observava a cena e comentou a infelicidade de Rachiele, por acordar para morte.

Tomei mais um gole de vinho enquanto Sid e Signus se aproximaram de Rachiele.

Eu estava com as bombas venenosas prontas para o uso, mas precisava tirar Rachiele e a refén dali, para que não se machucassem.

De repente notei que Akim alcançara sua adaga, que estava mais próxima do que o katar e, e com a mesma em punho, estava pronto para trucidar Rachiele.

Eu precisava agir.

 

Arremessei duas bombas de veneno, uma contra Sid, que foi pego de surpresa, eu deveria neutralizar Sid primeiro, ele era o mais perigoso, depois eu fugiria com Rachiele e a filha do rei. Infelizmente Signus se desviou da outra bomba e se voltou para mim, sacando seus punhais.

 

Desapareci usando de minha furtividade, mas Nell me pegou pelas costas, enterrando sua adaga em mim antes que eu me movesse.

- Não vai fugir, maldito traidor! Eu sabia! Essa noviça é tua filha nojenta de Prontera, não é?

 

Nell não me deixou responder. Virou a adaga em minhas costas e senti os ossos se partindo.

- PAI!

Escutei a voz de Rachiele e um barulho de algo grande caindo no chão. Era Akim. Arregalei os olhos e vi ele no chão.

Mas como ela tinha derrubado um oponente daquele tamanho??

 

- LUZ DIVINA!

Rachiele investiu contra Nell, que me soltou e eu caí de joelhos no chão, guardando forças. Mas ainda haviam de pé Signus e Nell, e os dois eram demais contra a noviça.

- Signus, pega ela! - Nell me chutou enquanto se equipava com os katares.

- Levanta pai!

 

E ela me curou. Senti os ferimentos fechando, a força voltando e peguei minhas adagas.

 

- Rachi! Recue! Fique atrás de mim! - arremessei uma faca contra Signus, o forçando a se esquivar e fiquei perto de Rachiele.

- Cuidado pai! - girando a maça, Rachiele acertou em cheio Nell que se preparava para me atacar de novo.

 

Um acerto crítico, que fez a máscara da assassina voar.

- Está aprendendo filha... - ao meu comentário, Rachiele apenas sorriu.

 

Akim jazia no chão. Foi quando notei perto dele uma figura branca e peluda, um lunático, saltando para uma das portas secretas. A menina tinha fugido, decerto com a ajuda do coelho. Rachiele e eu não tinhamos mais o que fazer ali.

 

- Eu acho que o jogo acabou para vocês, Nell e Cignus... sem o Sid vocês não tem como me derrubar. Se conformem. - sorri, zombando deles.

- Pai...

- Calma Rachi...

- Nós não vamos nos render, maldito cão do deserto! - bradou Nell de um lado.

- Se você acha que vamos perder para uma noviça retardada como essa, está enganado!

 

Eu vi os olhos de Rachiele se acenderem de raiva ao ouvir o comentário de Signus.

- Façam como quiserem, amigos... - puxei um montante de agulhas dos bolsos e com os mesmos entre meu dedos encarei Nell e Signus.

- Rachi... - cochichei - Ataque-os.

 

Ela me obedeceu, e invocando uma benção de velocidade em si mesma, avançou contra Signus, tremendo de raiva. Eu sumi e me desloquei para perto de uma parede.

 

- Vai deixar a noviça atacando mesmo, Rob? Bem seu estilo! - Disse Signus, se esquivando dos ataques de Rachiele.

- Vamos acabar com isso agora... - Nell sumiu e eu sabia o que ela iria fazer.

- Você não vai muito longe, Nell... - murmurei com as agulhas preparadas.

 

Rachiele investia contra Signus, que se esquivava sem dificuldade dela; quando ficou preso contra a parede, o assassino bloqueou a maça com um dos katares e tirou o escudo de Rachiele com o outro.

 

- Desista noobiça!

- Cara...Vai se f*!

 

Rachiele chutou com força abaixo da cintura de Signus. Eu imaginava que ela tinha ficado mais forte desde nosso ultimo treino, então aquele chute deve ter doído um bocado. Signus se prostou, caindo diante dela. Rachiele segurando a maça com as duas mãos, bateu firme na cabeça de Signus.

Dois críticos seguidos e o assassino foi ao chão, atordoado.

 

- Rachiele cuidado! - berrei.

- Tocaia! - Nell, ainda invísvel, usou os katares e com eles usou um ataque que os mercenários sempre se utilizam quando estão ocultos; uma onda de energia cortante correu na direção de Rachiele. Eu não via Nell assim como ela não me via, mas por ela ter usado a técnica, não seria díficil ver onde ela se encontrava.

 

Arremessei as agulhas contra o ponto onde Nell estaria. E acertei, ela caindo no chão, completamente vísivel.

Mas e Rachiele?

- Pai, eu estou bem!

 

No susto, Rachiele saltou o mais alto que pode, segurando-se em algumas caixas que estavam empilhadas no antigo depósito.

Sorri para ela, arremessei as agulhas em Signus e ajudei Rachiele a descer.

 

- Você seria uma boa assassina...porque não desiste disso de ser noviça?

- Ah, vá! - ela olhou para Nell e Signus - O que o senhor colocou neles?

- Ah, o detonador. No vinho que veio pra cá tinha uma substância que eu coloquei. Nas agulhas tem a substância que detona o efeito. Basta eu falar e direcionar minha energia para eles para funcionar agora...

- Hein?

- Assim... Explosão Tóxica!

 

Nesse mesmo instante, Signus e Nell arquearam seus corpos para frente, como reação ao veneno que estava no vinho. O estrago dentro deles deve ter sido grande. Não estariam mais em condições de ameaçar quem quer que fosse.

 

- A garotinha fugiu, Rachiele. Vamos embora antes que ela volte com a guarda de Geffen.

- Sim.

Foi quando notei: Akim estava se levantando. Ainda embriagado, mas vivo. Puxei mais algumas agulhas e fiz com que Rachiele ficasse atrás de mim, mas ao ver uma garrafa estourando na cabeça de Akim e ele indo ao chão de novo, vi que não era necessário.

 

- Como eu te dizia Rachi, a refém, ou melhor, a senhorita Van ainda está aqui. E nos ajudou. - sorri, olhando para a princesa.

- Hunf! - a princesa, com seu lunático ao lado, olhava fazendo pouco caso de Akim e do estado do lugar onde estava.

- Nuss... - Rachiele ficou atônita.

---------------------------------------------------

 

 

Era manhã em Geffen.

Eu fiquei surpresa ao voltar para a estalagem e descobrir que minha conta ( que era de meu pai ) estava paga. Os assassinos foram presos por um denunciante anônimo, que tive certeza que era Rob.

E a menina sequestrada, que soube depois, se chamava Van, foi deixada junto com os guardas.

Eu ergui meus braços, me espreguiçando. Tinha acabado de comer, tudo por conta do senhor Randall, dono da Estalagem.

"Deixaram tudo pago para você Rachiele, coma o quanto quiser."

Peguei minha mochila, minhas armas e saí da estalagem, com um aceno amistoso, esquecendo do que o Sr. Randall tinha me feito.

Era um belo dia para caminhar até Prontera!

--------------

 

Epílogo

 

- Ei, você ainda não me disse, pra onde vai daqui?

- Huh?

- Pare de beber um pouco e me diga. Está indo para onde?

- Ah...Já falei, estou sem rumo.

- Conhece Hugel?

- Onde fica isso?

- É uma vila costeira na República. É um bom lugar.

- Mesmo pra um sem-rumo como eu?

- Mesmo para você. Pode ter certeza, disso.

- Hugel... - Rob tomou mais um gole de cerveja.

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  • 2 weeks later...

Interlúdio

 

 

- Olha, vou falar sério, eu nunca quis fazer mal pra ninguém, cara!

 

- Eu compreendo.

 

- O que acontece é que as coisas simplesmente não dão certo pra mim. É chato, mas eu sei que é verdade.

 

- Tem certeza do que diz? Todas as coisas sempre dão errado pra você Rachiele ou é você que presta mais atenção nas coisas erradas do que nas que dão certo?

 

Silenciei. O padre Reynolds tinha me pegado. Eu estava voltando para Prontera, mas vendo que estava próxima da Capela do bondoso padre, decidi passar lá de novo e contar minhas aventuras. Ele me recebeu bem, e dispensei o confessionário. Não tinha mais o que esconder dele, ao contrário da minha primeira visita.

 

- Como andam os amores? – ele indagou.

 

- Ahh... – eu olhei pro chão, mas me ergui e falei sem temor – Eu estou sozinha. Sei lá, o senhor sabe, eu não penso nessas coisas, eu deixo ir rolando...

 

Ele concordou com a cabeça e tomou um gole de chá numa caneca de barro.

 

- Não se sente sozinho aqui, padre?

 

- Em absoluto. Aqui é tranquilo. De vez em quando passam membros da Igreja por aqui, mas sabe que eles nem lembram que eu estou aqui? Essa capela estava largada, ninguém mais vinha para cá porque a Catedral de Prontera pode abrigar bem mais fiéis, fora o fato de ser bem mais vistosa que uma capela perdida no meio de um estrada. Além do mais, como quase não passam pessoas por aqui, posso sair, respirar um pouco do ar puro do monte Mjolnir e cuidar de minha vida como sempre desejei. – ele sorriu.

 

- ...Eles fizeram bem pro senhor no final das contas?

 

- Precisamente.

 

Padre Reynolds era um senhor estranho, eu ficava pensando comigo mesma como teria sido sua vida até chegar no posto de Sacerdote, e depois, mandando para essa capela esquecida em Geffen.

 

Anoiteceu, e eu, seguindo o meu anfitrião, rezamos antes de irmos descansar. Reynolds improvisou uma esteira no chão e deixou-me dormir na cama. Era um colcão duro, mas não me recordo de ter dormido tão bem.

 

-----------------

 

- Professora Satty? Está acordada?

 

- Entre querida, ainda estou muito cansada, mas posso te atender...

 

- Com licença.

 

Satty tinha por hábito sempre atender alunas mesmo fora do horário de aulas. Era a forma que tinha encontrado, perante os diretores da Academia de Magia de pagar por sua estadia ali.

 

- Qual o problema, querida?

 

- Mestra...não é com respeito aos estudos... - Se aproximou e baixou os olhos ao dizer isso.

 

- Ah...entendo. - Satty a abraçou e acariciou sua cabeça, esperando que ela falasse.

 

- Você deve ter visto... tem uma menina que sempre saí comigo para treinar...Bom...Hoje eu conversei com ela e...

 

- E...?

 

A resposta que Satty recebeu foram apenas lágrimas e mais lágrimas de inconformismo.

 

----------------

 

- Bom dia!

 

- Bom dia Rachiele, dormiu bem?

 

- Sim padre. Sua cama é maravilhosa! - eu ri.

 

- É uma boa cama. O homem que zela que pelo seu sono vive melhor. Espere um pouco que coloco a mesa para comermos um pouco.

 

- Certo.

 

Eu, pensando bem, gosto do padre Reynolds. É um desperdício para a Ordem de Prontera o mesmo ficar nesse quase-exílio enquanto que outros, que decerto estão fazendo menos que ele, ficam livres.

 

Como o mundo é injusto.

 

- Come pão preto?

 

- Sim, estou com fome.

 

- Sente-se.

 

Vai ser por expulsar gente como ele que a Igreja ainda vai amargar um triste fim...

 

- Vai para onde agora, Rachi?

 

- Prontera. Quero ver meu pai e também tenho que passar na Igreja pra me reportar sobre por onde tenho andado... - baixei os olhos, com certa raiva ao constatar isso.

 

- Tem treinado?

 

- Sim. Muito. Não só contra mortos-vivos e demônios.

 

- Então acho que você não terá maiores problemas se reportando. Manteiga?

 

- Ah, por favor!

 

---------------

 

Desde que me tornei docente na Academia de Magia, eu tinha comigo mesma a idéia que devia ajudar todos sempre que possível. Confesso que sempre preferi ajudar meninas aos meninos, e em certa época a diretoria me chamou a atenção por causa disso, ficando eu comprometida a tratar todos por igual.

 

Naquele manhã, eu tinha agradecido mais um vez por uma menina ter me procurado...

 

- Professora Satty...?

 

- Olá querida. Dormiu bem?

 

- Ah...me desculpa...

 

- Você chorou tanto, não tem porque se desculpar. Eu entendo sua dor.

 

- ......

 

- Você abriu seu coração, mas ela, talvez por não ter percebido isso, te negou. - falou, acariciando o rosto da jovem maga - Acredite, isso é normal.

 

- Mas...agora eu perdi ela!

 

- Querida... - Disse, abraçando-a - Você não pode forçar os outros a ficarem quando estão confusos ou quando não sabem o que desejam.

 

- Mas...mas...

 

- Espalhe amor e não dor. Entende isso?

 

- Eu...eu entendo, professora...

 

- Muito bem... - segurou o rosto da jovem pelo queixo, e a beijou levemente nos lábios. - Não creia que por ter perdido um amor não vai mais poder amar de novo. Desça, está quase na hora do café. E lembre-se do que eu te disse.

 

- Sim senhora... - saltou da cama, colocou suas vestes e saiu apressada. Ainda triste, mas confortada.

 

------------------

 

- Rachiele, pelo que andei percebendo você tem ficado forte...

 

- Porque diz isso, padre? Eu sou fraca ainda...

 

- Se mesmo tão fraca quanto diz não teria aguentada virar os barris lá dentro quando limpamos a abadia e a cozinha... - ele apalpa um dos braços da noviça. - Você pode não ter percebido, mas está mais forte, sim.

 

- Ah...

 

Naquele fim de manhã deixei o padre Reynolds e rumei para Prontera. Mais forte, mais segura de mim. Eu não tinha o que temer.

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