DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Retornei... Não sei por quanto tempo, mas estou em potência máxima com vários contos já finalizados e outros a meio caminho. Isso mesmo, agora comigo são contos de todos os tamanhos e sabores. Bem curtinhos, médios e graaaandes. Em alguns vão surgir personagens que não aparecerão mais e em outros pretendo ter eles retornando pra mais aventuras. Infelismente o que eu queria fazer não vou conseguir no momento, que seria colocar ilustrações e algumas animações em flash, mas isso é temporario. Por enquanto vou botando os meus contos mais curtos já finalizados, um pouquinho de cada vez, para não saturar o post e dar chance de todos comentarem cada um deles devagarinho. A todos que se lembram dos Diários de Guerra e lá acompanhavam as aventuras de Jhared aqui não vou deixar de dar o máximo de criatividade. Não sei até onde vou, talvez ocorra de não dar uma continuidade tão distinta mas vou procurar sempre criar estorinhas interessantes, envolvendo várias situações em Ragnarok. Me perdoem problemas com pontuação (o word não está colaborando devidamente) e tenham em mente que muitos dos contos apresentados terão temáticas muito variadas, desde humor até um certo drama, então não se apeguem a estilos. Apenas espero divertir o máximo de leitores. Obrigado. Obs.: Procurarei fazer algumas observações antes de qualquer conto, que acredito que devam tê-las, para evitar qualquer confronto posterior relacionado a questões éticas ou morais. Isso se caso elas realmente existirem. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 O primeiro conto que irei postar é o relacionado com o evento de aniversário do jogo Ragnarok no Brasil. Realmente não me lembro se foi em 2008 ou 2007, é só dividir 1460 por doze que dá a data exata. Como pediram na regras, teria que ser um conto curto envolvendo algo relacionado com o aniversário de Ragnarok. Peguei papel de rascunho, caneta e meu cabeção e começei a trabalhar. O engraçado foi que o conto original que escrevi ficou enorme, parecia que tinha vida própria, e acabei tendo que adaptar a partir do original esse aqui, que infelizmente não ganhou nada, mas valeu a pena por ter me dado a chance de criar uma estorinha realmente engraçada (a original). Colocarei primeiro o conto que enviei pro concurso e logo em seguida coloco o original. Gostaria de ler qualquer crítica ou elogio vindos de qualquer leitor das fics. 1460 Dias de Festa O aniversário é um dia especial principalmente quando é o nosso. Mas e quando é o aniversario de nosso lar? Ai é muito mais especial. Foi assim com Ragnarok. Os preparativos estavam acelerados. Toda Pronteras estava enfeitada com o melhor dos quatro cantos de Rune-Midgard. Balões feitos em Einbroch e Einbech. Bandeiras feitas em Lighthaizen. Flâmulas vindas de Payon. Fogos de artifício de Comodo. Iluminação mágica de Al de Baran e Lutie. Também vieram artistas como acrobatas de Morroc, mágicos de Geffen, músicos de Kunlun e Amatsu, cozinheiros de Ayothaya, Louyang e Umbala e tudo transportado com o devido cuidado em Alberta. O rei Tristam III, do alto de sua torre em seu castelo, parou e admirou sua cidade, mas sentiu que algo faltava. Percebeu o que era, faltavam os grandes heróis. O que é uma cidade sem heróis? Ordenou que convites fossem enviados para todos os reinos e assim foi feito. Em pouco tempo portais mágicos "pipocaram" por todos os cantos de Pronteras e grandes heróis surgiram deles. Luthien Silvermoon, Vili, Leafar, Bonnie Heart e tantos outros. Olhou de novo Tristam do alto de sua torre e mesmo assim achou que faltava alguma coisa. Descobriu o que era. O povo! Faltava o povo de todos os reinos. Mandou que se enviassem convites a todas as cidades e em breve milhares de pessoas chegaram à cidade de todos os cantos do mundo. Todos sorriam e cantavam e finalmente a festa podia começar. Tristam olhou de novo do alto de sua torre e viu que ainda faltava alguma coisa. Olhou, olhou e pensou, pensou. Tínhamos enfeites, tínhamos heróis e tínhamos o povo. O que falta? Foi ai que percebeu o que faltava. Faltavam ELES. Mas será que viriam? A dúvida persistia, mas mesmo assim Tristam ordenou que se enviassem os convites. Os mensageiros ficaram com medo de entregá-los, mas o rei insistia que TODOS deviam comemorar o aniversário de Ragnarok e juntos. Os convites foram entregues, mas ELES não chegaram. A festa começou e todos estavam felizes menos Tristam, que aguardava os outros convidados com uma certa ponta de esperança que aparecessem. Foi quando aconteceu. O capitão da guarda correu até o rei e o avisou que ELES haviam chegado, mas que não tinha certeza se devia deixá-los entrar. O rei sorriu e num salto foi receber os OUTROS. Todos dentro de Pronteras estavam com medo, menos o rei que esperava tal reação. Chegou até o portão da cidade e viu aqueles que aguardava com ansiedade. Eram praticamente milhares de representantes de todos os monstros de Rune-Midgard, desde porings inofensivos até os mais fortes inimigos como um Bafomé, o Orc Herói, as cinco partes de Thanatos, Vésper, Kiel d-01 e tantos outros. Diante deles o rei não tremeu e fez uma simples e pura pergunta: "Trouxeram os convites?" Foi o que disse sorrindo e "sim" o que respondeu o Despero de Thanatos com voz cavernosa. "Então podem entrar e se divertir" disse o bondoso rei. Um obrigado foi o que responderam os monstros em uníssono. No começo o medo reinava mas mesmo assim algo começou a mudar. O medo deu lugar a curiosidade e a curiosidade logo deu lugar a alegria novamente. Não demorou muito e todos estavam comemorando juntos, homem, heróis e vilões. Novamente o rei observou do alto da sua torre, mas desta vez estava satisfeito. Tudo estava perfeito. Agora era só festejar, em união e fraternidade, o aniversário de nosso mundo. Como irmãos que se completam para criarmos as mais incríveis aventuras. Feliz Aniversário Ragnarok Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Antes de colocar o original, precisava saber se alguém sabe como eliminar aquele erro estranho que surgiu ali entre minha explicação sobre o conto e ele em sí. Copiei o conto direto do word e ao que me parece deve estar havendo um conflito entre programas. Se for algo que não se possa resolver, infelizmente todos meus contos vão ter esse erro chato na frente, porque não irie transcrevê-los novamente. Isso se resolve escrevendo direto aqui mas gosto de usar o word. Se alguém tiver a solução fico agradecido se a receber. Agora vou postar o original do qual tirei esse pequeno conto de aniversario. 1460 Dias de Festa “Olá a todos. A história que lerão agora é uma das muitas em que Jezebel e eu vivenciamos em Rune-Midgard.” “Mas essa é especial. Não por estarmos nela, particularmente falando, mas por se tratar de uma grande aventura relacionada com o aniversário de Ragnarok.” “Antes de continuarmos gostaríamos de nos apresentar. Eu sou Jezebel a super sacerdotisa. Sou loirinha e esperta, gosto muito de cozinhar e bichinhos fofinhos.” “Notem que é super sacerdotisa e não sumo. Ela não consegue passar nos testes finais para se tornar uma sumo sacerdotisa. He,he.” “Dedalus!” “Calma meu amor, é brincadeira. Deixa eu me apresentar agora. Eu sou Dedalus, o quase monge destruidor do mal. Sou forte, sou rápido e sou bonito. Meus cabelos são brancos e longos, gosto de lutas, praticar artes marciais e ler. Também sei cozinhar como Jezebel e até um pouco melhor. Há!” “Olha quem fala? Pelo menos eu fiz o teste para sumo sacerdotisa e você que nem monge é ainda. E eu cozinho muito melhor.” “Por que você me odeia?” “Ná, Ná!” “Não me mostre essa língua. Que tal se voltarmos ao assunto principal? Já que as apresentações foram feitas acho que agora seria uma boa hora para falarmos do grande aniversário.” “Isso, isso! Foi uma linda festa!” “Mesmo com os penetras assustadores...” “Shhhh! Não estraga a surpresa Dedalus.” “Foi mal. Quase falei demais e estraguei tudo.” “Como sempre... aff.” “Realmente seu coração esta cheio de ódio. Por que deuses? Por quê?” “Há,há,há,há. Já chega de tanta besteira.” “He, he. Está certa. Continue Jezebel.” “Como eu disse no início, essa história se trata do aniversário de Ragnarok.” “Mas não se assustem. Não se trata do aniversário da serpente mitológica que virá no final dos tempos devorar nosso mundo, lançando-o no abismo do desespero onde sofreremos inenarráveis tormentos enquanto assamos no fogo da desgraça absoluta!” “Dedalus! Calma filhinho. Respira, respira.” “Puff... Puff... Desculpa... Acho que me empolguei com a descrição do ragnarok. Acontece sempre antes de um grande momento como este.” “Sei, sei. Acho que você anda lendo demais. Bem... como meu namorado acabou de falar nossa aventura se trata do aniversario de ragnarok.” “Mas não da serpente e sim do jogo.” “Isso mesmo. Ragnarok o jogo, que tantas felicidades trás a nós, tanto a jogadores quanto aos personagens, que vivemos nele. Esse mundo incrível cheio de heróis e vilões, rodeados por aventuras por todos os lados. Um mundo onde você pode ser o que quiser, desde um ninja astuto até um cavaleiro honrado, de um arqueiro veloz até um bruxo mestre dos elementos, de um gatuno soturno até um mestre rei dos punhos, que nesse caso o Dedalus nunca vai ser. He, he, he, he.” “Vai começar?” “Brincadeira meu ‘morzinho’. Fofucho.” “Da pra parar? Olha o pessoal olhando.” “Está bem mas não ficar com raiva do seu moranguinho?” “Não...” “Jura?” “Eu juro Jezebel... por favor, continue.” “A história a seguir se trata de um relato fiel dos eventos ocorridos durante a organização da festa em si. Dedalus e eu estivemos à frente dos eventos mas isso não quer dizer que somos os heróis da trama e sim que estivemos envolvidos na maioria das confusões. Felizmente no final tudo deu certo, apesar da maneira inusitada como tudo terminou. Não é mesmo Dedalus?” “Foi tão incrível que agora esse dia está escrito nos livros de história de toda Rune-Midgard. E nossos nomes estão lá! Tchá!!!” “Não se vanglorie tanto, Dedalus... tá, só um pouquinho. He, he.” “Obrigado meu amor. Como eu sou um pouco melhor no que se diz respeito a narrativas vou ter a honra de contar essa história épica, que começou dois dias antes da data principal. Posso começar Jezebel?” “O palco é todo seu meu amor.” “Ok. Então vamos a aventura.” Indo Onde Nenhum Homem Jamais Esteve Tudo começou muito cedo. Como um bom noviço pré-monge em treinamento eu acordo pontualmente às sete da manhã para dar início aos meus afazeres. Primeiro de tudo tomo um bom café da manhã bem reforçado. Preciso comer bastante e ficar forte como um minouro se quero me tornar o mais poderoso dos mestres, uma meta que pretendo alcançar em menos de um ano. Quando me preparava para partir para Payon, atrás de algumas sohees, alguém bate à minha porta. Prontamente eu atendo, imaginando quem seria a essa hora da manhã. Para minha surpresa quem estava diante da minha casa era um cavaleiro da guarda real de Pronteras. “Noviço Dedalus?” Falou com voz grave. “Sim. Algum problema cavaleiro?” “Estou lhe trazendo uma convocação de extrema urgência.” Me estendeu sua mão com um pequeno pergaminho, que me entregou em seguida. “Convocação? Parece sério. Deixa ver o que diz...” O pergaminho tinha o selo da catedral de Pronteras. Ao que me parece o padre Bamph pedia minha presença urgente para o que parecia ser uma missão. Uma missão secreta! Eu moro nos arredores de Pronteras, mas mesmo assim estava longe da cidade. Não existiam kafras por perto, só me restando uma opção no momento. Uma boa e velha carona. “Se importa?” “O que?” O cavaleiro fez cara de desentendido. “Que tal uma caroninha nesse seu peco-peco bonitão?” “Carona? Nem pensar. Os peco-pecos não foram feitos para levar duas pessoas.” “Ahhhh.... Para com isso. Você está indo exatamente naquela direção e não vai me levar? Olha que fui convocado pelo próprio padre Bamph. Se ele souber que me deixou aqui... Tsc, tsc... Sei não.” Ele provavelmente pensou se seria melhor levar uma carga extra ou levar uma bronca. Eu resolvi interromper suas divagações. “E então?” “Humph! Sobe ai.” “O que? Não ouvi direito. Pode repetir?” “Sobe logo e para de gracinhas.” “É assim que se fala campeão! Não se preocupe que eu vou ficar bem agarradinho em você.” Coitado do peco-peco. Ele sofreu um pouco, mas o passeio foi rápido. Quando chegamos agradeci o transporte e dei um tapa no traseiro do galinhão, que saiu em disparada com o cavaleiro em cima dele tentando se equilibrar e falando impropérios pra mim. Que boca suja. Quando entro na catedral tenho outra surpresa. Encontro minha namorada aguardando minha chegada. “Ô Jezebel? O que faz aqui?” “Te esperando. Que demora Dedalus. Sabia que já estamos atrasados?” “Ao que me parece você também foi chamada por Bamph. Sabe o que está acontecendo?” “Não me disseram nada, só me mandaram apenas aguarda sua chegada.” Como eu não resisto a uma brincadeira vejo uma oportunidade perfeita para perturbar Jezebel. Fico sério senão ela não acredita. “Eu acho que sei... será que finalmente nos pegaram?” “Do que você está falando?” “De nos dois.” “Como assim?” “O nosso namoro. Acho que ele não é bem visto dentro dos círculos eclesiásticos.” “Será que é isso? Meus deuses e agora? Eu pensei que todos já sabiam de nós.” “Você sabe muito bem o que isso significa, não? Expulsão.” “Eu não quero ser expulsa Dedalus. Eu quero ser sumo sacerdotisa!” “Eu sei meu amor, é por isso que devemos terminar nosso relacionamento. Não devemos nos ver nunca mais... É o fim. Snif.” “Buuuááááá..... Não Dedalus!! O que fazer? Eu te amo mas amo também ser sacerdotisa!!! E agora?!!! E agora?!!! Buuuáááá!!!” “O que está acontecendo aqui?” Ao nosso lado, parado feito uma sombra e surgido como que de dentro de uma, estava um padre alto e imponente em seu manto sagrado. Não parecia nada feliz com o barulho que fazíamos. “Então?” “Não é nada, padre. Ela soube da morte do seu tio distante... Jezebel... Ssshhhh... Olha o escândalo. Olha o homem ai. Foi brincadeira o negócio da expulsão.” “Buuuáááá... O q-que?!! Hora seu... eu vou te matar!!!! Grrrrrrr...” “Socorro padre!!!” Ela estava me esganando pra valer. “Chega!!!” Nos postamos eretos como dois postes. Para evitar uma punição resolvemos parar com as brincadeiras. Mesmo assim Jezebel não iria esquecê-la tão cedo. Enquanto seguíamos o padre zangado até a sala do padre Bamph, reclamava continuamente. “Você vai me pagar Dedalus.” “Foi só uma brincadeira gatinha. Queria te deixar mais relaxada para quando fossemos falar com Bamph.” “Me fazendo chorar? E ainda se diz meu namorado. Quem ama não faz essas coisas.” “Foi mal meu amor, mas veja pelo lado bom, ao menos agora sei que me ama do fundo do seu coração.” “Não tanto quanto o sacerdócio, seu nojento.” “Tsc. Duvido que me largue por ele.” “Experimenta então se...” “Silêncio!!!” Rosnou nosso guia. Achamos melhor discutir sobre escolhas quando estivéssemos em casa. Foi em boa hora, pois acabávamos de chegar a sala do padre Bamph.” “Entrem... e se comportem.” “Obrigado ‘seu’ padre.” Ele nos olhou com um ar nada benevolente e nos fez entrar no que eu defini como a ante sala do caos. Dentro da sala de Bamph era tudo bagunça. Vários noviços corriam de um lado para o outro carregando uma papelada sem fim. Alguns selavam pergaminhos, outros escreviam neles e tantos outros selavam e escreviam. Bamph estava postado no meio desse furacão, dando ordens e direcionando aonde se devia colocar certo documento ou onde encontrar outro. Quando nos viu nos saldou fervorosamente. “Bem vindos a minha expiação pessoal, meus filhos.” “Bom dia padre Bamph!” Esse homem era um herói e um dos mais importantes representantes de Pronteras. Não existia quem não gostasse dele em exceção, é claro, dos seus inimigos derrotados. “Muito bem, muito bem. Vamos para a sacada. Aqui não da pra conversar.” O dia lá fora estava bonito e ensolarado. “Como bem devem saber eu os chamei para uma importante missão.” Respirou fundo como o que fosse dizer tivesse um grande peso. “Aproxima-se o dia da comemoração do aniversario de Ragnarok. Um grande momento em nossas vidas.” “Como viram lá dentro estamos muito atarefados com os preparativos. Parte dele é referente ao grande momento esperado por todos, quando nosso rei Tristam III acende uma das nossas relíquias mais queridas, a Vela da Sabedoria de Vör, dada em pessoa ao nosso rei pela própria deusa Freya.” “Sim, sim. Um momento mágico. Adiantou-se Jezebel.” “Bem... Esse momento mágico provavelmente não ocorrera esse ano, crianças.” “Por quê?” Perguntamos aflitos. “Infelizmente, há alguns poucos dias a vela foi roubada dos aposentos do rei. Um trabalho externo. Frente às pistas deixadas descobrimos que foi ação de uma gárgula. Entrou, roubou e saiu. Graças aos deuses nenhum mal foi feito ao rei ou a rainha.” “É tão evidente assim? Foi mesmo uma gárgula?” Ousei perguntar. “As pistas não mentem. O fato de ter vindo voando, ter mãos para manipular o fecho da porta e os trincos de segurança de onde estava à vela, uma marca característica de pata, também uma flecha reconhecida por especialistas como sendo destas criaturas. Tudo isso nos indica a ação de uma gárgula. Mais alguma dúvida?” Levei em consideração o fato de que havia sido muito atrevido e nunca deveria ter posto em xeque as informações dadas por Bamph. Homem responsável e inteligente que nunca daria tanta certeza se as informações não fossem cabais. “Desculpe-me padre.” Falei humildemente. “Não se desculpe, filho. Duvidar é divino.” Ele continuou. “Como podem ver estamos com um grande problema. Ai que entra vocês dois.” Engoli em seco e já imaginava o pior. Jezebel segurou minha mão e a apertou. Ela também sentiu um mau pressentimento. “Visto que com certeza era uma gárgula que roubou a vela, acreditamos piamente que ela deve se encontrar nas mãos das criaturas que habitam Glast Heim, único lugar do reino onde esses monstros alados habitam.” Meu sangue gelou. Senti Jezebel esmagar minha mão. “O que precisamos que façam é que entrem em Glast Heim, achem à vela e retornem antes da grande comemoração. É isso.” Terminou com um sorriso sarcástico. Provavelmente devo ter envelhecido uns cinco anos. Jezebel estava pálida como se sua alma lhe tivesse fugido. O que não era uma má idéia nesse momento. “C-como? Quer que nos dois invadamos Glast Heim sozinhos? E ainda quer que retornemos vivos?” Protestou Jezebel justamente. Glast heim, a cidade maldita. Antes reduto de glória e honra de nosso reino hoje não passa de local de pesadelos vivos. Entrar lá por querer já é loucura e sair (se sair) significa deixar parte da sua alma para trás. O verdadeiro mal, quando vislumbrado de frente, cobra um alto preço. “Sinto muito, crianças.” Falou Bamph com tristeza evidente. “Vocês não são obrigados a aceitar tal missão suicida, mas que ninguém me recrimine por não tentar. Estamos atrás de voluntários a dias, mas ninguém aceita tal castigo. Infelizmente não conseguimos encontrar os grandes heróis de Rune-Midgard. Estão espalhados por regiões ermas ou em missões que não podem cessar.” “Soldados comuns mal chegam aos portões da fortaleza negra vivos, quanto mais entrar. Nossa esperança era mandar um pequeno grupo, uma dupla, para que sorrateiramente entrem e vasculhem o local sem serem percebidos.” “Aquele local é enorme, senhor. Podem-se perder dias lá dentro. E se nem soldados ou heróis conseguem sobreviver em tal covil por muito tempo o que nós, um noviço e uma sacerdotisa, poderíamos fazer que fizesse diferença?” Falei desesperado. “É verdade... mas há dois fatores a nosso favor. O primeiro é que temos um espião em Glast Heim já faz quase cinco dias. Ao que me parece ele já possui boas notícias sobre a localização da vela.” Fiquei imaginando quem seria esse doido. “O segundo motivo foi exatamente o que nos fez convocá-los.” “Diga, por favor, senhor, o que levou a nossa convocação a tal perigosa missão. Uma sacerdotisa que não consegue se tornar uma sumo sacerdotisa e um noviço que nem monge ainda é.” Jezebel era só aflição em seu coração. Bamph olhava dois pássaros voando no firmamento. Parecia satisfeito com algo. Respirou fundo de novo e falou. “O amor...” “O que?” Eu jurei que havia ouvido errado. “Amor... único e incondicional. O mesmo que vocês sentem um pelo outro.” “E o que isso tem haver com Glast Heim?” “Não será somente a força bruta ou agilidade que os salvará de todo mal. O maior de todos os escudos contra o abismo é a fé nos deuses e o que os fere como espada é o amor.” Olhei para Bamph preocupado. Jezebel também havia percebido esse meu olhar. Só um louco realmente acreditaria que amor evitaria que um Khalitzburg rachasse seu crânio com um machado. Será que realmente acreditava nisso? Eu, com certeza, não. Preferi ficar em silêncio para evitar algum mal estar, o que foi um erro, pois esse meu silêncio pareceu um desacordo com suas palavras. “Eu sei que em suas cabecinhas muita coisa deve estar se passando, mas acreditem em mim quando falo da força do amor. Nunca falei tão sério.” Jezebel e eu nos olhamos. Parecia que nos empurravam uma responsabilidade grande demais. Claro que poderíamos nos negar a embarcar em tal demanda, mas e depois? Ao que me parece nos éramos os últimos a serem procurados. Se não fossemos nós não seria ninguém e ai adeus festa de aniversário de Ragnarok. Pedimos licença ao padre para conversar em particular, o que concordou com um aceno. Enquanto ele via uma papelada que lhe mostravam, Jezebel e eu ponderamos sobre uma possível sobrevivência em Glast Heim. “E então? O que você acha?” Jezebel falou pertinho do meu ouvido. “Eu não sei... Posso até destruir alguns monstros... Os pequenos, é claro, e mesmo assim com sua ajuda. Ao menos você é uma sacerdotisa de alto nível, morto-vivos não serão problemas para você. Sua cura é bem vinda e na pior das hipóteses pode me ressuscitar.” “Não sei Dedalus... Estou com medo por nós dois. Aquela história de amor não me convenceu.” “E acha que eu fiquei convencido? Com certeza estão desesperados.” “Será que conseguimos?” “Talvez... Não sei... Eu também estou receoso. Agora não é hora para heroísmos tolos, mas... Se sobrou apenas nós dois, talvez seja o nosso dever. E mesmo que surja um grande perigo podemos nos teleportar.” “Sim! Qualquer ameaça mais drástica eu abro um portal e ‘zap’ estamos seguros em Pronteras.” “Sim... Seguros. Então estamos de acordo?” “Sim.” “Mas olhe Jezebel. Se por acaso algo ruim acontecer você deve fugir de imediato, mesmo que isso signifique me deixar para trás.” “Jamais faria tal coisa!” “Me prometa.” “Não!” “Então não iremos.” “Mas...” “Prometa.” “Eu... Prometo.” “É melhor assim.” Pobre Jezebel, não gosto de fazê-la ficar triste, mas a amo demais para sequer cogitá-la ferida. Voltamos a Bamph. “Nós iremos.” “Ótimo! Ótimo! Vocês a partir de agora são os arautos de Pronteras.” Todos na sala nos felicitaram com apertos de mãos efusivos, tapinhas nas costas e todo tipo de bajulação que existe. “Não se preocupem meu filhos. Não lhes entregaremos à escuridão desamparados. Iremos abrir caminho para vocês até os portais de Glast Heim. Lá encontraremos nosso informante... Espero.” Aquilo não soou muito otimista, mas nada relacionado a Glast Heim pode ser animador. Faltava dois dias para a festa. Percebíamos a tensão em Pronteras, pois muitos boatos corriam a “boca miúda” sobre um possível cancelamento da festa deste ano. Mesmo assim os preparativos continuavam tentando passar um clima de aparente tranqüilidade. Quanto a nós, partimos logo cedo com um forte grupamento que foi derrotando todo o tipo de inimigo que aparecesse em nosso caminho. Recebemos até uma ajuda mágica de Geffen, a cidade mais próxima de Glast Heim, o que facilitou nossa aproximação dos portões negros. Como não queríamos alarmar quem quer que seja que estivesse de vigia na fortaleza, resolvemos parar um pouco mais para dentro do bosque. Enquanto parte da guarda impedia o avanço de kobolts e dos petites voadores, a outra metade levantava acampamento. Quanto à Jezebel e eu, apenas aguardávamos a chegada do informante secreto de Bamph. Não demorou muito para anunciarem sua presença. Eu fiquei ansioso em conhecer um herói capaz de suportar cinco longos dias dentro de Glast Heim. Todo aquele tormento só poderia ser suportado por um semi deus. Imaginava um gigante carregando uma espada três vezes o seu tamanho. Enquanto esperávamos nosso herói aparecer uma bomba de fumaça explodiu dentro de nossa tenda! De dentro dela salta alguém todo de preto e fedendo feito um carniçal. Num primeiro momento achei que era alguma criatura maligna nos atacando e me preparei para desferir meu melhor golpe quando Bamph deteve minha mão. “É ele.” Olhei uma segunda vez e vi um homem ou algo semelhante, pois debaixo de tanta sujeira e fedor não acreditei existir um humano. “Precisava nos assustar desse jeito?” Jezebel perguntou. “Um ninja dever ser astuto como um lobo do deserto, rápido feito um sussurro e ágil como um fumacento.” “Que?” “Surpresa e invisibilidade são armas mortais nas mãos do niiiiinnnnjjjjaaa.” “Com esse cheiro nunca entraria escondido em lugar nenhum. Onde esteve?” Dessa vez fui eu a perguntar. “Prefiro não falar dos meus métodos de trabalho.” “Não é hora para isso.” Falou bamph. “Quero lhes apresentar nosso espião em Glast Heim, o Ninja.” “Eu sou Dedalus e esta é Jezebel.” “Eu sou Ninja.” “...” “...” “Vai falar seu nome não, ô mal educado?” “Já falei.” “Quando?” “Agorinha. Por acaso é surdo? O próprio Bamph falou ele.” “...” “...” “Vamos tentar de novo. Eu sou Dedalus e essa é Jezebel.” “Prazer, Ninja.” “Eu sei que você é um ninja, qual seu nome?” “Ninja.” “Porque fica repetindo isso? Você é doido por acaso?” “O louco aqui é você. Esse é meu nome.” “...” “...” “Você se chama Ninja?” “Sim, Niiinnnjjaaa.” “Isso é alguma brincadeira?” “Não, eu me chamo Ninja, o ninja.” “Isso não pode ser sério. Ninguém é batizado com a profissão que exerce. É como se eu fosse chamado de Noviço, o noviço. Isso é ridículo.” “Não caçoe do meu nome senhor. O seu não é muito melhor.” “O que tem meu nome?” “Dedalus, dedalus... Que diabos isso significa?” “Pelo menos é um nome, melhor que ser chamado de niiiinnnjjjaaa o resto da vida.” “Já chega vocês dois.” Interrompeu finalmente Bamph. “Não é hora pra essas discussões tolas, o momento pede nossa atenção total ao que o senhor Ninja tem para nos informar.” “Depois de cinco difíceis dias, eu consegui descobrir a localização exata da relíquia que buscam. Foi difícil, muito difícil. Fazendo uso de ninjutsu, kenjutsu, narutsu e tantos outros ‘tsus’ me mantive praticamente invisível dentre as paredes daquele local profano. Tanto mal a minha volta, terror, horror, terror e mais horror com um pouco de tormento e agonia. E...” “Da pra falar logo?! Não temos o dia todo.” Jezebel começava a perder a paciência. “Hmmph... Desculpem. A luz sagrada está aonde antes era celebrada as orações aos deuses e que hoje, no centro da barriga do monstro, tornou-se um santuário profano.” “O que?!! Que disse?” “Ele falou que a vela está na igreja de Glast Heim, na parte central do castelo.” “O senhor entendeu?!” “Seria um grande mestre padre Bamph.” Falou ninja com admiração. “E agora?” Questionei. “Não vai ser fácil. A igreja é habitada por druidas malignos, almas penadas, mímicos e carniçais. Esses malditos conseguem sentir a presença dos vivos a quilômetros.” “Para superarem a escuridão terão que ser à escuridão. Furtivos como fabres, e maleáveis como mi gaos, fortes como um stapo e resistentes como pasanas.” “Cara, você tem problemas.” “Eu sei como chegar lá.” Para minha surpresa era Jezebel a falar. “Há alguns anos atrás eu lutei em Glast Heim, exatamente aonde está a vela. Se aquelas criaturas não tem a tendência de reconstruir onde moram, provavelmente está tudo da mesma maneira.” Nunca soube que minha garota já havia estado naquele lugar. Ela era mais forte do que eu imaginava. Mas... Mas porque nunca havia me dito? “Então vamos nos preparar. Vocês dois devem partir o mais rápido possível.” Chegará o momento finalmente. Não podia negar que estava com medo, ele me consumia, mas procurei me controlar. Iria ver se meu treinamento foi de alguma valia. Jezebel se aproximou e me abraçou. Eu não retribui. Ela percebeu. “O que foi?” “Porque nunca me disse que havia estado aqui?” “E isso importa? Não achei importante falar sobre isso.” Encarei-a. “Jezebel... Por que você não consegue se tornar sumo sacerdotisa?” “Os testes são muito difíceis. Você sabe. Por que isso agora?” Parei alguns segundos e calcei minhas luvas. Prendi minhas presilhas descomunais junto ao peito. “Depois vou querer saber mais deste teste tão difícil.” Ela não respondeu, mas percebi que ficou tensa. Ela me escondia algo? Estávamos prontos. A área próxima ao portão principal estava “limpa”. Teríamos que ser um só. Rápidos e ágeis. Entrar sorrateiramente não era nossa especialidade, mas iríamos vencer. Ninguém nos deteria, nenhuma força maligna nos rivalizaria. Tínhamos nossa fé e a força do amor. Éramos a luz, os representantes dos deuses, aqueles em que o bem se irradiava. Invencíveis em nossas almas. Entraríamos e iríamos sair vitoriosos. Entramos pelo grande portal. Dez minutos depois fomos capturados. A Grande Festa Eu não sei bem como aconteceu, mas numa hora estava em pé dentro do castelo e na outra acordei no chão gelado e úmido da igreja profana deste local, amarrado à Jezebel. Com certeza não éramos tão bons quanto Ninja, o ninja. Percebi que nosso fim estava próximo ao ver às criaturas de Glast Heim nos observando. Centenas. Quase me borrei. Jezebel também estava acordada, mas manteve o silêncio e um olhar furioso. Ela não se perturbou, mas também não podia fazer nada. Já não havia mais tempo. Ele estava vindo. O som de seus cascos contra o mármore corroído da igreja era como uma contagem final para nossas vidas. Senti minhas forças se esvaindo, ou era o desespero? Tentei segurar a mão de Jezebel, mas do jeito que estávamos amarrados não conseguia. Ele se aproximava cada vez mais e mais até ficar bem ao nosso lado. Foi tempo de ver somente seu corpo imenso, de pelos amarronzados quase negros. Chifres retorcidos, uma abominação criada à imagem de um homem mas misturada ao mais hediondo dos bodes. Seus músculos brandiam uma imensa foice de metal negro reluzente que foi batida contra o chão áspero da igreja, que brilhou com sete relâmpagos. Um Bafomé e aqui em Glast Heim. Nunca havia pensado que terminaria meus dias nas mãos de tão poderoso inimigo. Me apertei à Jezebel que parecia rezar. Eu fechei meus olhos e rezei também, esperando o golpe final. Ele balançou a foice no ar, deu um balido monstruoso e... Falou!!! “E ae galera? Qualé a parada?!” Vocês devem imaginar a minha surpresa. Nunca acreditaria se não tivesse sido comigo. Era isso mesmo, o bafomé estava falando e falava igual a um malandro. Percebi que também usava óculos escuros em formato de estrela. “V-você fala?” “É claro que falo. O que você acha que eu sou? Um monstro?” Preferi não responder. “Qual foi galerinha? Tão com medo do que?” “O que vão fazer com a gente?” “Se preocupa não ‘kpião’. Pronto. Estão soltos. A gente só amarrou vocês para evitar que ficassem correndo por ae feito doidos. Sabe como é né? A gente não tem boa fama pela redondeza, tipo, nós somos maus! He, he, he, he. Muito maus!!! Tchá! Hu! Há!” Todos os outros monstros acompanharam o bafomé numa dança maluca. “Chega, chega! E ae? Qual é a de vocês? Porque estavam entrando aqui escondidos? Isso é invasão sabiam?” “Err... Bem, é que tínhamos uma missão...” Jezebel tentou algo. “Uuuhhh! Missão? Legal, legal, tipo, secreta? Me amarro. Que missão era essa?” Ele se chegou e nos abraçou. “Bem... estávamos a procura da Vela de Vör.” “Vela de quem?” “Vör.” “Bem... A única vela que temos aqui é aquela ali.” Apontou seu dedo afiado na direção do altar. Todos os monstros abriram espaço e vimos descansando sobre um bolo (!) o que seria a Vela da Sabedoria de Vör. Sim, era ela. “Como somos criaturas da noite não usamos muita iluminação por aqui. Apesar de ainda termos olhos, exceto pelo meu amigo aqui. Apontou o rosto descarnado de uma Alma Penada que eu jurava estar sorrindo.” “Por exemplo eu gosto de olhar as estrelas e o pôr-do-sol. Gosto das cores. Somos bem sensíveis a luz do sol, isso é um fato, mas nada que nos impeça de pegar um bronzeado. Certo galera?!!!” “Uh!Uh!Uh!” Começaram a mostrar marquinhas de bronzeamento. Um Cavaleiro do Abismo ainda usava... biquíni!!! Jezebel corou na hora. “Não liguem pra ele, esse cara é meio esquisitão mesmo. Ele anda meio confuso.” O Bafomé se apressou em explicar. “Meu nome é Harold, senhor destas terras e rei do... Soul Funk!!! Tchá! Hu! Há!” Acho que havia entrado em outra dimensão onde um mundo improvável se descortinava diante de mim. Devo ter levado alguma pancada na cabeça. “E os seus nomes?” “Eu sou Dedalus.” “Eu sou Jezebel.” “Oh! Dedalus e Jezebel, Jezebel e Dedalus, Dedalus e Jezebel, Jezebel e Dedaluz...” “Dá pra parar?” “Desculpa, brincadeira. São namorados?” “S-sim.” “Que maneiro cara. Eu também tive uma namorada, mas ai eu tive que devorá-la. Até hoje eu sofro com indigestão. Bruaca. Mas me diz ai, por que querem nossa vela?” “Nossa vela? Essa vela é de Pronteras. Um de vocês a roubou durante a noite do quarto do rei.” “Roubou?!! Eu não sabia. Ô gárgula, vem cá!” Do meio da horda saiu uma gárgula meio embaraçada. “Mermão? Tú roubou os carinhas vivos?” “Pô, é assim, eu tava - tchans - dando uns rolé, voando mesmo lá por aquelas bandas, quando vi algo brilhando numa das torres daquele castelão. Quando me aproximei vi um homenzinho gordo, tipo com uma vela ‘bunita paca’. Ai lembrei assim: rapa, é o aniversário do Arthur daqui alguns dias, essa vela ia ficar lindona no bolo dele!” “Mas ai pensei que a parada fosse babar porque tava sem grana nenhuma pra comprar ela do gordinho. Ai resolvi pegar ela só por uns dias e depois devolver e tals. Compreendeu? Foi por uma boa causa.” “Mermão, você deu mó vacilo ae. Que confusão. Por isso aqueles carinhas lá fora tocaram o zaralho com os cachorrinhos e os dragõezinhos. Mas valeu, foi por uma boa causa mesmo.” “Vocês sabem deles?” Jezebel perguntou. “Claro. E aquele seu outro amigo que ficou aqui quase uma semana? O todo de preto. A gente num momento até pensou em ir falar com ele, mas como se enfurnou numa latrina fedida daqui a gente nem quis tentar mais. Como não tava perturbando ninguém resolvemos deixá-lo em paz. Aqui tem lugar pra todo mundo, não é mesmo pessoal?!!!” “É isso ai!!! Tudo irmão!!!” Gritaram em uníssono. “Bem... E agora?” Eu estava totalmente confuso. “Que vão fazer com a gente?” “Foi bom você perguntar. Que comece la fiesta!!!” De repente tudo virou uma grande algazarra. Uma música doida começou a tocar enquanto todos começaram a dançar. Vi trazerem barris de cerveja. Essas coisas bebem? Num piscar de olhos colocaram um canecão cheio de cerveja vermelha numa das minhas mãos e na outra uma perna enorme de frango assado. Jezebel foi convidada para dançar com tudo que é criatura. No começo ela ficou intimidada, mas depois começou a se soltar. A música até que não era ruim, uma espécie de batida compassada com muitos instrumentos de sopro. Muito dançante realmente. Harold chegou do meu lado entornando cerveja pra todos os lados. “Cara, que maneira a sua mina. Ela dança paca. Ainda bem que vocês apareceram pra festa.” “Porque isso agora?” Falei gritando. “Não se lembra do que o gárgula falou? Hoje é aniversario do Arthur.” Me apontou um Raydric envergonhado que Jezebel tentava fazer dançar. “Aquele carinha é gente boa. Por isso o gárgula pegou a vela. Era para o bolo de aniversário. Ele está fazendo 138 anos.” “Mesmo?...” Pensei em como esses monstros tem vida própria e não parecem em nada com o que imaginávamos. A festa continuou firme e forte. O ponto alto foi quando a única Alice de Glast Heim se juntou à Jezebel e fizeram a dança do robô. Logo depois Harold e mais cinco Bafomés Jrs (tudo de óculos escuros) entraram em ação e dançaram em sincronia o que chamavam de bebop. A comemoração durou horas até o momento dos parabéns. Arthur ganhou muitos presentes e um beijo da Alice e de Jezebel. No fim todos nos agradeceram e devolveram a vela. “O que vão fazer com ela?” Perguntou Harold. “Bem... Temos uma outra festa amanhã e a vela é parte importante dela.” Quando voltamos ao acampamento da guarda de Pronteras todos estavam muito preocupados, principalmente Bamph. “Começamos a achar que algo deu errado quando ouvimos música. Pensamos que comemoravam sua captura.” “De certa forma... Mas não se preocupe mais. Veja, temos a vela.” Devo dizer, com um certo orgulho, que todos se admiraram do nosso feito. Até Ninja nos cumprimentou. Ele ainda não tinha tomado banho. Antes de partimos para Pronteras ainda deu tempo de dar uma última olhada em Glast Heim. Vimos, em cima de uma das muralhas, um Raydric solitário que nos dava adeus. Não íamos nos esquecer daquele dia. No dia seguinte acontecia a grande festa de aniversário a tanto esperada. Todos os heróis compareceram em peso, para delírio do povo. Tudo estava perfeito para as comemorações e Ragnarok iria ser devidamente homenageado. Jezebel e eu não fomos esquecidos. Nosso ato único nos deu a grande honra de ficar ao lado do rei quando acendesse a vela de Vör. Nada mais justo. Mesmo assim achava que faltava algo, talvez alguns doidos que conhecemos recentemente. Percebi que Jezebel também pensava neles. Perdido que estava em meus pensamentos nem percebi numa grande confusão que se formava no portão sul. Houve correria generalizada, desembainhar de espadas e muita gritaria. Os heróis foram dar guarda ao rei. Estava difícil descobrir o que acontecia, mas logo descobrimos pois o rei Tristam III foi informado depressa sobre o que acontecia ao sul por um capitão mais pálido do que um fantasma. “Um exercito!! Um terrível exercito de Glast Heim!!!” Era evidente que Jezebel e eu reagimos instantaneamente àquela informação. Corremos em direção ao portal, no caminho vimos preparativos para um ataque em massa. Se quem veio de Glast Heim eram nossos amigos muitos iriam morrer. Tínhamos que fazer algo. Corremos até os guardas que defendiam o portão. “Deixe-nos passar!” “Está louco? Não vê que estamos sob ataque eminente?” “Escute aqui seu idiota.” Era Jezebel. “Se não nos deixar passar muitos morrerão. Vai aceitar essa responsabilidade?” O guarda hesitou mas não abriu a passagem. Foi quando surgiu Luthien Silvermoon atraída pela discussão. A lendária Luthien Silvermoon. “O que acontece aqui?” Sua voz parecia o vento. Apesar de quem era, não tínhamos tempo para perder com discussões que não levariam a nada. “Precisamos passar. Podemos evitar um grande erro.” “Um noviço e uma sacerdotisa? Isso é suicídio.” “Vocês não entendem!” Gritou Jezebel. “Eles são nossos amigos!!!” Todos em volta pararam para escutar o que seria o improvável. “Se você é mesmo a heroína que dizem ser, faça sua parte abrindo aquele portão. Fomos nós que trouxemos a Vela de Vör de volta de Glast Heim. Lá conhecemos aqueles monstros que na verdade não o são, pois agora éramos amigos mesmo que diferentes.” Jezebel chorava. “Podemos evitar essa confusão. Por favor.” Luthien nos olhou com olhos dourados. Abriu a pequena abertura de vigia e viu um Bafomé liderar o que seria o exército do apocalipse. Ela nem percebeu que carregavam instrumentos musicais e que o Bafomé usava óculos escuros. Olhou uma vez mais para nós. “Muito bem. Estão por sua conta. Façam seu melhor e que os deuses os protejam.” Os portões foram abertos para que Jezebel e eu pudéssemos passar para logo depois ser fechado às nossas costas. Muitos subiram as muralhas para verem o que imaginavam ser um ato de loucura e suicídio. Acabaram por ver algo inimaginável. Um Bafomé dançando e fazendo pose e todos os monstros nos abraçando. Quando retornamos ao portão, vivos, ninguém parecia acreditar. Já nos aguardava o rei, padre Bamph e um batalhão de heróis prontos a trucidar qualquer coisa. Acho que num primeiro momento acharam que éramos traidores ou que sofremos lavagem cerebral, mas Bamph nos defendeu com unhas e dentes. “Eles se amam e para o amor não à o impossível.” Foram essas suas palavras. O rei se aproximou com seu queixo caído e perguntou. “Deuses... Mas... Como?” “Não se preocupe majestade. São amigos nossos. A única coisa que querem é participar das comemorações do aniversário de Ragnarok conosco.” “O que? Isso... É incrível.” Fiz um sinal para Harold se aproximar. Ele veio saltitante com seus bafomezinhos. “Fala seu rei!!!” Deu um grande abraço urso em Tristam. Claro que todos reagiram com a ameaça típica humana. Nunca esperavam ver um Bafomé abraçar seu rei. Tristam, meio sem fôlego, interveio rápido. “Fiquem quietos... Seu nome?” “Harold.” “Já deve ter percebido que não esperávamos... Sua visita. O que deseja de nós?” “A parada é o seguinte seu rei. O meu camarada aqui, Dedalus , e a gatíssima Jezebel foram lá em casa muito recentemente atrás da vela de vocês. Tudo isso que ocorreu em relação a ela foi um mal entendido que já foi superado. Até ai tudo bem. Tudo resolvido eles ficaram um pouco mais conosco para comemorar o aniversario de outro camarada nosso, Arthur o Raydric. Pois bem, agora é nossa vez de retribuir. Tô sabendo que é aniversario de Ragnarok. Ai assim, a gente também faz parte desse mundo, ele também é nossa casa. Tipo, a gente se completa entende? Somos todos irmãos, nada mais justo do que comemorar o aniversário em união, compreendeu meu filho? Falei. Pode ser que ele seja um Bafomé mas suas palavras soaram sábias, o que parece ter comovido o rei que o olhou com admiração. Acredito que nunca um inimigo de longas eras poderia estar tão certo. Olhou para a horda que o acompanhava. Todos sorriam, se aqueles rostos disformes estavam sorrindo. Aguardavam, com expectativa, a resposta do rei, já que o homem era o dono da festa. Foi então que as palavras que ficaram gravadas nos cômputos da história de Rune-Midgard forem ditas. “Abram os portões!” Gritou o rei. Aquele foi um dia único. Talvez nunca mais se realize novamente, mas ele seria lembrado como o dia em que todas as criaturas de Rune-Midgard se juntaram com o objetivo único de comemorar, com amizade e fraternidade, o aniversário de nosso mundo. De Ragnarok. Quando a Vela da Sabedoria de Vör foi acessa, lá pela noitinha, brilhou forte como um farol. Era uma magia especial que só o rei sabia ativar. Lá em Glast Heim o pessoal não viu todo sua beleza e esplendor. Harold a observava com um brilho especial em seus olhos. Eu parei de beber com um Cavaleiro do Abismo para me aproximar. “Bonita...” Falei qualquer coisa pra puxar assunto. “Sim...” Disse Harold ainda com os olhos fixos no brilho da vela. “Lembra que eu disse que gosto de observar as estrelas?” “Sim.” “Pois bem. Essa estrela que brilha tão forte nessa noite de comemoração se tornou a minha preferida.” Eu sorri. Ele tinha razão, era uma estrela. “Um brinde meu amigo.” “Um brinde.” Feliz aniversário Ragnarok. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 O maldito erro de novo. [/pif] Depois vejo como cuidar dele. Daqui a alguns dias vou postar o conto sobre a Arqueirinha de Payon e seu namorado especial e a incrvel historia de Ramerfin Furfurflin, o poring. Aguardem. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Puki Puki, Tuki Tuki Essa é a historia de um pequeno Poring dos campos verdejantes de Alberta. Seu nome é Ramerfin Furfurflin e numa grande aventura era entrar. Conhecido por sua grande curiosidade entre os seus, o pequeno Ramerfin Furfurflin não conseguia ficar satisfeito até ter feito alguma grande exploração em cada um dos seus dias Porings. Uma grande árvore tombada? Poderia ter alguma passagem secreta para algum mundo invisível. Uma pedra enorme e cheia de musgo? Poderia ser a entrada para algum templo perdido. Um Creamy com cores estranhas? Poderia ser algum espião dos famigerados seres alados da floresta. Para Ramerfin Furfurflin qualquer coisa que saísse do padrão virava motivo para se perder horas e horas, imaginando o que seria, de onde vinha e para onde iria. Pobre Ramerfin Furfurflin. Dentre os seus era considerado um tolo, um Poring que pouco se devia estimar, mas ele não ligava. Um dia uma de suas explorações lhe levaria a algum grande acontecimento e nesse dia todos iriam lhe prestar respeito. E parecia que esse dia estava próximo. Num dia de verão, um dos mais quentes, o nosso herói pulava atento entre os Pecopecos de Payon, desconfiado da conversa desses empenados seres. "Cho colate, Cho colate" é o que piavam, mas para Ramerfin Furfurflin aquele som era algum tipo de código secreto. Procurava interrogar um Pecopeco próximo, na esperança de conseguir suas respostas. "Puki, puki", falava o Poring. "Cho colate, cho colate" respondia o Pecopeco. "Tuki, tuki" gritava Ramerfin Furfurflin e "cho colate, cho colate" piava bravo o Pecopeco. Depois de uma hora inteira dessa conversa sem sentido e já muito irritado, o Pecopeco pegou Ramerfin Furfurflin com o bico e o arremessou para o alto. Tão alto foi que o pequeno Poring explorador perdeu o fôlego, se é que Porings tem algum, e foi cair entre algumas árvores ali perto. "Que fim terrível vou ter" pensou Ramerfin Furfurflin, acreditando que ao se chocar com o chão de tão alto que estava a cair, iria se desmanchar todinho. E teria sido assim se algo estranho não tivesse acontecido, pois ao bater de encontro ao solo Ramerfin Furfurflin não se desfez, tão pouco se machucou. O solo estava macio e quentinho como o colo de sua mãe, mas sua mãe com certeza não estava ali. Então o que estava acontecendo? Pulou de lado, agora sim chegando ao chão. Quando viu sobre o que havia pousado, arregalou tanto seus olhos que quase virou do avesso. Havia caído sobre algo vivo. A coisa, criatura, monstro, planta, ser... "Mas, que diabos era aquilo?" Pensava o assustado Poring, que já havia se escondido atrás de uma árvore ali próxima, só observando a coisa-bicho respirando lentamente. Era grande e parecia estar dormindo. Deitado na relva imóvel, exceto pela sua respiração não movia absolutamente nada. Ramerfin Furfurflin não conseguia definir o que era. Com certeza não era um Pecopeco, muito menos um outro Poring. Lembrava-lhe um Yoyo, mas só que maior e sem cauda. Ele se aproximou da coisa não Yoyo. Procurou lhe tocar. Em certas partes é mole, mas o que tem em cima da parte mole brilha e é duro feito rocha. Ramerfin Furfurflin vê seu reflexo nas partes brilhantes. O que será aquilo? No que parece ser os braços terminavam numa protuberância com outros cinco minúsculos braços. Pareciam machucados nas juntas. Olhou para a cabeça do monstro. Era feia. De cor branca amarelada, apesar de estar suja de terra, com muitos pelos no alto de uma cor azulada. Era por ali que a coisa respirava. Tinha três buracos na parte da frente e um em cada lateral. O ar entrava pelos buracos menores da frente, que estavam juntinhos e saiam de algo pontudo, e tinha um outro maior por onde também o ar passava, cheios de algumas coisas brancas enfileiradas e o que parecia ser uma lesma vermelha em seu interior. Ramerfin Furfurflin analisava tudo com precisão e percebeu que o monstro vazava. E vários tipos de líquidos. Perto dos pelos em sua cabeça brotavam gotículas salgadas incessantemente e percebeu que o monstro estava muito quente. Do grande buraco com as várias coisas brancas dentro saia um outro liquido avermelhado pela lateral que endurecia e ficava quebradiço quando fora dela. Dos buracos pequenos também saia esse liquido vermelho. Seu gosto era ferroso como a comida dos Chon Chons de Aço. Ramerfin furfurflin percebeu que em vários pontos do corpo do grande monstro saia esse liquido vermelho e em especial numa área mais abaixo do seu corpo que estava encharcado dele. O corajoso Poring em sua perspicácia percebeu que se o monstro continuasse a vazar daquele jeito poderia esvaziar todo. E com certeza ficar murcho não é uma boa coisa. Tratou logo de conseguir algo para parar os vazamentos. Primeiro localizou o pior deles. Estava em um de seus membros inferiores. Seriam suas pernas? Bem... Assemelhavam-se a dos Pecopecos então provavelmente sim, eram as pernas. Numa delas o líquido vermelho saia bastante e o que causou esse vazamento era algo que se assemelhava a uma mordida grande. Parece que o monstro lutou contra algo bem grande... E perdeu. Ramerfim Furfurflin catou varias folhas de arbusto ultra verde Poporing. Sua força está no seu amargor e como podem deixar nossa língua anestesiada. Seria bom para a mordida na perna do monstro. Mastigou um bocado e esfregou na ferida. Depois de alguns minutos o vazamento secou. Ramerfin Furfurflin ficou muito feliz apesar de que iria ficar mole e anestesiado por algumas horas. Colocou pequenos bocados nos outros ferimentos e começou a se preocupar com outras coisas, por exemplo, a alta temperatura do gigante. Será que iria derreter? Derreter não é nada bom e com certeza o monstro também não gostaria de derreter. A melhor coisa a se fazer seria esfriá-lo. Correu... Quer dizer, pulou até um laguinho próximo e catou uma boa quantidade de lama numa grande folha que estava caída ali próximo. Essa lama era boa porque era gelada e permanecia molinha e fria por longos períodos fora da água. Carregou a grande folha até a cabeça do monstro e a colocou, pressionando um pouco, sobre onde saia muita daquelas gotículas salgadas próximo aos pelos no alto. Ramerfin Furfurflin acreditava que seu trabalho ainda não tinha acabado. Olhando dentro do grande buraco na cabeça viu que a lesma vermelha estava ressecada e pensou: "Será que precisa de água? Será que é igual a um peixe? Hmmm... Sim. É isso!." Correu... Quer dizer, pulou novamente até o laguinho e se encheu de água. Tanto que seu tamanho dobrou e sua cor rosada se tornou azul como a de um Marin. Saltando, com cuidado, voltou ao seu monstro e disparou de sua boca um filete de água que foi cair dentro do buraco onde estava a lesma. Não muito para não afogá-la já que não tinha certeza se era ou não um peixe. Quando encheu um pouquinho o buraco o monstro se mexeu. Ele se fechou e Ramerfin Furfurflin concluiu que ali era a sua boca porque parecera que havia engolido a água. O monstro virou de lado. O Poring deu um grande salto assustado e foi para detrás de uma moita. O monstro havia cessado seu movimento e agora parecia dormir. Ramerfin Furfurflin se aproximou corajosamente e viu que agora o monstro respirava mais tranqüilo. Olhando agora com mais detalhes viu que seu novo amigo media uns seis Porings enfileirados. Ele era todo mole e branco, o que era duro era a coisa brilhante por cima do seu corpo. Na altura do peito viu que essa coisa brilhante possuía duas linhas cruzadas e um pequeno símbolo, ou desenho, ou marca que parecia... Uma toca? Casinha? E tinha mais daquelas linhas cruzadas. Isso não importava realmente. O importante mesmo era o sucesso que faria em sua vila. Com o monstro recuperado o levaria a seus amigos Porings e finalmente teria seu reconhecimento devido como grande explorador e conquistador de seres fantásticos. Essa seria sua grande honra, seu feito para todo o sempre escrito nas historia das nações Porings. Ramerfin Furfurflin estava ansioso. Tanto que em nenhum momento saiu do lado do seu monstro. Passou-se um dia e nada. O segundo dia já estava se completando para o fim. Enquanto isso o corajoso Poring protegia seu monstro do frio e da garoa, sempre na esperança de vê-lo acordar a qualquer momento, já que os vazamentos cessaram por completo e até o calor do seu corpo também diminuiu. O terceiro dia se iniciou. Um sol fraco começou seu trabalho, preguiçosamente varrendo das folhas o orvalho da noite anterior. Os pássaros também começaram seus afazeres de cantores e também pode-ser ouvir os "cho colates, cho colates" dos Pecopecos ao longe. Ramerfin Fufurflin dormia tranqüilo em cima do peito do seu monstro. Seus sonhos eram povoados por grandes comemorações, homenagens e um gigante, brilhante como o sol, que o carregava em sua cabeça cabeluda. Ouvia seu nome repetidamente e para sempre, sendo acolhido pelos Angelings sagrados nos reinos Porings distantes. De repente um tremor lhe removeu do seu mundo de paraíso, o fazendo acordar assustado. No seu susto rolou sem controle de cima do monstro indo parar ao seu lado. Não teve muito tempo para descobrir o que acontecia, pois muito rapidamente o monstro virou-se sobre ele e a única coisa que se ouviu foi um "splosh". O poderoso paladino ergue-se em toda sua magnitude. Observa em volta apreensivo, como se alguma coisa pudesse saltar sobre ele a qualquer momento. Nada em volta, apenas alguns Pecopecos que perambulam na área. Parece que agora respirava aliviado e finalmente sente seu corpo ferido. Um forte latejar na sua perna o acorda para a vida e o faz relembrar da prodigiosa luta contra um Maero de Thanatos que misteriosamente apareceu nessa região. Derrotou a criatura maligna, mas o preço quase foi sua vida. Seria o mínimo a se sacrificar pelo povo. Parece que esteve inconsciente algum tempo e provavelmente o dão por desaparecido. Esta na hora de retornar. Quando começou a caminhar percebeu algo estranho. Em sua perna ferida a um amontoado de folhas trituradas e em sua testa esta cheio de lama. "Mas o que será isso? Será que rolei pelo chão e pela lama? Não há como saber, mas graças aos deuses meus ferimentos estancaram e agora posso usar minha cura para poder partir" pensou consigo mesmo. Uma luz dourada se projeta sobre o paladino e agora, revigorado, caminha em direção a Payon. Nem sequer percebeu os pedaços de seu pobre anfitrião que se dedicou a ele por dois dias espalhados onde havia estado deitado. Pois para Ramerfin Furfurflin não sobrou mais nada. Seu monstro foi embora, seus parentes sequer sabem onde está e nem uma glória lhe será atribuída. E assim termina sua trajetória de explorador e conquistador de criaturas fantásticas, esmagado num canto obscuro da floresta onde nenhuma lágrima poderá ser derramada por ele. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Love, Strange Love. Em Payon, existia uma pequena arqueirinha, de cabelos tão negros que pareciam sombras escorrendo sobre seu corpo ou a noite mais profunda. Sua vida era basicamente se aventurar e atirar suas flechas por ai, derrotando quantos inimigos pudesse já que almejava ser a mais poderosa arqueira de todo reino. Um desejo realmente louvável. Mas um sentimento a afligia, pois sempre que anoitecia sentia que algo faltava. Não era alguma coisa obtida em lutas, como honra ou qualquer tipo de bem material. Estava além disso. Está coisa, está sensação que faltava era algo dentro de si que não tinha forma ou definição exata. Mesmo assim ela continuava sua vida, apesar do vazio e da opressão que sentia persistir em seu peito. De tanto lutar a arqueirinha se sentiu forte o suficiente para enfrentar as criaturas abjetas que habitam as cavernas de Payon. Ela era rápida, ela era forte. Seus inimigos não teriam chance e finalmente receberia as devidas honras pelos seus atos heróicos e talvez a sensação do vazio finalmente fosse embora. Caminhando pela escura e úmida caverna deparou-se com um zumbi, ser degenerado e maldito que se interpôs em seu caminho. Avançava a passos lentos, um alvo fácil para a super arqueirinha e suas poderosas flechas. Ela fez mira e aguardou o momento certo, mas por mais que se concentrasse esse momento não chegava. Não conseguia atirar sua flecha letal. Mas que diabos acontecia? Pensou ela. O que acontecia, era que enquanto fazia mira a arqueirinha "pousou" seu olhar no vazio das órbitas do zumbi e então algo aconteceu, algo que talvez ela almejasse há muito tempo. Pois ao se "verem", viva e morto vivo se apaixonaram. Sim... Era amor, um estranho amor. O vazio havia ido embora e fora preenchido com muito amor e paixão. Agora a arqueirinha se sentia completa e compartilhava esses sentimentos com o zumbi, seu namorado. Era evidente que aquele relacionamento não poderia ser considerado normal, mas o que importa? Para os dois o mundo era perfeito. Tudo faziam juntos e em tudo se completavam. Piqueniques, passeios pela floresta, nadar no lago, festas, caçar, namorar, mais piqueniques e tantas outras coisas que só faziam complementar seu amor. Mas até para o que é bom e mais puro é exigido um preço a se pagar tanto para o bem quanto para o mal. E no caso desses dois a aceitação do seu amor por parte de seus iguais ficou impossível. Dos dois lados, vivo ou morto vivo, ouvia-se reclamações de seus parentes e amigos. "É antinatural" diziam eles, "estão indo contra as leis dos deuses" diziam outros, "uma abominação" finalizavam com ódio. Minados por sentimentos tristes de todos os lados, começavam a "diminuir" e aos poucos foram sendo abandonados pelos seus iguais. Para onde iam olhares reprovadores os perseguiam. Não eram aceitos em lugar nenhum. Jamais aceitos, jamais bem vindos. Novamente o vazio retornava e agora com uma força bem maior, que levou a arqueirinha há uma nova e infinita tristeza. Num descampado próximo a Payon pararam e lá ficaram e choraram e adormeceram. Quando a noite chegou, acordaram e buscaram por alimento. A arqueirinha ainda estava viva e precisava comer. Justamente esse fato trouxe a sua mente angustiada a resposta que necessitava para conseguir a paz, ao menos de umas das partes que os menosprezavam. Era demasiado simples. Um dos dois teria que ficar igual ao outro no que diz respeito ao estado corpóreo, se vivo ou morto vivo. O zumbi não poderia voltar a possuir a centelha da vida batendo em seu corpo, então era evidente que a arqueirinha teria que se tornar uma morta viva. Como? Não percebe? Morrendo é claro, era o único jeito. E antes que o sol nascesse entre as colinas escarpadas de Payon, os dois subiram um grande monte que dava para um precipício que terminava na parte mais profunda daquele local. Não muito alto, realmente, mas o suficiente para retirar a vida da mais delicada das criaturas. E não havia criatura mais delicada que a arqueirinha. Ela sempre desejou morrer como um pássaro, pois era fato que ela amava essas criaturas, tendo nunca matado uma delas. Para evitar que fosse detentora de um pecado mortal não se jogou por si mesmo, mas deixou isso por conta do zumbi que a arremessou para além da borda do precipício. Foi um belo arremesso. Quem olhasse para o alto naquele dia veria um estranho pássaro de formas humanas alçar um curto vôo num céu azul jamais visto antes. Durou apenas alguns segundos antes do impacto fatal e então, finalmente e em paz, morreu a arqueirinha de cabelos negros como sombras. O enterro foi muito bonito. Todos que a amavam em vida estavam lá. Seus amigos compareceram e se compadeciam. Seus pais compareceram e se compadeciam. Todos se perguntavam o porquê e se tudo não teria acabado diferente se tivessem agido de maneira diferente com o casal de estranhos amantes. Depois de tudo terminado, naquela mesma noite de lua cheia, uma sombra disforme perambulava entre as lapides do cemitério de Payon. Era o zumbi, que agora carregava uma grande pá, em busca de sua amada. Foi fácil achá-la pois seus túmulo era adornado de centenas de flores. Cavou durante toda noite a cova da recém falecida. Por que enterram seus entes querido tão fundo? Perguntava-se o cansado zumbi e continuava a remover mais e mais terra até finalmente, já pela madrugada, descobriu o caixão da arqueirinha. O abriu e removeu seu corpo sem vida. O carregou até as cavernas de Payon, com todo o cuidado e respeito que um morto deve receber e finalmente a enterrou naquele solo amaldiçoado. O zumbi foi para fora e esperou. Esperou e esperou e de tanto esperar adormeceu, se é que mortos dormem. O sol se erguia preguiçoso, forçando seus raios entre a neblina densa da floresta até que um deles acordou o dorminhoco zumbi. Foi bem a tempo de ver saindo, meio cambaleante, sua arqueirinha recém saída das terras profundas e malditas daquele lugar. Lívida, fria, roxinha e morta viva como ele. Agora, finalmente, poderiam viver felizes para sempre. Ficariam juntos pela eternidade até que se desmanchassem por completo ou até surgir algum herói que os destruísse. O que viesse primeiro, contanto que demorasse bastante tempo. Obs.: Pela mor de Deus, se estiver sofrendo de amor não vá se suicidar. Te garanto que não é nada agradável. Isso aqui é só uma histórinha com um pouco de humor negro. Melhor tentar arranjar um namorado(a) novo e ser feliz do que morrer e causar um monte de problema aos outros com um ato de covardia final. Abraços. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Katharmek Posted February 15, 2010 Author Share Posted February 15, 2010 Cara,Seus contos são fantásticos, li todos e adorei cada um. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Guidon Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Oi! Cara, achei seus contos muito bons, muito MESMO (principalmente da Arqueira e do Zumbi).Continua escrevendo assim que o pessoal vai continuar lendo e talvez comentando mais.[/ok] Quote Tem ou quer criar um Insurgente? Dê uma olhadinha aqui: [Guia] Aço, pólvora e caos Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Obrigado rsrssrs. Não estou esperando muitos comentarios por agora porque comecei recentemente a postar os contos. Os próximos vão demorar um pouquito mais pra colocar aqui porque são maiores. O mais próximo de terminar é o chamado Tortas da Discordia com Jezebel e Dedalus novamente. Só ter um pouco de paciencia que em breve vai estar aqui. Abraços. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Vlad Dracull Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Coitado do Poring.... O Conto da arqueirinha também é muito bacana. Nunca mais vou a Payon "matar" morto algum... Parabéns. Quote O Eterno Aprendizado! Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 A Espada e o Cajado Neste dia completo dezesseis anos, adquirindo meus direitos de homem de armas e hoje faço valer meu destino. Dentre em pouco darei início aos meus treinamentos para me tornar um espadachim da ordem real de Pronteras. Meu nome é Valorun e eu juro que irei me tornar o mais poderoso Lord do reino. O dia surge frio e acolhedor. O orvalho da noite cobre as folhas das árvores, nos brindando com um belo show de brilhos gelados, mas isso é temporário. O sol surge imponente e seu calor faz valer-se sobre o frio da noite, que se despede como um vento leve tentando ainda se agarrar a sua condição de rei deposto. O sol hoje será apenas uma testemunha especial de minha promessa a ser realizada. Como filho primogênito todas as esperanças de fazer elevar o nome da minha família são depositadas em mim. Meus pais não sabem, mas não é isso que me motiva. Não almejo fama ou grandes honras. O único desejo que corre forte em minhas veias e bate forte em meu coração é o querer ajudar o próximo e fazer o bem maior. Algo muito acima de homenagens criadas pelos homens. Meus pais não me compreendem, mas eu os entendo. Estamos passando por períodos negros de nossa era e com a volta do Lord Morroc muito do que existia antes deixou esse mundo e hoje uma boa posição na sociedade pode ser a diferença entre passar fome ou ser reconhecido e frequentar as altas rodas sociais. É evidente que jamais deixarei meus parentes passarem privações, mas nunca me venderei por um pedaço de pão. É preferível meu sacrifício em nome deles do que jogar o nome da minha família na lama. O ideal da justiça preenche minha alma e através dessa força irei superar qualquer dificuldade. Sou jovem ainda, eu sei, meu coração transborda com a possibilidade de grandes aventuras onde conhecerei heróis, cidades incríveis e onde poderei mostrar meu valor, coisas temporárias. E hoje é o dia onde iniciarei essa incrível jornada. Parto de casa para a região onde é feito os treinos dos aprendizes com o coração a bater com força. A ansiedade me consome, mas procuro me conter, devo manter o controle diante de tão importante momento. Minhas mãos suam bastante. O dia está particularmente bonito hoje. Estou tão concentrado que mal percebo a grande quantidade de aprendizes que estão no local de treinamento. Todos aqui, juntos, para serem os melhores em suas classes. São tantos e de tantas regiões que chega ser impressionante. Alguns aparentam ser mais jovens do que eu e outros tantos bem mais velhos. Meninos e meninas em busca do seu espaço dentro do mundo dos heróis. E eu estou entre eles. Vejo confiança em alguns rostos e em outros apenas percebo uma ausência, como se estivessem perdidos em pensamentos distantes. Eu realmente não vejo com bons olhos esses tipos. Confiança é bom, mas em demasia pode derrotar o mais valoroso dos heróis. A falta de concentração em algo tão importante é uma ponte que leva somente a queda definitiva. Eu gosto daqueles que demonstram estarem realmente preocupados com o que vira. Suas mentes fervilham e pensam em várias possibilidades. E nessas possibilidades criam maneiras úteis de se evadirem de perigos incultos, quase nunca sendo pegos desprevenidos. É evidente que essa maneira de agir não é infalível, mas é melhor do que enfrentar o desconhecido com muita pompa ou dessipação. É chegada minha vez e após ser devidamente instruído pela bela moça loira na entrada, que antecede o pequeno forte onde acontecem os treinamentos, dou os primeiros passos em minha aventura pessoal. Lá dentro as coisas estão bem confusas, mas de rápido entendimento. Pequenos grupos de dez a quinze aprendizes rodeiam os vários instrutores que se localizam dentro do grande salão principal, que serve de recepção aos novatos. Foi assim que aprendi os primeiros parâmetros de como me portar em combate, sobre o uso de poções, sobre a corporação de transportais Kafra e muito mais. Recebi meus primeiros equipamentos e depois de um bom tempo ouvindo úteis instruções, passo para a anti-sala que me dará acesso ao local dos combates. Ali recebo informações sobre os monstros e meus últimos equipamentos, como uma Vembrassa do Aprendiz e um chapéu Casca de Ovo, que no total me fornecem uma boa defesa, juntamente com uma boa adaga e um punhal. Prefiro usar o punhal, pois me parece ser mais balanceado. Agora teria que por a prova minhas capacidades. Com a última instrutora pego 300 poções do aprendiz, que juntamente com outras 100 que já havia recebido me dão um bom estoque contra os perigos que enfrentarei. Coloco todo equipamento, me armo, respiro fundo e parto para as minhas primeiras batalhas. Avanço, o sol lança seus raios sobre meus olhos. Não enxergo nada além do branco de uma cegueira momentânea mas quando recupero minha visão, um segundo depois, vejo e ouço, como se esses dois sentidos estivessem conectados de alguma forma, o caos diante de mim. Grandes grupos de aprendizes corriam de um lado para o outro, lutando feito loucos contra Condores, Salgueiros, Fabres e Picks. Esse era o campo de batalha para iniciantes onde as criaturas aqui postas eram mais fracas. Era necessário agir rápido, pois mal aparecia um monstro todos os aprendizes "pulavam" em cima dele. Percebi que não havia respeito, ou tempo, para formalidades de combate e cada um dos aprendizes atacavam os adversários dos outros. Em combate real isso é desonroso e não seria tolerado mas ao que parece isso era o que menos importava no momento. Sempre fui muito ágil e forte e recentemente vinha desenvolvendo meu corpo a ponto de resistir a grandes castigos, devido a isso foi fácil para mim eliminar os inimigos dessa área. Quando percebi que já estava pronto fui de encontro ao supervisor de campo de batalha e lhe pedi que me transferi-se para um desafio maior. Precavido que era me informou dos grandes perigos que enfrentaria, mas apenas acenei com a cabeça concordando e me preparei para ser teleportado. Nesse momento fomos interrompidos por uma jovem aprendiz, de grandes olhos castanhos e cabelos claros como a neve, que desejava o mesmo que eu. Sua respiração estava pesada e percebi alguns ferimentos que não foram curados devidamente. Eu a olhei de canto de olho, preocupado, mas não me intrometi. Não era momento para fazer questionamentos infrutíferos, já que ela estava determinada a ir para o campo de batalha mais difícil. Fomos teleportados. Para meu espanto esse campo de batalha é fisicamente igual ao anterior. Até os pequenos arbustos parecem estar na mesma posição. O diferencial era os monstros que nele estavam. Besouros-ladrão, rápidos como uma flecha, Besouro-ladrão fêmea, do tamanho de um cão e superfortes, Rockers, grandes gafanhotos humanóides e seus violinos irritantes e os Esporos, fungos saltitantes ardilosos e com uma mordida forte. Vários aprendizes caiam diante destes inimigos e logo eram teleportados para alguma área segura. Teria que agir com cautela se quisesse sobreviver. Iniciei atacando os Besouros-ladrões que me pareciam ser uma ameaça menor. Me enganei. São pequenos, mas fortes e muito organizados. Se atacarmos um deles e houver outros por perto, logo vem em auxilio de seu companheiro de roubos, e você pode acabar apanhando de uns três ou quatro deles. Algo que complicou bastante minha vida. Em vários momentos tomei varias poções e quase fui derrotado em algumas lutas, mas resisti e conforme ganhava sentia que adquiria um maior entendimento acerca dos modos de ataques dos monstros dessa área. Mesmo assim após cada luta, tinha que descansar e usar primeiro socorros, o que me economizou muitas poções. Cinco aprendizes formaram um pequeno pelotão, um grupo, e eu fui convidado a participar dele. Com prazer digo que nos tornamos muito eficientes como se fossemos um cavaleiro treinado e até mesmo os besouros-ladrões fêmeas eram derrotados facilmente. Todas essas lutas tinham como objetivo conseguir, após algumas lutas, a aprovação do supervisor de combates que fica ao norte das áreas de treinamento. Se por acaso você tentar sair antes do tempo devido, entenda por "antes do tempo devido" sair do treinamento sem ter adquirido a devida maturidade nos combates, ele lhe repreende lhe dizendo algo do tipo: "Não acha que esta deixando a festa cedo demais?". É evidente que estamos livres para sair quando quisermos, ele só faz esse questionamento apenas para atentarmos para nossa pressa. Quando estamos prontos, apenas nos dá uma rápida instrução e nos envia para a última parte do teste. Esse momento já havia chego para mim. Estava quase saindo quando percebi a mesma menina de antes, a dos olhos castanhos e cabelos brancos, com problemas graves para derrotar um Rocker e um Esporo. Ao que me parece provocou dois inimigos ao mesmo tempo. Grande erro. Pelo que vi, ela provavelmente não seria uma mulher de armas. Possivelmente uma maga. Seus golpes mal faziam algum dano. No momento que fui socorrê-la levou um forte golpe do Rocker, perdendo o equilíbrio e caindo. No momento derradeiro ataquei rapidamente o Esporo que estava prestes a mordê-la. O Rocker esqueceu da menina e também começou a me atacar vendo em mim uma ameaça maior para sua sinfonia de "recs-recs". Derrotar esses dois foi mais difícil que enfrentar um Besouro-ladrão fêmea sozinho. Ferido e um pouco cansado olhei para a moça de olhos castanhos. Ela já estava de pé e parecia disposta a avançar sobre um outro Rocker ali perto. Parece que nem percebeu que há pouco segundos atrás ia ser derrotada. E sequer me agradeceu por tela salvo agora a pouco. Ela avançou sobre o "insetão", mas a segurei a tempo pelo braço antes que cometesse uma outra insensatez. "O que pensa que está fazendo?" Perguntei irritado. "Me solte!" Ela tentou se desvencilhar mas foi em vão. "Calma... Só quero lhe ajudar. Vi que estava em dificuldades..." Procurei falar mais suavemente para tentar acalmá-la. Percebi que ela procurou esconder o rosto de mim, mas pude perceber as marcas de lágrimas ressecadas em seu rosto empoeirado. Eu a soltei mas me mantive próximo para evitar que tentasse algo irresponsável. Perguntei novamente já que ela pareceu ter acalmado seu ímpeto suicida. "O que está acontecendo?" Com o rosto vermelho de raiva ela virou-se para mim, me olhando com ares de frustração e revolta. "Eu preciso vencer... Preciso da aprovação mas... Eu não consigo." Entendi que sendo uma aprendiz de alguma classe que não faria uso de força física, vi que estava em dificuldades para derrotar seus inimigos, até mesmo aqueles do campo de treinamento mais fácil. Coloquei minha mão sobre seu ombro e sorri. "Venha... Eu vou te ajudar." Surgiu um brilho especial em seus olhos e ânimo retornando ao que antes era apenas frustração. Fomos lutar juntos, e mesmo podendo ir para a outra fase do teste resolvi me demorar um pouco mais aqui, para ajudar essa menina de incrível força de vontade. Com minha ajuda ela aprendeu rápido a tal ponto de nem precisar mais de mim. Ela estava preparada e eu mais do que nunca também estava. Fomos ao supervisor de campo e recebemos autorização para passarmos à próxima fase. Enquanto caminhávamos procurei saber um pouco mais sobre minha nova amiga. Seu nome é Sylvane e vinha das terras ermas do norte de Pronteras. Sua família, como outras tantas, a enviara na esperança de conseguir uma boa posição na sociedade e assim fugir da carestia que assolava todo reino. Como havia suposto ela realmente almeja se tornar uma maga, por isso a dificuldade para derrotar até a mais simples criatura. Havia prometido aos seus pais que se tornaria alguém respeitável e que nada impediria de realizar essa meta. Falava essas palavras com chamas nos olhos de tão convicta que estava. Eu admirava esse sentimento... Tanta força de vontade só poderia trazer as melhores coisas para vida e realmente vi que Sylvane iria alcançar seus objetivos. Chegamos diante do realizador do terceiro teste, um senhor barbudo com ares de professor que iria nos passar um teste de avaliação pessoal. Nos já sabíamos que não era necessário fazê-lo, mas acreditávamos que mesmo sem ser necessário era uma parte importante do que queríamos como meta, pois através deste teste iríamos saber se nossa vocação seriam as profissões que almejávamos. Eu agora teria que me despedir de minha nova amiga mas com esperanças de um dia revê-la novamente. Estávamos de certa forma conectados. Vindos de famílias pobres, lutando por nossos ideais e com o desejo final de praticar o bem em nossos corações. Ela me abraçou forte e timidamente retribui. Era hora de cada um de nos seguir seu caminho. Com um desejo profundo de reencontrá-la me despedi. Ela fez seu teste primeiro. Aguardei pacientemente e depois de um pouco de expectativa recebi um sinal positivo de Sylvane. Parecia que seu teste havia sido positivo para ela. Infelizmente não houve tempo para despedidas e só pude ver seu sorriso num breve momento antes de ser teleportada para Geffen. Era chegada minha vez. Engoli em seco e comecei o teste, estava nervoso eu confesso, mas era apenas algo corriqueiro. Mesmo assim meu coração acelerou. Será que minha vocação é ser mesmo um espadachim? Devo seguir meu coração ou o que o teste indicar? No final daquela manha depois de longos minutos fui teleportado para Izlude completar minha capacitação como espadachim. A pequena cidade portuária de Izlude, que nada mais é do que uma pequena base satélite de Pronteras, agora comporta a central de alistamento e formação dos espadachins de todo reino. Não sei o porque disso mas ao que parece reformas eram necessárias na base em Pronteras, ou algo assim e desde então Izlude se tornou um importante foco militar do reino. Depois de teleportado surgi diante de um velho cavaleiro bem disposto, atrás de uma grande mesa de pinho. A pequena sala do edifício onde se realiza os testes finais estava apinhada de jovens aprendizes e digo com surpresa que muitos que estavam ali estavam comigo no campo de treinamento pela manha. Agora não era hora para confraternização e sim de concentração em meu objetivo. Passados cinco minutos o cavaleiro me chamou para diante da mesa. "Nome?" Disse ele com voz grave. "Valorun." Respondi sem pestanejar. "Esta vendo aquele homem naquela porta?" Me apontou um outro membro de armas, esse menos parafernado mas com os mesmo ares de seriedade, que estava diante de uma entrada a minha esquerda. "Fale com ele. Vai lhe explicar o que deve fazer para iniciar seus testes. Boa sorte." Apenas concordei com um aceno de cabeça e fui falar com o outro cavaleiro. Depois de me explicar como seriam as coisas me deu passagem para o que seria uma pequena sala de aula, com cadeiras e mesas bem dispostas. Estava lotada. Aparentemente uma bela moça, de cabelos curtos e óculos, estava só aguardando minha chegada para totalizar a quantidade de aprendizes que iriam fazer os testes serem iniciados. Depois que me acomodei e ela deu inicio as instruções de como seria o teste final. "Todos vocês agora irão passar pelo que chamamos de "a analise final" de seu caráter. Tratasse simplesmente de algo focado em seu equilíbrio moral, físico e espiritual, que são as pedras fundamentais de todo bom espadachim. Numa câmara secreta abaixo de nos haverá três grandes salões que devem ser atravessados em menos de dez minutos. Após atravessarem esses salões e caso o tempo tenha sido inferior aos dez minutos estipulados vocês serão aceitos como espadachins das forças de combate de Pronteiras." Sem nem sequer nos darem explicações adicionais começaram a mandar os aprendizes iniciarem as provas. Conforme o avanço do aprendiz nas antecâmaras suas vitórias era anunciadas em voz alta para que todos pudessem ficar a par de seus progressos no teste. Seus fracassos também. Isso só servia para deixar mais nervosos os que eram os seguintes na grande prova. Minha vez havia chegado. Novamente o suor nas mãos. Fui encaminhado para uma escadaria ao fundo da sala. Desci vários degraus antes de alcançar um grande salão onde apenas se divisava o piso e mais nada. O resto todo estava imerso em trevas. Uma voz feminina, que acredito ser da moça que nos deu as instruções iniciais, deu sinal verde para que iniciasse minha prova. Apenas dez minutos e teria que atravessar três grandes salões. Quando comecei a caminhar parte da minha ansiedade se dissipou para logo em seguida se tornar apreensão. No começo estava fácil atravessar o primeiro salão mas logo depois tive que me equilibrar numa diminuta passagem que ligava um piso ao outro e no meio havia um grande e abismo. Passei pelo primeiro com certa dificuldade. O segundo foi mais complicado e sofri uma queda indo parar num conjunto de cavernas logo abaixo, infestada de monstros hostis. Retornar é fácil e a sempre a opção de desistir, impensável para mim. Menos de 5 minutos depois havia conseguido cruzar os três salões com louvor. No final do último salão existe um transportal que me mandou de volta para a sala de inscrição onde estava o cavaleiro austero. Fui recebido com felicitações e fui condecorado espadachim da ordem real militar de Pronteras. Visivelmente orgulhoso vesti meu uniforme e com honra agradeci ao velho cavaleiro. Me olhou com admiração e me aconselhou a retornar e conversar com os cavaleiros dali pra receber importantes conselhos e ir visitar Pronteras, onde necessitavam de jovens espadachins para uma importante missão nos esgotos da cidade. Parecia uma boa oportunidade para dar inicio aos trabalhos como aventureiro de carreira. Despedi-me com a promessa de retornar mais forte e sai feliz pela porta de entrada. O céu estava azul como nunca havia visto e o sol brilhava forte no firmamento. A brisa marinha batia em meu rosto aliviando-o do cansaço das últimas horas. Finalmente era espadachim e agora iria iniciar minhas aventuras. Subitamente pensei em Sylvane. Penso se havia conseguido se tornar maga ou se havia desistido. A imagem fragilizada da menina de grandes olhos castanhos encheu minha mente e de repente me senti muito preocupado com alguém que mal conhecia. O que seria isso? Que sentimento era esse? Não tive tempo para analisar essas questões, pois atrás de mim ouvi uma voz familiar que fez meu coração palpitar. Me viro e ali esta ela... Sylvane, agora vestida com seu traje de maga e radiante como o próprio sol. Sua beleza fica mais evidente quando sorri e agora eu entendo o que sinto. E acredito que ela também sabe que sentimento é esse. Ela, com uma única frase, faz com que tudo em volta desapareça e agora só consigo vela diante de mim. "Me paga um suco de maça, espadachim?" E com o som cristalino de sua voz deixo-me conduzir pelo destino e pelo amor. Que aventuras incríveis iremos ter? Só os deuses sabem. OBS.: Jogo realmente com um espadachim chamado Valorun que me inspirou a criar esse conto. Infelizmente não existe uma Sylvane, mas quem sabe não aparece uma depois de ler esse conto. Outra coisa: tá triste usar word e depois colar aqui, fica tudo embolado. Tenho que escrever direto aqui mesmo, o problema que não da pra salvar e tenho que escrever tudo de uma vez, o que é impossivel pro que pretendo escrever que é muito maior. Me perdoem os erros. Abraços. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Guidon Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Oi! *Texto* [/uau] GIGANTE! Nem eu consigo fazer um testo assim!BTW, muito bom. tá triste usar word e depois colar aqui, fica tudo embolado.Usa o notepad (bloco de notas), eu uso e fica legal, só não fica muito bom, mas algumas coisas você consegue colocar no fórum mesmo. [/ok] Quote Tem ou quer criar um Insurgente? Dê uma olhadinha aqui: [Guia] Aço, pólvora e caos Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 É realmente grande... e olha que tem maiores. Só em um dos contos uma conversa entre os personagens levou quase o mesmo tamanho desse ai. Fico triste em pensar que vou ter que revisar e arrumar isso tudo. E olha que queria botar ilustrações. Tô doido mesmo. Abraços. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Paulinho 4ever Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Apesar de grande, eu gostei =DContinua assim! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 Valorun Ergo minha lança ao céu e ao mesmo tempo em que admiro o fulgor dos raios solares refletindo em seu metal brilhante, percebo o rubor em meus olhos refletidos ali também. O vermelho da batalha que se espalha em minha volta, feito chamas que destroçam uma floresta ressecada ou raios que atormentam os picos enegrecidos de Glast Heim num dia de furiosa tempestade. Mas a fúria se encontra hoje um pouco mais ao nível do solo e eu sou um daqueles que a fomentam por todos os lados - pois a guerra é meu pão e o sangue de meus inimigos a minha água - e não há quem não esteja engajada em alguma luta aqui neste campo dantes verdejante, mas que hoje recebeu pinceladas enegrecidas e vermelhas do sangue dos corpos aqui jaz espalhados. “Lutem! Lutem por suas almas!” Meu grito é quase gutural, engasgado que estou com meu próprio suor, sangue e saliva. Não estou ferido gravemente, mas não existe aquele que, lutado por tanto tempo, não tenha sido tocado por algum machado. E os dos Grands Orcs mordem profundamente. Novamente solto um brado, inaudível para alguns, mas para aqueles ao meu lado ele chega como um soco na cara a dizer: “Estou com você, não esmoreça.”. Claro que esse tipo de incentivo não vale de nada enquanto um machado orc lhe racha o crânio, mas já serve para elevar a moral já abalada por ondas e ondas desses demônios azuis, que se renovam como se fossem ratos ou coelhos. É difícil acreditar que essas criaturas ainda não dominaram todo o reino, tamanho seu número, mas isso reflete a tendência caótica dessa raça, incapaz de colaborarem entre si para formarem um grande exército. Uma ordek, ou horda como é mais comumente conhecida. Reis rezam todos os dias aos deuses para que jamais isso aconteça. Sinto o toque gelado da Nevasca de um Arquimago ali próximo, que elimina vários Grands Orcs. Não confio em magia, mas em momentos como esse é realmente útil, principalmente no que diz respeito à cura divina. Esses vetores do poder divino ambulantes, os sacerdotes melhor dizendo, são a base para qualquer vitoria. Um único cavaleiro apoiado por um deles pode causar um genocídio sem precedentes em qualquer combate. São valiosos realmente, uma força da vida com pernas. É evidente que estou supervalorizando somente suas capacidades de cura e de apoio, pois em combate são paralelamente ignóbeis. Apesar de que os monges são sacerdotes um pouco mais voltados ao combate. Fico admirado como um homem santo pode se entregar com tamanho prazer aos combates, mas quem sou eu pra julgar? A batalha se torna cruenta e mais sangue negro é derramado. A vitoria parece próxima mas um novo acontecimento faz com que o calor do meu sangue desapareça. Correndo entre as fileiras caóticas dos orcs vejo algo diferente, uma ameaça maior que esperava. Seu chapéu emplumado é facilmente reconhecível e seu tamanho também. Um Orc Herói. Suas passadas são sentidas de longe. Tenho um vislumbre aterrador ao ver que vários Grand Orcs estão agora organizados em volta dele, formando um pelotão de combate eficiente. E quanto mais avança mais orcs se agregam no que se tornou uma única massa de combate destrutiva. Um Lorde avança, uma categoria de cavaleiro muito mais avançada que a minha, enquanto vejo um Paladino flanqueando os orcs, agora distraídos pelo avanço do Lorde. Eu sei o que pretendem. Os Grand Orcs formam literalmente um escudo vivo em volta do Orc Herói. É preciso que esse escudo caia para se expor a carne do verdadeiro alvo. Com o impacto do brandir de lança do Lorde toda a massa é jogada pra trás, como que atingida pelo punho de um titã, indo cair exatamente na área de ação do Paladino que já preparava uma Crux Magnum. Um clarão preenche minha visão e ouço apenas gritos guturais e de repente todos os Grand Orcs estão no chão derrotados, deixando apenas um atônito Orc Herói desprotegido, mas não menos perigoso. Avançando feito um raio ele pega o enfraquecido Paladino e o arremessa feito uma boneca de pano em cima do Lorde, derrubando-o de seu Peco Peco. Ele solta um rugido de jubilo e reinicia seu ataque. Seu primeiro movimento foi escolher um alvo rapidamente, fixando os olhos no Arquimago ali próximo, reconhecendo nele uma ameaça em potencial. Vendo os olhos vermelhos fixarem-se em si o Arquimago já imaginava o que esperava por vir e inicia rapidamente seu encanto. Um impulso e o Orc Herói salta uma distancia incrível e só vejo seu vulto contra o sol, voando sobre minha cabeça indo cair pesadamente ao lado do Arquimago que não se abalou diante de tal feito. Um segundo. O imenso machado ergue-se no ar como um grande olmo. Dois segundos. Ele desce como uma estrela cadente ou gigante tombado. Três segundos. Mesmo vendo a morte o Arquimago continua, mas seu rosto esta luzidio de suor. Quatro segundos. Minha lança atinge, da melhor maneira possível, a cabeça do gigante verde tirando a visão de seu foco fazendo com que seu machado apenas resvale no Arquimago e abrindo uma vala tão grande que eu poderia ser enterrado dentro dela. E parece que vai ser isso que vai acontecer, pois erguendo-se em sua fúria o Orc Herói volta-se para mim com um olhar como a dizer: “Quem ousa atrapalhar o caçador em sua hora absoluta?”. Eu interpretei o olhar dele pra mim dessa maneira: “Mas que filho da p...!” Ele fica estático. Olha o Arquimago que desmaiou e novamente me observa. Por incrível que pareça ele simplesmente fica lá, parado, me analisando. Olhando para mim como se eu fosse um bicho estranho ou algo assim. Não sei o que senti naquele momento, mas creio que foi raiva por ele não levar a sério minhas capacidades, mas em verdade vos digo, que o que tenha pensado esta absolutamente certo. Essa luta não é para mim. Fico chocado ao ver que puxou seu machado do buraco onde estava enterrado e o guarda em suas costas. Será que sou tão insignificante que não mereço um combate honrado? Meu sangue encheu-se de calor e fúria e avanço sobre ele como um berserker. Ele nem se mexe, como se esperasse meu ataque. Atendo seus desejos e lhe perfuro fundo seu couro verde. É tão sólido que temi que meu pike partisse sua ponta. Ele não se quebrou, na verdade penetrou fundo na carne de meu adversário. Ele nem pisca quando lhe perfuro seguidamente, seu sangue desce aos borbotões, mas nem um espasmo de dor é percebido em sua face, que continua a me analisar. De repente suas feições mudam. Ao que me parece ele percebe em mim algo que não sei e seu rosto se torna uma máscara de ódio. Ele serra seu punho e com um único golpe, daquilo que eu considerei ser uma maça, meu peco e eu somos lançados pelo impacto contra uma árvore, chocando-se violentamente. Tudo escurece e sinto apenas o pulsar lancinante da dor em alguma parte do meu corpo... Errado, não é só numa parte, é no corpo todo. Algo esta quebrado. Não sinto sangue jorrar mas o fluxo esta errado dentro de mim. Os pulmões estão em brasa, enquanto tento respirar. Começo a tossir, a um gosto ferroso em minha boca, indicando que meu sangue já encontrou uma saída para fora do meu corpo destroçado. Tento abrir os olhos. Primeiro um borrão e luzes cegantes dançando diante da minha vista, mas aos poucos vejo o que acontece em volta. Não consigo focar com o olho direito, ele mal se abre. Não devo estar bonito. Na primeira vez que vejo algo percebo meu peco mancando, caído a alguns metros de mim. Parece que esta vivo, mas com dificuldades pra se levantar. Eu pisco e tudo se apaga novamente. Mesmo sem ver eu sinto a vibração de algo se movendo em minha direção... É ele. Abro os olhos e vejo uma imensa massa verde e disforme movendo-se a passos firmes. Isso me desperta. Começo a tatear em volta a procura de uma de minhas lanças ou qualquer coisa que possa me defender. Na hora que alcanço algo sinto a mão de meu algoz esmagando minha garganta e ao mesmo tempo me erguendo do chão como se eu fosse uma marionete. O Orc Herói, com fúria em seus olhos, aproxima seu rosto do meu e com um hálito como o cheiro de um animal morto há dias pronuncia, em minha língua, sua derradeira sentença: “Verme. Patético e fraco. Como ousa? Seu toque é um insulto a classe guerreira a qual eu sou o mestre. Morreras como uma fêmea da minha espécie, estrangulado como algo a ser desprezado. A mais desonrosa das mortes." Ele trava sua mandíbula e sinto meu pescoço ser esmagado lentamente. Não suportando mais o meu peso com um único braço, ele agora me estrangula em pleno ar com as duas mãos. Minha mente começa a falhar, o ar me falta nos meus já debilitados pulmões, mas o pior de tudo é a sensação dos ossos do pescoço se pulverizando. Essa dor, nunca sentida, eleva meu espírito a um nível de desespero jamais sentido. Era agora ou somente a morte. A segunda opção não me agradava. Quase morto ergo meu braço com o que agora descobrir ser um dos meus pikes. Passo meu braço por cima da cabeça da “morte” e com meu outro braço seguro firmemente a lança no ar. O Orc Herói não liga. Na verdade ele sorri num desprezo que incendiou a minha alma. Desço a lança numa curvatura que atinge seu ombro esquerdo com toda a força que me resta. Foi suficiente. Cravo-lhe o pike destruindo no caminho feixes de músculos como aço, necessários para sustentar a força de seu braço. Ele me solta como algo pestilento enquanto urra. Um grito não de dor mas sim de incredulidade. Vejo o demônio se contorcer para arrancar fora o pike. Realmente meu golpe foi um milagre único. Seu braço esta literalmente morto. Não conseguindo remover minha arma de sua carne ele a quebra a meia altura deixando apenas um toco exposto. Já imagina suas intenções e rapidamente reajo cravando-lhe meu gladio glacial nos tendões de seu calcanhar. O monstro desaba como uma árvore atingida por um raio. Pensas que a vitoria é minha? Se engana, pois tão rápido quanto caiu ele se ergueu diante de mim, dando-me um chute com a mesma perna ferida, provando-me que não fui eficiente em meu golpe. Com o chute sou lançado a uns cinco metros, caindo rolando próximo a mesma árvore que bati antes. Havia chego minha hora final, pois agora o Orc Herói não parecia querer brincar mais. Ele estava novamente com seu imenso machado negro em mãos e parecia disposto em me dividir em vários pedaços. Parece que não sou tão insignificante assim. Dei um leve sorriso, meu corpo já não me obedecia e sangro muito. De uma maneira ou de outra acredito já estar morto, mas ao menos creio que terei uma morte rápida nas mãos desse monstro. Ele manca, meu gladio ainda esta cravado em sua perna. Vejo que ele coloca somente a ponta do pé no chão. Parece que meu golpe surtou efeito mas um pouco atrasado. Sorrio com uma boca ensanguentada e vejo que o Orc Herói fica com uma expressão nada feliz. Ele para diante de mim como um obelisco de mármore. Imóvel como uma tempestade prestes a cair com toda sua força. Seu braço bom move-se lentamente erguendo com certa dificuldade seu machado acima da cabeça. Seus músculos explodem em espasmos de força para o derradeiro golpe, eu fecho os olhos, mas penso melhor e prefiro mantê-los abertos enquanto dou uma risada de deboche que vai se tornando um grito. Um grito de um guerreiro que venceu apesar de estar caído. O Orc Herói grita junto comigo e com um movimento que durou uma eternidade, lança seu machado contra mim. Esse é o fim. Tudo nasce, tudo morre. E assim termina os dias de Valorun, cavaleiro dos exércitos reais de Pronteras, morto em combate honrado diante de um inimigo excepcional. Em vez da dor, o nada. Não sinto nada. Não morri? E que vento é esse em meu rosto? Estou me movimentando? Abro os olhos e vejo tudo em volta num movimento rápido. Estou sendo carregado por alguém?! De repente sinto muito frio e ouço o som de algo se rompendo e por fim um urro de terrível agonia junto com uma explosão de luz. Em pouco mais de oito segundos ocorreu um salvamento incrível. O meu salvamento! Quando estava prestes a ser mandado para junto dos deuses ou sei lá para onde fosse, um Algoz me arrastou feito um raio, tirando meu corpo destroçado de diante do golpe final, ao mesmo tempo em que o mesmo Arquimago de antes conjurou sua Nevasca em cima de meu executor. Esse ataque foi apenas o primeiro de vários seguidos causados pelo Lorde, já recuperado. Finalmente, num rompante de fé e poder o Paladino que antes foi derrubado facilmente retornou com força total, e com uma Crux Magnum desferiu o golpe final contra o Orc Herói. O que pensei ter sido o som de um relâmpago explodindo ao meu lado foi o grito agonizante do poderoso inimigo. Isso em poucos segundos, um século para mim, um átimo para os poderosos heróis. Eu não teria muito tempo sem cura mágica, o que foi providenciado com urgência. O milagre de ver ossos partidos e carne rasgada se restaurando seria algo maravilhoso aos meus olhos, não fossem estarem acostumados ao verem tal coisa constantemente. Hoje em dia é nos pequenos atos que vemos as verdadeiras maravilhas do universo e da existência. Levanto-me atordoado, mas totalmente recuperado. Ando até onde quase morri e vejo meu imenso adversário morto. Não observo algum ferimento que possa tê-lo matado, o que me fez supor que o golpe final pode ter sido provocado por magia. Provavelmente do Arquimago ou do Paladino. O Algoz que me salvou solta um suspiro de desapontamento e me aponta algo nas mãos do Lorde. Ele se vira para mim, carregando com ambas as mãos o chapéu emplumado do Orc Herói em perfeito estado. O Lorde o observa como se analiza-se seu grande valor e depois de alguns segundos de profunda ponderação ofereceu-o a mim! “Tome. Fique com isso. Você mereceu.” Jogou o chapéu para mim. De tão surpreso quase o deixo cair no chão. O pego um pouco antes com as mãos tremendo. Eu o seguro como se fosse minha própria vida, minha alma. Eu o coloco e no momento seguinte sinto seu poder, apesar de me achar um pouco ridículo. Um sentimento fútil já que esse chapéu é uma representação máxima de um grande vitorioso. “Ficou bom - disse o paladino - bem a tempo. Olhe!” Ele aponta e seguimos a direção. Próximo de onde jazia o corpo do Orc Herói surgiram vários Grands Orcs. Depois de averiguar a morte de seu guerreiro maior entraram num frenesi e avançaram sobre nos. Num rompante heróico o Arquimago, o Lorde, o Paladino e o Algoz saem em disparada ao encontro do destino. Pego um dos meus pikes caído ali próximo. Não é um bom para combate contra essa raça. Não me importo. Solto um assobio e vejo meu peco peco surgindo de dentro da mata. Parece meio envergonhado por não ter podido me ajudar, mas faço um carinho em seu bico dizendo que esta tudo bem. Subo nele e olho adiante a batalha vindoura. Arrumo o meu novo chapéu e grito feito louco. Sei que me ouviram. Sei que me viram. sei que perceberam o chapéu que uso. Sei que me temeram. Sei que sairei vencedor uma vez mais. Trilha sonora para esse conto e que define bem meu char, que realmente existe, e que ainda não possui seu hat Orc Herói: The Ruins of My Life da banda Sonata Arctica.Desculpem pela diagramaçao doida do conto. Como estão cada vez maiores uso o word para armazená-los mas quando copio pra cá ficam tudo desorganizado. Valorun - cavaleiro hibrido - 81/50 e sonhando com chapéus dificeis de se conseguir. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
DEMENTOR Posted February 15, 2010 Share Posted February 15, 2010 ""Janis"" Um dia na vida de Janis, a atiradora de elite. Um registro de como a vida pode ser simples mas carregada de aventuras e muita confusão. [/!] O que você deve saber sobre Janis? [/!] - Ela é uma atiradora de elite ou sniper se preferir, então cuidado. - Raramente esta triste. - Sua risada é como ouvir uma criança sapeca. - Seu cabelo é vermelho fogo, não toque nele. Arredores de Payon - 10:30hs am "Uaaaahhh... pelos deuses, que ressaca..." Ainda embolada nos lençois ela se esforça para se desvencilhar do emaranhado de panos, que evitam que saia da macies de sua cama de penas de peco. Ela não luta muito, já que esta disposta a continuar dormindo até que o ragnarok chegue. Infelizmente seu estômago não "pensa" da mesma maneira, na festa de ontem ele resistiu a todo tipo de comida ruim e bebidas variadas, se esforçando para que sua "dona" não ficasse muito destruida na manhã seguinte. A missão foi cumprida com êxito e hoje Janis está apenas um pouco enjoada, o que faz com que seja merecedor de comida de verdade, e tem que ser pra agora. O estômago de Janis ronca com força fazendo com que ela de um salto na cama. Totalmente ciente de sua existência novamente ela caminha, a passos lentos, para o banheiro. Sua primeira aventura do dia. Ela para diante do espelho e observa o estrago da noite anterior. "Ora, ora, que belo retrato da miséria. Quem será essa banshee que estou observando agora? Ah! Sou eu... Janis, a sniper que tantos monstros derrotou e que foi miseravelmente nocauteada por uma mistura maldita de bebidas. Bem... está na hora de fazer a listagem dos estragos a serem consertados: Olheiras? Confere. Olhos Vermelhos? Confere. Pés cheios de bolhas? Confere. Ossos doidos? Confere. Cabelo desgrenhado? Confere. Lábios rachados? Confere. Hálito de minouro? Confere... Hoje vai ser um começo de dia bem difícil. Ao banho!!! Após algum tempo a sniper ressurge renovada e pronta para um revigorante café da manhã, que poderia ser considerado um almoço devido a hora. Panquecas em forma de flechas cobertas com calda doce de Lutie, suco fresquinho de laranjas, bolo mármore assado com a ajuda de um coração escarlate, queijo curado de Einbrech e pequenos bolinhos açucarados conhecidos como Olhos de Ifrit. O estômago de Janis já não reclamava mais, a qualidade da comida ali era ótima e finalmente pode se entregar aos "afazeres" de orgão com prazer. Janis se espreguiçava na cadeira, limpando as migalhas de cima de si, observando o que havia sobrado na mesa. Pouca coisa realmente. "Se continuar comendo assim vou virar uma baleia... O que me salva mesmo é a correria do dia a dia, se passasse um dia sequer sem tanta agitação acredito que hoje estaria igual a um yeti ou um siroma... Siroma... É tão "bunitinhuuuu"... Queria um..." [/!] Sobre o que Janis acha da fauna de Rune Midgard [/!] - Todos os monstrinhos bonitinhos são desejáveis, os outros maus podem sumir. Ponto. Perdida ainda em divaneios sobre qual o mais fofinho, se um siroma ou um poring, ouve-se um "toc-toc" do lado de fora da casa, na janela que dá pra varanda mais precisamente. Depois de varios "tocs-tocs" na janela, sendo os últimos mais impacienctes, ela se apercebe da presença de alguém la fora. Se espreguiça uma vez mais e toma caminho até a janela, abrindo-a em seguida. Tempo suficiente para levar duas bicadas no alto da cabeça de seu falcão. "Ai! Ai! Desculpa. É que acordei agora. Não me olhe com essa cara de bravo, você também estava lá comigo." "Toc-toc." "Ai, tá bem, tá bem! Você estava vigiando se surgia algum perigo. Tá bom... Vem cá vem, deixa eu te dar um abraço apertado." A relação entre um arqueiro e seu falcão se estabelece desde muito cedo. Um vínculo equiparado ao dos cavaleiros e templários com seus pecos de montaria e tanto outros criadores de bichinhos de estimação. Não é simplesmente uma convivência homem e animal e sim uma irmandade. Alguns desses bichinhos são extremamente inteligentes e possuem personalidades próprias e com o falcão de Janis não seria diferente. [/!] Personalidade de um falcão caçador, em especial destaque: o falcão de Janis [/!] - Imagine um professor muito sério ou um mestre de artes marciais severo. Esse é ele. - Sempre vigiando para Janis não se meter em encrencas, o que acontece com uma frequência absurda. - Adora bicar a cabeça de Janis. "Hoje eu perdi a hora por isso vamos ter que ser rápidos." O falcão pensando que entraria em ação, deu um salto no ar, um voo rasante sobre Janis e finalmente planou vitorioso no braço de sua dona. Ela apenas observou seu amigo fazendo piruetas no ar. Quando terminou ela falou: "Nós vamos apenas na feira. Pra que tanta empolgação?" O falcão encolheu percebendo que havia exagerado. Era evidente que tinha achado que iria para alguma batalha, apesar de uma feira ao ar livre não ser tão perigosa essa possibilidade podia ser verdade em dado nível. Janis sempre arranjava confusão onde ia mas isso era um pouco exagerado de se dizer. Ela não é merecedora de tal fama... quase nunca. A feira era uma grande festa. Não se tratava apenas de um local para se comprar verduras, peixeis e afins e sim um grande evento, onde acontecia shows mambenbes, vendia-se artigos de todos os tipos como chapéus, armas, armaduras, cartas da alma e onde se poderia encontrar os amigos para uma tarde agradável ou até mesmo namorar. No caso de Janis ela já estava de olho num rapaz há algum tempo. Tinha esperanças de encontrá-lo novamente. Tudo era vida na feira. O que mais agradava Janis era o cheiro das verduras frescas e das frutas vindas de todos os recantos do reino. Os peixes estavam particulamente bonitos hoje e fora a dificuldade em carregar as compras estava tudo muito divertido. Depois de encontrar os biscoitos amanteigados que tanto queria andou até a área dos desafios. Sua preferida. [/!] Área dos Desafios = Competições Variadas [/!] - Aqui você pode participar de vários jogos. - Aqui você pode ganhar vários prêmios. - Aqui você pode sair sem um tostão furado. Hoje estava cheio aqui. Praticamente todo tipo de aventureiro estava aqui, tentando a sorte ou apenas matando a curiosidade. Era evidente que nesse local não aconteciam apenas jogos, muitos dos assuntos que aconteciam aqui eram, digamos, ilegais. Contratos de mercenários era o mais comum, mas acontecia muito tráfico de objetos roubados, cartas raras e por ai vai. Assuntos excussos que Janis tinha conhecimento, mas que nunca foram do seu interesse, mesmo quando era abordada por figuras sombrias que se admiravam de suas habilidades de arqueira, vendo nelas um potencial para algum tipo de trabalho. Ela só quer se divertir e era o que fazia constantemente no desafio do tiro ao alvo. Sim, ela amava esse jogo e vinha aqui todas as vezes para desafiar e ser desafiada. Normalmente aquelas confusões que disse antes aconteciam assim, coisa que até o dono do jogo já sabia. Sempre reagia da mesma maneira: primeiro seus olhos se esbulhavam até não poder mais quando via a sniper dobrando a esquina vindo em sua direção, depois ficava enjoado e depois de enjoar corria na direção dela tentanto dissuadi-la de jogar. "Senhorita Janis, senhorita Janis! Que bom revê-la nesse dia glorioso. Puff.. Puff.." "Que foi Dodompa? Por que essa correria toda?" "Venho em seu encalço apenas para lhe ajudar e avisar. Um aviso de um velho amigo para evitar que ande a toa." "Mesmo? Do que se trata?" "Hoje não havera competição. Infelizmente, mas semana que vem..." "Não teremos competição? E aquele pessoal la?" Janis aponta para os alvos dispostos na parede a alguns metros adiante sendo alvejados por várias pessoas. "S-são... Aahhh... Testadores! É isso, testadores!" "Testadores? Testadores do que?" "Dos alvos. Sabe como é né? Eles tem que estar em perfeito estado para os competidores da semana que vem... É isso. Bom dia. Volte semana que vem." "Testadores é? Que sorte a sua então." "S-sorte?" "Claro. Que melhor testador de alvos para lhe ajufar senão eu, a melhor sniper do reino?" "Mas.. Senhorita... Eu..." "Eu nada... Não discutamos mais, vamos aos alvos." Ela já sabia que aquilo tudo era "invencionisse" de Dodompa, mas se divertia com a situação. "Por favor senhorita Janis, meus negócios estão em baixa. Ninguém quer competir com você. Assim eu vou a falência." "Ahá! Então não tem testador nenhum de alvos, e você tentava me mandar embora. Que coisa feia de se fazer com uma moça inocente como eu." "Entenda senhorita..." "Dodompa, você que não me entende. Se eu ganho, que culpa tenho se no reino só tem péssimos arqueiros? No mais vai ser rápido, nada como da última vez que teve aquele quebra-quebra, mas uma coisa é certa, se continuar com esse "lenga lenga" no meu ouvido eu lhe juro que vou te esmurrar até chorar de verdade." Vendo que não tinha jeito ele desiste e anúncia a nova competidora. Era evidente que todos desistiram... bem, em sua grande maioria, mas tantos outros tentavam a sorte. Tentavam. Era de se esperar que ela ganha-se todos, mas hoje foi diferente. Todos estavam concentrados nos disparos de Janis. Uma, duas, três flechas certeiras, mas na quarta ela errou! Mas não um erro simples de alguns centimetros que poderia ser causado com uma mudança brusca de vento ou mãos suadas que deixam a flecha escapulir. Foi um erro grosseiro, que atingiu a parede, sequer chegando perto do alvo. Todos estavam espantados. Desde que apareceu por essas bandas, há alguns anos, Janis jamais havia errado, jamais. Mas hoje errou como uma principiante. De repente ela largou uma bolsinha cheia de moedas nas mãos de Dodompa, pegou suas compras e saiu correndo sem ao menos olhar para trás. Ninguem entendeu o que aconteceu, muito menos Dodompa que de pasmo passou para feliz ao ver o dinheiro que havia ganho e deu graças aos deuses por ver esse dia. Somente Janis poderia responder a pergunta que não quer calar. O que havia feito ela errar? Mas somente ela entenderia a resposta, que era demasiada simples mas ao mesmo tempo complicada de se processar na mente daqueles que não sabem o que ocorre no coração dela. Era tudo muito simples. ELE estava lá. Quem é ele? O garoto que ela gosta. Uma paquera? Que nada, ela nem o conhece pessoalmente. Então por que ela saiu correndo? Porque ela gosta dele. Mas ela nem o conhece, não estou entendendo. Ninguém consegue entender até que acontece. Acontece o que? O amor. Quando o viu pela primeira vez, Janis estava travando lutas nas batalhas campais ao lado do exércitos de Croix. Essas competições entre os dois principes brigões eram muito disputadas, já que as recompensas concedidas valiam muito e de certa forma fáceis de se conseguir. Numa dessas lutas ela travou contato pela primeira vez com esse algoz, que fazia parte das forças de Guilharme. Consequentemente eram adversários, mas Janis foi incapaz de lhe fazer mal, pois a magia já havia iniciado. Não uma magia feita por bruxos ou magos, mas uma feita pelo coração. Seu coração bateu forte, tão forte que pensou que tinha sido ferida. Sua temperatura ficou alta e seu pulso acelerou. Suas mãos tremiam e suavam como nunca antes. Sentiu um rubor subir-lhe o rosto, não era febre mas queimava do mesmo jeito. E quanto mais olhava para o algoz mais procurava detalhes para se lembrar. Sua armadura de ossos escondia muito de seu rosto, mas o mínimo que percebia era uma vitória. Um olhar sério, cabelos que escapavam do helmo da cor prateada, uma pele branca, uma leve cicatriz eram como prêmios que iam sendo registrados em sua mente apaixonada. Foi assim, que prestes a disparar sua quarta flecha, percebeu com sua visão periférica, bem ali pertinho, o algoz pelo qual havia se apaixonado. O resto é história. Na verdade Janis não havia fugido. A muito tempo ela havia planejado descobrir quem ele era de qualquer forma, nem que isso leva-se uma vida toda. Apesar que preferia que não demorasse muito. Correndo agilmente entre a multidão, ela se posicionou de uma maneira que pudesse ter uma boa visão de seu amado e dali extrair alguma pista sobre sua identidade. Ficou agachadinha numa esquina, que por milagre dos deuses, estava com a visão desempedida. Ela pode, finalmente, ver com detalhes seu algoz amado sob a luz do dia. Era a hora de captar mais detalhes de seu alvo. Apesar de sua postura séria ele se mantinha atento, como que esperando um ataque eminente, nada paranóico. Em dado momento ele retirou seu helmo revelendo um cabelo prateado, mais cumprido do que esperava. Infelizmente não pode ver por completo seu rosto, mas os olhos eram suavez e honestos. Tanto que Janis quase se perdeu em seus azul profundo. O algoz conversava com um cavaleiro que em momento algum saiu de cima de seu peco peco. A distância e a boina que usava também não permitiam ver seu rosto direito, mas era tão jovem quanto o seu algoz. Gesticulava muito, apontando a lança que erguia com orgulho a todo instante. Como a dizer algo sobre ela. O algoz o ouvia atentamente e vez em quando fazia sinais simples para o cavaleiro. Janis observava tudo atentamente com olhos vidrados, sequer piscando para não perder nada que pudesse lhe dar uma pista de quem seria seu algoz. "TOC-TOC!" "UAI!!" De repente Janis é tirada de seu transe por duas bicadas na cabeça, era seu falcão que já havia perdido a paciência lá no alto e veio a descer pra ver o que acontecia e por que sua dona estava agachada num canto espreitando as pessoas que passavam. Ele sabia do algoz e percebeu o que ocorria ao vê-lo um pouco mais adiante. Era hora de trazer Janis a realidade e nada melhor do que fazê-lo da sua maneira preferida. "Ei? Dá pra parar?! Tô numa missão importante aqui. Eu sei, eu sei, mas hoje ele não me escapa. Você tem que enten... AHHHH!" Janis congelou. Seu rosto estava mais branco que mármore e muitos observadores desatentos dariam ela por uma estátua, ali imóvel e branca como neve. Começou a tremer e seus olhos ficaram marejados, com as lágrimas que brotavam. Pois no momento que seu falcão a distraiu o algoz havia desaparecido, como fumaça. Então ela voltou a sí e agora ficava vermelha feito pimentão, trincou os dentes até racharem e seu cabelo que era da cor do fogo parecia realmente em chamas. O falcão percebeu o que fez e no momento que alçava voo foi agarrado pelas patas por uma Janis extremamente furiosa. "Viu o que fez?! VIU?!! Eu o perdi para sempre. SEMPRE!!! E é tudo culpa sua seu passarinho mal. Agora você sentira toda minha ira." O falcão suava (pássaros suam?) e viu seu fim eminente na mão da sua insandecida dona, mas quando ela estava prestes a destrui-lo parou e ficou observando alguém que se aproxima e passou ao seu lado montado num peco peco. Era o cavaleiro que conversava com o algoz! Os olhos de Janis quase saltaram do rosto. Sua mente trabalhava rápido e viu nesse rapaz a possibilidade de reencontrar seu amor. Rapidamente começou a agir. "Falcão? Vai la pra cima e vigia aquele cavaleiro. Trate de não perdê-lo de vista se tem amor as suas penas. Vai!" Sem entender nada mas aliviado por escapar da fúria da sua dona obedeceu prontamente. Voou rapidamente e lá do alto marcou seu alvo. Voando em círculos e pousando próximo onde o cavaleiro parava. Era fácil pra Janis segui-lo de longe. A sniper o acompanhava mantendo uma distância de segurança, observando-o como um gato que espreita um rato. Essa perseguição durou alguns minutos até que, numa viela mais deserta, ela resolveu agir. "Psiuuu!" Janis procurou chamar a atenção do cavaleiro de uma maneira pouco usual mas homens são homens. Do cantinho da viela deixou uma das suas belas pernas exposta como a quem oferecer serviços ou préstimos menos dignos. Um queijo pra o rato por assim dizer. O cavaleiro estacou, primeiro desconfiado mas em seguida curioso. "Pode vir aqui cavaleiro? Preciso de ajuda." Ele não era bobo, sabia da fama das cidades e como havia um grande fluxo de ladrões em todas elas. Claro que ele sempre deixava uma margem de confiança, mas mesmo assim tinha sua lança em mãos. Avançou até o fim da viela onde uma grande sombra não se deixaca entrever nada. Janis recuou para dentro dela e esperou. "Senhorita?" Disse o apreensivo cavaleiro. Foi o tempo suficiente para Janis lhe arremesar uma das suas sacolas de compras, bem na cabeça do cavaleiro, de dentro da escuridão. No momento que ele tombou ela voou em cima dele feito uma gata louca. Um golpe forte na nuca e em seguida o silêncio. Sobrou até pro peco peco. Tudo era escuridão dentro de uma sala nas redondezas de Payon, apenas um facho de luz vindo do teto deixava iluminado o cavaleiro devidamente amarrado numa cadeira. Ele acorda meio desnorteado, mas a luz o desperta. Percebe que a abertura no teto é bem grande parecendo um tipo de alçapão, vendo através dela as árvores lá fora. Pelo tipo delas sabia que não estava mais na cidade e sim na floresta em volta, sabe-se lá onde exatamente. Antes mesmo que começasse a tentar se livrar das cordas que o amarrava alguém falou com ele da área do quarto não iluminada. "Nem tente. Te amarrei de uma maneira que só eu posso saltar." E realmente, olhando para si, o cavaleiro percebeu o intrincado sistema de cordas apertando seu corpo, que parecia trabalho de alguém muito experiente com elas. "O que você quer de mim? Aviso logo que sou um cavaleiro andante. Não tenho dinheiro nenhum." "Eu não quero seu dinheiro. Isso eu tenho de sobra. O que quero está dentro da sua cabeça." "... D-dentro da minha cabeça?" "É..." "Pelos deuses!!! Você quer comer meu cérebro?!!" "Informação seu burro! Quero saber o que sabe sobre uma certa pessoa." "Revele-se e prove que não é um zumbi devorador de miolos alheios." Janis suspirou e deu alguns passos adiante, até que a luz do teto a iluminou, revelando-se totalmente ao atônito cavaleiro. "Preciso saber algumas informações e vai ser agora." "..." "Aquele rapaz que conversava com você. Quem ele é?" "..." "Onde mora? E ond...? Você está me ouvindo? O que está olhando?" O cavaleiro estava com os olhos vidrados nela. Parecia que analizava cada pedacinho do seu corpo, deixando-a encabulada. A cara que ele fazia parecia a de alguém que viu algo extraordinário. "O que está olhando?" Perguntou Janis se afastando alguns passos. "Você..." "E-eu?" "É... você..." "S-sim?" "VOCÊ É MUITO BONITA!!!" Janis se assustou com o grito do cavaleiro e caiu pra trás. Ela sabia que era bonita mas a maneira como seu prisioneiro se pronunciou tão de repente não era esperada. Pensou em outra coisa totalmente difierente." "Que importa isso?!!" "É verdade. Você é incrivelmente bela e tão perfeita de formas que fico pensando..." Novamente o olhar estático que depois se tornou um olhar lascivo. Janis observava essas mudanças no rosto do seu priseioneiro até que... "UMA TARADA! Você é uma tarada!! Me sequestrou para obter de mim alguma ajuda para realizar seus instintos animais." Janis havia caido novamente, mas tão rapido quanto caiu com o susto se levantou dando um soco na cabeça do cavaleiro. "Eu não sou tarada! Voce é louco? Eu quero informações, só isso. Depois te solto." "Informações sobre o que?" "Quero saber quem é o algoz que conversava com você pela manhã na feira." "Blackcat?" Quando o cavaleiro falou o nome do algoz os olhos de Janis aumentaram três vezes sua proporção. Parecia que estava prestes a chorar, mas de repente saltou sobre o amarrado cavaleiro caindo sobre ele e beijando-o no rosto. "Então meu amado se chama Blackcat? Que lindo nome, misterioso e perigoso, audaz e soturno, rápido e invísivel. Ahhhh, Blackcat, finalmente meus sonhos terão um nome a zelar, minhas orações finalmente terão um foco. Ah. eu amado Blackcat. Agora posso expressar todo meu amor por você em toda sua magnitude imaginando-o em meus braços, recebendo meus beijos, sentando-se comigo para observarmos o pôr-do-sol, passeando na praia de mãos dadas. Ahhh! Blackcat, blackcat!" "Coff... Moça... Coff, coff!" "Blackcat, Blackcat, Blackcat!" "Moça... Coff." "Blackcat!" "MOÇAAA! Dá pra tirar seu bumbum de cima de meu peito antes que me mate sufocado?!! Coff!!" "Oh! Desculpe, desculpe. Vem cá, eu te ajudo... Ahhh, seu nome mesmo?" "Valorun.. Coff." Vendo que Valorun não seria uma ameaça resolveu soltá-lo. Na verdade estava envergonhada por tê-lo sequestrado. Poderia ter agido diferente e não como uma maluca desesperada. Ela mostrou a Valorun que na verdade ele estava na casa dela. O buraco no teto na verdade era um alçapão por onde entrava seu falcão. O encaminhou até a varando onde pode ver seu peco peco preso a uma árvore se divertindo, exatamente com o falcao de Janis. De imediata ela pediu perdão pelos seus atos e serviu-lhe, ali mesmo na varanda, um gostoso chá de maçã verde. Agora estavam sentados um diante do outro. Janis encolhidinha e Valorun um pouco mais relaxado, mas curioso. "Então..." Falou o cavaleiro. "O que você quer saber de Blackcat?" Ainda envergonhada e violácea, Janis contorcia-se na sua cadeira evitando olhar para Valorun nos olhos. "O que foi? Sei que você não o conhece mas é muito estranho falar sobre os outros. Ainda mais quando não sabemos quais as intenções de quem pergunta." "Não. Não pense mal de mim. Não quero prejudicar Blackcat em nenhum sentido mas..." "Mas?" "Eu preciso saber sobre ele. O que gosta. Se tem família, onde mora..." "Porque?" "Bem... Eu.. Err... Eu..." "Sim?" "Eu o amo..." "Como? Não ouvi, fale mais alto por favor." "Eu o amo." "Hã?" "EU O AMO! Pronto falei!" Agora o cavaleiro entendia o motivo de toda aquela confusão, Janis estava apaixonada. E parecia ser um amor sincero, algo raro. Vendo que a sniper inspirava confiança contou-lhe o que sabia sobre o algoz, que não era muito, mas o suficiente. Na verdade travou um contato maior com ele naquela manhã mesmo, apesar de terem conversado em outros dias anteriores. Ali discutiam sobre a batalha campal que acabavam de sair e como ele mesmo tinha conseguido sua lança de duas mãos. Sobre o algoz sabia muito pouco, o que deixou Janis aflita, mas para sorte dela, ele viria a se encontrar com ele novamente no dia seguinte. Janis ficou radiante. Seria mais uma oportunidade para seguir Blackcat e ao menos saber onde morava. Valorun não gostou dessa ideia. Ficar espreitando um algoz pode ser perigoso. Seria melhor falar com ele diretamente e expor seus sentimentos abertamente. O que é muito mais pratico e honesto. "Está louco? Eu nunca faria isso." "E depois de segui-lo pela cidade o que pretende ficar fazendo?" "Observar..." "Observar? Observar somente?" "É." "Não é melhor eu falar com ele e..." "Se fizer isso te arrebento as fuças!" "Tá bom, tá bom. Não está mais aqui quem falou." "Amanhã você se encontra com ele e depois deixe o resto comigo." "Ok... Maluca." "O que disse?!!" "Nada, nada. Que coisa." Na manhã seguinte lá estava Valorun esperando pelo algoz Blackcat, enquanto Janis se escondia próximo do cavaleiro. "Lembre-se. Nada de gracinhas." "Janis, você não está sendo razoável. Você é uma menina tão bonita, qualquer um iria querer..." "SHH! Ele chegou! Vai, vai!" Com um suspiro Valorun foi ter com Blackcat, que o vendo acenou cordialmente. Janis já havia se infurnado atrás de alguns vasos para observar melhor a cena. Para desespero dela algo diferente ocorreu. Parecia que Valorun apontava Janis entre os vaso, enquanto Blackcat procurava ver o que ele apontava. Vendo que realmente era isso ela supos que Valorun estava entregando-a para Blackcat. Entrou em desespero e num ato impensável fez algo que se arrepende atá hoje. "Me fale Valorun. Que história doida é essa?" "É como eu disse Black. A menina me sequestrou só pra saber sobre você. Ela está bem ali...UUUUUAAAAAAAAAAAAAAAWWWW!!!!!!!" A flecha voou certeira atingindo a "traseira" de Valorun em cheio. Com a flechada atingindo tal parte sensível saltou quase três metros indo cair em cima do algoz, que parecia estar vendo um fantasma. Do lado que veio o disparo só tinha uma sniper boquiaberta com o coração a mil e um olhar de terror. Ela correu, correu, correu sem parar até chegar em casa, onde desesperada, chorou copiosamente vendo que tudo havia acabado. Feriu seu amigo e todas as esperanças de amor se acabaram já que Blackcat deve considerá-la uma ameaça em potêncial. Adormeceu e a noite veio lentamente. Seu falcão não vigiou as redondezas, pois preferiu ficar ao lado de Janis, preocupado que estava. Em dada hora ouviu-se algumas batidas na porta da frente. Elas continuaram até Janis acordar. De imediato, quando ela se direcionava a porta, as batidas cessaram e pode-se ouvir apenas um vento forte do lado de fora por um momento. Perto do batente da sua porta apenas uma folha de papel dobradinha com uma escultura pequininha de um poring em cima pra que não saisse voando. [/!] Como Animar Uma Chorona? [/!] - Deixe um recadinho para ela, algo que faça seu coração saltar de alegria. "Querida Janis, aqui quem escreve é seu admirador Blackcat. Desculpe por não me apresentar pessoalmente, sou um pouco tímido. Venho através desta lhe informar que nosso amigo em comum, Valorun, está bem. O ferimento não foi profundo mas digamos que ele não vai querer lhe ver por alguns dias. O que importa mesmo é que gostaria de saber se quer, um dia destes, passear comigo ou tomar um chá la pela cidade mesmo. Eu soube um pouco de você com nosso amigo e senti que realmente eu gostei do que descobri. Estarei lá na ponte que cruza o rio com uma rosa eterna em mãos pela parte da manhã, para lhe receber dignamente e podermos, enfim nos conhecer. Um beijo daquele que te admira muito." Blackcat. Dedico esse conto a Renata que joga com a ""Janis"" do conto ai em cima. Ela faz parte do clã Mestres do Gladio onde a conheci. Bl@ckc@t também está lá e os dois são realmente um casal feliz. A trilha sonora de hoje é uma música da banda RADIOHEAD chamada Weird Fishes-Arpeggi. Desculpem os erros de ortográfia e esperem que gostem desse conto de amor maluco. Abraços. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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