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Confissões e Reminiscências


Fabiano Alves

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Olá!

 

Então...cá estou eu postando minha fanfic de novo, após muitos anos diga-se de passagem no fórum da LUG de novo.

Me recordo que comecei a escrever essa fanfic faz muito tempo, no antigo fórum, o primeiro mesmo que tivemos para a comunidade.

Naquela época me recordo de ter escrito até o capítulo 10. Tempos passaram, fiz uma segunda versão da fanfic, incluindo certas coisas e postei num antigo fansite do bRO, o Prontera.com. De novo, não fui muito longe postando a fanfic lá.

Da época do Prontera, passei a fanfic para o Deviant Art e a deixei lá. Eu tinha errado muitas coisas, tinha deixado buracos na cronologia e foi uma luta até remendar tudo e deixar tudo certinho.

Atualmente tenho capítulos feitos até o 68, penso de finalizar a fanfic pelo menos até o capítulo 80, dado que estou a muito tempo escrevendo ela e não quero que ela se torne uma fanfic infinita ou pior, descontinuada como tantas por aí.

Enfim, a fanfic conta a história de Rachiele, minha personagem principal, muitas coisas nela são invenções usando o cenário do Ragnarok Online como fundo. Alguns capítulos foram feitos com base em role-plays que tive com diversos jogadores durante esses anos.

Espero postar pelo menos um capítulo por semana. Sugestões e Críticas são bem-vindas.

Desde já, obrigado pela atenção!

 

Edit do dia 22 - 4 - 2014:

 

Eu tava pensando que são muitos capítulos para acompanhar e mais pra frente os capítulos ficarão longos, com mais de 3 páginas para ler. Então pesquisei um pouco na net e descobri um programa gratuito que cria arquivos em PDFs, o DoPDF.

Como eu tenho um arquivo em .doc com todos os capítulos da fic até agora, só precisei criar arquivos menores com os capítulos e subir num host de arquivos, no caso o MEGA.

Então se você prefere ler os arquivos em formato PDF do seu pc do que online, seguem os links:

 

Confissões e Reminiscências I

Com os capítulos 1 a 10, incluindo os Interlúdios.

Tamanho do arquivo: 109KB

Link para download: https://mega.co.nz/#!1cg1haSR!HI6f8HGG6Dhdpoztfxi7elFkbgIplwFDawA14lGzgg4

 

 

Confissões e Reminiscências II

Com os capítulos 11 a 20, incluindo os Interlúdios.

Tamanho do arquivo: 126KB

Link para download: https://mega.co.nz/#!VB5wRIxa!RbdpqzvCxlPq-NzV-vdj3yoXdrBrTV3g_z2Qqvyg3sA

 

 

Confissões e Reminiscências III

Com os capítulos 21 a 30, incluindo os Interlúdios.

Tamanho do arquivo: 152KB

Link para download: https://mega.co.nz/#!1UJhFAiQ!Zzxpkk9f8Bu_4lYxx9CUthV42yRZ0o7Vh_lvydOfT0A

Edited by Fabiano Alves
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Capítulos 1 - 10

 

 

 

Capítulos 11 a 20

 

 

 

Capítulos 21 a 30

 

 

 

Capítulos 31 a 40

 

 

 

Capítulos 41 a 50

 

 

 

41 - Na Floresta de Geffen

 

42 - Armadilhas

 

43 - Os Caçadores

 

44 - Perdas e Ganhos

 

45 - Prendas e Empregos

 

 

 

Nota: Demais capítulos serão colocados aos poucos...

Edited by Fabiano Alves
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Capítulo 1: Confissão

 

Andei a esmo depois de sair da hospedaria em que me encontrava.

Não perguntei ao dono da estalagem para onde Satty tinha ido, isso não me dizia respeito, e, confesso, eu não queria ouvi-lo.

Foi um dia longo. Não pensei mais em ir atrás da Flor das Ilusões, e nessas andanças acabei avistando o que parecia ser um pequeno mosteiro, meio que perdido na estrada, com sinais religiosos da igreja de Prontera.

Entrei, com dúvidas em minha mente e um profundo desejo de solucioná-las.

É meio difícil de se falar quando as coisas simplesmente acontecem.

Mas ainda assim pretendo tentar.

 

Com esse pensamento, entrei no mosteiro e me coloquei sentada num banco, aguardando o sacerdote se pronunciar, coisa que não demorou muito.

- Bom dia irmã. Que a paz esteja convosco.

- Obrigada padre.

- Qual foi seu pecado, irmã?

- Nenhum senhor padre. Apenas gostaria de desabafar.

- Pois diga. Estou a ouvi-la.

- Tudo começou num dia qualquer, numa hora qualquer. Estava viajando rumo a Geffen em busca da flor do arco-íris. No meio do caminho, percebi que alguns pertences meus foram roubados por besouros-ladrões. Fui atrás dos mesmos e ataquei-os, cheia de raiva. Eles reagiram e me vi em dificuldades.

- Prossiga irmã.

- Clamei por socorro pouco antes de cair inconsciente, e pelo visto fui atendida. Minha salvadora foi Satty, uma maga que usando de uma magia de relâmpagos, fulminou os besouros e devolveu-me depois minhas coisas.

- Quem é essa Satty, irmã?

- Não sei padre... muita gente viaja, normalmente sozinha de uma cidade para outra; não sei o que Satty fazia, só sei que ela me ajudou.

- Prossiga...

- Firmamos um acordo: ela me acompanharia na missão de encontrar a flor, e eu pagaria com comida e demais serviços. Seguimos adiante e pensei comigo mesma que nada mais aconteceria mas...

- Mas...?

- Padre, vou direto ao assunto, Satty é uma orquídea*.

- ......

- Nós nos envolvemos. Em tudo. Tudo mesmo. A principio, achei estranho, mas...

- Ela te seduziu?

- Não, definitivamente não. Mas ela me fez ver as coisas de outro ângulo.

- Melhores?

- Muito melhores.

- Por quê?

- Confesso padre que me sentia presa demais. Tive momentos bons na minha infância, mas foram poucos. Quando fiquei mais velha e decidi me tornar uma aprendiz, meu pai negou veementemente. Daí fugi de casa.

- Aahh...E essa Satty? O que ela fez de mais para você nesse sentido?

- Fez eu ver que eu precisava de um rumo na minha vida. Estava tudo errado. Agora não sei ao certo o que fazer; poderia voltar para casa ou continuar minha vida como está, mas aprendi a ser mais alegre e menos preocupada. Acho que assim é possível mantermos esse mundo vivo.

- E o que mais?

- Não é porque as pessoas são diferentes que temos que ter receio delas...Da mesma forma que existem pessoas más no mundo, existem também pessoas boas e que querem nos ajudar. E eu quero ajudar os outros, padre.

- A irmã já se decidiu por alguma rumo na sua vida perante a outrem? Já pensou em se tornar uma noviça?

- ......Noviças não podem ser orquídeas, senhor padre...pelo menos é isso que ouvi falar...

- Você pode ser diferente...

- Não me sinto capaz...além disso, os sacerdotes de Prontera não...

- Bah! Você vai me desculpar o comentário,. mas certo irmãos da Igreja são por demais retrógrados! Eu não vejo nada demais nisso! Aliás pelo que pude perceber, as orquídeas são bem mais benevolentes que muitas mulheres ditas "normais".

- Mas senhor padre, e a tradição?

- Ela é velha e em certo pontos ultrapassada... - ele suspira - Sabe porque me deixaram nessa pequena capela no meio do caminho para Geffen?

- Não...porque?

- Porque penso diferente dos outros sacerdotes! E como os outros sacerdotes respeitam essa tal "tradição" trataram de me colocar de lado!

- Mas...os padres que eu conheço são todos tão bons...os de Prontera por exemplo...

- O bispo de Prontera e o Padre Necrus são todos farinha do mesmo saco! Não vou dizer que eles são inúteis, porque eles não são! Mas eles deviam ser mais permissivos! Ora, Odin não tem as Valquírias ao lado dele? Porque nós negamos que as orquídeas, sejam elas magas, espadachins, cavaleiras, todas elas, se filiem à Igreja? Quem ganha com isso? Me diga!

- Padre... o senhor está alterado, calma...Odin está conosco. Eu sei que as coisas não andam bem, mas precisamos ter fé. As coisas podem melhorar, olhe só, conheci a Satty, agora o senhor, nós não estamos parados! Estamos nos movendo para algo melhor no futuro. Porque não, daqui a alguns anos ver que as coisas mudaram?

- Você ainda tem esperança nisso senhorita?

- Tenho padre.

- Siga seu caminho. Ser uma orquídea de forma nenhuma atrapalhará seu desempenho, você tem um coração bom e é isso que importa.

- Obrigada padre.

- Apenas um conselho: caso se decida pelo sacerdócio, oculte sua condição para evitar problemas. Senão podem te enviar para alguma capela esquecida como aconteceu comigo.

- Pode deixar padre. Farei isso.

- Como é seu nome?

- Rachiele...

- Você não tem pecado algum, Rachiele, siga seu caminho em paz e cuide-se.

- Obrigada de novo padre. Boa sorte para você também.

 

Quando me tornei uma aprendiz, o teste vocacional apontou que seria ideal que eu fosse uma noviça, assim eu fiz.

Apesar de tudo que passei com Satty é preciso seguir adiante, hoje estou de volta a Prontera, deixei a missão de achar a flor arco-íris para outra oportunidade.

Na entrada dos esgotos da cidade existem muitos necessitados...

- Por favor, você é uma noviça... Me cura!

- Me conte um pecado seu que eu te curo, irmão!

E sinceramente, acho que estou no caminho correto.

*Orquídea = Mulher Homossexual

Edited by Fabiano Alves
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Capítulo 2: Reflexão

 

Nunca pensei que o sacerdócio poderia ser algo proveitoso.

Cheio de regras, ditames, uniformes sem graça, obrigações demais, diversões de menos.

E muita, mas muita gente chata achando que você, por ser filiado ao sacerdócio tem a obrigação de atende-lo.

Definitivamente, não parecia ser algo agradável.

Vai ver foi por isso que eu decidi segui-lo...

 

Após sair do mosteiro, andei em direção de Prontera, portentosa cidade onde se instalou o rei, a Igreja e a Cavalaria.

Segundo se consta, os esgotos de Prontera passam por um problema de infestação: muitos besouros se alojaram nos níveis mais profundos do esgoto e ali fizeram seu habitat, se reproduzindo às dezenas e trazendo problemas para todos que vivem na cidade.

O problema é tamanho que, ocasionalmente, pode-se encontrar ovos de besouro mesmo nas muralhas da cidade, tamanho o nível de infestação que se encontra nos esgotos.

Pensando nisso, a guarda de Prontera passou a contratar aventureiros para tentar livrar a infestação que o esgoto sofre.

Ainda não conseguiram alguma vitória significativa.

 

Ontem conversava com duas amigas no primeiro nível do esgoto; embora fossem aventureiras habilidosas, o terceiro nível do esgoto mostrava-se desafiador demais mesmo para elas.

Sarah é uma espadachim e Tenshi uma arqueira, paramos e começamos a conversar sobre várias coisas: é estranho, mas nunca tinha parado e conversado com gente assim desde a época que era uma aprendiz.

Estranhamente, Sarah comentou isso também, que ficava apenas lutando, sem pausas ali no esgoto ou em outros lugares.

Penso comigo mesma que temos colocado a luta demasiadamente em destaque nas nossas vidas, deixando de lado outras atividades corriqueiras, mais normais mesmo.

Estamos nos tornando máquinas de destruição e nos esquecendo que estamos vivos, que respiramos.

Não somos como morto-vivos que apenas vivem para lutar ou assombrar os outros.

( Será que não somos mesmo?)

 

Todos os dias vejo muitas pessoas andando pelos esgotos, matando besouros, morcegos e outras criaturas subterranêas, mas nunca resolvendo o problema definitivamente.

Será que essa atitude do governo, de mandar aventureiros esgoto abaixo matando criaturas realmente pode sanar o problema?

Penso eu que não. Mas como ir contra alguém como o rei?

Simplesmente, não se fica contra.

Nem o bispo, nem os cavaleiros, nem ninguém.

Definitivamente, já fomos transformados em autômatos.

--------------------------------------------

 

- Por favor, me cura! Você é noviça!

- Te curo desde que você me conte...hummm....Me conte um desejo seu. Isso! Me conte um sonho, um desejo seu que eu te curo irmão!

- Humm...deixa eu ver...

Talvez ainda haja tempo. Não sei, é preciso tentar.

Edited by Fabiano Alves
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Capítulo 3: Solidão

 

 

Hoje completaram-se seis meses desde que saí de casa desobedecendo minha mãe, me tornei uma aprendiz e posteriomente uma noviça.

Para quê mesmo..?

Andei a esmo e acabei em Morroc, aqui em meio às antigas estátuas dos faráos vim....

Pelos Deuses! O que eu estou fazendo aqui?

- Onde eu estou?

- Em Morroc...Em quantos lugares mais você pode ver as Pirâmides?

- Morroc...?

- É, Morroc, a cidade do deserto. Com licença noviça, eu tenho que ir.

Aquele moço de pele queimada pelo sol seguiu por uma rua levando baldes de água para dentro de uma casa.

Me sentia estranhamente vazia por dentro até que uma voz me "acordou".

- Quer um sorvete? Custa 100 Zennys...

- Quero um.

Porque estou aqui? O que tenho a fazer aqui? Se eu estivesse com Satty saberia o que fazer, creio eu.

- Rosas! Rosas para presente!

- Quanto custa essa rosa?

- 50 Mil Zennys...

- Nossa...Porque é tão cara?

- Porque ela é mágica para nunca se desfazer. Ela simboliza o amor eterno.

Afastei-me da mercadora, pensativa. Eu não tinha todo aquele dinheiro e mesmo que o tivesse, gastar tanto com uma rosa só para ter uma lembrança de quem eu gostava? Eu já tinha a lembrança dentro de mim, não precisava daquilo.

- É muito cara, não vale a pena. - disse em voz alta para mim mesma quando uma aprendiz passava.

- O que? - indagou ela, olhando com estranheza para mim.

- A rosa ali com a vendedora...

- Que rosa?

- Aquela...

- Peraí, já volto. - disse a aprendiz indo até a vendedora.

Peguei-me pensando: será que aquela aprendiz sabia o que a esperava? De todos os perigos pelo mundo e da possibilidade de ela morrer?

- Não tem rosa nenhuma naquela vendedora, só um anel de flores...

- Hã?

- Sim, aquela vendedora não vende rosas. Só anéis de flores.

- Ah, perdão , confundi as pessoas...

- Tudo bem. - disse ela sentando-se do meu lado – Você é o quê? - indagou.

Conversamos por algum tempo e expliquei-lhes certas coisas sobre o mundo que a cercava. A jovem ficou maravilhada.

- E como você sabe que eu sou uma aprendiz?

- Suas roupas. Aprendizes costumam usar roupas simples para conter gastos e ter algum equipamento.

- Ah, é mesmo...

Deixei a aprendiz. Ela provavelmente se tornará uma gatuna, pois é isso que Morroc mais "fabrica". Longe de eu querer condenar alguém, mas acho os gatunos muito desafortunados em seu ofício...

E eu jamais apoiaria um deles, dado que muitos são assassinos perigosos.

Saí da cidade, o sol quente do deserto de Sograt ao que parece tinha intenção de fritar minha cabeça. Tomei um gole de água do cantil e caminhei pelos arredores da cidade, olhando tudo e todos quando um fantasma de um passado não tão distante apareceu diante de mim.

- ...Humm....ZZzzzz...

Uma espadachim dormia usando sua mochila como travesseiro. Sua face era muito parecida com a de Satty, salvo por uma pequena cicatriz numa das maçãs do rosto. Suspirei profudamente por não ser Satty que eu tinha encontrado. Repentinamente me peguei pensando porque uma pessoa que tinha me deixado ainda estava tão viva em meus pensamentos...

------------------------------

Andei até que cheguei nos arredores da Pirâmide. Sentei-me pensando em nada, o que foi um erro fatal, como vim a perceber instantes depois...

- Me cura por favor!

- Cure-me! Estou ferido!

Gatunos, espadachins e magos me cercaram, todos pedindo curas. Me ergui e lançei algumas curando uns poucos. A quantidade de pedintes triplicou quando fiz isso.

- Uma cura por favor!

- Rachiele, me cura!

- Oi, pode me curar?

- CURA PLIZ!!

- Sem querer abusar, mas já abusando dona Noviça...Pode me dar 1000 Zennys?

Me recordo dos meus dias como aprendiz...eu via essa multidão cercando sacerdotes e noviços pedindo curas e mais curas. Pensei que eu poderia ajudar mas...

- Esperem um momento, preciso descansar!

Estou cansada disso também.

- Ei! Um Sacer* saiu da Pirâmide!

- Atrás dele!

- Noviça fraca do caramba... - disse um gatuno olhando por cima do olho para mim.

Cerrei de leve os punhos e suspirei.

Bom Odin, como eu tenho me sentido triste de uns tempos para cá...

---------------

Saí da entrada da Pirâmide, indo refrescar meus pés numa nascente ali perto.

Aproveitei, contei meu dinheiro e verifiquei minhas provisões. Eu teria que ir às compras logo.

- Ei noviça!

Só pode ser mais um pedindo cura...Eu não tenho sossego mesmo!

- Que é?

- Eu vi você curando o pessoal lá...Me ajuda a caçar o monstro arenoso?

- Humm...

Olhei para o jovem com mais atenção. Era sem sombra de dúvida um rapaz de Morroc, com bonitos olhos verdes que olhavam por cima de um óculos escuro e de um turbante. Suas vestes, embora não ostentassem riqueza eram belas e limpas. Ele levava num cinto uma adaga, supunha eu que ele devia ser um gatuno.

- Monstro arenoso?- perguntei.

- É um monstro feito todo de areia. Ele fica pelas partes mais afastadas do deserto atacando viajantes. Ele se enterra na areia e então ataca.

- Parece ser perigoso...

- E ele é. Pode me ajudar? Os torrões de areia do corpo dele são preciosos. Eu e minha parceira já tentamos enfrenta-lo mas...

- Ok, vamos.

------------

Deu tudo errado.

Vagamos por algum tempo pelo deserto, sem sucesso para localizar o monstro. O gatuno que liderava o grupo indagou-me em certo ponto.

"Mas eu sei que noviças tem um poder que ajuda a achar monstros camuflados... Você não tem?"

Respondi que não e ele se calou.

Paramos para descansar algum tempo depois.

Erro.

Não sei por quanto tempo, mas o monstro nos seguia. Esperou baixarmos a guarda para atacar. Quando demos conta do que acontecia, ele já tinha nocauteado a parceira do gatuno, e se aproximou ameaçador diante de nós dois grunhindo algo incompreensível.

"Noviça! Fica pra trás!" ordenou o gatuno sacando a adaga e indo contra o monstro.

Obedeci enquanto o gatuno engalfinhava-se contra o monstro. Em dado momento ele bradou pedindo que eu o curasse e assim o fiz.

Mas o monstro era forte demais até mesmo para ele.

Saquei a maça e ataquei o monstro.

"O que você está fazendo? Vai pra trás, vai me curando!"

ordenou ele.

Disse a ele que não estava adiantando, que ele deveria pegar a amiga dele e sair dali.

"Mas você é uma noviça! Noviças não lutam!"

"Eu luto." Respondi secamente a ele enquanto tentava ferir o monstro, que enterrou-se na areia e certamente nos espreitava.

Muito a contragosto, ele pegou a gatuna nos braços e esfregou uma asa de borboleta, sumindo com a jovem.

Tirei uma asa de borboleta de meu bolso e fiz o mesmo antes que o monstro voltasse.

Tivemos uma discussão depois, quando nos reunimos numa rua em Morroc. Não entrava na cabeça do gatuno como eu podia lutar.

Acabamos resolvidos que eu "não servia" para o trabalho proposto pelo grupo. Então ele me agradeceu com um sorriso amarelo e cada um de nós seguiu seu rumo.

Agora aqui estou eu de novo nos arredores da cidade procurando filhotes de Peco-peco para conseguir algo que possa valer algum dinheiro.

Vejo um desgarrado saindo de uma toca escavada na areia. Ainda tinha um pedaço de casca de ovo em sua cabeça. Ele corre para perto de uma planta e começa a ataca-la com bicadas, engolindo os pedaços que vão ao chão.

Vou até a toca e enfio minha mão no buraco, procurando qualquer coisa que possa valer algum dinheiro; alguns filhotes fazem suas tocas onde estejam gemas amarelas, pedras semi-preciosas com propriedades mágicas.

Nada.

Frustrada, tirei a mão da toca, peguei a maça e fui ameaçadora em direção do filhote, que comia as folhas sem se preocupar com o que se passava.

Ergui a arma e desferi um golpe com tal força que a cabeça do pobre filhote explodiu, ficando marcas de um sangue ralo na arma.

- Droga... - murmurei comigo mesma.

Sentei-me do lado de uma poça d'água, tirei os sapatos e deixei os pés dentro da água.

Uma suave brisa passou. Lembrei-me de casa.

- Mamãe, porque aquela menina está vestida assim?

- Porque ela é uma aprendiz, Rachi...

- O que é uma aprendiz?

- É uma pessoa treinando para se tornar um soldado, um padre, um arqueiro...

- Todas essas coisas? O.o

- Não, não Rachi. Só uma dessas coisas. Seu pai era espadachim antes de ser soldado. E antes de ser espadachim ele era aprendiz de espadachim.

- Ahh...Mãe, me compra um Picky? Eu quero um! Ele é tão bonitinho!

- Ai Rachi...Vamos, seu pai tá esperando a gente...

- Mas aquela moça lá tem um Picky com ela! Eu quero um! Eu quero!

Minha mãe soltou um longo suspiro e me levou pelo braço para o Café onde papai nos esperava.

Voltei do meu devaneio e olhei para o corpo do Picky morto ali perto de mim. Meu Deus, como eu posso ter feito algo assim com um bichinho que mal tem como se defender? Eu adoro pássaros, nunca faria isso com um deles se fosse em outros tempos...

...Que tipo de monstro estou me tornando?

Me levantei, trêmula, pega por um súbito rancor, olhando para o corpo do Picky e corri.

Senti-me estranha. Era como se algo dentro de mim houvesse sido perdido para sempre.

Sem ouvir nada e sem parar para nada corri.

- Noviça! Uma cura, por favor!

Não, não. Chega de curar, chega de tudo isso.

Eu estou cansada.

Muito cansada...

---------------------------

- Irmã Rachiele, bem-vinda de volta à Prontera.

- Padre Necrus, quero conversar com o senhor.

- Tudo bem. Espere só um minuto. - e voltou-se para um aprendiz. - Estava falando com você...Vejamos...Você deve agora ir em peregrinação e encontrar a irmã Matilda. Ela vive em Morroc. Encontre-a e volte aqui e se tornará um noviço.

- Obrigado Padre.

- Irmã Rachiele, vamos para minha sala.

---------------------------------------

- Mas...quer desistir do sacerdócio...? Porque irmã?

- Tenho meus motivos padre.

- O que pensa fazer se deixar a igreja? Nós lhe demos abrigo, ensinamentos,fizemos de você uma noviça... é assim que nos paga?

- Padre, por favor não tente me chantagear dessa forma...eu sei o que a Igreja fez de bom para mim.

- Mas então, porque vai abandonar o sacerdócio? Com mais algum tempo em missão para o Senhor poderia se tornar uma sacerdotisa excelente! Para que jogar tudo para o alto agora?

- Tenho meus motivos, já disse.

- Eu a eduquei como se fosse minha filha Rachiele, lhe ensinei o que precisava saber...Estou entendendo isso como uma traição...

- EU NUNCA TRAÍ NINGUEM, PADRE! MAS MESMO ASSIM VIVO ANDANDO SOZINHA!

- ...

- Deixe-me cuidar da minha vida, se eu tiver que voltar ao sacerdócio, eu voltarei.

- Eu só queria...

- Se alguém aqui me traiu foram todos os que me cercam, não eu.

- Irmã Rachiele...

- Pediam-me curas, eu os curava. Pediam esmolas, eu os ajudava. Pediam escolta eu os levava. Pediam proteção, eu os protegia. Me pergunte o que eu pedi para alguém.

- O que você pedia irmã Rachiele?

- Nada padre. Nada mesmo. Fazia de bom grado. Por ter bom coração mesmo. Muito raramente alguns me davam presentes. E sabe o que eu percebi padre?

- O que?

- Percebi que todos, ou quase todos estão irremediavelmente doentes. Não doenças físicas que podemos curar com magia, mas doentes na alma!

- ......

- Não adianta cura-los fisicamente se as almas estão corrompidas.

- Acho que a irmã está indo um pouco longe demais em seus pensamentos...

- Pois não ache padre! Tenha certeza! A quanto tempo está aqui para não ter percebido isso? Ou será que...

- "Que"...?

- Estaria o senhor sendo conivente com isso tudo? Sabendo o que tem que ser feito, mas se omitindo? Deixando para que outros façam o que é seu dever?

- A irmã sabe que não pode desafiar a Igreja...

- Não estou desafiando a Igreja padre! Estou desafiando o senhor!

- Se continuar com isso será excomungada...

- Que eu seja padre! Vim até aqui com um pouco do que me resta de boa vontade para me desligar formalmente do sacerdócio, mas vejo que teria sido melhor se eu tivesse desaparecido sem dar notícias!

- Aqueles que fazem isso serão julgados no Juízo Final.

- Padre...o juízo final já começou!

- Comprove. Eu duvido.

- Não são 3 galos que cantam no Ragnarok? Um no submundo, outro em Midgard e outro na terra dos deuses?

- Sim, claro.

- O galo cantou no submundo: os mortos caminham entre nós e querem nos matar. O galo cantou em Midgard: as pessoas esqueceram-se da gratidão e estão se tornando piores que monstros. O galo cantou na terra dos deuses: eles nunca mais caminharam entre nós, apenas mandam poderes para nós, sacerdotes e outros. Ou seja, eles sabem que estamos nos tornando piores. Mas porque eles não nos ajudam padre?

- ......Não sei...A lenda dizia que...

- Vamos mudar a lenda!

- Irmã Rachiele...

- Padre, por favor! Vamos salvar esse mundo! Eu gosto daqui! Quero viver aqui. Não é justo acabar agora...

- ...Vá em paz. Deixe-me sozinho.

- ...

----

Saí lentamente pela porta da frente. O irmão Necrus,recrutador de noviços cobriu o rosto com ambas as mãos enquanto meneava a cabeça negativamente de forma lenta. Julguei que algo o atormentava mas por enquanto, pelo menos por enquanto eu queria esquecer minha pequena aventura e voltar para casa.

- Vim entregar meu uniforme, irmã Cecília. - disse eu a uma madre na entrada dos dormitórios.

- Pode entrar Rachiele. Que Odin a proteja. - disse ela.

Odin deve estar rindo de mim pensei sem olhar para a madre.

Era preciso recomeçar...

----

 

*Sacer = Sacerdote.

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  • 2 weeks later...

Interlúdio

 

 

Saí da Catedral. Não queria chegar em casa. Andei pelas ruas movimentadas de Prontera sem prestar atenção a quem ou ao quê acontecia.

Quando dei por mim, vi a silueta de minha casa diante de mim.

Me desviei e fui em direção contrária.

------------

- Irmão Necrus?

- Entre irmão. Quer um gole de vinho?

- Não.

- Então sente-se.

- Obrigado. Aconteceu algo aqui? Ouvi o senhor falando em voz alta com alguém...

- Não era nada. Apenas uma noviça que desistiu do sacerdócio.

- Ah...

- Você sabe...Alguns ficam enervados quando pedimos a eles que fiquem...

- Sim...

- Mas, Odin sabe o que faz. Ele é onisciente. Ele tudo sabe.

- Sim irmão...

- Bem, chega de beber. Em que posso ajudá-lo?

- Precisamos formar um grupo para ir em missão até Glast Heim...

- Quer que eu indique alguém como de costume?

- Sim senhor.

- Me explique os pormenores da missão...

- O bispo diz que tem informações comprometedoras sobre a origem do Senhor das Trevas...

- Prossiga, esse assunto é de meu interesse...

-------------

Me sentia mal por ter desistido, por ter deixado tudo exatamente como quando saí de casa.

Com o agravante que agora como iria entrar de novo em minha própria casa tendo que encarar o olhar de minha mãe e meu pai?

Saí do meu devaneio quando alguém trombou em mim, me derrubando.

- Olha por onde anda, caramba! - exclamei brava, por estar no chão.

- Mil desculpas...Quer ajuda para levantar? - a mulher ofereceu-me a mão e então pude ver seu rosto. Um rosto que eu pensava não mais ver.

- Satty...? - indaguei, ficando de pé.

- É meu nome. De onde me conhece?

- Sou eu, Rachiele! A noviça que estava indo atrás da Flor das Ilusões! Lembra? Eu estava no Monte Jolnir quando você me salvou e...e...- calei-me, mas ela colocou a mão aberta sobre meus lábios e fez sinal de silêncio colocando o indicador em riste nos próprios lábios antes de tornar a falar.

- Já lembrei. O que está fazendo aqui? E onde está seu uniforme?

- Eu...- hesitei, mas não deveria. Eu estava diante de uma amiga - Eu desisti.

- Desistiu...? Que pena! Eu achava você com o uniforme de noviça uma graça! - ela sorriu ao dizer isso - E está indo para onde agora? Vai virar uma maga?

Neguei veementemente. Disse que iria para casa, que aquilo de ser noviça tinha me enchido e eu mesma não queria mais saber de nada.

Indaguei a ela o que fazia em Prontera.

- Só estou de passagem. Vim comprar um pouco de comida e daqui sigo viagem. Não gosto de cidades como essa...Tanta gente passando pelas ruas...Esses mercadores fazendo um caos para vender mais que os outros...

Sugeri então que conversássemos em algum lugar mais tranquilo. Ela concordou e saímos da cidade,num silêncio cúmplice, até que paramos debaixo de algumas árvores, onde Satty deixou sua mochila e cajado de lado.

- Bem minha preciosa orquideazinha, o que aconteceu? - ela me perguntou gentil.

Cerrei os punhos, olhando o chão. Eu deveria ser muito afortunada por achar alguém como Satty ali, tão perto de casa.

- Rachiele...? Está bem? - ela indagou.

Abracei-a como nunca teria feito igual com minha mãe e chorei, chorei por longos instantes, ao passo que Satty acarinhou minha cabeça, dizendo com tom de voz baixo e com ternura:

- Sentiu saudades...Não quer ficar sozinha, estou certa?

Concordei. Em meu intímo me amaldiçoava por ter dormido demais aquele dia e tê-la deixado partir sem mim. Mas...

- Quer vir comigo Rachi? - perguntou ela.

Pensei por longos instantes, tinha algo errado comigo. Algo me empurrava para dizer "Sim", mas outra coisa gritava dentro de mim um "Não" estrondoso.

- E-eu não sei...desculpe... - balbuciei.

- Você não fez nada de errado, Rachiele. - disse ela com firmeza.

- Mas...mas...Eu queria ficar com você...

Ela apenas sorriu.

- Não. Na verdade, você não precisa Rachi.

- Porque não? Minha mãe...

- Rachiele...O que foi que eu te disse naquele dia de chuva? Se lembra?

Silenciei. Eu tinha esquecido.

- Eu te disse: "Espalhe amor e não ódio." E disse também: "Seja você. Não o que os outros querem que você seja.".

- Mas eu queria... - soluçei e o resto da frase não saiu.

- Você quer ficar presa a mim. Tem certeza disso?

Tremi. Não tinha certeza daquilo.

Na verdade não tinha certeza de nada.

- Você é uma boa menina. - disse Satty acariciando meu rosto - Vá para casa. Sua mãe está esperando. Eu tenho que ir.

Fiquei sentada no chão, triste, olhando enquanto Satty se erguia com seus pertences.

- Lembre-se do que eu te disse. Adeus Rachi. - assoprou-me um beijo e se foi, assobiando uma música alegre enquanto ia em direção do Monte Jolnir.

Assim que Satty sumiu de minha vista, me levantei, enxuguei minhas lágrimas e voltei para a cidade e todo seu movimento.

Guardei dentro de minha alma as palavras que Satty me deixara e uma a mais, que percebi apenas agora, quando ela me deixou pela segunda vez:

"O Amor não aprisiona. Ele liberta."

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Capítulo 4: Volta ao lar

 

 

 

 

Chamo-me de Rachiele, a vanir*.

Desde que fugi de casa aos 15 anos, tenho vivido tentando esquecer meu passado e minha familia.

Minha mãe, senhora Irene Nathaly, era uma dançarina.

Odalisca como dizem em Comodo.

Rude comigo, me destrata com frequência. Embora eu nunca tenha comentado, ouço os outros falando que minha mãe não abandonou sua antiga vida de promiscuidade, mesmo tendo se casado.

Deve ser verdade, sendo que ouço ou melhor, ouvia,isso da boca de tanta gente.

Meu pai, senhor Norman é um guarda como outros que ficam pelas ruas da cidade em patrulha ou então perto das entradas/saídas da mesma ajudando viajantes que chegam.

Se casou com minha mãe quando a mesma passava por Prontera. Fica mais tempo fora do que dentro de casa. E isso me perturba.

Meus irmãos...Sei que devíamos ter uma casa cheia, mas por alguma razão, meus irmãos ao se tornarem aventureiros saíram de casa e nunca mais voltaram, salvo minha irmã mais velha, Rose que de vez em nunca aparece em casa.

E hoje me coloco novamente diante de tudo isso que passou.

Eu voltei para casa. Um ano depois, mas voltei.

Toc,toc,toc,toc,toc.

- Pode entrar.

Toc,toc,toc,toc,toc.

- Pode entrar, a porta está aberta. ( Quem será...? )

- Com licença...

- Ah, é você filha...pensei que fosse outra pessoa.

Mamãe nunca foi de se importar muito comigo. Depois que entrei, deixou-me só e voltou para seu quarto.

Nada mudou com minha ausência. Nem se importaram com o fato de eu ter fugido.

( Vai ver, esperavam que eu fugisse... )

Caminho até o quarto de minha mãe. Quando eu estava quase chegando, ela saiu. Resolvi interpela-la.

- E o papai?

- Você está sempre perguntando dele, Rachiele...Você sabe que ele fica na Guarda a maior parte do tempo. Ele mal aparece por aqui. Outro dia vi ele com alguns guardas fazendo a ronda noturna. Como se isso fosse adiantar alguma coisa...A cidade vive sendo invadida de tempos em tempos...O serviço dos guardas é igual a nada.

- É...

- E você filhinha? Se divertiu com sua "viagem"? Viu como aprendizes sofrem?

- Sim,sim...eu vi...Na verdade me tornei um noviça, mas...

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Noviça? Você?

- É...

- Tô vendo que largou a batina.

- Sim, eu desisti.

- Eu não esperava outra coisa de você, Rachiele. Noviça...Hehehe...

Queria falar com o papai. Mas ele não vêm pra casa. Aquilo que Satty disse-me encorajou-me a tentar de novo o sacerdócio, mas conversar com minha mãe foi ser ensopada por um balde de água fria.

Fui silenciosa para meu quarto. Nem olhei para trás.

Meu quarto não mudou também.

A mesma cama, só que mais suja, cheia de poeira.

A mesma sujeira de sempre. ( Mamãe definitivamente só é asseada quando quer.)

As mesmas roupas num saco.

- Ah!

Tiro de um gibão velho e desgastado um pequeno boneco, minha mãe disse que foi presente de meu pai quando eu era muito nova. Um boneco de um Picky, o filhote de um Peco-Peco, um pássaro imenso que os cavaleiros usam como montaria.

- Eu passei a gostar de pássaros por causa desse boneco...

Acaricio a cabeça do boneco, sujo, como tudo por aqui. Uma das asas está descosturada, quase caindo. Pego um pedaço de linha e agulha e começo a conserta-la.

Alguns minutos se passam e a asa do pássaro está consertada.

Ergo o boneco e o olho em seus pequenos olhos feitos de botões escuros.

- Você está bem agora Picky! A noviça Rachiele de Prontera cuidou de você. Você me perdoa por ter machucado seu irmão?

Movo a cabeça do boneco, fazendo um "sim". Tiro a poeira dele e o coloco sentado no criado-mudo.

Dou um leve sorriso para mim mesma,por ter consertado a asa do boneco com sucesso.

-------------------

- Rachiele, eu preciso sair.

- Tudo bem, mãe.

- Não me faça bagunça.

- Sim.

Comi uma maçã e me pus a tecer. Apesar de nunca mais ter costurado desde que me tornei uma aprendiz, ainda sabia como não me furar com a agulha.

Engraçado como certas coisas não nos deixam, mesmo que se passe tanto tempo.

Abro a janela enquanto costuro, vejo pessoas passando pelas ruas:mercadores e seus carrinhos, cavaleiros e seus pássaros,caçadores e seus falcões aos ombros, noviços e sacerdotes envoltos em preces, espadachins e magos descansando de suas lutas.

Será que meu lugar seria realmente ao lado deles?

Crianças correndo pela rua, numa perseguição frenética a um garoto de cabelos embotados e sujos enquanto adultos andavam e conversavam, por vezes saudando algum cavaleiro ou sacerdtote.

Me voltei para o interior do quarto e costurei a esmo, sem pensar em nada, apenas para que o tempo transcorresse mais depressa. Quando dei por mim a linha tinha terminado.

Olhei para o que tinha feito e entendi que meu lugar não era ali, dentro de casa, destratando dos outros como minha mãe faz.

Eu tinha costurado uma camisa de algodão.

 

 

 

 

*Vanires: Segundo reza a lenda, os vanires eram deuses como os aesires (Thor, Odin e outros deuses) contudo eram de indole pacífica, o que fez com que os aesires os rotulassem como fracos.

Tal idéia veio abaixo quando eclodiu uma guerra entre os aesires e os vanires e os últimos mostraram que eram tão ou mais poderosos que os aesires.

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Capítulo 5: Para Alberta

 

 

Estava decidido: devia voltar ao campo, ainda que como uma aprendiz e trilhar meu caminho.

Se o sacerdócio era corrputo, leviano e nocivo, isso não queria dizer que eu tivesse que ser igual.

Abri o mapa. O ideal seria algum local com poucas pessoas, para poder, em meus momentos de descanso, refletir sobre tudo que passei e sobre o caminho a seguir, novamente.

Alberta.

Cidade costeira, com pessoas em sua maioria ricas, se ligava à capital, Prontera, através da pequena cidade de Izlude.

Em Alberta localizava-se a Guilda dos Mercadores, local onde novos mercadores e ferreiros eram formados. Normalmente, os mercadores ficavam por uma rápida temporada em Alberta, e depois rumavam para outras cidades.

( Ora, a quem eu tentava enganar? A esmagadora maioria de mercadores vinha para Prontera e aqui ficava. Soube de alguns que ayté formavam famílias aqui. Não sei se aqui eles faziam lucro mais depressa como diziam, mas sei que por causa deles o simples ato de andar tornou-se um desafio enorme, mesmo para um clã numeroso. )

Mamãe entrou em meu quarto. Escutei quando me pegou com o mapa aberto na mão, mas não entendi o que ela disse.

- O que pensa que está fazendo, Rachiele? Daqui você não sai mais! Tem muito trabalho a se fazer nessa casa! Ainda não desistiu dessa vida de aprendiz de nada?

Guardei silêncio e não a olhei. Senti meu coração apertar.

- Então a grande vagabundinha vai viajar de novo? Vai pra onde dessa vez, mocinha? Vai ver a pirâmide em Morroc? Talvez vá para o porto em Alberta, para conhecer os marujos, não? Ou será que vai para Payon para que aquela velha leia tua sorte e roube seu dinheiro?

Mamãe só dizia essas coisas porque sabia que se eu partisse, ela mesma teria que cuidar da casa. E ela odiava aquela casa, não sei porque.

- Rachiele, olha pra mim! Eu sou sua mãe. Estou mandando!

Eu já estava cansada daquilo tudo...

- Eu estou mandando, sua vadiazinha! Olhe pra mim quando falo com você!

Minha mãe parou diante de mim, jogou minha mochila para longe e com raiva no olhar, me deu um forte tapa no rosto.

- Dessa casa voce não sai mais. Eu mando aqui. Você obedece. Sempre foi assim e não tem porque mudar agora. Você entende isso?

Murmurei um "Não" e olhei com desprezo para minha mãe. Eu já tinha suportado demais.

Fechei o punho e agredi minha mãe, que foi ao chão , supresa.

- Po...po...por que...?

Ela pareceu-me desnorteada. Decerto não esperava uma reação daquelas.

Juntei minhas coisas, o mapa e levei a mochila às costas.

- Mãe, vá à merda. Eu sei me cuidar melhor que você. E não preciso de nada seu. Tudo que tenho aqui adquiri pelo meu próprio esforço e pela generosidade dos outros. Coisa que você nunca teve nem por mim, nem por ninguém.

Ela arregalou os olhos com o que eu dizia.

- Adeus. Se Deus quiser, não voltaremos a nos encontrar.

Saí do meu quarto com a mochila nas costas. Alberta me esperava para meu novo treinamento.

Mas senti algo remoendo dentro de mim que não sabia explicar o que era.

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  • 3 weeks later...

Capítulo 6: Edgar

 

Definitivamente, eu mudei.

Não era mais aquela "coisa" que temia minha mãe e o que os outros pudessem pensar de mim.

Aprendi a me colocar no lugar do outro, e assim, entender um pouco do que o outro também sente.

Meu nome é Rachiele. E por enquanto, sou uma "simples aprendiz" como disse o líder dos cavaleiros de Prontera e um exímio manipulador, senhor Léo Von Filtch.

Saí novamente de casa. Agora mais confiante pelo menos em mim mesma.

Alcancei a cidade de Izlude ao entardecer; chequei minhas economias: o dinheiro estava no fim.

Suspirei e fitei os porings que pulavam ali por perto; poderia mata-los sem dificuldade, mas algo me deteve...

- Deve ter outro meio... - disse a mim mesma olhando a esmo.

Não percebi, mas um dos porings se aproximou de mim e acariciava meu pé esquerdo.

Olhei pra ele.

- Não desanime, aprendiz. Seu caminho é longo, mas muito auspicioso pelo que posso perceber. Não é justo que uma vanir como tu, Rachiele, se deixe abduzir pelo desânimo.

- Mas...mas que diabos é isso?? Você é um Poring! Um monstro! Monstros não falam!!

- Huhuhuhuhu...

-----------

Acordei num bar em Izlude. Tinha desmaiado por fraqueza. Também pudera! Pra quem está acostumada a comer quase o tempo todo e fazer caminhada , ficar sem comer é beber veneno.

Um senhor de chapéu se aproximou de mim, sorrindo. Sentou-se no chão, ao lado do tapete onde eu estava deitava e deu-me uma poção vermelha e uma maçã.

- Boa noite mocinha. Veio se tornar uma espadachim como os outros aprendizes ou veio fazer outra coisa em Izlude? - ele perguntou.

- Vim pegar o barco para Alberta...Err...Quem é o senhor? - indaguei.

- Edgar. Pode me chamar só de Edgar. Acharam você tombada perto da entrada da cidade...Haviam muitos Porings perto de você...tentou pegar todos de uma vez só?

- Não...eu... - naquele instante pensei: Será que o Poring tinha mesmo falado comigo? Sempre ouvi falar que Porings falavam,mas nunca daquela forma tão...acadêmica! - Eu não me lembro senhor Edgar...

- Tudo bem, tudo bem...Ah...você vai para Alberta...Se quiser, me diga seu nome, eu posso conversar com o "dono" do barco e lhe providenciar um desconto...

- Ah, é Rachiele! - Aquilo muito me interessou, minhas economias minguavam conforme eu andava... - Obrigada por tudo, senhor Edgar!

- Certo moça...olhe, coma a maçã e beba a poção vermelha antes de ir. Meu colega da taverna não gosta de gente ficar deitada aqui quando poderiam estar clientes...

Edgar saiu e eu me apressei a comer e me recuperar; de fato, ficar deitada no chão de um bar não era algo lá muito bom para o dono.

Acho que se eu fosse a taverneira pensaria do mesmo modo.

"Sejam bem-vindos à Taverna de Rachiele Nathaly! Vamos, entrem, entrem! Temos comidas e bebidas! Vinhos para todos os gostos e carnes assadas em carvão de Morroc!"

Acordei do devaneio, sacudi a cabeça, terminei a maçã e a poção e saí apressada.

Acho que estava ficando louca.

---------

Descobri tempos depois que Edgar era o dono do barco. Ele normalmente cobrava um valor "xis" de quem podia custear a viagem de Izlude até Alberta, mas frequentemente, fazia a viagem de ida mais barato para quem não dispunha de tanto dinheiro.

Esse era meu caso.

A viagem transcorreu normalmente; quando nos aproximava-mos de Alberta, vi um navio encalhado. Perguntei o que era aquilo a um marujo.

- Aquele é o navio assombrado, aprendiz...Dizem que nas profudenzas dele ainda tem algum tesouro...Gente como você costuma ir pra lá, poucos conseguem algo realmente valioso...os fantasmas dos mortos são muito hostis...Eles eram piratas liderados pelo lendário Drake... - ele disse.

Talvez, algum dia, eu visitasse o Navio Assombrado de Alberta...

Ou não. Ambientes úmidos como o Esgoto de Prontera agora me causavam mal-estar.

É...mudei.

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Capítulo 7: F!z@n

 

 

Era Natal.

Uma época supostamente feliz onde as pessoas, também supostamente felizes, andavam em cidades enfeitadas e felizes fazendo coisas que deviam ser...felizes.

Menos eu.

Treinei um pouco pelos arredores de Alberta e descansava, só o silêncio me dava abrigo.

Ao vasculhar os restos de uma planta verde, descobri uma comprida folha que poderia valer algum dinheiro.

Experimentei-a, mas ficou horrível ao meu ver: onde já se viu uma aprendiz com uma folha enorme na boca, a mascando?

Deixei a folha guardada na mochila. Depois eu veria o que fazer com ela.

Percebi que a clava que achei na toca de um poring não seria suficiente para minhas próximas andanças: estava basicamente com o mesmo equipamento de quando saí de Prontera.

Era preciso, mesmo a meu contragosto, ir às compras.

Felizmente eu estava em Alberta, pátria dos mercadores. Logo, não seria dificil arrumar alguém vendendo algo que eu pudesse pagar.

Tive uma estranha impressão quando pensei nisso.

------------

- Sire!

- ?

- Sire, tem equipamento para aprendiz?

- Tem não! Você acha que eu perco meu tempo com isso? Aprendizes nunca tem dinheiro! Olha a Claymore flamejante por 9kk!

- Err...senhor...?

- Que é, aprendiz? Estou trabalhando!

- Que é isso de káká?

- Ah...Sua caipira! Nunca morou em cidade grande não? Um "ká" significa mil, dois "kás" significam milhões. Então vendo essa espada por 9 milhões de Zennys! Entendeu?

- 9 milhões...??? Sim,sim entendi...

- Ótimo, agora saia. Está afugentando os fregueses. Você parece uma mendiga!

Eu não ia desistir tão facilmente...Mas que aquele mercador foi muito rude, isso ele foi!

Pelos Deuses...9 Milhões numa espada?? Quem pagaria tanto dinheiro??

- Sire!

- Pois não?

- Tem equipamento para aprendiz?

- Olha, acabei de vender um gibão e um bracelete, mocinha. Agora só tenho cartas.

- Ahh...Obrigada...

De repente, eu começava a entender porque os mercadores em Prontera vendiam coisas a preço caro...

- Sire!

- Diga.

- Tem equipamento para aprendiz?

- Não.

Pelo menos esse foi direto...Talvez as coisas não fossem tão fáceis quanto pensei.

- Miss!

- Oi.

- Tem equipamento para mim?

- Humm...Quer uma clava?

- Já tenho.

- Bem, só tenho isso.

- Ah, obrigada.

Sentei-me num canto enquanto olhava os passantes. Acho que minha má sorte voltou a atacar. Bem, decidi ir comprar mais algumas lupas e depois voltar ao campo para fazer mais dinheiro com tranqueiras que os monstros escondem.

Senti-me suja e me lembrando do comentário do mercador, entrei numa estalagem e pedi por um banho.

- Hummm... - um senhor de vasto bigode me encarou por trás do balcão. Olhei para ele, como se eu dizesse: "Algum problema?"

Evidentemente, o homem ao me ver naquele aspecto não deve ter tido as melhores impressões. Decidi falar.

- Estou treinando aqui para me tornar uma noviça. Logo vou para Prontera para ser ordenada. Eu concordo em trabalhar em troca, caso meu banho saia muito caro, senhor!

A expressão dele pareceu mudar. Colocou a mão no queixo, fechou os olhos e pensou por alguns instantes.

- 50 Zenny pelo banho. E é só pelo banho, entendeu? Nada de ficar aqui depois disso. Estamos com poucos quartos.

- Tá.

- Tem roupa limpa aí? - ele apontou a mochila.

- Não...preciso lavar...

- Mais 50 Zenny para lavar e passar suas roupas. Tem pelo menos um ferro?

- Não, mas...

- 75 Zenny para usar o ferro de água quente da hospedaria!

Aquele cara estava louco! Se continuar assim, vou embora e fico suja!

- E esses sapatos sujos de lodo? - indagou ele.

- Ah...eu tiro eles antes de entrar no quarto! Prometo!

- Sim...Estou vendo... - ele me mediu.

- Astolfo! - disse uma voz, vindo detrás dele - O que pensa que está fazendo? É uma pobre aprendiz!

Era a mulher do estalajadeiro. Ela parou ao lado dele e me olhou. Acho que ficou com pena de mim. Então ela disse:

- Mas veja o estado dessa menina, você perdeu o pouco juízo que tem? Como pedir tanto dinheiro de uma remendada assim?

Franzi a testa, mas calei.

Graças a dona Gioconda ganhei um banho de graça e minhas roupas limpas e passadas. Agradeci aquela gentil senhora e ganhei a rua de Alberta novamente.

Comprei uma maçã num mercador e quando a abocanhei vi mais uma mercadora, parada no meio de uma rua com pouco movimento, arrumando suas coisas.

Bem, não custava...

- Ei dona!

Mas ela não me respondeu. Estava numa concentração impressionante.

- Ei dona! Tem o que aí?

Pensei que ela não fosse me responder. Sentei ao lado e esperei alguns instantes.

- Oi...?

- Oi dona. Tem o que pra vender aí?

Ela me abriu um enorme sorriso e disse-me, com ar infantil e agradável:

- Um montão de coisas!

Ótimo! Parece que minha sorte melhorou agora.

- Legal! Tem coisas pra aprendiz?

- Tem sim. O que vc precisa?

- Eu queria uma armadura melhor... talvez uns sapatos novos...de arma eu tenho a clava, ela tá servindo.

- Humm...Deixa eu ver...Serve um gibão e uns sapatos?

- Serve sim.

- Você tem escudo?

- Não, não preciso.

- Venha comigo.

- Dona! Como é seu nome?

- Fizan! Meu nome é Fizan, aprendiz.

Fomos até uma loja. Mercadores, pelo que eu sabia, costumavam comprar itens de lojas e revende-los, às vezes a preços menores.

- Tudo vai sair por 500 Zenny, ok?

- Ok.

Recebi um gibão e sapatos novos. Já não era sem tempo.Meus pés me matavam e minha camisa de algodão estava encardida de tanto andar.

- Ei, venha aqui aprendiz.

Pensei comigo mesma o que a mercadora queria. Estava acabando de colocar os sapatos quando me levantei e fui até ela.

- Pra você.

Ela me deu um escudo simples, chamado vembrassa, recebi-o, surpresa.

- Mas, mas...Eu não posso...

- É Natal. Por favor, aceite.

Aceitei, e as feições do meu rosto mudaram: achar gente assim em Midgard fazia-me enormemente bem. Era como...

...Sentir o frescor de uma manhã com cheiro do orvalho.

- Dona Fizan, obrigada, eu jamais vou esquecer o que fez por mim.

Ela sorriu, nos despedimos e voltei ao campo.

Ah! Acredito que aquela folha me deu sorte. Tirei-a da mochila e coloquei-a na boca e passei a sentir o gosto levemente doce dela. A folha passou a me aliviar muitas tensões, sendo periodicamente mordida por mim quando estava com fome.

Nham-nham!

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Adorando a fic, tambem não conseguir parar de ler até terminar, vai continuar postando né?

 

Que termo fofo esse, "orquidea" de onde você tirou isso? rs

 

Engraçado que jogo esse jogo a tanto tempo e visito esse forum sempre e nunca entrei nessa area de fanfic, e agora que eu entrei não consigo parar de ler a criatividade dos players.

 

Aguardando a continuidade *-*

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Adorando a fic, tambem não conseguir parar de ler até terminar, vai continuar postando né?

 

Que termo fofo esse, "orquidea" de onde você tirou isso? rs

 

Engraçado que jogo esse jogo a tanto tempo e visito esse forum sempre e nunca entrei nessa area de fanfic, e agora que eu entrei não consigo parar de ler a criatividade dos players.

 

Aguardando a continuidade *-*

 

 

Vou postando até onde der. =) Tem muitos capítulos feitos, mas acho que vocês podem se cansar da história, já que ela é meio arrastada em alguns momentos.

A respeito da flor, era pra eu colocar lírio (yuri) mas esse termo é razoavelmente conhecido por fãs de anime e mangá, então pensei em usar alguma outra flor.

Nesse sentido as orquídeas caíram como uma luva, simbolicamente falando.

Acerca da área de Fanfic, já tivemos gente muito boa postando aqui, mas esse pessoal foi parando de jogar e chegamos no ponto onde estamos.

É triste ver isso, mas tenho alguma esperança que as coisas possam voltar mais ou menos o que eram antigamente.

Não digo ter umas 20 fics novas sendo feitas ao mesmo tempo, mas umas 5, 6 sendo atualizadas com alguma frequência seria muito bom.

Por falar nisso, já leu "O oráculo da Morte" do Coyote Stark? Ele está reorganizando a fanfic dele porque o fórum novo bugou o tópico dele.

De resto, obrigado por ler!

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Capítulo 8: Guilherme e as máscaras felizes.

 

 

Meu treino em Alberta avançava; entre um esmagar de pequenas larvas de inseto aqui e enormes pupas acolá eu me tornava mais forte. Em breve poderia ir até Prontera me tornar novamente uma noviça e fazer o padre Necrus e mamãe engolirem suas palavras.

- Treinando para ser mercadora, aprendiz?

Era um espadachim, um guerreiro versado nas artes da espada que depois vim a saber, seu nome era Guilherme.

- Não. Quero ser noviça. Mas é mais fácil ficar treinando por aqui e depois vou pra Prontera.

- Treinar aqui e depois ir pra Prontera é mais fácil? - ele sorriu com razão; eu tinha dito uma grande tolice.

- Sim, pra mim é. - respondi esmagando mais uma pupa de inseto.

- Humm....Bem, então isso deverá lhe ajudar.

Ele me ofereceu o custeio de uma passagem de volta para Prontera. Pensei em recusar.

- Você vai precisar desse dinheiro, aprendiz. - disse o guerreiro.

- Mas...

- Se nos encontrarmos de novo, você me paga, ok?

- Sim.

Seria muito dificil de nos encontrarmos novamente, mas concordei. Uma vez mais minha sorte me ajudava.

----------------

Entardeceu. Recostei-me na murada da entrada da cidade e fiz da mochila um travesseiro improvisado. Se esfriasse demais, entraria na cidade e procuraria uma hospedaria. Com certeza dona Gioconda não se incomodaria de dar uma noite com desconto para uma "remendada" aprendiz.

Mas o frio não veio e fiquei a olhar as estrelas que surgiam naquela bela noite...

Alta noite. Exceto pelo som de alguns insetos teimosos, até mesmo os salgueiros encantados se recolheram para descansar.

Não ousei tocar no dinheiro que Sir Guilherme me dera. Foi quando ouvi algo.

Fingi dormir, ocultando minha face atrás de uma pedra, escutei atentamente a tudo.

- Depressa! Andem! - disse uma voz masculina - Ela nos espera! Estamos atrasados!

Som de rodas...não de carruagens, mas possivelmente menores...

Carrinhos de mercadores.

- Cara, isso é loucura! Ela acha mesmo que vai distribuir todas essas coisas? Essas máscaras são horríveis...mais feias que chapéu de padre! - disse um deles.

- Duvido que você dissesse isso na presença de um padre... - comentou um segundo.

- Chega vocês dois! - atalhou um terceiro - Vamos, a Dona Risadinha nos espera!

Quando eles se afastaram um pouco mais, levantei minha cabeça na direção deles e vi 3 mercadores, cada um deles com carrinhos carregados de máscaras felizes, chamadas por alguns de Sr. Sorriso.

Mas...pensei comigo mesma, porque entregar algo como máscaras felizes no meio da noite, na mais completa surdina?

Alguma coisa estranha estava acontecendo.

Esgueirei-me pelos vãos das casas grandes de Alberta, precisava descobrir o que estava acontecendo.

Naquela noite, até o Guia da cidade cochilava , de pé com a lança em punho.

Os mercadores pararam na entrada da guilda dos mercadores, eu vi um homem chamado Mansur conversando com Dona Risadinha ali enquanto os mercadores entravam na guilda; provavelmente estavam cansados, pois deixaram os carrinhos ali mesmo.

Vi Mansur falando mais alguma coisa com Risadinha, mas por algum motivo, falavam baixo: só via os lábios se movendo. Sei que Mansur falou algo para Risadinha, gesticulou, erguendo os braços em direção ao céu estrelado enquanto falava algo que provocou riso na pequena mulher.

Mansur a cumprimentou, e entrou na guilda.

Dona Risadinha parou diante dos carrinhos carregados de máscaras e outros itens e calmamente, foi engatando um no outro.

Para meu espanto, segurou firme no carrinho da frente e empurrou os 3 sem dificuldade alguma.

Eu a segui, sorrateiramente.

Eu estava com a impressão que estava prestes a descobrir algo importante.

Vi Dona Risadinha indo em direção de uma moça da corporação Kafra, numa praça em Alberta...

( Pensando bem, era estranho que as moças da corporação nunca se cansavam, e sempre estavam com um sorriso no rosto...Ouvi dizer de algumas que ficavam em pontos muito afastados ou mesmo perigosos, como a Vila dos Orcs. )

Limitei-me a observar.

- Abra meu armazém. - escutei Risadinha falando.

- Eu quero uma máscara antes! - exclamou a Kafra e eu pude ouvir com clareza.

- Ah, droga. Tudo bem. Tome uma. - e tirou uma máscara do carrinho da frente, dando -a à moça.

- Ahhh... - exclamou a Kafra, colocando a máscara e, ao meu ver, sentindo um grande bem-estar.

Ambas seguiram até uma casa vazia, onde a Kafra mascarada abriu a porta e eu pude ver: diversas caixas com a máscara do Sr. Sorriso estampadas. Dona Risadinha deixou os carrinhos dentro da casa saindo logo após; a Kafra fechou novamente o local e, como por encanto, virou-se repentinamente na minha direção, dizendo com a máscara no rosto:

- Você viu!

Fui tomada de súbito espanto ao ser descoberta; temendo represálias, corri o mais depressa que pude mas trombei em alguém.

Olhei. Era Guilherme. Estava com uma máscara feliz.

- Você viu! - apontou-me o dedo, como se eu tivesse cometido um crime.

Corri de novo, mas percebi-me cercada.

- Você viu!

Era um dos mercadores. Usando a máscara.

- Você viu demais!

Era o outro mercador.

- Você viu, aprendiz!

Todos apontando o dedo para mim, me cercando.

- Você viu aprendiz. Que pena.

Esse era o chefe Mansur. Também de máscara.

- ...Viu.

Até o Guia!

- Bem... - escutei a voz de dona Risadinha. - Ela viu.

Todos disseram: "Sim."

- Então, ela não pode ver mais. - disse ela com uma máscara em mãos.

Todos me seguravam para que eu não escapassasse. Dona Risadinha veio em minha direção com a máscara e a ultima coisa que me recordo é que vi o escuro da máscara cobrindo meu rosto...

---

Acordei. Um poring comia uma maçã que deixei fora da mochila.

Peguei a clava e dei-lhe uma lição.

Olhei em volta: estava do lado de fora de Alberta, tinha dormido ao lado da murada.

Aprendizes como eu caçavam Porings e Fabres* por ali.

Deve ter sido o sonho mais estranho que tive.

Mas se foi um sonho mesmo, porque estou com esse gosto de menta na boca?

- Me cura, pliz?

- Você tá doente cara? Eu sou aprendiz como você!

- Mas...você tá sentada como uma noviça...

- VAZA! Senão racho tua cabeça com a clava!

Afugentei o aprendiz, peguei minhas coisas e continuei o treino.

Ei! Aquele aprendiz usava uma máscara feliz!

Será que...

Ô raça! Deixa pra lá!

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Capítulo 9: Escolhas

 

 

Comecei a pensar sobre o que eu realmente queria me tornar.

Sim, minha escolha para o sacerdócio balançou. Depois de conhecer Fizan e outro mercador apelidado de Dragão Lich (?) pensei seriamente em me tornar uma mercadora.

Mesmo sabendo que eles não possuiam grandes habilidades de combate, pareceu-me que um mercador poderia ajudar os outros tanto ou até mais que um noviço.

Outra possibilidade: me tornar espadachim. Afinal de contas, Izlude, a sede dos guerreiros ficava bem mais perto.

Eu poderia tentar ser uma guerreira sagrada, uma Cruzada, Templária, ou qualquer coisa assim.

Mas...ainda estava em dúvida.

- E aí?

- Oi.

- Treinando?

- Sim.

- Decidiu que profissão seguir?

- Não...e o pior de tudo é que muito em breve estarei pronta para o teste que as guildas impõem aos aprendizes...E você? Vai ser o que?

- Espadachim. Serei um grande guerreiro.

- Aahh..

- Porque você não se torna uma espadachim também? Daí poderíamos ser uma

dupla... - disse, me olhando com alguma esperança.

Espadachim?

Imaginei-me segurando grandes espadas, que de tão pesadas só podem ser manuseadas com as duas mãos. Me vi em meio as guerras de clãs liderando um grupo contra os adversários, montado ou a pé enquanto fileiras se erguiam contra nós, com sede de sangue nos olhos...

Pensei em derrotar todos eles, e me erguer, vencedora num campo de batalha devastado.

E até mesmo minha mãe, que nunca acreditou em mim sorriria.

Ela falaria algo como: "Eu sabia que você conseguiria Rachi..."

E claro, após a vitória, tomaríamos posse de tudo que era dos nossos inimigos.

Ficaríamos ricos, e com muito renome por termos vencido a guerra.

E talvez Satty viesse me ver.

Não, pensando bem, acho que mesmo que eu vencesse ela não apareceria...

- Ei? Tá me escutando? Que foi? - indagou o aprendiz; só então notei que ele falava comigo enquanto eu devaneava - E então? Vamos ser guerreiros ou não? - ele perguntou.

- Não sei...não me agrada muito essa idéia de uma moça ficar com a espada na mão o tempo todo...

O aprendiz se levantou e partiu, me olhando com certa raiva pela troça que fiz dos espadachins...Se todos os guerreiros eram como ele, talvez fosse melhor eu ser uma mercadora...

- Miss!

- Pois não?

- Como é ser uma mercadora?

- Ah, eu acho legal. Mas tem o seguinte: nem pense em brigar muito.

- Porque?

- Não somos de briga não. E nossa técnica de ataque custa dinheiro.

- Ahh...

- Por outro lado, é bom sempre ter em mãos as coisas que você ou os outros precisam...Você se sente incomodada por ter que vender as coisas para os outros?

- Um pouco.

- Melhor então você mudar esse seu jeito de pensar. Senão você vai abrir falência. Vai querer algua coisa?

- Duas maçãs.

- 8 Zenny.

Saí pelas ruas de Alberta pensativa, o dia demorou a findar.

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Capítulo 10: Balada do Natal Distante

 

 

Natal, mas que coisa mais chata.

Papai Noel trocando presente, criança andando pela rua com presente.

( Um ou outro mendigo que fica visível por instantes, antes de sumir no meio das pessoas...)

E claro, nessa época aparecem os tais "Porings Noéis", assistentes do tal Santa.

Raça-ruim!

Esmaguei mais um sem o menor remorso.

Natal, bah!

Dormi de novo do lado de fora de Alberta.

O sono demorou a chegar...Abri os olhos e dei uma rápida olhadela em volta de onde estava.

A murada ,silenciosa, abrigava algumas plantas verdes, mas não era hora para destrui-las.

O portão para a cidade, fechado, parecia ter a mesma sensibilidade de uma rocha..

Parecia não! Aliás, tinha a mesma sensibilidade de uma rocha!

Pareceu-me que o portão abrira. Mas... aquela hora? Quem estaria a sair?

Como estava sem sono, fiquei olhando.

Saiu de dentro da cidade um garoto, não devia ter mais que uns 10 anos.

Se vestia mal, maltrapilho...sujo.

Era possivelmente um dos mendigos que eu vira vez por outra quando andava por Alberta.

Ele foi em direção a algumas árvores ali próximas e sumiu na escuridão.

Mas o portão permaneceu aberto.

Uma menina.

Assim como o garoto, nova, suja, um vestido rasgado e encardido.

Fez o mesmo trajeto que o garoto.

E o portão continuou aberto por um longo tempo.

Pensei comigo que raios estava acontecendo.

De onde estava saindo todos aqueles mendigos? Será possível que eles se escondiam durante o dia em algum lugar de Alberta?

Um ultimo garoto sumiu entre as árvores, e o portão se fechou novamente.

Me levantei, peguei minha lâmina e fui ver o que acontecia.

Numa clareira, as crianças maltrapilhas estavam sentadas em círculo, em torno de um trono de madeira.

Então ele apareceu.

Tão ou mais maltrapilho que todos que ali estavam.

Com um gancho ameaçador no lugar de uma das mãos.

Um saco de tecido vermelho remendado, dando uma idéia de decadência.

Era Antônio.

Dizia-se que Antônio, era rival de Noel. E durante a época de Natal, roubava meias dos pequenos que esperavam presentes e furava-as.

Noel sempre recompensou bem quem levava as meias furadas até ele.

Mas então, o que Antônio estava a fazer com aquelas crianças, ali, no meio da Floresta que ligava Payon à Alberta?

Um menino se aproximou de Antonio. Apenas fique a observar, oculta.

- O que você quer nesse Natal? - perguntava Antônio, com o garoto em seu colo.

- Quero meus pais de volta. - disse o menino.

- Ah, isso Papai Noel não pode lhe dar. - respondeu Antônio.

O menino praguejou algo em um múrmurio, chutou Antônio e saiu do colo, sumindo na escuridão da mata. Outro menino se aproximou de Antônio e sentado ao colo esperou sua vez.

- O que você quer nesse Natal?

- Quero que meus pais não briguem mais.

- Isso Papai Noel não pode te dar.

- Droga...droga...droga! - saltou do colo, não olhou pra trás e sumiu como o primeiro.

Veio então uma menina.

- Quero que meu padrasto nunca mais me procure enquanto eu estiver dormindo...

- Isso Papai Noel não pode te dar.

- EU ODEIO PAPAI NOEL! - e assim como os outros, sumiu na noite.

Antônio apenas olhava por segundos mais aquela criança sumindo floresta adentro, e se voltava para mais uma criança que sentara em seu colo.

- O que você quer do Papai Noel?

- Quero que meu tio, que se tornou um fantasma, volte pra casa...

- Isso Papai Noel não pode te dar.

- Porque? Porque?? PORQUE???

Antônio era um Noel que não atendia nenhum desejo das crianças.

---------------------------

Devo ter cochilado na grama, não sei. Quando abri os olhos de novo, só Antônio estava na clareira. O sol não tinha nascido ainda. Misteriosamente, ele olhava para onde eu estava.

- Rachiele, é sua vez.

Acho que estava ouvindo coisas...como aquele cara sabia meu nome?

- Aprendiz Rachiele, não tem nada a pedir para o Papai Noel? Não se esconda. Sei que você está aí.

Me levantei, fui até ele. Me sentei em seu colo. Estava perplexa pelo ocorrido.

- O que você quer do Papai Noel?

- Quero a verdade sobre mim e o mundo.

- A verdade... - Antônio pensou por instantes - Levante-se.

Levantei-me e fiquei olhando para Antônio.

- Sobre você: Rachi não gosta de regras. Por isso faz tudo do seu próprio modo. Que não é nem certo, nem errado, mas o seu jeito.

- O que mais?

- Rachi é doce e generosa. Por isso, mesmo quando briga, os outros "sentem" isso.

- Algo mais?

- Sim, seu destino é ser mesmo uma noviça. Pois de outro modo, você também seria uma espadachim ou uma mercadora muito diferente do normal. Mas como uma noviça você pode espalhar seu pensamento com mais facilidade, dado que todos sempre precisam na maioria das vezes de uma noviça.

- E o mundo?

- Esse mundo está morrendo. E não estão fazendo nada para salva-lo. Muito pelo contrário. Você viu essas crianças?

- Sim.

- Sabia que elas todas, sem exceção, estão mortas?

- Mas... o que as matou?

- O Rei.

- O QUE?

- Sim. Foi o Rei que as matou. Foi decretado. Nenhuma cidade de Rune-Midgard terá qualquer sinal de decadência, pobreza.ou mendicância. Salvo entre os aventureiros. A exceção a essa regra é Morroc. Toda vez que um mendigo for pego, ele deverá se tornar um aprendiz senão...

- ...Senão?

- É morte. Essas crianças falharam no teste para se tornarem aprendizes e não tinham mais ninguem que se importasse. Então o destino delas foi esse. Algumas fugiram de casa e foram pegas pelos Soldados da Mão Amiga de Rune-midgard...Outras foram simplesmente descartadas pelas famílias por terem se rebelado... e abandonadas por todos, foram encontradas pela "Mão Amiga" daí...

- Esses soldados...eles existem de fato?

- Existem. Eles são os Executores do Rei. São eles que fazem as maiores atrocidades, mas quase ninguem sabe da existência deles. E como você, julgam que eles são uma lenda...

- Mas eles não podem...

- Digo mais! Você não conhece seu pai.

- ??

- E digo também que é melhor você ir. Está amanhecendo e logo chegarão os outros para me caçar pois eu sou pouco mais que um espectro que assombra essa época de mentiras...

Nada mais disse. Deixei Antônio só e voltei para dentro de Alberta, que abrira os portões com os primeiro raios de sol. Vendi algumas garrafas vazias e dormi num hotel por algumas horas.

Algo se remóia dentro de mim...

Era angústia.

Senti que escutava alguém dentro de meus pensamentos a dizer-me que a verdade era tudo aquilo que nos desagradava...

Pensei seriamente em desistir naquele dia, mas algo dentro de mim disse: "Não."

E eu soube, que a voz que me disse aquilo era do pai que eu não conhecia...

"Feliz Natal Rachiele de Prontera." Pensou Antônio.

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Cá estamos nós, no início do sábado e nada dos episódios prometidos pra sexta...

 

Sim, acabei de chegar aqui no fórum, mas já li sua fic até onde foi postada e gostei muito dela. É um tema muito incomum nas fics de ragnarok, algo menos sanguinário e com mais devaneios e pensamentos, reflexões sobre o mundo em si e o que acontece nos "bastidores" para sustentar a fantasia. Curti muito.

 

Só tem um problema... Eu não vejo essa estória chegando num fim... Ela tem fim? Mas mesmo que não tenha, mantendo assim eu continuarei lendo.

 

Só acho que devia ter um parágrafo de espaço entre cada... parágrafo. xD

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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[1] Cá estamos nós, no início do sábado e nada dos episódios prometidos pra sexta...

 

[2] Sim, acabei de chegar aqui no fórum, mas já li sua fic até onde foi postada e gostei muito dela. É um tema muito incomum nas fics de ragnarok, algo menos sanguinário e com mais devaneios e pensamentos, reflexões sobre o mundo em si e o que acontece nos "bastidores" para sustentar a fantasia. Curti muito.

 

[3] Só tem um problema... Eu não vejo essa estória chegando num fim... Ela tem fim? Mas mesmo que não tenha, mantendo assim eu continuarei lendo.

 

[4] Só acho que devia ter um parágrafo de espaço entre cada... parágrafo. xD

 

 

[1] R: Help! /sos

Ok, sem gracinhas, eu posto mais dois depois de te responder. =]

 

[2] R: Essa fanfic é meio galgada naquele "modus operandi" antigo..."eu tenho um personagem no jogo, vou escrever sobre ele."

Muitas fanfics funcionaram e ainda funcionam dessa maneira, mas minha idéia foi evitar esse tipo de história.

Na época não sabia fazer sequência de luta (suspeito que ainda não sei. xD) então a pegada da história tinha que ser outra.

Uma coisa que ficava me perturbando era ver que os npcs em si não tem história. Não se sabe porque eles estão ali ou quem seria a família dele ou dela.

Tentei abordar um pouco isso. Obrigado por ter lido!

 

[3] R: A minha idéia é a história ter um fim. Eu acho que aconteceram muitas coisas desde que comecei a escrevê-la, o jogo mesmo não é mais o mesmo. Pensei de deixá-la incompleta mesmo, mas daí não seria diferente do que outras pessoas fazem.

Nós tínhamos histórias muito boas aqui, que acabaram se perdendo por uma razão ou outra. Não sei se as pessoas de agora vão sentir vontade de voltar a escrever sobre seus personagens, clãs ou qualquer outro tema, e isso é uma pena, mas cada um faz de si o que achar melhor.

Além de mim, atualmente só o Coyote Stark posta fanfic aqui, além dele tem o rapaz que escreveu "Prontera Escarlate", mas parece que ele sumiu, não sei.

É pouco, mas é melhor que nada. Espero que o Coyote conserte a formatação da fic dele, já que o fórum novo deixou zoado tudo e que ele poste o último capítulo. Enquanto isso vou postando os capítulos que eu tenho. Espero que mais escritores apareçam nesse meio tempo.

 

[4] Você diz dar um espaçamento entre um páragrafo e outro? Não acho que isso seja complicado de fazer, então...Farei! =)

 

Obrigado pelos comentários!

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Capítulo 11: Ainda como aprendiz

 

 

Tudo pronto! Finalmente esmaguei o ultimo salgueiro e senti que estava preparada para voltar a Prontera.

Poderia ter dado uma esticada até Payon, mas fazer o que lá? Monstros fortes demais, assombrações, um império decadente, comerciantes por tudo que é canto...

Pensando bem, Payon não era lá muito diferente de Prontera...

Entrei pelos portões de Alberta olhando aquela cidade...Grandes casas bem construídas, decoradas ainda com motivos natalinos que em breve seriam tirados.

Lembrei-me de Guilherme, Fizan, "Dragão Lich" e outros que me ajudaram. Fui em direção ao porto.

Impressionante como nós aprendizes, quase que ficamos invisíveis quando estamos no meio dos outros guerreiros, cléricos, mago e mercadores.

Decerto devem pensar que não somos ninguém que mereça a devida atenção.

Pareceu-me impressão, mas quando passei pela guilda dos mercadores, pareceu que alguém apareceu na janela assim que passei.

Acho que estou imaginando coisas...

-----

 

- Para onde ela está indo, empregado Garfield?

- Para o porto, senhor Mansur.

- Vai voltar pra Prontera... - deu uma longa tragada no cigarro - Mande avisar o Necrus e Sir Leo. Não avise os espadachins. Leo pode ficar ressentido.

- Sim senhor.

------

 

O barco de Edgar continuava deslumbrante, se eu pudesse, gostaria de ter um barco também. Velas límpida levadas ao vento, um tombadilho sempre limpo e uma torre de vigia sem ninhos de pássaros.

 

- Indo pra Prontera, aprendiz? - indagou um marujo.

- Estou indo de encontro ao meu destino perante os deuses, lobo-do-mar! - respondi com um enorme sorriso.

- Que bom. Espero que seja uma boa noviça e uma sacerdotisa de renome.

Ele se afastou depois disso, fiquei pensando enquanto ouvia gaivotas: será que eu precisava mesmo ser uma sacerdotisa como muitas já eram?

------

 

- Senhor Necrus...?

- Diga pajem.

- Carta vinda do senhor Mansur, da guilda dos mercadores de Alberta.

- Deixe-a em cima da mesa e saia sem bater a porta.

- Sim senhor.

- Vejamos...

" Prezado amigo de sacerdócio:

Há algum tempo atrás, comentamos, durante um café em Alberta, que você tinha tido um enorme ressentimento por causa de uma noviça que o desafiou.

Recentemente, descobrimos uma aprendiz que espionava nossos negócios, os quais você sabe, são de extrema importância para toda Rune-Midgard.

Identificamos essa aprendiz como sendo a tal "noviça rebelde" que você, tempos atrás incluiu em seu sacerdócio. Como acreditamos que só devemos impor penas justas quando algo muito precioso nosso está em jogo ( e você sabe do que eu falo ) apenas dopamos a pequena aprendiz com menta e a deixamos do lado de fora da cidade.

Acredito que a mesma está indo em direção a Prontera e se ela for realmente até você, creio que você sabe qual asceta indicar para que ela realize a sua "peregrinação".

Estando confiante em sua ação, caso a dita aprendiz apresente-se a você, subscrevo-me com auspiciosos votos de paz para sua pessoa e um convite para que, quando visitar Alberta, fique hospedado em nossa guilda.

Muito Obrigado.

Mansur Redford Wingester III "

Necrus fechou a carta e colocou-a numa caixa prateada ornamentada com um anjo de Midgard, trancou a caixa e suspirou:

- Rachiele...Você de novo...

------

 

 

Era chato ficar sozinha.

Tirando os poucos que me ajudaram, conversei pouco durante o treino em Alberta.

Gostaria de ter alguém com que partilhar o que eu sei, sair dessa maldita cela de silêncio...

Ser aprendiz em alguns instantes era algo deplorável.

 

- Ei, você não é a Rachiele? A aprendiz que está sempre com uma folha na boca? - escutei alguém falar.

Virei-me, era uma aprendiz como eu, cabelos curtos e azuis. Não me era de todo estranha, mas não lembrava-me do nome dela.

- Estou fazendo o teste para ser mercadora. Hehehehe. Tenho que ir até Morroc. E você?

- Estou indo pra Prontera. Vou me tornar noviça.

- Legal! Eu sei que um dos ascetas fica em Morroc...Se mandarem você para lá, você me acompanha, Rachi?

- Sim, claro!

Eu sorri, mas senti-me mal por não me lembrar do nome da aprendiz. Mantive distância e um silêncio respeitoso.

- Escuta... - ela disse, se aproximando - Porque você está sempre com essa folha na boca quando treina e agora não está?

- Ah, cansei da folha. Guardei ela.

- Tá tudo bem? Você me parece triste...

- Nada não...Estava lembrando de umas coisas que aconteceram...

- Minha família vai ficar orgulhosa de mim! Lá em casa todos são mercadores!

Ela tinha uma família que iria se orgulhar dela...Que inveja!

- Quem na tua família é da Igreja, hein?

- Algumas irmãs minhas...

- E você está indo se tornar uma noviça por causa disso?

- É sim.

Essa nova mentira fez eu me sentir um pouco mais pior do que estava. Tinha esperanças que ela silenciasse, mas...

- Quando eu estiver bem rica, vou expandir os negócios! Vou ter uma loja grande em cada cidade maior e um monte de bazares em cidades menores!

Ela já estava com tudo planejado...E eu?

- O que você vai fazer depois que virar noviça?

- Me tornar uma sacerdotisa...talvez... - perdi meu olhar ao oceano.

- Ouvi dizer que o teste é muito difícil...

Nada disse. Acho que ela estava entendendo, por instinto, que eu não queria conversar.

- Eu vou ver minha cama. Até mais Rachi.

- Até.

Graças aos deuses!

- Atenção todos! Marina de Izlude à bombordo! - gritou o marujo na torre de vigia.

- Preparar as amarras! - gritou o capitão.

Dentro do alojamento do navio, aprendizes e outros viajantes descansavam em beliches. A viagem em breve teria fim.

 

- Ei!

- ?

- Ei aprendiz!

- Eu?

- Sim você de cabelo azul!

- Que foi? Eu te conheço?

- Não, mas se quer um conselho escute: não fique perto daquela aprendiz que fica com a folha na boca.

- Porquê?

- Ah, você não sabe?

- Do quê?

 

Fim de viagem. Tirei meu gorro de natal, a folha, e pus-me em fila.

Edgar sempre fazia o desembarque de forma extremamente ordenada; raramente pelo que fiquei sabendo faziam queixas de seu barco ou do serviço. Passei longe da Sede dos Espadachins; estranhamente a aprendiz que eu tinha encontrado parecia ter sumido...

"Mantenha-se caminhando." lembrei-me na hora, e rumei para Prontera.

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Capítulo 12: Cartas

 

 

Dei uma volta por Prontera.

Entrando pela parte leste da cidade já pude ver os aprendizes, mercadores e demais passantes.

O silêncio que me tomava por dentro, fora anuviado pelas vozes das ruas.

Não iria para casa tão rápido.

-------------

 

- Vendo Vitata! Promoção!

- Aqui tem de tudo um pouco! Cartas, Sucos e Poções!

- Vendo Emperium! Tenho Zargônio também!

- Equipamentos para seu bichinho!

- Tenho todos os sucos que você precisa!

- Adestre o gafanhoto Rocker!

- Incubadora! Incubadora na promoção!

- Vendo Emperium mais barato!

- Presilhas! Laços! Óculos de Segurança!

- Sapatilhas de Wicca!

- Vendo Katar!

- Frescor do Vento! Sangue Escarlate! Lâmina Talismã Tripla!

- Lupa mais barata só aqui na minha mão!

- Olha o peixe! Olha o peixe!

------------

 

Prontera tinha se tornando um caos de mercado, mas ainda era possível andar, felizmente.

Uma mercadora estava sentada num canto, silenciosa. Vi muitas coisas em seu carrinho. Do lado do carrinho uma placa meio oculta.

"Promoção: Pago bokete para quem comprar de mim."

Arregalei os olhos e olhei para a mercadora, que olhou para mim também. Apontei para a placa, mas acho que ela entendeu que eu queria algo, pois me disse:

- A promoção é só pra homem. Some daqui!

Fui-me embora sem olhar pra trás. Os negócios fazem as pessoas praticarem coisas estranhas...

Ou será que ela gostava de fazer aquilo?

--------

 

- Toc,toc,toc.

- Pois não?

- Bom dia, Correio Kafra. Nós estamos sempre do seu lado.

- Carta para quem?

- Rachiele.

- Ela não está.

- Então por favor entregue. Tenha um bom dia.

-...

 

(Já faz tempo que a pirralha saiu de casa. Deve ter se engraçado com algum rapaz e deu o endereço daqui só para me perturbar...)

-...

(Carta amarelada...Deve ter vindo de Morroc...Melhor dar uma olhada nela com mais calma...)

---------------------------

 

Nada de novo no Front.

O esgoto está da mesma maneira, os arredores também.

A enfermeira Nami continua a mesma, exceto por algumas rugas que começam a surgir...

E o enfermeiro geral?

-----

 

- Bom dia enfermeiro!

- Suma! Estou ocupado agora aprendiz! E nem pense em me pedir bandagens ou crachás! Eles acabaram!

- Mas que mau-humor! Como vão as as coisas?

- Vão mal e acredito que graças aos deuses vão piorar!

- Porque? Você não tem ainda seu serviço? E a enfermeira Nami? E o cavaleiro Aaron? Então, como as coisas podem piorar?

- Chega, me rendo. Você é teimosa aprendiz. Qual seu nome?

- Rachiele.

- Bem...puxe uma cadeira, vamos conversar.

- Sim.

- Dizem por aí que o rei vai patrocinar uma guerra...

- ! Mas...porque?

- Existem muitos clãs em Midgard...

- Tá, e daí?

- Não comente com ninguém...Acho que o rei está com medo de que os clãs se unam e o derrubem do poder.

- Mas...o rei é uma boa pessoa! Não tem porque tentarem derrubar ele!

- Se você soubesse de umas coisas, aprendiz...

- Enfermeiro...

- ...Ás vezes me sinto mal por ter concordado em ficar nesse posto...

- É mesmo! Você trabalhava com a Nami não é?

- Trabalho até hoje...Conheci Nami quando éramos novos. Queríamos seguir o sacerdócio, mas...

- Mas...?

- Não pudemos. Nossos pais não permitiram.

- Por qual motivo?

- Você está sendo indiscreta aprendiz! Não pergunte tanto!

- Ahh....desculpe, foi mal!

- Humm...Como não pudemos nos tornar acólitos, caímos de cabeça nos estudos.

Acabamos nos tornando enfermeiros muito bons! Davamos suporte quando os sacerdotes não estavam presentes ou quando estes descansavam. Foi nessa época que conhecemos Aaron.

- Ah, o cavaleiro.

- Isso... naquela época Aaron fazia parte da infantaria. Era um espadachim dos melhores.

- Eu imagino. Os 3 juntos...batalhas...você e a Nami ajudando...

- Eu sempre tive um carinho muito grande pela Nami. E o Aaron também.

- Amigos mesmo! Legal.

- Mais do que amigos, aprendiz! Huumm...teve uma noite...

- O que?

- Houve uma noite...eu, Nami e Aaron...ficamos juntos...Ahh...

- ? Enfermeiro?

- Tão doce...

- ?? Enfermeiro!!

- Tão lindo...

- Do que você tá falando?

- Nós 3...Nami tão linda...

- ENFERMEIROOOOO!!!

- RAIOS APRENDIZ! Tá na hora de você ir! Anda! Desapareça da minha vista!

- Tá,tá! Tchau, bom dia!

-----------------

 

O Enfermeiro Geral era esquisito. Ou talvez, eu não tenha lido muito bem nas entrelinhas para entender porque ele ficou tão deslumbrado quando lembrou de Nami e Kaito. Ah,bem, será que a Jessie ainda trabalha vendendo flores?

-----------

 

-...

(A carta ainda está ali... Não acredito que depois de tanto tempo ele escreveu...e para ela. Será que fala de mim na carta?)

-...

(Pro Inferno com ela. Eu também tenho direito de saber.)

---------

 

- Jess, você sabe o que eu penso disso...

- Rachi, você é uma chata! Eu já disse que estou ajudando minha mãe!

- Tudo bem, tudo bem, eu sei que sim. Mas sabe o que é?

- Aiii...de novo sermão não! Tomara que alguém chegue pra comprar flor de mim! Assim você pára de falar!

- Você é muito nova pra já ficar trabalhando, Jess...Um dia você vai crescer e daí...

- Eu gosto de trabalhar! Eu preciso!

- Tá, tá..não estou falando nisso...

- Tá falando do que então?

- Eu acho que você tinha que brincar. É isso. Você é novinha demais pra já ficar vendendo coisa na rua...Daqui a pouco você cresce,daí vira aprendiz e foi! E você vai ter aproveitado o quê?

- Eu...eu quero ajudar minha mãe...verdade...Ah,não quero falar disso...

- Ok. Me dá duas flores.

- Aqui...4 Zenny as duas...

- Sorria Jess...Se cuida.

- Tá...brigada...

---

 

- Humm....

"(...) Esperarei você em Geffen. Apareça depois do meio-dia. Se eu não estiver do lado da Kafra me espere."

-...

(Ele nem lembrou de mim...Nem uma linha...Melhor deixar isso...)

- Toc,toc,toc.

- Entre.

- Mãe, estou de volta.

- Que bom filha...Chegou uma carta para você. Eu estou em meu quarto. Vou viajar para Comodo por uns tempos...Vou ficar na casa da tua tia...

- Tá. Carta de quem, mãe?

- Leia. Eu estou no meu quarto preparando as malas.

- Tudo bem. Humm...De Morroc! Deve ser da minha amiga gatuna!

- Não Rachi...não é...

- ?

- Até mais tarde.

 

Mamãe subiu as escadas e foi para o quarto. Fiquei olhando o envelope amarelado em minhas mãos. Estava aberto...mamãe tinha lido...

Deixa a carta dobrada dentro do envelope. Eu a leria depois. Subi ao meu quarto.

Era bom estar de volta.

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Além de mim, atualmente só o Coyote Stark posta fanfic aqui, além dele tem o rapaz que escreveu "Prontera Escarlate", mas parece que ele sumiu, não sei.

 

Que fanfic do Coyote Stark? Fui procurar e não encontrei nenhum post de fic dele aqui. Eu li o "Prontera Escarlate", mas não sei se eu posso comentar, faz um tempo que foi postada e parece que aqui tem regra de ress até na área de fics(algo que eu sou veementemente contra.)

 

Espero que mais escritores apareçam nesse meio tempo.

 

Eu tenho intenção de escrever aqui, mas preciso perguntar... Tem leitores? 2 ou 3 pessoas acompanhando já seria o suficiente pra me motivar.

 

Sobre os capítulos:

 

O enfermeiro brisando me fez rir. A mercadora fazendo de tudo pra vender também. kkkkk

 

Mais dois capítulos bons, e que, na minha opinião, melhoraram muito graças à paragrafação. Eu gosto de deixar ainda mais espaço (entre as falas, por exemplo), mas isso é algo meu e não tenho o direito de dizer que você deve fazer assim.

 

E mais uma vez eu venho com criticas depois dos elogios... Os diálogos longos me deram um pouco de trabalho pra entender. Tiveram momentos nos quais eu me perdi sem saber quem falava o que, e acabei tendo que reler.

Bem-vindos ao tópico da semana e espero que estejam preparados para uma grande novidade.
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[1] Que fanfic do Coyote Stark? Fui procurar e não encontrei nenhum post de fic dele aqui. Eu li o "Prontera Escarlate", mas não sei se eu posso comentar, faz um tempo que foi postada e parece que aqui tem regra de ress até na área de fics(algo que eu sou veementemente contra.)

 

[2] Eu tenho intenção de escrever aqui, mas preciso perguntar... Tem leitores? 2 ou 3 pessoas acompanhando já seria o suficiente pra me motivar.

 

Sobre os capítulos:

 

[3] O enfermeiro brisando me fez rir. A mercadora fazendo de tudo pra vender também. kkkkk

 

[4] Mais dois capítulos bons, e que, na minha opinião, melhoraram muito graças à paragrafação. Eu gosto de deixar ainda mais espaço (entre as falas, por exemplo), mas isso é algo meu e não tenho o direito de dizer que você deve fazer assim.

 

[5] E mais uma vez eu venho com criticas depois dos elogios... Os diálogos longos me deram um pouco de trabalho pra entender. Tiveram momentos nos quais eu me perdi sem saber quem falava o que, e acabei tendo que reler.

 

[1] Aqui: http://sites.levelupgames.com.br/forum/ragnarok/showthread.php?132282-FanFic-O-Or%E1culo-da-Morte

Acerca das regras, acredito que tu pode postar comentários nos tópicos.

Veja a regra 17 aqui: http://sites.levelupgames.com.br/forum/ragnarok/misc.php?do=showrules

 

[2] Posso te responder o que eu observo: gente lendo sempre tem. Agora não dá pra cobrar que o pessoal comente sempre. Se tu for postar sua fic, tente postá-la em outro site para ter mais feedback.

 

[3] Se eu te falar que o caso da mercadora eu vi in-game, o que tu me diria...? xD

 

[4] Eu tava pensando de aumentar o espaçamento entre as linhas, o que tu acha? Se não der pra fazer isso no fórum, mantenho o esquema de quebrar parágrafos.

 

[5] Verborragia ninguém merece... >_

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