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Cain Justin

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Tudo que Cain Justin postou

  1. Que notícia boa que minha fic foi escolhida dentre tantas outras, todas ótimas!! Foi muito bacana não apenas escrever, como ler todas as demais histórias. Pessoal muito criativo, todas valeram a leitura para mim! Parabéns novamente pela iniciativa, Dundé, e que venham mais concursos como esse no futuro! Muito bacana!
  2. Tenho acompanhado o fórum, mas nunca postei nem fui cadastrado. Mas esse tipo de concurso merece ser prestigiado! Parabéns pela iniciativa!! Segue a minha história. Espero que gostem! ---- Os invasores de Prontera Eu ainda me lembro. Na primeira vez que os invasores chegaram, todos ficaram com medo e nos reunimos, afoitos e assustados, em torno de nosso Patriarca para decidir como agiríamos. Chamamos nossos irmãos para tomar a decisão. Era o nosso lar. Sempre estivemos ali. Por gerações, nascemos e vivemos no Sul de Prontera. Terra fértil, alegre, pacífica. Riqueza natural e abundante que, gentil como uma mãe, forneceu tudo de que sempre precisamos, mais do que pedíamos e, por certo, bem mais do que merecíamos. Era o nosso lar. E agora havia um monstro ali. Um ser sobre o qual nada sabíamos. A verdade é que nosso povo sempre foi muito pacífico. Temos como convicção que não devemos atacar ninguém, exceto para nos defender. Assim prosperou por muito tempo a nossa civilização. Não conhecíamos o monstro, nem suas intenções ou pensamentos. Sequer se ele pensava como nós. Parecia-nos fraco, talvez perdido. Decidimos abraça-lo como um irmão. E não fizemos nada. Nos primeiros dias, ficava sentado. De vez em quando, se mexia. Andava de um lado para o outro, como se estivesse esperando algo ou alguém. Talvez estivesse nos estudando todo aquele tempo, mas nós ingenuamente pensávamos que estava a se adaptar a nossa civilização. Passaram-se os dias, surgiram mais. Novamente os abraçamos como irmãos. E não fizemos nada. Toda a civilização que se instala em meio da natureza deve saber conviver com a caça. A utopia de uma vida autossustentável sem qualquer vestígio de violência ainda é um ideal que, sem êxito, continuamos a buscar. Conforme o número dos monstros subia, começou a violência. Inicialmente para a caça, para sobrevivência, para fortalecimento de cada um de seus integrantes. É o ciclo natural da vida, não? Alguns de nós se preocupavam com o futuro de seus filhos. Nos reunimos. E não fizemos nada. E, então, aconteceu o que meus irmãos temiam. Chegou o dia em que, conhecendo a nossa compaixão (ou talvez, fosse o nosso medo), enfim os monstros finalmente assumiram suas intenções. Roubaram-nos nossas riquezas naturais, nos mataram para conseguir nossos bens, subjugaram nosso povo, arrancando nossas vozes. E já não podíamos fazer mais nada. O medo faz com que nossas decisões sejam feitas, não pelo racional, mas pelo instinto de sobrevivência. Poderíamos ter nos unidos, mostrando a força da grande nação que éramos. Mas cada um preferiu sobreviver. Sozinhos. Enquanto éramos saqueados e ceifados, pelas armas dos inimigos, em uma brutalidade que até hoje não consigo entender o motivo, cada um dos meus irmãos tentou sobreviver como podia. Passamos a recolher tudo que estava no chão, pois era apenas isso que tínhamos. Tínhamos tudo e, agora, não temos mais nada. O Sul de Prontera não é mais meu lar, nem a terra do meu povo. Os rios e lagos nas proximidades de Prontera não é de Rune Midgard, mas dos invasores. Não eram nossos irmãos (e nem queriam ser!). Eram invasores; nós, evictos. E assim perdemos tudo. Alguns de nós fugiram para outros campos. Os que ficaram, como eu, tentaram continuar sua vida, como se nada tivesse acontecido. Esperança – vã e pueril esperança – de que tudo pudesse continuar como um dia fora. Eu me agarrei a ela para sobreviver. Todos nós precisávamos dela. Sem a esperança, nada mais nos resta. E consegui mantê-la, até que, um dia, um dos invasores, montados em uma besta penosa amarela que não parecia ser desta região, matou minha família. Cheguei tarde demais. Restos mortais pelo chão. Cacos de garrafas vazias da coleção de meu irmão. Resto de maçãs – outrora vermelhas escarlate – destruídas e esmagadas como a esperança de meu povo de se reerguer e viver em harmonia com nossos invasores. Uma faca[4] que minha mãe deve ter usado para, num ato desesperado, defender sua família. Da minha irmãzinha, apenas uma jellopy, uma pequena cristalização formada por alguns de nós e que representa o nosso espírito. Nossa alma. Meu povo costuma a deixar uma jellopy quando morre, como símbolo daquilo que sempre acreditamos. Uma mensagem de que todos nós, não importa sua aparência, tem um cristal bom e puro. Não é a nossa alma. É a essência dela. E de minha irmãzinha, sobrou apenas a jellopy mais pura; de mim, lembranças tormentosas de minha promessa de que eu a protegeria. É engraçado como nossos sentimentos são difíceis de entender. A lembrança de nosso último carinho, de nosso último momento juntos enchem meu coração de alegria, mas de uma tristeza e de um vazio que consomem a minha essência, me tornando, eu mesmo, um vazio. Um grande e gelatinoso vazio. Logo peguei desesperadamente todos esses itens do chão. Talvez com medo de que, sem eles, eu perdesse a essência de meu próprio ser. De eu me tornar um corpo gelatinoso sem uma jellopy. Nunca entendi o que significa ser um poring ou o que nos distingue dos outros animais, dos nossos irmãos? Segurar a jellopy de minha irmã fez com que eu entendesse, contudo, qual seria nosso destino se continuássemos passivo, convivendo com o invasor. O que já fora nosso lar, hoje é uma cidade amuralhada do invasor, com um imenso mercado a céu aberto (ouvi dizer que uma tal de Mell que comanda esse mercado) e outras instituições de uma sociedade gananciosa e egoísta, da qual eu não entendo. Somente sei que matam – por diversão – nossos irmãos. Segurar a jellopy de minha irmã talvez não tenha me esclarecido o que é ser um poring, mas me lembrou o que não é ser um. O que é o oposto do nosso meio de vida. Era hora de reagir. Juntei alguns poucos irmãos para expulsar nosso inimigo e fazer com que o Sul de Prontera volte a ser o nosso lar. Avançamos com determinação e, pela primeira vez, surpreendemos nosso inimigo com um ataque ativo. Era uma o final da tarde de outono. Brisa fria que empurra as folhas secas, para que uma nova folhagem possa ter espaço. Conforme fomos massacrados por um inimigo implacável e nossos corpos se despedaçavam, soltei uma única jellopy. Não era a minha, eu mesmo não consegui formar uma. Era de minha irmã. Meu povo sempre gostou de pegar as coisas que achava no chão. Odiamos desperdícios e dividimos o que achávamos com os outros. Lembro uma vez que achei um trevo de quatro folhas e dei para minha irmãzinha. Me lembro de seu rosto sorridente e de ela ter me dito que naquele momento teria certeza de que tudo daria certo. Agora eu entendi o que é ser um poring. Como fui tolo esse tempo todo. Espero que um irmão pegue essa jellopy no chão antes que ela suma, e, junto com ela, toda a esperança, todo a tradição de nosso povo, e saiba que, não importa o quão forte é o inimigo, continue a viver. Sorria. Seja quem você é. E tudo dará certo. Eis o valor de uma jellopy. É, antes de tudo, quem nós somos. --------------- Servidor: Thor Personagem: ~Avacyn~
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